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FACULDADE EVANGÉLICA RAÍZES

KARYNE RIBEIRO DE OLIVEIRA

ABUSO SEXUAL INFANTIL

UMA VISÃO ENTRE O DIREITO E A PSICOLOGIA

Anápolis/GO

Karyne Ribeiro de Oliveira


ABUSO SEXUAL INFANTIL

UMA VISÃO ENTRE O DIREITO E A PSICOLOGIA

Segundo capítulo de monografia apresentado


como requisito parcial para a aprovação na
disciplina TC2 da Faculdade Evangélica
Raízes, sob orientação da Professora Mylena
Seabra Toshi.

Anápolis/GO
1. SUMÁRIO GERAL

CAPITULO 1 – O ABUSO SEXUAL INFANTIL

1.1- Conceitos e considerações

1.2 - A importância da educação sexual

CAPÍTULO 2- IDENTIFICANDO UMA ABUSADOR SEXUAL DE CRIANÇAS E


OS SINTOMAS QUE ELAS APRESENTAM
1.1- Como identificar na criança
sintomas de abuso sexual
2.2- O perfil psicológico do
abusador

CAPITULO 3 – O ABUSO SEXUAL INFANTIL E A DINÂMICA FAMILIAR


CAPÍTULO 2- IDENTIFICANDO UM ABUSADOR DE CRIANÇAS E OS
SINTOMAS QUE ELAS APRESENTAM
1.1- Como identificar na criança
sintomas de abuso sexual

A identificação de uma situação de abuso sexual contra uma criança ou adolescente


requer medidas de proteção que garantam a segurança da vítima e evite possíveis
revitimizações. Dentre as medidas de proteção existentes, o abrigamento constitui-se
como um recurso protetivo para aquelas crianças ou adolescentes que não possuem
algum familiar capaz de garantir seus cuidados e segurança. Os efeitos dessa medida
de proteção têm sido alvo de discussões e estudos sobre as conseqüências da
experiência de abrigamento para o desenvolvimento das vítimas.

Como denota Siqueira, Betts, & Dell'Aglio:

Alguns estudos apontam que o afastamento da criança do convívio familiar é negativo,


podendo potencializar sintomas de depressão e ansiedade. Por outro lado, o abrigo
pode constituir uma fonte de apoio para crianças e adolescentes, em vista das relações
e vínculos familiares, ainda existentes, serem muito frágeis e não oferecerem a
segurança e proteção necessária (Siqueira, Betts, & Dell'Aglio, 2006).

Crianças sexualmente abusadas tem uma propensão a apresentar sintomas


externalizantes e internalizantes. Os sintomas externalizantes podem ser
comportamentos deliquentes e agressividade. Já os sintomas internalizantes são
aqueles comportamentos como depressão, ansiedade, isolamento, dificuldades de
atenção e queixas somáticas. Também é comum que a criança oscile entre a
negação e a reafirmação do abuso (Duarte & Arboleda, 2005; Furniss, 1993), o que
provavelmente seja ainda maior gerador de ansiedade e sofrimento.

Elas podem apresentar mudanças no padrão de comportamento, como alteraçoes de


humor entre retraimento e extroversão, por exemplo uma criança extremamente
extrovertida de repente fica mais retraída, podem apresentar agressividade, timidez,
medo ou pânico.

Para manter a vitima em silencio o abusador pode usar ameaças de violencia fisica
ou mental, além de chantagens. É normal que usem presentes, dinheiro ou qualquer
outro tipo de material para ter uma boa relação com a vítima.

Crianças que apresentam comportamentos sexuais muito cedo, que apresentam


interesse por questoes sexuais ou que façam brincadeiras de cunho sexual e usam
palvaras e desenhos que se referem às partes intimas podem estar indicando uma
situação de abuso.
Além disso, temos os vestígios mais obvios, os traumatismos fisicos. Enfermidades
psicossomaticas também podem ser sinais de abuso. São problemas de sáude sem
uma aparente causa clínica, como dores de cabeça, erupções na pele, võmitos e
dificuldades digestivas. Marcas de agressão, doenças sexualmente transmissiveis e
gravidez são as principais manifestações fisicas e devem ser usadas como provas à
Justiça.

