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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3

2 TERAPIA COMPORTAMENTAL NA INFÂNCIA ......................................... 4

3 FUNDAMENTOS DA TCC NO ATENDIMENTO ÀS CRIANÇAS ............... 7

4 AVALIAÇÃO DA TCC NA INFÂNCIA ........................................................ 10

5 INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS ....................................................... 133

5.1 TÉCNICAS PARA IDENTIFICAÇÃO DE PENSAMENTOS E


SENTIMENTOS ................................................................................................... 133

5.2 TÉCNICAS PARA PSICOEDUCAÇÃO .............................................. 15

5.3 TÉCNICAS PARA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS ............................... 17

5.4 TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS .................................................... 18

5.5 TÉCNICAS COGNITIVAS ................................................................ 200

5.6 O PAPEL DA FAMÍLIA E DOS PAIS ................................................ 211

6 TRABALHANDO COM OS PAIS ............................................................ 233

6.1 TREINO DE PAIS ............................................................................. 245

7 TRABALHANDO COM A CRIANÇA ....................................................... 278

7.1 INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES DA TCC ......................... 2828

8 LUDOTERAPIA COMO ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA


345

8.1 O PROCESSO DE PSICODIAGNÓSTICO INFANTIL ..................... 412

8.2 A HORA DO JOGO DIAGNÓSTICA................................................. 412

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS .......................................................... 445

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI , esclarece que o material virtual é semelhante
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.
Bons estudos!

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2 TERAPIA COMPORTAMENTAL NA INFÂNCIA

Fonte: posgraduacao.br

A terapia infantil é uma terapia psicológica destinada a ajudar as crianças.


Levando em consideração as necessidades particulares e aspectos especiais das
crianças, possui recursos lúdicos que auxilia se aproximar do mundo infantil. Tem
como referência a dor da criança e tem como objetivo ajudá-la a encontrar uma forma
de se sentir melhor. Existem muitos motivos pelos quais um pai ou responsável
procura tratamento para uma criança.
A descoberta de que uma criança com dificuldades emocionais está tentando
resolver o problema em seu ambiente difere da simples visão de que ela criará outro
problema, o que nos leva a um ponto importante da psicoterapia comportamental
infantil, ou seja, os três elementos serviço modelo. Os pais participam do processo de
tratamento da criança por meio da reunião de orientação.
Em tais encontros, os pais aprendem formas alternativas de ajudar o filho, bem
como passam a entender o que ocorre no contexto familiar e o que poderia estar
gerando ou mantendo o problema.

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Percebe - se, neste modelo, que todo ambiente no qual a criança interage deve
ser considerado e também ser foco de intervenção. Neste sentido, pode-se orientar,
inclusive, outros familiares e a escola.
A principal diferença entre a terapia de adulto e a infantil talvez esteja na busca
constante do terapeuta comportamental infantil por procedimentos alternativos ao
relato verbal, para obter informações sobre as variáveis que controlam o
comportamento da criança. Enquanto na terapia de adultos os clientes podem
descrever seus comportamentos e relatar seus sentimentos, na terapia infantil o
repertório verbal da criança para descrever seus sentimentos e falar de suas
lembranças pode ser restrito e dificultar o caminho do terapeuta no estabelecimento
do contato da criança com as variáveis que interferem em seus comportamentos e
sentimentos (Kohlenberg & Tsai, 2001 apud Gadelha Y 2004).
Por meio do relacionamento sincero com a criança, o terapeuta inicia o
processo de mudança de comportamento no consultório, com o objetivo de tornar
esse progresso universalmente aplicável ao ambiente natural da criança. Dessa
forma, ela terá um bom desempenho em todos os aspectos da vida.
A infância nem sempre significa um momento sem inquietações e dores. Não é
incomum que as crianças venham ao consultório psicológico quando encontram
problemas que vão além da compreensão de seus pais e da escola. Como todos
sabemos, a dificuldade é um desafio inerente ao crescimento, mas é preciso prestar
atenção aos sinais de que o problema pode prejudicar o desenvolvimento normal.
Normalmente, a morte de parentes, a separação dos pais, as mudanças na
cidade e a chegada de irmãos mais novos é o bastante para causar sofrimento aos
filhos. Atritos cotidianos, desobediência e agressão vão corroer o relacionamento
entre pais e filhos e criar um círculo vicioso de agressividade e culpabilização. Nesse
caso, muitos pais procuram terapia comportamental para crianças.
A psicoterapia cognitivo-comportamental tem como objetivo desenvolver um
meio para as crianças lidarem com o mundo ao seu redor de uma forma saudável.
Comprometida em ajudar as famílias a interagir e participar de todos os processos de
aprendizagem que as crianças vivenciarão e a promover um bom relacionamento
entre pais e filhos.

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Normalmente, quando pais, professores e familiares observam
comportamentos disfuncionais frequentes, como morder um cachorro, gritar, chorar,
destruir objetos, chutar, empurrar, mentir ou roubar, eles farão recomendações
Outras crianças chegam porque têm dificuldade em fazer amigos, são muito caladas,
tímidas, ansiosas, demasiado tristes ou acelaradas. A psicoterapia cognitivo-
comportamental para crianças também pode ajudar crianças com doenças graves,
desobediência aos pais, obesidade, enurese noturna, distúrbios de aprendizagem ou
atenção.

Fonte:casulepsicologia.com

Durante o processo de tratamento, os cuidados serão prestados de forma sutil


e lúdica, para que as crianças possam relaxar através de atividades adequadas à sua
idade (como pintura, desenho, jogos e histórias) de forma a estabelecer uma relação
afetiva e de confiança entre os crianças e terapeuta. Os encontros dão a ela a
oportunidade de falar sobre seus medos, desejos, pensamentos e sentimentos, e
possibilitam ao terapeuta observar seu comportamento e desenvolver novas
habilidades comportamentais na criança. O trabalho do terapeuta em psicoterapia
cognitivo-comportamental infantil se estende a membros da família e escolas.
No processo de aprendizagem, o relacionamento entre a criança e as pessoas
ao seu redor é muito importante. Isso significa que para mudar o comportamento da
criança, a família e as pessoas ao seu redor também precisam mudar.

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Nesse processo, os pais fazem parte do foco de intervenção, sua tarefa é
observar o ambiente em que ocorre o comportamento da criança e suas
consequências, buscar estabelecer uma relação funcional para discussão com a
terapeuta e observar sua própria situação, e compreender de que forma os pais
podem ajudar a resolver problemas.
Uma infância sadia é fundamental para o desenvolvimento integral dos adultos.
Diante das muitas mudanças sociais e familiares que enfrentamos hoje, os adultos
devem estar atentos às necessidades psicológicas de seus filhos. Dadas as
dificuldades, o processo de tratamento pode ser um excelente aliado para salvar a
saúde mental das crianças e a estreita relação entre pais e filhos.

3 FUNDAMENTOS DA TCC NO ATENDIMENTO ÀS CRIANÇAS

Nos últimos anos, o tratamento psicológico de crianças sempre foi uma área de
preocupação, especialmente no campo da promoção e prevenção. Com efeito,
recentemente o tratamento psicológico de crianças e adolescentes não é apenas visto
como um meio de tratamento, mas também principalmente como um meio de
prevenção de doenças mentais e promoção da saúde. Além desses fatos, existe uma
campanha de defesa e valorização do diagnóstico na primeira infância, com o objetivo
de tratar e prevenir doenças mentais de forma mais eficaz na vida adulta.
A Terapia Cognitivo Comportamental tem alavancado seus estudos com
relação ao tratamento infantil e tem mostrados resultados satisfatórios.
A finalidade da TCC é conseguir flexibilidade e reunificação do modelo
patológico das elaborações das informações, pois pressupõe que determinadas
situações ou fatos não cause sofrimentos às pessoas, mas a significação equivocada
e rigorosa dos mesmos. Já é possível encontrar evidências científicas na literatura de
que esse tipo de terapia se demonstra eficiente no tratamento de muitas necessidades
psiquiátricas e psicológicas.
Tal embasamento teórico de orientação clínica visa principalmente o
atendimento ao adulto, pois as primeiras técnicas aplicadas necessitavam do
indivíduo um nível de maturidade cognitiva.
No entanto, a partir dos anos oitenta, os trabalhos referentes à psicoterapia cognitivo-
comportamental para crianças e adolescentes começaram a crescer e a apresentar

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maior consistência, o que pode estar relacionado ao modelo construtivista na linha de
estudo da TCC, enfatizando a iniciativa e o papel dinâmico do indivíduo na
experiência. Esses métodos ocupam a importância de intervenções interpessoais com
foco na emoção e na elaboração do entendimento.

