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SEQUÊNCIA DIDÁTICA DE EDUCAÇÃO

AMBIENTAL COM ABORDAGEM CTSA


NOS ANOS INICIAIS
SEQUÊNCIA DIDÁTICA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
COM ABORDAGEM CTSA NOS ANOS INICIAIS

PRODUTO EDUCACIONAL

DOLORES ALBINO DE SOUZA

JUREMA ROSA LOPES

2018

PPGEC – UNIGRANRIO

2
Este produto educacional está sob a licença Creative Commons:

Título: Sequência didática de educação ambiental com


abordagem CTSA nos anos iniciais

ISBN:978-859549-046-8 - Licença de autoria para


material didático de apoio ao professor
Dolores Albino de Souza
Professora dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Docente aposentada do Município do Rio de Janeiro e
atualmente exercendo a função de Coordenadora Pedagógica
do Colégio Pedro II – Campus Realengo I. Formada em
Ciências Biológicas, especializada em Educação e concluindo
o Mestrado Profissional em Ensino das Ciências na Educação
Básica.

Jurema Rosa Lopes

Doutora em Educação pela Universidade Estadual de


Campinas (2003). Bolsista de Produtividade em Pesquisa.
Atualmente é Professora e Pesquisadora da Unigranrio. Tem
experiência na área de Educação, atuando principalmente nos
seguintes temas: ergologia, trabalho, formação do educador,
prática pedagógica e formação profissional.

2
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .................................................................................. 4
INTRODUÇÃO...................................................................................... 6
1. O movimento CTSA e a Educação Ambiental ............................ 9
2. Preparação da Sequência Didática ........................................... 14
3. Cronograma da sequência didática .......................................... 20
4. Atividades e materiais utilizados nas aulas. ............................. 25
6. Considerações finais ................................................................. 65
Agradecimentos................................................................................ 68
Referências Bibliográficas................................................................. 69

3
APRESENTAÇÃO

Este material é o Produto Educacional da Dissertação


de Mestrado Profissional apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ensino de Ciências, da Universidade
Unigranrio, intitulada “Educação Ambiental nos anos iniciais:
a construção de uma proposta curricular CTSA”.

Esta produção é destinada aos docentes que acreditam


que a Educação Ambiental (EA) é um importante caminho para
a formação de futuros cidadãos mais conscientes e
participativos, valorizando as relações socioambientais. Foi
fruto de uma pesquisa sobre Ensino de Ciênciascom
abordagem Ciência – Tecnologia – Sociedade – Ambiente
(CTSA), dialogando com as premissas da Educação Ambiental.
Essa pesquisa foi realizada com alunos do 5° ano do Ensino
Fundamental do Colégio Pedro II.

A inquietude com a maneira como a EA é desenvolvida


em várias unidades escolares, mostrando somente os aspectos
ambientais e com assuntos pontuais, nos levou a montar a
presente sequência didática, na tentativa de valorizar essa área
de conhecimento tão importante na sociedade contemporânea.

4
O objetivo desse produto não é dar receitas prontas, mas
servir de material de apoio para o professor, no caso do 1º
segmento do Ensino Fundamental, poder desenvolver temas
relacionados ao Ensino de Ciências/CTSA, utilizando as
premissas da Educação Ambiental, numa concepção crítica e
emancipatória, como já indicava Paulo Freire (Muline e
Campos, 2013).

Essa proposta facilita a perspectiva


transdisciplinar e interdisciplinar, pois a EA, como indicam os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) 2001, não deve ser
incluída em uma só uma área de estudo. Esperamos que esse
material didático possa ajudar ao professor no desenvolvimento
de atividades pedagógicas, que permitam fazer um diálogo
entre o movimento CTSA e a EA, com temas que mostrem
conflitos ambientais como pano de fundo. As atividades
desenvolvidas devem estar conectadas com a
realidade,sensibilizando e envolvendo os docentes, e os alunos,
para questões ambientais, sociais, econômicas, culturais e
políticas.

5
INTRODUÇÃO

A sociedade moderna está vivendo um processo


histórico de desenvolvimentos científicos, tecnológicos e
sociais. Estes avanços tecnológicos estão trazendo
consequências desastrosas para o ambiente e para a sociedade,
comprometendo a qualidade de vida e as relações éticas dos
seres. Foi neste contexto que surgiu o movimento Ciência –
Tecnologia – Sociedade – Ambiente (CTSA), que vem dar
ênfase à dimensão ambiental, pois apresenta propostas que
incorporam às questões ambientais, os aspectos tecnológicos,
sociais e econômicos, que são as premissas da EA.

Este trabalho faz parte de um mestrado profissional que,


de acordo com Moreira (2004), exige a apresentação de um
produto educacional como conclusão do curso e que deve ser
resultado de uma pesquisa

[...] aplicada, descrevendo o desenvolvimento de


processos ou produto de natureza educacional,
visando à melhoria do ensino na área específica,
sugerindo-se fortemente que, em forma e
conteúdo, este trabalho se constitua em material
que possa ser utilizado por outros profissionais.
(MOREIRA, 2004, p.134)

6
Concordando com Moreira (2004), a pesquisa
desenvolvida levou à criação de uma sequência didática sobre
Ensino de Ciências/CTSA com abordagens da EA, com o
objetivo de contribuir para melhoria da qualidade e
aprendizagem do ensino nessa área de conhecimento, no 1º
segmento do Ensino Fundamental.

O público alvo desse trabalho são os docentes dos anos


iniciais, que, por serem generalistas, necessitam, muitas vezes,
de um suporte pedagógico específico em determinadas áreas do
conhecimento, para poderem desenvolver práticas educativas
mais atuais e atraentes que despertem nos alunos a reflexão
sobre os valores e comportamentos das pessoas sobre as
relações socioambientais.

Este produto, aqui exposto, foi resultado de uma


pesquisa desenvolvida em Ciências, que destaca o conflito
ambiental ocorrido em Mariana (MG), e que traz uma proposta
CTSA, dialogando com os fundamentos da EA, pois esse
desastre provocou não só consequências ambientais, como,
também, sociais, econômicas e tecnológicas. Foi realizada nos
anos de 2016/2017, com cem alunos do 5º ano do Ensino
Fundamental. O desenvolvimento desta sequência foi fruto de
um entrosamento entre coordenação pedagógica, os professores
7
do laboratório de Ciências e os professores da sala de aula que
acharam importantetrazer para as aulas, acontecimentos
concretos, relacionados ao ambiente, mas que apresentassem a
possibilidade de mostrar as consequências sociais, econômicas,
culturais e políticas que estes acontecimentos englobam. Outro
ponto relevante no desenvolvimento desta sequência foi o
envolvimento das diversas áreas de estudo com o tema
escolhido, oportunizando um trabalho interdisciplinar e
transdisciplinar contextualizado, que possibilitou a ampliação
dos conhecimentos dos alunos para além dos conteúdos
curriculares.

