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PROPÓSITO
Aprender os fundamentos e as contribuições mais recentes da ciência econômica, tal como a
história do pensamento econômico para a compreensão contextualizada da Economia
Moderna.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
O estudo de qualquer ciência começa com uma série de conceitos básicos. Em Economia,
começaremos falando sobre as escolhas das pessoas sobre como alocar recursos, dado que
há limites no que podemos fazer. Iremos também apresentar a evolução da ciência econômica
ao longo do tempo e descrever os caminhos que estão sendo desenvolvidos.
MÓDULO 1
Economia é uma ciência social preocupada com a produção, distribuição e consumo de bens e
serviços.
Ela estuda como indivíduos, empresas, governos e nações fazem escolhas sobre alocação de
recursos, de forma a satisfazer suas necessidades, e busca entender como esses agentes
podem se organizar e coordenar esforços para alcançar o melhor resultado possível.
Ciência é uma forma de conhecimento, assim como religião, intuição e senso comum. A
ciência produz conhecimento por meio de teorias.
Por exemplo, a Astronomia, através da teoria geocêntrica, considera a Terra fixa no centro do
universo, com todos os outros corpos celestes orbitando ao seu redor. Poucas pessoas
acreditam na teoria geocêntrica, mas qualquer um quando vai à praia utiliza essa teoria para
posicionar um guarda-sol.
Da mesma forma, existem diversas teorias nas quais não é necessário acreditar, embora sejam
úteis, como, por exemplo, modelos econômicos, a física newtoniana ou mapas. Você acredita
que o mundo é bidimensional ao olhar um aplicativo de mapas em seu celular?
É preciso deixar claro que a Ciência não trata de verdade, mas sim de erro útil. A Ciência é
apenas uma ferramenta para resolver problemas, e não para estabelecer verdades.
A teoria nada mais é do que uma ferramenta imperfeita, baseada em simplificações grosseiras
da realidade (natural, social, econômica etc.), pois seu o objetivo é ser útil.
O precursor da Ciência Moderna é Francis Bacon, que, no século XVI, deixou registrado que
“Saber é poder”. A partir de Bacon e da Revolução Científica Moderna, começa a busca pelo
desenvolvimento de um conhecimento sistemático da natureza que permita atingir objetivos
concretos.
Fonte: Shutterstock
Francis Bacon
EXEMPLO
Por exemplo, se chove, nós nos molhamos. Se determinado medicamento for utilizado, a
mortalidade de certa doença será reduzida. Assim, há uma tentativa de compreensão do
mundo por meio de relações de causalidade.
Mas como sabemos se uma teoria é útil? Geralmente, submetemos a teoria ao teste
empírico, ou seja, ela deve explicar determinado conjunto de dados.
Por exemplo, se a teoria diz que “se chove, então, molha”, buscamos uma série de dados
sobre “chuva ou sol” e sobre “objeto molhado ou seco”, e vemos se a teoria explica a relação
empírica observada.
O teste empírico deve sempre ser construído de forma a isolar as variáveis relevantes do
problema ― ou, em outras palavras, tomar “tudo mais como constante” para não comprometer
o resultado da avaliação. Afinal, em geral, há outras variáveis que afetam as observações
(uma superfície pode estar molhada porque alguém a lavou com água encanada).
Embora um teste empírico seja bem-sucedido, jamais afirmamos que aceitamos a teoria.
Dizemos apenas que não a rejeitamos, mas não podemos aceitá-la, porque, desde o princípio,
sabemos que ela é imperfeita, e seguimos com ela enquanto não for rejeitada e não aparecer
outra melhor (isto é, que explique melhor os dados).
Macroeconomia – que analisa a economia de maneira agregada.
Qual deve ser a regulação do setor de telefonia para garantir cobertura adequada à
população?
Em todos os casos, porém, precisamos analisar a escolha individual dos agentes envolvidos.
Esse será o primeiro passo de nosso estudo.
ESCOLHA INDIVIDUAL
Qualquer questão em Economia envolve escolha individual, independente de estarmos no
campo de Macroeconomia ou de Microeconomia.
Em última instância, até decisões macroeconômicas são baseadas em uma série de decisões
individuais sobre o que fazer ou não. Portanto, podemos dizer que economia é sobre escolhas.
Quando vamos à feira, há diversos produtos em inúmeras barracas. É pouco provável que
tenhamos dinheiro para comprar tudo o que desejamos, e, mesmo que tenhamos, não há
espaço suficiente na geladeira para guardar todos esses bens.
Fonte: Shutterstock
Alguém pode argumentar que basta comprar outra geladeira. Contudo, o espaço de sua casa é
limitado, de forma que precisamos escolher qual produto comprar e qual colocar na geladeira.
O fato de alguns produtos estarem à venda na feira já envolve uma escolha. O feirante
escolheu quais produtos levar para a feira, e os produtores agrícolas também escolheram quais
bens iriam cultivar.
Notamos, então, que:
Escassez de recursos
Custo real
Decisão marginal
Oportunidades de melhoria
ESCASSEZ DE RECURSOS
No geral, não podemos ter tudo o que queremos. Nossa renda é limitada, o que restringe o que
podemos adquirir. A renda que escolhemos gastar indo ao cinema equivale a que deixamos de
gastar com algum outro bem ou serviço.
Todavia, existem alguns indivíduos muito ricos, e você deve estar pensando que ele pode ter
tudo. Mesmo eles não podem fazer tudo o que querem, porque há uma limitação de tempo: o
dia possui apenas 24 horas.
Assim, o tempo que escolheremos dedicar a determinada atividade não poderá ser dedicado a
outra. O tempo que dedicamos ao nosso sono é também um momento em que deixamos de
trabalhar, por exemplo.
Precisamos realizar escolhas, o que apenas reflete o fato de que os recursos são escassos.
Recurso é qualquer elemento que pode ser usada na produção de um bem. Em uma
economia, geralmente, consideramos como recursos o trabalho, a terra, o capital físico e o
capital humano (conquistas educacionais e habilidades individuais).
