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PSICOLOGIA HOSPITALAR
GUARABIRA
2021
PRÁTICAS EDUCATIVAS EMPREGADAS POR PAIS OU RESPONSÁVEIS:
PERCEPÇÃO DE FILHOS ADOLESCENTES
Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi
por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim
realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e
assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais.
(Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).
Resumo: A família é um grupo social que exerce influência bastante significativa na vida das pessoas. Podendo-
se assim dizer que ela é a instituição responsável pelo processo de socialização primária das crianças e
adolescentes. Baseado nessa premissa o presente estudo tem como objetivo investigar a percepção que os
adolescentes têm acerca das práticas educativas de seus pais ou responsáveis. A amostra foi composta por 107
adolescentes estudantes de escolas da rede pública de ensino fundamental da cidade de João Pessoa-PB, com
idades entre 11 e 16 anos, dos sexos feminino e masculino. Para a coleta de dados utilizou-se o Inventário de
Estilos Parentais (IEP), de Gomide (2006), que avalia sete estilos parentais, sendo dois relacionados às práticas
positivas (monitoria positiva e comportamento moral) e cinco negativas (monitoria negativa). Os principais
resultados apontam para categorias regular/abaixo da média e risco, evidenciando clara prevalência de estilos
parentais negativos na amostra.
1
sheylanascimento2@gmail.com
1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
Desde os tempos mais antigos, a família corresponde a um grupo social que
exerce influência bastante significativa na vida das pessoas, sendo encarada como
um grupo de organização complexa, no qual está inserida num contexto social mais
amplo onde está em constante interação (BIASOLI-ALVES, 2004). Pode-se assim
dizer que a família é a instituição responsável pelo processo de socialização primária
das crianças e adolescentes (SCHENKER e MINAYO, 2003).
Ao longo do século XX, a atenção ao cuidado com a criança tem sido uma
constante no mundo ocidental. Porém, as formas de lidar e educar, assim como os
responsáveis por esse processo de educação (pais ou responsáveis), se
modificaram com o decorrer do tempo (CASSONI, 2013).
No início do século XX, as formas de educar os filhos eram baseadas na
religião e na forma de como as mães foram educadas. Os pais mantinham o controle
e a obediência dos filhos por meio da punição severa. Elogios e agrados eram
escassos, e não se davam explicação do porquê de suas ordens e proibições
(BIASOLI-ALVES, 2002).
Nas décadas de 50 e 60 houveram mudanças nos comportamentos
educativos dos pais. Eles achavam importante controlar o comportamento dos filhos,
porém de forma menos severa e punitiva, com a psicologia e a psicanálise
influenciando as crenças e atitudes sobre a infância, destacando o objetivo de
proporcionar às crianças uma infância feliz e despreocupada (BIASOLI-ALVES,
2002).
A entrada da mulher no mercado de trabalho, a partir da metade do século
XX, e sua participação no sistema financeiro familiar, acabaram imprimindo um novo
perfil à família (LAGO e col., 2009).
Diante das influências acerca do desenvolvimento dos adolescentes destaca-
se nesse estudo os estilos parentais, que segundo GOMIDE (2006) é definido “como
o conjunto de práticas educativas parentais ou atitudes parentais utilizadas pelos
cuidadores com o objetivo de educar, socializar e controlar o comportamento de
seus filhos” (p. 07).
Vários estudos têm sido desenvolvidos voltados para a avaliação dos estilos
parentais e práticas educativas empregadas na família, focando principalmente nos
efeitos resultantes no desenvolvimento dos filhos, como apontam autores como
CASSONI (2013) GOMIDE (2001) e WEBER e cols. (2006).
Todos recebem uma educação, que de alguma forma, determina o seu
desenvolvimento, e os elementos presentes no modelo de educação recebido
determina comportamentos ou práticas educativas na interação com seus filhos. Dito
de outra forma, estilos parentais mais autoritários ou permissivos, estão
relacionados a diferentes padrões de comportamento adequados ou inadequados
nos filhos (WEBER e cols., 2006).
O estudo dos estilos parentais trata da educação dos filhos de forma bastante
objetiva, investigando os comportamentos dos pais que repercutem num clima
emocional em que se expressam as relações de pais e filhos, tendo como base a
influência dos pais nos comportamentos emocionais e intelectuais dos filhos
(WEBER e cols., 2006).
Abuso físico: GERSHOFF (2002, citado por GOMIDE, 2006) faz uma a
distinção de punição corporal e abuso físico, sendo punição corporal o uso de uma
força física, mas não com o intuito de machucar, mas com o propósito de corrigir ou
controlar o comportamento da criança. Já o abuso físico como sendo o resultado
potencial da punição corporal, caracterizada pelo chutar, espancar, morder, ou seja,
machucar a criança.
Segundo GOMIDE (2004), pesquisas mostram que 95% dos adolescentes
infratores foram espancados na infância. Crianças que apanham com muita
freqüência, podem se tornar apáticas, medrosas e desinteressadas.
Disciplina relaxada: esta prática educativa tem como característica o não
cumprimento de regras estabelecidas. Os pais estabelecem as regras, ameaçam e
quando se deparam com comportamentos opositores por parte dos filhos, abrem
mão de seu papel educativo (GOMIDE, 2004; 2006).
Monitoria negativa: também chamada de supervisão estressante, a monitoria
negativa caracteriza-se por fiscalização e ordens excessivas dadas aos filhos, como
por exemplo, telefonar várias vezes seguidas para filho, para verificar se ele está
mesmo na casa do amigo, ir até o quarto escutar a conversa do mesmo com seus
amigos, escutar telefonemas, dizer todos os dias que não estudou e que não irá
passar de ano, entre outros (GOMIDE 2004; 2006). Em comparação com a monitoria
positiva, a monitoria negativa refere-se às tentativas de controle que inibem ou
atrapalham o desenvolvimento da autonomia e autodirecionamento da criança pelo
fato de manter uma dependência emocional dos pais (GOMIDE, 2006).
