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SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS

PLANO DE ESTUDO TUTORADO


COMPONENTE CURRICULAR: FILOSOFIA
ANO DE ESCOLARIDADE: 2º ANO – EM
PET VOLUME: 04/2021
NOME DA ESCOLA:
ESTUDANTE:
TURMA: TURNO:
BIMESTRE: 4º TOTAL DE SEMANAS:
NÚMERO DE AULAS POR SEMANA: NÚMERO DE AULAS POR MÊS:

SEMANA 1

EIXO TEMÁTICO:
Agir e Poder.

TEMA/TóPICO:
Os valores.

HABILIDADE(S):
Distinguir e circunscrever a esfera da moral como lugar das ações e escolhas
humanas. Distinguir fato e valor. Reconhecer que o agir humano é de natureza
valorativa.
CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Senso moral; Consciência moral; Juízo de fato e Juízo de valor; Ética e violência.

TEMA: Ética e moral - parte 1


Olá, estudante!
Ao longo dessa nossa jornada de aprendizado neste campo de conhecimento das Ciências
Humanas, que é a Filosofia, descobrimos que filosofar não é declarar verdades ou certezas, mas
utilizar a razão para investigar as coisas e o que pensamos sobre elas. Que tipo de coisas?
Praticamente tudo. Por exemplo, as angústias e os desejos que sentimos, a busca pela felicidade, a
vontade de liberdade e o prazer; mas também os problemas sociais e éticos que interferem na
nossa vida, como a degradação do meio ambiente, o consumismo, os direitos humanos, os
preconceitos, as relações com o Estado, o exercício do Poder, a intervenção da tecnologia no
cotidiano; assim como a forma de pensarmos e conhecermos as coisas, a ciência, a lógica e a
argumentação. Tudo é passível de reflexão: até mesmo nossa identidade, o tempo e a crença em
uma fé. Se filosofar é pensar, e se fizermos isso habitualmen- te, não só teremos mais clareza
sobre este ou aquele aspecto investigado, mas também desenvolve- remos habilidades e
competências que favorecerão o conjunto de nosso entendimento ou da nossa capacidade de
compreensão.

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Hoje daremos início ao nosso PET 4. Nesse material de estudo, dando continuidade aos diversos
temas já abordados, trataremos da importância da ética e da moral para nossa vida, já que somos
seres so- ciais, de convivência e de conflitos. A ética e a moral constituem os alicerces da conduta
dos seres hu- manos; desse modo, definem seu caráter e suas virtudes, e estabelecem como ele
poderá (ou deverá) se comportar em sociedade. Desde o nascimento aprendemos o que é “certo” e o que
é “errado”; a partir daí reproduzimos e refletimos sobre os valores da sociedade em que vivemos.
Vamos começar, pois, temos muita coisa para estudar!
“A virtude moral é uma consequência do hábito. Nós nos tornamos o que fazemos repetidamente.
Ou seja: nós nos tornamos justos ao praticarmos atos justos, controlados ao praticarmos atos de auto-
controle, corajosos ao praticarmos atos de bravura.” (Aristóteles. Ética à Nicômaco)
Às vezes somos tomados por emoções e sentimentos que se relacionam aos acontecimentos e
situa- ções do nosso contexto social, como a desigualdade social, a corrupção, a pobreza entre
outros. Nestes momentos, somos movidos pela solidariedade, que surge da maneira como
avaliamos as situações que nos dizem respeito, ou aos nossos semelhantes, mas como distinguimos o
certo e errado, o justo e o injusto? De onde se originam nossas ideias de bem e de mal, de vício e de
virtude?

Senso moral
É o modo como mobilizamos, no senso comum, as ideias e valores que aprendemos desde o
nascimen- to. Veja: em muitas ocasiões, ficamos felizes, contentes e emocionados diante de uma
pessoa honesta, que age com justiça, e tem atitudes nobres; sentimos admiração por esta pessoa.
Do mesmo modo, somos tomados pelo horror diante da violência, e repudiamos quando uma
pessoa se mostra corrupta, injusta ou tem atitudes opressoras. Tais emoções e sentimentos
exprimem nosso senso de moral, isto é, a maneira como avaliamos a conduta e a ação de outras
pessoas, em comparação à ideia que faze- mos sobre a realidade. É o modo como criamos as
referências, os critérios, para estabelecer a diferen- ça entre a justiça e injustiça, o certo e o
errado, o bem e o mal.
As coisas começam a ficar um pouco mais difíceis quando percebemos que nenhuma pessoa é
100% justa, boa ou pacífica, e nem 100% injusta, errada ou violenta. Esta compreensão nos coloca em
“xeque” quanto às atitudes que devemos tomar, porque nós também somos incompletos, como todos
os seres humanos.

Consciência moral
Nossas dúvidas quanto à decisão a se tomar não manifestam nosso senso moral, mas põem à
prova nossa consciência moral, pois exige de nós, que justifiquemos para nós mesmos e para os
outros, as razões de nossas decisões e de todas as consequências que ela possa trazer.
O senso moral e consciência moral dizem respeito a valores, sentimentos, intenções, decisões e
ações referidos ao bem e ao mal, ao desejo de liberdade e ao exercício de liberdade. Dizem
respeito às rela- ções que mantemos com os outros e, portanto, nascem e existem como parte de
nossa vida com outros. O senso e a consciência moral são por isso constitutivos (formadores) de nossa
existência intersubjeti- va (reciprocidade com o outro), isto é, de nossas relações com as outras
pessoas.

Juízo de fato e Juízo de valor


Os juízos de fato são aqueles que dizem o que as coisas são, como são e por que são. Quando
dizemos “está chovendo”, estamos enunciando um acontecimento constatado por nós. Não há
dúvidas quanto à validade da afirmação: ou de fato está chovendo (e a afirmação é verdadeira), ou de
fato não está cho- vendo (e a afirmação é falsa).
Já os juízos de valor avaliam as coisas, pessoas, ações, experiências, acontecimentos, sentimentos,
estados de espírito, intenções, e decisões. Classificam como bons ou maus, desejáveis ou
indesejáveis, e assim por diante. Não se contentam em dizer como algo é, mas se referem a como algo
deve ser.
Dessa perspectiva, os juízos de valor são normativos, isto é, enunciam normas que dizem como devem
ser as coisas, tomando como referência as ideias que temos de bem, de mal, de liberdade, de
felicidade etc. Assim, podemos dizer que a diferença entre juízo de fato e de valor corresponde à
diferença entre natureza e cultura. A primeira é constituída por estruturas e processos necessários,
que existem por si mesmos. Por exemplo: a chuva, que é parte do ciclo hidrológico, e que se
comporta de acordo com leis universais, que podem ser enunciadas cientificamente. Por sua vez, a
cultura nasce da maneira como interpretamos o mundo. Damos significado simbólico e valores às
coisas, pessoas, à natureza, e a tudo e a todos. Exemplo: “Na noite lenta e morna, morta noite sem
ruído, um menino chora. ” ( Carlos Drum- mond, poema, Menino Chorando na Noite)

Ética e violência
Evidentemente as várias culturas e sociedades existentes não definem a violência da mesma
maneira. Quando uma cultura e uma sociedade definem o que entendem por mal, crime e vício,
definem aquilo que julgam violência contra um indivíduo ou contra o grupo. Simultaneamente,
elegem valores que con- sideram positivos, como o bem, o mérito e a virtude, como barreiras
éticas contra violência.
É preciso pontuar que ética e moral são termos distintos e que essa distinção veremos nas
semanas seguintes.