Para Furniss:

o dano psicológico pode estar relacionado aos seguintes itens: a idade do início do
abuso; a duração do mesmo; o grau de violência ou ameaça; a diferença de idade entre
quem comete o abuso e a vítima; quão estreitamente era a relação da pessoa que
cometeu o abuso com a pessoa que sofreu o abuso; a ausência de figuras parentais
protetoras e o grau de segredo. (1993)

Como na maioria dos casos os abusador costuma ser uma pessoa próxima da criança
e estabele uma relação de confiança com ela, está garantido o sigilo da situação de
abuso. O abusador pode usar ameaças ou benefícios materiais em um vínculo de
dominação e submissão.

No caso de meninos que sofreram abuso sexual, eles podem apresentar dúvidas
quanto à sexualidade, sentindo-se muitas vezes fora do padrão estabelecido
socialmente, no qual o homem tem de se defender e de que sempre são capazes de
evitarem agressões de qualquer natureza. Sem contar que a mídia sempre os aponta
como agressores e não como possíveis vítimas (Abrapia, 2002).

Na escola as crianças sexualmente abusadas também apresentam sintomas. Elas


podem manifestar dificuldades de concentração e queda no rendimento por estarem
emocionalmente abaladas, criando formas para fugir das obrigações e preocupadas
com as tensões familiares.

Ocorre também o inconveniente de uma criança que aparentemente expressa um


comportamento sedutor sofrer uma série de outros problemas. Ao relatar o abuso a
criança ou adolescente pode vir a ser culpada por ter seduzido o abusador. Isso pode
gerar uma série de outros abusos, por outras pessoas terem uma falsa impressão da
criança.

Como explica Furniss:

Nem mesmo o mais sexualizado ou sedutor comportamento jamais poderia tornar a


criança responsável pela resposta adulta de abuso sexual, em que a pessoa que
comete o abuso satisfaz seu próprio desejo sexual em resposta a necessidade da
criança de cuidado emocional. (1993, p.21).
O Transtorno de Estresse Pós Traumático é a psicopatologia mais apresentada como
sintoma do abuso sexual (Cohen, 2003). Esse transtorno prevalesce em 20 % a 70%
dos casos de crianças vitimas de abuso sexual infantil.(Nurcombe, 2000). O TEPT é
um transtorno de ansiedade que ocorre após a exposição a uma situação traumatica.
A vitíma apresenta uma resposta de pavor e medo ligado a sintomas de revivencia,
evitação, excitabilidade fisiologica aumentada e prejuizo funcional, segundo o Manual
Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais. A manifestação de flashbacks é
caracterizada pela sensação da vítima estar constantemente revivendo a situação
traumatica no momento atual de sua vida.

Observa-se ainda, o entorpecimento emocional o qual pode ser caracterizado pela


dificuldade da vitima com TEPT descrever, expressar e ganhar afeto. Sintomas de
taquicardia, respiração ofegante, formigamentos, sudorese, tonturas, dores
abdominais, entre outros, acompanham as lembranças traumáticas e a evitação
cognitiva e emocional do trauma. A hipervigilância, que é caracterizada como "estar
em guarda e atento" aos estímulos externos, coloca a vítima num estado persistente
de ameaça, em que o ambiente que ela vivie sempre é considerado como um lugar
perigoso e imprevisível. Por último, resposta de sobressalto exagerada também é
comum nas pessoas com TEPT, isto é, as vítimas facilmente se assustam com
qualquer estímulo (Câmara Filho & Sourgey, 2001).