Fonte: rbtc.org.br

Com a evolução dos estudos relacionados à terapia cognitivo-comportamental,


observou-se a importância de elucidar as formas como as emoções se adaptam,
aumentando o conhecimento e a performance da TCC no atendimento à crianças e
adolescentes.
A dificuldade de vislumbrar a aplicabilidade da TCC em crianças acabou
gerando uma série de "mitos" sobre sua realização, que costumam dificultar a
disseminação dessa abordagem teórica e o acesso dessas ao processo terapêutico.
Dos mitos sobre a aplicação da TCC m crianças, pode-se dizer:

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Fonte: rbp.celg.org.br

De maneira oposta do que se pensa com relação a aplicação da TCC em


crianças, tal abordagem muito se assemelha à metodologia aplicada com adultos.
Destaca-se especialmente, por exemplo, a focalização no presente, o propósito de
modificar a estrutura cognitiva e os comportamentos, promovendo encontros
estruturados, entre outras coisas. No entanto, a abordagem a crianças e adolescentes
difere nos tipos de intervenções realizadas, que se basearão na criação de linguagem
(geralmente não verbal) para acessar as funções cognitivas de crianças e
adolescentes.
Ademais, existem outras diferenças no tratamento das crianças, como a
intervenção dos pais, que geralmente inclui uma grande parte, às vezes até uma parte
maior do tratamento. Desta maneira, o foco das intervenções em TCC com crianças
e adolescentes, além de focar na ativação e compreensão das emoções (que para os

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jovens são difíceis de distinguir do pensamento), também devem trabalhar no
pensamento adaptativo e não adaptativo.

4 AVALIAÇÃO DA TCC NA INFÂNCIA

Fonte:psicologavalinhos.com

Questões relacionadas à emoção e comportamento podem prejudicar o bem


estar e o crescimento do indivíduo. Compreender o funcionamento do indivíduo em
questão nos diversos momentos e situações, conseguir evidenciar as dificuldades e
consequências que este enfrenta no seu dia-a-dia são umas das percepções que o
terapeuta precisa ter, já que a cognição tem papel ativo nas dificuldades emocionais
enfrentadas pelo indivíduo, neste caso a criança. Importante salientar que a atenção
focalizada e o direcionamento da Terapia cognitivo-comportamental, necessitam de
uma avaliação diagnóstica apropriada.
São os pais, ou pessoas relacionadas aos cuidados para com a criança, que
normalmente dão o primeiro passo quando se identifica a necessidade de tratamento
para estas. A entrevista de anamnese é um instrumento indispensável, pois por meio
deste é possível compreender a criança num todo e realizar elaboração de um
atendimento estruturado.
As crianças frequentemente precisam de outras formas para expressar seus
sentimentos que não a verbal, para obter os ganhos que essa expressão significa para
o desenvolvimento da terapia. Essas outras formas de expressão incluem desenhar
ou contar histórias, fantasiar, imaginar e interpretar situações, usar bonecos e jogos,
pinturas, colagens, argila, massa plástica de modelagem, música, entre outros
instrumentos que caracterizam uma situação natural para a criança e um ambiente
livre de censura para a exposição de seus sentimentos. O uso desses instrumentos
depende de um esforço do terapeuta infantil em identificar quais deles são úteis para

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proporcionar a identificação de importantes variáveis de controle sobre o
comportamento da criança (Regra, 2000 apud Gadelha Y, 2004).
A atuação clínica da TCC mostra que quanto mais completas são as
anamneses de crianças e adolescentes, melhor é o planejamento e o manejo dos
casos. Nessa etapa da avaliação infantil, podem ser utilizados escalas e questionários
que devem ser respondidos pelos pais ou, pela própria criança, educador ou outro
profissional que tenha contato direto com a mesma. Estritamente, na avaliação de
crianças em acompanhamento pela TCC, os dados relacionados à história pregressa
da criança devem ser investigados - gravidez, puerpério, doenças maternas e outras
complicações - e as condições em que se desenvolve - desenvolvimento neuromotor
e linguagem da criança, Dieta, hábitos e história familiar (saúde, economia, condições
ocupacionais, crenças religiosas e outros. A compreensão de como é a relação da
criança com seus pais, irmãos e outros membros da família é imensamente válido
para construir hipóteses diagnósticas para o caso.
A vida escolar (no caso de a criança já frequentar a escola) também deve fazer
parte da avaliação da criança, porque o desempenho acadêmico e o relacionamento
com os colegas oferecem dados que podem ser particularmente úteis neste processo.

Fonte: Fonte: tudosobrexanxere.com

A análise do campo cognitivo das crianças e adolescentes bem como, da forma


de se comportar em variados ambientes, como a escola, da relação que estas têm
com as figuras que desempenham papel de autoridade, a maneira como reagem às
normas impostas, são pontos importantes para a análise. A anamnese realizada com
afinco e cuidado e a avaliação do contexto desde o início de seu desenvolvimento são
imprescindíveis para a identificação dos sintomas e como estes evoluem. Assim o
terapeuta poderá levantar hipóteses e as técnicas a serem utilizadas durante o
processo. Para a terapia cognitivo-comportamental esse enredo é fundamental para
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a melhor compreensão e estruturação de como acontecerá a terapia. Essa
conceituação proposta pela TCC elucida pontos diversos e importantes, tanto no
atendimento a adultos quanto a crianças e adolescentes, levando em conta sempre,
no caso destes últimos, suas singularidades, o momento de seu desenvolvimento e o
ambiente o qual está inserida.

Fonte: psicoterapiacomportamentalinfantil.com
A terapia cognitivo-comportamental tem seu foco na causa das dificuldades
relacionadas à emoção e comportamento, portanto algumas regras são usuais
durante a conceituação cognitiva. Geralmente, esses protocolos buscam englobar,
essencialmente, as seguintes solicitações:
• Detectar as complexidades atuais da criança;
• Acontecimentos relevantes da infância;
• As observações das crianças sobre si mesmas e sobre os outros e as
opiniões da família sobre as crianças, como o objetivo de identificar o
funcionamento desta interação familiar, desde suas crenças, emoções
as reações às diversas situações.
Além de permitir que as crianças informem sobre seus sentimentos e
descrevam comportamentos e eventos importantes, as brincadeiras dirigidas
permitem que elas aprendam respostas alternativas a seus comportamentos
disfuncionais ou indesejáveis como bater, gritar, xingar, chorar e tremer. O brinquedo
é um instrumento do processo de aprendizagem e brincar é uma possibilidade de
aprender a se comportar adequadamente frente a determinados estímulos. Por meio
da brincadeira, a criança analisa seu próprio comportamento, ficando ciente das
contingências que o determinam e, a partir daí, pode alterar sua relação com o
ambiente. O uso da fantasia e da brincadeira leva a criança a encontrar alternativas
de comportamentos, inicialmente para os personagens de suas brincadeiras e depois
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para as situações de sua vida (Guerrelhas, Bueno & Silvares, 2000 apud Gadelha Y,
2004).
Os programas de conceituação cognitiva das crianças devem ser revistos e
reavaliados ao longo do processo de psicoterapia, pois é uma linha de atendimento
nova e em constante evolução, elevando para além a importância desta. Para alguns
pesquisadores as diversas formas de apresentação das emoções e a habilidade de
resolução dos problemas em suas variadas apresentações são pontos essenciais de
estudo na TCC, o foco fixa-se nas dificuldades atuais dentro do campo das emoções
e do comportamento, tal aplicação é determinante para a condução do processo. Se
tratando do atendimento infantil, técnicas lúdicas como desenhos, jogos auxiliarão no
diagnóstico.
É relevante observar que a maneira como o terapeuta terá acesso ao cognitivo
de cada indivíduo ocorrerá de modo particular, de acordo com suas características
especificas. Por tanto deverá contar com um leque instrumental variado para o
atendimento infantil.

