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João Lobato – 157

- Volumes de sangue nas diferentes partes da

Fisiologia circulação:

Vascular e
Circulatória

Visão geral da circulação; biofísica da


pressão; Fluxo e resistência - Áreas de secção transversal e velocidades do
fluxo sanguíneo: velocidade (V) do fluxo sanguíneo
 Características físicas da circulação (F) é inversamente proporcional à área de secção
transversal do vaso (A)
- Função da circulação é suprir as necessidades do
corpo (nutrientes, metabólitos, hormônios etc.)
- Circulação dividida em sistêmica (ou grande
circulação) e pulmonar (ou pequena circulação)
- Partes funcionais da circulação: as artérias
transportam sangue sob alta pressão para o - Pressões nas diversas partes da circulação:
coração; as arteríolas agem como condutos de pressão média na aorta é de 100mmHg. A pressão
controle pelas quais o sangue é liberado aos arterial varia de 120mmHg (pressão arterial
capilares; os capilares trocam líquidos, nutrientes, sistólica) a 80mmHg em condições normais
eletrólitos, hormônios entre o sangue e o líquido (pressão arterial diastólica). A pressão arterial
intersticial; as vênulas coletam o sangue dos sistólica é a equivalente à pressão aplicada pela
capilares; veias transportam o sangue a baixa força do sangue ejetado pelo ventrículo esquerdo
pressão das vênulas ao coração, atuando como entrando na aorta. Já a pressão arterial diastólica
importante reservatório extra de sangue relaciona-se com a resistência presente nas
paredes do próprio vaso, sendo mantida ao longo
da circulação pela ação de resistência vascular. A
pressão arterial média está mais próxima da
pressão diastólica do que da pressão sistólica, uma
vez que o sangue permanece mais tempo sobre a
influência pressórica das paredes vasculares. À

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medida que o sangue flui pela circulação sistêmica, microvasos presentes em cada tecido modulam
a pressão sanguínea vai se reduzindo essa necessidade agindo sobre os vasos locais,
gradativamente, resultando em uma valor médio contraindo-os ou dilatando-os
de 17mmHg nos vasos; pressão sistólica e
- O débito cardíaco é a soma de todos os fluxos
diastólica nos pulmões é bem menor, mas o fluxo
locais dos tecidos: quantidade de sangue que o
sanguíneo é o mesmo que da circulação sistêmica
coração bombeia para a aorta a cada minuto (5L)
- A regulação da pressão arterial é geralmente
independente do fluxo sanguíneo local ou do
débito cardíaco: reflexos nervosos alteram a força
de bombeamento cardíaco, causam constrição ou
dilatação dos reservatórios venosos ou alteram de
maneira generalizada o calibre das arteríolas

 Interrelações da pressão, fluxo e


resistência
- O fluxo sanguíneo (F) é determinado por
diferença de pressão (ou gradiente de pressão –
ΔP) sanguínea entre duas extremidades do vaso e
pela resistência do vaso sanguíneo (ou resistência
vascular – R)

- Fluxo sanguíneo: quantidade de sangue que


passa por determinado ponto da circulação
durante certo intervalo de tempo
- Fluxo laminar do sangue nos vasos: formação de
linhas de corrente em vasos estáveis (camadas de
sangue equidistantes da parede do vaso); o fluxo
que ocorre no centro do vaso é chamado de fluxo
laminar; o fluxo que ocorre nas extremidades é
denominado fluxo turbulento
- Perfil parabólico de velocidade durante o fluxo
laminar: velocidade do fluxo laminar é muito maior
que a do fluxo turbulento; porção central de
sangue no vaso se move por maiores distâncias

 Princípios básicos da função circulatória


- O fluxo sanguíneo na maioria dos tecidos é
controlado segundo a necessidade dos tecidos:
tecidos ativos necessitam de mais sangue do que
tecidos em repouso; não é possível aumentar o
fluxo sanguíneo em todas as partes do corpo para
atender as necessidades de um tecido. Assim, os
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- Fluxo sanguíneo turbulento sobre certas
condições: intensidade elevada de fluxo sanguíneo
ou obstrução do vaso pode ocasionar turbulência;
a tendência ao fluxo turbulento (ou número de
Reynolds – Re) depende da velocidade do fluxo (F),
do diâmetro do vaso (D), da densidade do sangue
(ρ) e da viscosidade do sangue (η)
- Importância da “Lei da quarta potência” do
diâmetro do vaso na determinação da resistência
arteriolar: permite que as arteríolas, por meio de
alterações em seu diâmetro, possam quase
interromper o fluxo sanguíneo ou aumentá-lo de
maneira acentuada

- Pressão sanguínea – Medidas padronizadas de


pressão: força exercida pelo sangue contra
qualquer unidade de área da parede vascular;
costuma ser medida em mmHg ou em cmH20
(1mmHg = 1,36cmH20)
- Unidades de resistência ao fluxo sanguíneo:
unidade padrão definida pelo fluxo e pela diferença
de pressão, gerando a unidade de resistência
periférica (URP)
- Resistência vascular periférica total e resistência
vascular pulmonar total: a intensidade do fluxo
sanguíneo na circulação periférica é igual à da
circulação pulmonar, o que faz com que a - Resistência ao fluxo sanguíneo em circuitos
resistência vascular pulmonar total seja menor que vasculares em série (A): as arteríolas, os capilares,
a periférica; a resistência vascular periférica total é as vênulas e as veias estão conectadas em série –
de 1 URP, enquanto que a pulmonar é de 0,14 URP fluxo é o mesmo e a resistência total equivale à
soma da resistência em cada vaso
- A “condutância” do sangue no vaso é o recíproco
da resistência: medida do fluxo sanguíneo por um
vaso sobre dada diferença de pressão; a
condutância de um vaso varia seguindo a “lei da
quarta potência” do diâmetro do vaso

- Resistência ao fluxo sanguíneo em circuitos


vasculares em paralelo (B): circulações do cérebro,
do rim, do trato gastrointestinal, da pele e das
coronárias estão dispostos em paralelo; a
disposição em paralelo permite com que cada
tecido regule seu próprio fluxo e reduz a
resistência total com a adição de novos vasos em
paralelo, aumentando a condutância total (novos
“caminhos” por onde o sangue pode fluir); de
mesmo modo, a remoção de um circuito de vasos
- Lei de Poiseuille: define que o fluxo sanguíneo (como a retirada de um rim ou a amputação de um
tende a ser proporcional ao gradiente de pressão membro) aumenta a resistência periférica total e
(ΔP), à quarta potência do raio do vaso (r) e reduz a condutância vascular
inversamente proporcional ao comprimento do
vaso (l) e à viscosidade do sangue (η)

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Distensão vascular e Funções dos
sistemas arterial e venoso
 Distensibilidade vascular
- Distensibilidade se relaciona à natureza elástica
dos vasos sanguíneos
- Veias são os vasos mais distensíveis; armazenam
mais sangue (atuam como reservatório)
- Unidades de distensibilidade vascular: fração de
aumento do volume para cada mmHg de pressão
elevado

- Efeito do hematócrito e da viscosidade do sangue


sobre a resistência vascular e o fluxo sanguíneo:
hematócrito é a porção do sangue que são
hemácias; o grande número de hemácias é
responsável pela viscosidade do sangue; em casos
de policitemia (aumento no número de hemácias)
o fluxo sanguíneo pode ficar muito prejudicado - As veias são muito mais distensíveis que as
artérias: um aumento de pressão provoca um
- Efeitos da pressão sobre a resistência vascular e aumento muito maior de volume sanguíneo em
o fluxo sanguíneo total: o aumento da pressão uma veia
arterial interfere pouco no aumento do fluxo
sanguíneo tecidual, pois ao mesmo tempo que - Complacência vascular ou capacitância vascular:
aumenta a força do sangue sobre os vasos também quantidade total de sangue que pode ser
ativa mecanismos compensatórios de resistência armazenado em um vaso a cada mmHg
vascular, conhecidos como autorregulação aumentado; é a distensibilidade multiplicada pelo
volume
- Relação pressão-fluxo em leitos vasculares
passivos: em tecidos sem mecanismo de
autorregulação, a pressão apresenta peso
significativo sobre a alteração no fluxo, uma vez
que além de aumentar a força do sangue sobre o
vaso também o distende, diminuindo a resistência
vascular; do mesmo modo, uma queda na pressão
causa o aumento na resistência (paredes do vaso - Curvas de volume-pressão nas circulações arterial
colapsam) e consequente redução no fluxo e venosa: a diferença importante é que no sistema
sanguíneo; há um limite para a queda da pressão venoso há a necessidade de uma variação de
para evitar o completo colapso da parede do vaso, volume muito maior para que a pressão sanguínea
denominada pressão crítica de fechamento; a seja minimamente alterada
atividade simpática exerce papel importante
- Efeito da estimulação ou da inibição simpática
nessas condições
sobre as relações de volume-pressão dos sistemas
arterial e venoso: basicamente, a inibição simpática
diminui a pressão nos dois sistemas, enquanto a
estimulação simpática aumenta a pressão em
ambos; o estímulo simpático é muito eficiente para
se deslocar sangue de um segmento para outro e
para normalizar a função circulatória em casos de
hemorragia

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(arteriosclerose) de uma artéria, maior será a
pressão de pulso gerada
- Pressão de pulso é determinada pela razão entre
o débito sistólico e a complacência da árvore
arterial

- Complacência tardia (estresse-relaxamento) dos


vasos: redução gradativa da pressão, dentro de
minutos ou horas, após aumento no volume de
sangue por meio do estiramento das fibras
musculares lisas do vaso (aumento no
comprimento), reduzindo a tensão
proporcionalmente; permite que a circulação
acomode sangue adicional ou se ajuste à
diminuição no volume sanguíneo - Traçados anormais de pressão de pulso:
estenose valvar aórtica (abertura da valva aórtica
é reduzido, resultando na diminuição da pressão
de pulso da aorta); persistência do canal arterial
(ramo comunicante entre a aorta e o ramo
esquerdo da artéria pulmonar – sangue
bombeado flui imediatamente para a artéria
pulmonar, resultando na queda da pressão
diastólica para valores muito baixos); insuficiência
aórtica (valva aórtica ausente ou não se fecha
corretamente – sangue retorna para o ventrículo
esquerdo, fazendo com que a pressão aórtica
entre os batimentos caia até atingir zero. Também
não apresenta a incisura no traçado do pulso
aórtico)
 Pulsações da pressão arterial
- Na maioria dos tecidos, o sangue flui quase que
de maneira contínua, com pequenas pulsações
- A pressão no pico de cada pulso chama-se
pressão sistólica, valendo cerca de 120mmHg; já a
pressão no ponto mais baixo de cada pulso chama-
se pressão diastólica, com valor de cerca 80mmHg
- A diferença entre as pressões sistólica e diastólica
são denominadas pressão de pulso
- 2 fatores principais afetam a pressão de pulso: o
débito sistólico cardíaco e a complacência
(distensibilidade total) da árvore arterial
- Transmissão dos pulsos de pressão para as
- Quanto maior o débito sistólico, maior é o volume artérias periféricas: a aorta não se distende por
de sangue que chega na árvore arterial, inteiro durante a sístole – somente a porção
aumentando o valor da pressão sistólica e proximal (inicial) da artéria é distendida. O pulso,
diminuindo o valor da pressão diastólica; a assim, é transmitido ao longo do vaso, tal qual
complacência atua na regulação da pressão de uma onda em uma corda; quanto menor a
pulso – quanto menor a complacência complacência da artéria, menor a velocidade de
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transmissão do pulso; o pulso de pressão não se (como se fossem pancadas na artéria). A pressão
relaciona com o movimento do sangue situado marcada ao iniciarem-se os sons equivale à
distalmente pressão sistólica; reduzindo-se mais a pressão do
manguito, tem-se o aparecimento de sons mais
abafados próximo ao valor da pressão diastólica.
Quando tais sons desaparecem por completo,
tem-se a pressão que equivale à pressão
diastólica; a persistência dos sons de Korotkoff
após o esvaziamento do manguito pode indicar
insuficiências da aorta