A escassez de recursos faz com que os indivíduos e a sociedade sejam obrigados a fazer
escolhas, e há diversas formas de fazê-las. Uma delas é permitir que surjam como o resultado
de escolhas individuais, o que acontece, normalmente, em economias de mercado.
Há também decisões que a sociedade considera que é melhor não serem fruto do resultado de
escolhas individuais, como consumir bebida alcoólica e dirigir.
CUSTO REAL
O custo de adquirir algo envolve também o que dispensamos para realizar a aquisição.
Suponha que você tenha prestado vestibular para uma universidade privada e tenha sido
aprovado para o curso integral em Ciências Econômicas.
Estudar em tempo integral significa que você está abrindo mão de fazer um curso de inglês
pela tarde ou de trabalhar em algum estabelecimento. O custo de abrir mão de outra atividade
se chama custo de oportunidade.
O custo de oportunidade de uma atividade da qual abrimos mão. É o que abdicamos ao deixar
de escolher nossa segunda melhor alternativa.
O custo real de algo é a soma de seus custos monetário e de oportunidade. Portanto, no final
das contas, todo custo é um custo de oportunidade.
EXEMPLO
A ideia de pagar um valor para esses jovens estudarem tem como base o conceito de custo de
oportunidade. Muitos desses jovens pobres largam a escola para trabalhar e ajudar suas
famílias.
DECISÃO MARGINAL
Diversas decisões importantes em nossas vidas começam com a pergunta: “Quanto?”. Ou
seja, tem relação com a quantidade.
Quando temos decisões de “quanto?”, em Economia, vemos isso como uma decisão
marginal.
Fonte: Shutterstock
Gastar mais tempo estudando Microeconomia significa que você terá um benefício nessa
matéria: é provável que você tire uma nota mais alta, mas também implica menos tempo
estudando Macroeconomia.
Sua decisão envolverá um trade-off, ou seja, uma comparação entre o custo e o benefício.
Essa comparação faz parte de uma escolha. Um trade-off é um dilema, isto é, uma situação em
que comparamos custo e benefício, e realizamos uma escolha que envolve também renúncias
Como decidir, então, quanto tempo dedicar a cada uma das disciplinas? No geral, decisões
desse tipo são tomadas a cada momento.
Antes de chegar ao fim do tempo destinado à Macroeconomia, você nota que é melhor dedicar
mais tempo do que o que tinha pensado. À noite, já com sono, você percebe que ainda faltou
conteúdo de Macroeconomia, mas ainda está finalizando o de Microeconomia. O que fazer?
Se você teve nota melhor em uma prova anterior de Microeconomia, possivelmente, optará por
dedicar o tempo disponível restante à Macroeconomia.
Decisões como essas são marginais. Elas envolvem um trade-off na margem, isto é, uma
análise de custo benefício de um pouco mais de uma atividade e um poucos menos de outra.
Muitas decisões no nosso dia a dia são tomadas com base em análises marginais, que
desempenham um papel fundamental na economia.
Se estou com sede, decido se vou tomar um copo d’água ou não. Após o primeiro copo, avalio
se ainda quero tomar o segundo, e assim por diante. Não tomamos uma decisão apenas entre
“não beber água’” ou “tomar toda a água da casa”, mas entre “um copo a mais” ou “um gole a
mais”. Essa decisão sobre um gole adicional é uma decisão na margem.
OPORTUNIDADES DE MELHORIA
autor/shutterstock
Sempre que vemos as notícias, reparamos que há uma enorme quantidade de pessoas nas
lojas. Mas por que, se esses produtos são vendidos normalmente no dia a dia?
Segundo os consumidores, as promoções são melhores que em qualquer outra época do ano.
Assim, quando as pessoas veem uma oportunidade de melhorar sua situação, nesse caso, por
meio da compra de produtos mais baratos, elas aproveitam.
No geral, o fato de que as pessoas exploram oportunidades de melhorar sua própria situação é
uma das hipóteses amplamente adotada em modelos econômicos.
EXEMPLO
Durante a pandemia da Covid-19, diversas medidas foram tomadas para seu combate. Duas
delas foram: a proibição de frequentar praias e a de sair sem o uso de máscaras.
Para que essas medidas tivessem resultado, não bastou pedir à população para mudar de
comportamento. Os governos instituíram multas, caso as obrigações fossem descumpridas.
Dessa forma, a população teve uma mudança de incentivos.
Para reforçar seu aprendizado, assista ao vídeo com uma breve contextualização sobre os
princípios econômicos contidos na escolha individual.
Todavia, as decisões individuais não são independentes, pois dependem das decisões dos
demais. Portanto, para compreendermos como funciona uma economia de mercado,
precisamos entender a interação entre as escolhas individuais.
O resultado da escolha de diversas pessoas pode ser bem diferente daquilo que os indivíduos
esperariam. O uso de novas técnicas agrícolas é um exemplo.
Alguns agricultores, ao adotarem novas tecnologias, tiveram uma produção tão grande que o
resultado foi uma redução do preço do produto, que fez com que diversos produtores saíssem
do mercado.
Enquanto a escolha individual possui quatro princípios, a interação entre indivíduos em uma
economia de mercado possui cinco:
1. GANHOS DE COMÉRCIO.
GANHOS DE COMÉRCIO
Os economistas consideram que o comércio, ou a possibilidade de trocas entre indivíduos, é
uma ferramenta importante para melhorar a situação de uma sociedade.
Suponha que uma pessoa tente suprir sozinha todas as suas necessidades. Ela produz seus
tecidos, costura suas roupas, planta seu alimento, pinta seus próprios quadros e constrói sua
própria casa. Deve ser possível viver dessa forma, mas parece uma vida bastante dura.
A existência do comércio torna possível que as pessoas dividam tarefas entre si e ofertem bens
ou serviços demandados por outras pessoas em troca de bens e serviços que ela deseja. Na
maioria das sociedades, há poucos indivíduos tentando viver de forma autossuficiente, porque
existem ganhos de comércio.
Duas pessoas, ao trocar e dividir, podem obter aquilo que mais desejam. Pode ser que Gabriel
seja melhor que Rafael na cozinha, e que Rafael seja melhor na faxina. Isso permite que
Gabriel seja o responsável pela comida e a troque com Rafael por faxina.