5 INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS

5.1 Técnicas para identificação de pensamentos e sentimentos

As emoções iniciam seu desenvolvimento desde os primeiros contatos, olhares


entre a criança e sua mãe e demais pessoas ao seu redor, o que produzirá modelos
característicos e afetando a formação da personalidade. Independente do diagnóstico
da criança, é relevante que ela saiba reconhecer suas próprias emoções e as das
outras pessoas, pois isso pode interferir nos tipos de relacionamento que se
estabelecerão ao longo de sua vida. As emoções são uma mistura de sentimentos
subjetivos e estados fisiológicos. Todos experimentam e expressam emoções de
maneiras diferentes. Embora as emoções sejam respostas subjetivas pessoais, elas
são na verdade as mesmas em todas as culturas do mundo.
A literatura ressalta a importância de incorporar no tratamento psicoterápico os
protocolos baseados em evidências, sempre com flexibilidade, respeitando os
problemas específicos de cada criança e suas famílias. Destaca-se a importância de

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junto com a ciência haver espaço para a arte do encontro humano, com empatia e
disposição (PETERSEN, WAINER, 2011 apud Silva A; 20017).
O baralho das emoções é uma ferramenta eficaz na identificação e
compreensão das emoções, este jogo apresenta as diversas expressões das
emoções, incluindo as emoções primárias, o amor, a raiva, a alegria, a tristeza, o
medo, o nojo. Essas emoções se transformarão em emoções mais complexas no
decorrer do desenvolvimento das crianças.
. Outro método que pode ser usado para ajudar as crianças a reconhecer
emoções e pensamentos é uma técnica chamada "relógio de pensamento". O relógio
é confeccionado ao longo da sessão em companhia do paciente, e no lugar dos
números o paciente desenhará pequenas faces caracterizando as emoções. A
proposta é auxiliar a criança a descobrir e compreender seus sentimentos e mostrar
a ela que as emoções passam bem como as horas. Através dos ponteiros, a criança
pode manifestar seu sentimento naquele momento, e o terapeuta pode auxiliá-la a
descobrir que pensamentos a fazem sentir-se assim.

Fonte: mariadocarmo.psc.br

Ao trabalhar com crianças, sua idade e estágio de desenvolvimento devem ser


considerados na escolha do método ou intervenção mais apropriada. Crianças
pequenas usualmente não correspondem de modo favorável a perguntas ou assuntos
diretivos. Em vista disso, para que essas crianças consigam desvendar suas
emoções, pode-se usar Técnicas de Elaboração de Histórias. Tais histórias precisam
ser semelhantes com o ensejo vivenciado pela criança, o qual está acarretando certas
emoções no seu dia a dia. Os integrantes da história podem ser animais ou quaisquer
personagens que não se associe diretamente à criança.

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Dessa forma, a criança consegue se identificar com a situação e o personagem,
podendo dizer, mesmo que indiretamente, o que está sentindo ou mesmo pensando.

5.2 Técnicas para psicoeducação

A psicoeducação tem a finalidade importante de nortear o paciente quanto ao


seu desempenho, diagnóstico, sinais e sobre o próprio acompanhamento,
favorecendo o processo de mudança.
Na terapia infantil, a técnica da psicoeducação é geralmente usada com os pais
e com a própria criança, no entanto a maneira como será realizada deve levar em
consideração a idade e o desenvolvimento do paciente. Para crianças pequenas,
pode-se usar a psicoeducação indireta, isto é, por meio de metáforas, histórias ou
personagens que não as mencionam diretamente.
Por exemplo, para comportamento agressivo, é possível usar a metáfora do
Super-Herói Incrível Hulk, distinguindo, em companhia da criança, o sentimento de
raiva, de que forma aparece no corpo e como reage quando se sente assim. Do
mesmo modo é possível usar a Metáfora do Vulcão, que “simboliza” o corpo humano,
e a lava representa a raiva, porque o vulcão começa a aquecer até que entra em
erupção, transbordando a lava que dentro dele estava.

Fonte: revistacrescer.globo.com

O hábito de contar com histórias é um fenômeno comum na infância, que


permite às crianças se sentirem à vontade ao processar e falar sobre contos e
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histórias. As histórias “De minha boca saem cobras e lagartos", por exemplo, retratam
sobre um menino que vai sendo tomado por cobras e lagartos que despontam de sua
boca a todo momento, acarretando no afastamento das pessoas ao seu derredor.
Por meio dessa história, pode ser aplicada a psicoeducação da agressividade,
dos sentimentos do menino e da consequência que seus comportamentos têm frente
outras crianças.
Uma Psicoeducação Diretiva pode ser igualmente útil com crianças, desde que
preserve a natureza lúdica da infância.
A psicoeducação é uma intervenção psicoterapêutica a qual tem como objetivo
enfocar mais as satisfações e ambições relacionadas aos objetivos almejados pelo
paciente do que uma técnica voltada para curar determinada doença (Authier, 1977).
Segundo o autor, a psicoeducação propiciou uma maneira de auxiliar o tratamento
das doenças mentais a partir das mudanças comportamentais, sociais e emocionais
cujo trabalho permite a prevenção na saúde. Dessa forma, a psicoterapia iniciou um
processo de ter um caráter também educativo tanto para o paciente quanto para seus
cuidadores cujo objetivo é ensiná-los sobre o seu tratamento psicoterápico para que
possam ter consciência e preparo para lidar com as mudanças a partir de estratégias
de enfrentamento, fortalecimento da comunicação e da adaptação (Bhattacharjee et
al., 2011). Assim, a maneira mais efetiva para auxiliar as pessoas é ensiná-las a se
ajudarem, propiciando conscientização e autonomia (Authier, 1977).

Fonte: Fonte: slideplayer.com

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5.3 Técnicas para solução de problemas

Essa técnica é comumente utilizada na TCC com adultos, esta envolve a


especificação de problemas para projetar soluções viáveis, e selecionar soluções a
partir deles e, em seguida, implementar e avaliar sua eficácia. Considerando que
durante a fase do desenvolvimento, as crianças começam a aprender a resolver
problemas de diferentes complexidades, e muitas vezes encontram dificuldades na
solução desses problemas, esta técnica pode ser adequada para elas.

Fonte: pt.depositphotos.com

Dentre as técnicas aplicáveis às crianças, está a “máscara do herói”, onde o


paciente seleciona um herói, que pode ser um personagem, uma celebridade, ou
mesmo um pai e professor, e então cola o personagem do herói na máscara. Ao
colocar uma máscara e "se tornar" um herói, a criança começa a olhar para o problema
de outro ângulo e se sentir fortalecida. O terapeuta a encoraja a explorar todas as
alternativas para seu problema e escolher a melhor solução. Como um herói, as
crianças podem questionar crenças disfuncionais e perceber os recursos que dispõe
para lidar com essa situação, gerando autoconfiança. O sistema reflexivo realiza uma
série de operações cognitivas para analisar, expandir, comparar e avaliar o conteúdo
da consciência. A exemplo, pode-se citar a organização dos pensamentos, o
autoquestionamento contínuo, a análise lógica e o processo de resolução de
problemas. O autoquestionamento contínuo, em especial, demonstra ser
indispensável para o momento de ponderação.

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5.4 Técnicas comportamentais

Os métodos comportamentais são amplamente utilizados no tratamento de


crianças e adolescentes, pois de acordo com a idade e necessidades das crianças,
pode ser mais difícil para as crianças prestar atenção e monitorar sua cognição do
que os adultos, se mostrando mais interessante o uso de intervenções
comportamentais. Nesta perspectiva os métodos comportamentais diminuem a força
e constância dos comportamentos desestruturados e ampliam os comportamentos
pretendido.

