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Agradecimentos ......................................................... 3
Parte 1 – Finanças Pessoais ....................................... 1
Capítulo 1 – Ativos e Passivos .................................... 5
Capítulo 2 – Orçamento ............................................. 9
Capítulo 3 - Juros.................................................... 11
Capítulo 4 – Cartão de Crédito ................................. 13
Capítulo 5 - Dívidas ................................................. 17
Capítulo 6 - Reserva de emergência ......................... 27
Capítulo 7 – Seguros ................................................ 31
Capítulo 8 - Descontruindo preconceitos .................. 35
Capítulo 9 - Construindo um investidor ................... 41
Capítulo 10 - Por que investir afinal? ....................... 51
Parte 2 – Investimentos ............................................ 55
Capítulo 11 – Previdência Privada ............................ 63
Capítulo 12 - Renda Fixa ......................................... 67
Capítulo 13 - Imóveis ............................................... 99
Capítulo 14 - Fundos de Investimento Imobiliários . 111
Capítulo 15 - Ações................................................ 165
Capítulo 16 - Imposto de Renda ............................. 247
Capítulo 17 – Considerações sobre Renda Variável . 253
Capítulo 18 – Crises Econômicas ........................... 255
Capítulo 19 - Colocando em Prática ....................... 257
Epílogo .................................................................. 261
Parte 1 – Finanças Pessoais
Introdução
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em geral com o dinheiro. Acompanhava animado as
reportagens especiais na TV sobre finanças pessoais.
No ano de 2009, ao ser nomeado para um cargo
público em que receberia quase o dobro do meu
salário anterior, percebi um fenômeno estranho: as
pessoas que ganhavam mais, inclusive mais do que
eu, muitas vezes tinham uma condição financeira
ruim, possuíam dívidas e acumulavam déficits
enormes em seus orçamentos, quase sempre
gastando muito mais do que ganhavam. Comecei a
prestar mais atenção tentando buscar as causas de
tal situação, e invariavelmente a má gestão dos
recursos vinha em primeiro lugar.
O pior é que, com o tempo, a gestão dos meus
próprios recursos estava cada vez pior, ou seja, eu
estava indo pelo mesmo caminho destes meus
colegas. Quando finalmente parei para olhar o
tamanho do estrago, estava com um financiamento
de automóvel e um empréstimo consignado.
Nesta época fui convidado para uma palestra onde
o educador financeiro perguntou-me se eu possuía
um carro. Eu disse que sim, então ele perguntou
quanto eu gastava com ele. Fiquei orgulhoso de saber
dizer detalhadamente os custos. Foi então que ele me
disse: “se você investir esse valor mensalmente terá,
já descontada a inflação, 1 milhão de reais aos seus
65 anos de idade”. Aquela informação caiu como uma
bomba na minha cabeça. Com isso, decidi pesquisar
sobre a veracidade das informações e estudar o tema:
finanças pessoais.
A partir de então passei a ler um livro sobre o
assunto (finanças ou investimentos) por semana. Foi
neste momento que encontrei a coleção de livros da
“Expomoney” e a Bastter.com, onde desenvolvi mais
os meus conhecimentos e passei a lidar com o
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dinheiro de maneira mais racional e eficiente,
exatamente o que pretendo ensiná-los com este livro.
Portanto, após um longo período de estudos,
descobri que era possível plantar a tão desejada
árvore de dinheiro, mas não seria fácil nem tampouco
rápido, exigiria muito estudo, disciplina e paciência.
Neste livro tentarei passar os conhecimentos básicos
para que você plante a sua.
É essencial entender que, no início, será difícil
enxergar que financiar bens, é, essencialmente, jogar
dinheiro no lixo ou que consórcios e títulos de
capitalização são produtos bons apenas para quem
os emite. Estudo, planejamento e disciplina são
hábitos que mudarão sua percepção em relação ao
dinheiro e à sua administração.
E afinal, por que é tão importante administrar bem
os seus recursos? O princípio básico dos estudos de
economia se pauta no fato de vivermos em uma
sociedade onde há escassez, ou seja, não há recursos
suficientes para que possamos ter de tudo em grande
quantidade. Sendo assim, precisamos fazer escolhas,
dentre elas escolher entre consumo ou poupança,
entre consumir muito agora ou ter condições de
consumir algo depois, futuro e presente precisam
estar em equilíbrio. Quanto mais financeiramente
educada é a pessoa, mais eficientes e racionais
tendem a ser as suas escolhas.
Agora vamos começar nossa jornada pelo mundo
das finanças pessoais e investimentos.
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Capítulo 1 – Ativos e Passivos
“A maioria das pessoas está concentrada demais em
ganhar dinheiro. O que eles deveriam realmente focar é
na sua educação financeira”.
Robert Kiyosaki
5
Aquele que compra ativos gera renda passiva: uma
renda que não depende do trabalho diário e sim dos
estudos e de uma boa escolha de ativos, colocando
assim o dinheiro para trabalhar, gerando mais
dinheiro.
Por outro lado, aquele que compra apenas passivos
vive de contracheque em contracheque, sempre com
medo do desemprego ou de algo que reduza sua
renda, essa situação é chamada de corrida dos ratos,
pois a pessoa fica girando uma rodinha sem chegar a
lugar nenhum, exatamente como um hamster na
gaiola.
É essencial fazer aportes periódicos. O aporte é um
valor monetário que você destina aos seus
investimentos. No futuro o que vai definir se você terá
um patrimônio formado para a sua aposentadoria ou
ficará “na pindaíba”, dependendo do governo e de
parentes, são os seus aportes em ativos de valor. A
definição de valor será analisada mais à frente nos
capítulos referentes a cada classe de ativo.
É preciso equilíbrio, portanto compre ativos e
passivos. Por exemplo, tente fazer o seguinte
exercício: se quer adquirir um smartphone, compre
primeiro um lote de ações, cotas de um fundo de
investimento imobiliário ou faça um aporte no
Tesouro Direto. Busque comprar ativos sempre que
possível e pague seus passivos a vista, de preferência
com desconto.
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Resumo:
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Capítulo 2 – Orçamento
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primeira meta de todos que buscam uma vida
financeira equilibrada.
Não gaste o dinheiro que você ainda não recebeu.
Lembre-se que este dinheiro ainda não é seu. Não
gaste dinheiro com coisas que não gosta para
impressionar alguém. Não diga sim a todos os
pedidos das pessoas, especialmente para os pedidos
de dinheiro, pois um sim para os outros representa
um não para você e seus objetivos e sonhos.
Quanto ao hábito da anotação, este é necessário
apenas no início, depois de um tempo você estará
apto a tomar decisões racionais sem as anotações.
Busque, ao menos no início, separar um valor para
os investimentos assim que receber sua
remuneração, não espere sobrar, pois, antes de você
adquirir os hábitos corretos, dificilmente sobrará.
Fique atento, se você ganha uma renda acima da
média e mesmo assim não tem o hábito de poupar e
investir mensalmente algo está errado. Pegue a renda
da sua família, casal e filhos e divida pelo número de
pessoas na casa, se o número foi maior do que R$
2.000,00 você deveria estar investindo.
Com o tempo, a experiência e a formação de bons
hábitos financeiros você aprenderá a gerir seus
recursos de uma forma eficiente e adequada ao seu
estilo de vida. Este livro tentará te ajudar neste
caminho e, para tanto, precisaremos falar sobre os
juros.
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Capítulo 3 - Juros
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Essa é a diferença entre aquele que paga juros e
aquele que os recebe. O que recebe juros poderá
consumir mais com o mesmo gasto ou consumir da
mesma forma gastando menos.
A fórmula dos juros compostos é a seguinte:
M = C x (1+i)n,
onde M é o montante, C o capital inicial, i a taxa de
juros e n representa o tempo.
Perceba que o efeito do tempo no resultado da
fórmula é muito grande, pois o tempo é exponencial.
O investidor deve focar nos dois fatores que tem
condições de controlar: o capital (C) e o tempo (n). A
taxa (i) não é algo que conseguimos escolher na
grande maioria das vezes.
Para ver o poder dos juros compostos, invista o
máximo pelo máximo de tempo que conseguir!
Contanto que não deixe sua qualidade de vida em
segundo plano.
Resumindo, os juros compostos permitem uma
confiável e sistemática acumulação de riqueza ou,
como dizem: “um ferro bem tomado”. A escolha é sua.
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Capítulo 4 – Cartão de Crédito
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endividadas deve ao cartão de crédito. Os juros
médios do cartão em outubro de 2018 eram de
275,7% ao ano de acordo com o Banco Central.
A título de comparação, o retorno médio anual da
Berkshire Hathaway, empresa cujo CEO é Warren
Buffett foi de 21,6% nos últimos 50 anos, o que
permitiu ao seu maior acionista e CEO tornar-se o
terceiro homem mais rico do mundo, chegou a ser o
primeiro, por muito tempo. Veja a diferença dos juros
usados contra você e a seu favor.
O cidadão médio acredita que o cartão de crédito
serve para permitir que ele compre objetos sem ter os
recursos para isso. Essa função é uma deturpação do
cartão, que deveria ser utilizado para facilitar o seu
planejamento e não para te permitir consumir acima
do que os seus recursos permitem.
Comprar, sem ter o dinheiro para pagar, é andar
numa corda bamba sem a rede de proteção. Sendo
assim, aprenda a forma correta de utilizar o cartão.
Inicialmente vem o desejo de comprar algo. A partir
daí você precisa fazer uma análise: você tem o
dinheiro? Se não tiver, aguarde juntar os recursos.
Se tem, veja se consegue um desconto para a compra
à vista. Tem desconto? Compre a vista. Não tem
desconto? Parcele no maior número de parcelas
possível sem acréscimo.
A única exceção são os casos envolvendo a sua
saúde ou de familiares. Neste caso se o cartão puder
ajudá-lo, não importa como, siga em frente.
O cartão de crédito, se bem utilizado, pode ser um
grande aliado na organização das suas finanças, pois
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permite a você acumular pontos para trocar por
passagens aéreas ou por produtos. Manter o dinheiro
investido enquanto paga as parcelas daquele produto
em que durante a compra você não conseguiu
desconto para pagamento a vista também é uma
vantagem.
Diferente do meu amiguinho do início do capítulo
que ainda terá tempo para se educar
financeiramente, quem sabe até com este livro, você
precisa tomar uma atitude agora! Afinal, se você não
souber utilizar o cartão de crédito de maneira
inteligente acabará se enrolando com as dívidas que
são o assunto do próximo capítulo.
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Capítulo 5 - Dívidas
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grama do vizinho é sempre a mais verde”. As pessoas
consomem uma infinidade de coisas simplesmente
porque as outras pessoas de seu convívio social o
fazem.
Os americanos têm uma expressão para isso: “keep
up with the Joneses”, acompanhar os Joneses em
tradução livre. Ou seja, você quer ter os mesmos
objetos caros e eletrodomésticos modernos dos seus
vizinhos e amigos, os Joneses.
Observar os sonhos e o padrão de vida da classe
média brasileira revela muita coisa:
O primeiro sonho é possuir uma casa, afinal, como
diz o ditado: “quem casa quer casa”, não é mesmo?
Ainda que só consiga isso ficando endividado por 30
anos ou mais.
O sonho seguinte é possuir um carro. O maior e
melhor que conseguir comprar, e, de preferência,
melhor que o do vizinho. Dividido, naturalmente em
60 prestações ou mais.
Outro objetivo é viajar ao menos uma ou duas
vezes por ano (com pacotes divididos em 10 ou 12
vezes no cartão), mesmo que não goste dos lugares,
mas todo mundo já foi, você não pode deixar de ir.
Existem, também, aqueles que optam por gastar
mais de um mês do seu suado salário para comprar
um “smartphone” ou outro “gadget” mais moderno e
tecnológico (mesmo utilizando apenas os recursos
básicos).
Este é o pensamento padrão do ser humano.
Perceba que não há nada de errado em possuir um
gadget, uma casa, um carro, muito menos em viajar.
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O erro está na forma como as pessoas buscam
concretizar estes objetivos e sonhos. Na ânsia por
realizá-los, elas não analisam friamente os meios
para isso. Não fazem contas e acabam entrando em
consórcios, financiamentos ou outras linhas de
crédito e, consequentemente, comprometem grande
parte da sua renda com o pagamento de dívidas.
Além disso, frequentemente, aposentados
contraem dívidas para ajudar filhos e netos. Isso
também vale para os servidores públicos. A facilidade
para obtenção de crédito dessas pessoas atrai
familiares e “amigos” da mesma forma que o açúcar
atrai as formigas.
Em consequência, os servidores públicos são os
cidadãos mais endividados do Brasil. Apesar de
possuírem renda acima da média do brasileiro, os
gastos excessivos e a facilidade de acesso ao crédito
somados a uma confiança em relação ao emprego
culminam em endividamento.
Para se ter uma ideia, em 2018, conforme dados
divulgados pelo Banco Central, o servidor público
devia em média R$ 15.700,00 na modalidade de
empréstimo consignado, enquanto o trabalhador da
iniciativa privada devia, em média, R$ 580,00.
Empréstimo consignado é a modalidade de crédito
pessoal em que o valor das parcelas é descontado
automaticamente do contracheque ou do benefício
pago pelo INSS.
Servidor, autônomo ou empregado do setor
privado, a sociedade não deve ditar a forma como
você leva sua vida, ou gasta seu dinheiro, portanto
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tenha seus próprios objetivos, pautados nos seus
valores e nas suas vontades.
Você adquiriu este livro porque está buscando
educação financeira, mas você precisará trabalhar os
seus hábitos de consumo para conseguir poupar e
investir. De nada adianta saber apenas quais são as
modalidades de investimentos se você não
desenvolver a mentalidade adequada.
Cabe ressaltar que o motivo para o endividamento
é, muitas vezes, a visão equivocada de que caso você
não faça uma dívida não será capaz de comprar algo.
Esqueça essa mentira! Se você consegue comprar
algo financiado, você consegue comprar à vista, já
que à vista sai mais barato, pois, além de não pagar
juros, você ainda recebe os rendimentos enquanto
economiza para a compra.
As dívidas só fazem sentido em casos extremos,
como por exemplo, para a compra de medicamentos
e outros itens relacionados à saúde ou para a compra
de um bem indispensável à manutenção da sua
atividade profissional. Ainda assim, devem ser
contraídas da forma mais racional e responsável
possível.
As dívidas estão entre as maiores causadoras de
divórcios no Brasil e são uma das maiores
causadoras de depressão e suicídio no mundo.
Famílias brigam e se desfazem por dívidas.
Os grandes investidores e educadores financeiros
sempre ressaltam o quanto as dívidas são negativas,
e neste livro não poderia ser diferente. Se você deixar,
as dívidas vão te arruinar.
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O conselho mais básico quanto a isso é: jamais
faça dívidas, mas, se a dívida for inevitável, quite o
quanto antes. Os juros pagos ao fazer dívidas são
uma ótima forma de enriquecer os acionistas do
banco no qual você contratou o financiamento, mas
não você.
Sendo assim, como evitar entrar em dívidas?
Existem algumas técnicas que discutiremos agora.
A primeira delas é planejar suas compras com
antecedência. Por exemplo, se você troca de carro a
cada 5 anos, prática da maior parte dos brasileiros
que possuem automóvel, já comece a poupar para a
troca com base em uma estimativa. A desvalorização
média de um automóvel é de 10% no primeiro ano
contudo ao longo do tempo essa desvalorização vai
reduzindo, em 5 anos, um veículo que custa 50 mil
reais passaria a valer 31,9 mil reais, isso se estiver
bem conservado.
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trabalhando a seu favor e ao mesmo tempo a inflação
trabalhando contra você, utilizaremos uma taxa real
de 3,5% a.a., que é a média obtida, atualmente, em
investimentos conservadores de renda fixa.
Considerando um veículo dos mesmos 50 mil reais, o
indivíduo deverá investir, no mínimo, algo em torno
de R$ 277,07 por mês para comprar este automóvel.
Para fazer a compra da casa própria em 20 anos
existem duas possibilidades: contratar um
financiamento ou poupar enquanto paga aluguel.
Vamos analisar com números reais: consideraremos
um imóvel de 300 mil reais que têm um custo de
aluguel de R$ 900,00, realidade existente no ano de
2019 em Belo Horizonte, Minas Gerais.
O investidor deveria poupar R$ 852,00, usando
uma taxa de juros 3% acima da inflação durante 20
anos e pagar o aluguel no período para comprar a
casa. Por outro lado, o indivíduo que optasse pelo
financiamento pagaria, no mesmo período,
considerando a taxa média de financiamento do
Sistema Financeiro da Habitação, SFH, de 10,36%
a.a., realidade de 2018, e o IOF de 0,0041%, uma
parcela de R$ 3.903,00 aproximadamente, sem
considerar eventuais seguros e títulos de
capitalização empurrados pelo banco. Considerando
a Tabela Price, esse valor totalizaria R$ 936.720,00,
ou seja, 3 vezes o valor do imóvel. Aquele que optou
por investir poupou, aproximadamente 204 mil reais
e os juros fizeram o restante do serviço. Além disso,
ele pagou de aluguel algo em torno de 324 mil,
gastando no total 528 mil, 44% a menos.