EXEMPLO
Moeda é costuma ser definida como qualquer ativo que pode ser utilizado facilmente para
comprar bens e serviços.
Um ativo é líquido quando pode ser convertido em dinheiro vivo de forma simples. Portanto,
moeda consiste no próprio dinheiro vivo, que é, por definição, líquido (ou, então, em outros
ativos altamente líquidos).
A moeda tem papel fundamental em uma economia, pois gera ganhos de comércio. Isso é
possível porque a moeda permite que trocas indiretas sejam realizadas, acabando com
problema da dupla coincidência de necessidades que ocorria em um sistema de escambos.
1. Meio de troca – pois cumpre o papel de um ativo que as pessoas utilizam para trocar bens e
serviços.
2. Reserva de valor – pois é uma forma de guardar poder de compra ao longo do tempo.
3. Unidade de conta – que representa uma medida que as pessoas utilizam para fixar preços
e fazer cálculos econômicos.
Por exemplo, quando vamos à praia, buscamos um pedaço de areia que tenha menos gente
para nos instalarmos. No verão, não restam muitos espaços vazios. Isso acontece porque as
pessoas buscam explorar as oportunidades para melhorar de situação.
Conforme as pessoas vão chegando à praia, elas buscam o local mais vazio, até não haver
mais locais vazios: todas as oportunidades de melhoria acabam, pois já foram exploradas.
Uma economia está em equilíbrio quando nenhum indivíduo pode melhorar sua situação
adotando uma ação diferente.
O que importa para economistas não é o dinheiro, mas o bem-estar das pessoas em uma
sociedade.
Os recursos de uma economia são usados de forma eficiente quando todas as oportunidades
de melhorar a situação de cada um são exploradas por completo.
Por exemplo, Mariana mora na zona rural e planta hortaliças. Contudo, sua terra é pequena, e
sua plantação está morrendo por falta de espaço. Por sua vez, Pedro, vizinho de Mariana, é
proprietário de um latifúndio, e não usa a terra para nada. Claramente, a terra dessa economia
está sendo usada de forma ineficiente.
O exemplo é fictício. Embora essa situação ocorra na vida real, não é simples de resolver
ineficiências dessa forma, uma vez que existe propriedade privada, e, para isso, o estado
deveria realizar uma reforma agrária.
Quando uma economia está operando de forma eficiente, os ganhos oriundos do comércio são
maximizados, dados os recursos disponíveis.
Quando uma economia é eficiente, a única maneira de melhorar a situação de uma pessoa
é piorando a de outra: ou seja, já esgotamos os ganhos de troca.
Dado que eficiência é algo ótimo, ela deveria ser o único objetivo em uma economia?
A resposta é não. Eficiência não é o único critério que importa. Equidade e justiça também
são critérios relevantes. Em geral, há um trade-off entre eficiência e equidade, uma vez que
políticas que almejam a equidade, muitas vezes, alcançam-na às custas da eficiência.
Considere, por exemplo, a política de assentos preferenciais. Para assegurar que sempre haja
assento disponível para grávidas, deficientes, idosos e pessoas com crianças de colo,
normalmente, há um número reservado de vagas no transporte público.
Muitas vezes, esses assentos ficam vagos, enquanto algumas pessoas ficam em pé. Isso gera
ineficiência, mas será que gostaríamos de resolver essa ineficiência deixando as pessoas do
grupo preferencial sem assento?
Normalmente, não temos um “planejador central” que se certifica de que a economia esteja
operando de forma eficiente. O Estado não precisa gerar eficiência, porque os mercados já
cumprem essa função razoavelmente bem.
Como veremos no próximo módulo, Adam Smith chama isso de “mão invisível do mercado”.
Assim, os incentivos presentes em uma economia de mercado já garantem que os recursos
sejam utilizados da melhor maneira possível, sem que haja desperdício de oportunidades.
Contudo, há exceções para esse princípio.
Quando temos falhas de mercado, a busca individual a partir do interesse próprio piora a
situação da sociedade, e o resultado é ineficiente. Isso acontece, em geral, quando a ação
individual de uma pessoa tem efeitos colaterais sobre outras pessoas, o que os economistas
chamam de externalidade.
Fonte: Shutterstock
Adam Smith
Considere uma indústria que produz algo importante, mas gera poluição (por exemplo, usinas
termoelétricas que geram energia, mas são muito poluentes). Essa indústria não tem incentivo
para levar em conta o custo de sua ação para a sociedade e deixar de produzir poluição.
RESPOSTA 1
RESPOSTA 2
RESPOSTA 1
A sociedade pode subsidiar a adoção de uma nova tecnologia que gere menos poluição.
RESPOSTA 2
Essas soluções mudam os incentivos da indústria, dando a ela motivos para poluir menos. No
entanto, as possíveis soluções vão depender da intervenção do Estado.
Assim, quando os mercados não funcionam corretamente, a ação do governo pode tornar o
resultado mais próximo de algo eficiente, mudando a forma de alocar recursos na sociedade.
Por fim, alguns agentes econômicos podem ter poder de mercado, como uma firma
monopolista, que poderá restringir o uso de recursos por outros indivíduos para maximizar seu
lucro individual.
SAIBA MAIS
As variáveis endógenas são aquelas que o modelo tenta explicar. Já as variáveis exógenas são
as que o modelo toma como dadas.
As variáveis exógenas são determinadas fora do modelo, servindo como insumo, enquanto as
endógenas são determinadas dentro do modelo: são seu resultado.
Variáveis Exógenas
MODELO ECONÔMICO
Variáveis Endógenas
Considere um produtor de cogumelos. A demanda por seus cogumelos vai depender de seu
preço e da renda dos consumidores. A oferta, por sua vez, vai depender dos preços do
cogumelo e dos insumos utilizados na produção.
O equilíbrio acontece quando oferta e demanda se igualam. Nesse caso, as variáveis
exógenas são a renda individual e o preço dos insumos, e a variável endógena será o preço do
cogumelo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
B) Os recursos de uma economia são usados de forma eficiente, ainda que haja oportunidade
de melhorar a situação de cada indivíduo.
