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Prova da disciplina de métodos qualitativos

Aluno: Gabriel Bennesby Matrícula: 2010533

1) A subjetividade é um componente primordial na pesquisa qualitativa, mas


contraindicado na pesquisa quantitativa. Nos moldes do paradigma quantitativo
experimental, o pesquisador deve adotar uma postura de neutralidade e
imparcialidade perante o objeto, considerando apenas o comportamento passível de
ser observado, quantificável e, em seguida, generalizado. Em relação ao objeto de
estudo, que é um ser humano, qualquer atitude subjetiva, como espontaneidade e
expressão de sentimentos, é negligenciada, uma vez que não podem ser sintetizadas
em dados estatísticos e não compõem a objetividade que esse paradigma procura- de
padrões absolutos e generalizáveis. Na perspectiva qualitativa, o pesquisador é
convidado a explorar profundamente a dimensão da subjetividade, principalmente a
do objeto de estudo. Os aspectos que englobam a subjetividade do objeto de estudo,
como suas emoções, crenças, valores, motivações e singularidades no
comportamento, são legitimados e estudados. Nesse sentido, por se tratar de
conteúdos abstratos e subjetivos, o pesquisador, na coleta e na análise de dados,
adquiri um caráter indutivo e interpretativo. Da mesma forma, entende-se que a
subjetividade do pesquisador sempre o acompanhará, ou seja, não é possível haver
uma investigação e contato com objeto de estudo sem ser parcial. Em relação ao
objeto de estudo, assim como já apontado, a subjetividade é altamente estimulada. A
forma de pensar, sentir, agir e se relacionar, a relatividade do contexto que está
inserido, as aspirações pessoais e a imprevisibilidade são alguns dos aspectos que
caracterizam a subjetividade do indivíduo e que são investigados no estudo
qualitativo.

2) As pesquisas qualitativas conduzem a investigação a partir do raciocínio indutivo e


interpretativo, investigando, observando e analisando sistematicamente os dados
obtidos do objeto de estudo. Nessa perspectiva, entendendo que a linguagem
permeia a estruturação desses dados, o pesquisador, por intermédio de uma análise
segmentada, tem a função de interpreta-los, de modo que se atribua significados
fidedignos- na medida do possível- dos aspectos abordados pelo objeto de estudo.
Além disso, nas pesquisas qualitativas em que a coleta de dados não é oriunda da
observação -como nos casos que se investiga processos internos e reflexivos- a
linguagem torna-se ainda mais substancial. Isso porque passa a ser necessária a
utilização de instrumentos orais e discursivos que exponham tais camadas internas,
como entrevistas e questionários. Portanto, independente da técnica utilizada, o
pesquisador qualitativo deve adotar uma postura inclinada a interpretar os
segmentos de linguagem do objeto de estudo, ou seja, os sinais verbais e não
verbais, a fim de produzir significados que irão embasar os resultados. Para
organizar os diferentes significados atribuídos na análise segmentada, o pesquisador
registra todo material, manipula iterativamente e, por fim categoriza-o, seja pela
categorização top-down ou bottom-up. Dessa forma, compreendendo suscintamente
o processo de coleta e análise de dados da pesquisa qualitativa, percebe-se que
linguagem é uma ferramenta básica que unida as técnicas rigorosas e ao sistema de
interpretação possibilita explorar dimensões subjetivas e objetivas do ser humano
profundamente.

3) A amostra intencional, sendo característica em estudos qualitativos, é um tipo de


amostragem na qual a escolha de participantes, por parte dos pesquisadores, é
restritamente alinhada ao foco da pesquisa e do contexto que ela será realizada. Ou
seja, ao contrário das pesquisas quantitativas e experimentais nas quais a
amostragem segue critérios de aleatoriedade e de representatividade, organizando
geralmente amostras grandes e genéricas, nas pesquisas qualitativas o recrutamento
é desenhado e preciso, a fim de explorar profundamente as problemáticas levantadas
na proposta do estudo.

4) As entrevistas em profundidade possuem diferentes tipos, que se organizam a


partir de três dimensões: a dimensão temporal, a dimensão espacial e a dimensão
estrutural. A dimensão espacial se refere a especificidade da entrevista em relação
ao ambiente que ela é realizada, podendo ter como modalidades o presencial ou a
distância. Na entrevista presencial a interação entre o pesquisador e o entrevistador
normalmente é face-a-face. Dessa forma, o pesquisador, tendo um contato direto
com todas informações que englobam o contexto da entrevista, possui maior alcance
na captação de qualquer tipo de conteúdo expresso pelo o entrevistado, seja verbal,
seja não-verbal; e consegue conduzir melhor a interlocução, dando mais
profundidade ao estudo. As entrevistas a distância têm como característica a grande
facilidade e/ou a flexibilidade espaço temporal, colaborando para agilização dos
encontros e desconsiderando aspectos localizacionais que são pontos comumente
problemáticos no agendamento das entrevistas presenciais. A entrevista a distância
é uma alternativa efetiva para estudos que investigam questões delicadas e/ou se o
participante antes do encontro se mostra desconfortável, passando-o segurança e
motivação para participar da pesquisa. Além disso, vale ressaltar que as entrevistas a
distância podem ser feitas pela linguagem oral e com vídeo, ou pela linguagem
escrita. A utilização do vídeo e a possibilidade de gravação contribuí para o
processo de transcrição. Já a entrevista escrita, mesmo que a transcrição faça parte
do encontro, evidentemente diversos aspectos subjetivos são omitidos e há a perda
das expressões não-verbais. Nesse sentido, é importante mencionar que a entrevista
face-a-face tende a gerar mais profundidade no que diz respeito a coleta de dados.
Portanto, a escolha de qual tipo de entrevista usar deve levar em consideração tais
particularidades de cada modalidade.

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