Esperamos que esse produto tenha oportunidade de ser


difundido e ser utilizado por docentes que desejem
experimentar e diversificar as suas práticas pedagógicas,
contribuindo para formação de alunos mais reflexivos, mais
críticos e participativos.

8
1. O movimento CTSA e a Educação Ambiental

A crise ambiental continua despertando, no mundo


inteiro, uma grande preocupação. Após a Revolução Científica,
seguiu-se a Revolução Industrial que, com seu novo modo de
produção, gerou o afastamento do homem em relação à
natureza (BRÜGGER, 2004). Essas modificações do modelo
econômico, que prometiam uma qualidade de vida melhor,
contribuíram para formar paradigmas que regem a sociedade
contemporânea e que muitas vezes é extremamente prejudicial
(GUIMARÃES, 2007). A crise ambiental foi agravada pelo
antropocentrismo, o consumismo, o individualismo e o
cientificismo cartesiano que são características da sociedade
atual (BRÜGGER, 2004; GUIMARÃES, 2004 e 2007).

Em 1965, a Universidade de Keelen realizou uma


conferência onde o termo educação ambiental foi utilizado (...)
a educação ambiental deveria se tornar parte essencial da
educação de todos os cidadãos (Dias, 2004, p. 78), já
mostrando a preocupação dos estudiosos com o destino dos
recursos naturais.

Por volta de1970, os grandes avanços tecnológicos


proporcionaram o surgimento de uma proposta de ensino

9
quepermitisse fazer uma inter-relação entre ciência –
tecnologia – sociedade (CTS), movimento essedesenvolvido,
inicialmente, na Europa, nos EUA, no Canadá e na Áustria,
onde a industrialização levava à necessidade premente de
mudanças, inclusive na educação. (Layton,1994 apud Santos e
Mortimer, 2002).

O movimento CTS não teve origem no contexto


educacional, mas vem alcançando um aumento consistente
nesse campo, por se entender que é na escola que as mudanças
devem começar a acontecer (Pinheiro, 2005). No Brasil,
somente nas décadas de 80/90 começaram a ser incorporadas
atividades com a visão CTS, principalmente no ensino de
química no Ensino Médio. Em 1990 foi realizada, no Brasil, a
“Conferência Internacional Ensino de Ciências para o Século
XXI: ACT – Alfabetização em Ciências e Tecnologia”, que
contribuiu para despertar o interesse dos docentes por esta
prática educacional.

Acredita-se que, no Brasil, o pouco incremento dessa


visão CTS foi reforçado pela nossa colonização exploratória e
predatória, que não disseminava os aspectos científicos e
técnicos, o que determinou que a ciência se desenvolvesse

10
tardiamente no Brasil. Como pode ser percebido, o ambiente
não estava presente na tríade CTS, porém como afirmam
Angotti; Auth, (2001) essas propostas incorporam uma
perspectiva de reflexão sobre consequências ambientais, então,
posteriormente, foi acrescida à tríade CTS, a letra A (CTSA), o
que vem resgatar e dar ênfase à dimensão ambiental.

Surge, então, a possibilidade de se desenvolver uma


Educação Ambiental ampla e abrangente, incorporando uma
perspectiva de reflexão e crítica sobre as consequências
ambientais que nos atingem. Essa EA crítica contribui para
ajudar a resgatar os valores para uma nova cidadania e a
construção do significado de meio ambiente que precisa
assumir vários aspectos ambientais, sociais e tecnológicos.
(Guimarães, 2004).

O movimento CTSApropõe uma abordagem onde haja


uma contextualização no sentido de transformar as informações
em conhecimentos significativos para os alunos. Como sugere
Ricardo (2007), a ciência e a tecnologia devem ser assumidas
como referências das atividades escolares e a sociedade e o
ambiente devem ser tratados como cenário de aprendizagem,
onde os problemas e as questões sociais sejam os temas a

11
serem investigados com suportes científicos e tecnológicos.

Segundo Reigota (2007), no Brasil, tanto a EA quanto o


movimento CTSA são herdeiros do pensamento pedagógico
crítico e propositivo de Anísio Teixeira, Paulo Freire e Darcy
Ribeiro, entre outros.

Após uma pesquisa sobre a EA, desenvolvendo um


diálogo com o movimento CTSA, foi fácil perceber que são
escassas as publicações sobre essas atividades realizadas nos
anos iniciais. Esse pouco interesse pelo desenvolvimento da
EA, nessa faixa etária, não se justifica, pois, como afirma
Harlen (1989), é durante o ensino fundamental que as crianças
constroem as primeiras noções sobre o mundo que as rodeia.

O Ensino de Ciências com enfoque CTSA, desenvolvido


no 1º segmento, deve partir de acontecimentos reais e que
façam parte do contexto ambiental. A inter-relação entre
ambiente e sociedade precisa ser o tema motivador, para que os
conteúdos dos currículos possam ser trabalhados de modo
contextualizado. Como afirmam Santos; Mortimer (2002), o
tema deve ser aquele que trata da explicação científica, do
planejamento tecnológico e das soluções de problemas.

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A presente pesquisa pretende mostrar a importância do
desenvolvimento das atividades CTSA,nos anos iniciais,
utilizarem as premissas da EA, para contribuir na formação de
futuros cidadãos participativos, reflexivos e críticos.

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2. Preparação da Sequência Didática

Uma sequência didática é um conjunto de atividades e


de estratégias planejadas que tem como objetivo contextualizar
os conteúdos através de um tema escolhido. É uma ferramenta
que contribui para o desenvolvimento da prática pedagógica e
para aprendizagem em qualquer nível (CAISCAIS; FACHIN-
TERAN, 2014), possibilitando, ao docente, a utilização de uma
estratégia pedagógica em torno de um tema desenvolvido em
várias aulas.

O desenvolvimento desta sequência baseou-se em três


momentos pedagógicos, definidos de acordo com Delizoicov et
al (2011):

 Problematização e escolha do tema a ser


desenvolvido: o tema selecionado surgiu através de
reuniões semanais (aproximadamenteumas 12)
entre a coordenação de Ciências (a pesquisadora) e
os professores.
 Organização do conhecimento: seleção dos
conteúdos programáticos previstos no currículo do
Colégio e que poderiam ser articulados à
problemática escolhida e a escolha das estratégias

14
que poderiam ser utilizadas para o desenvolvimento
desses conteúdos. Através de reuniões entre
coordenação e professores, foram listadas e
discutidas as sugestõesdadas acerca do tema e que
visassem formas de mediação e reflexão coletiva
sobre as responsabilidades dos acontecimentos
relacionados ao assunto trabalhado.
Posteriormente,numa reunião entre toda a
coordenação pedagógica, o tema escolhido foi
compartilhado e aprovado pelas demais áreas,
possibilitando, assim, um trabalho interdisciplinar,
tão importante para os alunos.
 Aplicação dos conhecimentos: nessa etapa foram
realizadas, com os alunos, as atividades
selecionadas: a projeção das imagens relacionadas
ao tema escolhido; leitura e interpretação de
reportagens de jornais e revistas; rodas de
discussão para desenvolvimento da capacidade
argumentativa-discursiva que proporcionassem o
ativismo social e político nos alunos; os
experimentos realizados no Laboratório de
Ciências; exercícios em sala de aula para
sistematização dos conteúdos que estão sendo
15
desenvolvidos; realização de pesquisas sobre as
responsabilidades e as consequências relacionadas
ao desastre ambiental, pois como diz Delizoicov et
al ( p. 92, 2011) “a aplicação dos conhecimentos
que foram adquiridos é necessária para a
sistematização e incorporação dos assuntos que
foram desenvolvidos”.