1. Marcela pode viajar do Rio de Janeiro para São Paulo de ônibus ou de avião. A viagem
de ônibus custa R$100,00 e dura 6 horas. A viagem de avião custa R$200,00 e dura 1
hora. Enquanto está viajando ― de ônibus ou de avião ―, Marcela não pode trabalhar e
deixa de ganhar R$30,00 por hora.
Viajar de ônibus tem um custo monetário menor do que viajar de avião, mas devemos levar em
conta o custo de oportunidade. Ao optar pelo ônibus, Marcela gastará R$100,00 e perderá
R$180,00 (= R$30,00 x 6 horas). Dessa forma, o custo real para Marcela ir de ônibus é de
R$280,00. Ao optar por viajar de avião, Marcela pagará R$200,00 pela passagem e perderá
R$30,00 pela hora de viagem. Assim, o custo real para a viagem de avião é de R$230,00,
enquanto o custo total para a viagem de ônibus é R$ 280,00. Em outras palavras, o custo real
da viagem de ônibus é maior do que da viagem de avião.
B) A alternativa está incorreta. Por definição, eficiência é uma situação em que não há
possibilidade de melhorar a situação de uma pessoa sem piorar a de outra. Portanto, a
alterativa está incorreta.
C) A alternativa está correta. Embora eficiência seja um conceito com o qual os economistas se
preocupam, existem outros extremamente relevantes, como justiça e equidade. No geral, há
um dilema entre justiça e eficiência, uma vez que diversas situações justas podem ser
ineficientes, como o exemplo do assento preferencial.
D) A alternativa está incorreta. Por definição, um mercado está em equilíbrio quando os seus
participantes não podem melhorar mudando individualmente suas ações.
MÓDULO 2
Descrever uma breve história do pensamento econômico
Embora a maior parte das pessoas só tenha ouvido falar de Economia enquanto ciência a partir
de Adam Smith, pode-se argumentar que, nas formas mais rudimentares de civilização, já
existia algum tipo de pensamento econômico, partindo do pressuposto de que seres racionais
já se preocupavam com seu sustento.
É ingênuo pensar que uma civilização antiga como a egípcia, que era caracterizada pela
produção e distribuição de parte dos recursos, não tenha desenvolvido algum tipo de ideias
econômicas, especialmente quando se considera a existência de comércio (em forma de troca)
com outras nações e a propensão egípcia a manter registros escritos.
Na Grécia Antiga, Platão já contribuía para o pensamento econômico tocando alguns conceitos
como a divisão do trabalho, a teoria da moeda, a produção como base da riqueza do Estado
(na época, Cidade-Estado) e até a propriedade comum. Seu discípulo Aristóteles também
contribuiu no campo, sistematizando sua teoria, mas se opunha a seu mestre no tópico da
propriedade comum.
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O feudalismo sofreu muitas transformações ao longo da Idade Média, atingindo seu auge por
volta do século X.
ESCOLÁSTICOS
Nos primeiros anos da Idade Média, os escritores cristãos tinham uma abordagem puramente
ética do estudo econômico. Sua aversão ao comércio e à propriedade baseava-se na
convicção de que a busca pela riqueza os desviaria do “caminho da graça”.
Os estudiosos da economia medieval ficaram conhecidos como escolásticos, e seu principal
expoente foi Tomás de Aquino.
Ele desenvolveu ideias a respeito do valor de um bem, introduzindo uma teoria do salário justo
e do preço justo, esboçando uma noção de justiça distributiva e condenando a cobrança dos
juros e da usura (Empréstimo de dinheiro a juros) .
Seus interesses chegavam à Economia somente a partir de questões morais e éticas, não
tratando, dessa maneira, os assuntos econômicos como um fim em si.
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Tomás de Aquino
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Jean Bodin
Influenciados pelo crescimento dos Estados-Nação e pelos trabalhos de pensadores como
Maquiavel, Hobbes e Locke, o pensamento econômico deixou de se preocupar apenas com o
comportamento de agentes econômicos individuais e passou a examinar também o Estado.
Assim, foram estabelecidos os pilares para o pensamento econômico moderno.
Emergiu uma nova disciplina como ciência: a Economia Política, cujo objeto de estudo era a
atividade pública, tratando da acumulação e do gerenciamento da riqueza, a fim de aumentar a
eficiência do Estado.
Agora, o conhecimento passava a ser baseado nos aspectos individuais e empíricos dos
objetos.
Sir William Petty é considerado um dos pais da economia política moderna, pois foi um
defensor e expoente do método empírico e quantitativo.
MERCANTILISTAS
Uma segunda fase de transformações ocorreu durante o Mercantilismo. No campo do
pensamento econômico, foram propostas ideias de um sistema comercial restritivo com o
objetivo de aumentar a prosperidade econômica de uma nação.
Ficou claro que a Economia passara a ser Política, influenciada por um envolvimento maior do
Estado. A nação passou a ser vista como uma grande empresa comercial, o que acarretou a
defesa e a adoção de políticas protecionistas.
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Thomas Mun
ATENÇÃO
Algumas teorias sobre a conceituação do valor e teorias monetárias sobre o papel dos juros na
economia também foram esboçadas nessa época. Os principais contribuintes para o
pensamento econômico da época são: Thomas Mun, Antonio Serra e Edward Misselden.
Nasceu uma classe capitalista de mestres artesãos que controlavam a produção, em conflito
com os interesses dos comerciantes. Essas mudanças foram acompanhadas por uma
mudança radical na maneira de conceber os fatos econômicos.
A intervenção do Estado na economia passou a ser vista com suspeita, e a ideia de que o lucro
se originava na esfera de produção começou a se disseminar. Para prosperar, a nova classe de
empresários capitalistas precisava abrir mão dos laços morais e ideológicos tradicionais.
A ênfase mercantilista em uma balança comercial positiva também foi criticada: o comércio
internacional não poderia ser uma fonte de perda para nenhuma das partes, uma vez que,
sendo uma atividade voluntária, não ocorreria em primeiro lugar se não gerasse ganhos para
todos.
