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25.

(DELEGADO DE POLÍCIA PCCE 2014 VUNESP) Para a resolução dos


itens a e b, considere o texto legal do art. 163 do CP, e a hipótese a seguir.
Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Pena - detenção, de um a
seis meses, ou multa. Parágrafo único - Se o crime é cometido: (...) III -
contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária
de serviços públicos ou sociedade de economia mista; (...) Pena -
detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena
correspondente à violência. Imagine que o Prefeito Municipal procure a
Delegacia de Polícia noticiando que a Prefeitura teve a vidraça de sua sede
histórica quebrada por um indivíduo, que descuidadamente chutou uma
bola durante uma partida de futebol. Em face do vultoso prejuízo, o
Prefeito pede a instauração de um inquérito policial pela prática do crime
de dano qualificado, por ter havido destruição de coisa pública. a)
Responda justificadamente: houve crime? Aplica-se a qualificadora supra
transcrita? Deve ser instaurado inquérito policial? b) Em continuidade ao
item anterior, conceitue dolo e culpa. Diferencie-os e exemplifique a partir
de um resultado naturalístico que ofenda o bem jurídico integridade física.
Resposta:
A situação narrada demonstra que o dano causado à vidraça da Prefeitura
foi provocado por um descuido de um indivíduo, ao chutar uma bola. No
caso, como se trata de uma imprudência, não há crime de dano, previsto
no art. 163 do Código Penal, porque este delito não admite a forma
culposa.
A qualificadora do dano ao patrimônio público não será aplicada, porque o
fato levado ao conhecimento da Delegacia de Polícia pelo Prefeito é
atípico, em razão da ausência de previsão do elemento subjetivo culpa
nesse delito. Como não há crime de dano, não pode incidir qualificadora
alguma.
Como o fato é atípico, o Delegado de Polícia não deve instaurar inquérito
policial. O procedimento investigatório somente pode ser instaurado para
apurar uma infração penal. Como não há infração penal para ser
investigada, o Delegado de Polícia deve indeferir o pedido realizado.
Dolo, previsto no inciso I do art. 18 do Código Penal, é a vontade livre e
consciente dirigida à produção do resultado. Possui elemento volitivo,
consistente na vontade; e elemento cognitivo, consistente na consciência
da conduta e do resultado. Pode ser direto, quando o agente deseja o
resultado; ou eventual, quando assume o risco de produzi-lo.
A culpa consiste na conduta humana de inobservância de um dever de
cuidado objetivo, por imprudência, negligência ou imperícia, que termina
causando um resultado involuntário não previsto. Encontra-se prevista no
inciso II do art. 18 do Código Penal. O agente provoca um resultado que
não quis e também não assumiu o risco de produzi-lo.
A diferença entre dolo e culpa é a previsão no dolo e a ausência de
previsão na culpa. Outra diferença é o resultado, porque, no crime doloso,
o resultado é desejado ou assumido o risco de causá-lo; no crime culposo,
o resultado é involuntário. Como exemplo de dolo que ofende a
integridade física de uma pessoa pode ser citado o crime de lesão corporal
dolosa, quando um indivíduo aplica um soco em outro. Como exemplo de
lesão corporal culposa pode ser citado o caso de uma babá desatenta que
termina derrubando dos seus braços uma criança, vindo a machucá-la.
Obs1: 30 linhas de redação (resposta entre 20 a 30 linhas).
Obs2: respostas direto ao ponto.
Obs3: pontos chaves da resposta destacados no enunciado.

26. (AGENTE DE POLÍCIA PCDF 2009 FUNIVERSA) Após o término de um


show musical realizado na Esplanada dos Ministérios, ocasião em que se
comemorava o réveillon, Maria e Joana, ambas com 14 anos de idade,
aceitaram carona oferecida por Tício e Mévio, uma vez que todos
moravam em Taguatinga, cidade-satélite de Brasília. Maria encontrava-se
completamente embriagada. Ocorre que Tício e Mévio desviaram-se do
caminho de casa rumo a um lugar ermo. Dentro do carro, parado nesse
local, Tício manteve relações sexuais com Maria, e Mévio, com Joana.
Com base nessa situação hipotética, redija um texto dissertativo que
aborde, necessariamente, os seguintes tópicos:
(a) se Tício e Mévio praticaram algum crime e, em caso afirmativo, que
crime(s) foi(ram) esse(s);
(b) distinção entre os tipos penais de estupro e de atentado violento ao
pudor;
(c) presunção de violência; e
(d) concurso de pessoas para a prática de crime.
Resposta:
Tício praticou crime de estupro de vulnerável, previsto no art. 217-A do
Código Penal, porque Maria estava completamente embriagada e,
portanto, absolutamente incapaz de oferecer resistência, conforme dispõe
o parágrafo primeiro do referido dispositivo.
Mévio não praticou crime de estupro contra Joana, porque esta tinha 14
anos de idade, quando manteve relações sexuais. Somente seria crime de
estupro de vulnerável, previsto no art. 217-A do Código Penal, se Joana
tivesse menos de 14 anos, ou apresentasse alguma enfermidade ou
deficiência mental que lhe tirasse o discernimento para a prática do ato;
ou, se por qualquer outra causa, não pudesse oferecer resistência.
Obs: itens (b) e (c) não devem ser respondidos, porque estão
desatualizados. Não há mais crime de atentado violento ao pudor. Hoje, a
conduta configura estupro. Do mesmo modo, não há mais presunção de
violência, porque as situações de vulnerabilidade da vítima passarão a
compor o próprio tipo penal.
No caso em análise, não é possível afirmar a presença de concurso de
agentes entre Tício e Mévio no cometimento do crime de estupro de
vulnerável cometido por Tício contra Maria. O concurso de dois ou mais
agentes está previsto na alínea a) do inciso IV do artigo 226 do Código
Penal e resulta num aumento de pena de um terço a dois terços. No caso,
por ausência de informação de vínculo psicológico entre os agentes, não
como concluir a existência de concurso de agentes.
Obs1: a redação foi de 17 linhas, porque 2 itens não foram respondidos
por estarem desatualizados. Na prova, o número de linhas deve ser
observado dentro das “regras do jogo”.
Obs2: respostas direto ao ponto.
Obs3: pontos chaves da resposta destacados no enunciado.

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