Essa sequência didática foi resultado de uma pesquisa


realizada na área de Ciências, com abordagem CTSA,fazendo
um diálogo com a EA, para as turmas do 5º ano do ensino
fundamental, nos anos de 2016/2017 do Colégio Pedro II, no
Campus Realengo I, situado na região oeste do Rio de Janeiro.

Tema: Desastre Ambiental de Mariana (MG)

Público alvo:

Local – Colégio Pedro II – Campus Realengo I

Escolaridade – 5º ano do Ensino Fundamental

Quantidade de alunos: 100

Idade – 10/11 anos

Ano de aplicação – 2016/2017

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Problematização:

As mudanças ocorridas no mundo moderno,


provenientes do modo de produção e consumo da sociedade
contemporânea, exigem do ensino uma atuação crítica e
reflexiva sobre os conhecimentos, valores e comportamento
dos indivíduos e das relações socioeconômicas e políticas que
contribuem para o agravamento da situação ambiental atual.
Esse contexto nos levou a um processo de construção de uma
proposta de Ciências, com viés Ciência-Tecnologia-Sociedade-
Ambiente, com o objetivo de introduzir, nos conteúdos
desenvolvidos,os fundamentos da EA, tão necessários nos dias
atuais.

Objetivos Gerais:

 Desenvolver atividades de Ciências/CTSA com


abordagens da Educação Ambiental de modo que
os alunos percebam que as questões ambientais têm
influência nos aspectos sociais, econômicos,
culturais e políticos.
 Estimular os aspectos axiológicos e éticos nos
alunos.

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 Valorizar a reflexão individual e coletiva, a
capacidade argumentativa-discursiva e o ativismo
crítico e participativo dos alunos.
 Proporcionar a interdisciplinaridade entre as áreas
de conhecimento.

Objetivos específicos sobre o tema:

 Identificar as implicações das ações humanas no


meio ambiente.
 Investigar o ambiente e as relações com os
elementos que o compõe.
 Identificar formas e ações de preservação da
natureza.

Descritores de trabalho selecionados:

 Comparação entre ambientes: ação dos seres


humanos.
 Causas e consequências da poluição ambiental e
tipos de poluição (água, solo, ar)
 Prejuízos causados pela utilização indevida dos
recursos naturais e tecnológicos.

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 Reconhecer que nos ambientes aquáticos existem
seres vivos que podem ser transmissores de
doenças.
 Elementos constituintes do ambiente.
 O ciclo da água como garantia de sobrevivência
para os seres vivos.
 Discutir maneiras de se economizar água potável.
 Cadeia alimentar e sua importância para o
ambiente.
 Fotossíntese.
 Erosão do solo.
 A água como solvente de materiais.

19
3. Cronograma da sequência didática

Número
Conteúdos Atividades propostas
de aulas

Comparação  Apresentação do tema.


entre os  Exibição de imagens relativas ao desastre
ambientes: ecológico.
1 ação dos seres  Conversa sobre as responsabilidades do
humanos acidente.

Causas e
 Exibição de outras imagens sobre as
consequências
consequências do ocorrido em Mariana.
da poluição
 Roda de conversa sobre os prejuízos
ambiental.
causados ao ambiente e aos moradores
(aspecto social e econômico)
Prejuízos
 Leitura, em grupos, de reportagem tirada
causados pela
de jornal sobre o ocorrido.
utilização
 Debate sobre a reportagem.
indevida dos
3  Produção de um texto, em grupo, sobre as
recursos
causas e consequências desse desastre.
naturais e
tecnológicos
20
Tipos de
poluição.
(Causas e
consequências)  Exibição de reportagens com moradores
de Mariana (MG) sobre as consequências
O ciclo da do desastre ecológico.
água como  Roda de conversa sobre as soluções que
garantia da os alunos apresentam para minimizar as
sobrevivência consequências do acidente.
3
dos seres.  Montagem de experimentos no
Laboratório de Ciências sobre erosão do
Maneiras de solo e sobre a importância do ciclo da
economizar água.
água potável.
Erosão do
solo.

Elementos  Apresentação de slides, explorando como


constituintes ficaram os elementos constituintes do
do ambiente. ambiente após a passagem da lama.
 Montagem de experimento para testar a

21
A Água como dissolução ou não de algumas substâncias
3 solvente de na água.
materiais.  Discussão, com os alunos, sobre a
dificuldade que os especialistas terão para
remover o barro do Rio Doce.
 Montagem de experiência.

Reconhecer  Experimento: observação de água


que nos misturada com lama no microscópio
ambientes para constatação de seres
aquáticos microscópicos.
existem seres  Conversar sobre o perigo que as
vivos águas do Rio Doce podem trazer para
microscópicos os moradores após o desastre.
que podem ser  Mostrar imagens da vegetação das
transmissores cidades atingidas após a destruição.
4
de doenças.  Pesquisa sobre animais que
Relacionar a habitavam o local devastado.
manutenção da  Apresentação de slides sobre cadeia
vida das alimentar.
plantas à água,  Formar cadeias alimentares que
explorando a existiam naquele ambiente (atividade

22
importância em grupo)
das plantas
para o meio
ambiente.

A cadeia
alimentar e sua
importância
para o
ambiente.

 Montagem de um terrário com vegetais e


animais, para levantamento de hipóteses
pelos alunos do que vai acontecer com os
seres vivos. Anotar.
 Fazer questionamentos sobre como os
alunos acreditam que ficará o ar nas
Fotossíntese
cidades atingidas, sem a vegetação.
 Por que a vegetação é importante?
 Experimento no Laboratório de Ciências
4
para explicação da fotossíntese:
 Uso do CO2 pelas plantas.

23
Liberação do O2 pelas
plantas.
 Acompanhamento dos seres
vivos dentro do terráriopara
comprovaçãodas hipóteses
levantadaspelos alunos.
 Sistematização na sala de
aula com exercícios sobre
fotossíntese.

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4. Atividades e materiais utilizados nas aulas.

1ª aula.

Apresentação do tema com exibição de imagens sobre o


acidente.

Conversa sobre as responsabilidades do desastre ambiental.

- Algumas imagens utilizadas do desastre ambiental de


Mariana.

25
2ª aula.

-Exibição de outras imagens sobre as consequências do


ocorrido em Mariana.

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-Roda de conversa sobre os prejuízos causados (aspectos
sociais e econômicos).