Fonte: apc-coimbra.org.pt

Em meio as variadas técnicas utilizadas na TCC, as técnicas de relaxamento


são eficazes em muitos casos, ainda mais se tratando de ansiedade, pois auxiliam
também nos aspectos fisiológicos apresentados pela ansiedade. A técnica de
relaxamento progressivo é aplicada em crianças de maneira adaptativa. Técnica esta
que levam os pacientes a contrair e repousar os músculos e uma só vez. Lembrando
que sua aplicação com crianças deve acontecer e comum acordo com a mesma.
Alguns ajustes como idealizar o corpo enrijecido como um robô, depois amolecido
como um boneco de pano, na sequência solicitar a criança que descreva qual
sensação teve em cada uma das vezes.
A técnica de respiração diafragmática é também utilizada no processo de
relaxamento. Sua aplicação propõe que a respiração (inspirar, expirar) seja realizada
de forma lenta e profunda. A espuma de sabão pode ser usada com crianças, pois
para que a espuma se forme deve ser soprada lentamente, o que ajuda a regularizar
a respiração e eliminar os sintomas físicos causados pela ansiedade. Sua utilização

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em crianças que não toleram frustração, o que pode produzir irritação e raiva, tem o
efeito de redução dos sintomas.

Fonte: terapiaempauta.blogspot.com.br

A exposição gradual é uma técnica amplamente usada em adultos ansiosos


que visam atingir metas, mas não conseguem sentir a capacidade. É indispensável
no tratamento de crianças com vários tipos de transtornos de ansiedade. Nesse caso,
o uso de metáforas também pode ajudar as crianças a participarem da técnica.
Primeiro, defina a meta, depois demarcar a meta em “passo a passo” e explique para
a criança, por exemplo, como uma escada, ela vai subindo gradativamente até chegar
ao topo, ou mesmo se for um videogame, ela deve vencer o desafio em cada estágio.
Junto com o paciente, o nível de dificuldade é estabelecido. A cada etapa atingida, o
terapeuta deve encorajar o paciente e incentivá-lo a continuar o tratamento.
A técnica economia de fichas tem a proposta de aumentar os comportamentos
adequados (comportamento-alvo) através da concentração.
O método opera de modo a somar pontos e recompensas, onde o
comportamento esperado é destacado em primeiro lugar. Deve-se começar com
alguns comportamentos, de um a três de acordo com a idade, e então determinar
alguns pontos para cada comportamento. Cada vez que uma criança envia um
comportamento positivo, obterá um ponto positivo, levando à recompensa.
O terapeuta determinará quantos pontos mínimos ela deve coletar a cada
semana para poder trocar recompensas pré-estabelecidas. Toda recompensa
também tem um valor diferente. Portanto, quanto mais fichas ela coletar, melhor será
a recompensa. Lembre-se, é sempre importante não recompensar com alimentos,

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dinheiro ou qualquer ativo com alto valor financeiro. De preferência que sejam
atividades de lazer preferivelmente junto à família.

Fonte: psiterapeutico.com

5.5 Técnicas cognitivas

Cada vez mais as técnicas cognitivas estão se desenvolvendo e sua


aplicabilidade em crianças ganhando destaque e resultados positivos e concretos.
Existem muitas técnicas utilizadas com crianças, a exemplo a analogia do semáforo,
que sugere que as crianças aprendam, a evidenciar e caracterizar seus pensamentos,
sendo sinal vermelho para pensamentos negativos, amarelo para os que cabem
reflexão, verde para aqueles que promovem bem-estar, felicidade.
No arsenal teórico é possível encontrar diversas técnicas lúdicas, que auxiliarão
no processo terapêutico, uma vez que ajudam as crianças na compreensão de seus
pensamentos disfuncionais e a modificá-los para funcionais. Há também as que
auxiliam na tomada de decisões, a exemplo a técnica da balança das vantagens e
desvantagens.

Fonte: revistacrescer.globo.com

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5.6 O papel da família e dos pais

Os pais frequentemente procuram tratamento para seus filhos, a fim de buscar


orientação sobre como ajudá-los a superar problemas ou medos. Os pais são modelos
muito importantes na vida dos filhos. Os pais com pensamentos e crenças adaptativas
podem encorajar seus filhos a enfrentar situações difíceis de uma forma positiva e
prática, o que é de grande ajuda na redução dos sintomas de ansiedade. O
relacionamento interpessoal e o ambiente social da criança, incluindo pares e
membros da família, devem ser considerados no desenho e no resultado do
tratamento e devem fazer parte do tratamento. Problemas na relação pais-filhos
podem afetar o desempenho e a manutenção do comportamento desadaptativo da
criança, portanto, o envolvimento dos pais no tratamento é um componente lógico e
não deve ser reduzido.
Soluções eficazes são o resultado de muito trabalho e tempo, portanto, as
ideias podem ser usadas ativamente. Portanto, é importante trabalhar com a família e
os pais, pois este é o primeiro modelo de aprendizagem da criança. Atuar em
psicoterapia infantil é inconcebível sem se trabalhar com os adultos, pois as
dificuldades das crianças dão-se com maior constância fora da terapia do que na
sessão. Para mudar o ambiente da criança, os pais devem estar conectados ao
terapeuta. Se os pais e o terapeuta não trabalharem no mesmo "plano de jogo", a
criança receberá sinais confusos e o efeito da intervenção será reduzido.
No tratamento de crianças, os pais podem ser conselheiros, colaboradores ou
"co-pacientes". Como consultores, eles trazem informações passadas e atuais e são
capazes de fornecer várias respostas importantes durante o processo de tratamento.
Como colaboradores, participam da terapia com o objetivo de cooperar em seu
comportamento e atividades relacionadas. Os pais, como "co-pacientes", participam
do tratamento de seus filhos como na terapia familiar, e participam de algumas
intervenções especiais (como treinamento para pais) sobre como lidar com os
sintomas apresentados por seus filhos. O primeiro procedimento para trabalhar com
os pais na TCC com crianças e adolescentes é a psicoeducação, que é realizada por
meio de discussões e leituras sobre tratamento e desenvolvimento infantil. Os pais
têm a oportunidade de discutir as preocupações sobre seus filhos e fornecer-lhes
informações úteis sobre doenças ou problemas e tratamentos. Ademais, o terapeuta
também orientará e fornecerá maneiras específicas de ajudar os pais a auxiliarem os
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filhos na resolução dos problemas. As questões levantadas são definidas em termos
que os filhos e os pais possam compreender, proporcionando-lhes uma sensação de
esperança e controle. Os pacientes aprendem as habilidades de mudança pessoal:
identificar e decidir sobre comportamentos específicos a serem mudados; avaliar seu
nível atual de funcionalidade no campo e determinar os gatilhos e as consequências
potenciais de seu comportamento. A TCC também se baseia no uso e em contratos
orais ou escritos por meio dos quais os pacientes e seus familiares concordam em
tentar alguns cursos de ação entre as sessões de tratamento. Também se baseia na
crença de que as atividades extracurriculares das crianças são tão importantes quanto
suas interações na terapia.
Desta forma, acredita-se que as mudanças de pensamentos, emoções e
comportamentos se devam principalmente ao fato de as crianças poderem vivenciar
novos comportamentos na vida real e não simplesmente no processo de
aprendizagem.
Por conseguinte, a TCC envolve excesso de confiança nos deveres de casa e
exercícios entre as sessões, durante os quais o paciente testará as habilidades
aprendidas. Por meio desses exercícios adicionais, os pacientes podem obter
informações sobre suas crenças e comportamentos e podem experimentar uma
variedade de comportamentos diferentes e maneiras de interpretação de eventos.
Normalmente, os pais têm muita ou poucas expectativas em relação aos filhos, o que
pode gerar conflitos. A maioria das queixas de alguns pais está relacionada a
expectativas ilusórias, pois confundem o comportamento desejável com o
comportamento aguardado. Tendo como exemplo, é desejável que irmãos interajam
por horas sem discutir, ficarão desapontados por tentar continuamente impô-las e
fracassar. Ao avaliar a frequência, intensidade e duração do problema, o terapeuta
pode discernir se as expectativas dos pais são realistas.
Uma das funções do terapeuta é verificar o grau de correspondência entre a
percepção subjetiva dos pais e os dados objetivos. Após esta avaliação, os pais
aprenderão algumas habilidades para aumentar o comportamento desejado da
criança e, assim, ensiná-los a atrair um comportamento apropriado. Uma vez que
muitos pais reclamam que passam muito tempo dizendo a seus filhos o que fazer e o
que não fazer, o terapeuta pode ensinar aos pais métodos de orientação mais eficazes
para melhorar a taxa de obediência de seus filhos. A fim de obter consequências

22
positivas ou evitar situações indesejáveis, as ações das crianças são intencionais,
portanto, o conceito de reforço e punição e quando utilizado deve ser repassado aos
pais.

