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‘Lucas'

Dentro dos seus olhos existe um alfabeto de números e na córnea amendoada a


complexa melancolia e a fascinação.
Desejo teus dedos, teus cílios guarda chuva e também o que não sei.
Tens um silêncio quente e costas construída com ossos eretos e refinados.
Teus sonhos são tão misteriosos, me questiono se são surrealistas ou simples, mas não
duvido da batelada de sentimentos que os fazem chorar.
A tua auréola é turquesa, agridoce, és definitivamente um anjo inexplicável.
Teu perfume é lento e seu suor outrossim agridoce, feito para ser sentido por
eternidades impossíveis — Quase um sonífero para um mundo frequentado por tigres de
pelugem feitas de Sol.
Confesso que tenho pressa em te ver, te circundar com abraço e uma língua — Mas a
pressa, ela não faz sentido se quando estou contigo o tempo se dilui em carinhos que se
desapegam de fórmulas e cores primárias.
Você tem arbítrio de deixar de ser um anjo e se tornar um Deus?
Quero entrar dentro dos seus dedos machucados sem abrir mais feridas, e sim
videiras.
Quero sentir tua península e teu erótico - estilhaça-me.
É visível tuas asas feitas de clavículas que se mantém em pé - desabasse.
Teu beijo é a sensação de devorar uma fruta cheia de água e isso me aspira saber como
é o teu olhar vendo o mar e eu-me como o mar.
O mistério não precisa ser infernal e afastar, se não for da vontade do espinhaço.
Em um desenlace tudo são substratos para orquídeas que nem descenderam ainda,
haverá não ínfima de ser livre.
Qualquer coisa maior se estabelece nessa ausência, e dentro da redoma o desejo de
dançar com você permanece.
Não tens apenas um nome e não desejo te nomear — Acalmemos e depois ficamos para
o resto que quisermos.
Aun

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