- Os pulsos de pressão são amortecidos nas


pequenas artérias, nas arteríolas e nos capilares:
diminuição progressiva dos pulsos nos vasos
periféricos pelo aumento na resistência dos vasos
(move-se menos sangue) e pelo aumento na
complacência (maior quantidade de sangue
necessária para aumentar a pressão)

- Pressões arteriais normais medidas pelo método


auscultatório: o aumento da idade causa um
aumento gradativo da pressão sistólica; em pessoas
com mais de 60 anos, isso se dá em função da
- Métodos clínicos para as medidas das pressões perda de distensibilidade das artérias
sistólicas e diastólica – Método auscultatório: (arteriosclerose)
análise dos sons de Korotkoff, resultantes da - Pressão arterial média: a média das pressões
ejeção do sangue no vaso (artéria braquial) arteriais permanece próxima da pressão diastólica,
parcialmente ocluído; prim 6/eiro, aumenta-se a pois maior parte do ciclo cardíaco é ocupado pela
pressão no manguito acima da pressão arterial diástole
sistólica, o que resultará na oclusão da artéria e,
portanto, em nenhum som; em seguida, reduz-se
a pressão no manguito até aparecerem sons secos

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- Efeito da elevada pressão atrial direita sobre a
pressão venosa periférica: aumentos elevados na
pressão atrial direita causam aumentos
consideráveis na pressão venosa periférica; em
repouso, esses efeitos podem ser imperceptíveis
- Efeito da pressão intra-abdominal sobre as
pressões venosas dos membros inferiores: se a
pressão abdominal aumenta (casos de obesidade,
gravidez, ascite – excesso de líquido, grandes
tumores), as veias dos membros inferiores devem
aumentar sua pressão para que o fluxo continue
 Veias e suas funções normalizado
- Pressões venosas – pressão atrial direita (ou - Efeito da pressão gravitacional sobre a pressão
pressão venosa central) e pressões venosas venosa: peso do sangue nos vasos afeta a pressão
periféricas: pressão no átrio direito corresponde à venosa
pressão venosa central e é determinada pelo
balanço entre a capacidade do coração de
bombear o sangue do átrio e ventrículo direito
para os pulmões e a tendência do sangue de fluir
das veias periféricas para o átrio direito; a força de
contração atrial direita e a pressão venosa central
se relacionam inversamente (o átrio contraindo
forte diminui a pressão venosa e a contração fraca
aumenta a pressão venosa); o aumento do retorno
venoso aumenta a pressão venosa, já a diminuição
do retorno a diminui; aumento do volume
sanguíneo, do tônus de grandes vasos e dilatação
das arteríolas são fatores que aumentam o retorno
venoso; pressão atrial direita normal é de 0mmHg,
podendo ficar negativo em casos de hemorragias
graves
- Resistência venosa e pressão venosa periférica:
geralmente a resistência ao fluxo sanguíneo é
ínfima quando grandes veias estão distendidas;
oferece-se resistência ao fluxo em locais do
organismos onde há pressões externas constantes,
que resultam em colapso dessas veias

- Efeito do fator gravitacional sobre as pressões


arteriais e demais pressões: pressão arterial, em
geral, é medida tendo-se em conta a pressão ao
nível do coração
- Válvulas venosas e a “bomba venosa” – seus
efeitos sobre a pressão venosa: os músculos ao
contraírem-se bombeiam sangue para adiante nas
veias em direção ao coração, o que é conhecido
como “bomba venosa” ou “bomba muscular”; em
posição estática, uma pessoa em pé pode diminuir
consideravelmente o fluxo sanguíneo venoso,
resultando em saída de líquido para os espaços
teciduais. Em um tempo de 15 a 30min em pé e
parada, uma pessoa pode desmaiar. Assim,
recomenda-se flexões periódicas dos músculos

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- A incompetência das válvulas venosas provoca
veias “varicosas”: resultado de altas pressões
venosas seguidas de semanas ou meses – o tecido
das válvulas não acompanha a distensão contínua,
não se fechando completamente e resultando em
inchaço dos vasos, que podem ocasionar edemas
e complicações musculares; o melhor tratamento
é manter as pernas em nível próximo ao do
coração ou o uso de meias compressoras
- Função de reservatório de sangue das veias:
constrição venosa é ativada em casos de perda de
sangue, para compensar o baixo fluxo circulatório
- Reservatórios sanguíneos específicos: baço,
fígado, grandes veias abdominais, plexo venoso
sob a pele, coração e os pulmões abrigam grandes
quantidades de sangue ou sua complacência pode
permitir um maior armazenamento
- Baço como um reservatório para os eritrócitos:
polpa vermelha do baço contém grande
quantidade de eritrócitos

A microcirculação - Estrutura da parede capilar: revestida por camada


- Transporte de nutrientes e remoção de produtos unicelular de células endoteliais
da excreção celular - “Poros” na membrana capilar: presença de uma
- Membrana capilar única e altamente permeável fenda intercelular, pela qual o líquido flui
livremente entre o exterior e o interior capilar;
 Estrutura da microcirculação e do também há a presença de cavéolas, responsáveis
sistema capilar pela endocitose e transcitose de moléculas

- As artérias se ramificam ao longo do corpo em


arteríolas, que se ramificam até formarem as
metarteríolas, ou arteríolas terminais, as quais
precedem os capilares; cada região corporal possui
uma arquitetura capilar própria de acordo com
suas demandas
- Entre o capilar e a metarteríola existe um esfíncter
pré-capilar, que abre ou fecha de acordo com a
necessidade tecidual; após os capilares encontram-
se as vênulas

- Existem tipos especiais de “poros” nos capilares


de certos órgãos: no cérebro, as tight junctions só
permitem a passagem de moléculas muito
pequenas; no fígado, as fendas são muito abertas,
permitindo a passagem de vários tipos de

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moléculas, inclusive proteínas do plasma; os - Efeito do tamanho molecular sobre a passagem
capilares gastrointestinais apresentam fendas de através dos poros: permeabilidade das substâncias
tamanho intermediário; nos glomérulos renais há a depende de seus diâmetros moleculares; o
presença de fenestrações, aberturas ovais que tamanho dos poros varia em cada sistema capilar
permitem a passagem de substâncias muito do corpo, correspondendo à função ou
pequenas necessidade da região

 Fluxo de sangue nos capilares – - Efeito da diferença de concentração sobre a


intensidade efetiva da difusão através da
vasomotilidade membrana capilar: quanto maior a diferença de
- Vasomotilidade consiste no fenômeno de concentração da substância entre os dois lados da
contração intermitente das metarteríolas e dos membrana, maior será a intensidade do fluxo
enfíncteres pré-capilares, o que faz com que o
sangue nos capilares não flua de maneira contínua  Interstício e o líquido intersticial
- Regulação da vasomotilidade: concentração de - Interstício é o espaço entre as células; nele está
oxigênio nos tecidos define os períodos contido o líquido intersticial
intermitentes de fluxo capilar - O interstício é formado principalmente por feixes
- Função média do sistema capilar: fluxo capilar é de fibras colágena e filamentos de proteoglicanos,
determinado por uma média de todos os fluxos que conferem resistência e elasticidade aos tecidos
intermitentes de cada capilar no corpo

 Trocas de água, nutrientes e outras


substâncias entre o sangue e o líquido
intersticial
- Difusão através da membrana capilar:
movimentação contínua de moléculas dissolvidas e
de água entre o plasma e o líquido intersticial

- “Gel” no interstício: líquido intersticial contém


basicamente a mesma composição que o plasma,
com exceção de proteínas plasmáticas; o líquido
fica retido entre os filamentos de proteoglicanos,
ganhando uma aparência de gel, o gel tecidual; o
líquido que flui por esse gel se difunde por ele até
as células ou até o capilar
- Líquido “livre” no interstício: existem pequenas
correntes ou vesículas de líquido livre, que se
movem livremente; o edema acontece quando há
aumento do líquido presente nessas porções
- Substâncias lipossolúveis podem se difundir
diretamente através das membranas celulares do  A filtração do líquido pelos capilares é
endotélio capilar: oxigênio e dióxido de carbono; determinada pelas pressões osmóticas
essas substâncias se difundem de maneira mais
rápida que substâncias hidrossolúveis hidrostáticas e coloidais e pelo coeficiente
- Substâncias hidrossolúveis, não lipossolúveis,
de filtração capilar
difundem-se através de “poros” intercelulares na - A pressão hidrostática força o líquido contido nos
membrana capilar: água, íons (sódio e cloreto) e capilares para o interstício; já a pressão osmótica
glicose exercida pelas proteínas do plasma faz com que
líquido flua do interstício para o sangue

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- Forças osmóticas hidrostáticas e coloidais - Efeito de falha de balanceamento anormal das
determinam o movimento de líquido através da forças na membrana capilar: em casos que a força
membrana capilar: 4 forças principais (forças de hidrostática capilar se encontra muito elevada, há
Starling) – pressão capilar (Pc, que força o líquido o surgimento de edema; já caso a pressão
para fora do capilar), pressão do líquido intersticial hidrostática capilar falhe, há um aumento intenso
(Pli, que força o líquido dentro do capilar), pressão do volume sanguíneo
coloidosmótica plasmática capilar (Pp, que
promove osmose de líquido para dentro do capilar)  Sistema linfático
e pressão coloidosmótica do líquido intersticial - Constitui a via acessória com que o líquido pode
(Ppli, que tende a provocar osmose do líquido para fluir entre o espaço intersticial e o sangue,
fora do capilar); assim, a pressão efetiva de transportando proteínas e grandes partículas
filtração (PEF) é dada por:
- Canais linfáticos do corpo: quase todo tecido do
corpo possui canais linfáticos para drenar o
excesso de líquido nos espaços intersticiais. Todos
os vasos da porção inferior do corpo e esquerda
da cabeça e região torácica drenam para o ducto
- Com PEF positiva, ocorre saída de líquido do torácico. As porções do lado direito da cabeça e
capilar para o interstício. Se negativa, ocorre o tórax drenam para o ducto linfático direito
inverso
- O coeficiente de filtração capilar (Kf) mede a
tendência de passagem de líquido pelos poros
capilares; varia em cada parte do corpo de acordo
com a necessidade e função

- As proteínas plasmáticas causam a pressão - Capilares linfáticos terminais e sua


coloidosmótica: proteínas em sua maioria são permeabilidade: uma parte do líquido que sai da
impermeáveis aos poros capilares porção arterial dos capilares e não vai para a
porção venosa é filtrada pelos capilares linfáticos.
- Pressão coloidosmótica no líquido intersticial: há Esse líquido é importante pois contém substâncias
mais proteínas no líquido intersticial do que no de alto peso molecular e proteínas que retornarão
plasma. No entanto, como há mais líquido ao sangue pelos capilares linfáticos. Os vasos
intersticial no corpo do que plasma, suas linfáticos se ligam ao tecido conjuntivo por
proteínas encontram-se numa concentração filamentos de ancoragem, os quais formam
menor que as do plasma válvulas na parede dos capilares que permitem ao
- Troca de fluidos através da membrana capilar: o líquido fluir sem refluxo para dentro e fora do
líquido flui da extremidade arterial do capilar até capilar linfático
os tecidos; já na extremidade venosa, as baixas
pressões permitem que o líquido flua do espaço
intersticial ao capilar novamente
- Equilíbrio de Starling: em condições gerais, a
quantidade de líquido que sai dos capilares é a
mesma que retorna à circulação