6 TRABALHANDO COM OS PAIS

O atendimento às crianças requer também intervenção com os pais, que


acontece em formas e momentos diferentes durante o tratamento, à medida que surge
necessidade. A faixa etária também é um diferencial, pois a intervenção tem sua
orientação caraterística à demanda e fase da criança, sendo que em crianças até seis
anos e idade, o trabalho com os pais relaciona-se à grande parte do processo, e em
crianças maiores, como um agente fortalecedor do processo. O envolvimento dos pais
no tratamento das crianças e adolescentes interfere de modo positivo do sucesso do
mesmo.

Fonte: psiconexe.com
Pois tanto os pais, quanto quem cuida da criança, exercem papéis relevantes
no processo quando cooperam com o cuidado de crianças ou adolescentes: a
intervenção-facilitadora está focada principalmente na criança, e a participação dos
pais é apenas para compreender a atuação do terapeuta com a criança, o que e de
que forma está sendo realizada - os pais desempenham um papel dinâmico, a fim de
compreender as intervenções, monitorar e supervisionar a metodologia aplicada e
apoiar na prestação de cuidados; clientes - foco do tratamento será nas funções

23
cognitivas e comportamentais do pais, e eles serão ajudados a reavaliar seus pontos
de vista sobre seus filhos e mudar seu comportamento.
Ressalta-se a importância do vínculo entre o terapeuta e os pais, elemento
básico e essencial de qualquer cuidado com a terapia cognitivo-comportamental.
Nesse tipo de atuação é principalmente através dos pais que se obtém dados
importantes para o desenvolver da terapia, eles agem como promotores das
transformações na vida da criança, são também responsáveis pelo tratamento no que
tange a pagamento e atendimentos, já que a criança depende de quem a leve para a
terapia, e o não estabelecimento do vínculo ou o rompimento deste, é tido como
principal motivo do abandono do tratamento.

Fonte:folha.uol.com.br

6.1 Treino de pais

No atendimento a crianças o treinamento de pais é importante e normalmente


é realizado por profissionais da TCC. No treino de pais o terapeuta investiga, elucida,
propicia a modificação de aspectos comportamentais e cognitivos dos pais
relacionados aos filhos. Pois quando os pais compreendem o funcionamento
emocional e comportamental de seus filhos, bem como o que este funcionamento
acarreta ao filho, mudam positivamente suas atitudes, de maneira que o
funcionamento da criança também muda, e de forma mais rápida.
24
O treinamento de pais tem o viés educativo e se propõe direcionar os pais,
auxiliando-os na identificação de situações problemas e condução das crianças, de
modo a reduzir prejuízos que estes possam acarretar na qualidade de vida dos filhos.
Proporcionando aos pais condições de ajudarem seus filhos, gerenciando situações
específicas e possibilitando a ambos aprender comportamentos mais adaptativos.
Na prática, identifica que os programas de TP fornecem benefícios para a
TCC infantil:
• Capacitar os pais a compreender melhor seu papel no tratamento de
seus filhos (as);
• Oportunizam um espaço "apropriado" para que possam trocar
informações e discutir as dificuldades na criação e educação dos filhos;
• Proporcionam a transferência de controle do terapeuta para os pais,
pois, por meio do aprendizado, acabam administrando várias situações
que envolvem a criança de maneira mais adequada e eficaz.
Em geral, o programa de TP tem se mostrado eficaz em lidar com situações
específicas, como comportamentos disfuncionais (tronco, teimosia, comportamentos
opostos), e proporciona melhor desenvolvimento das habilidades sociais em crianças
com problemas de relacionamento interpessoal e comportamentais. Ademais, e são
passíveis de serem aplicadas em diversas condições clínicas, tais como: transtornos
disruptivos, especialmente o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
(TDAH) e Transtorno Desafiador Opositor (TDO), transtornos de ansiedade,
transtornos alimentares, transtornos globais do desenvolvimento, dificuldades de
aprendizagem e dentre outros, incentivando e proporcionando o desenvolvimento de
habilidades funcionais familiares.

Fonte: eusemfronteiras.com.br

25
O treino de pais é em maioria aplicado quando se identifica transtornos
disruptivos, por terem a conotação de auxiliarem os pais a melhor administrar as
relações familiares e a inspirar habilidades de autoconfiança, comunicação e
socialização. Tais transtornos geram dificuldades sociais, interferindo de forma
negativa em todos os ambientes que a criança participa (lar, escola por exemplo),
sendo motivadores da evasão escolar. O treino de pais pode acontecer nas diferentes
abordagens, pode ser realizado em grupo, o que é mais frequente, como também
separadamente, somente os pais e filhos.

Fonte: tudobemserdiferente.wordpress.com

Para a aplicação do treinamento de pais, faz-se necessário seguir alguns


passos, como análise dos aspectos da criança e sua família, elaboração e exposição
da proposta para os pais, orientação sobre o funcionamento da criança bem como
familiar, e estratégias a serem utilizadas. Seu objetivo é a promoção de condutas mais
adaptativas e positivas para ambos. Ao fim e não menos importante, uma análise geral
de todo o processo (desafios, impactos).
Nesse processo, o terapeuta pode utilizar diferentes ferramentas, como
escalas, questionários, checklists, entrevistas, etc., além de procedimentos
específicos que podem ser formulados ou modificados, sendo o mais utilizado o
modelo de Barkley (1997). No projeto TP, os tópicos mais ocupados incluem técnicas
de Manejo de Contingências e o Treinamento de Habilidades Sociais, bem como o
processo de educação psicológica parental. Entretanto, a seleção das técnicas
26
específicas decorre do quadro clínico em questão e dos propósitos do programa, e
muitas ferramentas apresentam-se à disposição do terapeuta, como estimulação de
habilidades para Resolução de Problemas, Monitoramento de Comportamentos
(economia de fichas), Manejo de Ansiedade e Estresse, dentre outros.
Normalmente, o plano de treinamento dos pais é feito dentro de um período de
tempo específico, geralmente com um total de 12 aulas, uma vez por semana. Além
disto, considerando a nova estrutura familiar comum da atualidade, é necessário
destacar que essas capacitações podem contar com a participação de outros
membros familiares, como avós, tios e outros diretamente relacionados ao
comportamento dos filhos, bem como a participação da escola, pois a mudança
comportamental da criança no meio escolar vem a ser um dos alvos na TCC.
Assim, os jogos de fantasia são úteis para identificação de variáveis das quais
um certo comportamento é função e as estratégias lúdicas são instrumentos
importantes para o sucesso da relação terapêutica com as crianças. Por meio de uma
atividade lúdica, a sessão terapêutica com a criança se constitui um ambiente rico de
aplicação de procedimentos comportamentais, como reforçamento de
comportamentos adequados, extinção de inadequados e modelação (Guerrelhas,
Bueno & Silvares, 2000 apud Gadelha Y; 2004).

7 TRABALHANDO COM A CRIANÇA

Fonte: janela-aberta-familia.org

O atendimento com crianças na terapia cognitivo-comportamental requer um


cuidado antes de recebê-las em consultório. O espaço físico, a organização da sala,
a disposição de brinquedos, jogos, uso de argila, tinta, irá favorecer a criança na

27
elaboração dos processos cognitivos, bem como jogos estruturados, brinquedos que
possibilitarão associação no processo de restruturação cognitiva.
Conhecer a criança é fundamental para a organização da melhor forma de
recebê-la, selecionando os materiais que poderão instiga-las no processo, para tanto
vale frisar sobre a anamnese bem elaborada, que dará dados sobre as preferências,
histórico médico, ferramentas para a condução do tratamento, desta maneira as
crianças terão maior compreensão dos encontros. Sobre a participação dos pais, é
indispensável que estes orientem as crianças a razão da terapia desde o primeiro
encontro, evidenciando a importância do treino de pais e do vínculo destes com o
terapeuta. De modo a não deixar a entender pela criança que tais encontros são
formas corretivas devido algum comportamento por elas praticados, os membros da
família são inseridos nesta questão. Após o primeiro encontro, a condução dos demais
encontros ocorrerá de acordo com a necessidade e diagnóstico da criança.