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Faremos uma outra simulação, considerando que
o investidor dispusesse dos R$ 3.903,00 para
moradia. Sendo assim ele pagaria R$ 900,00 de
aluguel e pouparia R$ 3.003,00. Desta forma, os 300
mil reais seriam atingidos em 7 anos e 6 meses, sendo
que estamos considerando taxas reais de 3% a.a. O
histórico no Brasil dos últimos dez anos é de 4,5%
a.a., o que tornaria a opção de poupar ainda mais
atraente. Se conseguíssemos manter o histórico de
4,5% o tempo seria 7 anos e 2 meses.
Lembre-se que no caso do financiamento
imobiliário você terá uma dívida e será obrigado a
pagar aquela prestação quer queira quer não. Caso
não pague, poderá perder o imóvel e ficar endividado,
pois o leilão do imóvel não conseguirá,
necessariamente, quitar sua dívida. No caso da
poupança somada ao aluguel, você gastará menos,
terá flexibilidade em momentos de renda menor ou
imprevistos e após 20 anos poderá comprar sua casa
à vista pegando um imóvel mais novo ou melhor.
Caso você consiga juntar o montante num período
inferior aos 20 anos poderá comprá-lo antes.
Outro problema em assumir um financiamento
imobiliário é que este, normalmente, envolve vendas
casadas, ou seja, ao adquirir um produto você leva
outro conjuntamente. Sendo assim, ao custo da
prestação teremos de somar, no mínimo, um seguro
de vida, muito provavelmente um cartão de crédito do
banco e um título de capitalização.
Se, mesmo assim, você decidir pelo financiamento
imobiliário, pague o mais rápido possível. Mantenha
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uma reserva para emergências e todo o dinheiro extra
que receber utilize para a quitação do imóvel.
O financiamento imobiliário, apesar de arriscado,
pode dar certo, pois pagando até o final, sem
percalços, mesmo sendo a forma mais cara de
comprar, você terá um imóvel. O financiamento de
automóvel, por outro lado, devido ao alto custo e a
depreciação do bem, é apenas uma forma de
desperdiçar seus suados recursos ao pagar juros. A
única exceção é o profissional que utiliza o veículo
como ferramenta de trabalho. Evite financiamentos,
esta é a moral da história.
Sobre as viagens, planeje-se antecipadamente. Se
sabe que vai viajar em dezembro, compre as
passagens antes e junte o dinheiro que gastará nas
férias. Não parcele pacotes de viagem a perder de
vista ou pegue empréstimos para viajar.
As dívidas crescem sozinhas. Se você cuidar, mas
não resolver, voltam a crescer. Acabando com elas,
mas não fazendo a prevenção, que é a reserva de
emergência, elas voltam e podem tirar sua paz ou
mesmo te arruinar. Algo muito parecido com uma
neoplasia maligna, também conhecida como câncer.
Se já está endividado, siga os seguintes passos:
1. Faça um orçamento avaliando todas as
suas receitas e as despesas.
2. Verifique o quanto pode pagar de parcela
das dívidas.
3. Vá ao banco e negocie. Faça parcelas dentro
do montante que pode pagar.
4. Venda o que puder para quitar as dívidas.
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5. Corte as despesas supérfluas, sem acabar
com todo o lazer.
6. Mantenha apenas a reserva de emergência
e utilize todo o dinheiro que entrar na
quitação das dívidas.
Outra “fria” na qual você não deve entrar é
emprestar dinheiro para familiares e amigos. Não
peça dinheiro emprestado para ninguém, respeite o
trabalho da pessoa e os esforços dela para conquistar
esses recursos.
A única exceção, onde você pode emprestar, são os
casos que envolvem problemas de saúde. Neste caso,
avalie o quanto pode doar sem ser prejudicado e dê
para a pessoa. Pode até falar que é um empréstimo,
mas, internamente, conte como se fosse uma doação,
ou seja, não espere receber de volta.
Sob nenhuma hipótese empreste seu nome. É uma
das poucas coisas piores que emprestar dinheiro.
Pessoas perdem tudo, absolutamente todo o
patrimônio: casa, carro e até valores aplicados por
terem emprestado o nome.
Quando vierem te pedir dinheiro emprestado
indique o endereço da agência bancária ou financeira
mais próxima. Se vierem pedir seu nome emprestado
negue educadamente.
Se, por qualquer motivo, você fez um empréstimo
com amigos, colegas de trabalho ou familiares:
pague. Pague antes do combinado e mais do que o
valor combinado, assim, a pessoa terá certeza da sua
honestidade. E, sob hipótese nenhuma, se chateie
com alguém que não te emprestou dinheiro.
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A última e mais importante técnica que te auxiliará
a não entrar em dívidas ou se meter em problemas, e
a se preparar para imprevistos financeiros, é formar
e manter uma reserva de emergência, conforme
veremos no próximo capítulo.
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Capítulo 6 - Reserva de emergência
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Antes de falarmos em quantidade, valores, formas
de calcular ou mesmo onde aplicar o dinheiro, vamos
falar sobre o significado da reserva. A melhor
descrição que ouvi até hoje foi a da minha avó, Dona
Lourdes: “você precisa ter um dinheiro para caso
alguma coisa aconteça”. A definição está perfeita,
contudo poderíamos acrescentar o termo imprevista,
já que para situações previsíveis devemos nos
planejar.
O objetivo da reserva de emergência é te dar uma
cobertura para caso algo imprevisível venha a
acontecer, como por exemplo desemprego
involuntário, pagamento da franquia do seguro de
automóvel, manutenção mais cara na casa ou carro,
doenças, exames ou cirurgias que não são cobertos
pelo plano de saúde etc. Os exemplos são quase
infinitos e nem todos são ruins. A oportunidade de
comprar as passagens para a viagem dos seus sonhos
ou o ingresso do show que você tanto deseja ir pela
metade do preço são só alguns dos exemplos de
situações positivas em que a reserva de emergência
pode te ajudar a realizar um objetivo.
Pessoas racionais avaliam os riscos e tentam
atenuá-los. A função da reserva de emergência é
atenuar os riscos ligados ao dinheiro, que,
convenhamos, não são poucos. Entendido o objetivo
da reserva, fica uma importante pergunta: quanto?
Os livros trazem os mais diversos valores. Alguns
autores sugerem 3 vezes as despesas mensais,
enquanto outros sugerem 6 ou 12 meses das
despesas mensais da família. Vejam, o valor é
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baseado nas despesas e não no salário ou receitas.
Suas DESPESAS DEVEM SER MENORES DO QUE
SUAS RECEITAS, salvo em alguns momentos
específicos nos quais a reserva deverá te ajudar a
manter o equilíbrio.
Avalie sua realidade, autônomos, profissionais
liberais e pessoas com muitos dependentes precisam
de uma reserva maior, pessoas com apenas uma
fonte de renda precisam de uma reserva maior do que
aquelas com múltiplas fontes de renda. Enquanto
jovens solteiros que vivem com os pais podem se dar
ao luxo de ter uma reserva menor um pai de família
que sustenta 3 filhos não. O tamanho da sua reserva
de emergência irá variar de 6 a 12 meses de despesas.
Caso queira uma reserva maior do que os 12
meses, não há problema. O teste do travesseiro
sempre será um bom conselheiro neste caso. Na
dúvida tenha uma reserva maior pois, assim como
canja de galinha, não faz mal a ninguém.
Definido o tamanho da reserva de emergência, vem
a próxima pergunta: onde aplicar o meu dinheiro?
Não há uma resposta definitiva para esta pergunta,
mas devemos entender que todos os investimentos
são analisados sob 3 óticas: liquidez, rentabilidade e
segurança. Quando tratamos da reserva de
emergência o foco é a liquidez (facilidade de converter
um investimento em dinheiro) e a segurança,
portanto devemos, neste caso, desconsiderar a
rentabilidade. Sendo assim, não sobram tantas
opções: caderneta de poupança, fundo DI ou
Certificado de Depósito Bancário (CDB), todos em
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bancos sólidos, com liquidez imediata e, se possível,
resgate automático na conta corrente. Uma forma de
saber se um ativo serve como reserva de emergência
ou não é responder a seguinte pergunta: consigo
sacar esse dinheiro no final de semana? Sim, serve.
Não, não serve.
Alguns educadores financeiros te dirão que o
Tesouro Selic é um bom investimento para a reserva
de emergência. Isso não é uma verdade, mas também
não é algo totalmente falso. O Tesouro Selic não é
adequado para manter toda a reserva de emergência
pois, o Tesouro Direto, fica indisponível
esporadicamente, seja por questões de manutenção,
seja por instabilidades econômicas, e, além disso, sua
liquidez é D+1, trocando em miúdos, resgatou hoje,
recebe o dinheiro amanhã. Porém, caso sua reserva
seja maior do que 3 meses de despesas, você pode
optar por aplicar o que exceder os 3 meses no Tesouro
Selic. Mas lembre-se que no mínimo 3 meses de
despesas deverão estar em uma renda fixa de
altíssima liquidez no seu banco de relacionamento.
Antes de criar a sua reserva não faça outro tipo de
investimento e não compre imóvel, ou carro (a não ser
que precise para trabalhar como taxista ou motorista
de aplicativo, por exemplo).
Concluída a sua reserva de emergência, chegou a
hora de ensiná-lo a se proteger de alguns infortúnios.
Por isso, trataremos dos seguros.
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Capítulo 7 – Seguros
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Em seguida vem o seguro de casa, que é uma
excelente proteção tanto para o imóvel em que você
mora quanto para seus imóveis alugados para
terceiros. O valor do seguro custa algo em torno de
250 reais anuais e a cobertura normalmente engloba
roubo, danos elétricos, vendaval, inundação e
responsabilidade civil familiar.
O seguro de vida é ideal para aqueles que possuem
dependentes incapazes de gerar renda e que ainda
não têm um patrimônio formado, capaz de sustentar
seus entes queridos. Enquanto você forma o seu
patrimônio, o seguro de vida pode te dar mais
tranquilidade e ajudar a proteger sua família em caso
de uma fatalidade.
Outro seguro que vem se popularizando é o
educacional, onde o segurado tem algumas
mensalidades da faculdade pagas em caso de
desemprego involuntário. Este, a princípio, parece
fazer sentido apenas para aqueles que estão nos
períodos finais da faculdade, como o último ano por
exemplo, posto que, no geral, não cobrirão o curso
inteiro.
Temos também o seguro contra erros médicos,
muito popular no mundo, mas pouco conhecido no
Brasil. Ele se pauta nas seguintes premissas:
primeira, todos estão sujeitos a erros por mais
experientes e preparados que sejam e segunda, ainda
que o médico não tenha cometido um erro, o juiz pode
não entender assim, então em algumas
especialidades médicas o seguro pode ser um grande
aliado.
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No mercado são encontrados até mesmo seguros
para atletas. Os clubes contratam estes seguros para
o caso de uma contusão mais séria ou algum acidente
durante os jogos.
Os próprios atletas contratam seguros para o caso
de impossibilidade de seguirem na profissão por
problemas de saúde.
Por fim temos o seguro para aparelhos celulares ou
“smartphones”, mas estes não são recomendados
pelo Procon, pelo contrário, o consumidor é
aconselhado a não contratar devido ao elevado preço,
além das mais diversas restrições na hora de
indenizar o segurado, como por exemplo a ausência
de cobertura contra furto.
Uma coisa essencial na hora de contratar o seguro,
aliás, na vida como um todo, é não mentir. Seja
honesto, não diga que é a sua avozinha quem dirige
o carro, ou que você não usa o carro para ir trabalhar
sendo que na verdade você é um motorista de
aplicativo. A maioria dos segurados que não recebem
a indenização pelo sinistro são aqueles que mentiram
para as seguradoras.
Sinistro é o fato coberto pelo seguro, como por
exemplo batida de carro, falecimento ou incêndio no
imóvel. Por outro lado, prêmio é o valor pago pelo
segurado (você) à seguradora (Porto seguro, Alianzz,
Azul, BB Seguridade, HDI etc) em troca da cobertura
do risco.
Agora que você entendeu a importância de montar
sua reserva de emergência e de contratar os seguros
para se proteger, vamos transformá-lo em um
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investidor e para isso, começaremos desconstruindo
alguns preconceitos.
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Capítulo 8 - Descontruindo preconceitos
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inveja nas pessoas. É preciso entender o porquê de
as pessoas negligenciarem tanto a construção do
patrimônio.
O Brasil é um país onde a pobreza e a vida simples
são vistas como naturais e inerentes à realidade do
cidadão. Não a vida simples por opção, mas aquela
imposta pela falta de recursos. Isso é uma questão
cultural e, sendo assim, fugir dessa forma de pensar
não é fácil.
Possuir patrimônio, para alguns, seria motivo para
vergonha, afinal a maioria das pessoas é pobre, não
é mesmo? Por outro lado, se você conseguir superar
este preconceito, perceberá que o patrimônio te traz
uma série de possibilidades e acima de tudo liberdade
de escolha para não trabalhar com algo que não goste
ou concorde, não trabalhar todos os dias da semana,
para viajar, descansar, levar uma vida simples por
opção ou mesmo consumir mais. A liberdade
financeira proporcionada pelo patrimônio pode te
permitir ajudar familiares, desconhecidos ou amigos
que passam por alguma situação difícil, por exemplo.
Ou simplesmente não fazer nada, se preferir assim.
Vamos tratar de algumas falácias ligadas ao
dinheiro. Para quem não sabe, falácia é uma mentira
defendida com argumentos verdadeiros ou, ao
menos, bastante convincentes.
36
Falácias
37
Vai que eu morro amanhã, melhor gastar hoje – Se
você morrer, tecnicamente não faz diferença
nenhuma se gastou ou poupou. O problema é se não
morrer, como acontece com a maioria das pessoas, já
que a expectativa de vida no Brasil ultrapassa os 70
anos. O indivíduo que chega a terceira idade sem
poupança e sem recursos está fadado a depender de
familiares, de caridade ou do Estado. É difícil dizer o
que é pior.
Não tenho tempo para estudar sobre investimentos
– Existe uma ilusão de que para investir é necessário
estudar muito ou ter muito dinheiro. Sim, é
necessário algum estudo, mas nada que passe de
algumas poucas horas semanais inicialmente,
mensais e por fim, até mesmo, anuais.
Conheço um fulano que poupou, poupou e morreu
sem aproveitar a vida – Para cada um destes
indivíduos existem alguns milhares que não
pouparam e morreram na miséria ou, pior, morreram
por falta de recursos para tratar da própria saúde.
Ter muito dinheiro só atrai coisa ruim – Não ter
dinheiro nenhum atrai coisas piores como a miséria
e a fome. Dinheiro é um instrumento que pode ser
usado para o bem ou para o mal.
Minha mãe ou pai não me ensinaram – A maioria
dos pianistas, médicos, atletas profissionais e
engenheiros não são filhos de pessoas com a mesma
profissão. Se todos esperassem aprender tudo dos
pais a humanidade estaria perdida.
Meu marido ou esposa não colabora na
administração – Sente e converse com seu cônjuge.
38
Entenda os sonhos e objetivos do seu companheiro
ou companheira. Se não conseguirem construir nada
juntos é bastante provável que precisem compartilhar
a miséria na terceira idade.
Tenho filhos – Mais um motivo para poupar! Seus
filhos precisarão de ajuda para os estudos,
especializações e outras exigências cada vez maiores
do mercado de trabalho.
Não tenho filhos – Aproveite para poupar! Para você
é mais fácil nesse momento, afinal não tem gastos
obrigatórios com escola, fraldas e outros custos
ligados aos cuidados com uma criança.
Ganho pouco. Quando meu salário aumentar, eu
começo – se for esperar seu salário subir você vai
morrer e não vai juntar nada, pois quando a
remuneração aumentar você dirá que seus gastos
aumentaram mais ainda.
Ganho demais – Se você ganha muito esse é um
motivo maior ainda para poupar! Indivíduos com
salários muito altos tem mais dificuldade em
conseguir uma recolocação similar no mercado de
trabalho em caso de demissão involuntária. Pense
nisso. Aproveite seu poder de geração de renda para
aumentar seu poder de poupança.
Sou funcionário público, o meu é garantido, não
preciso poupar – Servidores já ficaram por mais de 8
anos sem reajuste tendo sua renda reduzida devido a
inflação. Recentemente presenciamos os servidores
de Minas Gerais com salários atrasados e parcelados,
servidores do Rio de Janeiro sem receber o décimo
39
terceiro e muitas outras situações não imaginadas
antes por tais profissionais. Portanto, poupe!
Sou estável – Estabilidade pode ser perdida. Mais
de uma vez regimes estatutários foram alterados em
nosso país. Além disso, países como a Grécia tiveram
de demitir servidores públicos devido ao déficit
público.