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- Bombeamento causado pela compressão


intermitente externa dos linfáticos: qualquer
contração externa aos vasos linfáticos pode ajudar
- Formação da linfa: a linfa tem diferentes a bombear a linfa, como contração muscular
composições proteicas de acordo com a região do esquelética, movimento corporal, pulsações de
corpo que a produz. No geral, os capilares artérias adjacentes e compressão dos tecidos por
linfáticos carregam uma linfa concentrada com 3 a objetos externos ao corpo. O fluxo linfático é
5g de proteína a cada dL de linfa. Também carrega muito mais ativo durante o exercício
os lipídeos que foram absorvidos pelo trato - Bomba capilar linfática: quando entra líquido nos
intestinal, contendo de 1 a 2% de lipídeos. capilares linfáticos, as próprias células endoteliais
Bactérias, que serão destruídas e eliminadas nos podem impulsionar a linfa fechando suas junções,
linfonodos, também podem ser encontradas por meio da ação contrátil dos filamentos de
- Intensidade do fluxo linfático: 2 a 3L de linfa ao ancoragem. Também, as células endoteliais
dia possuem filamentos de actina e miosina contráteis
que ajudam a impulsionar a linfa para o capilar
- Efeito da pressão do líquido intersticial sobre o linfático terminal
fluxo linfático: qualquer fator que aumente a
pressão do líquido intersticial também aumenta o - Resumo dos fatores que determinam o fluxo
fluxo linfático. Esses fatores incluem pressão linfático: basicamente, o fluxo linfático é um
hidrostática capilar elevada, pressão produto entre pressão do líquido intersticial e
coloidosmótica do plasma diminuída, pressão atividade da bomba linfática
coloidosmótica intersticial aumentada e - O sistema linfático desempenha um papel chave
permeabilidade capilar aumentada. Acima de um no controle da concentração de proteína, do
determinado nível de pressão atmosférica, a volume e da pressão do líquido intersticial: os
compressão dos vasos linfáticos compensa o capilares atuam, de modo geral, como um
aumento do fluxo, formando um platô “mecanismo de transbordamento” do excesso de
líquido e proteínas presente no líquido intersticial.
Como constantemente vazam do plasma para os
espaço intersticial proteínas, líquido flui
osmoticamente do plasma para o interstício,
aumentando a pressão do líquido intersticial. O
aumento dessa pressão faz com que a bomba
capilar filtre ainda mais líquido desse espaço,
contrabalanceando o “vazamento” de proteínas e
líquido do plasma
- Significância da pressão negativa do líquido
intersticial como forma de manter os tecidos
unidos: pressão negativa forma um vácuo parcial,
que é alterado quando há o surgimento da
condição denominada edema
- A bomba linfática aumenta o fluxo de linfa:  Edema – excesso de líquidos nos tecidos
quando líquido chega aos capilares linfáticos, as
válvulas e o músculo liso na parede do vaso se - Pode ocorrer tanto no compartimento
contraem, de modo a direcionar o líquido para o intracelular quanto extracelular
segmento linfático seguinte, como uma bomba

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- Edema intracelular: condições como Síndrome nefrótica (lesão na membrana dos
hiponatremia (pouco sódio no meio extracelular), glomérulos renais) pode causar perda de
depressão dos sistemas metabólicos dos tecidos proteínas do plasma. Cirrose hepática (fibrose
e falta de nutrição adequada para as células pode acentuada entre as células parenquimatosas do
ocasionar edema intracelular. Quando as células fígado) também faz com que haja produção muito
não conseguem manter seu balanço ativo de íons reduzida de proteínas plasmáticas e aumentando
para dentro e fora de seu citoplasma, o a pressão no sistema porta hepático, causando
desequilíbrio de íons pode resultar em entrada de edema generalizado na cavidade peritoneal,
água por osmose na célula. Também, processo denominada ascite
inflamatório nos tecidos pode aumentar a
- Fatores de segurança que normalmente
permeabilidade da membrana celular a íons e
previnem edema: a baixa complacência do espaço
substâncias
intersticial, a capacidade do sistema linfático de
- Edema extracelular: duas causas mais comuns – atuar de 10 a 50 vezes o normal e a diluição das
vazamento de líquido do plasma capilar para o proteínas intersticiais com o aumento do fluxo de
interstício e falha nos capilares linfáticos de retirar líquido do plasma para o interstício garantem que
o excesso de proteínas e líquido, denominado só ocorram edema importante em anormalidades
linfedema muito graves
- Fatores que podem aumentar a filtração capilar: - Fator de segurança ocasionado pela baixa
pode-se aumentar o coeficiente de filtração complacência do interstício no intervalo de
capilar, elevar-se a pressão hidrostática capilar e pressões negativas: a complacência baixa significa
reduzir-se a pressão coloidosmótica do plasma que para um aumento mínimo de volume no
espaço intersticial, há aumento significativo da
- Linfedema – falência de vasos linfáticos em
pressão hidrostática intersticial, se opondo à
retornar líquido e proteína para o sangue:
filtração capilar de líquido para os tecidos. Em
bloqueio ou perda dos vasos linfáticos podem ser
valores negativos, essa complacência permanece
a causa. Infecções dos linfonodos por filaria
bem baixa. Quando atinge valores positivos, a
nematodes ou Wuchereria bancrofti, vermes
complacência aumenta expressivamente, e grande
microscópicos que vivem no sistema linfático
volume de líquido adentra o espaço intersticial
humano, podem obstruir os vasos linfáticos e
causar elefantíase (inchaço de membros) e - A importância do gel intersticial em prevenir
hidrocele (inchaço testicular em homens). A acúmulo de líquido no interstício: o gel impede
remoção ou destruição de vasos linfáticos pode que haja fluxo de líquido livre no interstício.
ocorrer em câncer ou em certas cirurgias de Quando há acúmulo de líquido livre, tem-se um
remoção edema depressível (após pressionar o edema, o
líquido volta para o local pressionado). Já quando
- Edema ocasionado por insuficiência cardíaca:
o líquido se acumula e não está livre para
bombeamento ineficiente do coração aumenta a
movimentar-se, tem-se um edema não depressível
pressão venosa e a pressão capilar, causando
aumento da filtração. Além disso, a diminuição da - Importância dos filamentos proteoglicanos como
pressão arterial reduz a filtração glomerular e “espaçador” das células e na prevenção de fluxo
causa acúmulo de água e sal, levando a ainda mais rápido de líquido nos tecidos: fazem com que não
edema. Além disso, a redução do fluxo sanguíneo haja espaço suficiente entre as células para que
renal estimula a síntese de renina, que favorece a íons e líquido fluam com muita facilidade, sem
formação de angiotensina II e secreção de comprometer a difusão de outros nutrientes. Nos
aldosterona, o que aumenta a retenção de água e casos de edema, o líquido flui muito mais rápido
sal entre os compartimentos, o que explica a terapia
de se tratar um edema nos membros inferiores
- Edema causado pela redução na excreção renal
elevando os membros para que o líquido flua para
de sal e água: redução na excreção renal de sal
os membros superiores
faz com que mais cloreto de sódio se acumule nos
espaços intersticiais, aumentando o volume - Aumento do fluxo linfático como um fator de
destes por osmose e causando edema. Além segurança contra edema: aumento do fluxo
disso, redução na excreção de água causa linfático retira o excesso de proteínas e líquido do
aumento no volume sanguíneo, o que pode interstício
resultar em hipertensão grave
- ‘’Lavagem’’ das proteínas do líquido intersticial
- Edema causado pela redução das proteínas como fator de segurança contra edema: quando a
plasmáticas: há redução da pressão concentração de proteínas no interstício aumenta,
coloidosmótica em função da perda de proteínas. rapidamente o líquido flui por osmose do plasma
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para o interstício. Esse fluxo muitas vezes dilui as - O aumento do metabolismo tecidual eleva o fluxo
proteínas presentes no plasma e aumenta o fluxo sanguíneo nos tecidos:
linfático, lavando essas proteínas do espaço
intersticial

 Líquidos nos espaços em potencial do corpo


- Os espaços em potencial são as cavidades
pleural, pericárdica, peritoneal e cavidades
sinoviais
- O líquido é trocado entre os capilares e os
espaços em potencial: como a membrana desses
espaços não oferece resistência à passagem de
proteínas, íons e líquido, há constante fluxo entre
os capilares e os espaços em potencial
- Os vasos linfáticos drenam as proteínas dos
espaços em potencial: há filtração pelos linfáticos - A disponibilidade reduzida de oxigênio eleva o
das proteínas que extravasam dos capilares para fluxo sanguíneo tecidual: 2 teorias para explicar o
os espaços em potencial de volta ao sangue processo – teoria da vasodilatação e teoria da
demanda de oxigênio
- O líquido do edema no espaço em potencial é
chamado de “efusão”: quando há um problema na
filtração linfática, pode acontecer excesso de
líquido nos espaços em potencial, denominado
efusão. A cavidade abdominal é propensa a
acumular líquidos por efusão (ascite)

Controle local e humoral do fluxo


sanguíneo nos tecidos
 Controle local do fluxo sanguíneo em
resposta às necessidades teciduais
- Necessidades teciduais incluem: suprimento de - Teoria da vasodilatação para a regulação aguda
O2 e nutrientes, remoção de CO2 e de íons do fluxo sanguíneo local – possível papel especial
hidrogênio, manutenção de concentrações iônicas da adenosina: quanto menor a disponibilidade de
e transporte de hormônios e substâncias oxigênio ou maior o metabolismo do tecido, maior
- Variações no fluxo sanguíneo em diferentes será a velocidade de formação de substâncias
tecidos e órgãos: fluxo sanguíneo extremamente vasodilatadoras, como a adenosina (degradação
volumoso para os rins, glândulas e fígado e mínimo do ATP), o CO2, a histamina e os íons potássio e
para músculos inativos hidrogênio
- Importância do controle do fluxo sanguíneo pelos - Teoria da demanda de oxigênio (ou teoria da
tecidos locais: diminuir a carga de trabalho do demanda de nutrientes) para o controle local do
coração para bombear sangue fluxo sanguíneo: diminuição do estoque de
oxigênio faria naturalmente as células dos vasos
 Mecanismos de controle do fluxo relaxarem, pois teriam menos energia para
contrair, resultando na dilatação do vaso; partes do
sanguíneo vaso, como os esfíncteres pré-capilares, se abrem
ou se fecham de acordo com a necessidade
- Controle dividido em 2 fases: controle agudo e
tecidual, caracterizando a vasomotilidade do vaso
controle a longo prazo
- Controle agudo do fluxo sanguíneo local: rápidas
variações na vasoconstrição ou na vasodilatação
de arteríolas, metarteríolas ou esfíncteres pré-
capilares