Crianças traumatizadas desenvolvem sintomas de hiperatividade, dificuldade de


atenção, ansiedade de separação, medos, queixas psicossomáticas e,
frequentemente, retrocesso no desenvolvimento (Kaminer, Seedat & Stein, 2005).
Reencenação do trauma, através de brincadeiras e jogos repetitivos, sonhos
traumáticos recorrentes ou pesadelos sem conteúdo identificável, e interesse
diminuído em atividades habituais podem ser caracterizados como sintomas de TEPT
na infância (Pynoos, 1992).

De acordo com Silva:

Os sintomas construídos durante uma experiência traumática afetam não somente os


pensamentos do indivíduo, mas a sua memória, o estado de consciência e todo o
campo de ação, de iniciativa e de objetividade na vida. Muitas vítimas criam uma área
de proteção em volta de si que as impede de continuar com a vida normal. Uma vítima
de violência física, seja ela estupro ou pancadas, evita sair de casa, tem medo de andar
sozinha, rejeita sexo ou qualquer contato físico (SILVA, 2000, p. 32).

Os sintomas clínicos do Transtorno de Estresse Pós Traumático infantil podem variar


de acordo com a etapa do desenvolvimento. Por exemplo, crianças pequenas tendem
a apresentar mais sintomas de agressividade e hiperatividade. Já adolescentes
tendem a apresentar sintomas mais próximos daqueles dos adultos.

M. Gabel (1997) observa o sentimento da criança e do adolescente que vivenciam o


abuso e a violência sexual a perda da integridade física, as novas sensações que
foram despertadas são misturadas com angústia e medo de ter engravidado ou de
ter contraído uma doença.

Insere-se a esse conjunto de fatores diversas queixas, tais como mal-estar difuso,
dores nos ossos, enurese, principalmente em crianças menores, problemas na
alimentação, perturbação de sono, prejuízo das funções intelectuais e criativas,
tentativas de suicídio, medo ou afastamento da pessoa do mesmo sexo que o
agressor. Se a pessoa a quem a criança revelou o que aconteceu não lhe der crédito e
não lhe prestar nenhum tipo de ajuda.

Observemos a fala de Gabel:

As manifestações mais notórias desaparecem; ela reencontra o interesse pelos outros e


pela brincadeira, mas a angústia toma forma de neurose com diversas fobias. (M.
Gabel, 1997, p. 68)
2.2- O perfil psicologico do abusador

Tradicionalmente, a cultura brasielira provoca nos adultos ou naqueles que


detem o poder, uma mentalidade de violações contra crianças, mulheres e
outros segmentos sociais. As estruturas sociais justificam o papel do
homem como proprietário da família e dos filhos. O espaço definido como
aquele que deveria proteger, torna-se um espaço de agressão. Exemplo dessa
cultura é que, geralmente, o agressor é uma pessoa aceita pela comunidade,
uma pessoa que ninguém desconfiaria e que faz parte de sua convivência, sem
passado criminoso. Como o abusador costuma ser alguém próximo da vítima,
acaba estabelecendo uma relação de confiança ou de medo. Como explica
Gabbel:
A vítima “teme a punição e a incapacidade do adulto de protegê-la da violência
do seu agressor” (M. Gabel, 1997, p. 55)

Muitas vezes os agressores se aproveitam da situação de vulnerabilidade da


criança, como demonstra a literatura (A. Dias, 2010; M. Vollet, 2012). Uma
pesquisa realizada por M. Lamour (1997), usando vinte agressores sexuais em
tratamento, por meio de uma entrevista com 69 perguntas, concluiu-se que
o agressor geralmente foi, também, vítima de abuso e sabe lidar com as
múltiplas fragilidades da criança e de seus familiares.