Sou autônomo – Um dos maiores motivos para
poupar é ser autônomo ou empresário dada à
incerteza de sua renda. Com um dinheiro guardado
você poderá normalizar sua renda em períodos de
queda na demanda pelos produtos e serviços da
empresa e, consequentemente, ficar menos
estressado.
Dá trabalho ter que cuidar de dinheiro – Dá mais
trabalho administrar a miséria. Com pouco estudo é
possível começar uma carteira de investimentos.
Quem tem dinheiro é infeliz – Experimente passar
fome ou não ter onde morar. O Dinheiro não traz
felicidade, mas possibilita que você não passe por
situações que tirariam a sua, como por exemplo a
falta de um medicamento para você e seus filhos.
Descontruídos estes argumentos, talvez você
consiga pensar em algum outro, ou diga: “É fácil
falar, o difícil é fazer”, mas toda jornada começa com
um primeiro passo, e no caso de acúmulo de
patrimônio e tranquilidade financeira é aderir ao
“mindset” correto, ou seja, à mentalidade adequada.
40
Capítulo 9 - Construindo um investidor
41
geral), nem usou nenhum investimento mirabolante,
mesmo assim conseguiu grandes feitos financeiros.
Por outro lado, todos temos um conhecido, amigo
ou familiar que, apesar de todas as facilidades,
recebendo heranças, negócios da família e com
profissões muito bem remuneradas, não construíram
nada, ou pior, perderam o que a família tinha. Para
estes faltaram habilidades mínimas de gestão e
educação financeira.
Então, será que é uma questão genética? Ou seja,
alguns são favorecidos e nascem com a habilidade de
administrar e outros não? Naturalmente, não. Muitos
não nascem com a habilidade de administrar seus
recursos, mas aprendem ao longo da vida, estudando
e buscando informações. Outros nascem em alguma
família com uma forte tradição de educação
financeira e boa gestão dos recursos. Pode-se dizer
que nesse caso a sorte teve um papel essencial. Por
fim, algumas pessoas nascem em situação de
extrema dificuldade e pobreza onde a preocupação
com a sobrevivência é tudo o que resta, ficando a
administração dos recursos em segundo, terceiro,
quarto ou quinto plano.
A habilidade de fazer dinheiro é a que te faz ter
mais recursos à disposição para investir ou gastar.
Os americanos, quando recebem seus salários, dizem
que estão fazendo dinheiro (making money),
enquanto os brasileiros usam o termo ganhar
dinheiro. A diferença pode parecer pouca, mas
quando você diz ganhar dinheiro é como se alguém
estivesse te fazendo um favor, seja seu chefe ou a
42
empresa onde trabalha. Essa visão desconsidera tudo
o que você fez para gerar aqueles recursos para a
empresa. Afinal, via de regra, só faz sentido para
alguém te contratar se o retorno que ela obterá com
seu trabalho for maior do que o quanto ela te paga.
Caso contrário, seria mais vantajoso ficar sem você.
Fazer dinheiro depende, principalmente, das
habilidades profissionais do indivíduo. Apesar de não
podermos desprezar a influência da sorte na carreira
dos profissionais, se você for o melhor em qualquer
profissão ou um dos melhores terá uma remuneração
acima da média. Se você tiver algum talento extra,
como por exemplo fazer artesanato, ministrar aulas
de inglês, falar em público, dirigir bem ou preparar
bolos, pode obter uma renda extra que, talvez, se
torne sua renda principal em algum momento.
De um jeito ou de outro é importante que você
busque desenvolver as duas habilidades. Alguns
terão mais facilidade em fazer dinheiro, outros em
administrar, mas todos precisam aprender essas
duas coisas e serem os melhores administradores e
profissionais que conseguirem. O caminho para
administrar melhor é a educação financeira, que se
obtém com estudo, estudo e mais estudo.
43
Ingrediente 3 – Poupança ou “savings rate”
Valor
poupado ÷
Renda Total
44
TABELA 1
45
que um que, recebendo 50 mil, poupa 5 mil, pois
manter o padrão de vida que tem um custo de 45 mil
demandará um patrimônio muito maior.
Um cálculo atuarial feito por um grande banco
brasileiro chegou a seguinte conclusão: o ideal é que
o investidor poupe, no mínimo um percentual da
renda que represente sua idade menos 10, por
exemplo:
O indivíduo que decide começar a poupar com 30
anos de idade deve poupar 20% da renda até os 60
anos, por outro lado aquele que começa aos 20
precisaria poupar apenas 10%.
O recado sobre poupança é simples: poupe o
máximo que você puder sem prejudicar sua
qualidade de vida.
46
Ingrediente 4 – Disciplina
47
um retorno real maior, o valor será maior, mas este é
o retorno médio real (histórico) da renda fixa.
Em 2020 tivemos os menores juros da história do
país, chegando a ter juros reais negativos, o que não
deve se manter no longo prazo.
Indo além, o indivíduo que investiu 250 reais ao
mês de janeiro 1995 até dezembro de 2018 em ações
do banco Itaú e reinvestiu os dividendos formou um
patrimônio de mais de 2 milhões e 125 mil reais. E
hoje recebe mais de 150 mil reais por ano na forma
de dividendos.
48
Ingrediente 5 – Paciência
50
Capítulo 10 - Por que investir afinal?
51
A cada dia existem menos trabalhadores
“contribuindo” para a previdência social e mais
aposentados. A causa é uma queda nas taxas de
natalidade somada ao crescimento na expectativa de
vida. Pessoas vivendo mais e por outro lado menos
receitas para sustentar estas pessoas.
Existe muita polêmica e discussão acerca do déficit
da previdência. Qual o seu tamanho? Como resolvê-
lo? Será culpa de má administração do governo? Dos
grandes devedores? Será uma ficção?
Não entraremos nessa discussão, pois não faz
diferença alguma para você que vai construir um
patrimônio para sustentá-lo na aposentadoria,
independentemente do governo.
Enquanto investidor você não deve contar com a
previdência pública. Conforme foi dito pelo bilionário,
investidor, Luiz Barsi Filho, “antigamente o cidadão
aposentava e aos poucos ia se tornando um
indigente, agora já se aposenta como indigente”.
Os fundos de pensão, apesar de uma iniciativa
louvável, possuem um risco alto, pois nunca se sabe
quais os interesses dos gestores. Recentemente um
grande fundo de pensão responsável pelos recursos
dos empregados de uma empresa pública quase
quebrou por investir em títulos de países em situação
complicada, incapazes de honrar seus
compromissos. A aposentadoria desses beneficiários
sofreu um duro golpe, uma queda considerável.
Melhor do que atribuir a outros a responsabilidade
pela sua aposentadoria é preparar você mesmo as
condições para uma terceira idade mais tranquila.
52
De acordo com o HSBC, em pesquisa feita sobre a
aposentadoria no mundo, 60% dos idosos esperam
que seus familiares ajudem a arcar com suas
despesas na terceira idade. No entanto, a mesma
pesquisa revela que mais de 50% dos familiares de
idosos “inativos” são auxiliados financeiramente por
estes senhores e senhoras aposentados. A conta não
fecha.
Segundo pesquisa do BID – Banco Interamericano
de Desenvolvimento, 15% dos idosos com mais de 65
anos no Brasil não possuem nenhuma fonte de
renda.
Na mesma pesquisa, 64% dos brasileiros
entrevistados revelam que nunca pouparam para a
aposentadoria. Questionados entre poupar para uma
viagem de férias ou para a aposentadoria, 49%
escolheram a viagem, enquanto 43% escolheram a
aposentadoria e 8% não souberam responder.
Ainda mais alarmante, 51% dos jovens brasileiros
disseram que nunca pensaram na aposentadoria.
Nunca pensaram nisso!
Outra pesquisa mostra que de cada 100 brasileiros
apenas 4 separam parte dos seus ganhos para os
anos finais. O índice é o mais baixo de todo o
continente americano e um dos piores do mundo. Em
levantamento de 143 países feito pelo Banco
Mundial, só 11 países estão abaixo do Brasil, como
por exemplo Níger, Somália, Iémen e Sudão.
Infelizmente esta mesma pesquisa mostra que
apenas 1% dos idosos brasileiros conseguem se
manter sem depender de familiares ou do Estado.
53
Por fim temos a pesquisa do Serviço de Proteção ao
Crédito – SPC – que revela que mesmo entre os
pertencentes a classe A, composta por pessoas com
renda acima de 20 salários-mínimos, apenas 3 em
cada 10 pessoas poupam pensando na
aposentadoria, derrubando a ideia de que o brasileiro
não poupa exclusivamente devido à baixa renda.
Cabe à geração atual mudar esta realidade. A
principal ferramenta para essa mudança, adivinhem
só, é a educação financeira.
Resumo
54
Parte 2 – Investimentos
56
preferência com ganhos expressivos. As ações, os
títulos atrelados à inflação e até mesmo imóveis e
terrenos bem localizados são os ativos de crescimento
mais conhecidos.
Por fim temos os ativos geradores de renda. Estes
ativos pagam uma renda mensal, semestral ou
mesmo anual para o investidor. Os mais conhecidos
são os imóveis alugados, os fundos de investimento
imobiliários e as ações.
Uma boa carteira de investimentos tem ativos com
os três objetivos informados, porém sempre focando
em ativos de valor.
E o que seriam ativos de valor? São aqueles que
possuem valor intrínseco: um imóvel bem localizado,
um título de renda fixa emitido por uma instituição
sólida, seja pública ou privada, fundos de
investimento imobiliários com bons imóveis e uma
boa gestão, ou a ação de uma empresa que gere
lucros e fluxos de caixa.
A grande habilidade que deve ser desenvolvida pelo
investidor é enxergar o valor nos ativos. É esse talento
que, em última instância, separa os bons investidores
dos demais.
Como dizem: é essencial saber separar o joio do
trigo, por isso observaremos alguns falsos
investimentos que são sempre oferecidos pelas mais
diversas instituições, começando por um velho
conhecido de todos nós:
O automóvel. Veículos não são investimentos,
servem para te levar de um lugar para o outro, em
alguns casos te ajudam a ter mais dinheiro já que
57
você pode transformá-los em ferramentas de
trabalho, mas não são investimentos. Você não
espera um retorno financeiro quando compra o
automóvel, espera desvalorização e gastos com
combustível, seguros e manutenção. Automóveis são
bens de consumo e só faz sentido ter um carro se ele
couber no seu orçamento.
Casa própria. A casa própria não é um
investimento, pois você não a comprou com o intuito
de vender mais caro ou obter ganhos com o aluguel
deste imóvel. Portanto a sua moradia é um bem de
consumo também.
Consórcio. Este é um dos piores falsos
investimentos, pois ao contratar um consorcio você
está pagando alguém para guardar o dinheiro para
você. Você deixa seus recursos na mão de uma
gestora e, além de não receber juros, paga uma taxa
de administração. O consórcio pode ser,
inteligentemente, substituído por um porquinho ou
algum investimento simples de renda fixa, como a
poupança.
Título de capitalização. Quase tão ruim quanto o
consórcio. Nele alguém guarda o dinheiro para você
e, em troca, você concorre a prêmios. Costuma ser
um ótimo negócio para a instituição financeira que
vende o produto, mas não para você.
COE. Este investimento, também conhecido como
“COmecei Errado”, se assemelha as antigas “bucket
shops” misturadas com títulos pré-fixados, onde você
“aposta” no desempenho de certas ações sem ter a
ação e com capital “garantido”. O COE é uma
58
combinação de ativos de renda fixa com renda
variável. Contudo o investidor não é titular nem
direta nem indiretamente dos ativos de renda
variável. A parte referente a renda fixa fica em títulos
pré-fixados de modo que caso as premissas do COE
não se realizem o investidor receba o valor que
investiu ou algo perto disso de volta. Por exemplo o
COE pode envolver as empresas Amazon e Google fica
determinado que, se as ações dessas empresas
tiverem uma valorização de X% o investidor recebe
um determinado retorno no momento em que isso
acontecer e caso não aconteça o investidor recebe
apenas a parte alocada na renda fixa, disso vem a
ideia de valores garantidos. É um ativo tipicamente
de curto prazo pautado na sorte. Péssima
combinação. Melhor comprar um bilhete de loteria.
Financiamentos. Os financiamentos não são
investimentos e sim o seu oposto, pois ao invés de
receber juros, ao fazer um financiamento, você paga.
Os únicos para os quais o financiamento pode ser
considerado, em algum momento, investimento são
as empresas onde os financiamentos são utilizados
para comprar máquinas, equipamentos ou serviços
que irão incrementar os lucros e a geração e caixa da
companhia.
Seguros resgatáveis. Outro falso investimento, os
seguros resgatáveis geram muita confusão entre os
corretores e segurados, pois a promessa é de
devolução dos recursos corrigidos, porém, apenas da
parte capitalizável dos recursos, o restante fica para
a seguradora na forma de prêmio. Esse modelo foi
59
criado pois a maior parte dos segurados não gosta de
pensar na própria morte, então ter a expectativa
receber algo no longo prazo, caso sobreviva, deixa o
segurado mais tranquilo.
E como encontrar o valor nos ativos sem ser
enganado? Vamos tratar disso no capítulo específico
de cada classe de ativos. Começando pela previdência
privada.
60
Resumo
61
62
Capítulo 11 – Previdência Privada
“Alguém está sentado na sobra hoje, porque alguém
plantou uma árvore tempos atrás.”
Warren Buffett
63
Fique atento à taxa de administração – que é um
percentual cobrado sobre o saldo dos investimentos –
e carregamento – que é um percentual sobre o valor
investido no ato do investimento. A primeira não deve
passar de 1%, enquanto a segunda não deve nem
existir. Nesse momento os grandes bancos brasileiros
já aboliram a taxa de carregamento. Talvez, no
momento em que você estiver lendo esse livro a taxa
de carregamento seja apenas história.
Além do VGBL e PGBL existem os fundos de
pensão geridos por instituições públicas e privadas
que pretendem complementar a aposentadoria de
seus funcionários. A vantagem desses fundos é o
aporte feito pela empresa normalmente na proporção
de 1 para 1, ou seja, para cada 1 real aportado pelo
funcionário a empresa ou o Estado aportam 1 real
também. Infelizmente em anos recentes
acompanhamos alguns fundos de pensão exibindo
grandes déficits em razão de decisões políticas que
prezaram pelos recursos dos investidores.
64
O grande problema por trás da terceirização dos
seus investimentos por meio de PGBL, VGBL, fundos
de pensão ou outros fundos é o risco de o gestor
cometer algum grande erro com os seus recursos.
Quando se investe em um fundo investe-se, na
verdade, na mente por trás da gestão do fundo, seja
VGBL, PGBL ou um fundo de ações. Via de regra os
gestores de fundo são remunerados por resultados de
curto prazo, sendo assim, não montarão uma carteira
pensando no longo prazo.
A dica é simples, ainda que vá investir em algum
desses produtos por qualquer motivo, não deixe de
investir em outros dos investimentos que
estudaremos a seguir, afinal ninguém cuidará melhor
do seu dinheiro do que você.
E a próxima classe de investimentos a ser estudada
é a dos ativos de renda fixa.
65
66
Capítulo 12 - Renda Fixa
“Dinheiro é apenas uma ferramenta. Ele irá levá-lo onde
quiser, mas não vai substituí-lo como motorista.”
Ayn Rand
67
De forma clara, o investidor em renda fixa é um
emprestador de dinheiros.
Taxa Selic
68
financeiras que lastreia as operações do mercado
interbancário, ou seja, transações entre bancos que
emprestam entre si para sanarem seus caixas.
Bancos não podem fechar o dia com caixa negativo.
Os bancos que têm excesso de dinheiro em caixa
ao fim de suas transações do dia emprestam este
dinheiro para bancos que fecharam o dia com falta de
dinheiro, para isso eles cobram a taxa DI.
O CDI só é disponibilizado para negociação entre
as instituições financeiras, não sendo possível a
compra destes certificados por pessoas físicas, porém
a taxa média diária do CDI é utilizada como
parâmetro para balizar a rentabilidade de fundos DI,
CDB’s, LCA’s, LCI’s, dentre outros. Discutiremos a
frente estes ativos.
Quando o gerente do banco te diz que tem a
disposição um CDB 85% não significa que o CDB vai
te trazer uma rentabilidade de 85% ao mês ou ao ano
e sim que pagará 85% da taxa média do CDI.
O CDI é utilizado para avaliar o custo do dinheiro
negociado entre os bancos no setor privado e essa
modalidade de aplicação pode render taxa prefixada
ou pós-fixada.
Para investir é necessário analisar a taxa real e não
só a nominal – presente no rótulo – conforme será
visto a seguir.
69
aquelas que podemos ver e calcular diretamente
mesmo sem nenhuma outra informação. Porém, a
taxa que realmente interessa aos investidores é a taxa
real, que representa a diferença entre a taxa nominal
e a inflação.
Para saber a taxa real precisamos de alguns dados:
a taxa nominal, a inflação e o imposto de renda.