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- “Autorregulação” do fluxo sanguíneo durante
variações na pressão arterial – Mecanismos
“metabólicos” e “miogênicos”: o aumento rápido da
pressão arterial provoca aumento no fluxo
sanguíneo, mas é limitado por autorregulação; A
autorregulação ocorre por meios metabólicos, com
o alto fluxo de oxigênio e eliminação de
vasodilatadores fazendo o vaso se contrair, e por
meios miogênicos, nos quais o estiramento do vaso
pelo aumento de pressão levaria à contração do
músculo liso na parede dos vasos, reduzindo o fluxo
sanguíneo, e a diminuição da pressão levaria ao
relaxamento muscular, aumentando o fluxo
sanguíneo
- Mecanismos especiais para o controle agudo do
fluxo sanguíneo nos tecidos específicos: nos rins, há
o feedback tubuloglomerular; no cérebro, os níveis
de CO2 e de íons hidrogênio exercem papel central;
na pele, o fluxo relaciona-se aos processos de troca
de calor na superfície, aumentando com o aumento
da temperatura
- Possível papel de outros nutrientes além do
oxigênio no controle local do fluxo sanguíneo: - Controle do fluxo sanguíneo tecidual pelos fatores
glicose e vitaminas do complexo B apresentam de relaxamento e de constrição derivados do
papel considerável na vasodilatação endotélio: liberação de substâncias vasodilatadoras
ou vasoconstritoras pelas células endoteliais
- Exemplos especiais do controle “metabólico”
agudo local do fluxo sanguíneo: hiperemia reativa e - Óxido nítrico – vasodilatador liberado por células
hiperemia ativa endoteliais saudáveis: produção motivada pela
tensão de cisalhamento entre o sangue e a parede
- A hiperemia reativa ocorre depois que o dos vasos; liberado principalmente em artérias
suprimento sanguíneo ao tecido é bloqueado por muito pequenas e arteríolas; quando há aumento
um curto período: aumento no fluxo sanguíneo de fluxo na microcirculação, libera-se NO nos vasos
permanece proporcionalmente ao tempo de mais largos; angiotensina II (vasoconstritor) também
oclusão vascular motiva sua produção; danos nas células endoteliais
- A hiperemia ativa ocorre quando aumenta a taxa podem causar vasoconstrição excessiva; uso de NO
metabólica tecidual: liberação de substâncias em casos de disfunção erétil
vasodilatadoras - Endotelina – vasoconstritor liberado pelo
endotélio danificado: efeito intenso sobre os vasos;
seu aumento contribui para a vasoconstrição pela
lesão endotelial provocada pela hipertensão
- Regulação do fluxo sanguíneo a longo prazo:
importante caso as demandas metabólicas do
tecido se alterem cronicamente
- Regulação do fluxo sanguíneo por alterações na
“vascularidade tecidual”: processo também
conhecido como angiogênese (casos de aumento
prolongado do metabolismo); a vascularização
também pode diminuir em caso contrário; muito
mais eficiente em tecidos jovens
- O papel do oxigênio na regulação a longo prazo:
alta disponibilidade de oxigênio inibe a
angiogênese, enquanto baixa disponibilidade a
estimula;
- A importância do fator de crescimento vascular na
formação de novos vasos sanguíneos: todos
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peptídeos; conhecidos como fatores angiogênicos;  Controle humoral da circulação
angiogênese começa com vasos novos surgindo a
partir de outros vasos; algumas substâncias podem - Ação de hormônios e fatores produzidos
inibir o surgimento ou destruir vasos (angiostatina localmente
e endostatina)
- Podem atuar localmente no tecido ou em todo o
- A vascularização é determinada pela necessidade corpo
máxima de fluxo sanguíneo, não pela necessidade
média: vascularização adicional formada pela - Agentes vasoconstritores – Norepinefrina e
demanda aumentada no metabolismo permanece, epinefrina: estimulação do sistema nervoso
estando apenas inativada durante o período de simpático promove liberação de norepinefrina
menos demanda (tecidos e medula adrenal) e epinefrina (medula
adrenal) para promover vasoconstrição potente
- Regulação do fluxo sanguíneo através do (norepinefrina) e até leve vasodilatação (epinefrina)
desenvolvimento de circulação colateral: abertura e
formação de alças vasculares que conectam os - Agentes vasoconstritores – Angiotensina II: eleva
vasos no caso de bloqueio da irrigação, chamados a pressão arterial pela vasoconstrição de várias
de vasos colaterais pequenas artérias no corpo, que promove a
redução da eliminação de sódio e de água pelos
- Remodelamento vascular em resposta às rins
alterações crônicas no fluxo sanguíneo ou na
pressão arterial: ocorre tanto em pequenos vasos - Agentes vasoconstritores – Vasopressina ou
(remodelação eutrófica para dentro – não há ADH: efeito mais potente que a da angiotensina II
alteração na área de secção transversal) quanto em na vasoconstrição, elevando a reabsorção de água
grandes artérias (remodelação hipertrófica – pelos túbulos renais
aumento na área de secção transversal, com - Agentes vasodilatadores – Bradicinina:
aumento no tamanho das células e produção de substâncias chamadas cininas são poderosos
proteínas de matriz extracelular adicionais, como vasodilatadores; promove aumento da
colágeno, o que causa enrijecimento dos vasos); em permeabilidade vascular e dilatação arteriolar;
casos de enxertos venosos para substituir uma produção motivada por inflamação tecidual ou
artéria obstruída (ex.: veia safena), a parede dano
muscular da veia pode hipertrofiar e se tornar
semelhante à de uma artéria devido à nova tensão - Agentes vasodilatadores – Histamina: casos de
na parede lesão, inflamação ou reação alérgica; produzida
por mastócitos
- Controle vascular por íons e outros fatores
químicos: aumento de cálcio promove
vasoconstrição (hipercalcemia estimula a contração
do músculo liso); aumento de potássio promove
vasodilatação (hipercalemia inibe a contração do
músculo liso); aumento de magnésio provoca
vasodilatação; diminuição do pH provoca dilatação
arteriolar e aumento do pH provoca constrição
arteriolar; acetato e citrato promovem leve
vasodilatação; aumento na concentração de CO2
promove vasodilatação acentuada, principalmente
no cérebro
- Grande parte dos vasodilatadores e
vasoconstritores exerce pouco efeito a longo prazo
no fluxo sanguíneo, a menos que alterem a
intensidade metabólica dos tecidos: quem define a
intensidade do fluxo é a autorregulação tecidual
por meio do metabolismo

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O papel dos rins no controle a longo
prazo da pressão arterial e na
hipertensão: o sistema integrado de
regulação da pressão arterial
 Sistema rim-líquidos corporais para o
controle da pressão arterial
- Elevação da pressão arterial pelo aumento do
volume sanguíneo estimula o rim a eliminar mais
líquido, processo conhecido como diurese de
pressão. Também é aumentada a eliminação de sal, - A curva de débito renal crônico é muito mais
conhecida como natriurese de pressão íngreme do que a curva aguda: variações crônicas
da pressão arterial causam efeitos muito mais
- Quantificação da diurese de pressão como base significativos na função renal do que variações
para o controle da pressão arterial: agudas. A pressão aumentada ocasiona redução na
produção de aldosterona e de angiotensina II, além
de diminuir a atividade simpática, diminuindo os
efeitos antinatriuréticos (maior débito de água e
sal). Inversamente, a pressão diminuída ocasiona
diminuição do débito renal. Indivíduos com
aumento crônico da pressão arterial são sensíveis
ao sal uma vez que os efeitos antinatriuréticos
favorecem um aumento acentuado da pressão
arterial para uma quantidade mínima de sal
ingerida. Alta ingestão de sal a longo prazo pode
lesionar os rins e tornar a pressão sanguínea mais
sensível ao sal

- O mecanismo rim-líquido corporal proporciona


um ganho de feedback quase infinito para o
controle da pressão arterial a longo prazo: há a
existência de uma pressão de equilíbrio no
organismo, na qual a ingestão de água e sal é
equivalente à sua eliminação. Logo, valores abaixo
desta pressão causam retenção de sal e líquido e
valores acima dela resultam em perda de líquido.
No fim, há sempre um feedback quase infinito que
faz a pressão retornar para o ponto de equilíbrio
- Dois determinantes-chave da pressão arterial a - Incapacidade da resistência periférica total
longo prazo: basicamente, determinam o controle aumentada de elevar a pressão arterial a longo
da pressão arterial a longo prazo a ingestão e o prazo se a ingestão de líquido e a função renal não
débito de água e sal. Ou seja, é impossível alterar se alterarem: alterações na resistência periférica
a pressão arterial a longo prazo sem alterar esses total em qualquer parte do corpo resultam em uma
dois fatores elevação aguda da pressão arterial, exceto nos rins,
que possuem um sistema que impede a pressão de
permanecer elevada aumentando a natriurese por
pressão através de mecanismos próprios. Logo, é
fator primordial para o aumento da pressão arterial
uma resistência vascular intrarrenal aumentada.
Caso o contrário, a pressão permanece em níveis
normais

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osmolalidade aumentada estimula o centro de
sede no encéfalo e inibe a secreção de ADH pela
hipófise. Assim, como pequenos aumentos no
volume sanguíneo podem aumentar elevar
significativamente a pressão arterial quando não
há aumento da capacidade vascular, o excesso de
sal acarreta alterações da pressão
- A hipertensão crônica (pressão sanguínea alta) é
causada pelo déficit da função renal: níveis de
pressão sistólica e pressão diastólica acima dos
valores normais – maior que 135mmHg e maior
que 90mmHg, respectivamente. Casos graves de
resultar pressão arterial média elevada podem em
morte por ataque cardíaco (trabalho cardíaco
elevado com déficit coronariano), infarto cerebral
(acidente vascular cerebral – AVC) e insuficiência
renal (uremia). A hipertensão causada pelo
acúmulo de líquido corporal é denominada
- O aumento do volume de líquido pode elevar a hipertensão por sobrecarga de volume
pressão arterial por aumentar o débito cardíaco ou
a resistência periférica total: a elevação da pressão - Hipertensão por sobrecarga de volume
arterial pelo aumento do débito cardíaco retorna ocasionada pela redução da massa renal com um
aumento simultâneo na ingestão de sal: redução
rapidamente ao normal se a função renal estiver
da massa renal acarreta uma menor excreção do
normalizada. Se há maior débito cardíaco, o fluxo
excesso de sal água. Logo, o menor aumento de
sanguíneo pelos tecidos aumenta. Pelo processo
sal no organismo leva a aumentos consideráveis da
de autorregulação, os vasos teciduais se contraem
para normalizar o fluxo, aumentando a resistência pressão arterial
periférica total (pressão arterial diastólica aumenta) - Alterações sequenciais da função circulatória
durante o desenvolvimento de hipertensão por
sobrecarga de volume: inicialmente, a pressão não
sofre aumento brusco em função da manutenção
do reflexo barorreceptor. No entanto, quando esse
reflexo começa a falhar, a pressão atinge níveis
máximos em função do aumento do débito
cardíaco. Com o passar do tempo, alterações
secundárias como o aumento gradual da
resistência periférica total (elevação secundária da
resistência periférica total) e retorno do débito
cardíaco a níveis normais. Assim, preserva-se a
hipertensão e o aumento acentuado da resistência
periférica total

- A importância do sal (NaCl) no esquema rim-


líquidos corporais para o controle da pressão
arterial: o sal é quem determina o volume do
líquido extracelular no corpo, uma vez que sua
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- Rapidez e intensidade da resposta pressórica


- Hipertensão por sobrecarga de volume em vasoconstritora ao sistema renina-angiotensina:
pacientes que não têm rins, mas que são mantidos
por rim artificial: necessidade constante de diálise
para a normalização do volume de líquido
extracelular
- Hipertensão causada por excesso de aldosterona:
aldosteronismo primário (secreção de grande
quantidade de aldosterona pelas adrenais) resulta
em maior reabsorção de água e sal pelos túbulos
renais. Do mesmo modo, nesse caso o débito
cardíaco inicialmente está aumentado, mas
eventualmente retorna ao normal, deixando a
resistência periférica total aumentada e resultando
em hipertensão - A angiotensina II causa retenção renal de sal e
água – um meio importante para o controle da
 O sistema renina-angiotensina: seu pressão arterial a longo prazo: atuam diretamente
sobre os rins ou estimulam a secreção de
papel no controle da pressão arterial aldosterona pelas adrenais
- Componentes do sistema renina-angiotensina: - Mecanismos dos efeitos renais diretos da
quando a pressão arterial cai consideravelmente,
angiotensina II causadores da retenção renal de sal
as células justaglomerulares situadas nas arteríolas
e água: constrição das arteríolas renais diminui o
aferentes liberam renina, que será levada ao
fluxo tubular, o que aumentam a reabsorção de
sangue. No corpo, a renina é convertida em
água e sal
angiotensina I, que é posteriormente convertida
em angiotensina II, um poderoso vasoconstritor. - A angiotensina II aumenta a retenção de sal e
Esse vasoconstritor atua nas arteríolas, água pelos rins ao estimular a aldosterona: efeitos
aumentando a resistência periférica total do corpo de elevação da pressão da aldosterona somam-se
inteiro, e nas veias, aumentando o retorno venoso. aos da angiotensina II
Além disso, também diminui a excreção de água e - O papel do sistema renina-angiotensina na
sal pelos rins (aumento a longo prazo da pressão) manutenção da pressão arterial normal a despeito
de grandes variações na ingestão de sal: uma
maior ingestão de sal causa diminuição na
produção de renina, e uma menor ingestão de sal

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causa efeitos opostos (fenômeno de feedback
automático)