Richard Cantillon propôs que a terra era a principal fonte de riqueza, e que essa riqueza seria
produzida com o poder do trabalho empregado. Além disso, distinguiu o valor intrínseco do
valor de mercado dos bens, o que foi considerado um esboço da teoria de preço e custo.
Quesnay foi precursor da acumulação de capital. Seu trabalho também traz a ideia de
interdependência entre os setores da economia e a inovadora representação de trocas como
um fluxo circular de dinheiro e bens. Desse modo, os fisiocratas foram os primeiros a tentar
analisar, de maneira sistemática, a circulação da riqueza na economia.
O filósofo David Hume também fez valiosas contribuições ao pensamento econômico. Embora
não tenha estruturado suas ideias de maneira sistemática, como os pensadores que viriam a
posteriori, suas obras tiveram grande influência na filosofia geral encontrada posteriormente no
trabalho de Adam Smith.
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David Hume
Suas principais ideias econômicas envolviam o destaque ao trabalho, bem como a atenção a
oscilações e mudanças na economia, e apontaram a inter-relação de fatos econômicos com
outras forças sociais.
Na parte monetária, descreveu o mecanismo pelo qual uma mudança na quantidade de moeda
em circulação alteraria o valor do dinheiro na economia ― assunto debatido até hoje.
A teoria clássica proposta nesse período contrastou fortemente com as tendências anteriores
do pensamento econômico. Embora tenham assimilado diversos conceitos estabelecidos por
seus antecessores, os clássicos identificaram falhas em todas as soluções propostas
previamente para os problemas econômicos.
Uma das principais discrepâncias é que os clássicos viam como positivos os resultados que
decorriam naturalmente das forças econômicas. Nesse período, surgiu a noção de uma “mão
invisível do mercado”, de forças que naturalmente convergiriam para um equilíbrio
eficiente, sem necessidade de intervenção estatal.
ADAM SMITH
Um dos principais diferenciais de Adam Smith em relação aos autores que lhe antecederam foi
o fato de que ele se empenhou em construir sua teoria de forma sistemática. Em A Riqueza
das Nações, ele lançou as bases da teoria econômica clássica de livre mercado.
Os escritos de Smith tocaram uma infinidade de temas, uma vez que a Macroeconomia da
época se preocupava com um escopo mais amplo dos determinantes do crescimento ― não
apenas com fatores econômicos, mas com fatores culturais, políticos, sociológicos e históricos.
THOMAS MALTHUS
Thomas Malthus, mais conhecido por sua teoria da população, também contribuiu para o
pensamento clássico. Em suas obras, discorreu sobre distribuição de renda e consumo
improdutivo, e apontou os riscos de uma crise de superprodução frente à falta de demanda ―
ideia que foi retomada por Keynes quase um século depois.
Em outras palavras, mesmo que uma das partes consiga produzir mais de todos os bens com a
mesma quantidade de recursos, é economicamente vantajoso para as duas partes
comercializar bens. Essa ideia foi aprimorada posteriormente por John Stuart Mill sob a forma
de vantagens comparativas.
Os escritos de Ricardo trataram de muitos outros tópicos, como as teorias do valor, dos
salários, lucros e aluguel, da acumulação, do desenvolvimento econômico e de moeda e
bancos. Ricardo também levantou a questão sobre as leis naturais que determinariam a
distribuição do produto entre as classes da sociedade.
Foi ainda nesse período que as noções de utilitarismo começaram a ser desenvolvidas, sendo
posteriormente incorporadas à teoria econômica. O utilitarismo, de maneira geral, afirma que
ações que maximizam felicidade e bem-estar são boas, e que a utilidade é uma propriedade de
um bem ou objeto capaz de produzir um benefício ou prazer.
Enquanto para os economistas clássicos como Smith, Ricardo e Mill, o capitalismo significava
uma expansão da produção, aumento da riqueza e troca econômica entre as nações, outros
não viam esse sistema econômico com o mesmo entusiasmo.
Malthus já apresentava uma visão mais pessimista, argumentando que, nesse sistema, não
seria permitido ao trabalhador receber mais que um salário de subsistência ― uma crença
compartilhada por Ricardo e alguns outros economistas clássicos.
A derrota da classe trabalhadora no movimento de 1848 encerrou um ciclo de luta que havia
durado mais de 30 anos e inaugurou uma fase de hegemonia cultural burguesa e crescimento
econômico.
Para os trabalhadores da época, essa fase inicial do capitalismo significava arcar com os
custos da expansão da produção: condições perigosas ou insalubres de trabalho, desemprego
e longas horas de trabalho duro. O contexto era terreno fértil para o surgimento de novas
ideias.
Nesse período, muitas teorias socialistas novas e alternativas foram elaboradas, destacando-
se a grande síntese da crítica de Marx à Economia Política Clássica.
Embora Marx reconhecesse os méritos científicos dos grandes economistas clássicos ingleses,
considerava a economia política clássica como uma expressão teórica da burguesia no período
em que o capitalismo se afirmava.
Fonte: Shutterstock
Karl Marx
Marx desenvolveu sua teoria com forte ênfase no conflito de classes, acusando a burguesia de
cooptar as necessidades de toda a sociedade para combater a aristocracia e, depois,
estabelecer-se como classe dominante, apresentando seus interesses próprios como coletivos
e o espírito da acumulação privada de capital como instrumento para fazer crescer a riqueza
nacional.
Segundo a crítica de Marx, o sistema teórico clássico se baseou na análise de classe sociais,
até que essa análise deixasse de ser útil, ou seja, quando a burguesia alcançasse o poder ―
momento em que as teorias de harmonia de interesses e de fatores produtivos se tornaram
mais úteis. Nesse sentido, a herança científica da economia política clássica estava
comprometida e deveria passar, agora, aos economistas socialistas.
Marx buscou identificar os limites da economia política clássica, a fim de criticá-la. Ele diferiu
desse grupo de economistas quanto ao pano de fundo filosófico: Marx não era utilitário,
empirista ou baseado em leis naturais da Filosofia.