Assim teremos a taxa real líquida.
Exemplo:
CDB pagando 110% do CDI. Quanto receberei?
Primeiro vamos consultar o CDI no sítio eletrônico
da Cetip na internet: a resposta em 02 de abril de
2019 é 6,40%.
6,40% x 110% = 7,04% a.a. – taxa nominal bruta.
Temos uma taxa nominal bruta de 7,04%, o que
não quer dizer muita coisa, dado que o que nos
interessa é a taxa real líquida.
Próximo passo é deduzir o imposto de renda.
Vamos considerar uma alíquota (i) de 20% para uma
aplicação de até um ano (181 a 360 dias).
Taxa nominal líquida = 7,04% x (1-i) = 7,04% x (1-
0,2) = 5,63%
70
1 + Taxa real = (1+0,0563)
(1+0,0389)
71
• Letras Hipotecárias (LH);
• Letras de Crédito Imobiliário (LCI);
• Letras de Crédito do Agronegócio (LCA);
• Depósitos a prazo, com ou sem emissão de
certificado RDB (Recibo de Depósito Bancário) e CDB
(Certificado de Depósito Bancário);
• Depósitos mantidos em contas não
movimentáveis por cheques destinadas ao registro e
controle do fluxo de recursos referentes à prestação
de serviços de pagamento de salários, vencimentos,
aposentadorias, pensões e similares;
• Operações compromissadas que têm como
objeto títulos emitidos após 8 de março de 2012 por
empresa ligada.
Em que prazo o FGC paga a garantia ao
credor?
Não há como o FGC estipular um prazo porque
depende de informações que são passadas pelo
Interventor ou Liquidante, conforme for o caso. “Uma
vez recebidas as informações e documentos o
pagamento se inicia entre 10 a 15 dias” – conforme
informação do FGC.
O FGC cobria em 2016 algo em torno de 1,9
trilhões de reais, contudo seu saldo é de 2% desse
valor. Aproximadamente 33,8 bilhões e reais. Em
caso de quebra de muitos bancos seria inviável a
cobertura. Um banco grande quebrando e,
provavelmente, adeus FGC.
72
Títulos Privados
Caderneta de poupança
73
0,483% ao mês – 70% de 8,5% a.a. numa base
mensal.
Este investimento, a despeito do baixo rendimento,
pode ser utilizado como reserva de emergência devido
à sua elevada liquidez. É possível realizar saques da
poupança até mesmo nos finais de semana.
O investidor somente deve se atentar para não
deixar grandes volumes de recursos na poupança,
pois mesmo que esta modalidade de investimento
seja garantida pelo FGC e tenha liquidez imediata, há
modalidades de investimentos mais rentáveis e tão
seguras quanto a poupança.
74
CDB
75
LC
LCA
LCI
76
inferior a 90 dias. Elas podem ser emitidas com ou
sem liquidez após o prazo mínimo. Naquelas com
liquidez, o investidor pode sacar a qualquer momento
passados os 90 dias. Por outro lado, nas sem liquidez,
o investidor só pode sacar o valor investido mais os
juros na data de vencimento. As letras são reguladas
pela lei 10.931/2004.
CRI e CRA
77
Os CRI’s podem ser pulverizados, um único CRI
com centenas de financiamentos imobiliários, por
exemplo, ou possuir uma única empresa devedora.
Neste último caso dizemos que é um CRI corporativo.
O investidor é remunerado através de juros que
serão pagos conforme determinado no certificado.
A maneira de avaliar a qualidade do CRI é pelo
risco de crédito. Normalmente o CRI recebe uma
classificação feito por uma agência de rating.
Os CRI’s, em geral contam com diversas garantias,
desde fundos de reserva (dinheiro), avais, fianças e
por fim a garantia real, ou seja, o imóvel que poderá
passar para o credor em caso de calote.
Normalmente estas modalidades de investimento
exigem um aporte inicial maior, acima de 100 mil
reais, sendo que muitos CRI’s e CRA’s são
direcionados para investidores qualificados (com
patrimônio acima de 1 milhão de reais) se tornando
um investimento inviável para o pequeno investidor.
O risco é mais alto, pois pode ocorrer calote do
locatário ou adquirente do imóvel e esses títulos não
são cobertos pelo FGC.
Tanto os CRI’s quanto os CRA’s são isentos de
imposto de renda para pessoas físicas.
A forma viável, para que o pequeno investidor
acesse o mercado de CRI’s e CRA’s, é a compra de
fundos de investimento imobiliários do segmento
TVM que terá um capítulo próprio neste livro.
78
Debêntures
79
b) Escritura de emissão, documento que contém
as cláusulas contratuais da emissão.
A companhia que emite a debênture normalmente
oferece algum tipo de garantia ao investidor.
Atualmente estas garantias estão divididas em:
a) Real – garantida por bens da companhia.
b) Flutuante – possui privilégio sobre o
ativo da companhia.
c) Quirografária – concorre em igualdade
com outros credores.
d) Subordinada – está acima apenas do
acionista.
e) Outras garantias acessórias.
Debêntures não são garantidas pelo FGC – Fundo
Garantidor de Crédito. Sendo assim, o cuidado ao
investir nestes ativos deve ser redobrado. Este
investimento é adequado para investidores mais
experientes e com grande familiaridade com a análise
da companhia emitente.
80
Fundos de renda fixa
81
Inicialmente é analisada a classe do fundo, no caso
Renda Fixa. Isso significa que estão excluídos do
fundo quaisquer investimentos em renda variável. O
fundo pode investir em ativos de renda fixa no Brasil
ou exterior.
Dentro do segundo nível, os fundos de renda fixa
simples são compostos, de acordo com a instrução
CVM 555/2014, da seguinte forma: 95%, no mínimo,
de seu patrimônio líquido representados por:
a) títulos da dívida pública federal;
b) títulos de renda fixa de emissão ou coobrigação
de instituições financeiras que possuam classificação
de risco atribuída pelo gestor, no mínimo, equivalente
àqueles atribuídos aos títulos da dívida pública
federal;
c) operações compromissadas lastreadas em
títulos da dívida pública federal ou em títulos de
responsabilidade, emissão ou coobrigação de
instituições autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil, desde que, na hipótese de lastro em
títulos de responsabilidade de pessoas de direito
privado, a instituição financeira contraparte do fundo
na operação possua classificação de risco atribuída
82
pelo gestor, no mínimo, equivalente àquela atribuída
aos títulos da dívida pública federal;
Os fundos indexados têm como objetivo seguir
indicadores do mercado de renda fixa, na maior parte
dos casos a Selic e a taxa DI ou CDI.
Os fundos ativos são divididos conforme o
“duration” médio dos títulos, ou seja, o vencimento
médio dos ativos:
a) Duração baixa – títulos com “duration” média
ponderada de vencimento abaixo de 21 dias,
buscando assim minimizar a oscilação dos juros
futuros.
b) Duração média – títulos com “duration” média
ponderada próxima a IRF-M – carteira fictícia
composta de títulos prefixados – medida no último
dia útil de junho de cada ano.
c) Duração Longa – títulos com “duration” média
ponderada igual ou superior à apurada no IMA-geral
– Carteira fictícia de títulos indexados à inflação que
exclui títulos indexados ao IGP-M (NTN-C) – por conta
da não emissão de novos títulos e baixa liquidez
observada no segmento no último dia útil de junho.
d) Duração Livre – o gestor pode escolher os
vencimentos que achar mais convenientes.
No terceiro nível temos:
Os fundos soberanos, que investem 100% dos
recursos em títulos públicos federais notadamente
são fundos com risco de crédito menor.
Já os fundos categorizados como grau de
investimento investem 80% ou mais dos recursos em
83
títulos públicos federais ou ativos com classificação
de risco igual ou superior à dos referidos títulos.
Quando o investidor opta por um fundo
denominado como renda fixa simples, no terceiro
nível, a única opção disponível será renda fixa
simples. Já se o investidor optar pela renda fixa de
gestão indexada, o comportamento do fundo passa a
ser atrelado ao índice de referência.
Quando escolhe um fundo denominado
investimento no exterior, as opções para o terceiro
nível são:
i) Investimento no Exterior: Fundos que investem
em ativos financeiros no exterior em parcela superior
a 40% do patrimônio líquido.
ii) Dívida Externa: Fundos que investem no
mínimo 80% de seu patrimônio líquido em títulos
representativos da dívida externa de res-
ponsabilidade da União.
Para maior aprofundamento sobre fundos, ler a
instrução 555 de 2014 da CVM e a cartilha da nova
classificação disponibilizada pela ANBIMA.
É importante frisar que fundos de renda fixa não
contam com a proteção do FGC – Fundo Garantidor
de Crédito.
84
Come-cotas
85
Títulos Públicos
86
dos títulos públicos federais, estes cupons são
semestrais.
Atualmente são disponibilizadas diretamente aos
investidores pessoa física, por meio do programa do
Tesouro Direto, as seguintes categorias de títulos:
87
Tesouro Selic
88
dos títulos pelo valor a que são negociados no
mercado, independente do seu valor intrínseco – e
pode ser sacado no dia seguinte, isto é, D+1, é uma
boa opção para quem pode precisar do dinheiro antes
do vencimento do título.
Não se deve deixar toda a sua reserva de
emergência neste título, pois, caso precise de
recursos aos sábados ou domingos, não poderá
sacar. Além disso também não é possível sacar
quando acontece a reunião do COPOM ou quando,
devido à instabilidade da economia, o mercado de
títulos é fechado. Sendo assim, pelo menos uma parte
da sua reserva de emergência deve estar em
caderneta de poupança ou outro produto de renda
fixa que possa ser sacado aos sábados e domingos.
89
Tesouro IPCA
90
O nome do título, Tesouro IPCA+, faz referência ao
fato de o título pagar a inflação medida pelo IPCA
mais uma taxa de rendimento percentual ao ano.
91
Tesouro prefixado
92
Cupons
93
inflação. Do cupom são deduzidos os impostos e
taxas de custódia e administração proporcionais.
O cupom do Tesouro Prefixado é de 10% ao ano ou
4,88% ao semestre sobre R$ 1.000,00. Este título é
recomendado, no máximo, para o pagamento das
taxas do Tesouro, dado que a data de pagamento do
cupom coincide com a data de cobrança destas taxas.
Diferente do Tesouro IPCA+, este título não é
corrigido pela inflação, ou seja, o valor a ser recebido
por unidade do título, no vencimento, é de R$
1.000,00, independentemente da inflação, além de
todos os cupons recebidos no período. Os cupons vão
perdendo valor ao longo do tempo, pois não são
corrigidos pelo IPCA, mesmo tendo sempre o mesmo
valor nominal o poder de compra do cupom será cada
vez menor.
Caso decida utilizar este título para o pagamento
das taxas, basta alocar 5% da sua carteira de títulos
públicos neste ativo.
94
Montando uma carteira de renda fixa
95
longo do tempo. Caso ele não suporte, títulos que
sofrem com a marcação a mercado não são
adequados para sua carteira.
96
chances de o investidor vender suas ações em pânico,
são menores.
Quando a pessoa decide comprar algo, ela tem
duas opções, pagar à vista ou a prazo. Ao pagar à
vista o indivíduo pode conseguir um desconto, mas
para fazê-lo ele precisa do dinheiro em mãos e, até lá,
tem de juntar este valor em algum lugar. A renda fixa
é este lugar, em parte devido a sua previsibilidade que
facilita o planejamento, em parte pela segurança.
Por exemplo, se pretender comprar um carro, faz
muito mais sentido colocar os recursos em renda fixa
do que em ações, pois, na data planejada para a
compra do veículo, essas ações podem estar em
queda e o valor ser insuficiente para a compra do
automóvel.
A regra para a compra de quaisquer bens é
simples: priorizar o Tesouro IPCA com vencimento na
data da compra e, caso este não exista, utilizar o
Tesouro Selic, pois o último não sofre marcação a
mercado.
Por fim, a renda fixa, apesar de não proporcionar
um crescimento expressivo do patrimônio, traz,
geralmente, uma remuneração acima da inflação, ou
seja, seus recursos valerão mais no futuro do que
valem hoje em termos de poder de compra. Tal
proteção é essencial na construção de patrimônio,
especialmente em um país com um histórico
inflacionário tão terrível como é o caso do Brasil.
Outros motivos podem ser encontrados para
montar uma carteira com ativos de renda fixa. Espero
que você comece a sua agora mesmo!
97
Resumo Renda Fixa
98
Capítulo 13 - Imóveis
99
para moradia é essencial que seja verificada a
qualidade de vida que aquele imóvel trará para a
pessoa e sua família. Viver em um imóvel alugado,
muitas vezes, será a escolha mais racional.
Em grandes cidades como São Paulo, Rio de
Janeiro ou Belo Horizonte, o tempo de deslocamento
entre a casa e o trabalho impacta fortemente na
qualidade de vida das pessoas. Uma forma de reduzir
esse tempo é, sempre que possível, morar próximo ao
trabalho. Algumas vezes isso é impossível, pois o
trabalho está localizado em uma região ruim da
cidade, em uma muito cara ou porque o casal
trabalha em locais distantes um do outro. Fazendo
com que a opção por morar perto do trabalho de um,
resulte em morar longe do trabalho do outro.
O que se vê com frequência são pessoas
comprando apartamentos em regiões muito distantes
de onde trabalham ou de onde gostariam de estar
simplesmente para saciar o sonho da casa própria e,
consequentemente, perdendo tempo e qualidade de
vida.
Existe no Brasil uma visão equivocada de que
pagar aluguel é “jogar dinheiro fora”. Nada mais
ingênuo, pois o aluguel dá flexibilidade ao indivíduo
permitindo que se mude sempre que necessário,
especialmente enquanto não está estabilizado
profissionalmente. Imagine o indivíduo que financie
um imóvel em Betim, na região metropolitana de Belo
Horizonte, e mude de trabalho indo trabalhar em
Sabará ou Vespasiano, cidades diametralmente
opostas na região metropolitana. Caso ele esteja
100
alugando um imóvel fica fácil entregá-lo e se mudar,
mas se tiver comprado, especialmente via
financiamento, ficará preso tendo de enfrentar horas
de trânsito diário para chegar ao trabalho. A
qualidade de vida do indivíduo será comprometida e
ele talvez passe a viver em meio ao trânsito durante,
até mesmo, 30% do seu tempo.
A opção entre alugar ou comprar (para aqueles que
tem condições de comprar sem contrair uma dívida)
é uma escolha que envolve fatores emocionais e
financeiros. Algumas pessoas não conseguem ser
felizes pagando aluguel e, se terapia não resolver, a
compra será a opção mais sensata, o que não
dispensa um planejamento. Por outro lado, aqueles
que forem pesar mais os fatores financeiros, na
maioria das vezes, decidirão pelo aluguel, que é, em
geral, mais barato.
De acordo com dados divulgados pelo Ministério da
Fazenda sobre o percentual de imóveis alugados em
relação aos imóveis ocupados, o Brasil está na 18ª
posição entre 20 países, com 16,56% (9,5 milhões de
unidades) à frente somente da Grécia (16%) e
Espanha (15%). No lado oposto, a Alemanha tem 57%
dos imóveis ocupados, alugados, a Holanda 47% e a
Áustria 46%. Ou seja, de maneira geral, em países
com economias mais sólidas, mais pessoas optam por
viver em imóveis alugados.
O ideal é que a compra do imóvel para moradia seja
precedida de muito planejamento e análise. Algumas
perguntas-chave devem ser respondidas durante a
análise:
101
1. Você pretende morar neste imóvel por muito
tempo?
2. Se tiver que viver neste local pelo resto da vida,
será feliz?
3. São de fácil acesso os comércios e serviços que
você considera essenciais, como por exemplo
academias, lojas, restaurantes, supermercados e
farmácias?
4. O acesso ao seu trabalho é fácil?
5. Você está estabilizado no trabalho e pretende
permanecer nele?
6. O tamanho do imóvel é adequado ao tamanho
atual ou pretendido da família?
Um não a qualquer uma dessas respostas já é
motivo para reavaliar a opção pela compra do imóvel.
Caso a resposta para a maioria das perguntas seja
não, o imóvel deverá ser descartado. Em caso de
negativa para as perguntas 1 ou 2, provavelmente
você ficará melhor se desistir da compra deste imóvel
para moradia.
Escolhido o imóvel, chegou a hora de planejar a
compra. Existem 3 formas mais conhecidas: o
consórcio, o financiamento ou o acúmulo do valor do
imóvel.
O consórcio é a primeira forma, nela você paga
uma parcela mensal juntamente com outros
consorciados e todo mês um ou mais consorciados
são contemplados. Seja pelo sorteio ou por terem
dado um lance – montante abatido antecipadamente
do consórcio. Esta forma depende de sorte e outros
fatores incontroláveis. Pode dar muito certo, assim
102
como pode dar muito errado. Como não devemos
contar com a sorte na hora de uma decisão tão séria
quanto a compra de um imóvel, iremos ignorar tal
opção.
