RESÍDUOS SÓLIDOS Caracterização dos Resíduos sólidos industriais ABNT NBR 10004, 10005, 10006 e 10007
A caracterização é um processo através do qual determina-se a
composição química de um resíduo e suas propriedades físicas, químicas e biológicas.
A caracterização de um resíduo deve ser realizada em função de
uma necessidade específica, ou seja, deverá ser sempre realizada segundo parâmetros definidos caso a caso. Não é viável realizar caracterizações somente para se ter em mãos dados gerais sobre o resíduo. AMOSTRAGEM DE RESÍDUOS Coletam-se amostras do resíduo, conforme norma ABNT NBR 10.007:2004. O uso de tal norma assegura que as amostras coletadas serão representativas do resíduo que se quer caracterizar. A garantia da representatividade se relaciona: Quantidade suficiente de material amostrado para que sejam feitas todas as análises necessárias e que sejam mantidas amostras adicionais para uso nos casos onde a contraprova se fizer necessária. Garantia de que a amostra não serão contaminadas durante ou após a coleta. Garantia de que a amostra não receba quaisquer influências de natureza química, física ou biológica que possa alterar sua constituição e propriedades. Classificação dos Resíduos sólidos industriais
A classificação é um processo que envolve a identificação da
atividade que deu origem ao resíduo e de seus constituintes e as características e a comparação destes constituintes com a listagem de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido.
A classificação é realizada de acordo com a ABNT NBR 10004, onde
os resíduos perigosos são classificados como resíduos classe I e os resíduos não perigosos são classificados como classe II, esses são subdivididos em classe II A, que são os resíduos não inertes e classe II B, que são os resíduos inertes. RESÍDUOS PERIGOSOS Resíduos classe I – Perigosos:
São aqueles que apresentam periculosidade por suas propriedades
físicas, químicas ou infectocontagiosas por poderem apresentar risco à saúde pública, provocando ou acentuando de forma significativa um aumento de mortandade ou aumento de incidência de doenças e/ou riscos ao meio-ambiente, quando o resíduo é manuseado de forma inadequada. RESÍDUOS PERIGOSOS Os resíduos serão classificados como perigosos se apresentarem uma ou mais das seguintes características, denominados fatores de periculosidade, conforme a norma NBR 10004:
Corrosividade:
O resíduo é caracterizado como corrosivo (código de identificação
D002) se uma amostra representativa, dele obtida segundo a NBR 10007 – Amostragem de resíduos apresentar uma das seguintes propriedades: Ser aquosa e apresentar pH inferior ou igual a 2, ou superior ou igual a 12,5; Ser líquida e corroer o aço (SAE 1020) a uma razão maior que 6,35 mm ao ano, a uma temperatura de 55ºC, de acordo com o método NACE (National Association Corrosion Engineers) TM – 01 – 69 ou equivalente. Reatividade:
Um resíduo é caracterizado como reativo (código de identificação
D003) se uma amostra representativa dele obtida segundo a NBR 10007 – Amostragem de resíduos, apresentar uma das seguintes propriedades:
Ser normalmente instável e reagir de forma violenta e imediata, sem
detonar; Reagir violentamente com água; Formar misturas potencialmente explosivas com água; Gerar gases, vapores e fumos óxidos em quantidades suficientes para produzir danos à saúde ou ao meio ambiente, quando misturados com a água; Possuir em sua constituição ânions, cianeto ou sulfeto, que possa, por reação, liberar gases, vapores ou fumos tóxicos em quantidades suficientes para pôr em risco a saúde humana ou o meio ambiente; Ser capaz de produzir reação explosiva ou detonante sob ação de forte estímulo, ação catalítica ou da temperatura em ambientes confinados; Ser capaz de produzir, prontamente, reação ou decomposição detonante ou explosiva a 25ºC e 0,1 Mpa (1 atm); Ser explosivo, definido como substância fabricada para produzir um resultado prático, através de explosão ou de efeito pirotécnico, esteja ou não esta substância contida em dispositivo preparado para este fim. Toxicidade:
Um resíduo é caracterizado como tóxico se uma amostra
representativa, dele obtida segundo a NBR 10007 – Amostragem de resíduos, apresentar uma das seguintes propriedades:
Possuir quando testada, uma DL 50 oral para ratos menor que 50
mmg/kg ou CL 50 inalação para ratos menor que 2 mg/L ou uma DL 50 dérmica para coelhos menor que 200 mg/kg; Quando o extrato obtido desta amostra, segundo a NBR 10005 – lixiviação de resíduos contiver um dos contaminantes em concentrações superiores aos valores constantes da listagem nº 7. Neste caso, o resíduo será caracterizado como tóxico TL (teste de lixiviação, com código de identificação D005 a D029); Possuir uma ou mais substância constantes da listagem nº 4 e apresentar periculosidade. Para avaliação desta periculosidade, devem ser considerados os seguintes fatores:
Natureza da toxidez apresentada pelo resíduo;
Concentração do constituinte no resíduo; Potencial que o constituinte, ou qualquer produto tóxico de sua degradação, tem de migrar do resíduo para o ambiente, sob condições impróprias de manuseio; Persistência do constituinte ou de qualquer produto tóxico de sua degradação. Potencial que o constituinte, ou produto tóxico de sua degradação, tem de se degradar em constituintes não-perigosos, considerando a velocidade em que ocorre a degradação; Extensão em que o constituinte, ou qualquer produto tóxico de sua degradação, é capaz de bioacumulação nos ecossistemas; Ser constituída por restos de embalagens contaminadas com substâncias da listagem nº 5; Resíduos de derramamento ou produtos fora de especificação de qualquer substância constante da listagem nº 5 e 6. Patogenicidade: Um resíduo é caracterizado como patogênico (código de identificação D 0004) se uma amostra representativa, dele obtida segundo (NBR 1007) – Amostragem de resíduos contiver microrganismos, ou se suas toxinas forem capazes de produzir doenças. Não se incluem neste item os resíduos sólidos domiciliares e aqueles gerados nas estações de tratamentos de esgotos domésticos. Inflamabilidade: O resíduo será caracterizado como inflamável (código de identificação D001) se uma amostra representativa dele obtida conforme NBR 10007 – amostragem de resíduos apresentar qualquer das seguintes propriedades: Ser líquida e ter ponto de fulgor inferior a 60ºC, determinado conforme ASTM D 93, excetuando-se as soluções aquosas com menos de 24% de álcool em seu volume; Não ser líquida e ser capaz de, sob condições de temperatura e pressão de 25ºC e 0,1 Mpa (1 atm), produzir fogo por fricção, absorção de umidade ou por alterações químicas espontâneas e, quando inflamada queimar vigorosa e persistentemente, dificultando a extinção do fogo; Ser oxidante definido como substância que pode liberar oxigênio e, como resultado, estimular a combustão e aumentar a intensidade do fogo em outro material. 2. Resíduos classe II B – Inertes
São quaisquer resíduos que são submetidos a um contato dinâmico
e estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.
Os resíduos inertes são os resíduos ou substâncias que não
solubilizam nem lixiviam. A amostragem dos resíduos é realizada através da NBR 10007:2004 RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS
São aqueles que não apresentam quaisquer das propriedades de
periculosidade relacionadas anteriormente. Resíduos não perigosos podem ser: INERTES NÃO INERTES
1. Resíduos classe II A – Não Inertes
São quaisquer resíduos que submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006, tiverem um ou mais de seus constituintes solubilizados ou lixiviados. Eles podem ter propriedades, tais como: Biodegradabilidade; Combustibilidade e Solubilidade em água. Fluxograma de caracterização e classificação dos resíduos sólidos industriais OS RESÍDUOS E SUAS CLASSIFICAÇÕES A classificação dos resíduos sólidos gerados em uma determinada atividade é o primeiro passo para estruturar um plano de gestão adequado. A partir da classificação serão definidas as etapas de coleta, armazenagem, transporte, manipulação e destinação final, de acordo com cada tipo de resíduo gerado.
Na ausência de uma Política Nacional de Resíduos Sólidos, as
normas técnicas (NBRs) relativas ao gerenciamento de resíduos sólidos publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, são as regulamentações amplamente adotadas no Brasil. Segundo a Norma NBR 10004 – Resíduos Sólidos – Classificação, revisada em 2004, a definição de resíduos sólidos é a seguinte:
“Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de
atividades de origem industrial, doméstica,hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.”
A NBR 10004 ainda classifica os resíduos quanto aos riscos
potenciais ao meio ambiente e à saúde pública. Outras normas utilizadas para completar essa classificação são as seguintes: Coleta Seletiva O que é coleta seletiva? Coleta seletiva é a coleta diferenciada de resíduos que foram previamente separados segundo a sua constituição ou composição. Ou seja, resíduos com características similares são selecionados pelo gerador (que pode ser o cidadão, uma empresa ou outra instituição) e disponibilizados para a coleta separadamente.