Dentre as críticas feitas por Marx aos economistas clássicos, três se sobressaíram, listando a
incapacidade dos clássicos de:
2
Reconhecer o caráter histórico do capitalismo.
REVOLUÇÃO MARGINALISTA OU
UTILITARISTA
O final do século XIX testemunhou o nascimento da teoria microeconômica moderna. Essa
época foi marcada pela elaboração de um conjunto de ferramentas analíticas que
transformaram a economia clássica em neoclássica.
A análise marginal, hoje presente nos livros-texto de Microeconomia, pode ser considerada a
mais importante dessas ferramentas. A Matemática foi incorporada de maneira definitiva na
análise econômica.
ATENÇÃO
Jevons, Menger e Walras são alguns dos principais nomes associados a essa mudança radical
na forma de conceber a teoria econômica.
ORTODOXIA NEOCLÁSSICA
A revolução marginalista se espalhou pelo mundo ocidental, impactando significativamente o
pensamento econômico. No contexto político-econômico, a Europa Ocidental experimentava
um momento de desenvolvimento industrial e capitalista. Em conjunto, esses fatores
estabeleceram as bases para a economia neoclássica.
Alfred Marshall foi um matemático que ofereceu uma enorme contribuição ao pensamento
econômico com a publicação de seu livro Princípios de Economia (1890). Sua obra pode ser
entendida como uma reformulação geral da teoria econômica produzida até então, sintetizando
a análise clássica e a abordagem marginalista de custo e utilidade, elaborando um mecanismo
de análise econômica.
Uma de suas principais contribuições ao campo foi sua análise de equilíbrio parcial, que
conseguiu unir várias partes da teoria econômica, até então analisadas separadamente.
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Alfred Marshall
VOCÊ SABIA
O americano Irving Fisher também utilizou a Matemática de forma extensiva em sua análise
econômica. No entanto, seu trabalho estava voltado para a Macroeconomia. Ele propôs a
versão mais conhecida da equação quantitativa da moeda, e sua contribuição central para a
teoria econômica foi a teoria sobre juros – há até uma Equação de Fisher, batizada em sua
homenagem.
No vídeo a seguir, abordaremos aspectos essenciais sobre AS TRANSFORMAÇÕES DA
REVOLUÇÃO MARGINALISTA E DA ORTODOXIA NEOCLÁSSICA PARA A ECONOMIA
ECONOMIA KEYNESIANA
A Primeira Guerra Mundial foi um conflito de dimensões até então desconhecidas pela
humanidade. Na esfera econômica, seus impactos envolveram a interrupção do comércio e de
pagamentos internacionais, e levaram governos a realizar intervenções econômicas até então
inimagináveis. Foi feita uma produção de larga escala para atender necessidades de guerra,
gerando enormes dívidas nacionais.
O grau de profundidade das crises vivenciadas no período entre guerras não tinha
precedentes. Eclodiu a crise econômica de 1929. O desemprego atingiu níveis recordes e se
tornou persistente. O descontentamento social não tardou a aparecer, e a tradição clássica
ortodoxa de pensamento econômico não estava preparada para lidar com essa situação.
O pensamento neoclássico havia se estruturado em torno da Lei de Say, que previa que o
pleno emprego era o estado normal de funcionamento da economia. Se houvesse um
afastamento do nível de emprego considerado normal, não seria de grande magnitude, e o
próprio sistema econômico providenciaria uma resposta que faria o emprego retornar ao seu
nível normal.
No entanto, a realidade parecia bastante distante do que previa o pensamento econômico. Não
apenas a ociosidade na força de trabalho e da capacidade da indústria alcançaram proporções
incomuns, como também havia poucos indícios de que a situação estava caminhando para se
corrigir.
Segundo eles, a inflexibilidade dos salários, causada, principalmente, pela estrita adesão ao
salário mínimo por influência dos sindicatos, não permitia que a economia seguisse sua
trajetória natural. Do contrário, se os salários baixassem, empregadores contratariam mais
trabalhadores, e a economia voltaria ao nível de pleno emprego.
No início do século XX, a análise econômica retomou o interesse dos economistas clássicos
em economia agregada, ou seja, nas teorias macroeconômica e monetária.
A teoria da preferência pela liquidez ― que ofereceu uma explicação para os determinantes da
taxa de juros sob a ótica do mercado de moeda.
Boa parte desses conceitos está presente nos cursos contemporâneos de Macroeconomia.
As ideias desenvolvidas por Keynes representaram uma mudança na meta da política pública:
de estabilização dos preços para manutenção do nível de renda e emprego em valores
altos.
A influência mais importante do trabalho de Keynes foi sua incorporação em forma de síntese
na estrutura geral de princípios econômicos aceitos. Uma das maiores contribuições nesse
aspecto foi o livro Fundamentos da Análise Econômica (1947), de Paul Samuelson. Essa obra
explicava as ideias e os princípios do pensamento econômico em conjunto com os princípios
ortodoxos dos economistas neoclássicos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
1. Sobre a economia política clássica, é falso afirmar que:
A) Verdadeira
B) Falsa
Outros antes de Adam Smith desenvolveram ideias econômicas em forma de livro, como, por
exemplo, Quesnay com seu Tableau Economique. O diferencial de Smith em relação aos
demais autores que lhe antecederam, e que o faz ser considerado “o pai da Economia
Moderna”, foi o fato de que ele se empenhou em construir sua teoria de forma sistemática.
C) Verdadeira
Essa ideia foi aprimorada posteriormente por John Stuart Mill sob a forma de vantagens
comparativas.
D) Verdadeira
Jeremy Bentham e John Stuart Mill foram alguns dos filósofos a desenvolver esse conceito,
posteriormente incorporado à Microeconomia pelos marginalistas.
B) A alternativa está incorreta. O economista britânico rejeitava a ideia de que a oferta cria sua
própria demanda.
C) A alternativa está correta. O pensamento de Keynes foi tão influente no contexto entre
guerras que dominou a política econômica dos EUA e de diversas outras nações ocidentais do
período.
