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Física

Aprofundamento em Calorimetria

Resumo

Calor é definido como qualquer fluxo espontâneo de energia de um objeto para outro, causado somente pela
diferença de temperatura entre os objetos. Dizemos que "calor" flui da água quente para o cubo de gelo frio e
do Sol quente para a Terra fria.

Calor sensível e latente


A capacidade térmica de um objeto é a quantidade de calor necessária para aumentar sua temperatura
dividida pela variação de temperatura provocada:

(O símbolo para capacidade térmica é C.) A quantidade de calor calculada dessa maneira é denominada calor
sensível (Qs). É claro que quanto maior for a massa da substância, maior será sua capacidade térmica. Uma
quantidade fundamental associada à substância é o calor específico, definido como a capacidade térmica
por unidade de massa:

A unidade de capacidade térmica é cal/°C, ou no Sistema Internacional, J/K. Já a unidade de calor específico
é cal/g°C, que no SI é J/gK. É muito comum o uso da caloria, unidade que não pertence ao SI. A conversão
entre caloria e joule (unidade do SI), pode ser feita pela igualdade 1 cal ≈ 4,186 J.
Em algumas situações, você pode fornecer calor para um sistema sem aumentar em nada sua temperatura.
Isto normalmente ocorre durante uma mudança de fase, como o gelo derretendo ou a água fervendo.
Tecnicamente, a capacidade térmica fica mal definida, já que você estaria dividindo por zero o calor! No
entanto, ainda é interessante saber a quantidade de calor necessária para derreter ou ferver uma substância
completamente. Esta quantidade de calor dividida pela massa da substância é chamada de calor latente da
transformação (nome horrível, mas ok), e é denotada por L:

Nas provas é comum utilizar o valor de calor latente de fusão do gelo igual a 80 cal/g e o calor latente de
vaporização da água igual a 540 cal/g.
Cabe salientar que as mudanças de estado que ocorrem com perda de calor apresentam calores latentes
negativos (solidificação e condensação).

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Um diagrama muito comum é aquele que relaciona a temperatura de um objeto com o calor trocado por ele
(lembrando que quando o calor é fornecido ou recebido pelo corpo, o sinal associado é positivo e quando o
calor é cedido ou perdido pelo corpo o sinal associado é negativo):

Começando na fase sólida, o corpo absorve calor a partir de uma fonte externa (fogão por exemplo) e aumenta
de temperatura até chegar na temperatura de fusão. Nesse estágio, a temperatura do corpo não varia e todo
calor absorvido (calor latente) é usado para quebrar ligações químicas (estamos numa mudança de fase).
Logo em seguida a temperatura aumenta de novo até atingir a temperatura de vaporização e a análise se
repete.

Equilíbrio térmico
Note que o termômetro de mercúrio (ou qualquer termômetro) depende do seguinte fato fundamental: quando
colocamos dois objetos em contato um com o outro e esperamos tempo suficiente, eles tendem a atingir a
mesma temperatura. Dizemos então, no caso de estarem a mesma temperatura, que eles estão em equilíbrio
térmico. O corpo mais quente perdeu calor para o corpo mais frio, que ganhou esse calor. Para dois ou mais
corpos, vale a seguinte expressão:

Ou seja, a soma dos "calores" recebidos mais a soma dos "calores" cedidos tem que ser nulo.

• Calorímetro
O calorímetro é um recipiente utilizado para isolar os corpos que trocam calor do meio. A rigor dizemos que
o calorímetro é um recipiente que tem paredes adiabáticas (o termo adiabático, indica sem trocas de calor).
Por mais que o calorímetro impeça a troca de calor entre os corpos inseridos nele e o meio, é possível que o
calorímetro troque calor com os corpos inseridos nele. Nesse caso, utilizamos a equação do calor sensível:

Qcal=Ccal∙∆Tcal

Em que Qcal é o calor trocado pelo calorímetro, Ccal é a capacidade térmica do calorímetro e ∆cal é a variação
de temperatura do calorímetro.

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Uma outra possibilidade é quando o calorímetro não troca calor com os corpos inseridos nele. Para poder
afirmar isso, temos três casos:
1. Calorímetro ideal
2. Capacidade térmica do calorímetro desprezível (C cal≈0)
3. Não há menção de informações sobre o calorímetro.