O agente moral
É preciso que exista o agente consciente, isto é, aquele que conhece a diferença entre bem e mal,
certo e errado, virtude e vício. A consciência e a responsabilidade são condições indispensáveis da
vida éti- ca. O campo ético é, assim, constituído pelos valores e pelas obrigações, que constituem
as condutas morais, isto é, a virtude.
O ser humano só pode existir se for:
• Consciente de si mesmo e dos outros, sendo capaz de refletir e de reconhecer a existência
dos outros como sujeitos éticos iguais a si;
• Dotado de vontade, isto é, de capacidade para controlar e orientar seus desejos, impulsos, ten-
dências e sentimentos;
• Responsável, isto é, que consiga assumir a responsabilidade sobre suas ações;
• Livre, isto é, capaz de reconhecer-se como causador de seus próprios sentimentos, atitudes
e ações.
O ser humano não deve se permitir a passividade, pois assim será controlado pelos seus impulsos
(e não exercerá controle sobre eles). Ao contrário, deve ser ativo e virtuoso, para controlar suas
inclinações e suas paixões. Isso o torna um ser autônomo.

REFERÊNCIAS:
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. São Paulo: Ática, 2014.
ATIVIDADES
1 - O que é um juízo de fato e o que é um juízo de valor? Defina-os e dê novos exemplos diferentes do
que aparece no texto.

2 - (ENEM 2011) O brasileiro tem noção clara dos comportamentos éticos e morais adequados,
mas vive sob o espectro da corrupção, revela pesquisa. Se o país fosse resultado dos padrões
morais que as pessoas dizem aprovar, pareceria mais com a Escandinávia do que com
Bruzundanga (corrompida nação fictícia de Lima Barreto).
O distanciamento entre “reconhecer” e “cumprir” efetivamente o que é moral constitui uma
ambiguidade inerente ao humano, porque as normas morais são:
a) decorrentes da vontade divina e, por esse motivo, utópicas.
b) parâmetros idealizados, cujo cumprimento é destituído de obrigação.
c) amplas e vão além da capacidade de o indivíduo conseguir cumpri-las integralmente.
d) criadas pelo homem, que concede a si mesmo a lei à qual deve se submeter.
e) cumpridas por aqueles que se dedicam inteiramente a observar as normas jurídicas.

3 - Apesar das diferenças culturais, o que todas as culturas consideram que seja virtude?
SEMANA 2

EIXO TEMÁTICO:
Agir e poder.

TEMA/TóPICO:
Ser e dever ser.

HABILIDADE(S):
Conhecer algumas entre as diversas posições filosóficas a respeito do bem e do mal.
Analisar e compreender os fundamentos da ética em diferentes culturas.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Definição de ética e moral, ética clássica e ética religiosa.

TEMA: Ética e moral - parte


2 Olá, estudante!
Daremos continuidade nesta semana, aprofundando um pouco sobre a origem da ética e da moral
para compreendermos como se dá a constituição de nossa identidade como ser individual, cultural
e social.
Toda cultura e sociedade institui uma moral, que é válida para todos os seus membros. Culturas e
so- ciedades fortemente hierarquizadas ou de classe podem até mesmo ter morais distintas para
cada uma delas. No entanto, a simples existência da moral não significa a presença explícita de
uma ética. Esta pressupõe uma disciplina filosófica, uma reflexão que discute, problematiza e
interpreta o significado dos valores morais, do caráter pessoal e dos costumes que neles se
baseiam.
Embora sejam usados em conjunto e muitas vezes como sinônimos, os conceitos de ética e moral
são diferentes entre si, tanto no que diz respeito ao significado quanto à origem etimológica das
palavras.
“O céu estrelado por sobre mim e a lei moral dentro de mim.” Immanuel Kant
Ética vem do grego ethos , e literalmente significa morada, refúgio. Em termos filosóficos está
ligada ao modo de ser, caráter, natureza e índole. A palavra moral tem origem no termo latino
mores, e seu significado está ligado aos costumes e tradições, aos “combinados” sociais.
Portanto, a partir da análise etimológica já é possível definir que a ética está mais ligada ao
indivíduo, enquanto a moral tem relação mais próxima com a sociedade. Além disso, costuma-se
admitir que a ética é um processo de reflexão sobre a moral.

Ética
Se refere ao modo de ser de um indivíduo, a natureza, o caráter e a postura adotados diante de
uma dada situação. Ações éticas são individuais, são uma escolha de cada ser humano, e partem
de seu pro- cesso de reflexão sobre o mundo e a vida. Evidentemente, como o indivíduo sempre
está inserido em um contexto social, histórico, político etc, toda a reflexão ética se baseia numa
moral, ou seja, recebe influência direta do meio no qual existe este indivíduo.
Moral
O conceito de moral pode ser definido como um conjunto de regras, valores e normas,
estabelecidas num determinado contexto histórico e social, que definem e norteiam o
comportamento e o julgamento dos indivíduos. A moral está ligada aos padrões culturais vigentes,
costumes, valores e tradições, ele- mentos necessários para o convívio dos indivíduos.

Uso da ética e da moral


A lei que define a prioridade no atendimento de idosos e gestantes, bem como assentos reservados
para os mesmos, expressa a moral de uma sociedade. Vejamos agora o seguinte exemplo: Maria
não cedeu o assento à mulher grávida. Percebemos aqui que, mesmo Maria tendo conhecimento
das regras, não a cumpriu. A ética é resultado da decisão de cada um.
Agora um exemplo para entendermos a moral como uma construção histórica. No passado, não era
mo- ralmente aceito que mulheres usassem calças. Atualmente a peça é usada por homens e
mulheres. Os momentos históricos e os contextos sociais influenciam na criação das regras morais,
que sofrem alte- rações ao longo do tempo. O músico brasileiro Belchior escreveu numa canção: “ No
presente, a mente, o corpo é diferente. E o passado é uma roupa que não nos serve mais”.
Quando nós falamos em ética, nós não falamos apenas de teorias, práticas, filosofia, teologia, mas
tam- bém falamos da própria vida humana. A ética é sempre aplicada no nosso dia a dia, no
trabalho, na esco- la, na família, etc. Ela está ligada diretamente à construção do nosso caráter, e
ao exercício da liberdade humana. A ética é um estudo (teoria) no que se refere à conduta humana, do
bem e mal, do certo e erra- do de acordo com cada costume, comportamento e cultura de cada
região.

Ética Grega Antiga


“ A reflexão grega neste campo surgiu como uma pesquisa sobre a natureza do bem moral, na busca de
um princípio absoluto da conduta.” (VALLS,1994, p.24)
Mas em que consiste este bem moral? Qual é o maior dos bens? Seria a felicidade, o dinheiro, as
honras, o prazer? E o que é este “Bem Supremo” de que tanto falam os filósofos gregos? Para
Platão, Sócrates e Aristóteles este Bem Supremo só pode ser alcançado mediante a prática de uma
vida virtuosa, tendo a razão como guia de nossas ações.
Para Sócrates, uma vida virtuosa depende do conhecimento de si mesmo. Ele afirma que o mais
im- portante está dentro de cada um de nós; que quanto melhor nos conhecermos, maiores serão
nossas virtudes; e que em nosso interior está a pureza de viver pelas nossas próprias escolhas.
Assim, Sócra- tes inaugura o chamado sujeito moral, ou agente moral, aquele que saber o que faz,
conhece as causas e os fins de suas ações. Este saber conduz o indivíduo à reflexão e à
conscientização de suas atitudes e de seu caráter.
Se devemos a Sócrates o início da filosofia moral, devemos também a Aristóteles a distinção entre
sa- ber teórico ou contemplativo e saber prático. O saber teórico é o conhecimento de seres e fatos
que existem e agem independentemente de nós e sem nossa interferência, isto é, de seres e fatos
naturais e/ou divinos. Já o saber prático é o conhecimento daquilo que existe como consequência
de nossa ação e, portanto, depende diretamente de nós, de nossas decisões. A ética e a política,
por exemplo, são sa- beres práticos. O saber prático pode ser de dois tipos: práxis ou técnica. Na
práxis, o agente, a ação e a finalidade do agir são inseparáveis. Exemplo: Somos aquilo que
fazemos e o que fazemos é a finalidade boa ou virtuosa. Já na técnica tem como finalidade a
fabricação de alguma coisa diferente do agente. Exemplo: Um carpinteiro, ao fazer uma mesa,
realiza uma ação técnica, mas ele próprio não é essa ação nem a mesa produzida por ele.
Também devemos a Aristóteles a definição de um destes saberes práticos, que é o campo das
ações éticas, ou seja, relativas às escolhas que fazemos. Trata -se do campo de saber onde tudo o
que deve ser e/ou acontecer depende de nossa vontade e de nossa ação.
“O valor fundamental da vida depende da percepção e do poder de contemplação ao invés da mera so-
brevivência”. Aristóteles
Princípios da vida moral:
Se examinarmos o pensamento filosófico dos antigos gregos, veremos que nele a ética afirma
princí- pios da vida moral como:
1. Por natureza, os humanos aspiram ao bem e à felicidade, que só são alcançáveis pela
conduta virtuosa.
2. A virtude é uma excelência, alcançada pelo caráter.
3. A conduta ética é aquela na qual o agente sabe o que está e o que não está em seu poder de
rea- lizar.
O ser humano não se submete aos acasos da sorte, nem à vontade e aos desejos de outro, nem à
tirania das paixões; mas obedece apenas à sua consciência e à sua vontade racional. A busca do
bem e da fe- licidade é a essência da vida ética.