- Tipos de hipertensão em que ocorre participação


da angiotensina – hipertensão causada por um
tumor secretor de renina ou por isquemia renal:
tumor das células justaglomerulares ou obstrução
dos vasos sanguíneos renais, diminuindo o fluxo
- Hipertensão de Goldblatt de dois rins: quando a
sanguíneo renal, incentiva a maior liberação de
artéria de somente um dos rins está comprimida, o
renina pelos rins, aumentando a resistência
rim com obstrução começa a produzir renina e
vascular periférica e, consequentemente, a pressão
consequentemente reter sal e água. Em
arterial sistêmica
contrapartida, o rim sem obstrução também
- Tipos de hipertensão em que ocorre participação começa a reter sal e água em função da produção
da angiotensina – hipertensão de Goldblatt de rim de renina pelo rim isquêmico, fazendo com que
único: remoção de um dos rins e constrição da ambos os rins resultem em hipertensão
artéria renal do rim remanescente (em função de
- Hipertensão causada por rins doentes que
aterosclerose ou níveis excessivos de
secretam cronicamente renina: efeitos quase
vasoconstritores) ocasiona elevação da pressão
idênticos à hipertensão de Goldblatt de dois rins,
sanguínea pelo sistema renina-angiotensina em
mais comum especialmente em pessoas idosas
função da diminuição do fluxo sanguíneo renal,
com doença renal isquêmica focal
uma vez que o rim, em razão do baixo volume
sanguíneo que flui por ele, liberará quantidades - Hipertensão primária (essencial): hipertensão de
elevadas de renina para “normalizar” o volume origem desconhecida. Na maioria dos pacientes, o
sanguíneo sedentarismo e o excesso de peso parecem
desempenhar papel importante. Nesses casos,
débito cardíaco aumentado, aumento da atividade
nervosa simpática nos rins em pacientes com
sobrepeso, níveis de angiotensina II e de
aldosterona elevados em pacientes obesos e
comprometimento da natriurese por pressão são
fatores importantes neste tipo de hipertensão
- Análise gráfica do controle da pressão arterial na
hipertensão essencial: Podem existir dois tipos de
hipertensão primária – sensível ao sal e insensível
ao sal. Vale ressaltar que a sensibilidade ao sal é
um fator individual, de tal modo que alguns
indivíduos são mais sensíveis que outros. Além
disso, a pressão sanguínea vai ficando mais

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sensível ao sal à medida em que a pessoa
envelhece

- Tratamento da hipertensão essencial:


recomendação da modificação do estilo de vida
(aumento de atividades físicas e perda de peso) e,
por vezes, associação com fármacos anti-
hipertensivos

Regulação nervosa da circulação e o - Inervação simpática dos vasos: na maioria dos


tecidos, todos os vasos são inervados, exceto os
Controle rápido da pressão arterial capilares; a inervação das pequenas artérias e
arteríolas permite aumentar a resistência ao fluxo e,
 Regulação nervosa da circulação assim, diminuir sua velocidade; a inervação de veias
promove a diminuição de seu volume, facilitando o
- Efeitos mais globais; redirecionamento do fluxo retorno venoso
para outras partes do corpo
- A estimulação simpática aumenta a frequência
- Sistema nervoso autônomo como principal cardíaca e a contratilidade: inervação do coração
regulador nervoso aumenta a FC e a força e volume de bombeamento
- Sistema nervoso autônomo – sistema nervoso - A estimulação parassimpática reduz a frequência
simpático: componente mais importante na cardíaca e a contratilidade: nervos vagos; papel
regulação; nervos simpáticos inervam a vasculatura secundário na regulação da função vascular
visceral; nervos espinais inervam a vasculatura
periférica - Sistema vasoconstritor simpático e seu controle
pelo sistema nervoso central: fibras nervosas
vasoconstritoras dos nervos simpáticos são
distribuídas por toda a circulação, mas são mais
presentes em alguns tecidos (rins, intestinos, baço
e pele)
- Centro vasomotor no cérebro e seu controle pelo
sistema vasoconstritor: centro vasomotor situa-se
no bulbo; essencialmente constituído por duas
áreas efetoras (área vasodilatadora bilateral e área
vasoconstritora bilateral) e uma área sensorial (área
sensorial bilateral)

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- Aumentos da pressão arterial durante o exercício
muscular e outras formas de estresse: no exercício
há o aumento da pressão arterial para que haja
mais fluxo para os tecidos; na reação de alarme
(medo extremo) há aumento da pressão em para
que haja resposta de forma instantânea a algum
perigo
- Mecanismos reflexos para a manutenção da
pressão arterial normal – reflexos barorreceptores:
situados na parede de grandes artérias (seio
carotídeo e arco aórtico), identificam aumento na
pressão arterial e sinalizam ao SNC, que provoca
vasodilatação e diminui a FC e a força de contração
cardíaca; resposta é rápida e funciona mais
efetivamente numa faixa específica de pressão;
regulam a variação de pressão na alteração de
postura corporal; compõem o sistema de
tamponamento pressórico; inervados pelo nervo de
- A constrição parcial contínua dos vasos Hering (ramo do nervo glossofaríngeo)
sanguíneos é normalmente causada pelo tônus
vasoconstritor simpático: despolarização contínua
que mantém o estado parcial de contração dos
vasos
- Controle da atividade cardíaca pelo centro
vasomotor: porções laterais têm atividade simpática
e excitatória; porções mediais possuem atividade
parassimpática e inibitória
- Controle do centro vasomotor por centros
nervosos superiores: substância reticular,
hipotálamo e córtex cerebral
- A norepinefrina é o neurotransmissor
vasoconstritor simpático: liberada pelas fibras
simpáticas vasoconstritoras
- Medulas adrenais e sua relação com o sistema
vasoconstritor simpático: secreção de norepinefrina
e epinefrina no sangue por estímulo simpático
- Desmaio emocional – síncope vasovagal: sistema
vasodilatador permanece ativado, o que resulta
numa estimulação vagal cardioinibitória contínua
(diminuição da frequência cardíaca); assim, reduz-se
o fluxo sanguíneo para o cérebro e a pessoa acaba
desmaiando
- O papel do sistema nervoso no controle rápido da
pressão arterial: 3 importantes alterações
simultâneas para aumentar a pressão arterial –
vasoconstrição de arteríolas, forte contração das
veias (aumento do retorno venoso leva a maior
força de contração cardíaca) e estimulação
autônoma do coração (elevação da FC e da força de
contração)
- O controle nervoso da pressão arterial é rápido:
aumento ou diminuição em segundos

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sistêmica a fim de compensar um aumento de
pressão no líquido cefalorraquidiano e evitar
isquemia cerebral

 Características especiais do controle


nervoso da pressão arterial
- Papel dos nervos e músculos esqueléticos no
aumento do débito cardíaco e da pressão arterial
– reflexo da contração abdominal: compressão dos
músculos abdominais para aumentar o retorno
venoso e, consequentemente, a força de contração
cardíaca, causando aumento da pressão arterial
- Papel dos nervos e músculos esqueléticos no
aumento do débito cardíaco e da pressão arterial
– aumento do débito cardíaco e da pressão arterial
causado pela contração da musculatura
- Controle da pressão arterial pelos
esquelética durante o exercício: contrações que
quimiorreceptores carotídeos e aórticos – efeito do
ocorrem durante e antes da realização do exercício
baixo nível de oxigênio sobre a pressão arterial:
são importantes
sensíveis a baixos níveis de oxigênio e excesso de
dióxido de carbono e de íons hidrogênio; têm mais - Ondas respiratórias na pressão arterial: variações
importância no controle respiratório do que no pequenas na pressão arterial a cada ciclo
aumento da pressão arterial respiratório causados por extravasamento dos
sinais respiratórios, diminuição da pressão
- Reflexos atriais e das artérias pulmonares regulam
intratorácica na inspiração (expansão de vasos
a pressão arterial: receptores de baixa pressão
sanguíneos acarreta diminuição do retorno
diminuem a variação da pressão causada pelo
venoso) e excitação respiratória de receptores de
aumento no influxo de sangue
estiramento atriais e vasculares
- Reflexos atriais que ativam os rins – o “reflexo de
- Ondas “vasomotoras” da pressão arterial –
volume”: estiramento atrial causa aumento no
oscilação dos sistemas de controle reflexo da
volume urinário (dilatação das arteríolas aferentes
pressão: o constante aumento e diminuição
renais e diminuição da reabsorção de água nos
causada pela regulação da pressão ocasiona ondas
túbulos renais por diminuição da secreção de ADH
de oscilação na pressão arterial; estão incluídos os
e liberação do peptídeo natriurético atrial)
barorreceptores, quimiorreceptores e a resposta
- Reflexo atrial de controle da frequência cardíaca isquêmica do SNC nesse fenômeno
(o reflexo de Bainbridge): aumento na pressão
atrial, causado por um maior retorno venoso, é
sentido pelos receptores de estiramento atriais e
estimula aumento da FC e força de contração
cardíaca
- Resposta isquêmica do SNC – Controle da pressão
arterial pelo centro vasomotor do cérebro em
resposta à diminuição do fluxo sanguíneo cerebral:
em casos de isquemia cerebral (fluxo de sangue Débito cardíaco, Retorno venoso e suas
insuficiente), o centro vasomotor é rapidamente
estimulado por meio do aumento na concentração regulações
de dióxido de carbono cerebral; estimulação
vasoconstritora simpática mais potente - Débito cardíaco é a quantidade de sangue
bombeada a cada minuto pelo coração ou a
- A importância da resposta isquêmica do SNC quantidade de sangue que flui pela circulação
como regulador da pressão arterial: sistema de
emergência de controle da pressão arterial no - Retorno venoso é a quantidade sangue que flui
cérebro, utilizado como último recurso de controle das veias para o átrio direito a cada minuto; deve
ser igual ao débito cardíaco
- Reação de Cushing ao aumento da pressão no
encéfalo: compressão dos vasos sanguíneos
cerebrais para causar aumento na pressão arterial
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 Valores normais para o débito cardíaco - O débito cardíaco a longo prazo varia
inversamente com a resistência periférica total
em repouso e durante a atividade quando a pressão arterial não varia: ou seja,
quando a resistência periférica aumenta, o débito
- 4 condições determinam o débito cardíaco: o cardíaco diminui; já quando a resistência periférica
nível basal do metabolismo, se a pessoa está se diminui, o débito cardíaco aumenta
exercitando, a idade e as dimensões corporais
- Média é de 5L/min

- Índice cardíaco: débito cardíaco por metro


quadrado de superfície corporal

- Efeito da idade sobre o débito cardíaco: índice


cardíaco diminui com o aumento da idade
devido ao declínio da atividade muscular

 Controle do débito cardíaco pelo retorno


venoso – Mecanismo de Frank-Starling
- Lei de Frank-Starling diz que quantidades
elevadas de sangue retornando para o coração
distendem o músculo cardíaco, sendo essa
distensão motivadora do aumento de força da
contração cardíaca
- Na maioria das condições não estressantes
usuais, o débito cardíaco é controlado por
fatores periféricos
- O débito cardíaco é a soma dos fluxos
sanguíneos em todos os tecidos – o
metabolismo tecidual regula a maior parte do
fluxo sanguíneo local: ou seja, a regulação do - O coração tem limites para o débito cardíaco
débito cardíaco equivale à soma dos processos que pode produzir: em situações normais, o
de regulação do fluxo sanguíneo aos tecidos; coração pode bombear até 2,5x a quantidade
assim, o débito cardíaco é determinado pela normal de retorno venoso; no entanto, podem
junção dos fatores orgânicos que controlam o existir pessoas com corações hipereficazes ou
fluxo sanguíneo, como consumo de oxigênio e com corações hipoeficazes
metabolismo - Fatores que podem causar um coração
hipereficaz: estimulação nervosa (estimulação
simpática e inibição parassimpática) e hipertrofia
do músculo cardíaco (aumento da carga a longo
prazo)
- Fatores que podem causar um coração
hipoeficaz: hipertensão grave, obstrução
coronariana, valvulopatia, hipoxia cardíaca e
inibição da estimulação nervosa do coração são
exemplos
- O papel do sistema nervoso no controle do
débito cardíaco – a importância do sistema
nervoso na manutenção da pressão arterial
quando os vasos sanguíneos periféricos estão
dilatados e o retorno venoso e o débito cardíaco
aumentam:

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- Combinações dos padrões diferentes das
curvas de débito cardíaco: curva final do débito
cardíaco pode se alterar com variações na
pressão externa cardíaca e na eficácia de
bombeamento do coração

- Efeito do sistema nervoso para aumentar a


pressão arterial durante o exercício: mesmo com
a vasodilatação a pressão arterial é mantida
constante por meio dos mecanismos nervosos - Curvas do retorno venoso: definidas por 3
fatores – pressão no átrio direito, pressão
- Débitos cardíacos patologicamente altos ou média de enchimento sistêmico, que força o
baixos: sangue em direção ao coração, e resistência ao
fluxo sanguíneo entre os vasos e o átrio direito
- Curvas do retorno venoso normal: o aumento
na pressão atrial direita reduz o retorno venoso