M. Lamour, 1997, explica que para prevenir o abuso sexual, é necessário


ensinar a criança desde cedo a identificar os comportamentos
manipuladores e coercivos. Não seria apenas ensinar a dizer não ou
simplesmente fugir, pois o adulto é muito mais avantajado no combate
entre criança e agressor. É importante mostrar como ela pode escapar e pedir
ajuda, além de ser capaz de reconhecer as variadas situações abusivas. Por
isso a importancia da educação sexual.

Alguns autores como I. Casoy (2004) têm demonstrado uma semelhança


entre psicopatas e abusadores sexuais. Eles têm em comum a violência
sexual e a negligência na infância, bem como inabilidade escolar e de
convivência, dentre outras formas de violência vivenciadas. I. Casoy (2004) cita
exemplos de personagens reais que chocaram o país com crimes de grande
perversidade contra crianças e adolescentes.

Aponta D. Ferrari:
O abusador apresenta, geralmente, “personalidade antissocial, paranoia,
impulsividade, não sabem lidar com frustação, sentimentos de
inferioridade ou de insuficiência, infância violenta, estresse, álcool ou
drogas” (D. Ferrari 2002, p. 92).

Isso porque a construção do sujeito é resultado de múltiplas interações, que se


desenvolvem desde seu nascimento. Há uma alternância de papéis que
correspondem ao papel de agressor e de vítima (J.B.S Camargo, 1997), numa
dinâmica que acaba por perpetuar o processo de reprodução da situação,
num primeiro momento, como vítima e, num segundo momento, como
opressor.

De acordo com os dados estatísticos, o pai é o principal agressor nos casos de


violência doméstica e incestuosa; a mãe e familiares, na maioria das vezes,
são coniventes com a situação, por medo, envolvimento afetivo ou
dependência financeira. É importante observar que a mãe pode também
ter sido vítima de violência sexual quando criança, vivendo num ciclo
familiar incestuoso, que reproduz abuso contra as filhas e netas (D. Ferrari,
2002). Diante dessas pesquisas, é possível constatar que crianças e
adolescentes vítimas de violência e/ou abuso sexual, podem estar
vivendo num ambiente de continuidade da violência da qual seus pais
foram vítimas e da qual agora são autores.

No caso do incesto, os impactos são mais complicados, porque provoca na


criança uma confusão em relação a imagem a ao papel dos pais, que deveria
ser de proteção, e ao inves disso, aparecem como ameaça. O mesmo ocorre
quando o abusador é irmão mais velho ou um adulto que desempenha um
papel educativo. Quanto mais cedo ocorre o abuso na relação incestuosa maior
será o risco de haver feridas e irreversiveis.
 É consenso que os portadores de pedofilia podem manter seus desejos em
segredo durante toda a vida sem nunca compartilhá-los ou torná-los atos reais;
podem casar-se com mulheres que já tenham filhos ou atuar em profissões que
os mantenham com fácil acesso a crianças, mas raramente causam algum mal .

Por outro lado, os molestadores de crianças, em sua maioria, apresentam


motivações variadas para os seus crimes, que raramente têm origem em
transtornos formais da preferência sexual.

Acredita-se que a passagem da fantasia para a ação no caso dos pedófilos


ocorre com maior frequência quando o indivíduo é exposto a estresse intenso,
situações nas quais haja grande pressão psíquica, como discussão conjugal
importante, demissão, aposentadoria compulsória etc. Nesse caso, quando
envolvidos com atos ilícitos, a expressão do comportamento criminoso dos
pedófilos permite diferenciá-los em dois tipos: os abusadores e os
molestadores. Os abusadores caracterizam-se principalmente por atitudes mais
sutis e discretas no abuso sexual, geralmente se utilizando de carícias, visto
que em muitas situações a vítima não se vê violentada. Já os molestadores são
mais invasivos, menos discretos e geralmente consumam o ato sexual contra a
criança.

Alguns autores classificam os pedófilos baseado na preferência de gênero


(homossexual, heterossexual e bissexual) enquanto outros preferem classifica-
los por faixa-etária.