Ética e religião
A religião está de tal forma presente na vida das pessoas que uma boa parte da sociedade pauta
suas ações (ou pelo menos orienta suas ações) em torno de mandamentos divinos que são, em
sua essên- cia, regras de conduta moral. Diferente das outras religiões da antiguidade, o
Cristianismo nasce como religião de indivíduos que não se definem por seu pertencimento a uma
nação ou a um Estado, mas por sua fé num único Deus. Assim, o Cristianismo introduz duas
diferenças primordiais em relação à antiga concepção ética:
1. A ideia de que a virtude se define por nossa relação com Deus, e não com a cidade (polis),
nem com as outras pessoas;
2. A afirmação de que somos seres dotados de livre-arbítrio e que, em decorrência do “pecado
origi- nal”, o impulso espontâneo de nossa liberdade se dirige para o mal, para o pecado.
Assim, confor- me a interpretação do Cristianismo, se somos pecadores, pressupõe-se que
somos incapazes de fazer o bem e praticar virtudes apenas por nossa vontade.
Assim, a concepção cristã introduz uma nova ideia na discussão ética: a ideia do dever, isto é, de
que a virtude é a obrigação de cumprir o que é ordenado pela lei divina. O Cristianismo introduz
essa ideia de dever para oferecer um caminho seguro para nossa vontade, que, sendo livre, mas
fraca, sente-se dividida entre o bem e o mal.
A partir do dever, a ação humana pode ser entendida como intencional. O dever não se refere apenas
às ações visíveis, mas também às intenções invisíveis, que podem ser julgadas eticamente
olhando-se para as atitudes do sujeito.

PARA SABER MAIS:


Ética e Moral: Como diferenciar? Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=FEASxRw2Gb0>.
Acesso em: 26 ago. 2021.
Ética a Nicômaco: Aristóteles. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=xdqQKaacdVc>. Acesso em: 26 ago. 2021.
REFERÊNCIAS:
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. São Paulo: Ática, 2014.

ATIVIDADES
1 - Como podemos diferenciar “moral” e “ética”?
a) Não podemos diferenciar, são palavras sinônimas.
b) Moral é um conjunto de valores, e Ética é a reflexão sobre esses valores.
c) Moral é a prática da Ética no nosso dia a dia.
d) Moral é sinônimo de “ética aplicada”.
e) Nenhuma das alternativas acima.

2 - “Vemos que toda cidade é uma espécie de comunidade, e toda comunidade se forma com vistas
a algum bem, pois todas as ações de todos os homens são praticadas com vistas ao que lhe parece
um bem; todas as comunidades visam algum bem, é evidente que a mais importante de todas elas
e que inclui todas as outras têm mais que todas este objetivo e visa ao mais importante de todos
os bens” (Aristóteles Política.Brasília: UnB 1988)
No fragmento, Aristóteles promove uma reflexão que associa dois elementos essenciais à
discussão sobre a vida em comunidade, a saber:
a) Ética e política, pois conduzem à eudaimonia (que significa felicidade).
b) Retórica e linguagem, pois cuidam dos discursos na ágora.
c) Democracia e sociedade pois se referem a relações sociais.
d) Geração e corrupção, pois abarcam o campo da physis.
e) Nenhuma das alternativas acima.

3 - Quando e de que forma nasce a filosofia moral ou a disciplina filosófica denominada ética?
SEMANA 3

EIXO TEMÁTICO:
Ser e dever ser.

TEMA/TóPICO:
Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.

HABILIDADE(S):
Compreender e analisar os fundamentos da ética em diferentes culturas, identificando processos que
con- tribuem para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a autonomia e o poder de
decisão (vontade).

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Período Helenístico.

TEMA: Ética e moral - parte 3


Olá, estudante!A abordagem que estamos fazendo sobre as formulações da ética e da moral, e sua
construção ao longo da história, mostram o quanto são complexas as diversas teorias e visões
sobre o tema. Que faz parte da existência humana em sociedade e de sua conduta para com os
outros. Que mesmo estando submetidos a regras que existem para o equilíbrio da convivência, nos
pegamos cons- tantemente em meio a conflitos, agressões, julgamentos, divergências e violência.
Isso porque somos seres de desejo e vontade, e muitas vezes queremos ter o domínio, o poder e o
controle das situações.
Por isso, a comunicação tem papel fundamental na construção da moralidade e da eticidade, que
vão se modificando, evoluindo e transformando ao longo da história, juntamente com a cultura,
colaborando diretamente uma com a outra neste processo.

Período Helenístico
A palavra “helenística” deriva de helenismo, termo que corresponde ao período que vai de
Alexandre Magno, o macedônico, até o da dominação romana (338 a.C. até sua anexação pelo
romanos em 146 a.C.) Alexandre foi o grande responsável por estender a influência grega desde o
Egito até a Índia. Esse período perdurou por cerca de trezentos anos.
A filosofia helenística correspondeu a um desenvolvimento intelectual com forte influência dos
temas pré-socráticos; porém, sobretudo ela é profundamente marcada pelo espírito socrático. A
experiência com outros povos também lhe permitiu desempenhar certo papel no desenvolvimento
da noção de cos- mopolitismo, isto é, da ideia de homem como cidadão do mundo.
As escolas helenísticas têm em comum a atividade filosófica, como amor e investigação da
sabedoria, sendo esta um modo de vida. Elas não se diferenciavam muito na escolha da forma de
sabedoria. Todas elas definiam a sabedoria como um estado de perfeita tranquilidade da alma.
Nesse sentido, a filosofia é uma abordagem dos cuidados, das angústias e da miséria humana,
miséria resultante das conven- ções e obrigações sociais.
Todas as escolas helenísticas trazem certa herança socrática ao admitir que os homens estão
submer- sos na miséria, na angústia e no mal, porque estão na ignorância; o mal não está nas
coisas, mas no juízo de valor que os homens atribuem a elas. Disso decorre uma exigência: que os
homens cuidem de
mudar radicalmente seus juízos de valor e seu modo de pensar e ser. E isso só é possível mediante
a paz interior e a tranquilidade da alma.
Este período do Helenismo é marcado basicamente pelo paganismo e pela crença da capacidade
huma- na de explicar os problemas humanos a partir das causas humanas. A seguir, vamos
apresentar rapida- mente as principais escolas do helenismo.

Cinismo
Quem nunca ouviu ou já falou: “fulano ou beltrano é cínico!”. Você sabe o que significa ser uma pessoa
cínica? Bom, vamos lá, eu explico: atualmente quando falamos ou ouvimos uma pessoa falar sobre
ci- nismo é normal atribuirmos o significado a alguém imprudente, insensível, que não liga para o
sofri- mento de outras pessoas ou mesmo nem se preocupa com algo que nós mesmo achamos de
suma importância. Pois bem, saiba que nem sempre foi assim.
O cinismo nasceu por volta de 400 a.C., fundado por um aluno de Sócrates chamado Antístenes.
Basi- camente uma pessoa adepta da filosofia cínica defende que um ser humano não precisa se
apegar aos bens materiais ou as vaidades criadas pela sociedade para ser feliz. As vaidades da
sociedade dizem respeito às posições sociais que adquirimos com o nosso trabalho ou à qual
pertencemos desde o nos- so nascimento.
Diógenes e Alexandre Magno
O grande expoente da filosofia cínica foi Diógenes de Sinope. Diógenes morava em um barril,
vestia apenas um pedaço de pano, e uma de suas únicas posses era um cajado; animais viviam e
circulavam ao seu redor. Figura simples, conta a história que certa vez este pensador recebeu a
visita de Alexandre Magno. Alexandre, parado na frente de Diógenes (este sentado a boca de sua
morada) perguntou qual seria o desejo dele e que bastaria ele dizer a Alexandre Magno que seu
desejo seria realizado. Diógenes rapidamente respondeu: “Sai da frente do meu sol”.