D) A alternativa está incorreta. Suas ideias representaram justamente uma mudança no sentido
contrário: a meta da política pública mudou de estabilização dos preços para estabilização do
nível de renda e emprego em valores altos.
MÓDULO 3
CAMINHOS DA PROFISSÃO DE
ECONOMISTA
Para onde vamos e para onde caminhamos: o que tem sido feito na profissão de economista?
Como vimos ao longo deste tema, a Economia como ciência teve sua origem há muitos
séculos. Ao longo dessa trajetória, passou por transformações em seu objeto de análise,
método e abordagem teórica, sendo diretamente influenciada pelos contextos sociais e
políticos da época em que seus teóricos viveram.
Quais campos têm sido estudados pela Economia, e o que tem sido pesquisado?
Pensando em todas essas questões, vamos apresentar algumas áreas da Economia que não
são tão conhecidas fora da profissão. Citaremos também alguns grandes economistas dos
últimos tempos.
Ao longo dos anos, conforme a ciência econômica foi se desenvolvendo, novas áreas foram
surgindo, principalmente na Economia Aplicada.
Essas novas áreas de pesquisa, muitas vezes, deixam de fazer uma clara distinção entre
Macro e Microeconomia, juntando, inclusive, algumas das áreas citadas acima, como veremos.
O campo da Teoria dos Jogos tem como interesse situações em que os indivíduos se
comportam estrategicamente, isto é, como os indivíduos vão realizar escolhas quando as
escolhas dos outros interferem no resultado.
Dois criminosos foram presos pela polícia, que os interroga em salas separadas. Caso apenas
um dos criminosos confesse individualmente, o confessante é libertado imediatamente pela sua
colaboração, e o outro tem uma pena maior (três anos de prisão). Caso ambos confessem,
eles são condenados a uma pena igual: dois anos de prisão. Se nenhum dos dois confessar,
eles receberão apenas uma pena por um crime menor (um ano de prisão).
Qual será a decisão individual? Qual será o resultado? Claramente, a ação de um dos
criminosos influencia no resultado do outro.
Os pioneiros da área são os matemáticos John Von Neumann, John Nash e o economista
Oskar Morgenstern.
O desenvolvimento da Teoria dos Jogos foi uma revolução em Economia, embora a área seja
considerada nova, ao abordar problemas cruciais por meio de modelos matemáticos.
Por exemplo, a Economia Neoclássica tinha grande dificuldade em lidar com a competição
imperfeita, como oligopólios. Com o crescimento da Teoria dos Jogos, foi possível modelar o
comportamento competitivo dos agentes.
Além disso, a Teoria dos Jogos tem uma vasta gama de aplicações, sendo usada em
Economia, Psicologia, Biologia Evolucionária, Guerras e Política.
JOHN NASH (1928-2015)
Ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1994 pelo que ficou conhecido como
Equilíbrio de Nash: uma situação que, se alcançada, faz com que nenhum agente veja
vantagem em alterar individualmente seu comportamento.
Fonte: Shutterstock
ECONOMIA POLÍTICA
Como vimos no Módulo 2, a Economia Política enquanto campo de estudo é antiga. Contudo,
a atividade de sua vertente contemporânea é bem distinta da de antigamente. Hoje, a pesquisa
estuda escolhas de políticas públicas como são realizadas por políticos, que, por sua vez, são
escolhidos por eleitores que compõem uma sociedade (democrática ou não).
Uma de suas grandes contribuições foi mostrar que (para explicar resultados econômicos, ou
seja, porque alguns países são pobres e outros ricos, ou por que imigrantes têm sucesso em
alguns lugares, e não em outros) é preciso olhar além de preços e renda, analisando,
também, a História e a Sociologia.
Fonte: Shutterstock
Alberto Alesina
O fato de que ciclos eleitorais podem gerar comportamento cíclico na atividade econômica.
Como fatores políticos levavam a um acúmulo de dívida pública maior do que o socialmente
desejável.
Como a independência dos bancos centrais em relação a pressões políticas era um fator
preponderante para a estabilidade macroeconômica.
VOCÊ SABIA
Assim como Alesina, dois outros italianos, Persson e Tabellini, contribuíram consideravelmente
para a área. Eles combinaram o melhor de três diferentes áreas ― teoria macroeconômica,
escolha pública e escolha racional ― para sugerir uma abordagem unificada em economia
política..
Problemas de agência são situações em que uma ação é delegada de um agente para o outro.
Em geral, esses agentes possuem objetivos conflitantes, de forma que o resultado ótimo para
um não é desejável para outro.
EXEMPLO
Por exemplo, existem um fazendeiro e um agricultor que trabalha em sua fazenda. O objetivo
do fazendeiro é maximizar seu lucro, enquanto o objetivo do agricultor é maximizar seu bem-
estar. Nesse cenário, em que o fazendeiro delega o cuidado da plantação para o agricultor, o
resultado do lucro dependerá do esforço do agricultor.
ECONOMIA COMPORTAMENTAL
Como vimos no Módulo 2, os economistas clássicos introduziram a noção de que interesses
individuais racionais importam.
A teoria contemporânea pressupõe que indivíduos são racionais e tomam decisões com base
nas informações disponíveis, fazendo as escolhas que geram maiores ganhos com base em
alguma medida de benefício.
Partindo desse entendimento, um consumidor não vai comprar dois pares de sapatos quando
precisa apenas de um. Também é razoável supor que as pessoas vão economizar ao longo de
suas vidas para garantir uma aposentadoria, enquanto pessoas endividadas cortariam seus
gastos em vez de parcelar uma nova televisão no cartão de crédito. Entretanto, se somos
realmente racionais, por que tantas pessoas fazem o oposto do que a teoria supõe?
SAIBA MAIS
A premissa básica é que os seres humanos nem sempre são racionais. Muitas vezes, suas
escolhas podem ser baseadas em questões subjetivas e culturais, que, em alguns momentos,
pesam mais que a racionalidade. Isso não significa que a Economia Comportamental
abandona por completo a noção de racionalidade – apenas incorpora ao processo de tomada
de decisão outros fatores antes desconsiderados.