3ª aula.
-Leitura (em grupo) de uma reportagem.
-Texto I, utilizado no laboratório de Ciências.

Rio Doce: arsênio é de 140 vezes o permitido

A contaminação por metais de peixes do Rio Doce está em


até 140 vezes acima do nível permitido pela legislação, aponta
o primeiro laudo realizado pelo Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em pescados e
mariscos da região. O nível de contaminação 140 vezes maior
foi achado ao se medir o arsênio no peixe roncador — também
contaminado por cádmio 12 vezes acima do tolerado, e por
chumbo cinco vezes acima do permitido.
Segundo o jornal “A Gazeta”, o laudo foi apresentado à
direção de órgãos públicos como Tamar, Ibama e o próprio
27
ICMBio, e a pesquisadores em seminário este mês. O
documento é par te de um conjunto de estudos que estão sendo
feitos no Rio Doce depois da tragédia ambiental com o
rompimento da barragem de rejeitos de minério da Samarco,
em Mariana (MG). Havia expectativa de que o Ministério do
Meio Ambiente divulgasse o relatório esta semana; em nota, o
ICMBio disse que o relatório final consolidado será divulgado
no próximo dia 17.
O relatório conclui que existe “contaminação da água com
metais acima dos limites permitidos pela Resolução 357 do
Conama”, além de “contaminação de pescados (peixes e
camarões) acima dos limites permitidos pela Resolução 42 da
Anvisa”. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO De acordo com o
documento, a contaminação atingiu as unidades de conservação
e de preservação ambiental no entorno da região — o
Arquipélago de Abrolhos, a Costa das Algas e o Refúgio de
Vida Silvestre de Santa Cruz —, nas quais houve pontos de
coleta de amostras para o estudo, assim como na foz do Rio
Doce e na área de Barra Nova.
No caso do camarão, por exemplo, o estudo detectou que a
contaminação supera em 88 vezes o limite tolerado de arsênio,
em cinco vezes o de cádmio, e em cinco vezes o de chumbo.

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Já o peixe peroá, como mostra o relatório, está
contaminado por arsênio 34 vezes acima do permitido, e por
cádmio quase três vezes acima. E o linguado supera o nível
tolerado de arsênio em 43 vezes; o de cádmio em nove vezes
acima; e o chumbo em seis vezes.
Na água, a contaminação por chumbo total é de quase dez
vezes acima do limite do Conama. O nível de cobre dissolvido
na água está nove vezes acima do limite tolerado, enquanto o
de cádmio total está duas vezes acima do limite. O estudo
revela, ainda, contaminação na base da cadeia alimentar, com
“acumulação significativa de metais tóxicos na base da cadeia
trófica (nos chamados zooplânctons)”; e contaminação nos
corais. Segundo João Carlos Thomé, da coordenação do
Tamar, o documento ao qual “A Gazeta” teve acesso foi
desenvolvido pelo professor Adalto Bianchini, da Universidade
Federal do Rio Grande. Ainda de acordo com Thomé, a pesca
está proibida na foz do Rio Doce, entre Barra do Riacho até
Linhares, por decisão judicial do fim do mês passado,
justamente com base nos dados apontados pelo documento.
- É uma contaminação muito grave, por metais que vão se
acumulando no organismo das espécies e que não são
eliminados. É um risco para a comunidade - afirmou o

29
consultor ambiental Marco Bravo, alertando também para os
prejuízos para a economia da região.
Em nota, a Samarco afirmou que ainda não teve acesso ao
laudo do ICMBio, mas destacou que realiza monitoramento
diário da água ao longo do Rio Doce. (Com G1)
(Retirado de http://infoglobo.newspaperdirect.com/epaper/viewer.aspx.29/03/2016))

a) Cite algumas substâncias que estão sendo encontradas nas


águas do Rio Doce:
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
b) O que causou essa contaminação nesse rio?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
c) Que outros lugares já foram afetados por essa
contaminação?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

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d) Por que a pesca está proibida nessa região?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
e) O que aconteceu com a economia dessas comunidades?
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________

Debate com os alunos sobre a reportagem lida.

4ª aula.
-Leitura do texto II, utilizado na aula de Língua Portuguesa.

O preço da vida
Egydio Terziotti

Escutando a música “Apologize” do OneRepublic me


veio à cabeça, por mais estranho que pareça, a cidade de
Mariana, em Minas Gerais, e o rompimento de duas barragens
que ocorreu naquela cidade. É tarde demais para desculpas, diz
a música. Realmente, é tarde demais. Mariana desapareceu, e o
Rio Doce, um dos mais importantes de Minas Gerais, morreu.

31
É tarde demais para pedir desculpas. É tarde para lamentar algo
que nem devia ter acontecido, caso houvesse maior fiscalização
no local das barragens.

Ironicamente, parece que, novamente, o brasileiro


chegou tarde demais aos seus compromissos.

Foi. Aconteceu. As barragens se romperam e jogaram


nas águas limpas do rio “a tabela periódica inteira”, disse
Luciano Magalhães, diretor do Serviço Autônomo de Água e
Esgoto no Espírito Santo. Mercúrio, ferro, bário, cobre,
chumbo... Enfim, a água do rio tornou-se marrom e seu sabor,
amargo, assim como os sentimentos dos habitantes de Mariana
e do Brasil.

E a culpa, fica por conta de quem?

As barragens estavam mal fiscalizadas. A empresa


responsável por elas financiou a campanha de governantes que
estão atualmente no governo. Seja do governo ou da empresa
ou dos dois, alguém tem de começar a fazer algo para impedir
que o fluxo de lama continue a seguir seu curso.

“Meros” R$ 250 milhões serão cobrados da empresa


pelo rompimento. Pergunto-me qual foi o preço pago pela
32
natureza devido a todas as perdas sofridas pelo desastre. Não
só à natureza, mas aos seres humanos que habitavam aquela
região e estão mortos ou feridos. Qual o preço?

Espécies endêmicas – exclusivas daquele habitat –


podem ter sido soterradas. Partes da mata estão embaixo da
lama. O rio parou de seguir seu curso. Eventualmente, lagoas
que são alimentadas por ele não receberão mais água. O Rio
Doce morre, e a vida ao seu redor também. Quanto dinheiro
seria necessário para recuperar tudo isso? Ou até melhor, quais
seriam os gastos para fiscalizar aquelas barragens de maneira
correta?

Talvez para fiscalizar as barragens fossem gastos menos


de R$ 250 milhões, talvez mais. Não entendo muito bem de
custos. Porém, entendo de vida. Nada paga pelo patrimônio
perdido nisso que podemos chamar de desastre.

Diante de toda essa situação, não pude deixar de


lembrar a frase do Greenpeace: “Quando a última árvore tiver
caído; quando o último rio tiver secado; quando o último peixe
for pescado, é que vocês vão entender que dinheiro não se
come”. Entendem? A questão não é quanto à empresa vai
pagar. A questão é que alguém faça algo! Nem todo o dinheiro
33
do mundo pode trazer à vida todas aquelas espécies que
morreram no rompimento das barragens.