Pintura Alexandre e Diógenes, de Nicolas-André Monsiau (1818). Disponível em: <https://www.meisterdrucke.pt/kunstwerke/400w/


Nicolas%20Andre%20Monsiau%20-%20Alexander%20and%20Diogenes%201818%20%20-%20(MeisterDrucke-191862).jpg>.
Acesso em 26 ago 2021.

Assim nasceu a filosofia cínica, que contesta os apegos materiais e as pompas da sociedade, ou
seja, as ambições pela riqueza, os luxos e a ostentação. O homem é um animal e deve viver como
tal. Ainda frisa que todos os conhecimentos intelectuais que formam as bases da sociedade grega
como: mate- mática, física, música etc, são inúteis ao homem, isto porque são invenções do
homem. Assim, para os cínicos a felicidade significa o desapego aos bens materiais e aos títulos
sociais. Este desapego conduz o homem à liberdade.
Estoicismo
O Estoicismo surgiu por volta de 300 a.C. Seu fundador chamava-se Zenão de Citio. Esta corrente
filo- sófica partia da ideia do direito natural. Zenão acreditava que todas as pessoas são um tipo de
“micro- cosmo” e que todos fazem parte de um cosmos maior ainda, o universo ou “macrocosmo”.
Pensar assim significa retirar de todos os seres humanos as suas diferenças, ou seja, somos todos,
em natureza, iguais. Brancos, negros, amarelos, cristãos, não cristãos, escravos ou não.
Há aqui uma grande diferença com os filósofos cínicos. Os estóicos interessavam-se por política, e
de- claravam que a ética e a moral são exigências para uma vida correta e austera. Grandes
homens deste período foram estoicos, entre eles: o imperador romano Marco Aurélio (121 -180); e o
filósofo, político e orador Cícero (106-43 a.C). Este segundo lançou as bases daquilo que ficou conhecido
como humanis- mo grego, fundamentado no antropocentrismo, ou seja, a ideia de que o homem
ocupa o centro simbó- lico da realidade. Os estóicos ainda acreditavam que tudo o que acontece
conosco é algo que de algum modo já estava estabelecido pela própria natureza. Assim, não
devemos nos preocupar, nem sofrer com os revezes que nos afligem, pois não podemos controlar
o universo.

Epicurismo
Em 300 a.C. Epicuro (341-270 a.C) desenvolveu um modelo de pensamento que ficou conhecido como
epicurismo ou “filosofia do Jardim”. Este pensador defendia que a felicidade estava relacionada aos
prazeres humanos. Na sua ótica devemos preferir aqueles prazeres que podem ser considerados
dura- douros, e rejeitar aqueles que são desnecessários, ou que apenas aparentam ser prazeres.
É interessante perceber que Epicuro afirmava que a distinção entre essas categorias de prazeres,
que nos levam à felicidade, separa os prazeres extraídos dos cinco sentidos, daqueles que
alcançamos por meio da nossa razão. Por isso devemos tratar e aperfeiçoar o nosso intelecto. Para
os epicuristas deve- mos tomar quatro remédios para atingirmos a felicidade. São eles: 1) os
deuses não devem ser temidos, isso porque os deuses não estariam interessados em nós; 2) é
considerado um absurdo temer a morte, visto que ainda não morremos; 3) o prazer está a
disposição de todos, e pode ser alcançado através da virtude; 4) o mal dura pouco sendo fácil de
suportá-lo: para isso devemos lembrar de coisas boas e feli- zes ou criar boas expectativas para o
futuro.

Ceticismo
Existem dois nomes quanto à criação e ao desenvolvimento da filosofia cética. O fundador foi Pirro
de Élis (360-270 a.C), e o seu desenvolvedor, no século II, foi Sexto Empírico. Basicamente, após a
morte de Alexandre, o Grande, a política na Grécia Antiga ficou estremecida. A democracia não
mais respondia aos anseios do povo grego, e assim governos autoritários tomaram conta das
Cidades-Estado. Esta ins- tabilidade contribuiu para o surgimento da filosofia cética, uma vez que
muitas dúvidas surgiram sobre a capacidade de governo dos sistemas políticos. A filosofia cética
parte de três questões básicas, que são: qual a natureza real das coisas? Quais as disposições que
se convém adotar a seu respeito? E quais as consequências que resultarão desta atitude?
A resposta a estes questionamentos, em geral, nos leva a compreender o seguinte: as coisas são
di- fíceis de se diferenciar uma das outras; nós não sabemos diferenciar as essências das coisas
porque não conseguimos percebê-las pelos nossos sentidos, e nossa razão também pode nos
deixar “na mão” às vezes. Por isso não devemos confiar no que a realidade nos apresenta. Isso nos
leva à dúvida. Quan- do isso acontece, a solução que temos é “suspender o juízo” (afasia; recusa
em se pronunciar) sobre as coisas. A postura cética se transforma em atitude contrária o
dogmatismo (já que essa corrente afirma que há uma verdade absoluta, e que ela pode ser
conhecida e declarada). Enquanto o dogmá-
tico aceita uma determinada postura que por ele é considerada correta, o cético questiona a
validade desta forma de pensar.
Por este motivo é importante você saber que os céticos duvidam, mas não de tudo. Duvidam
apenas de coisas que não podem ser explicadas de forma direta, com um simples olhar.

Neoplatonismo
O Neoplatonismo, que teve inspiração em Platão, foi a grande corrente filosófica que concorreu
direta- mente com o Cristianismo, apesar de ter alguma proximidade em certos pontos. Plotino
(205-270 d.C) foi o principal representante desta corrente. Este pensador acreditava na existência
de um Uno (Deus), que seria a Luz. Assim, identificava a existência de um todo onde conviveriam a
luz e as sombras (Tre - vas). Na luz, Deus (Uno); nas trevas, há a ausência de luz e só isso. O ponto
de encontro com o Uno está dentro de nossa alma, quando nos encontramos com o próprio Deus e
não nos diferenciamos dele, nos tornando uma única coisa. A este tipo de experiência chamamos de
experiência mística.

Misticismo
Para os místicos, pessoas que vivem a experiência mística ou que buscam uma experiência desta
na- tureza, viver significa exercer a simplicidade. Para isso, o místico busca a purificação e a
iluminação de sua alma. Não haveria de algum modo a separação entre a alma, Deus e o Universo.
Neste sentido, tudo estaria ligado e o caminho da purificação aproximaria tudo, sendo a experiência
mística o auge da pu- rificação humana. No Ocidente (ou seja, para o Islamismo, o Cristianismo e o
Judaísmo) a busca é para se chegar à presença de um Deus pessoal; no Oriente, busca-se uma
experiência na qual o místico quer de algum modo ligar-se ao Cosmos, ou seja, ao Universo.
“De todas essas coisas, a prudência é o princípio e o supremo bem, razão pela qual ela é mais preciosa
do que a própria filosofia; é dela que se originaram todas as demais virtudes; é ela que nos ensina que
não existe vida feliz sem prudência, beleza e justiça, e que não existe prudência, beleza e justiça sem
felicidade.“ (Epicuro)
PARA SABER MAIS:
Assista aos vídeos a seguir.
Grécia Antiga: Período Helenístico. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=dNfTXfR-
B32k>. Acesso em 26 ago. 2021.
Filosofia Helenista. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=cV4uIR-Spd0>. Acesso em 26
ago. 2021.

