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INTOLERÂNCIA À INCERTEZA x ANSIEDADE

A intolerância à incerteza faz parte de um conjunto importante de crenças sobre a ansiedade. Ela se refere a
uma tendência de reagir negativamente a situações ou eventos imprevisíveis ou incontroláveis. A maioria
das pessoas com ansiedade intensa prefere a rotina e o familiar e não gosta de surpresas ou situações que
não possam ter o controle. O problema é que geralmente as coisas que as incomodam são incertas porque
estão no futuro. Um exemplo comum é a ansiedade a respeito da saúde.

Não podemos ter certeza de que não vamos ficar doentes, mas um medo exagerado pode tornar as pessoas
intolerantes a essa incerteza; elas querem saber, ter certeza, de que não vão ter câncer, sofrer um infarto e
assim por diante.

Ken, por exemplo, tinha um medo persistente e excessivo de câncer. Apesar de ter feito muitos exames e
terem lhe dito que sua saúde estava excelente, ele continuava consultando sites na internet toda vez que
experimentava algum sintoma físico sem explicação, e lia tudo que havia disponível sobre detecção precoce
de câncer. Ken queria saber ao certo se ele poderia ter câncer. Sua ansiedade era dirigida por sua
intolerância à incerteza e sua crença de que era importante reduzir a incerteza ao mínimo absoluto.

A dificuldade para aceitar a incerteza é uma característica-chave do medo, a ansiedade e a preocupação; ou


seja, as pessoas se preocupam para se reassegurarem sobre o futuro. Elas estão tentando reduzir a incerteza
sobre o futuro refletindo sobre o que é mais provável de acontecer. Brodie, por exemplo, estava preocupado
com seu exame final de química orgânica. Ele ficava pensando sobre as perspectivas de fracasso, se
provavelmente seria reprovado, em um esforço para se convencer do provável desfecho. Judy estava
preocupada com a venda da casa e não parava de pensar se algum dia encontraria um comprador. Samantha
se preocupava com a possibilidade de seu marido estar tendo um caso amoroso e passava muitas horas
tentando se convencer de que ele era fiel e não a deixaria. Em cada um desses casos, o processo de
preocupação é dirigido por um desejo de "prever o futuro", para reduzir a incerteza.

A maioria das pessoas que se preocupam vão lhe dizer que preferem saber que algo ruim vai acontecer do
que ficar "sem saber". O problema com a "necessidade de saber" é que o futuro jamais pode ser conhecido
com absoluta certeza. A preocupação é uma tentativa de nos reassegurarmos em relação ao futuro – uma
tentativa de reduzir as incertezas da vida, eliminar os "e se" em nossa vida. Mas a pesquisa psicológica
constatou que esta busca de alívio da incerteza tem o efeito contrário; ela nos deixa mais ansiosos e
preocupados com o futuro. Aprender a aceitar o risco e a incerteza vai reduzir a preocupação e ansiedade.

Brodie lembrava a si mesmo que não existe certeza quanto à nota em uma prova. Não há como saber quais
serão as questões da prova, e portanto ele é obrigado a aceitar a incerteza. Ser estudante significa viver com
a incerteza de provas e seu resultado. Concentrar-se na incerteza das provas em vez de tentar evitá-la por
meio da busca de reasseguramento foi um passo importante na redução da preocupação de Brodie.

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