A opção seguinte é o financiamento imobiliário.
Esta faz sentido apenas para alguns indivíduos,
optantes pelo regime de FGTS, que podem dar uma
entrada suficiente de modo que a prestação não
comprometa um percentual muito alto da renda e
seja possível montar um planejamento para quitação
do imóvel dentro de 10 a 12 anos, no máximo.
Existem dois sistemas distintos de financiamento
imobiliário: o SAC, ou Sistema de Amortização
Constante, e o PRICE ou SAF – Sistema de
Amortização Francês – com parcelas iguais e a
amortização crescente. Evite ao máximo fazer o
financiamento pelo sistema PRICE, pois nos dois
casos as parcelas são corrigidas por algum índice
como a TR – Taxa Referencial, porém, no sistema SAC
a parcela vai caindo com o tempo e, ao menos,
compensando esse reajuste.
Destaca-se que, apesar de você começar pagando
mais no sistema SAC, termina pagando menos,
facilitando assim a organização do orçamento ao
longo do tempo.
Além disso ao financiar você terá de pagar IOF –
Imposto sobre Operações Financeiras –, e talvez uma
TAC – Taxa de abertura de crédito – além de o banco
exigir de você um seguro da dívida para o caso de
falecimento que irá variar conforme o valor do imóvel
e a sua idade. Em alguns casos sob o pretexto de
103
reciprocidade o banco exige que o cliente contrate um
título de capitalização e até mesmo um cartão de
crédito.
A cada ano o indivíduo pode utilizar o FGTS para
reduzir o valor da prestação paga, porém, esta atitude
não é inteligente, afinal não reduz sua dívida ou os
juros pagos. O ideal é utilizar o saldo do FGTS a cada
dois anos para abater do saldo devedor, pagando as
últimas parcelas. Não financie sem um projeto para
quitação do imóvel. Aliás, de preferência, não financie
de jeito nenhum!
Perceba também que em alguns casos de
financiamentos antigos pelo SFH – Sistema
Financeiro de Habitação, após o pagamento do
financiamento sobra um saldo residual para o
tomador pagar. Este valor corresponde algumas vezes
a 40% do valor do imóvel. Tenha muito cuidado com
os financiamentos.
Por fim vamos abordar a última e mais racional
forma de aquisição do imóvel: a poupança e
consequente acúmulo do valor para a compra da
casa.
Vamos começar analisando a forma como a
simulação deve ser feita. As taxas de juros reais no
Brasil nos últimos 10 anos têm sido em média 4,5%.
Portanto, para uma projeção conservadora, o ideal é
que seja utilizada, no máximo, uma taxa de 4,0% a.a.
em sua simulação, pois o preço dos imóveis tende a
acompanhar a inflação e o poder de compra da
população com o tempo. Primeiro é preciso escolher
o imóvel e a região, vamos supor um apartamento
104
com dois quartos na Região Central de Belo Horizonte
que custa, em média, 300 mil reais. Além deste valor,
serão gastos 15% em taxas e impostos, totalizando
345 mil reais. Vamos supor que o indivíduo planeja
comprar este imóvel em 10 anos, considerando uma
taxa real, conservadora, de 3,5% a.a.
Como estamos considerando a taxa real, não
precisamos corrigir o valor do imóvel. Sendo assim, o
indivíduo deverá poupar R$ 2.412,23 por mês em um
investimento atrelado ao CDI ou à Selic. Se o seu
prazo for 20 anos esse valor cairá para R$ 1.000,68
reais.
Considerando questões relacionadas ao mercado
imobiliário e à taxa de juros, é possível que você
alcance o montante em um prazo maior ou menor,
mas não muito diferente. Então não fique muito preso
ao prazo e estabeleça aquele valor de aporte calculado
como um piso. Quando puder, aporte mais.
Outra vantagem em juntar o valor é que, com o
dinheiro, o comprador ganha poder de negociação,
podendo pedir descontos e condições diferenciadas,
além de escolher entre diversos imóveis, mesmo
aqueles não abrangidos pelo SFH.
Quando você financia o imóvel contrai uma dívida
e consequentemente uma obrigação a cumprir. Por
outro lado, quando investe, recebe juros e em caso de
imprevistos tem um recurso financeiro para te ajudar
e não uma obrigação. A pessoa que paga aluguel pode
se mudar para outro imóvel mais barato, caso
necessário, ou para um imóvel mais próximo do seu
novo trabalho.
105
A poupança visando a aquisição do imóvel, apesar
de exigir muita disciplina e planejamento, é, sem
dúvida, a forma mais racional de adquirir a casa
própria.
A próxima finalidade de compra do imóvel
estudada é a aquisição para investir almejando ganho
de capital. Quem nunca ouviu a história de um tio ou
colega de trabalho que comprou um terreno e depois
vendeu por duas ou três vezes o valor? Para investir
almejando ganho de capital o indivíduo precisa
estudar a localização do imóvel, em especial os
projetos de infraestrutura para a região como linhas
de metrô, hospitais, shopping centers dentre outros.
Além disso, deve pesquisar outros dados como
vacância na região e linhas de financiamento, pois
aquele que comprar o imóvel do investidor
dificilmente comprará a vista. Outra dica importante
é que você pode procurar a Prefeitura da cidade
escolhida e pedir para visualizar os mapas das obras
dos seus locais de interesse. Dessa maneira é possível
saber se vão construir um viaduto ou alguma outra
grande obra próxima à região.
Durante o chamado “boom” dos imóveis ocorrido
no final da primeira década do milênio, os imóveis
subiram muito de preço no Brasil e quase
ininterruptamente, por isso mesmo investidores
inexperientes e com pouquíssimo conhecimento
conseguiram ganhar bastante dinheiro utilizando
esta estratégia de compra e posterior venda dos
imóveis, mas em circunstâncias normais este
106
procedimento é mais difícil e com elevadas chances
de perdas, portanto tome cuidado.
Entre os seus amigos, ou mesmo na sua família,
deve haver alguém que possui imóveis alugados. Você
deve ter ouvido alguma história sobre um
senhorzinho que possuía uma dúzia de apartamentos
e, com isso, garantiu uma aposentadoria tranquila.
Essa forma de investir em imóveis consiste em
comprá-los com o intuito de obter renda por meio da
locação. Neste caso existe um fator que deve ser
analisado e se sobrepõe a todos os demais:
localização. Analisar a localização envolve alguns
pontos importantes, em especial a vacância e a
infraestrutura da região.
Começando pela vacância, quanto mais imóveis
vagos houver na região mais difícil será para você
alugar. Terá de colocar valores menores e terá pouca
possibilidade de escolha de inquilinos, ou seja,
precisará aceitar o que vier. Por outro lado, se a
vacância for baixa e, consequentemente, for difícil
encontrar imóveis vagos para aluguel na região, será
mais fácil alugar e você poderá ser mais exigente,
cobrando um valor maior de aluguel, por exemplo.
Prefira imóveis menores. É bem mais fácil alugar
um apartamento nos moldes quarto e sala do que um
apartamento com 3 ou 4 quartos.
Sobre a infraestrutura, verifique a presença de
transporte público, pois facilita a locação para
pessoas que trabalham em regiões distantes. A
disponibilidade de internet, luz e água são essenciais.
Relógio individual para luz, água e gás também
107
ajudam na locação e reduzem seus custos em
períodos de vacância.
Ao comprar um imóvel com a finalidade de investir,
não é adequado o uso de consórcio ou financiamento.
Financiar investimentos é operar alavancado –
usando dinheiro de terceiros e consequentemente
tendo de remunerá-los –, o que aumenta
exponencialmente os seus riscos, pois se não tiver
renda do investimento ainda assim precisará pagar a
dívida. Imagine a seguinte situação: você financia um
imóvel com o intuito de locá-lo, porém não consegue.
Agora terá de pagar condomínio, IPTU e outros custos
de um imóvel vago, além de pagar uma prestação
mensal. As chances de você se enrolar e ficar
endividado e sem sobra de caixa são muito altas.
Você pode até perder o imóvel!
Para administrar seus imóveis, contrate uma boa
imobiliária ou bom escritório de advocacia e evite,
assim, administrar diretamente e ter trabalho. O
custo de uma boa administração é irrisório em face
da grande quantidade de dor de cabeça que pode ser
evitada. A administradora, geralmente, cobrará de
você algo entre 6% e 8% do valor dos aluguéis.
Não se esqueça do imposto de renda. Quem recebe
rendimentos sem retenção na fonte acima de R$
1.998,00 em 2018 precisa pagar Carnê Leão.
Consulte estes valores atualizados na página da
internet da Receita Federal.
Se o seu inquilino tiver interesse em fazer
melhorias nos imóveis, ajude com os custos, dando
desconto no aluguel, e não crie empecilhos, pois um
108
bom inquilino que cuide do seu patrimônio é difícil de
encontrar.
Por fim, não gaste todo o aluguel que receber. Faça
uma reserva para eventuais manutenções e reformas
nos imóveis que serão necessárias quando ocorrer a
saída de um inquilino.
109
110
Capítulo 14 - Fundos de Investimento
Imobiliários
111
imóveis ou ativos financeiros ligados ao mercado
imobiliário (CRI’s, LCI’s, LIG etc).
Os fundos imobiliários, como são popularmente
conhecidos, vem se tornando uma fonte cada vez
mais importante de financiamento para o mercado
imobiliário.
Quando o investidor busca investir em fundos
imobiliários o retorno do capital investido se dá de
duas maneiras: por meio da distribuição de
resultados do Fundo (o aluguel pago por um
shopping center, ou juros de um CRI por exemplo)
ou pela venda das cotas do Fundo após uma
valorização.
O investidor iniciante se preocupa sobre o que
acontecerá ao fundo em caso de falência do
administrador, contudo o patrimônio de um Fundo
de Investimento Imobiliário, composto por imóveis,
CRI’s, LCI’s ou outros ativos admitidos não se
confunde com o do Administrador. São patrimônios
separados. Sendo assim, ainda que ocorra a
falência do Administrador seu fundo não poderá
ser executado para pagar as obrigações contraídas
pela Administradora. Quando isso acontece é
convocada uma reunião de cotistas onde é eleito
um novo administrador ou decidida a liquidação do
fundo (venda de todos os ativos com pagamento aos
cotistas).
112
Não existe um valor mínimo para este tipo de
investimento, variando de acordo com o preço das
cotas no mercado secundário – mercado em que os
investidores compram e vendem as cotas de fundos
e ações negociando entre si. Atualmente existem
cotas vendidas a menos de 4 reais e cotas por mais
de 3.000 reais. O valor mais comum é o de 100
reais, sendo que, os FII’s mais líquidos costumam
ser os negociados nessa faixa de preço. Isso torna
o investimento em fundos imobiliários um dos mais
democráticos e acessíveis do mercado financeiro,
pois o investidor não precisa ter um alto valor para
o aporte.
Os FII’s são uma excelente porta de entrada para
a renda variável, pois apresentam uma volatilidade
– variação dos preços – menor do que as ações.
Por serem fundos fechados, o gestor não precisa
vender os imóveis ou liquidar quaisquer ativos para
que os investidores possam resgatar seus recursos.
A forma de resgate é a venda das cotas na bolsa.
A maioria dos fundos não tem prazo de duração,
ou seja, tem por objetivo explorar o imóvel ou os
imóveis alvo por tempo indefinido, mas alguns tem
prazo definido. Neste último caso o fundo pretende
construir ou comprar alguns imóveis e
posteriormente vendê-los obtendo lucro e
devolvendo o valor aos cotistas. O maior risco
113
nesses fundos é comprar no momento errado e
receber de volta menos do que investiu.
115
contra a emissão e contra a retenção e o resultado
foi simples. O inquilino saiu do imóvel devido a falta
da reforma e os aluguéis que antes seriam
reduzidos por tempo determinado, com o intuito de
reformar o imóvel, desapareceram. E a saída de um
inquilino é, quase sempre, negativa para o fundo e
neste caso específico o impacto não foi nada
positivo.
Se o imóvel fosse seu você poderia decidir
sozinho entre reformar ou não e arcar com as
consequências da sua escolha.
É importante destacar a diferença entre a
tipologia imobiliária dos imóveis alvo do investidor
individual e daqueles detidos por FII’s. Quando se
investe em imóveis físicos normalmente são
comprados apartamentos compostos por um ou
dois quartos, sala, cozinha e banheiro para aluguel
ou então pequenas salas comerciais. Por outro
lado, quem investe em fundos imobiliários compra
frações de shoppings, galpões industriais e
logísticos, lajes comerciais, agências bancárias,
faculdades e hospitais. Esses imóveis têm
características distintas.
Imóveis e FII’s não são investimentos
excludentes e sim complementares. Você pode
investir em um, nos dois, ou mesmo em nenhum
116
deles, caso não goste das características dos
investimentos.
117
Subdivisões – como estão agrupados os FII’s
Segmento
118
Normalmente as salas não são previamente
subdivididas, dando assim ao locatário a liberdade
para organizar o layout da forma mais conveniente.
O segmento Shoppings engloba fundos que
detém shoppings centers como o Shopping Pátio
Higienópolis em São Paulo, o Grand Plaza em São
Bernardo do Campo, o Parque Dom Pedro em
Campinas ou o Maceió Shopping, situado na cidade
homônima. Os fundos adquirem os shoppings,
integral ou parcialmente, recebem os aluguéis e
receitas de estacionamento, pagam as despesas e
distribuem, no mínimo, 95% do resultado líquido
semestralmente aos cotistas. Algo interessante em
relação aos fundos de Shopping é que o cotista
ganha parte das vendas. Como assim? Simples,
quando uma loja é alugada, o shopping e
consequentemente o FII recebe um aluguel mínimo
e um percentual sobre as vendas. Por isso, as
vendas de dezembro, apuradas em janeiro, levam a
um aumento da renda, que é paga em fevereiro.
Apesar da crise pela qual o país passa, as vendas
do setor shoppings cresceram 6,2% em 2017. Ao
final de 2017 o Brasil contava com 571 shoppings
situados em 212 cidades e com um faturamento
anual de 167,7 bilhões de reais, conforme dados da
Associação Brasileira de Shoppings Centers –
ABRASCE.
119
Atualmente estão listados apenas poucos fundos
que locam imóvel para hospital. Destacam-se pela
liquidez o Hospital da Criança e o Hospital Nossa
Senhora de Lourdes. Os dois estão localizados em
São Paulo. São inquilinos que têm uma tendência
menor de se mudar devido a estrutura por trás de
um hospital. Atenção, pois a lei do inquilinato traz
proteção especial a inquilinos como faculdades,
creches, hospitais e asilos. Em uma disputa
judicial o fundo sai em desvantagem.
Agências bancárias. Com longos contratos, estes
FII’s se destacam por ter inquilinos muito sólidos e
que dificilmente se mudam. Talvez nesse aspecto
só percam para os hospitais e shoppings. Os mais
famosos alugam para Banco do Brasil, Caixa
Econômica Federal ou Santander. Uma curiosidade
é que o fundo com maior número de imóveis é o BB
Progressivo II, ou BBPO, que possui agências e
prédios administrativos locados para o BB em todo
o país.
Fundos de agências normalmente possuem
contratos atípicos, que serão detalhados adiante, e
longos, o que impede que o inquilino saia
antecipadamente sem pagar uma pesada multa,
normalmente correspondente a totalidade do
aluguel restante. Porém, após o fim destes
contratos, o valor do aluguel pode estar descolado
120
do preço do m² na região e o cotista pode ter a
surpresa infeliz de ver os seus rendimentos caírem
por uma renegociação do valor dos aluguéis. Esses
fundos, atualmente, vêm passando por
transformações e se tornando fundos de varejo.
O segmento de lojas de varejo vem ganhando
importância no mercado de fundos de investimento
imobiliário. São lojas de rua locadas para empresas
como as Lojs Americanas, C&A Sam’s Club dentre
outros. Nesse segmento destacam-se os FII’s RBVA
– Rio Bravo Renda Varejo, MAXR – Max Retail e
HGRU – CSHG Renda Urbana.
Educacional. São FII’s que alugam o imóvel para
instituições de ensino, segmento que conta com
poucos fundos, todos alugando imóveis para
universidades. A vantagem é a dificuldade e alto
custo para uma escola ou faculdade se mudar. A
desvantagem é a dificuldade em arrumar um
inquilino caso a desocupação ocorra e a proteção
que a lei do inquilinato traz para esses locatários.
Com prazos maiores para a desocupação do imóvel
e maior burocracia para o despejo do inquilino
devido a função social que este exerce.
Logística. O segmento é composto por fundos
que alugam grandes galpões, algumas vezes
industriais, outras para armazenamento de
produtos. Atualmente este segmento conta com o
121
maior número de FII’s depois do segmento de lajes
corporativas. É um setor com ciclos mais
acentuados e que frequentemente passa por
períodos de maior vacância. Por outro tem, com
maior frequência, contratos atípicos com longa
duração.