A Economia Comportamental tenta explicar por que as pessoas não economizam para a
aposentadoria, priorizando o consumo no presente. Isso ocorre porque o prazer presente é
mais próximo e mais palpável do que o possível sofrimento em um tempo futuro e distante.
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
A Economia do Desenvolvimento estuda o processo de desenvolvimento dos países de
baixa renda. Como o processo de desenvolvimento econômico é amplo e complexo, essa área
cobre diversos outros campos que afetam o crescimento social e econômico dos países.
Nesse sentido, foca não somente em métodos que promovam o crescimento econômico e nas
mudanças estruturais, mas também na melhora de aspectos que envolvam a população, como
condições de saúde, educação e trabalho.
Com o passar dos anos, esses modelos foram ficando cada vez mais sofisticados,
incorporando mais elementos e variáveis determinantes do crescimento econômico, visando
torná-los mais próximos da realidade.
SAIBA MAIS
Alguns dos economistas mais importantes a elaborar modelos de desenvolvimento são: Roy
Harrod, Evsey Domar, Robert Solow e Paul Romer.
Daron Acemoglu e James Robinson são dois economistas contemporâneos que mostraram
evidências empíricas robustas sustentando a tese do papel desempenhado pelas instituições
no desenvolvimento econômico, com ênfase nos direitos de propriedade.
Outros economistas apontam, entre outros tantos fatores institucionais que impactam o
crescimento, para:
O desenho de Constituições;
O grande desafio da área é a dupla causalidade que esses fatores costumam apresentam com
o crescimento econômico. Nesse caso, é difícil responder:
Instituições melhores levam a mais crescimento econômico, ou países que têm mais
crescimento econômico estabelecem melhores instituições?
A literatura econômica vem desenvolvendo muitos estudos nessa área na última década,
mostrando como normas sociais, crenças individuais e coletivas influenciam as preferências
dos indivíduos, e que essas normas variam lentamente ao longo do tempo.
ECONOMIA DA POBREZA
Outro campo que se propôs a investigar a economia de baixa renda é o de Economia da
Pobreza.
SAIBA MAIS
Os laureados com o Prêmio Nobel de Economia de 2019, Michael Kremer, Esther Duflo e
Abhijit Banerjee, fizeram contribuições com uma abordagem experimental para aliviar a
pobreza global.
Os três economistas publicaram uma série de artigos, muitas vezes em conjunto, utilizando um
método bastante empregado na Medicina: os Randomized Controled Trials (RCTs), ou Estudos
Aleatorizados Controlados. De forma resumida, essa abordagem experimental consiste em
dividir a população de um estudo em grupos aleatorizados de controle e tratamento para testar
a efetividade de determinada política.
Os autores realizaram uma série de estudos desse tipo, desenvolvendo uma ferramenta muito
poderosa para testar intervenções que podem reduzir a pobreza. Essas intervenções variam
desde a realização de tutorias corretivos nas escolas, passando pelo fornecimento de redes
contra mosquitos para famílias, de modo a prevenir doenças, até políticas de microcrédito.
Fonte: Shutterstock
Outra vantagem é que, pelo fato de serem estudos controlados, há a possibilidade de verificar
possíveis efeitos colaterais não antecipados, colocando na balança, ao final dos experimentos,
os benefícios e os custos não antecipados das intervenções.
ECONOMIA DA DESIGUALDADE
A desigualdade econômica é um tópico de interesse e preocupação de cientistas sociais.
Existe uma grande variedade de tipos de desigualdade econômica, muitas vezes medida na
forma de distribuição de renda ou de riqueza. Também pode ser avaliada como desigualdade
entre países, regiões ou grupos de pessoas.
O economista francês Thomas Piketty escreveu o livro O Capital no Século XXI (2013), sobre o
crescimento da desigualdade da riqueza mundial. A obra causou rebuliço no meio acadêmico
ao trazer à tona o debate sobre taxação progressiva e tributação da riqueza global como único
caminho eficiente para combater a concentração da renda, que, segundo o autor, seria
consequência inevitável do capitalismo.
Um dos muitos exemplos estudados pelos economistas da saúde envolve perguntas como:
“Transferências governamentais durante a gravidez melhoram a saúde da criança ao nascer?”.
Existem muitos outros campos que um economista pode estudar e nos quais pode atuar, o que
é uma das grandes vantagens da profissão. Campos mais clássicos como Macroeconomia e
Microeconomia seguem igualmente trazendo novidades.
A Economia do Crime ― área relativamente nova ― usa o raciocínio econômico para explicar
a tomada de decisões em condutas ilícitas.
ATENÇÃO
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
A) Verdadeira
B) Falsa
C) Verdadeira
D) Verdadeira
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, estudamos alguns conceitos básicos de Ciências Econômicas. Além disso, vimos
como essa ciência evoluiu ao longo do tempo e que caminhos está trilhando neste momento.
Vimos, também, os diversos objetos de estudo da Economia, que, afinal, busca responder
como alocar recursos da melhor forma possível. Essa é a régua para determinar se a profissão
é bem-sucedida: devemos contribuir para a melhor alocação possível dos recursos que temos
à nossa disposição. Assim, teremos mais desenvolvimento, menos pobreza e desigualdade, e
melhores políticas públicas para a sociedade.
REFERÊNCIAS
CAMPANTE, F. A ciência da Economia Política: o legado de Alberto Alesina. Nexo Jornal,
2020.
KRUGMAN, P.; WELLS, R. Introdução à Economia. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
PERSSON, T.; TABELLINI, G. Political economics: explaining economic policy. The MIT
Press, 2002.
SCREPANTI, E.; ZAMAGNI, S. An outline history of the economic thought. 2.ed. Oxford:
Oxford University Press, 2005.
ACEMOGLU, D.; ROBINSON, J. Por que as nações fracassam? Nova Iorque: Crown
Publishing Group, 2012.
BANERJEE, A.; DUFLO, E. Good economics for hard times. Nova Iorque: Public Affairs,
2019.
TELLES, A.; TIROLE, J. Economia do bem comum. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
CONTEUDISTA
Maria Eduarda Barroso Perpétuo
CURRÍCULO LATTES