Aqui vai um site que reúne, se não todos, a maioria dos


pontos de coleta para ajudar as vítimas do desastre. Eles
aceitam roupas, alimentos, água, tudo: http://riodoce.help/.

Não podemos chegar atrasados de novo.

Fonte: http://obviousmag.org/tecidos_poeticos/2015/o-preco-da-vida.html#ixzz3suomsjhx

-Produção de um texto, em grupo, sobre as causas e


consequências desse desastre.

5ªaula.
-Exibição de reportagem com os moradores sobre os acidentes
(retirada da mídia).
 Tragédia_em_mariana_ja_e_considerada_o_maior_des
astre_ambiental – g1.globo.com/globo-8/11/2015
 g1.globo.com/globo-desastre_ambiental_mariana-
14/11/2015
 http://globosatplay.globo.com/globonews
O desastre de Mariana, dois anos depois.
-Roda de conversa sobre as soluções que os alunos
apresentaram.

34
6ªaula.
-Montagem do experimento sobre erosão do solo, realizada no
laboratório de Ciências.
Experimento I:
Erosão do solo – terra com grama e terra sem grama.
Material:
 2 tabuleiros ou caixas
 Terra
 Grama
 Água
Colocar somente terra em um dos tabuleiros (uma das
caixas), e no(a) outro(a), terra plantada com vegetação
(preferência grama).

Jogar a mesma quantidade de água em cada


tabuleiro/caixa, que deverão estar inclinados para que a água
escorra, de acordo com cada situação da terra.

Conversar sobre o que aconteceu e levar os alunos a


perceberem a necessidade da vegetação para proteção do solo.

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Observe a ilustração:

Esse experimento comprovou que a vegetação promove


a proteção ao solo e fazendo uma relação com o desastre de
Mariana, os alunos perceberam como o solo do local, sem
vegetação, ficou exposto ao clima e sem os nutrientes que
foram carregados pela avalanche ocorrida.

7ªaula.

-Montagem da experiência sobre a importância do ciclo da


água e simulação da chuva,no laboratório de Ciências.

Experimento II: Ciclo da água e Simulação da chuva

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Formação de nuvens
Material:
 Garrafa pet
 Álcool
 Rolha
 Bomba de encher bola, pneu de bicicleta

1. Coloque álcool na garrafa PET, tampe-a e agite;


2. Retire a tampa, coloque a rolha acoplada à agulha de
encher bola;
3. Bombeie até perceber que a garrafa está bem cheia,
“dura”;
4. Retire a rolha e se formará a nuvem.

O que aconteceu?

Resultado

A pressão exercida pelo ar bombeado para dentro da


garrafa, faz com que a temperatura aumente, provocando a
evaporação do álcool;

Quando a rolha é retirada, a pressão diminui


subitamente e, consequentemente, a temperatura também,
fazendo com que o vapor do álcool se condense.

37
Simulação da chuva
Material:

 Massinha de modelar
 Cuba plástica (ou vidro) grande e vasilha plástica
(ou vidro) pequena
 Água
 Corante
 Funil
 Algodão
 Saco plástico
 Gelo

O experimento consiste em uma simulação do ciclo da


água em sistema fechado, onde são observadas a evaporação e
a condensação da água, tendo como fonte de energia o Sol.

Com o auxílio da massa de modelar, fixar no fundo de


uma cuba plástica um recipiente para coleta de água, acoplado
a um funil. Colocar água misturada com corante (ou terra) na
cuba até a altura aproximada de 3cm. Cobrir a cuba com o
plástico transparente de forma que o sistema seja vedado. Fazer
uma concavidade no plástico em direção ao funil e colocar uma
camada fina de algodão embebido em água com corante (cor

38
diferente daquela utilizada no interior da cuba) que deverá ser
mantido úmido durante o experimento para que a área
permaneça resfriada. Para acelerar o processo, pode-se colocar
pedras de gelo sobre o algodão.

 Experimento 6 – Montagem

Realizar o experimento em local exposto ao sol para se obter


um resultado significativo. Caso não seja possível, utilizar água
morna no interior da cuba. Após o experimento, os alunos
registram o procedimento e o que observaram, tecendo um
paralelo com o processo que ocorre na natureza e identificando
as transformações de estados físicos da água que acontecem na
chuva.
Com essa experimentação, verificamos como é importante a
formação das nuvens, para que a água retorne à Terra,
completando o seu ciclo. A vegetação, através da transpiração e
da respiração, ajuda na formação das nuvens e conclímos que,
sem a vegetação, a região de Mariana ficou prejudicada na
formação das nuvens e , consequentemente, das chuvas.
39
8ªaula.

-Exibição e discussão sobre as imagens mostradas.


-Montagem do experimento para testar a dissolução ou não de
substâncias na água.

ExperimentoIII: Testes de Dissolução – Água e Barro

Material:

 Vidros ou copos transparentes

 Açúcar ou sal

 Pedrinhas, folhas, areia, madeira

 Barro

 Água
40
Dissolução da água

A atividade consiste em testarmos a dissolução ou não


de algumas substâncias na água.

Coloque açúcar ou sal na água e mexa. Questione o que


aconteceu. Prossiga misturando a água com as outras
substâncias como o arroz, a madeira, etc. Tente sempre
formular hipóteses antes de colocar as substâncias:
“desaparecerá” ou “não, vai permanecer na água” ?.

Dissolução do barro

Por último, foi testada a dissolução do barro,


problematizando a situação.

41
Deixe o barro sedimentar no fundo do pote e espere
(alguns dias) até a água secar. Mostrar as consequências da
sedimentação do barro que foi despejado no Rio Doce.
Questione, então, a situação, apontando as dificuldades que os
especialistas terão para remover o barro do local (Mariana) e
no Rio Doce;

Tente desenformar o barro duro, retirando-o do pote, e


deixe que os alunos toquem no material sólido em que se
formou o barro, a lama feita, observando o quão difícil é lidar
com o barro depois de seco e fazer uma analogia com a
problemática dos rejeitos que endureceram junto com o barro
no solo de Mariana.

Reunir hipóteses e explicar que para qualquer ação do


cientista, ele precisaria entender as propriedades da lama, que é
também um tipo de solo. Aqui já podemos abordar algumas
características comuns da argila e da areia como a solubilidade,
vista nos experiemntos de dissolução acima.

Essa atividade sobre a água como solvente de várias


substâncias foi muito interessante para que os alunos
percebessem a dificuldade da retirada do barro do local, após o
seu ressecamento.

42
9ªaula.

-Leitura do poema I, utilizado em Língua Portuguesa.

A montanha pulverizada
(Carlos Drummond de Andrade)
Chego à sacada e vejo a minha serra,
a serra de meu pai e meu avô,
de todos os Andrades que passaram
e passarão, a serra que não passa.