Em todos do três casos acima não incluímos o calorímetro na equação do Sistema Termicamente Isolado
(Qcal=0).

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Exercícios

1. Em uma garrafa térmica, são colocados 200 g de água à temperatura de 30 C e uma pedra de gelo
de 50 g, à temperatura de −10 C. Após o equilíbrio térmico,

Note e adote:
- calor latente de fusão do gelo = 80 cal g;
- calor específico do gelo = 0,5 cal g C;
- calor específico da água = 1,0 cal g C.

a) todo o gelo derreteu e a temperatura de equilíbrio é 7 C.


b) todo o gelo derreteu e a temperatura de equilíbrio é 0,4 C.

c) todo o gelo derreteu e a temperatura de equilíbrio é 20 C.

d) nem todo o gelo derreteu e a temperatura de equilíbrio é 0 C.

e) o gelo não derreteu e a temperatura de equilíbrio é −2 C.

2. Define-se meia-vida térmica de um corpo (t1 2 ) como o tempo necessário para que a diferença de
temperatura entre esse corpo e a temperatura de sua vizinhança caia para a metade.

Considere que uma panela de ferro de 2 kg, inicialmente a 110 C, seja colocada para esfriar em um
local em que a temperatura ambiente é constante e de 30 C. Sabendo que o calor específico do ferro
é 0,1cal (g  C), a quantidade de calor cedida pela panela para o ambiente no intervalo de tempo de
três meias-vidas térmicas da panela é
a) 16.000 cal.
b) 14.000 cal.
c) 6.000 cal.
d) 12.000 cal.
e) 8.000 cal.

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Texto para a próxima questão:

A depilação a laser é um procedimento de eliminação dos pelos que tem se tornado bastante popular
na indústria de beleza e no mundo dos esportes. O número de sessões do procedimento depende, entre
outros fatores, da coloração da pele, da área a ser tratada e da quantidade de pelos nessa área.

3. Na depilação, o laser age no interior da pele, produzindo uma lesão térmica que queima a raiz do pelo.
Considere uma raiz de pelo de massa m = 2,0  10−10 kg inicialmente a uma temperatura Ti = 36 C
que é aquecida pelo laser a uma temperatura final Tf = 46 C.

Se o calor específico da raiz é igual a c = 3.000 J (kg C), o calor absorvido pela raiz do pelo durante o
aquecimento é igual a

Dados: Se necessário, use aceleração da gravidade g = 10 m s2 , aproxime π = 3,0 e 1 atm = 105 Pa.

a) 6,0  10−6 J.

b) 6,0  10−8 J.

c) 1,3  10−12 J.

d) 6,0  10−13 J.

4. Em um recipiente de capacidade térmica desprezível, 300 g de água, inicialmente a 20 C, foram


aquecidos. Após 2,0 minutos, quando a temperatura da água era 40 C, mais 300 g de água a 20 C
foram adicionados ao recipiente. Considerando que não ocorreu perda de calor da água para o meio e
que a fonte fornece calor a uma potência constante durante o processo, o tempo decorrido, após a
adição da água, para que a temperatura da água atingisse 80 C foi de
a) 5,0 min.
b) 14,0 min.
c) 10,0 min.
d) 15,0 min.
e) 8,0 min.

5. Um painel coletor de energia solar é utilizado para aquecer a água de uma residência e todo o sistema
tem um rendimento de 60%. Para aumentar a temperatura em 12,0 C de uma massa de água de
1.000 kg, a energia solar total coletada no painel deve ser de
J
Dado: considere o calor específico da água igual a 4,0 .
g  C

a) 2,8  104 J

b) 4,8  104 J

c) 8,0  104 J

d) 4,8  107 J

e) 8,0  107 J

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6. Para a prática de esportes olímpicos, é adequada a piscina olímpica. As dimensões dela, segundo
Federação Internacional de Natação, devem ser de 50 m para o comprimento; 25 m, para a largura, e
2,0 m, para a profundidade. A temperatura média ideal da água deve ser igual a 25 C.