De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a
implantação da coleta seletiva é obrigação dos municípios e metas referentes à coleta seletiva fazem parte do conteúdo mínimo que deve constar nos planos de gestão integrada de resíduos sólidos dos municípios. Por que separar os resíduos sólidos urbanos? Cada tipo de resíduo tem um processo próprio de reciclagem. Na medida em que vários tipos de resíduos sólidos são misturados, sua reciclagem se torna mais cara ou mesmo inviável, pela dificuldade de separá-los de acordo com sua constituição ou composição. O processo industrial de reciclagem de uma lata de alumínio, por exemplo, é diferente da reciclagem de uma caixa de papelão.
Por este motivo, a Política Nacional de Resíduos Sólidos estabeleceu
que a coleta seletiva nos municípios brasileiros deve permitir, no mínimo, a segregação entre resíduos recicláveis secos e rejeitos. Os resíduos recicláveis secos são compostos, principalmente, por metais (como aço e alumínio), papel, papelão, tetrapak, diferentes tipos de plásticos e vidro. Já os rejeitos, que são os resíduos não recicláveis, são compostos principalmente por resíduos de banheiros (fraldas, absorventes, cotonetes...) e outros resíduos de limpeza. Há, no entanto, uma outra parte importante dos resíduos que são os resíduos orgânicos, que consistem em restos de alimentos e resíduos de jardim (folhas secas, podas...). É importante que os resíduos orgânicos não sejam misturados com outros tipos de resíduos, para que não prejudiquem a reciclagem dos resíduos secos e para que os resíduos orgânicos possam ser reciclados e transformados em adubo de forma segura em processos simples como a compostagem. Por este motivo, alguns estabelecimentos e municípios tem adotado a separação dos resíduos em três frações: recicláveis secos, resíduos orgânicos e rejeitos.
Quando esta coleta mínima existe, os resíduos recicláveis secos coletados
são geralmente transportados para centrais ou galpões de triagem de resíduos, onde os resíduos são separados de acordo com sua composição e posteriormente vendidos para a indústria de reciclagem. Os resíduos são tratados para geração de adubo orgânico e os rejeitos são enviados para aterros sanitários. Como funciona a coleta seletiva?
As formas mais comuns de coleta seletiva hoje existentes no Brasil são
a coleta porta-a-porta e a coleta por Pontos de Entrega Voluntária (PEVs). A coleta porta-a-porta pode ser realizada tanto pelo prestador do serviço público de limpeza e manejo dos resíduos sólidos (público ou privado) quanto por associações ou cooperativas de catadores de materiais recicláveis. É o tipo de coleta em que um caminhão ou outro veículo passa em frente às residências e comércios recolhendo os resíduos que foram separados pela população.
Já os pontos de entrega voluntária consistem em locais situados
estrategicamente próximos de um conjunto de residências ou instituições para entrega dos resíduos segregados e posterior coleta pelo poder público. Qual a diferença entre Coleta Seletiva e Logística Reversa? A logística reversa é a obrigação dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de determinados tipos de produtos (como pneus, pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes...) de estruturar sistemas que retornem estes produtos ao setor empresarial, para que sejam reinseridos no ciclo produtivo ou para outra destinação ambientalmente adequada.
Enquanto a coleta seletiva é uma obrigação dos titulares dos serviços
de manejo de resíduos sólidos (poder público), a logística reversa é uma obrigação principalmente do setor empresarial pois, em geral, tratam-se de resíduos perigosos. Em novembro de 2015, o Governo Federal assinou com representantes do setor empresarial e dos catadores de materiais recicláveis o acordo setorial para a logística reversa de embalagens em geral. Este é um acordo no qual o setor empresarial responsável pela produção, distribuição e comercialização de embalagens de papel e papelão, , alumínio, aço, vidro, ou ainda pela combinação destes materiais o compromisso nacional de cumprir metas anuais progressivas de reciclagem destas embalagens.
Em sua fase inicial de implantação (24 meses) esse sistema priorizará o
apoio a cooperativas de catadores de materiais recicláveis e a instalação de pontos de entrega voluntaria de embalagens em grandes lojas do comércio. O sistema também traz a possibilidade de integração com a coleta seletiva municipal, nesses casos devem ser feitos acordos específicos entre o setor empresarial e os serviços públicos de limpeza e manejo de resíduos sólidos dentro da área de abrangência do acordo setorial e os operadores do sistema de logística reversa.