REFERÊNCIAS:
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. Ed.São Paulo: Ática, 2014
ATIVIDADES
1 - (UCS) Os povos da Antiguidade Clássica foram responsáveis por um legado que permanece
vivo nas sociedades contemporâneas, em especial nas ocidentais. Sobre esse legado é correto
afirmar que:
a) a religião monoteísta, praticada por gregos e romanos, foi a base para o surgimento do
Cristia- nismo, que, ainda hoje, congrega a maior comunidade de fiéis do Planeta.
b) a medicina praticada, tanto pelos gregos quanto pelos romanos, realizou progressos
extraordiná- rios; graças a eles foi possível conhecer a circulação do sangue e as infecções
dos olhos e dentes.
c) a filosofia e a ciência praticada pelos gregos constituem-se a base do pensamento científico
e filosófico das sociedades ocidentais.
d) os idiomas dos países ocidentais, na sua totalidade, derivam do latim ou da fusão dele com
os dialetos bárbaros.
e) o sistema de numeração empregado atualmente é uma contribuição direta dos gregos e
roma- nos, especialmente o conhecimento do zero.

2 - (Fepese – 2012 –SC) Entre as muitas heranças do mundo da Antiguidade, herdamos as


chamadas filosofias pagãs do:
a) Estoicismo e niilismo.
b) Escolástica e marxismo.
c) Epicurismo e marxismo.
d) Estoicismo e epicurismo.
e) Escolástica e tomismo.

3 - (FUNCAB 2014) – O epicurismo e o estoicismo foram as duas filosofias éticas predominantes no


período helenístico. O estoicismo, em contraposição à ética epicurista, relaciona o bem:
a) à atividade da alma segundo a razão.
b) ao prazer por coisas materiais.
c) à indiferença diante da dor e do sofrimento.
d) aos costumes ou convenções sociais.
e) ao dever de cumprir o que é ordenado pela lei divina.

4 - (UFRN) Felipe II, rei da Macedônia, conquistou a Grécia. Seu filho, Alexandre, o Grande, consolidou
as conquistas do pai e expandiu o império em direção à Ásia, chegando até a Índia. Na perspectiva
histórica, a obra de Alexandre e de seus sucessores imediatos foi importante porque:
a) substituiu a visão mística do mundo, presente nos povos orientais, pelo reconhecimento
intelec- tual proveniente da razão e do raciocínio lógico.
b) favoreceu a difusão do modelo político das cidades-Estados da Grécia pelas regiões
conquista- das no Oriente, estimulando um governo fundamentado na liberdade e na
democracia.
c) suplantou o poder despótico predominante nos grandes impérios orientais, os quais
atribuíam aos governantes uma origem divina.
d) possibilitou o intercâmbio de culturas, difundindo as tradições gregas nas terras do Oriente,
en- quanto as mesopotâmicas, egípcias, hebraicas e persas expandiram-se para o Ocidente.
SEMANA 4

EIXO TEMÁTICO:
Ser e dever ser.

TEMA/TóPICO:
Ética categórica e utilitarismo.

HABILIDADE(S):
Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da
demo- cracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Ética Kantiana; Utilitarismo.

TEMA: Ética e moral - parte 4


Olá estudante, vamos nesta semana fazer uma retomada sobre o pensamento de Kant, que
reafirma o papel importante que a razão exerce em nossas vidas e na esfera da ética e da moral.
Vamos conhecer também um pouco sobre o utilitarismo, que é uma doutrina que avalia a moral e,
sobretudo, as con- sequências dos atos humanos. Com isso, poderemos perceber que as escolhas
individuais precisam trazer o bem-estar de todos, do coletivo. Prepare-se, pois temos muita
reflexão pela frente!
“O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele.” Immanuel Kant

Ética Kantiana
Immanuel Kant (1724-1804), buscou criar um modelo ético que fosse independente de qualquer
tipo de justificação moral religiosa e se baseasse apenas na capacidade de julgar, que é própria do
ser hu- mano. (Teoria Deontológica – Que significa teoria do dever. Defendendo que o valor moral de
uma ação reside em si mesma.) para ele não existe bondade natural. O homem é por natureza
egoísta, ambicioso, destrutivo, agressivo, cruel, em busca de prazeres insaciáveis, pelos quais ele
mata, rouba e mente. É justamente por causa dessas atitudes que precisamos do dever –
proporcionado pela capacidade de razão, que é inata em nós - para nos tornar seres morais.
Para isso, Kant elaborou um imperativo, uma ordem, de forma que o indivíduo pudesse utilizá-la
como uma bússola moral: o imperativo categórico. Esse imperativo é uma lei moral interior ao indivíduo,
ba- seada apenas na razão humana e não possui nenhuma ligação com causas sobrenaturais,
supersticio- sas ou relacionadas a uma autoridade do Estado ou religiosa (vamos lembrar que Kant
é fortemente influenciado pelos ideais do Iluminismo). O filósofo buscou fazer com a filosofia o que
Nicolau Copérni- co fez com as ciências. A revolução copernicana transformou toda a forma de
compreensão do mundo. A ética kantiana está desenvolvida, sobretudo, no livro Fundamentação da
Metafísica dos Costumes, de 1785. Nele, o autor busca estabelecer esse embasamento racional para o
dever.
Kant reforça essa ideia ao afirmar que somente o pensamento autônomo poderia conduzir os
indivíduos ao esclarecimento e a maioridade. A maioridade em Kant não está relacionada com a
idade, ou maio- ridade civil, ela é a independência dos indivíduos fundamentada na sua capacidade
racional de decidir por si mesmo o que é o dever. A moral kantiana se opõe à moral cristã, na qual
o dever é entendido como
uma heteronomia (significa ausência de autonomia. Sendo que autonomia em Kant é a capacidade
da vontade humana de se autodeterminar segundo uma legislação moral), uma norma vinda de fora
para dentro, a partir das Escrituras ou dos ensinamentos religiosos.

Imperativo Categórico
Busca estabelecer uma fórmula moral para a resolução das questões relativas à ação. O imperativo
categórico, ao longo das obras de Kant, aparece formulado de três maneiras diferentes. Nela, as
ações devem ser orientadas pela razão, sempre saindo do particular, da ação individual, para o
universal, da lei moral:
• Age como se a máxima de tua ação devesse ser erguida por tua vontade em lei universal da
Na- tureza. As leis da Natureza são universais e necessárias, todos os seres a cumprem, não
há al- ternativa. Como a lei da gravidade, os ciclos de vida e outras leis que submetem
todos os seres e é inquestionável.
• Age de tal maneira que trate a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de
outrem, sempre como um fim e nunca como um meio. Deste modo, um ser humano jamais
pode ser en- tendido como um instrumento para se alcançar qualquer tipo de objetivo. A
humanidade é o fim das ações e nunca um meio. Kant, nesse momento contraria, por
exemplo, a ideia de que “os fins justificam os meios” ou qualquer visão utilitária da ética.
• Age como se a máxima de tua ação devesse servir de lei universal para todos os seres
racionais. O ser humano deve tomar como princípio a ideia de que sua ação possa servir
como lei para todas as pessoas. Ou seja, com base na razão, a boa ação é a que está em
conformidade com o dever.
O dever é como algo que nasce em nosso interior, proposto pela razão ou coração, não é algo
imposto por uma vontade estranha à nossa.
“Somos todos iguais perante o dever moral.” Immanuel Kant
Utilitarismo
A origem dessa corrente filosófica, consequencialista (Que significa que o valor moral de um ato é
de- terminado exclusivamente por suas consequências) ocorreu na Inglaterra com a formulação de
Jeremy Bentham (1748-1832), chamada de “o maior princípio da felicidade”, e a sua continuidade foi
estimulada por Jonh Stuart Mill (1806-1873), que publicou a obra “Utilitarismo” em 1861. O utilitarismo,
caracteriza-
-se pela ideia de que as condutas adotadas devem promover a felicidade ou prazer do coletivo,
evitando assim as ações que levam ao sofrimento e à dor. Foi criado no século XVIII, e defendia
que a única condi- ção moral deve ser a busca da felicidade para o maior número de pessoas e que
as ações são definidas como certas ou erradas a depender dos seus efeitos. Embora tenha tido
muitos opositores, essa linha de pensamento causou grande impacto nos trabalhos voltados para o
estudo da moral e nas estruturas política, social e econômica da época. Com o ideal de
coletividade, ela foi considerada uma das primei- ras correntes a abordar a questão da igualdade,
uma vez que rejeita a ideia de bem-estar apenas para uma classe social. Os utilitaristas ainda
consideram que o principal objetivo da moral é melhorar o mun- do, potencializando a felicidade e
diminuindo os danos como a dor e o sofrimento.
O utilitarismo parte do princípio de otimização, ou seja, exige a maximização do bem-estar geral, o
que não se apresenta como algo facultativo, mas sim como um dever. Também propõe o princípio
da impar- cialidade e do universalismo. Isso quer dizer que os prazeres e sofrimentos são
considerados da mesma importância, quaisquer que sejam os indivíduos afetados.
“Aquele princípio que aprova ou desaprova qualquer ação, segundo a tendência que tem a aumentar ou
a diminuir a felicidade da pessoa cujo interesse está em jogo”.
PARA SABER MAIS
Kant - Ética do dever. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=dtJKzLO_0OE>. Acesso em:
26 ago. 2021.
Kant e o imperativo categórico. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=DzUaP56WpoU>.
Acesso em: 26 ago. 2021.
Utilitarismo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=gW2XJgUFEps>. Acesso em: 26 ago.
2021. Utilitarismo: o certo é o que gera mais felicidade. Disponível em:
<https://www.youtube.com/ watch?v=Xg34a-aZmVw>. Acesso em: 26 ago. 2021.