FII’s do segmento residencial constroem imóveis
para vender ou alugar. Atualmente não existe
nenhum fundo que construa imóveis residenciais
para locação sendo negociado na bolsa. Como
exemplo de fundos que constroem imóveis para
venda temos o Kinea II Real Estate Equity (KNRE)
e o RB Capital Desenvolvimento Residencial II
(RBDS). Tais fundos costumam ter distribuições
mais irregulares, pois precisam construir os
imóveis e vendê-los.
TVM, ou Títulos e Valores Mobiliários, também
conhecidos como fundos de papel, são fundos que
investem em ativos mobiliários ligados ao mercado
imobiliário, renda fixa, notadamente LCI’s e CRI’s.
Dentro desses temos também os fundos de fundos,
que são uma forma de o investidor pagar alguém
para que selecione e compre os fundos para ele.
Nesse caso compra-se a mente do investidor e a sua
capacidade de escolha. Mesmo dentro dos FII’s de
papel existem aqueles que concentram seus
investimentos em títulos prefixados, outros em pós
122
fixados atrelados a algum índice de inflação ou ao
CDI. O risco destes fundos é basicamente o risco
de crédito, ou seja, o risco do emissor do CRI ou
LCI não pagar a dívida. Podem ser uma opção para
diversificar e se proteger dos momentos de crise e
alta vacância do mercado imobiliário, pois seus
rendimentos tendem a ter uma variação menor,
mas também uma tendência de estagnação e não
crescimento, como os demais fundos (de “tijolos”).
O fundo de papel, como é popularmente conhecido,
dificilmente será o FII com o melhor desempenho
da sua carteira ou o com o pior desempenho.
Híbridos possuem imóveis e/ou aplicações em
mais de um tipo de segmento. Por exemplo, temos
o Kinea Renda Imobiliária, cujo código de
negociação é KNRI11, que possui imóveis logísticos
e lajes corporativas em São Paulo, Rio de Janeiro e
Minas Gerais. Outros exemplos são o ALZR11 e o
JSRE11.
Qualquer coisa, desde que seguindo as regras
para que seja considerado um FII, pode entrar no
segmento denominado “Outros”. O ideal é ficar
longe ou estudar muito antes de entrar e entender
bem o FII classificado como outro, o que ele faz, de
onde vem as receitas etc.
123
Mandato
124
Gestão
126
Rendimentos e Tributação
127
Riscos dos FII’s
129
reduzir esse risco, dê preferência aos FII’s com
maior liquidez.
Hoje os FII’s mais líquidos possuem liquidez
maior do que muitas empresas de capital aberto.
Despesas podem ser cobradas. Diferentemente
das ações, de acordo com a CVM os Fundos de
Investimento Imobiliário podem cobrar dos cotistas
suas despesas caso o fundo apresente prejuízos
desde que conste esta hipótese no regulamento do
fundo. Ex.: um edifício vazio pertencente a um
fundo mono imóvel e cujo caixa já acabou e que,
portanto, precise arcar com os custos de
condomínio, luz e água. Outra situação onde a
chamada de capital é possível é quando o fundo
apresenta passivo a descoberto (patrimônio líquido
negativo), ou seja, todos os bens do fundo não são
capazes de saldar suas obrigações. Na prática isso
nunca aconteceu. O que os gestores fazem é: lançar
uma nova emissão de cotas para levantar recursos
com o intuito pagar as despesas. Vejamos o que diz
o art. 13 Lei 8.668/93:
“Lei 8.668/93
Art. 13. O titular das quotas do Fundo de Investimento
Imobiliário:
...
II - não responde pessoalmente por qualquer obrigação
legal ou contratual, relativamente aos imóveis e
empreendimentos integrantes do fundo ou da
130
administradora, salvo quanto à obrigação de
pagamento do valor integral das quotas subscritas.”
131
imobiliários. Como por exemplo o fundo Vinci
Shopping Centers (VISC11) que fez tal captação
para adquirir participação em shopping center.
134
Contratos de aluguel: típico x atípico
136
poder de barganha do inquilino. Isso levaria a uma
redução do rendimento recebido pelo cotista. No
caso da desconexão para menos, o risco seria o
custo de oportunidade, pois o fundo pode estar
alugando por um determinado valor um imóvel que
no mercado está sendo alugado por um valor maior
devido à grande demanda por imóveis na região.
137
Indicadores para investir em FII’s
138
vencimento mais longo, aqui será utilizada uma
média, e os rendimentos pagos pelos fundos
imobiliários.
Essa comparação é feita através do “Current
yield”. O “Current yield” da NTN-B é obtido
calculando-se o valor dos cupons anuais dividido
pelo preço unitário (PU) do título. Este valor varia
devido a mudanças no P.U. e no VNA do título.
Sendo assim, a média é de 3,75% a.a. (março de
2019) já líquido de I.R. Este cupom é corrigido pelo
IPCA de maneira similar ao rendimento dos FII’s,
portanto, seguindo essa lógica, não faz sentido
comprar um FII com um “current yield” igual ou
inferior a 3,75%, afinal esse seria o cupom livre de
risco. O ideal, para quem pretende utilizar esta
métrica, é que receba um prêmio de risco. É preciso
reforçar que nenhum indicador isolado serve como
base para a tomada de decisão do investidor.
Outra comparação usual é a feita com o retorno
obtido pela locação de imóveis. Imagine que você
tenha um apartamento cujo valor de mercado seja
300 mil reais e receba por sua locação um aluguel
de 1.500 reais. O “current yield” seria 1.500 x 12 /
300.000 = 6% a.a., no entanto seria necessário
descontar alíquota de imposto de renda. Será
utilizada a média simples das alíquotas que vão de
139
0% até 27,5% que resulta em 14,5%. Neste caso o
“current yield” líquido de I.R. seria 5,1% a.a.
Atualmente o “current yield” dos FII’s varia entre
0% a.a. e mais de 12% a.a. em média algo em torno
de 6% a.a. É preciso ressaltar que não existe uma
relação direta do tipo: quanto maior o “yield”
melhor o FII.
O segundo indicador é o FFO (“funds from
operation”) que pega o rendimento líquido e subtrai
ganhos com venda de imóveis, ou FFO ajustado
onde são considerados outras receitas não
recorrentes. Distribuições acima do FFO não são
sustentáveis no longo prazo.
O terceiro indicador a ser estudado é o P/VPA –
Preço sobre Valor Patrimonial – que analisa o preço
do fundo negociado em bolsa em relação ao seu
patrimônio. Ele pode ser um sinalizador de
problema no caso de fundos que estão cotados
muito abaixo de seu valor patrimonial. Esse
indicador, apesar de melhor que o anterior, tem
alguns problemas.
O primeiro problema é que o valor de avaliação
dos imóveis é feito, via de regra, uma vez ao ano,
enquanto o mercado de imóveis não fica estável
durante todo o período, fazendo com que esse valor
possa se distorcer em função do tempo. Outra
forma de calcular é utilizando o fluxo de caixa
140
descontado, mas este depende das condições do
mercado imobiliário e da economia, que,
especificamente no Brasil, mudam muito.
Outro problema com o P/VPA é a falta de liquidez
dos imóveis. Imagine a dificuldade que é vender um
hospital. De maneira geral, lajes corporativas tem
mais liquidez do que estruturas logísticas,
hospitais ou universidades, então, se for utilizar
esse indicador, evite aplicá-lo na análise de fundos
que detém imóveis de menor liquidez. Se não
entende muito bem quando utilizar, ignore o
P/VPA.
Outra crítica ao indicador é que no valor
patrimonial – VPA – não estão incluídos o “know
how” e a qualidade da administradora e gestora que
vem se mostrando um diferencial cada vez maior
no mercado de fundos imobiliários.
O terceiro dado importante é a vacância, que está
dividida em vacância física e vacância financeira. A
vacância física refere-se ao quanto da ABL – Área
Bruta Locável – do fundo que está vazia. Por
exemplo: um fundo com 5000 m² de ABL e 2000 m²
vagos tem uma vacância física de 40% =
2.000/5.000. Por outro lado, a vacância financeira
é quanto o fundo está recebendo em função do
quanto poderia receber caso estivesse plenamente
locado. Normalmente as duas vacâncias não são
141
correspondentes, pois, ao alugar um imóvel vago,
além de entrar uma nova receita, para-se de pagar
despesas como, por exemplo, o condomínio.
Veja que o fundo pode ser dono do imóvel inteiro,
de fração ideal do imóvel ou de parte do imóvel. O
imóvel todo dispensa explicação. Pode se dizer que
o fundo possui uma fração ideal quando o fundo
possui um percentual do imóvel que não pode ser
dividido, ou seja, ele é proprietário de 40% do
imóvel como um todo (receitas e despesas) e não
quatro andares do prédio ou 40% das lojas e vagas
de estacionamento do shopping. Por outro lado, o
fundo pode também ter alguns andares de um
edifício de lajes corporativas, como por exemplo o
FII The One, código de negociação ONEF11, que é
proprietário de 4 lajes corporativas do edifício The
One, localizado no Itaim Bibi, São Paulo. O que
acontece nos andares que não pertencem ao ONEF
não interessam aos cotistas, como a saída e
entrada de inquilinos nos demais andares.
A localização dos imóveis é outro dado muito
importante e que deve ser avaliado sempre que
possível. Para os moradores de São Paulo e Rio de
Janeiro, locais onde estão a maioria dos imóveis
dos fundos, existe a possibilidade de ir aos
edifícios. No caso dos shoppings centers é fácil
conhecer, pois você poderá entrar e ver o
142
movimento. Lembrando que uma parte
considerável da receita dos shoppings vem do
estacionamento e de parte das vendas das lojas. De
todo jeito, ainda que você more no interior do país,
poderá pesquisar sobre a localização dos imóveis
na internet com base nos relatórios gerenciais.
Outro dado interessante é o NOI que é o “Net
Operational Income”, ou Receita Líquida
Operacional. Normalmente este indicador é
apresentado nos relatórios dos FII’s de Shopping
Center. O indicador representa o resultado do
shopping após receber os aluguéis e pagar as
despesas. O NOI do fundo imobiliário é a parte do
shopping correspondente a ele.
Por fim é importante destacarmos o cap rate.
Este número representa o valor da renda gerada
pelo imóvel no ano em relação ao seu valor. Por
exemplo: um imóvel de 1 milhão com aluguel de 10
mil gera um “cap rate” de 12% =
12x10.000/1.000.000. Quando o fundo faz a
aquisição e um novo imóvel ele avalia o “cap rate”
além de outros dados como qualidade do imóvel e
do inquilino, se o caso, necessidade de reformas e
adaptações etc. O rendimento que o cotista recebe
não é o “cap rate”/número de cotas, pois antes da
distribuição é preciso subtrair as taxas.
Normalmente o fundo vai demandar “cap rates”
143
mais altos de imóveis de menor qualidade e vai
tolerar “cap rates” menores em ativos de altíssima
qualidade, mas é preciso analisar caso a caso.
Os relatórios gerenciais são, sem dúvida, a
principal ferramenta do investidor na hora de
analisar os FII’s. É recomendado que o investidor
leia, ao menos, algo entre 6 e 12 últimos relatórios
antes de comprar as cotas do fundo. Porém não se
assuste caso os dois primeiros pareçam áridos,
pois a partir do terceiro relatório gerencial do FII
você saberá separar o que é relevante do que é
simplesmente uma cópia (Ctrl C + Ctrl V) dos
relatórios anteriores.
A clareza e qualidade dos relatórios são pontos
importantes a serem analisados. Alguns gestores
produzem relatórios mensais, outros trimestrais ou
semestrais e alguns poucos usam o sistema QDNT
– Quando Dá Na Telha. Esse último normalmente
não representa uma opção tão boa de investimento.
O fundo também é obrigado pela CVM –
Comissão de Valores Mobiliários – a apresentar
demonstrações financeiras que podem colaborar
para a análise a ser feita pelo investidor, mas,
normalmente, o relatório gerencial conterá todas as
informações importantes.
Um bom complemento para os seus estudos são
o quadro e os murais de discussão da Bastter.com.
144
onde são feitas as análises e estudos de diversos
fundos de investimento imobiliário.
145
IFIX
146
Não se preocupe, é um documento pequeno e de
leitura fácil, ele resume o objetivo, as políticas, os
resultados e a distribuição de rendimentos do
fundo. Além de reportar a ocupação do fundo, saída
e entrada de inquilinos e eventuais processos ou
problemas.
O princípio básico utilizado para montar uma
carteira de investimentos é o controle dos riscos.
Aqui vale a máxima: nunca colocar todos os ovos
no mesmo cesto. Seja esse cesto o de um ativo ou
de uma classe de ativos.
Não tenha somente FII’s, ações ou renda fixa.
Faça a diversificação extraclasse de ativos. Defina
as proporções conforme a sua familiaridade,
conhecimento e afinidade com as diferentes classes
de ativos.
Uma carteira de FII’s equilibrada terá fundos de
boas gestoras ou administradoras (quando não
houver gestor) com imóveis nos mais diferentes
segmentos: shoppings, galpões, lajes corporativas
dentre outros, para se proteger dos ciclos das mais
diversas atividades econômicas. Em alguns
momentos a situação será boa para as lajes
corporativas, mas o movimento nos shoppings
cairá. Já em outros quem sofre são os galpões
industriais, mas nada muda para o setor de
universidades e assim por diante.
147
Não há um número mágico de FII’s para se ter
na carteira, mas o investidor deve estar confortável
com os ativos que possui e com o percentual
alocado em cada um deles.
Estudos acadêmicos, como o publicado pelo
Professor Arthur Vieira de Moraes indicam que
uma carteira formada por 7 a 13 fundos reduz o
risco diversificável a níveis mínimos.
Por outro lado, este autor avalia que o ideal é
fazer a si mesmo a seguinte pergunta: se um dos
seus FII’s desaparecer da noite para o dia (situação
bastante improvável) o quanto isso te abalará? Se
a resposta for muito, talvez seja melhor ampliar a
diversificação. Por outro lado, se a resposta for
nada ou um pouco, então a diversificação
provavelmente estará adequada ao seu perfil.
Inicialmente tenha um percentual pequeno em
cada fundo de investimento imobiliário, 1% ou 2%
da sua carteira total. Depois, com o tempo e a
experiência adquiridas você analisa como se sente
em relação a estes percentuais e decide se quer
modificá-los.
O conselho é: faça o teste do travesseiro. Se
conseguir dormir tranquilo com o modo como estão
alocados os seus investimentos, você estará no
caminho certo.
148
Comece estudando os FII’s mais líquidos,
àqueles onde há mais facilidade para comprar e
vender as cotas. Dê preferência aos fundos com
vários imóveis e inquilinos e nos quais nenhum
imóvel ou inquilino represente um alto percentual
da renda do fundo. São os multi-imóveis e multi-
inquilinos.
Os fundos imobiliários monoimóveis (que
possuem apenas um imóvel), por vezes,
apresentam um retorno maior, mas aí vale a
máxima, quanto maior o risco, maior o retorno.
Normalmente o fundo que possui um imóvel vive
uma dualidade, ou está ocupado e pagando
aluguéis reajustados ano após ano ou está vazio
sem render nada e queimando caixa ou precisando
de novas emissões para se manter. Portanto deixe
os monoimóveis para quando você tiver mais
experiência.
Em seguida, após separar os fundos mais
líquidos multi-imóveis e multi-inquilinos, separe os
fundos que te interessarem. Primeiro separe pelo
mandato, em seguida pelo segmento e, depois, leia
os relatórios gerenciais de cada um. No mínimo, os
6 últimos relatórios gerenciais divulgados. Vá
escolhendo aos poucos, compre 1 ou 2 fundos ao
mês, afinal a carteira não precisa ser montada de
uma vez. “Roma não foi construída em um dia”.
149
Evite fundos problemáticos que passam por
processos revisionais contrários aos interesses do
fundo, fundos com inquilinos problemáticos ou que
tem uma vacância muito elevada em relação à
região onde os imóveis se encontram.
Deixe os fundos de desenvolvimento e aqueles
com prazo de duração limitado para quando você
tiver mais experiência. Estes fundos envolvem um
risco maior e, por isso, exigem mais conhecimento
e experiência do investidor.
Verifique também se os rendimentos são
sustentáveis, ou seja, a relação entre o que o fundo
gera de caixa (dinheiro), seja pelos juros dos CRI’s
e LCI’s ou pelos aluguéis dos imóveis, já subtraído
das despesas administrativas e o que paga, na
forma de rendimentos, aos cotistas. Um erro
comum é investir em um fundo olhando apenas os
rendimentos que, muitas vezes, estão inflados, e,
quando esses rendimentos são reduzidos, se
desesperar e vender as cotas do fundo, muitas
vezes com bom gestor e composto por bons ativos
imobiliários, em pânico.
Sob nenhuma hipótese faça uma lista crescente
usando o “current yield” e compre os com valor
maior. A maior parte dos erros será cometida por
este tipo de escolha.
150
O Equívoco
151
Entenda que inquilinos e os seus negócios vão e
vem, bons imóveis ficam. Pense muito bem antes
de comprar um fundo e mais ainda antes de
vender.