7.1 Indicações e contraindicações da TCC

Encontrar evidências sobre a eficácia da TCC é um trabalho que visa testar sua
aplicação por meio de ensaios clínicos desde o início. Até o momento, a terapia
cognitiva e a terapia comportamental são as psicoterapias mais realizou avaliações.
Além disso, a TCC defende a avaliação continuada de um transtorno ou problema
para definir a eficácia do tratamento e para possibilitar alterações de estratégias de
tratamento.
Fatos comprovam que a TCC é eficaz para crianças com transtornos sociais e
comportamentais, e seu efeito é considerado de moderado a maior, sendo mais
intenso para crianças antes da puberdade (11 a 13 anos) do que para crianças
menores. Na atualidade, os transtornos de ansiedade são o foco central da avaliação
da eficácia da TCC em crianças e adolescentes. Vários estudos ajudaram a
determinar que a TCC é um tratamento comprovado para a ansiedade em jovens.
Cada vez mais trabalhos comprovam a eficácia da TCC, o que explica por que esse
método é considerado o método mais popular nos últimos 20 anos.

28
Fonte: caentrenospsicologos.com

Como primeiro método de psicoterapia que considera os problemas


comportamentais e emocionais dos jovens, a TCC se baseia em uma teoria avaliada
em metodologias seguras e fundamentadas.
Raras são as crianças que chegam a terapia por iniciativa própria. São
geralmente levadas para tratamento, pelos pais ou responsáveis, por causa de
problemas que elas podem ou não reconhecer que têm. Além disso, como as
dificuldades psicológicas das crianças podem causar problemas em certos sistemas
(geralmente em casa ou na escola), elas são frequentemente encaminhadas para
tratamento. Raramente as crianças iniciam ou terminam o tratamento. Eles podem
gostar desta terapia e fazer grandes progressos, mas devido a vários motivos, seus
pais ou responsáveis interromperam a terapia. Em alguns casos, as crianças podem
até ter receio ou evitar a terapia, no entanto circunstâncias externas (como por
exemplo, determinação judicial, exigência da escola etc.) podem obriga-las a fazer.
Mas nenhum caso, a criança controlará o processo.
O foco da TCC com crianças e adolescentes é o tratamento em seu ambiente
natural, seja uma família, escola ou grupo de pares. Portanto, se essas questões não
forem consideradas, o terapeuta "voará às cegas". A participação da família e da
escola capa para o início, manutenção e promoção bem-sucedida dos resultados do
tratamento.

29
Fonte: outsidebrazil.com

As crianças e seus pais precisam chegar a um certo grau de consenso sobre


os problemas a serem resolvidos no tratamento. Normalmente, os pais ou professores
são os primeiros a determinar o problema da criança. Mas é preciso envolver a criança
para chegar a um acordo sobre o problema a ser resolvido. Dar continuidade com o
processo antes que as metas sejam determinadas em conjunto pode fazer com que o
processo de tratamento seja bloqueado. Após a presença de diferentes pontos
determinantes dos transtornos psicológicos ser reconhecida, é coerente que antes de
realizar a intervenção terapêutica, deve-se operar meticulosamente com a intervenção
avaliativa. A razão para conduzir a avaliação comportamental é ter um entendimento
específico de tais determinantes, de forma que estratégias de mudança possam ser
formuladas e condições sejam fornecidas para facilitar a avaliação da eficácia das
intervenções. Além disso, uma avaliação cuidadosa nos dirá os fatores que causam
distúrbios comportamentais e emocionais em crianças ou adolescentes.
Além da avaliação familiar, a avaliação também deve incluir entrevistas para
coletar informações de pais e professores para observar o comportamento de crianças
ou adolescentes e seus respectivos sintomas físicos e cognitivos.
Para iniciar o tratamento, um bom diagnóstico deve ser feito, que inclui uma
avaliação extensa (por exemplo, pediatra, fonoaudiólogo) de diferentes fontes (por
exemplo, casa, escola e se existem outros profissionais auxiliando a criança ou
adolescente com informações).
Para além de variar as fontes, os métodos de inspeção também são
importantes, incluindo entrevistas com pais, observações de pacientes em reuniões,
30
em casa e na escola, desenhos, textos, ensaios, aplicação de inventário e escalas e
monitoramento de métodos e atividades diárias. Considerando que o ambiente em
que as crianças ou adolescentes se inserem é tão importante no conceito de
comportamento dos transtornos psicológicos, pode-se prever que quanto maiores
forem as mudanças nos fatores (família, instituição, etc.) que os impactam
negativamente, mais eficaz será a intervenção.
Por conseguinte, a família e/ou escola que apoiam o trabalho psicológico, além
de favorecer uma intervenção ser mais eficaz, também será mais efetiva, quer dizer,
as mudanças alcançadas serão mais duradouras.
Orientar o paciente, pais ou responsáveis acerca do formato do tratamento é
uma etapa fundamental para esclarecer o processo terapêutico e estimular uma
conduta colaborativa com o processo. É necessário descrever o processo para ambos
de maneira fácil e acessível.
A maneira como as crianças e adolescentes interpretam suas experiências
afeta profundamente suas funções emocionais. Sua visão é o foco principal do
tratamento. Reconhecer emoções e pensamentos é uma tarefa básica de auto
monitoramento na TCC e é a primeira coisa a seguir.

Fonte: sites.google.com

Devido à maturidade emocional, os adolescentes são mais propensos a


reconhecer as emoções do que as crianças pequenas. O terapeuta deve ensiná-los a
considerar suas próprias emoções e seu diálogo interior, por isso essa prática deve
envolve-los, para que as crianças e adolescentes aprendam a prestar atenção em
seus sentimentos e pensamentos.
31
Embora a TCC deva ser ajustada para se adequar às características pessoais
de crianças e adolescentes, vários princípios oriundos estabelecidos por meio da
cooperação com adultos ainda se aplicam.
A estrutura da conversa pode ser aplicada com flexibilidade às crianças e
fornecer-lhes um formato de "controle" porque fornece uma estrutura organizada para
expressar e regular seus pensamentos e emoções. “Aumentar o senso de controle
das crianças e reduzir sua imprevisibilidade pode levar a uma maior participação e
investimento no tratamento”.
Assim como na TCC com adultos, o terapeuta trata o paciente com um
"empirismo colaborativo", ou seja, ele orienta a criança ou adolescente a buscar
soluções independentes para o problema, ao invés de prover soluções "prontas para
o uso". Eles trabalharão juntos para encontrar estratégias que permitam aos pacientes
resolver suas dificuldades.

Fonte:criancaeterapia.com.br

A característica colaborativa da TCC é baseada na suposição de que, se a


causa da mudança for você mesmo, e não o terapeuta, as pessoas mudarão de ideia
com mais facilidade. Mantendo-se em uma postura de curiosidade, o terapeuta
modelará e promoverá o pensamento flexível, levando ao estudo do problema de
diversos prismas.
O terapeuta e o paciente são verdadeiros parceiros no processo de tratamento,
mas cooperação não significa igualdade. Importante explicar esta relação terapêutica
para crianças ou adolescentes assemelhando ao "trabalho em equipe". Além de
32
fornecer oportunidades de participação, essa abordagem colaborativa também
incentiva a responsabilidade.
A TCC com crianças é baseada no método empírico do "aqui agora". Como as
crianças se concentram na ação, elas podem aprender com facilidade fazendo. A ação
na terapia é animadora, pois o incentivo das crianças elevará no momento em que
elas brincam. Quanto maior o envolvimento e comprometimento das crianças, menor
ser á a semelhança da terapia com um trabalho. Incentivar é primordial para o
acontecimento do trabalho. É importante que as crianças sejam estimuladas a
organizar os brinquedos utilizados na sala de terapia, concluir a tarefa de casa,
expressar seus pensamentos e emoções.
Recompensas transmitem expectativas e correspondem à motivação, atenção
e retenção, ou seja, recompensas envolvem as crianças, orientam-nas para coisas
importantes e ensinam-lhes coisas para se lembrar.