- Platô na curva do retorno venoso com


pressões atriais negativas causadas pelo
colapso das grandes veias: pressões menores
que a atmosférica promovem o colapso das
- Análise mais quantitativa da regulação do veias que entram no tórax, impedindo o
débito cardíaco – curvas de débito cardíaco retorno venoso do sangue de veias periféricas,
utilizadas na análise quantitativa: quanto maior o que faz com que o retorno venoso não
a pressão externa cardíaca (pressão na cavidade aumente
torácica), mais o débito cardíaco será deslocado
- Pressão média de enchimento circulatório e
para a direita; tamponamento cardíaco significa
pressão média de enchimento sistêmico e seus
acúmulo de líquido na cavidade pericárdica
efeitos no retorno venoso: pressão média de
enchimento circulatório equivale à pressão
igual em qualquer parte da circulação quando
há interrupção do bombeamento cardíaco;
determina o grau de enchimento dos vasos
sanguíneos
- Efeito do volume sanguíneo sobre a pressão
média de enchimento circulatório: quanto
maior o volume sanguíneo, maior a pressão
média de enchimento circulatório

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- A estimulação nervosa simpática aumenta a
pressão média de enchimento circulatório: a
estimulação simpática aumenta a pressão
média de enchimento circulatório, enquanto a
inibição simpática a diminui

- Efeito da resistência ao retorno venoso


sobre a curva de retorno venoso:

- Pressão média de enchimento sistêmico (Pes)


e sua relação com a pressão média de
enchimento circulatório: pressão média de
enchimento sistêmico é a pressão encontrada - Combinações dos padrões de curva de
em qualquer parte da circulação sistêmica após retorno venoso:
o pinçamento dos grandes vasos presentes no
coração, excluindo-se a circulação pulmonar;
consiste no grau de enchimento da circulação
sistêmica, que força o sangue sistêmico em
direção ao coração; tende ser praticamente
igual à pressão média de enchimento
circulatório
- Efeito sobre a curva de retorno venoso das
alterações na pressão média de enchimento
sistêmico: quanto maior o enchimento do
sistema venoso, maior é o retorno de sangue
para o coração; quanto menor o enchimento,
menor é o retorno
- Quando o “gradiente de pressão para o
- Análise do débito cardíaco e da pressão
retorno venoso” é nulo, não há retorno venoso:
atrial direita utilizando, simultaneamente, as
se a pressão arterial direita for equivalente à
curvas do débito cardíaco e do retorno
pressão média de enchimento sistêmico, não
venoso:
flui sangue para o coração; quanto maior o
gradiente entre essas as pressões, maior o
retorno venoso
- Resistência ao retorno venoso: presente na
maior parte nas veias; como as veias são muito
distensíveis, o aumento de pressão venosa não
consegue compensar a resistência ao fluxo,
diminuindo muito o retorno sanguíneo para o
átrio direito; tem-se a resistência venosa (RV)
dependente da pressão média de enchimento
sistêmico (Pes), da pressão atrial direita (PAD)
e da resistência ao retorno venoso (RVV)

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- Efeitos compensatórios produzidos em
resposta ao volume sanguíneo aumentado:
aumento da pressão capilar (sangue flui para
os tecidos), relaxamento por estresse das
veias e distensão de reservatórios de sangue,
como o fígado e baço (redução da pressão de
enchimento sistêmica) e aumento da
resistência ao retorno venoso
Circulação coronariana e a doença
- Efeito de alterações simpáticas sobre o
débito cardíaco: cardíaca isquêmica
 Circulação coronariana
- Anatomia fisiológica do aporte sanguíneo
coronariano: artérias coronárias principais se
situam na superfície do coração; são duas – artérias
coronárias esquerda e direita; maior parte do
sangue chega nessas artérias pelo seio
coronariano

- Efeito da abertura de grande fístula


arteriovenosa: abertura direta entre artéria e
veia de grandes calibres; crescimento das
curvas de débito cardíaco e retorno venoso
com o passar do tempo; letras no gráfico
indicam tempos distintos após a abertura da
fístula
- O fluxo sanguíneo coronariano normal médio é
5% do débito cardíaco: em condições de atividade
intensa, o consumo de energia cardíaco se torna
mais eficiente para compensar a relativa deficiência
do fluxo sanguíneo coronariano
- Alterações fásicas no fluxo sanguíneo
coronariano durante a sístole e a diástole – efeito
da compressão do músculo cardíaco: fluxo
sanguíneo coronariano cai durante a sístole
(compressão dos vasos pelo músculo ventricular);
na diástole, há rápido fluxo de sangue; efeito mais
notado no ventrículo esquerdo
- Fluxo sanguíneo coronariano epicárdico versus
subendocárdico – efeito da pressão miocárdica: na
sístole, o plexo arterial subendocárdico supre a
 Métodos de medida do débito cardíaco diminuição do fluxo sanguíneo
- Ecocardiografia, método de oxigênio de Fick ou
método de diluição de indicador

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- Controle do fluxo sanguíneo coronariano – o de circulação colateral pode acompanhar o
metabolismo muscular local é o principal desenvolvimento aterosclerótico, compensando os
controlador do fluxo coronariano: sempre que a danos. No entanto, em algum momento haverá
força de contração cardíaco estiver aumentada, o processo de isquemia
fluxo coronariano também aumenta; de modo
contrário, a atividade cardíaca reduzida diminui o
fluxo coronariano
- Controle do fluxo sanguíneo coronariano –
demanda de oxigênio como fator principal na
regulação do fluxo sanguíneo coronariano local: há
pouco oxigênio adicional nas artérias coronárias
(70% é retirado para o músculo cardíaco); a
necessidade de mais oxigênio faz com que o fluxo
aumente pela dilatação dos vasos
- Controle nervoso do fluxo sanguíneo
coronariano: efeitos diretos ou indiretos; os efeitos
indiretos (aumento ou diminuição da atividade do
coração) desempenham papel mais importante, já
que os efeitos diretos (mecanismos simpáticos e
vagos) atuam sobre a atividade cardíaca, que
influenciam o fluxo coronariano
- Efeitos diretos dos estímulos nervosos sobre a - Infarto do miocárdio: uma área infartada é aquela
vasculatura coronariana: estimulação cujo fluxo sanguíneo nulo ou tão pequeno que não
parassimpática (vagal) tende a ser não muito pode sustentar a função cardíaca; na fase inicial,
grande, gerando efeito de dilatação; já a simpática, área fica com sangue estagnado; no decorrer, a
mais presente, possui um efeito de constrição, área fica edemaciada e as células cardíacas morrem
sendo este muito mais presente do que a dilatação; caso haja menos de 15% do fluxo necessário em
em pessoas com estímulos simpáticos intensos, repouso
pode ocorrer isquemia miocárdica vasoespástica
- Infarto subendocárdico: músculo subendocárdico
- Aspectos especiais do metabolismo do músculo apresenta um consumo de oxigênio maior e maior
cardíaco: consumo maior de ácidos graxos do que dificuldade de suprir a necessidade nutricional
carboidratos; em condições anaeróbicas ou (maior compressão dos vasos pelos ventrículos na
isquêmicas, o coração obtém energia por glicólise sístole)
- Doença cardíaca isquêmica – aterosclerose como - Causas de morte após a oclusão coronariana
causa da doença: grande quantidade de colesterol aguda – débito cardíaco diminuído, distensão
é depositada sob o endotélio, posteriormente sistólica e choque cardíaco: distensão sistólica
substituídas por tecido fibroso. Esse tecido fibroso ocorre quando a porção infartada do coração é
(placa aterosclerótica) diminui o lúmen vascular e empurrada para fora no momento da sístole,
bloqueia, total ou parcialmente, o fluxo sanguíneo; dissipando a força de contração total do coração
os primeiro poucos centímetros das artérias pela protrusão da área infartada; essa condição
coronárias são um lugar propício ao seu que gera morte dos tecidos periféricos resultando
surgimento em isquemia periférica é denominada choque
coronariano, choque cardiogênico ou insuficiência
- Oclusão coronariana aguda: ocorre com mais
de baixo débito
frequência em pessoa que já tinha coronariopatia
ateroesclerótica; causas podem envolver a
formação de um trombo (coágulo sanguíneo local)
a partir da placa aterosclerótica, que pode se
desprender dela e ocluir algum ponto da artéria,
ou espasmos musculares da artéria devido a
irritação do músculo liso, que levam à contração
excessiva do vaso e, talvez, à trombose secundária
- Valor salva-vidas da circulação colateral do
coração: anastomoses entre pequenos vasos
podem facilitar a recuperação de uma pessoa com
grau de oclusão coronariana; o desenvolvimento
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- Função do coração após a recuperação de infarto
do miocárdio: capacidade de bombeamento do
coração fica diminuída de forma permanente após
um infarto extenso. A pessoa ainda pode realizar
atividades normais, mas que não sobrecarreguem
o coração
- Dor na doença coronariana do coração: pode
ocorrer angina pectoris, dor atrás da parte superior
do esterno (retroesternal) que muitas vezes irradia
para o braço e ombro esquerdos e com certa
frequência até a face cuja descrição remete
sensação de aperto e de calor no peito
- Tratamento com fármacos: vasodilatadores e
betabloqueadores
- Tratamento às vezes requer intervenção cirúrgica

Insuficiência cardíaca
- Causas de morte após a oclusão coronariana - Qualquer condição que reduza a capacidade do
aguda – retenção de sangue no sistema venoso do
coração de bombear sangue o suficiente para
corpo: quando o coração não bombeia
suprir as necessidades do organismo
adequadamente, o sangue fica retido nos vasos,
principalmente no dos pulmões; o edema pulmonar  Dinâmica circulatória na
surge agudo surge quando o acúmulo de sangue
atinge os rins, que têm sua capacidade de diminuir insuficiência cardíaca
o volume sanguíneo prejudicada - Efeitos agudos da insuficiência cardíaca
- Causas de morte após a oclusão coronariana moderada: débito cardíaco significativamente
aguda – fibrilação dos ventrículos após infarto do reduzido e acúmulo de sangue nas veias, o que
miocárdio: pacientes com insuficiência coronária causa aumento da pressão venosa (aumento na
crônica podem morrer de fibrilação ventricular pressão do átrio direito)
aguda sem qualquer infarto agudo; as tendências
para fibrilação são maior acúmulo de potássio ao
redor das células cardíacas (eleva a irritabilidade
da musculatura), surgimento de corrente de lesão
por isquemia, estimulação simpática excessiva em
função de infarto maciço prévio e dilatação
excessiva do ventrículo (aumenta a via de
condução do impulso)
- Causas de morte após a oclusão coronariana
aguda – ruptura da área infartada: distensão
sistólica vai enfraquecendo a área infartada até que
o coração se rompe, iniciando um processo de
tamponamento cardíaco (acúmulo de líquido no
pericárdio que comprime o coração)
- Estágios da recuperação do infarto agudo do
miocárdio: inicialmente, tecido muscular morto é
substituído por tecido fibroso, que pode se retrair - Compensação da insuficiência cardíaca pelos
após certo período; áreas normais do coração se reflexos nervosos simpáticos: reflexo barorreceptor
hipertrofiam para compensar a área danificada. Se como principal; há ativação simpática rápida e
não houver repouso absoluto após um infarto, inibição parassimpática; a estimulação simpática
corre-se o risco de surgir síndrome do sequestro torna a musculatura ainda funcional mais forte, ou
coronariano, na qual a atividade irá fazer com que seja, de um jeito ou de outro o coração torna-se
a musculatura “sequestre” sangue que deveria uma bomba mais efetiva. Além disso, a estimulação
irrigar a área previamente isquemiada em situações simpática também aumenta a pressão de
de repouso enchimento sistêmico (tendência de o sangue nas