A vacância se torna um problema para o fundo
se estiver acima da vacância média da região por
muito tempo, ou se chegar ao ponto de os recursos
próprios do fundo não serem suficientes para arcar
com as despesas. Fique de olho na vacância, mas
não se desespere. Diversifique.
152
Estudos de caso
153
HGLG
CSHG Logística
154
desativar uma unidade em um imóvel locado do
que em um próprio.
O Fundo CSHG Logística, código de negociação
HGLG11 é administrado e gerido pela Credit Suísse
Hedging Griffo. Este fundo, constituído em 8 de
junho de 2010, já passou por 4 emissões de cota,
estando ainda em período de alocação dos recursos
da última emissão.
O HGLG foi o primeiro FII de logística com gestão
ativa. Atualmente o fundo conta com 50.452
cotistas. A liquidez diária do fundo é em torno de
3,2 milhões de reais por dia, o que o torna um dos
FII’s mais líquidos da bolsa (fácil de comprar ou
vender).
A ABL do fundo em março de 2019 é de 270.428
m², com uma vacância física atual de 4% e uma
vacância financeira de 7,1%.
As distribuições do fundo ano a ano, por cota,
ajustadas ao desdobramento, foram as seguintes
nos últimos 5 anos:
2014 – R$ 12,39
2015 – R$ 14,69
2016 – R$ 10,44
2017 – R$ 10,44
2018 – R$ 9,72
2019 – R$ 9,09
155
CSHG Logística
20
15
10
5
0
2014 2015 2016 2017 2018 2019
156
Nos últimos 12 meses o fundo gerou um
resultado de R$ 69.204.316,00, em linha com as
distribuições.
Em relação à alocação, o fundo informou via fato
relevante que assinou compromisso de compra e
venda de um imóvel em Guarulhos, locado para
empresa de logística. “Cap rate” de
aproximadamente 11,7%. Maiores detalhes serão
fornecidos no futuro. Acompanhe os relatórios
gerenciais para se inteirar mais sobre a conclusão
do negócio. Na Bastter.com são postados todos os
relatórios gerenciais dos FII’s.
A participação do CSHG Logística no Ifix é de
3,2% a maior de um fundo de logística no momento
da publicação deste livro.
157
KNRI
Kinea Renda Imobiliária
158
O fundo possui 16 imóveis, sendo 8 edifícios
comerciais e 8 centros logísticos, com um total de
74 contratos de locação e mais de 50 inquilinos.
A vacância física é de 5,26%, enquanto a
vacância financeira é de 9,35% e 11,93% de
vacância financeira ajustada pelas carências
previstas nos novos contratos de locação.
O fundo vem sendo negociado em todos os
pregões com volume diário de 3,2 milhões de reais.
Em relação aos contratos de locação, 58,44% são
típicos contra 41,56% de contratos atípicos. 43,9%
dos contratos são reajustados pelo IGP-M e 56,1%
pelo IPCA.
A receita do fundo é proveniente da seguinte
distribuição por Estado: 52,82% SP, 20,86% MG e
26,32 RJ. Os escritórios são responsáveis por
37,5% das receitas do fundo enquanto a logística
responde por 62,5% das receitas.
A distribuição em 2018 foi de R$ 10,48 contra
um resultado R$ 10,14 por cota, sendo que os R$
0,34 distribuídos acima do resultado saíram do
caixa do fundo. O fundo distribuiu nos últimos 5
anos os seguintes valores:
2014 – R$ 10,97
2015 – R$ 11,04
2016 – R$ 11,04
2017 – R$ 11,24
159
2018 – R$ 10,48
2019 – R$ 8,88
160
ABCP
Grand Plaza Shopping
161
inaugurado em 1997 com a oferta de cotas no
mercado – IPO – em 2003.
O fundo é dono de 98,6% do Grand Plaza
Shopping que está situado na cidade de Santo
André e é considerado um dos mais importantes
shoppings centers do ABC Paulista. O fundo
também possui participação no edifício comercial
anexo. A ABL do fundo é de 69.503 m².
Em termos de liquidez, a média de negociação
diária do fundo é de 500 milhões de reais com
participação em 95% dos pregões. Um FII com
menos liquidez do que os dois analisados
anteriormente, mas ainda assim com uma liquidez
adequada para que o pequeno investidor possa
vender e comprar cotas.
A vacância atual do fundo é de 0,8% colocando-
o como um dos fundos com menor vacância do
segmento. Nos últimos 5 anos a desocupação do
fundo nunca passou de 2,6% mesmo com a crise
que afetou o varejo brasileiro.
A distribuição de rendimentos por cota, nos
últimos 5 anos, ajustada ao grupamento – situação
onde diversas cotas são transformadas em uma, no
caso em questão cada 5 cotas se tornaram uma –
das cotas, foi a seguinte:
2014: R$ 4,08
2015: R$ 4,30
162
2016: R$ 4,49
2017: R$ 4,88
2018: R$ 5,25
2019: R$ 5,76
163
Resumo – FII’s
164
Capítulo 15 - Ações
165
Naquela época, quando um investidor colocava
dinheiro na empresa dizia-se que ele estava
adquirindo partes de uma ação. No caso, a ação era
a navegação e o comércio de especiarias com a
Índia, a África e outras regiões. Esses direitos eram
negociados no mercado, similar àquele de frutas
que você vai aos domingos, e depois de concluída a
ação, os lucros obtidos eram divididos entre os
acionistas.
Hoje em dia o mercado cresceu, surgiram mais
ativos e formas diferentes de negociar. Além dos
investidores, que são aqueles que desejam parte
dos resultados obtidos pelas companhias com suas
operações, existem também os especuladores, que
almejam ter lucros com a compra e venda de ativos,
de maneira geral comprando e vendendo
posteriormente por um preço maior. Não há certo
ou errado, são formas diferentes de abordar o
mercado.
Aqueles que especulam no mercado tem baixa
probabilidade de ter sucesso. Nos Estados Unidos,
pesquisas revelaram que em torno de 1% dos
“traders” tem resultados consistentes e sucesso no
longo prazo. Os demais 99% tem perdas e desistem
dentro de até 5 anos. Outras pesquisas foram
realizadas, inclusive no Brasil, com conclusões
iguais.
166
Ser “trader” é participar de um jogo de soma
zero, onde uns ganham e outros perdem. Por outro
lado, investir é ser sócio de companhias
participando dos seus resultados. Quando a
Fleury, empresa de medicina de diagnóstico, faz
um exame de imagem e descobre uma doença,
possibilitando assim o tratamento de uma pessoa
enferma, a pessoa ganha com o diagnóstico, a
empresa ganha com o pagamento pelo exame
realizado e você ganha como acionista na medida
em que a empresa aumenta seu faturamento.
Neste livro não trataremos do viés especulativo
do mercado. O foco será na estratégia da compra
de partes das empresas para se tornar sócio e se
beneficiar com os resultados. Estes benefícios, via
de regra, provêm da geração de caixa da empresa.
A partir da geração de caixa a empresa pode: pagar
proventos, seja na forma de dividendos ou juros
sobre capital próprio, reinvestir o dinheiro na
empresa para que ela cresça ou recomprar as
ações, aumentando a participação que cada ação
representa na companhia. Normalmente as
companhias fazem as 3 coisas, só que a proporção
de cada uma delas varia conforme o momento da
empresa.
Tal estratégia é conhecida como “Buy and Hold”,
isto é, comprar e segurar. O objetivo do investidor
167
é ter a maior participação possível em boas
empresas e manter tais participações enquanto as
organizações continuarem com valor. E a definição
de valor não é trivial.
O investidor que segue a filosofia do “Buy and
Hold”, também conhecido como “Holder” deve
estudar e compreender as companhias antes de
comprá-las e, de preferência, jamais vendê-las.
O Brasil possui, aproximadamente, 340
empresas listadas em bolsa. Dentre elas: Ambev,
Arezzo, Banco do Brasil, Bombril, Bradesco, Camil,
Carrefour, Cemig, Copasa, CVC, Eletropaulo,
Fleury, Grendene, Hermes Pardini, Itaú, Lojas
Renner, Magazine Luiza, MRV, Natura, Riachuelo,
Petrobrás, Vale, Sabesp, Santander, TIM, Vivo etc.
Você provavelmente já comprou algum produto ou
utilizou os serviços de alguma dessas empresas.
Uma empresa de valor é, de maneira muito
resumida, aquela que obtém lucros, gera caixa e
tem boa governança. Enfim, tem bons
fundamentos. Nesta parte do livro nos
aprofundaremos no que são estes fundamentos.
Existe um preconceito entre os não investidores
que faz com que eles acreditem que, para investir,
é necessário ser economista, contador ou
administrador. Nada mais equivocado, pois todo o
conhecimento que você precisa para começar a
168
investir é aprendido no ensino fundamental: regra
de três simples e juros compostos.
Peter Lynch foi gestor do “Magellan Fund” com
um histórico de rentabilidade 29,2%, durante os 13
anos em que geriu o fundo. Esse retorno fez com
que ele fosse conhecido como o melhor gestor de
fundos de todos os tempos. Formado em história,
filosofia e psicologia, o famoso gestor destaca que
qualquer um pode aprender a investir.
Fique tranquilo, pois traremos os conceitos
básicos sobre o mercado de ações e aquilo que você
precisa aprender de administração, contabilidade e
economia. Serão abordados apenas os assuntos
essenciais para que o investidor faça sua análise.
169
Mercado Primário e Secundário
170
a mercado, mais do dobro do que valia a companhia
inteira na época.
Independentemente do motivo que levou a
companhia a vender suas ações na bolsa, a
abertura do capital das empresas permite ao
cidadão comum ter parte de grandes negócios, se
tornando sócio de indústrias, bancos e redes
varejistas. Algo que, sem o mercado de ações, seria
improvável ou mesmo impossível.
Quando você compra ações diretamente da
companhia, seja pela “IPO” ou por uma emissão de
ações posterior, dizemos que a compra foi realizada
no Mercado Primário.
Por outro lado, quando você negocia as ações na
bolsa – durante o pregão – que é a sessão diária de
negociação de ativos e, no momento em que este
livro é escrito, ocorre entre as 10 e as 17 horas,
você está no mercado secundário. Nele os
investidores compram e vendem as ações
negociando entre si, a empresa não participa
necessariamente deste processo. A maioria dos
negócios ocorre no mercado secundário.
Quanto maior o número de negócios diários de
um ativo no mercado secundário, maior é a sua
liquidez. E, quanto maior a liquidez das ações da
empresa melhor para o investidor, pois é mais fácil
para ele comprar ou vender ações da companhia.
171
Mercado à Vista e Fracionário
172
Ordinárias, preferenciais, “Units” e “Tag along”
174
Algumas empresas estão no nível de governança
chamado de Novo Mercado. Nesse segmento, além
de outras regras, a empresa só pode ter ações
ordinárias, deve oferecer 100% de “Tag Along” e ter
um “free float” (ações em circulação) de no mínimo
25% das ações da companhia.
175
As Perguntas
176
O setor de eletrônicos é um bom exemplo de
setor onde os consumidores buscam não apenas
preços, mas qualidade e diferenciação. Muitas
vezes o consumidor se identifica com a marca. Os
consumidores costumam ter preferências também
no setor de vestuário, como é o caso da Zara, e
alimentação, como o Burger King. Por outro lado,
os setores de metalurgia, seguros, petróleo e
agrícola são setores onde o consumidor busca,
basicamente, preços. Tanto faz comprar o petróleo
Exxon Mobil ou o da Petrobrás para produzir os
derivados. Você vai onde o preço estiver melhor.
Alguns produtos e serviços vêm sofrendo a
chamada “comoditização”. Produtos antes únicos e
diferenciados hoje concorrem apenas por preço. O
maior exemplo disso são as máquinas de cartão,
que antes eram exclusividade de um pequeno
oligopólio – grupo de empresas que controla um
serviço ou tecnologia – contudo, hoje os
consumidores têm muitas opções e, via de regra,
optam pelo menor preço. Outro exemplo é o caso
dos serviços de transporte privado, como o “taxi”,
antes exclusividade daqueles que possuíam a
autorização, hoje enfrentam a concorrência de
diversos aplicativos, onde, novamente, o que o
consumidor busca é o menor preço e não uma
experiência especial de transporte.
177
4 – Os produtos da empresa precisam ser
atualizados constantemente?
A Coca Cola mantém sua fórmula inalterada há
quase 100 anos, os calçados da Nike pouco mudam
de uma coleção para a outra, o mesmo vale para as
cervejas da Ambev ou o macarrão vendido pela M
Dias Branco. Contudo, os “smartphones”
produzidos pela Apple, Samsung ou Motorolla
precisam de constantes aprimoramentos para não
ficarem obsoletos.
5 – Caso esses produtos precisem de constante
atualização, como a empresa se sai ao atualizar
seus produtos em comparação aos concorrentes?
A Apple, a despeito da concorrência com outras
fabricantes de “Smartphones”, se destaca pela sua
tecnologia, assim como a Samsung. Outras
empresas têm dificuldades em concorrer, pois,
além de tudo, as marcas ganharam lugar no
imaginário do consumidor que se identifica com os
seus produtos.
178
Economia
180
adianta um excelente modelo de negócios mal
administrado.
O investidor em ações deve buscar analisar e
entender os negócios por trás daquele código de
negociação e não apenas papéis. Nunca esqueça
disso.
E um dos mais importantes indicadores de valor
é a governança corporativa.
181
Governança Corporativa
183
Contabilidade
184
Regime de Caixa e Regime de Competência
186
Balanço Patrimonial
187
corrente, que é o ativo circulante (direitos das
empresas com expectativa de liquidação no curto
prazo, ou seja, até 12 meses) dividido pelo passivo
circulante (obrigações para os próximos 12 meses).
Este número deve estar, sempre que possível,
acima de um, permitindo à empresa operar com
alguma folga.
Outro índice interessante que pode ser obtido é
a dívida sobre o Patrimônio Líquido – PL. Esse
índice mostra quanto a empresa deve para cada um
real de PL. Em nossas análises preferimos que esse
número esteja abaixo de 0,8, ou seja, a empresa
consegue pagar todos os seus débitos com capital
próprio caso necessário, com alguma sobra.
Caso queira se aprofundar neste assunto leia um
bom livro de introdução à contabilidade.
Segue o balanço de uma empresa real para que
você entenda:
188
O balanço mostrado é o da Grendene S.A, código
de negociação GRND3, do ano de 2018, que pode
ser encontrado na Bastter.com ou no RI da
companhia. Observamos que a empresa possui
uma liquidez corrente de 7,98 e não possui
189
endividamento líquido, pois a posição em caixa
somada às aplicações financeiras (1,5 bilhões) já é
maior do que o passivo total da companhia.
A Grendene é uma empresa conservadora que
quase não usa capital de terceiros. Outras
empresas têm características distintas e contrairão
dívidas, o que não fará delas melhores ou piores.
Você precisa analisar caso a caso, setor a setor e
empresa a empresa.
O setor de geração, transmissão e distribuição de
energia elétrica, por exemplo, costuma ser bastante
alavancado. Ou seja, para ser sócio de empresas
deste setor você precisa aceitar uma liquidez menor
e um risco um pouco mais alto. Tais empresas se
endividam, pois tem receita “garantida” pelas
concessões das quais são detentoras.
Em um momento futuro iremos nos aprofundar
nos indicadores. Não se preocupe tanto com isso
agora.
190
DRE – Demonstração de Resultados do
Exercício
191
S.A., código de negociação LREN3 que pode ser
encontrado na Bastter.com ou no RI da companhia.
192
193
Custo x Despesa
194
linha de produção e outros que a empresa tem para
produzir as peças.
Após a dedução dos custos são deduzidas as
despesas. Nelas estão os custos das vendas, como
comissões, o pagamento dos funcionários da área
administrativa, como por exemplo os do R.I. –
Relações com Investidores, o pagamento de juros
das dívidas e outras despesas como a remuneração
dos executivos.
Em seguida apresentaremos a DRE da Mahle,
encontrada no release da empresa dentro do site do
R.I. da companhia ou na Bastter.com.
195
Entender a diferença entre custo e despesas
serve para eliminar uma antiga falácia que diz que
as empresas devem sempre reduzir os custos.
Errado, os custos devem aumentar, pois mais
custos, via de regra, representam mais vendas e
assim um retorno maior para os acionistas. No
196
entanto, um aumento de custos sem um aumento
correspondente na receita pode ser um problema.
Já as despesas devem se manter ou ao menos subir
menos do que as receitas e custos, assim a empresa
terá maior lucratividade.
197
EBIT
198
EBTIDA
199
DFC – Demonstração de Fluxo de Caixa
201
1 – A empresa converte praticamente todo o
EBTIDA em Fluxo de Caixa Operacional. O que é
um dado positivo.
2 – A empresa vem gerando Fluxo de Caixa
Operacional acima do Capex em todos os anos
analisados. Outro ponto positivo.