Fonte: youtube.com

A atividade de casa é um recurso fulcral nas TCCs, pode parece fácil para
crianças e adolescentes, mas é uma atividade minuciosa para os terapeutas porque
deve ser cuidadosamente planejada para envolver crianças ou adolescentes,
necessitando estar associada com a queixa atual e ser evidente seu objetivo
terapêutico. A tarefa de casa bem elaborada e realizada embasa o que foi trabalhado
na sessão. Precisa ser desenvolvida com a coparticipação do paciente, uma vez que

33
se torna “propriedade” do mesmo, o que aumenta o grau de responsabilidade e a
probabilidade de adesão ao processo.
Finalmente, o uso bem-sucedido da tarefa de casa requer um foco terapêutico
claro, pois se o terapeuta não for claro ao explicar a tarefa para a criança, a criança
inevitavelmente ficará confusa e as chances de não a realizar aumentarão muito. No
entanto, se o terapeuta achar a tarefa difícil ou tediosa, o paciente verá a tarefa da
mesma maneira.

8 LUDOTERAPIA COMO ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA

Fonte: memude.com.br

A ludoterapia provavelmente tenha se originado de tentativas de aplicar a


terapia psicanalítica a crianças. Porém, verificou – se que, diferentemente dos adultos,
a criança não tem a mesma capacidade de fazer associações livres, e que os
pequenos poderiam ocasionalmente fazer breves associações livres para agradar o
analista de quem gostasse (Dorfman, 1992). Ana Freud (1971) modificou a técnica
analítica clássica e, como estratégia para ganhar a confiança da criança, ela, ás vezes,
brincava com seus pequenos pacientes. Desta forma, as brincadeiras, inicialmente,
não eram centrais na terapia, caracterizando – se apenas como procedimentos
preliminares ao verdadeiro trabalho de análise. O brincar era uma técnica para
produzir um envolvimento emocional positivo entre a criança e o analista, e assim,
tornar possível a terapia propriamente dita. (Ana Freud 1971).
34
A palavra ludoterapia deriva da palavra inglesa play-therapy, pode ser traduzida
como terapia pelo brincar. No entanto, este brincar é diferente do brincar que a criança
tem em casa ou com os amigos na creche. Podemos definir a ludoterapia como “ uma
relação interpessoal dinâmica entre a criança e um terapeuta treinado em ludoterapia
que providencia a esta, um conjunto variado de brinquedos e uma relação terapêutica
segura de forma que possa expressar e explorar plenamente o seu self (sentimentos,
pensamentos, experiências, comportamentos) através do seu meio natural de
comunicação: o brincar. ” (LANDRETH, 2002, p. 16 apud HOMEM, 2009, p. 21)
Primeiro, a criança vai encontrar um terapeuta lúdico treinado para promover
um ambiente de aceitação, empatia e compreensão durante o processo de
aprendizagem. Os jogos a que se faz referência são diferentes do que se costuma
observar as brincadeiras infantis, porque a ludoterapia apenas usa os jogos como
gestos naturais para as crianças expressarem suas preocupações sobre as situações
de vida e usa objetos familiares ao seu redor para compreender as situações
estressantes e novo aprendizado. Na sala de ludoterapia, a criança é a condutora do
brincar, quando quer e como quer, e quais os brinquedos que brincar.
Na ludoterapia não se parte do princípio de que se vai modificar a criança ou
fazer para ela alguma coisa. O ludoterapeuta atua com a criança inteiramente, usufrui
de seus conhecimentos e técnicas na compreensão da criança, por meio do seu
próprio olhar. É como se perguntasse à criança “como sente as coisas”. Não se busca
eliminar os problemas, e sim compreender a criança. Dessa forma, se equipara a
ludoterapia para as crianças como a psicoterapia para os adultos.

Fonte: alinemoller.wordpress.com

É natural que as crianças tenham dificuldade em expressar suas emoções e


compreender seu impacto na vida. Devido a imaturidade cognitiva, emocional e da

35
linguagem natural da idade, não sabem o que sentem nem como controlar seus
sentimentos.
No entanto, a presença de um adulto que tentando compreendê-la com
empatia, propiciando segurança e manuseando brinquedos escolhidos e os capacitem
a expressar suas emoções criativas, produzir um movimento para a expressão e
exploração do seu self – sentimentos, pensamentos, experiências, comportamentos,
dificuldades, que vão potencializar a transformação terapêutica.
Tal explanação, permite a criança enfrentar suas emoções, frustração,
agressividade, medo, insegurança, confusão, e demais que possam surgir, ao passo
que aprende a regular ou a desprezar essas emoções, ao mesmo tempo em que se
percebe como uma pessoa autônoma, livre para sentir todas essas emoções.
Portanto, o brincar é o jeito genuíno de a criança se expressar, bem como falar é o
jeito genuíno de o adulto se expressar.
Na sala de ludoterapia, os brinquedos são manuseados como palavras e o
brincar é a linguagem da criança. O brincar para a criança, para além de uma
conotação terapêutica, é também importante por toda expansão de sua infância. O
brincar é sua linguagem.

Fonte: instamamae.com

Muitas das características dessa linguagem podem ser percebidas no primeiro


contato de uma criança com os seus pais ou cuidadores. Os pais ou cuidadores, desde
cedo, os auxiliam a brincar, ao tempo que quando interagem com eles. Por meio de
uma atitude e de uma linguagem segura, esses adultos e bebês estabelecem um
vínculo de confiança favorecendo o início do brincar.

36
Considerado uma linguagem porque permite às crianças comunicarem com
outras pessoas e começarem a compreender desde muito novas, que podem tolerar
e representar a ausência temporária dos seus entes queridos, e substituí-los pelas
brincadeiras iniciais. O momento do brincar é estimado pelo simples fato do brincar
pela criança e o produto final não é a parte mais importante desta atividade.
Para os adultos a capacidade em expressar sob a forma verbal os seus
sentimentos, frustrações e angústias é característico de sua maioria; porém, devido a
imaturidade cognitiva da criança, esta faz do brincar sua comunicação. Quando uma
criança está brincando, sua existência está completamente presente.

Fonte: gnt.globo.com

O brincar é deveras um tipo de atividade um tanto complexa, envolvendo a


criança nos aspectos físico, mental, social e emocional, desvendando seus
sentimentos, vivências e respostas a tais experiências (desejos, receios, percepção
de si própria, dentre outros).
Por meio da brincadeira, as crianças entendem o mundo e, assim, entendem
as pessoas, as relações interpessoais e as regras sociais. Pode imitar adultos e
expressar conflitos. Além de difundir conhecimentos educacionais no brincar, e este
também mostra o crescimento das crianças. As brincadeiras de uma criança podem
indicar certas dificuldades ou atrasos no desenvolvimento, que são visíveis para os
pais e outros adultos que entram em contato com a criança todos os dias.

37
Fonte: colmagno.com.br

A ludoterapia é um processo de psicoterapia que visa ajudar as crianças a


superar as dificuldades e desenvolvê-las de forma saudável e integral. Na
Ludoterapia, as crianças aprendem a reparar situações de conflito, inicialmente no
nível da fantasia, para depois aplicar essa solução ao mundo real. Esse processo é
baseado na brincadeira, pois é uma atividade prazerosa para as crianças. Dessa
maneira, as crianças têm a possibilidade de praticar os sentimentos e problemas no
"brincar", da mesma forma que os adultos usam a psicoterapia para "falar".
A brincadeira ajuda a expressar e projetar emoções e sentimentos. Portanto, o
jogo afetará o desenvolvimento das crianças em todos os níveis: linguagem física,
intelectual, social e emocional. Normalmente as crianças aderem confortavelmente ao
tratamento, melhorando assim suas relações interpessoais e desenvolvendo e
expandindo sua criatividade. Tal tratamento também pode avaliar o nível de
desenvolvimento, características de personalidade e avaliação cognitiva.
Essa criança tem chance de crescer, pois além de estimular a curiosidade, a
autoconfiança e a autonomia, também desenvolve a linguagem, a concentração e a
atenção. O brincar colabora para as crianças a se tornarem adultos eficientes e
equilibrados.