REFERÊNCIAS:
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. São Paulo: Ática, 2014.

ATIVIDADES
1 - Segundo a fórmula universal do imperativo categórico, uma ação está correta quando:
a) Está de acordo com o princípio de autoconservação.
b) Quando gera a maior felicidade e bem –estar para o maior número de pessoas.
c) Está de acordo com os dez mandamentos.
d) É uma ação correta.
e) Pode ser praticada por todas as pessoas.

2 - (Ufsm 2015) A necessidade de conviver em grupo fez o homem desenvolver estratégias adaptativas
diversas. Darwin, num estudo sobre a evolução e as emoções, mostrou que o reconhecimento de
emoções primárias, como raiva e medo, teve um papel central na sobrevivência. Estudos antigos e
recentes mostram que a moralidade ou comportamento moral está associado a outros tipos de
emoções, como a vergonha, a culpa, a compaixão e a empatia. Há, no entanto, teorias éticas que
afirmam que as ações boas devem ser motivadas exclusivamente pelo dever e não por impulsos ou
emoções. Essa teoria é a ética:
a) deontológica ou kantiana.
b) das virtudes.
c) utilitarista.
d) contratualista.
e) teológica.

3 - Qual das alternativas abaixo define melhor o princípio básico do utilitarismo?


a) Uma ação moralmente correta é aquela que está de acordo com a regra “não faça aos
outros aquilo que não gostaria que fizessem para ti”.
b) Uma ação moralmente correta é aquela que produz o maior saldo positivo de prazer ou
bem-es- tar para todos os afetados pela ação, considerados imparcialmente.
c) Uma ação moralmente correta é aquela está de acordo com o imperativo categórico.
d) Uma ação moralmente correta é aquela que gera mais felicidade para o agente.
e) Uma ação moralmente correta é aquela em que a pessoa age com honestidade.
4 - Assinale a alternativa que contenha apenas nomes de filósofos utilitaristas:
a) Platão e Stuart Mill.
b) Rousseau e Aristóteles.
c) Kant e Stuart Mill.
d) Stuart Mill e Bentham.
e) Kant e Bentham.

5 - Explique o que é ética deontológica.


SEMANA 5

EIXO TEMÁTICO:
Ser e dever ser.

TEMA/TóPICO:
Ética Contemporânea.

HABILIDADE(S):
Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da
demo- cracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Ética Contemporânea x Bioética.

TEMA: Ética e moral - parte 5


Olá estudante, o tema desse PET 4, ética e moral, é bem extenso. Todos estamos fazendo o melhor
pos- sível, não é mesmo? Então, para incentivar você a prosseguir na busca pelo entendimento
mais amplo das questões relacionadas à moral e à ética na filosofia, vou deixar aqui pra você os
nomes de alguns dos autores mais importantes neste assunto. Suas obras, assim como a
contextualização de seu pen- samento, são bem fáceis de encontrar. São eles: São Tomás de Aquino
(1225 –1274), Santo Agostinho (354–430), David Hume (1711-1776), Ludwig Wittgenstein (1889–1951),
Frederich Nietzsche (1844-1900), Jean Jacques Rousseau (1712-1778), Nicolau Maquiavel (1469–1527),
Thomas Hobbes (1588-1679), Frie- drich Hegel (1770-1831), Bertrand Russell (1972–1970), Martin Heidegger
(1889 – 1976). Há inúmeros ou- tros, mas com estes já é possível uma excelente introdução. Vamos
lá, você consegue!

Ética Contemporânea
Da ética aristotélica para a ética atual, é preciso um estudo reflexivo profundo das transformações
na conduta humana no campo ético, seja no âmbito empresarial, profissional ou do senso comum.
Lem- brando que o comportamento ético é o ato de agir, de decidir, de fazer o bem de fato, por
uma conduta virtuosa na comunidade em que estamos inseridos, deste modo conduzimos uma vida
mais harmonio- sa em sociedade, na busca da felicidade, da liberdade e da justiça. E na filosofia
moderna, a conduta virtuosa designa uma disposição moral para o bem individual e comum.
Ela está fortemente marcada por motivações institucionais e legais, muito mais que morais. De
certa maneira, a técnica, a ciência, representam um avanço e propiciam uma ligeira sensação de
que basta estar disponível para justificar um uso. A conhecida “virada” técnico científico da
modernidade. A valo- rização da autonomia do sujeito moral leva à busca de valores subjetivos e
ao reconhecimento do valor das paixões, o que acarreta o individualismo exacerbado e a anarquia
dos valores. Resulta ainda na descoberta de várias situações particulares com suas respectivas
morais. Mas que devemos reprimir certos desejos e reforçar outros se queremos atingir a felicidade
e o equilíbrio.
É preciso aqui citar para conhecimento e para que você estudante possa buscar mais informações,
as principais correntes de pensamento da ética contemporânea foram: O Existencialismo, o
Pragmatis- mo, a Psicanálise, o Marxismo, o Neopositivismo e a Filosofia Analítica. Pois, não
conseguiremos aqui, falar de todas.
Baruch de Espinosa (1632–1677)
Baruch Spinoza, foi um filósofo racionalista holandês, um dos mais importantes da filosofia
moderna. Nascido em Amsterdã, na Holanda e era descendente de judeus de origem portuguesa.
Aprofundou seus estudos nas áreas da teologia, línguas, filosofia e política. No entanto, suas ideias
eram conside- radas ateístas, o que levou a ser excomungado pela comunidade judaica.
Para Espinosa, somos seres naturalmente afetivos, isto é, nosso corpo é ininterruptamente afetado
por outros (que podem conservá-lo e regenerá-lo ou enfraquecê-lo e destruí-lo) e afeta outros
corpos (também podendo conservá-los, regenerá-los, enfraquecê-los ou destruí-los). Essas
afecções (afetos) corporais se exprimem em nossa alma ou sentimento. O afeto e o sentimento é,
portanto, constitutivo de nosso corpo e de nossa alma.
Nossos afetos são naturalmente paixões, pois somos naturalmente passionais quando sofremos a
ação de causas exteriores a nós. As paixões não são nem boas e nem más, simplesmente são
naturais. Não são vícios da natureza humana, e sim, a maneira como existimos, recebendo e
sofrendo a ação das causas externas. Uma paixão indica a força ou a fraqueza de nosso ser para
existir e pensar. Três são as paixões originais ou primitivas do homem: alegria, tristeza e desejo.
O que é vício? Não é ter paixões, e sim, a fraqueza para existir, agir e pensar. Deixando-se
conduzir pelas causas externas.
O que é virtude? Não é cumprir deveres e obrigações, mas ter força interior para passar da
passividade à atividade, ou seja, de afetos passivos (as paixões) a afetos ativos (as ações éticas). A
virtude é ação, é a realização e concretização de nossa capacidade cognitiva ou racional.
Na ética de Espinosa, jamais se fala em pecado e em dever; afastando a ideia de virtude e vício
como afirmava Aristóteles e a moral cristã, ao contrário, fala em fraqueza e em força para ser,
pensar e agir.