1. Pedófilo abusador

Esse tipo de pedófilo é aquele individuo imaturo. Em algum momento ele


descobre que pode ter com crianças uma satisfação sexual que ele não
consegue alcançar de outra forma. É um tipo solitário que não tem habilidade
social e isso o leva a submergir e fantasiar ainda mais na pedofilia. Seu
comportamento é menos invasivo e discreto e raramente usa violência. E é aí
que está o perigo, porque a criança e as pessoas ao redor dificilmente vão
notar o fato. É propenso a se envolver com pornografia infantil pela internet.
2. Pedófilo molestador

Esse tipo de pedófilo é o contrário do abusador. Ele é extremamente invasivo e


usa frequentemente a violência. Esse tipo é dividido em dois grupos:

A) Molestador situacional (pseudopedófilo)

No caso desse individuo a criança não é o objeto central de sua fantasia, logo
não pode ser diagnosticado como pedófilo. Esse abuso ocorre muito mais
fragilidade da criança e pela dificuldade de ser descoberto que pelo fato pré-
púbere, daí o termo situacional.

Na maior parte das vezes esse tipo de molestador é casado e vive com a
família, mas se alguma situação de frustação acontece ele é induzido a se
sentir mais confortável com crianças.

A maioria desses agressores fazem parte das classes socioeconômicas mais


baixas e é menos inteligente. Seu comportamento sexual está a serviço das
suas necessidades básicas sexuais ou não sexuais, como raiva. São
oportunistas e impulsivos e focam nas características gerais da vítima, como
idade, sexo ou raça. Os primeiros critérios de escolha são os de disponibilidade
e oportunidade. Entre os molestadores situacionais existem 3 perfis diferentes,
o regredido, o inescrupuloso e o inadequado.

A.1) Molestador situacional regredido

Segundo Holmes, (2002),Kocsis, (2002) e Lanning (1991), indivíduos com esse


perfil, por viver constantemente em situações de estresse, regride a estágios
mais baixos de desenvolvimento e para se sentir seguro e a vontade passa a
se relacionar com pessoas tão frágeis quanto ele naquele momento. Para se
satisfazer ele procura qualquer pessoa vulnerável, não necessariamente
crianças, mas podem ser idosos, deficientes físicos ou mentais.

Diferentemente do situacional esse tipo de molestador tem uma vida estável,


financeiramente e geograficamente. Pode ser que tenha emprego, mas no seu
histórico pode apresentar problemas com bebidas alcoólicas. Tem prazer em
seduzir, o que diminui seu problema de baixa autoestima, que as vezes o
acomete e mantem várias vítimas seduzidas esperando uma ação.

Busca na internet os seus alvos, cujo o comportamento sexual é composto de


apenas sexo oral e vaginal. Usa pornografia infantil, melhorando o seu
desempenho e conquista da vítima. É normal ter fotografias e filmes caseiros
de suas vítimas.

A.2) Molestador situacional inescrupuloso

Esse molestador busca qualquer pessoa que esteja disponível para satisfazer
suas necessidades e o fato de escolher crianças faz parte desse contexto, mas
pode não ser sua prioridade. Esse individuo, furta, trapaceia, mente e não ve
motivo para não molestar crianças. Usa força, sedução ou manipulação para
conquistar a vítima. É um indivíduo charmoso, agradável com todos e se for
casado é o tipo de homem que troca de esposa toda hora. O incesto é comum
para esse tipo de molestador, não tem medo de molestar seus filhos ou
enteados e participa de grupos de pornografia infantil. Tem o costume de
escolher uma faixa etária definida para ser sua vítima.