Era coisa de índios e a tomamos


para enfeitar e presidir a vida
neste vale soturno onde a riqueza
maior é a sua vista a contemplá-la.

De longe nos revela o perfil grave.


A cada volta de caminho aponta
uma forma de ser, em ferro, eterna,
e sopra eternidade na fluência.

Esta manhã acordo e não a encontro,


britada em bilhões de lascas,
deslizando em correia transportadora
entupindo 150 vagões,
no trem-monstro de 5 locomotivas
– trem maior do mundo, tomem nota –
foge minha serra vai,
deixando no meu corpo a paisagem
mísero pó de ferro, e este não passa.

Fonte:https://dialogosessenciais.com/2015/11/10/a-montanha-pulverizada-carlos-drummond-de-andrade/

43
-Exibição de videos sobre a mineração no Brasil.

Processo de Mineração:
https://www.youtube.com/watch?v=8qWRllQooD0

Tratamento de rejeito – Alternativas:


https://www.youtube.com/watch?v=0tvUtixD3zI

A mineração no Brasil – Vale tudo:


https://www.youtube.com/watch?v=FfrfPLzRmQo

10ªaula.

-Leitura do texto III, utilizado na aula de Língua Portuguesa.

Nem Paris nem Mariana


(Nicole Ayres)

Você se solidariza com o terrorismo na França, mas não


com a tragédia em Mariana. Você se preocupa com a tragédia
em Mariana, mas não com os famintos da África. Você pensa
nos famintos da África, mas não no mendigo da sua rua. Você
se apieda do mendigo, mas não do seu vizinho doente. Você
lamenta pelo vizinho doente, mas não pelo seu avô solitário no
asilo. Você visita seu avô, mas não liga para os seus
pais/filhos/amigos. Você acha que o mundo está todo errado,
mas não enxerga seus próprios defeitos. Você sabe dos seus
defeitos, mas não faz nada para mudar. Você não pode fazer
nada. Você não pode salvar o mundo. Você não consegue nem
salvar a si mesmo.

44
Mas você pode (tentar) ser alguém melhor. Não é fácil.
É um exercício constante, diário, de autoconhecimento e
empatia. Comece pelo nível básico. Cumprimente o porteiro.
Agradeça ao ascensorista. Jogue o lixo na lixeira. Respeite os
seus colegas, mesmo que, ou principalmente quando você não
concorda com eles. Ouça seu amigo; apenas ouça – na dúvida
do que responder, o abrace. Você não pode apoiar todas as
causas da humanidade. Mas pode fazer a diferença no seu dia a
dia. Adianta sim, acredite. Isso vai surtir efeito na sua vida e na
de quem convive com você. Com o tempo, a tendência é que
você se sinta mais leve, pleno, que a vida se torne menos dura,
os relacionamentos mais sinceros. Você não estará livre de
problemas, porém saberá lidar com eles de maneira mais
consciente. Evitará discussões inúteis, brigas à toa, será menos
tolerante à bobagem improdutiva e mais tolerante à diferença
produtiva.
Então, antes de pensar nas desgraças do mundo, pense
em você. No seu cotidiano. Nas pequenas tragédias que você
mesmo causa, sem necessidade. O que você está fazendo para
ser parte dessa humanidade que defende? Porque o mais
importante, meu amigo, não é a tragédia X ou Y, é o instinto
humano que pulsa em todos nós e que, de alguma forma, nos
iguala.

Fonte: http://homoliteratus.com/nem-paris-nem-mariana/

45
1. O texto III é:

( ) Um conto ( ) Um poema ( ) Uma crônica

2. Cite duas características desse gênero literário.

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

3. Quais foram os dois fatos que inspiraram a autora do


texto?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

4. Qual é a opinião da autora sobre a questão das tragédias


ocorridas, na vida?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

46
5. Observe as frases abaixo e diga a quem se refere às
palavras sublinhadas.

“Ouça seu amigo; apenas ouça – na dúvida do que responder, o


abrace”.

___________________________________________________

“Respeite os seus colegas, principalmente quando você não


concorda com eles.”

___________________________________________________

6. Qual das palavras abaixo podemos utilizar para


substituir a palavra grifada sem que seu sentido seja
modificado?

“Você se solidariza com o terrorismo na França, mas não com


a tragédia em Mariana.”

( ) porém ( ) porque ( ) como

O termo grifado dá à frase a ideia de:


( ) conclusão ( ) oposição ( ) adição

47
-Visualização da charge I e interpretação, utilizada em Língua
Portuguesa.

1. Que tema é abordado na charge acima?

___________________________________________________

___________________________________________________

2. Explique o que você entendeu sobre o assunto tratado


nela.

___________________________________________________

___________________________________________________

48
11ªaula.

-Montar no laboratório de ciências um experimento para


observção da água, no microscópio.

ExperimentoIV: Seres microscópicos na água que podem


transmitir doenças.

Material:

 Seringa(s)

 Caneta laser de luz verde, vermelha ou azul

 Copos, potes ou algo que sirva de suporte para a(s)


seringa(a)

 Água (coletada em vários lugares, de várias fontes:


suja, do valão, da torneira, do aquário, do
bebedouro...etc)

Esse experiemento vai levar os alunos a perceberam a


gravidade da falta de tratamento da água, e das implicações
dessa água contamidada, no caso do desastre ambiental na
cidade de Mariana, para a saúde de todos que dela precisam.

Para fazer esse ampliador de micro-organismos, espécie


de microscópio caseiro, é só apontar o feixe de luz para a gota
de água que sai da pontinha da seringa (ficando essa gota
49
suspensa, sem cair) e, ao atravessar tal gota de água, ver a
imagem gigante da gota se projetando sobre uma parede ou
superfície lisa, sendo possível enchergar vários micro-
organismos se movimentando na parede. Observe abaixo:

O princípio físico desse microscópio é simples: a gota


d’água funciona como uma lente esférica. Ela recebe a luz do
50
laser e, como em uma lente biconvexa, faz os raios convergirem e
depois se dissiparem, projetando uma imagem na parede. Como
os micro-organismos da água estão na passagem dessa luz,
acabam sendo reproduzidos em tamanho gigante.

Com esse experimento, foi possível verificar que a


água, essencial para vida, também,pode ser um meio de
transmissão de doenças. Observamos gotas de água,
aparentemente limpas, e verificamos a presença de diversos
microorganismos. Por analogia, os alunos entenderam o perigo
do uso das águas da região de Mariana para a população.

51
12ªaula.

-Poema e charge utilizados nas aulas de Língua Portuguesa.

Poema II.

Mariana - Mar de lama


(José Ventura Filho, João Pessoa, PB)

A “Barragem de Fundão”, em Mariana,


A responsável pelos rejeitos minerais
Vindos de uma mineradora da Samarco,
Marcou irreparáveis danos ambientais.
Foi uma estupidez de enxurrada de lama,
Sem cálculo de avaliação ou precedente,
O Rio Doce de tão doce já amarga à dor.
A região ribeira, sem eira, também sente.

