Figura 1
11FFigura 2
200
carvão
0
Xistos e areias asfálticas
Urânio e tório
Texto:
As minas da Panasqueira encerraram em Fevereiro. Os mineiros partiram e apagou-se a
luz ao fundo de um túnel que durante décadas ofereceu o melhor volfrâmio do mundo.
De herança deixaram uma terra esventrada e montes de sarrisca que deixam estéreis os
campos e que cobrem o vale como uma enorme campa.
Desde o século XIX que o Homem rasgou o ventre desta terra à procura de minérios – de
mica, de cobre, de quartzo e, sobretudo de volfrâmio – e, descendo à terra, arrancou das suas
entranhas toneladas de minério e detritos. A área agrícola viu-se repentinamente ameaçada. O
minério era aproveitado pela empresa, mas os inertes eram despejados nas encostas,
abatendo-se ao longo do vale.
A sarrisca escorregou pelas vertentes, a flora morreu sufocada, as areias tornaram
inférteis os campos. A agricultura extinguiu-se nos lamaçais. A oxidação dos minérios e o
desaguar de ácidos trazidos pelas infiltrações tornaram as águas poluídas. A serra, outrora
verde, transformou-se num ermo ácido e deserto.
Para tratamento e separação dos minérios, a empresa mineira criou, propositadamente,
tan ques artificiais para depósito de lamas. Toneladas de cal procuravam neutralizar os ácidos
e uma estação de tratamento tentava proteger as águas. Mas todos os cuidados resultaram
pouco perante o volume de atentados contra o meio ambiente. As multas infringidas à empresa
nunca reverteram a favor da região. O dinheiro ficou nos cofres em Lisboa, a poluição nas
terras cada vez mais degradadas.
A fauna piscícola desapareceu, nem um simples insecto como o alfaiate subsiste já na
sua superfície.
Na zona antiga de S. Jorge da Beira, a laboração da mina acabou há mais de 40 anos e
nas últimas décadas estas terras viviam exclusivamente da mina. Após o seu encerramento, a
agricultura podia ser a salvação de muitas famílias, mas os campos estão queimados. “Nem as
oliveiras aguentam, que são árvores bem resistentes ”, diz Horácio Canhoto, dono de umas
terras que herdou dos pais, mas que delas tira pouco proveito. “Onde passa a água fica uma
mancha, até as ervas estão castanhas. Não adianta gastar dinheiro em sementes, ter o
trabalho todo, se depois não temos água para regar e esta água das ribeiras ou do rio vem
carregada de ácidos que queimam tudo.”
1. “Desde o século XIX que o Homem rasgou o ventre desta terra à procura de minérios –
de mica, de cobre, de quartzo e, sobretudo de volfrâmio.”
1.1 Comente a frase sabendo que o volfrâmio é utilizado no fabrico de filamentos de
lâmpadas eléctricas.
Figura 5