38
Fonte: badulake.com.br

Durante o brincar, a criança se estabelece, vivencia, pensa, aprende a dominar


a dor, entende seu corpo, constrói sua personalidade e expressa toda sua criatividade
naquele momento. Infelizmente, muitas escolas tratam as atividades lúdicas apenas
como tempo livre, tempo de descanso ou interesse das crianças em passar algum
tempo, sem considerar a importância desse momento. Os jogos fazem parte de
comportamentos educacionais conscientes, intencionais e comprometidos com a
sociedade; educação lúdica não é brincar de empacotar cursos, para que os alunos
consumam passivamente; antes disso, é um comportamento consciente e planejado,
é conscientizar os indivíduos, tornando-os participativos e realizados.
Através das atividades lúdicas, a imaginação das crianças é estimulada,
despertando suas ideias e indagações. O terapeuta deve estar muito atento para
garantir que nenhuma criança seja autoritária com as outras e que todas as crianças
tenham as mesmas oportunidades no jogo. Da mesma forma que deve ter atenção
com a concorrência nos jogos, devendo intervir se necessário, de modo que as
crianças compreendam que os jogos são coletivos e democráticos, oferecendo
possibilidades de vencer a todos os participantes.
É importante ressaltar que a aprendizagem de todas as crianças é baseada na
imitação. Portanto para que as crianças aprendam a tolerância, o respeito pelo
próximo, a justiça, a paz, a solidariedade, a benevolência, a aceitação e o

39
reconhecimento do valor das diferenças, é necessário o exemplo, sendo um modelo
vivo do que se busca ensiná-los.

Fonte: revistacrescer.globo.com

O brincar e as situações que envolvem o brincar, são indispensáveis para a


vida saudável da criança e, também do adulto. Relacionado a isto está que ao brincar
com as crianças, os adultos sentirão a mesma diversão, mais relaxados e felizes, com
humor levado, o que é propício ao clima e ambiente da sala, onde deve haver
cumplicidade e harmonia. O brincar é uma condição que deveria acompanhar as
pessoas na vida adulta, visto tamanhos benefícios que proporciona.
Apesar de ainda não ter a devida atenção na sociedade, é relevante ressaltar
a importância do brincar, do lúdico, não somente para educadores e outros
profissionais, assim como para os pais, uma vez que é através deste que a criança
exprime seus sentimentos, seja no fortalecimento de vínculos ou como ferramenta
necessária para interação e auxílio na resolução de problemas que as crianças
possam apresentar.
Há um longo caminho a percorrer, e como educadores da primeira infância, é
fundamental colaborarmos para tal mudança, instigando os pais e os outros
profissionais acerca destas pontuações, para que este caminho comece a ser

40
construído, e que cada vez mais, as crianças possam ser entendidas da maneira que
melhor conseguem se expressar: por meio do brincar.

8.1 O processo de psicodiagnóstico infantil

No psicodiagnóstico infantil a técnica de avaliação utilizada é o brincar. Roza


(1999) apud Oliveira et al., (2012) destaca que a brincadeira é uma forma do
comportamento específico da própria infância, assim são projetadas no ato, a forma
de expressar seus sentimentos, pensamentos e conflitos.
Para avaliar as crianças, é necessário compreender sua relação com os
familiares, que está relacionada ao seu desenvolvimento biopsicossocial. Tsu (1984)
decorre sobre a questão de quem é o cliente do psicólogo no processo de
psicodiagnóstico infantil, a criança, família ou quem encaminhou.
“O sintoma da criança é emergente de um sistema intrapsíquico que está, por
sua vez, inserido no esquema familiar também doente” (ARZENO, 1995).
Oliveira et al., (2012) aborda o psicodiagnóstico como um estudo profundo da
personalidade do indivíduo. Não é apenas uma coleta de dados que através da
organização do entendimento clínico irá orientar o processo psicoterápico. É uma
prática delimitada, que tem a função de obter a descrição e compreensão de modo
global da personalidade do paciente ou também do grupo familiar. Sendo assim, é
possível percorrer sobre os aspectos do passado, diagnóstico e prognóstico dessa
personalidade (OCAMPO & ARZENO, 1975 apud OLIVEIRA et al., 2012).

8.2 A hora do jogo diagnóstica

A hora do jogo de diagnóstico é um recurso ou ferramenta técnica utilizada


pelos psicólogos no processo de diagnóstico psicológico para compreender a
verdadeira situação da criança consultada. Então, esta é uma instrumentalização de
suas possibilidades de comunicação a fim de conceituar os reais problemas que ele
nos apresenta. Durante o diagnóstico psicológico e avaliação da criança, o momento
da brincadeira diagnóstica irá orientá-la para expressar sua experiência de vida diária.
Isso ajudará o psicólogo a reunir informações sobre a reclamação inicial e informações
sobre qual teste é apropriado para confirmar essa informação.

41
Importante salientar algumas instruções antes da realização da hora do jogo
diagnóstica. É necessário selecionar os brinquedos que auxiliarão diante a queixa
encaminhada e as informações coletadas através da anamnese dos pais e do
paciente.
Preparar a sala com tais brinquedos, retirando-os da caixa e deixando expostos
sobre a mesa, com fácil acesso para a criança.
A sala deve ser grande para não prejudicar a eficiência do brincar das crianças.
Quando ela chegar, é preciso explicar as atividades para as quais ela vai usar esses
brinquedos, e que ela terá um certo tempo para essas brincadeiras.

Os principais materiais utilizados podem ser:


• Papel;
• Massa de modelar
• Bonequinhos;
• Lápis de cor;
• Fazendinha;
• Fantoche;
• Giz de cera;
• Quadro negro;
• Tesoura sem ponta entre outros.

Durante o momento, as orientações serão fornecidas e o comportamento de


todas as crianças será observado, e tudo será registrado para o propósito hipotético
do relatório.
A maior dificuldade em "diagnosticar o tempo do jogo" é a avaliação. Por se
tratar de um procedimento não estruturado, depende da experiência do psicólogo e
de sua capacidade de observar e compreender. A análise considera aspectos
evolutivos (desenvolvimento infantil, de acordo com a idade), desenvolvimento
emocional, inibição / sociabilidade e conteúdos inconscientes expressos em jogos-
defesa, fantasia, ansiedade, agressividade e adaptabilidade, criatividade e significado
simbólico da criança.
O campo de avaliação psicológica atual cobre uma variedade de práticas
diagnósticas que podem ou não usar ferramentas estruturadas e padronizadas (como

42
testes psicológicos) e outras técnicas e procedimentos menos estruturados (como
jogos, brinquedos, imagens, histórias, etc).
A flexibilidade para escolher uma estratégia (ou ferramenta) específica é
afetada pela experiência profissional, embasamento teórico e objetivo. A circunstância
e as novas faces das Psicologias (Clínica, hospitalar, jurídica, institucional etc.)
também afetarão na escolha.
Quando adotados fora da clínica tradicional, mais restrita aos consultórios
particulares, os procedimentos clínicos de diagnóstico e avaliação psicológica em
geral carecem de adaptações para atender às peculiaridades de cada caso. Sobre
isso, ver estudos sobre o uso da avaliação psicológica nos contextos da saúde
(CAPITÃO; SCORTEGAGNA; BAPTISTA, 2005) e institucional (GUIRADO, 2005,
apud Psico.teor. prat. V9. N2. São Paulo 2007).

43
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS

ALMEIDA, AM, Neto FL. Indicações e contraindicações. In:Knapp P ed. Terapia


cognitivo-comportamental na prática psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed; 2004.

ARZENO, M. E. G. Psicodiagnóstico clínico: novas contribuições. Porto Alegre: Artes


Médicas, 1995.

AUTHIER, J. (1977). The Psychoeducation Model: Definition, contemporary roots and


content. Canadian Journal of Counselling and Psychotherapy, 12(1),15-22

BARKLEY, R. A. Behavioral inhibition, sustained attention, and executive functions:


constructing a unifying theory of ADHD. Psychological Bulletin, v. 121, n. 1, p. 65-94,
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