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veias retornar ao coração), fazendo o coração enchimento pulmonar (tendência de o sangue fluir
lesionado receber mais volume de sangue para os pulmões), resultando em acúmulo de
líquido nos pulmões – condição que engloba
- Estágio crônico da insuficiência – retenção de
congestão vascular pulmonar e o edema pulmonar
líquidos e débito cardíaco compensado: após
ataque cardíaco agudo, o débito urinário é  Insuficiência cardíaca de baixo
sensivelmente reduzido em função de acúmulo de
líquido nos rins; alguns cardiologistas consideram débito – choque cardiogênico ou choque
o acúmulo de líquidos uma forma benéfica de cardíaco
compensar o débito cardíaco reduzido, uma vez
- Condição na qual os tecidos param de receber
que o aumento no volume de sangue aumenta a
sangue na quantidade essencial para manutenção
pressão de enchimento sistêmico e também reduz
da vida por motivo de incapacidade do coração de
a resistência venosa. No entanto, se o débito
bombear adequadamente sangue
cardíaco continuar muito reduzido, o acúmulo de
líquido se torna prejudicial e provoca edema - Ciclo vicioso da deterioração cardíaca no choque
intenso por todo o corpo cardiogênico: tendência do coração de ser ainda
mais lesado devido à diminuição da circulação
- Efeitos prejudiciais do excesso de retenção de
coronariana por causa do choque; em casos de
líquido na insuficiência cardíaca grave: aumento da
obstrução coronariana já existente, o processo é
carga sobre o coração, distensão cardíaca
mais grave (diminuições mínimas da pressão
excessiva, edema pulmonar e generalizado
arterial já iniciam o ciclo, ou seja, deve-se impedir
- Recuperação do coração após infarto do no tratamento de infarto do miocárdio mesmo
miocárdio: depende da gravidade da lesão, mas curtos períodos de hipotensão)
geralmente acompanha surgimento de circulação
- Fisiologia do tratamento: promove-se aumento da
colateral para a área infartada e hipertrofia da
pressão arterial (infusão de sangue, plasma ou
musculatura funcional; caso haja recuperação
fármaco) e o fortalecimento do músculo cardíaco
efetiva, a estimulação simpática diminui e os sinais
(cardiotônicos); em casos graves, intervenção
de taquicardia, pele fria e palidez começam a ser
cirúrgica em até 1h após o choque traz bons
atenuados
resultados
- Insuficiência cardíaca compensada: pressão atrial
direita pouco ou moderadamente elevada consegue  Edema em pacientes com
compensar a insuficiência em repouso; em situações insuficiência cardíaca
que sobrecarregam o coração (exercícios intensos),
os sintomas agudos da insuficiência podem surgir. - A insuficiência cardíaca aguda não provoca edema
Nesse caso, diz-se que a reserva cardíaca está periférico imediato: único edema de causa rápida é
diminuída o edema pulmonar, que pode causar morte em
minutos ou horas
- Dinâmica da insuficiência cardíaca grave –
insuficiência cardíaca descompensada: casos de - Retenção de líquido pelos rins a longo prazo
lesão em que nem os estímulos nervosos nem o causa edema periférico na insuficiência cardíaca
acúmulo de líquido nos rins podem compensar o crônica: aumento progressivo da pressão capilar, o
débito reduzido, o que resulta em edema intenso, que ocasiona a saída de líquido para os tecidos; as
aumento da pressão de enchimento sistêmico e, causas de volume urinário reduzido na insuficiência
posteriormente, morte. As condições do edema cardíaca envolvem intensidade diminuída de
provocam estertores (ruídos) bolhosos no pulmão e filtração glomerular em função da redução da
dispneia (“fome de ar”) pressão arterial e constrição simpática das
arteríolas aferentes do rim, ativação do sistema
- Tratamento da descompensação: fortalecimento renina-angiotensina e aumento da reabsorção de
do coração por meio de fármacos (ex.: digitálicos) água e de sal pelos túbulos renais, aumento da
ou uso de diuréticos para aumentar a excreção renal secreção de aldosterona (aumento na reabsorção
(equilíbrio entre entrada e saída de água e sal de sódio e, consequentemente, de água) que
apesar do débito reduzido) promove secreção de ADH, e ativação do sistema
nervoso simpático
 Insuficiência cardíaca esquerda
unilateral - O papel do peptídeo natriurético atrial em retardar
o início da descompensação cardíaca: PNA é
- Geralmente, o lado esquerdo do coração entra em liberado pela distensão das paredes atriais e
insuficiência maior em relação ao lado direito; estimula liberação de sal e água pelos rins
assim, tem-se aumento na pressão média de

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- Edema pulmonar agudo no estágio tardio da - Bulhas cardíacas normais: na ausculta,
insuficiência cardíaca – outro ciclo vicioso letal: identificam-se 2 sons: tum e tá. O “tum” equivale
enchimento dos pulmões por líquido causa a ao fechamento das valvas AV, enquanto o “tá”, ao
diminuição na oxigenação do sangue, o que resulta fechamento das valvas aórtica e pulmonar
em vasodilatação periférica, processo que (semilunares). Respectivamente, são
desencadeia um retorno maior de sangue para o denominadas de primeira e segunda bulhas
coração e, consequentemente, um acúmulo maior cardíacas
de sangue no pulmão, estabelecendo um ciclo
- A terceira bulha cardíaca é produzida no início
vicioso. Intervenções envolvem aplicar torniquetes
do terço médio da diástole: reverberação do
nos braços e pernas do paciente para reter o
sangue na parede ventricular; normalmente
sangue nas veias, administrar diurético de ação
frequente em crianças, adolescentes e adultos
rápida, administrar oxigênio puro para reverter a
jovens em condições não patológicas; em idosos,
dessaturação do sangue e um cardiotônico de ação
indica insuficiência cardíaca sistólica
rápida
- Quarta bulha cardíaca ou bulha de contração
 Reserva cardíaca atrial: frequente em pacientes idosos com
- Consiste na porcentagem máxima que o débito hipertrofia ventricular esquerda, já que é evidente
cardíaco pode aumentar acima do normal quando a contração atrial traz benefícios ao
enchimento ventricular em caso de resistência
- Em pessoas com insuficiência cardíaca severa (perda de complacência) ao enchimento
não existe reserva; qualquer fator quem impeça o
coração de bombear sangue adequadamente - Áreas da superfície torácica para ausculta das
diminuirá a reserva cardíaca bulhas cardíacas normais: distinguem-se os sons
de cada valva por processo de eliminação – ouve-
se a altura de cada som em cada foco e assim
determina-se os componentes sonoros de cada
valva

- Diagnóstico de baixa reserva cardíaca – teste do


exercício ou teste ergométrico: marcha em esteira
ou subida e descida de degraus; os sinais de baixa
reserva manifestam-se como dispneia imediata,
fadiga muscular intensa (incapacidade/dificuldade
de continuar o exercício) e aumento excessivo da
frequência cardíaca
 Insuficiência cardíaca de alto débito
- Condição que demanda maior trabalho de - Fonocardiograma: exame que amplia a
bombeamento do coração devido ao aumento da frequência das bulhas, transformando-as em
demanda (ex.: anemia grave) ou ao desvio de ondas
sangue do leito arterial para o venoso (ex.: fístulas - Lesões valvulares reumáticas: febre reumática
arteriovenosas, beribéri) como maior causa de lesão valvular (dano por
toxina estreptocócica); valva mitral é a primeira a
Valvas e bulhas cardíacas; Defeitos ser seriamente lesada, seguida pela valva aórtica,
cardíacos valvares e congênitos enquanto as valvas direitas tendem a ser bem
menos lesionadas
 Bulhas cardíacas - Cicatrização das valvas: processo pode acabar
- Bulha é o som audível causado pelo fechamento fundindo os folhetos de válvulas adjacentes,
das valvas cardíacas durante a ausculta diminuindo a passagem de sangue pela valva;
diz-se então que a válvula se encontra

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estenosada. Já em casos em que a cicatrização - Dinâmica da circulação na estenose aórtica e na
torna os folhetos valvulares muito frágeis, irá regurgitação aórtica: volume efetivo do débito
ocorrer regurgitação, ou seja, refluxo de sangue. cardíaco sistólico fica reduzido
A estenoso não costuma ocorrer sem que haja um
- Hipertrofia do ventrículo esquerdo:
grau de regurgitação
compensação em casos de estenose ou
- Outras causas de lesões valvares: defeitos regurgitação aórtica em função do aumento da
congênitos carga de trabalho ventricular
- Os sopros cardíacos são causados por lesões - Aumento do volume sanguíneo: compensação
valvares: sopros são sons anormais causados por originada pela leve diminuição inicial na pressão
anormalidades nas valvas arterial somada a reflexos circulatórios induzidos
por essa diminuição; aumenta o retorno venoso
- Sopro sistólico da estenose aórtica: grande
para o coração e o faz bombear com força
turbulência do sangue na aorta pois a sístole
adicional
envia o sangue em esguichos devido à pequena
abertura da valva; som áspero e em casos graves - As lesões valvulares aórticas podem estar
pode ser ouvido sem estetoscópio e até causar associadas a um fluxo sanguíneo coronariano
vibrações sensíveis ao toque no tórax, fenômeno inadequado: força demandada para bombear o
conhecido como “frêmito” sangue pela valva estenosada requer um aporte
muito maior de oxigênio. No entanto, as maiores
- Sopro diastólico da regurgitação aórtica: sopro
pressões sistólicas e diastólicas geradas pela
ouvido na diástole “semelhante ao vento”, de
estenose promovem uma menor eficiência na
natureza aguda e sibilante, causado pelo refluxo
circulação coronariana, dando origem, muitas
de sangue da aorta ao ventrículo esquerdo
vezes, à isquemia do miocárdio; em casos de
- Sopro sistólico da regurgitação mitral: sangue regurgitação também há diminuição no fluxo
flui do ventrículo esquerdo de volta para o átrio coronariano
esquerdo na sístole; som também “semelhante ao
- Falência eventual do ventrículo esquerdo e
vento” e que é transmitido pelo ventrículo
desenvolvimento de edema pulmonar: nos
esquerdo até o ápice
estágios iniciais da estenose ou regurgitação
- Sopro sistólico da estenose mitral: dificuldade aórtica, o aumento do trabalho do ventrículo
de passagem do sangue do átrio esquerdo para esquerdo pode impedir o surgimento de
o ventrículo esquerdo; faz com que a pressão no anormalidades significativas; na fase crítica, o
átrio esquerdo se eleve ventrículo esquerdo não consegue acompanhar a
demanda e o sangue se acumula no átrio
- Fonocardiograma do sopros valvulares:
esquerdo e nos pulmões
- Dinâmica da estenose mitral e da regurgitação
mitral: na estenose mitral, o sangue não flui
adequadamente do átrio esquerdo para o
ventrículo esquerdo; já na regurgitação, no
momento da sístole ventricular há retorno de
sangue do ventrículo esquerdo para o átrio
esquerdo
- Edema pulmonar na valvulopatia mitral:
aumentos maiores que 40mmHg na pressão
atrial esquerda podem causar acúmulo grave de
líquido nos pulmões
- Aumento do átrio esquerdo e fibrilação atrial:
aumento do átrio esquerdo leva a um aumento
na via de condução do impulso elétrico, tornando
as condições favoráveis ao surgimento de
fibrilação atrial
 Dinâmica circulatória anormal nas - Compensação na valvulopatia mitral inicial:
volume de sangue aumenta pela diminuição da
valvulopatias excreção de água e sal pelos rins, que aumenta o
retorno venoso e mantém o débito cardíaco

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relativamente adequado; o maior problema é o na pressão aórtica em relação à da artéria
surgimento de edema pulmonar pulmonar; no início da vida, o sangue sofre
recirculação pulmonar muitas vezes, resultando
- Dinâmica circulatória durante o exercício em
em um sangue mais bem oxigenado que o
pacientes com lesões valvulares: aumento do
normal. No entanto, ao decorrer do tempo, pode-
retorno venoso no exercício causa exacerbação
se apresentar cianose em decorrência de
nos sintomas das valvulopatias (ex.: edema
insuficiência cardíaca ou congestão pulmonar
pulmonar agudo) em função da redução da
(excesso de líquido nos pulmões); as reservas
reserva cardíaca causada pela valvulopatia
cardíacas e pulmonares também são diminuídas,
 Dinâmica circulatória anormal nos manifestando-se como fraquezas durante
exercício moderado ou como edema pulmonar,
defeitos cardíacos congênitos que pode culminar em morte dos 20 aos 40 anos
- Há 3 tipos principais de anomalias congênitas: - Bulha cardíaca do “sopro de maquinário”: som
estenose do canal de fluxo sanguíneo em algum característico da persistência do canal arterial
ponto do coração ou algum grande vaso que pode ser ouvido a partir dos 3 anos de idade
associado, derivação ou shunt esquerda-direita no foco pulmonar do tórax
(sangue reflui do lado esquerdo do coração ou da
aorta para o lado direito do coração ou para a - A tetralogia de Fallot é uma derivação direita-
artéria pulmonar, o que diminui o fluxo sistêmico) esquerda: maior parte do sangue aórtico está
e derivação ou shunt direita-esquerda (sangue pobremente oxigenado; o nome “tetralogia”
reflui do lado direito para o lado esquerdo do refere-se às 4 condições anormais que ocorrem
coração, impedindo fluxo pulmonar adequado) simultaneamente nessa condição – aorta saindo
do ventrículo direito (recebe sangue de ambos os
- O canal arterial aberto é uma derivação ventrículos), estenose da artéria pulmonar,
esquerda-direita: nos fetos, o sangue arterial presença de um orifício interventricular (permite
pulmonar não passa pelos pulmões (sangue é o fluxo de sangue entre os dois ventrículos) e
oxigenado na placenta), mas passa direto da hipertrofia do ventrículo direito (em função da
artéria pulmonar à aorta por meio de um canal necessidade de bombeamento do sangue para a
entre as duas – o canal arterial. Em condições aorta)
normais, o canal arterial se fecha logo após o
nascimento, mas em alguns casos ele pode
persistir, gerando a condição denominada
persistência do canal arterial