Negligência: a negligência é caracterizada pela falta de atenção, pela
ausência, pelo descaso, pela omissão, ou simplesmente pela falta de amor. A
negligência é considerada uma das principais, senão a principal causa do
desencadeamento de comportamentos anti-sociais nas crianças, e está intimamente
associado à história de vida do usuário de álcool e outras drogas, e de
comportamento infrator em adolescentes (GOMIDE, 2004).
Punição inconsistente: também denominada de humor instável, a punição
inconsistente é caracterizada quando a criança é punida ou não em função do
estado de humor dos pais e não em função de um mau comportamento. Neste caso,
os pais ensinam seus filhos a discriminarem seu humor e não a reconhecer o mau
comportamento executado (GOMIDE, 2004).
No mundo ocidental, cabe a família dimensionar as práticas educativas da
prole, planejar a compor o ambiente familiar em que a criança vai viver, e
estabelecer modos e limites nas interações entre pais, filhos e netos. É sua a tarefa
de proporcionar condições para a formação da identidade dos filhos e manter a
convivência e as trocas afetiva entre seus membros, incluindo o cuidado na
transmissão de valores entre pais e filhos (BIASOLI-ALVES, 2002).
Com o intuito de investigar a percepção que os adolescentes têm acerca das
práticas educativas empregadas pelos seus pais ou responsáveis, foi desenvolvido o
presente trabalho, tendo como instrumento principal o Inventário de Estilos Parentais
(IEP).
As práticas educativas parentais são analisadas a partir das médias obtidas
pelos genitores ou outros responsáveis no Inventário de Estilos Parentais nas
categorias de práticas positivas e negativas, conforme avaliação do adolescente.
As médias dos escores das práticas educativas utilizadas pelas mães e pais
ou responsáveis dos adolescentes conforme avaliação desses últimos, são
apresentados nas tabelas 2, 3 e 4. Vale lembrar que a pontuação máxima em cada
prática educativa é de 12 pontos, tendo uma valência positiva no caso das práticas
positivas (monitoria positiva e comportamento moral) e negativa no caso das
práticas negativas (punição inconsistente, negligência, disciplina relaxada, monitoria
negativa e abuso físico), e que a apresentação destes resultados tem apenas a
finalidade de demonstrar os escores brutos, que farão mais sentido quando
analisados a partir de sua interpretação, o que será apresentado na sequência.
Nos resultados obtidos as médias nas práticas parentais positivas – monitoria
positiva e comportamento moral favorecem as mães ou outras responsáveis (M =
18,32; DP = 4,44), como se pode observar na tabela 2, uma vez que são um pouco
superiores às médias dos pais ou responsáveis. Vale observar, contudo, que nos
dois fatores as médias encontradas caracterizam-se como regular/abaixo da média,
conforme tabelas de dados normativos apresentados por Gomide (2006, p. 58 e 59)
e tabela de interpretação (p. 57), o que aplica a todos (pais, mães ou outros
responsáveis).
No que se refere ao IEP Total, isto é, a média resultante da soma das práticas
educativas positivas empregadas pelos responsáveis (pais, mães ou outros) e
subtração das negativas, como mostra na tabela 4, as médias resultantes situam-se
na categoria de risco, apontando para uma condição que merece atenção (M: -2,42;
DP: 10,26; M: -2,67; DP: 10,12).
Práticas Positivas
No que diz respeito à punição inconsistente (tabela 7), tanto pais quanto mães
(ou outros responsáveis), tendem a apresentar práticas que são avaliadas
predominantemente pelos adolescentes como regular/abaixo da média ou mesmo
de risco, evidenciando uma situação mais crítica das mães nesse fator.
As mães obtiveram médias muito maiores que os pais na categoria de risco.
Ou seja, as mães utilizam mais práticas negativas de punição inconsistentes do que
os pais. Dito de outra maneira, as mães utilizam com bastante frequência o humor
como estratégia educativa.
Segundo FELDMAN (1977), a baixa autoestima causada por prática educativa
de punição inconsistente, deixa a criança mais vulnerável a cometer atos criminosos
por estar fragilizada.
A variação de humor durante as interações educativas têm prejuízos
relevantes para a educação das crianças e adolescentes (GOMIDE, 2004).
Poucos sabem que os efeitos causados pela negligência são tão severos
quanto os causados pelo espancamento. Crianças negligenciadas e espancadas
tornam-se adultos infratores, usuários de drogas, agressivos, enfim, geram uma
série de condutas antissociais que inviabilizam à sua adaptação na sociedade. A
negligência afeta o desenvolvimento da autoestima, que é o principal antídoto contra
os comportamentos antissociais. A criança negligenciada é insegura, frágil.
Pesquisadores encontram crianças negligenciadas comportando-se de forma
apática ou agressiva, mas nunca de forma equilibrada (GOMIDE, 2004).
Pai Mãe
Estilo parental Fr % Fr %
Risco 51 47,7 59 55,1
Regular/abaixo da 25 23,4 21 19,6
média
Ótimo 31 29,0 27 25,2
A humilhação ou agressão por parte dos pais geram nos filhos, sem eles se
darem conta, baixa autoestima. Por conseqüência, esses procuram as drogas e
grupos deliquentes, onde por meios de comportamento antissociais, infratores,
proibidos conseguem melhorar sua autoestima. Isso porque de alguma forma eles
precisam estar encorajados para seu desempenho (GOMIDE, 2004).
Considerações Finais
Referências