Karl Marx (1818–1883)


Foi um filósofo, sociólogo, economista, jornalista e teórico político alemão. Junto a Friedrich Engels,
elaborou uma teoria política que embasou o chamado socialismo científico. Sendo considerado um
dos fundadores do materialismo histórico.
O pensamento marxista está fundamentado no reconhecimento de um sistema de exploração da
classe operária pela burguesia. Fundado por Karl Marx e Friedrich Engels, o marxismo, fundou-se com
base em um pensamento socialista já existente na Europa industrial, a fim de criar uma doutrina
amparada pela socialização dos meios de produção (indústrias) e pela tomada de poder da classe
operária, tendo em vista sua libertação do sistema explorador. O marxismo, na sua forma pura,
defende que deve haver uma revolução pela qual a classe operária toma para si os meios de
produção e o governo, suprimindo a burguesia e os seus meios de hegemonia e manutenção do
poder, que constituem os conjuntos chama- dos infraestrutura e superestrutura. Com base nisso,
deveria ser criado um Estado forte, com um go- verno chamado de socialista, que acabaria com a
propriedade privada e controlaria toda a propriedade em nome da população, formando uma ditadura
do proletariado.
Os pilares da ética marxista se fundamenta na concepção de homem como ser concreto, social e
históri- co, em uma ontologia imanentista (investigação da condição humana), na visão materialista
da história, nas determinações da existência social dos homens sob relações sociais e econômicas
determinadas, em uma sociedade dividida em classes.
A principal contribuição da teoria marxista para a filosofia reside no conceito de materialismo
histórico dialético. Essa concepção filosófica opera uma reviravolta no que se entendia por dialética
até então, de Platão a Hegel. O conceito de dialética ganha um escopo estritamente prático e
material, dispen- sando o idealismo alemão em alta no cenário intelectual filosófico do século XIX.
Muitos intelectuais
contemporâneos filiaram-se ao pensamento marxista, contribuindo para sua disseminação. Alguns
mais revolucionários, como o filósofo italiano Antônio Gramsci, partiram para a defesa direta de
uma revolução. Já os teóricos da Escola de Frankfurt fizeram uma releitura do marxismo para uma
aplicação que se encaixasse melhor no panorama econômico e político do século XX.

Jürgen Habermas (1929-)


É um dos maiores intelectuais dos séculos XX e XXl. Filósofo e sociólogo, com formação ligada à
Escola de Frankfurt, ele tem dedicado sua vida a estudar a democracia e apresentou um modelo de
ação co- municativa para que sejam desenvolvidos consensos no espaço público sem coerção
física, mas pela coerção do melhor argumento. A democracia pode ser, assim, aperfeiçoada pelos
processos coletivos de deliberação, que propiciam a coexistência dos diferentes e a participação de
todos na produção de normas sociais.

Teoria da ação comunicativa


É embasada por duas perspectivas diferentes, o materialismo histórico de Marx e o funcionalismo
de Max Weber, além da filosofia da linguagem e da teoria crítica da Escola de Frankfurt. A ação
comuni- cativa é uma complexa teoria da interpretação do mundo e da socialização. A socialização
é complexa, pois é um resultado dos processos individuais que se colocam em conjunto.
Assim, começa-se um processo de fundamentação da ética que resulta das ações individuais e do
con- vencimento das pessoas com base na comunicação. A comunicação é o mais fundamental
processo humano na ótica de Habermas, pois é ela que permite a interação e a instauração de
processos éticos e de socialização. A ação comunicativa é um processo de comunicação livre e
racional, de extrema im- portância para a consolidação da democracia.

Razão comunicativa
É a razão, ou a racionalidade, por trás da ação comunicativa. Ela surge como uma proposta de
eman- cipação do ser humano (influência da Escola de Frankfurt) em oposição à razão instrumental,
descrita por Adorno e Horkheimer (filósofos da Escola de Frankfurt) como parte da lógica capitalista
brutal que apenas utiliza a racionalidade como meio para algo e não reflete sobre si mesma. Essa
razão instrumen- tal foi o tipo de processo racional que desencadeou episódios como o holocausto
judeu, e é descrita também como uma espécie de lógica da barbárie pelos filósofos frankfurtianos.
Habermas é hoje um dos maiores pensadores das ciências humanas. Na educação, sua noção de
ação comunicativa é utilizada para defender, na escola e na universidade, a interdisciplinaridade,
contra a ideia positivista de separar as disciplinas. O diálogo e a busca de estruturas racionais são
atitudes que podem enriquecer todos os campos do conhecimento. Na política sua teoria é
alternativa à democracia repre- sentativa. A defesa de outras formas de participação política, como
comitês e audiências públicas, resga- ta ainda que parcialmente, aspectos da democracia direta e
dos plebiscitos comum na antiguidade.

Bioética
Um dos conceitos que definem a Bioética (“ética da vida”) é que esta é a ciência “que tem como
objetivo indicar os limites e as finalidades da intervenção do homem sobre a vida, identificar os
valores de refe- rência racionalmente proponíveis, denunciar os riscos das possíveis aplicações”
(LEONE; PRIVITERA; CUNHA, 2001). A Bioética trata das questões referentes à vida humana e as
melhorias na qualidade de vida do homem. É composta por estudos multidisciplinares na área da
Biologia, da Medicina e da Fi-
losofia. Com o notável avanço da medicina no campo da genética surgiram grandes preocupações
no campo da ética. A clonagem humana e a fecundação artificial são novas práticas genéticas que
vêm alterar conceitos e realidades da sociedade de hoje. Por exemplo, com as descobertas da
biociência, passou-se a questionar os pilares sobre os quais a família moderna está baseada.
É um ramo de estudos interdisciplinar que investiga as implicações éticas em relação à utilização e
manipulação da vida.

PARA SABER MAIS


Bioética. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=eCUKQU58SQI>. Acesso em: 26 ago 2021.
Karl Marx. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=HGwBJ-GY2rU>. Acesso em: 26 ago 2021.
Três lições de Espinosa. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=frqGWpueCLs>.
Acesso em: 26 ago 2021.

REFERÊNCIAS:
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. São Paulo: Ática, 2014.

ATIVIDADES
1 - Explique a diferença entre vontade e desejo em Espinosa.

2- (UEM 2011) Jürgen Habermas (1929) pertenceu inicialmente à escola de Frankfurt, também conhecida
como Teoria Crítica, antes de fazer seu próprio caminho de investigação filosófica.
Sobre o pensamento de Jürgen Habermas, assinale o que for correto.
a) Ao afastar-se da Escola de Frankfurt, Jürgen Habermas abandona, ao mesmo tempo, a
teoria crítica da sociedade e a crítica da razão instrumental.
b) Ao contrário de Max Horkheimer, Theodor W. Adorno e Walter Benjamin, Jürgen Habermas
con- tinua fiel ao materialismo histórico, ou seja, à ortodoxia marxista.
c) A relação posta pela Filosofia positivista entre o objeto da investigação científica e o sujeito
que investiga é, para Jürgen Habermas, o caminho a ser adotado por uma racionalidade que
deseja a emancipação humana.
d) A racionalidade comunicativa, contida na Teoria da ação comunicativa de Jürgen Habermas,
elabora-se na interação intersubjetiva, mediatizada pela linguagem de sujeitos que desejam
al- cançar, por meio do entendimento, um consenso autêntico.
e) Nenhuma das Alternativas anteriores.
3 - Explique o que você entende por Bioética.
SEMANA 6

EIXO TEMÁTICO:
Ser e dever ser.