A sua ruptura foi convertida em momentos


De lamentos, de aflições e de intranquilidade.
Os seres de várias espécies ali se quietaram
Pela falta do oxigênio e da responsabilidade. (...)

Em http://www.mundojovem.com.br/poesias-poemas/mariana-mar-de-lama

52
1. O texto “Mariana – Mar de lama” é:

( ) Uma crônica ( ) Um conto


( ) Um poema ( ) Uma charge

2. Cite duas características desse gênero literário:

___________________________________________________

___________________________________________________

3. O que há em comum entre a charge II e o texto “Mariana


– Mar de lama”? Comente.

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

Charge II

53
4. Explique a charge acima, relacionando-o com o Poema
II.
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
______________________________________________________

13ªaula.

-Exibição de imagens sobre a vegetação das cidades atingidas.

-Pedir para os alunos pesquisarem sobre os animais que


habitavam o local.

54
14ªaula.

-Conversar sobre as cadeias alimentares que existiam naquele


ambiente.

-Formar grupos para desenharem as cadeias alimentares do


local.

-Experiência sobre a cadeia alimentar.

ExperimentoV: Cadeia Alimentar

Material:
 Slides do desastre ambiental de Mariana
 Cartolina ou folha de ofício
 Lápis e canetinhas

Reapresentar os slides do desastre ambiental de


Mariana, explorando, superficialmente, como ficaram os
elementos constituintes do ambiente após a passagem da lama.
Após finalizar os comentários dos slides,
especificamente nesse aspecto da cadeia alimentar, questionar
os alunos sobre “como um cientista poderia ajudar a resolver a
situação”.
Sugerir que os alunos pensem sobre como era a cidade,
o lugar antes do desastre ambiental, como era a cadeia
alimentar daquele local e, posteriomente, desenhar, em grupos,

55
como posivelmente ficou a cadeia alimentar, que, com certeza,
houve um desequilíbrio.

Pedir que os alunos registrem essas diferenças na


cartolina/folha.

Como foi percebido, os vegetais e os animais que


viviam naquela localidade, foram quase todos afetados pelo
desastre e as cadeias alimentares,que alí existiam, foram
interrompidas, ocasionando a morte de muitos seres vivos.

15ªaula.

-Montagem de um terrário com animais e vegetais.

ExperimentoVI: Montagem de um terrário

A montagem de um terrário serve para observação de


vários fenômenos como: o ciclo da água, a fotossíntese,
conscientização dos alunos sobre a importância da água e do
solo na vida das plantas e dos animais (inclusive o homem).

56
Material:

 Aquário vazio ou vidro grande transparente ou,


ainda, garrafa pet.

 Pedrinhas/ cascalhos

 Carvão ativado (evita o mal cheiro e a proliferação


de fungos)

 Diferentes solos: terra vegetal

 Mudas de plantas (com as mesmas características)

 Saco plástico

 Fita crepe

Para sua construção, deve-se forrar o fundo do


aquário/vidro/pet com as pedrinhas (ou cascalho). Colocar o
carvão ativado, colocar a terra e, em seguida, as mudas. Após
esse procedimento, colocar cascalhos para ajudar a manter a
umidade. Borrifar água nas paredes do vidro. Fechar o terrário
com tampa própria do vidro ou um plástico transparente. As
plantas precisam de iluminação, mas não podem ficar expostas
diretamente ao sol.

57
Com a montagem do terrário podemos discutir alguns
fenômenos científicos, pois o terrário representa um pedaço do
ambiente reproduzido naquele espaço. Ligando ao assunto
estudado, as crianças puderam compreender todos os prejuízos
que esse desastre ocasionou naquela localidade.

58
-Poema utilizado na aula de Lígua Portuguesa, explorando o
aspecto político do acidente e desenvolvendo o senso crítico
dos alunos em uma roda de conversa.

Poema III:

“Lira Itabirana”
(Carlos Drummond de Andrade)

O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.

Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!

A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.

Quantas toneladas exportamos


De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?

59
16ªaula.
-Montagem do experimento para a verificação do uso do gás
carbônico pelas plantas, no laboratório de Ciências.
ExperimentoVII: Uso no CO2 pelas plantas

Material:

 2 potes de vidro grandes

 2 potinhos com água de cal

 1 planta

Colocar uma planta e um potinho com água de cal ao


lado e emborcar o pote de vidro sobre os dois.

No outro pote, só terá o potinho com água de cal.

Colocar num lugar iluminado e esperar alguns dias.

Resultado

A água de cal, do pote sem planta, criará uma película


esbranquiçada por cima, enquanto a água do pote com planta
quase não se percebe a película.

Motivo

A planta utiliza o CO2 quando realiza a fotossíntese.

60
17ªaula.
-Montagem da experiência para comprovar a liberação de
oxigênio pelas as plantas através da fotossíntese.
ExperimentoVIII: Liberação de O2 pelas plantas
(Fotossíntese)

Material:

 1 ramo de Elódea

 1 bequer

 1 funil de vidro

 Luminária

 Água com bicarbonato de sódio ou água mineral


com gás

 1 tubo de ensaio

 Fósforo

Procedimento:

Colocar a elódea dentro do béquer e colocar um funial


emborcado (A). Preencher com água, de modo que o funil
fique submerso (B). Colocar um tubo de ensaio na haste do
funil (C). Aproximar uma luminária por 30 minutos.

61
Resultado:

Ocorrerá a formação de bolhas no tubo.

Esperar mais 30 minutos, retirar o tubo e acender um


palito de fósforo e introduzir no tubo. A chama aumentará,
demonstrando que no interior do tubo havia oxigênio.

Observe a ilustração:

As experiências acima são muito importantes para que os


alunos compreendam o processo da fotossíntese, pois elas
comprovam que as plantas usam o gás carbônico (CO2) para
fabricar o alimento e que liberam oxigênio (O2) durante esse
processo.

Os alunos entenderão a importância da fotossíntese para a


vida no nosso planeta e como a falta de vegetais nas regiões
afetadas, vai prejudicar a vida de todos.

62
18ªaula.
-Acompanhamento do desenvolvimento do terrário.
-Com a observação do terrário, os alunos entenderão a
importância da fotossíntese e da respiração, relacionando o uso
e a liberação do oxigênio e do gás carbônico para a manutenção
da vida dos seres vivos.
Ressaltamos que esse tema selecionado despertou tanto o
interesse dos alunos que precisou ser estendido. Outro ponto
importante é que esse tema foi desenvolvido em todas as áreas
de estudo, como podemos perceber:
Matemática - Problemas, cálculos das proporções do
desastre, gráficos relacionados a tais cálculos, numeração...

Língua Portuguesa - Leituras e interpretação de vários


textos informativos, argumentativos, reportagens...

Estudos Sociais - Localização em mapas, aspectos sociais


e culturais das cidades atingidas, economia da região,
vegetação local...

Informática - Infográfico com dados e imagens do desastre


ambiental, elaboração de PPT para montagemde propagandas
para conscientização doocorrido...