- Dinâmica circulatória anormal na tetralogia de


Fallot: sangue passa do ventrículo direito para a
aorta sem ser oxigenado; diagnóstico é feito por
pele cianótica (pele “azul”) do lactente, pressão
ventricular direita muito elevada e presença de
aumento no ventrículo direito
- Dinâmica da circulação com persistência da - Causas das anomalias congênitas: uma das
abertura do canal arterial: consequências vão se causas mais comuns é a infecção viral na mãe
tornando piores com o tempo devido ao aumento
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durante o primeiro trimestre (geralmente por  Choque causado por hipovolemia –
rubéola); alguns são hereditários
choque hemorrágico
 Hipertrofia cardíaca nas cardiopatias - Hipovolemia é redução do volume sanguíneo,
valvulares e congênitas que tem na hemorragia a causa mais comum
- Hipertrofia é um dos mecanismos mais - A hipovolemia diminui a pressão de enchimento
importantes de adaptação do coração a cargas da circulação, o que diminui o retorno venoso
aumentadas de trabalho
- Relação do volume do sangramento com o
- Efeitos prejudiciais dos estágios finais de débito cardíaco e a pressão arterial:
hipertrofia cardíaca: vasculatura coronariana não
aumenta na mesma extensão que a do músculo
cardíaco, pode resultar em isquemia e no
subsequente desenvolvimento de fibrose
cardíaca. Há também maior risco de arritmias e
fibrilação

Choque circulatório e seu tratamento


- Choque circulatório significa fluxo sanguíneo
inadequado generalizado pelo corpo, ou seja, os
tecidos do corpo começam a se deteriorar por
falta de nutrientes e oxigênio
- Compensações pelos reflexos simpáticos no
 Causas fisiológicas do choque choque – seu valor especial para a manutenção
- Choque circulatório causado pela diminuição do da pressão arterial: estímulo ao sistema
débito cardíaco: anormalidades que impedem o vasoconstritor simpático, resultando em
coração de bombear sangue adequadamente contração das arteríolas (aumento da resistência
(choque cardiogênico) ou que diminuem o periférica), contração venosa e dos reservatórios
retorno venoso (diminuição do volume sanguíneo venosos (manter o retorno venoso adequado) e
ou do tônus vascular e obstrução ao fluxo de aumento da atividade cardíaca; os reflexos
sangue) aumentam o volume de sangue que pode ser
perdido
- Choque circulatório sem diminuição do débito
cardíaco: metabolismo excessivo do corpo ou - Maior efeito dos reflexos nervosos simpáticos
casos de perfusão tecidual anormal (maior parte em manter a pressão arterial do que em manter
do débito está indo para vasos que não suprem o débito cardíaco: aumento da resistência
as necessidades teciduais) periférica contribui muito mais para a pressão
arterial; as curvas indicam a regulação da pressão
- O que acontece com a pressão arterial no
arterial em diferentes estados de hemorragia
choque circulatório? em alguns casos de choque,
a pressão arterial pode permanecer praticamente
normal devido aos sistemas de regulação; mas
em geral, a pressão vai caindo aos poucos de
acordo com a diminuição do débito cardíaco
- Deterioração tecidual é o resultado do choque
circulatório: o próprio choque produz mais
choque. Ou seja, o próprio fluxo sanguíneo
inadequado faz o coração e os vasos começarem
a se deteriorar, fazendo com que o choque se
torne ainda pior - Proteção do fluxo sanguíneo coronariano e
cerebral pelos reflexos: com uma diminuição até
- Estágios do choque: 3 estágios principais –
abaixo de 70mmHg na pressão arterial, o fluxo
estágio não progressivo (ou estágio
sanguíneo coronariano e cerebral se mantém
compensado, no qual mecanismos regulatórios
praticamente inalterado, tendo sistemas
promovem uma recuperação adequada), estágio
extremamente eficientes de regulação
progressivo (sem terapia, o choque vai ser
tornando pior) e estágio irreversível (terapias já - Choque hemorrágico progressivo e não
são ineficazes) progressivo: a hemorragia até certo nível crítico
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pode permitir que o organismo se recupere,
necessitando ou não de terapias externas. No
entanto, após esse nível crítico, o próprio choque
gera mais choque, ocorrendo então um choque
progressivo
- Choque não progressivo – choque compensado:
choque com grau menos intenso, que permite a
recuperação do sistema devido à ação
compensatória dos reflexos nervosos e outros
fatores (reflexos barorreceptores, resposta
isquêmica do sistema nervoso central,
relaxamento reverso por estresse do sistema
circulatório (contração dos vasos), aumento da
secreção de renina pelos rins com formação de
angiotensina II (constrição arteriolar e diminuição - Insuficiência vasomotora: redução do fluxo
do débito de água e sal), elevação da secreção de sanguíneo para o cérebro torna o centro
vasopressina (ADH) pela hipófise posterior, vasomotor progressivamente deprimido,
aumento da secreção de epinefrina e impedindo que os mecanismos de compensação
norepinefrina pela medula adrenal e promoção persistam
de uma maior reabsorção de água por algumas - Bloqueio de vasos muito pequenos por “sangue
partes do corpo (trato gastrointestinal) estagnado”: fluxo moroso do sangue nos
- O choque progressivo é causado por um ciclo microvasos faz com que se acumulem
vicioso de deterioração cardiovascular: metabólitos como ácido lático e ácido carbônico,
acidificando o sangue. Essa acidez acaba
resultando em pequenos coágulos, que ocluem a
passagem do sangue
- Aumento da permeabilidade capilar: a hipóxia
capilar prolongada faz com que sangue comece a
extravasar para os tecidos, diminuindo o volume
sanguíneo, diminuindo ainda mais o débito e
agravando ainda mais o choque
- Liberação de toxinas pelo tecido isquêmico:
histamina, enzimas teciduais e endotoxina
(liberada por células mortas das bactérias
intestinais)
- Depressão cardíaca causada por endotoxinas:
toxina provoca aumento do metabolismo celular,
deprimindo ainda mais o coração
- Deterioração celular generalizada: fígado é
afetado de forma especial, devido à falta de
nutrientes e acúmulo de toxinas. Além disso,
ocorre acúmulo de sódio e cloreto nas células, o
que provoca inchaço celular; a atividade
mitocondrial fica deprimida, lisossomos começam
a se romper liberando hidrolases e o
- Depressão cardíaca: diminuição do fluxo metabolismo celular de alguns nutrientes é
coronariano enfraquece o coração, reduzindo prejudicado devido à depressão na secreção de
mais ainda o débito cardíaco; deterioração hormônios; pulmões também são muito afetados
progressiva final do coração é o fator mais
importante para a progressão letal do choque - Necrose tecidual no choque grave – ocorrem
áreas focais de necrose provocada por fluxos
sanguíneos focais em diferentes órgãos: algumas
regiões recebem mais fluxo sanguíneo que
outras, diferenciando os danos recebidos por
cada uma e ocasionando padrões de lesão
puntiformes
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João Lobato – 157
- Acidose no choque: redução da disponibilidade  Choque anafilático e choque histamínico
de oxigênio faz as células metabolizarem os
nutrientes por glicólise, liberando altas - A anafilaxia por vezes reduz o débito cardíaco
quantidades de ácido lático. Além disso, há pouca e a pressão arterial de maneira drástica, uma vez
remoção de gás carbônico, ocasionando a que a histamina aumenta a capacidade vascular
formação de ácido carbônico no sangue (diminuindo o retorno venoso), dilata as arteríolas
(diminuindo a pressão arterial) e aumenta a
- Deterioração por feedback positivo dos tecidos permeabilidade capilar (ocasionando perda de
em choque e o ciclo vicioso do choque líquidos para os tecidos)
progressivo: feedback positivo consiste no
processo de o próprio choque estimular o  Choque séptico
agravamento do choque; no entanto, o
surgimento do ciclo vicioso depende de o - Infecção bacteriana amplamente disseminada
feedback negativo (mecanismos compensatórios) pelo corpo transmitida de um tecido para o outro
não conseguir superar o feedback positivo pela circulação, que causa danos extensos ao
organismo; é a segunda maior causa de morte
- Choque irreversível: apesar de terapias como por choque em ambientes hospitalares
transfusão ou transplante, o sistema circulatório
continua a se deteriorar, levando a óbito - Diferem de acordo com a bactéria causadora e
inevitável seus efeitos dependem da parte do corpo
acometida
- Depleção das reservas celulares de fosfato de
alta energia no choque irreversível: todo fosfato - Característica especiais do choque séptico:
de creatina, trifosfato, difosfato e monofosfato de febre alta, vasodilatação acentuada em todo o
adenosina já foram degradados a adenosina, que corpo, alto metabolismo corporal, estagnação do
não pode adentrar novamente às células por se sangue por aglutinação de hemácias e
transformar em ácido úrico na circulação desenvolvimento de coagulação intravascular
disseminada, que ocasiona depleção dos fatores
- Choque hipovolêmico causado pela perda de de coagulação levando a hemorragias graves
plasma: obstrução intestinal (bloqueio do fluxo
nas veias intestinais faz com que líquido flua dos - Sinais iniciais não são de choque, mas sim de
capilares para o lúmen intestinal) e queimaduras infecção bacteriana
graves provocam a diminuição do volume
sanguíneo por perda de plasma; a perda de  Fisiologia do tratamento do choque
plasma aumenta a viscosidade do sangue, - Terapia de reposição: transfusão de sangue ou
dificultando o fluxo; desidratação (perda de plasma
líquido de todos os compartimentos do corpo por
sudorese excessiva, diarreia grave ou vômito, - Tratamento farmacológico: simpatomimétricos
diurese exacerbada, ingestão inadequada de (imitam a estimulação simpática)
líquidos e eletrólitos ou deficiência na produção - Outras terapias: oxigenoterapia ou tratamento
de aldosterona) pode também levar a choque com glicocorticoides
- Choque hipovolêmico causado por trauma:
hemorragia e lesão capilar
 Parada circulatória
- Interrupção do fluxo sanguíneo que pode
 Choque neurogênico – aumento da ocorrer em função de parada cardíaca ou de
capacidade vascular fibrilação ventricular
- Aumento da capacidade vascular que torna a - Efeito da parada cardíaca sobre o cérebro:
quantidade normal de sangue insuficiente para interrupção de 5 a 8 minutos do fluxo cerebral
suprir as necessidades (diminuição da pressão podem causar sequelas neurais graves; já com
média de enchimento sistólico, reduzindo o mais de 8 minutos, a parada pode trazer
retorno venoso e causando acúmulo venoso); destruição à partes significativas do cérebro; na
perda súbita do tônus vasomotor ocasiona uma maioria das vezes, reduz-se os danos posteriores
dilatação excessiva nas veias, gerando a condição por administração de anticoagulantes para que
conhecida como choque neurogênico não sejam formados coágulos
- Causas do choque neurogênico: anestesias
gerais profundas e anestesias espinais
(depressão do centro vasomotor com inibição
dos sinais simpáticos) ou lesão cerebral

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