Você pode encontrar o quadro compilado da DFC
e dos dados da DRE e do Balanço Patrimonial na
Bastter.com, tanto para as ações negociadas na
bolsa de valores brasileira e das negociadas na
NYSE – New York Stock Exchange – americana.
202
Análise Vertical e Horizontal das
Demonstrações
203
204
Dívidas das empresas
205
100 mil reais e tem em caixa 30 mil reais, a dívida
líquida, portanto será 70 mil reais.
O que o investidor busca é uma empresa com
endividamento equilibrado e isso varia conforme o
setor e a atividade da companhia. No entanto,
podemos utilizar como parâmetro a relação dívida
líquida/EBTIDA menor do que 3. E a dívida sobre
o patrimônio líquido abaixo de 0,8 o quer dizer que
as dívidas da empresa representam menos de 80%
do patrimônio líquido.
Outro indicador, menos utilizado, é a dívida
líquida/lucro líquido. Neste caso é interessante que
este número esteja abaixo de 4.
Empresas do setor elétrico tendem a ser mais
endividadas devido às longas concessões,
consideradas como “receita garantida”, que a
empresa possui e aos elevados custos de
investimento. É uma característica do setor.
Em companhias cíclicas, como as que vendem
alguma “commodity”, empresas de petróleo e
metais, as dívidas devem ser olhadas com mais
cuidado, pois um endividamento adequado na alta
do ciclo da “commodity” pode virar um pesadelo no
período de baixa. O ideal é que estas empresas,
com receitas variáveis, tenham um nível de
endividamento menor.
206
Produtividade
207
conceito e uma experiência junto dos seus
produtos.
Não se deve comparar as margens de empresas
de setores distintos. Por exemplo, não faz sentido
comparar as margens da varejista Lojas Renner
com as da Ambev, pois são empresas com
atividades totalmente diferentes.
É importante entender o setor e qual a margem
“normal” naquela atividade. Margens baixas tem a
vantagem de não atrair tanto os concorrentes,
gerando uma barreira de entrada na indústria,
afinal ninguém quer despender tempo e dinheiro
montando uma indústria do zero correndo o risco
de ganhar pouco ou pior, ter prejuízo.
Ter uma margem maior não significa que a
empresa dará um retorno maior para o acionista.
Usando como exemplo a Toyota e a Ferrari, as
margens da segunda são muito maiores, conforme
já foi explicado. Todavia ela “gira” muito menos, ou
seja, o número de carros vendidos é bem menor.
Consequentemente, a Toyota é mais lucrativa e tem
um retorno maior sobre o seu patrimônio,
agregando mais valor para o acionista.
208
Retorno sobre o patrimônio líquido – ROE ou
RPL
209
Retorno sobre o Capital Investido – ROIC
210
Dividendos
211
A consequência natural do crescimento de uma
companhia competente é o pagamento, cada vez
maior, de dividendos, pois as oportunidades de
investimento tendem a ficar mais escassas.
O DPA é utilizado também para calcular o
“Dividend Yield” da companhia que é o resultado do
DPA dividido pelo preço da ação.
Outro indicador é o “Payout” que é obtido
dividindo-se o DPA pelo LPA – lucro por ação – ou
seja, quanto dos lucros foi distribuído na forma de
dividendos. Uma empresa com elevado PY é o que
chamamos de empresa de dividendos. Se o
“Payout” da empresa for baixo, então esperaremos
mais crescimento da companhia e se for alto,
menos crescimento.
“Payouts” muito elevados podem não ser
sustentáveis no longo prazo. É preciso analisar e
entender o modelo de negócios da companhia.
Buscar entender o quanto ela precisa, de fato,
reinvestir para operar de maneira a manter suas
vantagens competitivas.
Ao analisar uma empresa não se preocupe muito
com a categoria, dividendos ou crescimento,
busque qualidade, pois empresas boas vão crescer
ou pagar dividendos a depender do momento em
que estão. Algumas crescerão e pagarão
dividendos.
212
Um erro comum, conforme explicitado
anteriormente, cometido pelo investidor iniciante é
comprar empresas olhando exclusivamente o DY
sem saber se existe geração de caixa sustentando
aqueles dividendos.
Essa estratégia é tola e leva a desastres, como
por exemplo comprar empresas extremamente
endividadas, que pegam recursos emprestados
para pagar os seus dividendos.
Os dividendos irão crescer na medida em que as
empresas crescerem e não tiverem projetos de
investimento. Nestes momentos a geração de caixa
será direcionada para remunerar os acionistas na
forma de dividendos e juros sobre capital próprio
ao invés de projetos próprios da companhia.
213
Juros sobre Capital Próprio
214
Aluguel de ações
215
Indicadores ligados ao preço
216
No início dos anos 2000 dizia-se que a Ambev
possuía um P/L muito elevado, acima de 23. De lá
para cá ela deu um retorno de mais de 1.000%,
porém o P/L continua na casa dos 23.
O ideal é que você deixe os preços de lado na
análise, ao menos inicialmente. Foque na
qualidade da empresa, da gestão e na geração de
caixa. Começar com foco em preços te levará ou a
deixar à qualidade em segundo plano ou se
estressar com os movimentos do mercado e vender
em momentos indevidos.
217
Vantagem Competitiva
219
Quando vender uma ação
221
Mãos de alface
222
Escolhendo as empresas
223
Montando a carteira de ações
224
“Benchmarks”
225
se viver após a aposentadoria. Perguntaram aos
senhores e senhoras se haviam batido o mercado,
no caso dos EUA representado pelo S&P 500.
Alguns responderam que sim, outros não, até que
um respondeu: não sei e tanto faz, o importante é
que o valor que acumulei até aqui me permitiu viver
neste local.
Invariavelmente acompanhar benchmarks vai
deixá-lo mais inseguro e fazer com que cometa
erros. Mesmo os melhores investidores passarão
períodos com desempenho abaixo do CDI ou do
ibovespa e, nessa hora, aquele que acompanha o
benchmark, tem mais chance de fraquejar.
Foque em valor, o resto é resto.
226
Estudos de caso
WEG
227
produtos e atualizando os existentes para que não
se tornem obsoletos frente aos concorrentes.
Em relação a governança alguns dados
interessantes da WEG são: está listada no novo
mercado, possuindo apenas ações ordinárias e com
35% das ações em negociação na bolsa (free float).
A vantagem competitiva da WEG é produzir
equipamentos com alto valor agregado e que
necessitam de capital intensivo. Trocando em
miúdos, não fica nada barato, e não é nada fácil,
construir uma fábrica de motores elétricos,
transformadores ou turbinas para usinas
hidrelétricas. Existem muitas patentes e outros
requisitos para a fabricação de tais bens. Além
disso, uma concorrente teria dificuldades em
conquistar os consumidores dado que uma usina
hidrelétrica não busca uma turbina avaliando
simplesmente preço.
Vamos ver a política de distribuição de
resultados da companhia.
A WEG observa aos seguintes fatores para definir
a alocação de recursos, conforme retirado do sítio
eletrônico da própria organização:
(i) Consideram-se o comportamento atual e as
perspectivas futuras dos mercados de atuação
atuais e potenciais da Companhia para
identificar as oportunidades de investimento
existentes para a Companhia;
(ii) Considera-se a necessidade de recursos para
manutenção e expansão da capacidade
228
produtiva e das estruturas de apoio para a
exploração destas oportunidades de
investimentos disponíveis para a Companhia;
(iii) Consideram-se os recursos disponíveis para
a Companhia para efetuar os investimentos
necessários, sendo tanto recursos próprios
como de terceiros, já disponíveis ou que
poderão ser, com razoável confiança, obtidos no
futuro;
(iv) Considera-se a necessidade de flexibilidade e
solidez financeira para manutenção dos
negócios e do acesso ao crédito pela
Companhia;
(v) Os recursos excedentes são distribuídos aos
acionistas como remuneração do capital, na
forma de dividendos, incluídos os Juros sobre
Capital Próprio.
229
Quadro retirado da Bastter.com
230
Quadro retirado da Bastter.com
231
Quadro retirado da Bastter.com
232
sobre setores, segmentos e áreas de atuação, não
siga quaisquer recomendações às cegas.
233
Odontoprev
234
individuais, com contratos mais curtos, mas um
ticket médio maior.
A empresa enumera como sendo suas vantagens
competitivas:
1. Líder de mercado desde os anos 90.
2. Modelo de negócios único e “asset-light”.
a. Baixa Necessidade de “Capex.”
3. Receitas pré-pagas e recorrentes.
4. Alta previsibilidade do fluxo de caixa.
5. Dívida Zero.
235
Quadro retirado da Bastter.com
236
Em 2019 a sinistralidade da ODPV foi 44,5% e o
índice combinado foi de 71,1% estáveis em relação
aos últimos anos.
237
empresa possa poder um ganho de margens e
aumentar a sua fatia de mercado (market share) ao
longo do tempo.
Gostou da Odontoprev? Não vai sair comprando,
não. Estude antes, leia a página da ação na
Bastter.com e também a página do R.I. – relação
com investidores – da companhia. Procure
entender bem o modelo de negócios antes de
investir.
238
Eternit
239
Quadro retirado da Bastter.com
240
Quadro retirado da Bastter.com
242
Resumo sobre Ações
243
ETF
244
Outro ETF de renda fixa é o da “Mirae Asset
Global Investments”, mas este é lastreado em juros
futuros e não tem relação com o IMA-B.
A alíquota de imposto de renda sobre ganho de
capital nos ETF’s é de 15%, assim como as ações,
porém, sem a isenção para vendas de até 20 mil
mensais.
O código do DARF – Documento de Arrecadação
de Receita Federal – que deve ser pago até o último
dia útil do mês seguinte ao da operação em que foi
obtido o lucro, é o 6015.
Os ETF’s não têm o “come cotas” que vimos
anteriormente nos fundos de renda fixa e
funcionam, de maneira geral, como um pacote com
coisas ruins e coisas boas. É, mais ou menos, como
comprar um pacote de laranjas fechado na feira
sem olhar.
O ideal é que você aprenda a escolher os seus
próprios ativos, mas, para quem não quer escolher,
pode ser uma saída. Outra saída é investir apenas
no Tesouro Direto, e outros produtos de renda fixa,
mas você pecará por falta de diversificação.
245
246
Capítulo 16 - Imposto de Renda
247
operações “day trade” e pagar o DARF até o último
dia útil do mês subsequente ao da venda.
O ganho de capital nos fundos imobiliários é
tributado na alíquota de 20%, novamente o DARF
é o 6015, já os rendimentos são isentos para
investidores desde que atendidos os 4 critérios:
1 - O fundo imobiliário seja negociado
exclusivamente em bolsa ou no mercado de
balcão organizado;
2 - O fundo como um todo tenha 50 cotistas ou
mais;
3 - O cotista em particular não detenha mais de
10% dos direitos do fundo;
4 - O titular (dono) das cotas seja pessoa física
(pessoa jurídica não goza da isenção de I.R.);
A declaração de imposto de renda é uma
obrigação para contribuintes que se enquadram
nas seguintes situações:
Recebeu rendimentos tributáveis, cujo valor foi
superior a R$ 28.559,70 (esse valor é atualizado de
tempos em tempos, verifique na página da receita
federal) ou tenha recebido rendimentos isentos ou
não tributáveis, cuja soma foi superior a R$ 40 mil.
Obteve, em qualquer mês, ganho de capital na
alienação de bens ou direitos sujeitos à incidência
do imposto ou realizou operações em bolsas de
248
valores, de mercadorias, de futuros e
assemelhadas.
Fez jus a isenção do IR incidente sobre o ganho
de capital recebido na venda de imóveis
residenciais cujo valor resultante da venda tenha
sido aplicado na aquisição de imóveis residenciais
localizados no país no prazo de 180 dias, contados
a partir da data de celebração do contrato de
compra e venda. Independente da isenção, esse
tipo de transação deve ser declarado.
Realizou operações em bolsas de valores, de
mercadorias, de futuros e assemelhadas.
(Conforme os leitores deste livro eventualmente
farão).
Obteve receita bruta em valor superior a R$
142.798,50 com atividade rural, ou pretende
compensar, no ano-calendário ou posteriores,
prejuízos com atividade rural em anos anteriores
ou no próprio ano a que a declaração se refere.
Tinha, em 31 de dezembro do ano anterior, a
posse ou a propriedade de bens e direitos, inclusive
terra nua, de valor total superior a 300 mil reais.
(É o que esperamos para os leitores deste livro).
Estas métricas da obrigatoriedade mudam a
cada exercício, portanto fique atento e se atualize
acessando à página da Receita Federal do Brasil.
249
As ações devem ser declaradas em bens e diretos
sob o código 31 (Ações) já os fundos imobiliários
devem ser lançados sob o código 73 (Fundos de
Investimento Imobiliário).
Os dividendos são declarados como rendimentos
isentos e não tributáveis sob o código 09 (Lucros e
dividendos recebidos) já os rendimentos dos fundos
imobiliários são declarados sob o código 26
(Outros).
Os juros sobre capital próprio devem ser
declarados nos rendimentos sujeitos à tributação
exclusiva/definitiva na fonte sob o código 10 (Juros
sobre capital próprio).
As operações de vendas de ações devem ser
registradas em Operações Comuns/Day-Trade. Já
as com Fundos de Investimento Imobiliários devem
ser declaradas nas Operações Fundos Invest.
Imobiliários.
O investidor pode carregar o prejuízo para ser
compensado em anos posteriores tanto nas
negociações com ações quanto com fundos
imobiliários.
Os títulos de renda fixa: Tesouro, CDB, LCI
devem ser declarados em bens e direitos sob o
código 45 (Aplicação de renda fixa). Já a caderneta
de poupança deve ser declarada com o código
41(Caderneta de poupança).
250
Os rendimentos recebidos dos cupons pagos pelo
Tesouro ou pelo vencimento dos títulos públicos e
privados como os CDB’s devem ser declarados em
rendimentos sujeitos à tributação exclusiva com o
código 06 (rendimentos de aplicações financeiras).
251
252
Capítulo 17 – Considerações sobre
Renda Variável
“Você deve ver as ações como pequenas parcelas de
uma empresa.”
Warren Buffett
253
Este livro poderia estar cheio de gráficos com
simulações, utilizando as mais diversas taxas de
retorno, porém, para ser honesto, em um país como
o Brasil em que as taxas de juros passaram de 14%
em 2014 para 2% em 2020, qualquer simulação
como esta seria de pouca utilidade.
As poucas simulações que foram feitas
utilizaram uma taxa de juros real – acima da
inflação – de 3% a 3,5% ao ano, números
conservadores, considerando o histórico brasileiro,
e são o retorno atual das NTN-B’s ou Tesouro IPCA.
Nos últimos anos os fundos imobiliários e ações
entregaram um número de mais do que duas vezes
este.
Entretanto, é preciso repetir e reforçar sempre
que não há garantias na renda variável, tampouco
as garantias da renda fixa protegem
completamente o investidor. Investir é arriscado,
mas não investir é muito mais!
Aquele que não investe está nas mãos do governo
e da sorte. Dependerá sempre do empregador, de
algum familiar ou do Estado. É muito difícil dizer o
que é pior.
254
Capítulo 18 – Crises Econômicas
255
serão testados. É verificado se a Reserva de
Emergência foi bem dimensionada, se os ativos
foram bem escolhidos e acima de tudo se o
investidor desenvolveu o “mindset” adequado.
Caso você esteja muito inseguro sobre o que
fazer em uma crise, não faça nada, não invista, mas
não venda os seus ativos, simplesmente reforce a
sua reserva de emergência. Às vezes não fazer nada
é o que trás mais retorno ao investidor, mas acima
de tudo: não se desespere.
Aqueles que se desesperam são os que não
conseguem construir patrimônio no longo prazo,
pois, inevitavelmente, para ter patrimônio
precisarão passar por muitas crises.
Resumo
Em crises:
1- Siga o plano ou
2- Não faça nada
256
Capítulo 19 - Colocando em Prática
257
exposição à renda variável, se estiver tranquilo
pode manter ou aumentar aos poucos. Diversifique
de modo que um problema sério em algum ativo ou
classe de ativos, seja ação, fundo imobiliário, título
ou qualquer outro não faça um grande estrago no
seu patrimônio.
Acima de tudo, não volte a gastar mais do que
ganha e a fazer dívidas!
258
Resumo Final
259
• Não compre nenhum ativo antes de analisar
e estudar os riscos envolvidos.
• Pague todos os seus impostos em dia e faça
a sua Declaração de Imposto de Renda
corretamente.
260
Epílogo
261
escolhas, seja grato e ao mesmo tempo esqueça a
ideia de que alguém lhe deve algo, seja os seus pais,
o patrão ou o governo. Acima de tudo, não tente
mudar os outros ou considere seu jeito de pensar
ou estilo de vida como superiores e mais corretos.
Viva bem e invista de maneira consistente.
262
Texto por Fernando Almeida Mizobuti ©2021
Todos os direitos reservados
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