A quantidade de energia necessária, em joules, a ser fornecida para deixar a água da piscina na
temperatura ideal – sendo essa a única troca de energia a se considerar –, observando que inicialmente
a água, que preenche todo o volume da piscina, estava a 20 C, é igual a

Dados:
cágua = 1,0 cal g C (calor específico sensível da água)
ρágua = 1,0 g cm3 (massa específica da água)
1,0 cal = 4,0 J

a) 2,0  1010 J

b) 3,0  1010 J

c) 4,0  1010 J

d) 5,0  1010 J

e) 6,0  1010 J

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7. O gráfico 1 mostra a variação da pressão atmosférica em função da altitude e o gráfico 2 a relação


entre a pressão atmosférica e a temperatura de ebulição da água.

Considerando o calor específico da água igual a 1,0 cal (g  C), para aquecer 200 g de água, de 20 C
até que se inicie a ebulição, no topo do Pico da Neblina, cuja altitude é cerca de 3.000 m em relação ao
nível do mar, é necessário fornecer para essa massa de água uma quantidade de calor de,
aproximadamente,
a) 4,0  103 cal.

b) 1,4  102 cal.

c) 1,2  103 cal.

d) 1,2  107 cal.

e) 1,4  104 cal.

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8. Furacões são sistemas físicos que liberam uma enorme quantidade de energia por meio de diferentes
tipos de processos, sendo um deles a condensação do vapor em água. De acordo com o Laboratório
Oceanográfico e Meteorológico do Atlântico, um furacão produz, em média, 1,5 cm de chuva por dia
em uma região plana de 660 km de raio. Nesse caso, a quantidade de energia por unidade de tempo
envolvida no processo de condensação do vapor em água da chuva é, aproximadamente,

Note e adote:
- π = 3.
- Calor latente de vaporização da água: 2  106 J kg.
- Densidade da água: 103 kg m3 .
- 1 dia = 8,6  104 s.

a) 3,8  1015 W.

b) 4,6  1014 W.

c) 2,1 1013 W.

d) 1,2  1012 W.

e) 1,1 1011 W.

9. No início do século XX, Pierre Curie e colaboradores, em uma experiência para determinar
características do recém-descoberto elemento químico rádio, colocaram uma pequena quantidade
desse material em um calorímetro e verificaram que 1,30 grama de água líquida ia do ponto de
congelamento ao ponto de ebulição em uma hora.

A potência média liberada pelo rádio nesse período de tempo foi, aproximadamente,

Note e adote:
- Calor específico da água: 1cal (g  C)
- 1cal = 4 J
- Temperatura de congelamento da água: 0 C
- Temperatura de ebulição da água: 100 C
- Considere que toda a energia emitida pelo rádio foi absorvida pela água e empregada exclusivamente
para elevar sua temperatura.

a) 0,06 W
b) 0,10 W
c) 0,14 W
d) 0,18 W
e) 0,22 W

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10. Um conjunto de placas de aquecimento solar eleva a temperatura da água de um reservatório de 500
litros de 20 C para 47 C em algumas horas. Se no lugar das placas solares fosse usada uma
resistência elétrica, quanta energia elétrica seria consumida para produzir o mesmo aquecimento?

Adote 1,0 kg litro para a densidade e 4,0 kJ (kg  C) para o calor específico da água. Além disso, use
1kWh = 103 W  3.600 s = 3,6  106 J.

a) 15 kWh.
b) 26 kWh.
c) 40.000 kWh.
d) 54.000 kWh.

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Gabarito

1. A
Calor necessário para que todo o gelo atinja 0 C e derreta:
Q1 = mgc gΔθg + mgL

( )
Q1 = 50  0,5  0 − ( −10 ) + 50  80
Q1 = 4250 cal

Calor necessário para que a água atinja 0 C :


Q2 = ma c a Δθa
Q2 = 200  1 ( 0 − 30 )
Q2 = −6000 cal

Portanto, não é possível que a água esfrie até 0 C. Sendo θe a temperatura de equilíbrio, temos que:
Calor necessário para que o gelo derretido (agora água) atinja o equilíbrio:
Q3 = 50  1 ( θe − 0 )
Q3 = 50θe

Calor necessário para que a água a 30 C atinja o equilíbrio:


Q4 = 200  1 ( θe − 30 )
Q4 = 200θe − 6000

Portanto, é necessário que:


Q1 + Q3 + Q4 = 0
4250 + 50θe + 200θe − 6000 = 0
250θe = 1750
 θe = 7 C

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2. B
As sequências de temperaturas nos três tempos de meia-vida térmica são:
ΔT0 = 110C − 30C = 80C

1t1/2 ΔT0 2 t1/2 ΔT0 3 t1/2 ΔT0


ΔT0 ⎯⎯⎯→ ⎯⎯⎯→ ⎯⎯⎯→
Q1 2 Q2 4 Q3 8

1t1/2 2t1/2 3 t1/2


80C ⎯⎯⎯→ 40C ⎯⎯⎯→ 20C ⎯⎯⎯→10C
Q1 Q2 Q3

Usando o calor sensível para calcular cada um dos intervalos, temos:


cal
Q1 = 2000 g  0,1  ( 80 − 40 ) C  Q1 = 8000cal
g  C

cal
Q2 = 2000 g  0,1  ( 40 − 20 ) C  Q2 = 4000cal
g  C

cal
Q3 = 2000 g  0,1  ( 20 − 10 ) C  Q3 = 2000cal
g  C

Logo, o calor total cedido da panela para o ambiente foi de:


Qtotal = 14000cal

3. A
Pela equação do calor sensível:
J
Q = mcΔθ = 2  10−10 kg  3000  ( 46 C − 36 C )
kg  C
 Q = 6  10−6 J

4. C
Cálculo da potência de aquecimento:
cal
300 g  1  ( 40 − 20 ) C
Q g  C
P= =  P = 3000 cal min
Δt 2 min

Equilíbrio térmico da mistura:


ΣQ = 0  300  1 ( T − 40 ) + 300  1 ( T − 20 ) = 0  300T + 300T = 18000
18000
T=  T = 30 C
600

Quantidade de calor para aquecer a mistura até 80 C :


Q = 600  1 (80 − 30 )  Q = 30000 cal

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Física

Tempo necessário para esse aquecimento:


Q 30000 cal
Δt = =  Δt = 10 min
P 3000 cal min

5. E
m = 1000 kg = 106 g

Calor útil:
QU = m  c  Δθ = 106  4  12  QU = 4,8  107 J

Calor total dado rendimento de 60% :


QU 4,8  107
η=  0,6 =
QT QT
 QT = 8  107 J

6. D
Volume da água:
Vágua = 50  25  2  Vágua = 2,5  103 m3 = 2,5  109 cm3

Massa da água:
mágua mágua
ρágua =  1=  mágua = 2,5  109 g
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Vágua 2,5  10

Logo:
Q = mágua  c água  Δθágua = 2,5  109  1 5  Q = 12,5  109 cal

 Q = 12,5  109  4 J = 5  1010 J

7. E
Através dos gráficos, determinamos a temperatura de ebulição da água para a altura dada:
h = 3 km  P = 0,7 atm  T = 93 C

Portanto, a quantidade de calor necessária será:


Q = m  c  Δθ
Q = 200  1 ( 93 − 20 )
 Q = 14600 cal  1,4  104 cal

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8. B
Dados:
R = 660 km = 66  104 m; h = 1,5 cm = 1,5  10−2 m; ρ = 103 kg m3 ; L = 2  106 J kg; π = 3;
Δ t = 8,6  104 s.

Calculando o volume de chuva:

( ) 1,5  10
2
−2
V = π R2 h = 3 66  104  V = 2  1010 m3 .

A massa correspondente é:
m = ρ V = 103  2  1010  m = 2  1013 kg.

Calculando a quantidade de energia (calor) por unidade de tempo:


Q m L 2  1013  2  106 J Q
= = s   4,6  1014 W.
Δt Δt 8,6  104   Δt

9. C
Q = mc Δθ mc Δθ 1,3  4  100
  PΔt = mc Δθ  P = =  P = 0,14 W.
Q = PΔt Δt 3.600

10. A
 V = 500 L; ρ = 1kg L; ΔT = 27 − 20 = 27 C;

Dados: 
c = 4 kJ (kg  C ) = 4.000 J (kg  C ) ; 1kWh = 3,6  10 J.
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 kg   J  1  kWh 
Eelét = Q = mc ΔT = ρ V c ΔT = 1   500 L   4  103    27 C   
  6  J 
 
L  kg C  3,6  10  

Eelét = 15 kWh.

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