63
Artes - Trabalho com argilas, representação da barragem
com material de sucata para confecção da maquete, entre
outros.

64
6. Considerações finais

Este trabalho foi elaborado com o objetivo de fornecer


ao professor do 1º segmento do Ensino Fundamental uma visão
da importância de se desenvolver atividades integradas,
Ciências/ CTSA com abordagens de Educação Ambiental, pois
a inserção de temas que abordam acontecimentos ambientais
reais contribui para o desenvolvimento do senso crítico e a
reflexão nos alunos. Utilizamos, para avaliar a pesquisa, um
questionário aberto, oferecido aos professores participantes e
através das respostas obtidas, foi possível constatar que o tema
escolhido despertou muito o interesse dos alunos, motivando-
os sobre os aspectos éticos e na compreensão da complexidade
e amplitude das questões ambientais.

Essa sequência pedagógica sobre Ciências/CTSA


dialogando com a EA,utilizou, como estratégia inicial, um
conflito ambiental real e que ocasionou problemas ambientais,
sociais, econômicos, culturais e políticos. As atividades
desenvolvidas possibilitaram que os alunos estabelecessem
relações entre os conteúdos estudados e os acontecimentos
cotidianos, mostrando uma visão contextualizada dos
problemas ambientais, contribuindo para o desenvolvimento do
senso crítico e a reflexão nos alunos.
65
Queremos enfatizar que essa sequência didática
possibilitou muito a interdisciplinaridade e a
transdisciplinaridade entre as demais áreas de conhecimento,
interligando os conteúdos programáticos e favorecendo a
compreensão dos alunos, sendo este um dos pontos importantes
apontados pelos docentes participantes. Não temos a pretensão
de apontar um modelo ideal de se trabalhar Ciências/ Educação
Ambiental, uma vez que as atividades devem ser adequadas à
realidade e às especificidades de cada unidade escolar, mas
ressaltar que a sequência didática, aqui desenvolvida, pode ser
um norteador do trabalho que contribui para que a Educação
Ambiental possa ser introduzida nos currículos escolares,
utilizando o movimentoCTSA, e ajudando a promover, nos
alunos, valores éticos e sociais, que são premissas preconizadas
pela Educação Ambiental.

Queremos ressaltar, também,a importância desse


trabalho ter tido a colaboração dos coordenadores e professores
das várias áreas de estudo, contribuindo para um produtivo
entrosamento.

Acreditamos, com essa sequência, mostrar a


importância de se trabalhar Ciências de forma crítica e que
tenha comprometimento com a realidade, despertando nos
66
alunos a preocupação com o futuro dos nossos recursos
naturais. É evidente que a escola sozinha não pode assumir a
responsabilidade de reverter uma crise ambiental, mas é um
caminho promissor.

Ainda concluindo, queremos incentivar os professores


para que desenvolvam a EA, no 1º segmento, de forma ampla,
contemplando todos os aspectos que ela envolve, pois assim
estaremos contribuindo na formação de futuros cidadãos
conscientes do seu papel nessa sociedade contemporânea. Que
esta sequência didática possa ajudar aos docentes nesta
importante tarefa. A sua participação é fundamental, professor.

Sugestões de temas que podem ser utilizados no


desenvolvimento do Ensino de Ciências/CTSA com
abordagem da EA..

-Poluição da Baía da Guanabara.

-Aquecimento global.

-Desmatamento.

-Saneamento básico.

67
Agradecimentos

Agradecemos aos professores que participaram desde


trabalho com muito entusiasmo, às coordenações que se
envolveram e deram ótimas sugestões e aos alunos que, apesar
da pouca idade, surpreenderam pelo empenho e pela
maturidade que mostraram ao desenvolver o tema Desastre de
Mariana.

Agradeço também à minha orientadora professora


Jurema Rosa Lopes, que, com a sua experiência, ajudou na
execução desta sequência didática.

68
Referências Bibliográficas

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto.


Parâmetros Curriculares nacionais: temas transversais.
Brasília: Mec/ SEF, 2001.

BRÜGGER, P. Educação ou adestramento ambiental? 3ªed.


Chapecó:Letras Contemporâneas, 2004.

CASCAIS, M. G. A.; FACHIN – TERAN, A. Sequências


Didáticas nas aulas de ciências do Ensino Fundamental:
possibilidade para Alfabetização Científica. In

DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A.; PERNAMBUCO. M.


M.. Ensino de ciências: fundamentos e métodos. 4ª Ed SP:
Cortez, 1991.

FACHIN – TERAN, A; SANTOS, S. C. S.; (Org.) Ensino de


Ciências em espaços não formais amazônicos. 1ª Ed,
Curitiba: CVR, 2014.

GUIMARÃES, M.A..A formação de educadores


ambientais.Campinas:Papirus,2007

HARLEN,W.Enseñanza y aprendizaje de las ciências,


2ªed.Madrid:Morata, 1994

69
LAYTON,1994,apud,SANTOS, W.P.;MORTIMER,E.F. Uma
análise de Pressupostos teóricos da abordagem C.T.S(Ciência-
Tecnologia-Sociedade) no Contexto da Educação
Brasileira.Ensaio:Pesquisa em Educação em
Ciências,v.2,n.2,dez.2002

MULINE, L. S.; LEITE, S. Q. M.; CAMPOS, C. R. P.


Sequência didática de ciências para debater o tema alimentação
nos anos iniciais do ensino fundamental. Revista Eletrônica
Debates em Educação Científica e Tecnologia, v. 3, p. 74 –
87, 2013.

MOREIRA,A.F.B.;PACHECO,J.A.;GARCIA,R.L.Currículo:
pensar, sentir e diferir.R.J,DP&A,2004.

PINHEIRO,N.A.M. Educação crítico-reflexiva para um ensino


médio científico-tecnológico.Tese:Doutorado-
U.F.S.C,Florianópolis,2005

REIGOTA,M. Ciência e sustentabilidade:a contribuição da


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Ambiental.Campinas,2007.

RICARDO, E. C. Educação CTSA: Obstáculos e


possibilidades para sua implementação no contexto escolar.
Ciência & Ensino, v. 1, n° especial, Nov, 2007.
70
SANTOS, W.P.;MORTIMER,E.F. Uma análise de
Pressupostos teóricos da abordagem C.T.S(Ciência-
Tecnologia-Sociedade) no Contexto da Educação
Brasileira.Ensaio:Pesquisa em Educação em
Ciências,v.2,n.2,dez.2002

71
Esse trabalho mostra uma sequência de atividades, para
os anos iniciais do Ensino Fundamental, envolvendo o Ensino
de Ciências/CTSA, fazendo um diálogo com as premissas da
Educação Ambiental.

Foi resultado de uma pesquisa que teve como tema


integrador o conflito ambiental ocorrido na cidade de Mariana
(MG) e que despertou nos alunos a reflexão sobre os valores e
comportamento das pessoas sobre as relações socioambientais.

72

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