A.3) molestador situacional inadequado

De acordo com Kocsis (2002), Lanning KV (2001) e Leclerc B (2008) há a


possibilidade desse tipo de molestador ter algum transtorno mental que o
impossibilidade de diferenciar o certo e o errado nas práticas sexuais. Na
maioria das vezes não é agressivo, ou seja, não machuca as crianças, seus
comportamentos sexuais são abraçar, acariciar, lamber ou outros atos
libidinosos que não sejam a relação sexual em si. Quando ela ocorre é oral ou
anal.

A.4) Pedófilo molestador preferencial

Para esse molestador a satisfação sexual só será alcançada se a vítima for


uma criança. Eles tendem a ser mais inteligentes que a média da população e
pertencem a classes sociais mais altas. Seu comportamento é persistente e
compulsivo, instruído por suas fantasias. Foca sua ação em vítimas especificas
e realiza fantasias sexuais que não tem coragem de executar com um parceiro
adulto. O número de vítimas desse molestador é muito alto e ataca mais
meninos do que meninas. A característica mais marcante desse tipo de
molestador é a violência extrema, chegando até o homicídio. Ele pode ser
sedutor, sádico e introvertido.

A.5) Pedófilo molestador preferencial sedutor

De acordo com Holmes e Holmes, esse tipo de molestador se apresenta como


o mais perigoso, uma vez que é difícil para a criança escapar de suas mãos.
Geralmente ele corteja, seduz e faz tudo para agradar a criança, percorre
distancias para alcança-las. De começo seu objetivo não é machucar a criança,
fica intimo dela e começa a insinuar gradualmente assuntos sexuais usando
pornografia infantil fazendo a própria criança gerar interesse e criar a
possibilidade de manter sexo com uma adulto. Normalmente é solteiro, tem
mais de 30 anos e apresenta comportamentos infantis.

O perfil desse tipo de molestador é aquele em que a criança confia e que tem
um contato inquestionável, como professores, padres, motoristas de ônibus
escolar, fotógrafos e etc.

A.5) Pedófilo molestador preferencial sádico

Holmes (2002) e Lanning (1991) afirmam que esses agressores molestam


crianças com o fim de machucá-las. Se excita diretamente com o nível de
violência, que pode ser fatal.

O crime é premeditado e bem elaborado com um plano de ataque. Geralmente


pega vítimas aleatórias que ele não conhece e não as seduz. Utiliza-se de
truques para tirá-las dos pais ou de armas para amedronta-las ou até mesmo
as levam em parquinhos, shoppings e escolas.

A maioria desses molestadores é do sexo masculino, tem comportamentos


antissociais, antecedentes criminais envolvendo atos violentos, como estupro
ou assaltos. Possuem empregos temporários e mudam de endereço ou de
cidade frequentemente. Meninos são sua principal vítima e preferem sexo anal.
Machuca a criança de forma fatal e a pratica de canibalismo pode ser corrente.
Castração de meninos e brutalização da área genital feminina fazem parte dos
atos de mutilação desse criminoso.

A.6) Pedófilo molestador preferencial introvertido

Esse indivíduo prefere crianças, mas possui tem habilidade para seduzi-las. Ele
raramente conversa com elas e escolhe vítimas muito pequenas que não
entendem o que está acontecendo. Seu campo de ação envolve parques
infantis ou locais com grande concentração de crianças, onde as observa e tem
breves encontros sexuais. Para realmente se relacionar sexualmente utiliza
pornografia infantil, internet ou até mesmo se casa com a mãe das crianças
para ter fácil, frequente e seguro acesso a elas.

Após analisar a fundo o crime sexual contra menores, se mostra complexo e


variado, com inúmeros perfis de criminosos. Traçar um perfil psicológico dos
criminosos ajuda a identifica-los e muitas vezes evitar que uma criança seja
uma nova vítima, ou salvar uma criança que esteja nas mãos desse criminoso.
Essa pratica é necessária na esfera da psiquiatria e na psicologia forense,
ajuda a ampliar o conhecimento da dinâmica do indivíduo agressor e contribui
para a determinação da sua capacidade de entendimento e autocontrole.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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