TEMA/TóPICO:
Ética da Alteridade.

HABILIDADE(S):
Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da
demo- cracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.

CONTEÚDOS RELACIONADOS:
Ética da Alteridade.

TEMA: Ética e moral - parte 6


Olá, estudante! Estamos finalizando mais um Plano de Estudos Tutorados, mas os nossos estudos e
a nossa busca pelo conhecimento de nós mesmos, pelos sinais da verdade nas coisas e de tudo
que en- volve nossa existência em sociedade será uma constante sempre. Neste momento, faremos
um breve apanhado sobre a ética da alteridade. Será que você se sente preparada ou preparado
para ver as ou- tras pessoas como destinatários da sua ação ética? Bons estudos!
“Querer ser livre é também querer livres os outros.” Simone de Beauvoir
“O homem é livre; mas ele encontra a lei na sua própria liberdade.” Simone de Beauvoir

Emmanuel Lévinas (1906 – 1995)


Diante da complexidade das relações humanas no mundo atual, por conta das expressivas tiranias
e violências do paradigma liberal, bem como da tendência da sociedade contemporânea em
“banalizar o mal”, o pensamento de Lévinas nos coloca para refletir.
Ele foi impactado pela experiência pessoal de ter vivenciado as duas grandes guerras mundiais. Re-
cebeu a influência das obras de Franz Rosenzweig, Husserl, Heidegger bem como da bíblia
hebraica. Assim, Lévinas extrai tanto da fenomenologia quanto da religião os elementos
formadores de seu pen- samento. Por tais motivos, sua obra é caracterizada pela crítica aos
fundamentos da tradição filosófica do ocidente, que no entendimento do filósofo, proporciona uma
racionalidade conivente com a vio- lência humana. Para Lévinas a redefinição pelo homem
moderno de conceitos como sujeito e pessoa, produziu resultado contrário ao que desejava, pois se
de um lado houve um avanço para a filosofia em relação ao entendimento do indivíduo, por outro,
gerou atitudes humanas inaceitáveis como as guerras e outras formas de violência que evidenciam
o distanciamento entre o homem e seus valores éticos.
Toda a base de construção do pensamento levinasiano é o Outro. Da relação Eu-Outro emerge
uma nova perspectiva de ponderação, a de pensar a si mesmo e à sociedade a partir e com o
Outro. A ética, enquanto produto da interpelação do rosto do Outro. Entender a “ética da
alteridade” para o pensamen- to de Emmanuel Lévinas é entender que para o mesmo a ética se
apresenta como a primeira forma de filosofia, sendo as demais apenas ramos desta. Para Lévinas,
a ética se apresenta diretamente quando eu estou face-a-face com o outro indivíduo (COSTA, 2000,
p. 25. Lévinas: Uma introdução.) Para o filó-
sofo a vista do rosto do outro conduz a uma atitude ética, pois convoca o Eu a ser por ele
responsável, Lévinas (1997, p. 144) declara que:
É sempre a partir do rosto, da responsabilidade por outrem, que aparece a justiça, que
comporta julgamento e comparação daquilo que, em principio, é incomparável, pois cada ser é
único; todo outrem é único. Nesta necessidade de se ocupar com a justiça aparece a ideia de
equidade, sobre a qual está fundada a ideia de objetividade. Há, em certo momento,
necessidade de uma pesagem, de comparação, de pensamento, e a filosofia seria, nesse
sentido, a aparição da sabedoria a partir do âmago desta caridade inicial; ela seria - e não
brinco com as palavras – a sabedoria desta caridade, sabedoria do amor. (LÉVINAS. Entre nós.
Ensaios sobre a alteridade, 1997)
Toda a filosofia levinasiana reverbera da perspectiva do Outro que tem em seu Rosto seu elemento
mais original. Por meio da alteridade Lévinas chama a atenção para a afirmação do indivíduo em
um momento em que a negação epistemológica do ser transcendente prevalecia. Dessa forma,
para que o Outro, infinito, não fique relegado ao plano do pensamento, Lévinas preconiza o rosto
como o concreto que impele as relações humanas com responsabilidade ética. A radicalidade ética
de Lévinas, enquanto resgate à alteridade mediante a expressão do rosto, se apresenta como
negação à violência numa ten- tativa de subversão da ordem estabelecida pela denominada
totalidade.
O modo como o Outro se apresenta, ultrapassando a ideia de Outro em mim, chamando-o, de fato, ros-
to. Esta maneira não consiste em figurar como tema sob o meu olhar, em expor-se como um conjunto
de qualidades que formam uma imagem. O rosto de Outrem destrói em cada instante e ultrapassa a
imagem plástica que ele me deixa à minha medida e à medida do seu ideatum (LÉVINAS 1998, p.37-38).
Ao afastar do Rosto a experiência regulada pelo conhecimento, Lévinas se afasta da fenomenologia
e instaura uma nova valoração na qual a ética é sua filosofia primeira. Por fim, a nudez do Rosto,
que Lévinas explica como sendo o modo como o Outro aborda o eu livre e intacto, sem verniz,
evidencia a fragilidade humana. O filósofo esclarece que:
“[...] O rosto de Outrem está nu; é o pobre por quem posso tudo e a quem tudo devo. E eu, que sou eu,
mas que enquanto ‘primeira pessoa’ sou aquele que encontra processos p o ‘primeira pessoa’ sou
aque- le que encontra processos para responder ao apelo” (LÉVINAS, 1988, p. 37-38 e p. 61-62)
O homem, se faz livre ao ser responsável pelo outro, no acolher o outro na sua mais absoluta
alteridade. a partir do homem que encontra sua verdadeira raiz na ética, que o conduz a
compreender a responsa- bilidade do Eu para com o Outro.
A Alteridade, é muito mais que um conceito, é uma prática. Ela consiste, basicamente, em colocar-
se no lugar do outro, entender as angústias do outro e tentar pensar no sofrimento do outro.
Alteridade também é reconhecer que existem culturas diferentes e que elas merecem respeito em
sua integridade.
“É a hora em que o indivíduo justo não encontra nenhum recurso exterior, em que nenhuma instituição
o protege, em que a consolação da presença divina no sentimento religioso infantil se nega também,
em que o indivíduo apenas pode triunfar em sua consciência, ou seja, necessariamente no
sofri- mento. Sentido especificamente judeu do sofrimento que não toma em nenhum momento o
valor de uma expiação mística pelos pecados do mundo. A posição de vítimas em um mundo em
desordem…”
Emmanuel Lévinas
“As nossas análises são dirigidas por uma estrutura formal: a ideia do Infinito em nós. Para se ter
a ideia do Infinito, é preciso existir como separado. Essa separação não pode produzir-se como fazendo
eco apenas à transcendência do Infinito. Senão, a separação manter-se-ia numa correlação que res-
tauraria a totalidade e tornaria ilusória a transcendência. Ora, a ideia do Infinito é a transcendência,
o transbordamento de uma ideia adequada”. Emmanuel Levinas
PARA SABER MAIS
Alteridade. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=0GhVn4BtSmg>. Acesso em: 26 ago. 2021.
Cultura e Alteridade. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=e6yvczKRx4k>. Acesso em:
26 ago. 2021.

REFERÊNCIAS:
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. São Paulo: Ática, 2014.

ATIVIDADES
1- Emmanuel Lévinas foi um dos filósofos que desenvolveu uma ética marcada pelo compromisso
e responsabilidade do EU em relação ao outro. Sobre a ética da alteridade, proposta por Lévinas, é
CORRETO afirmar que:
I.A ética elaborada por Lévinas se configura a partir de um fundamento ontológico, o Bem
demonstra- do racionalmente.
II. A alteridade, no sentido levinasiano, é a possibilidade de relação do ser separado e finito
com o ou- trem, a partir do desejo metafísico.
III. A ética levinasiana é construída a partir da concepção heideggeriana, que concebe a solidão
no in- terior de relação.
IV.A relação ético-metafísica, apresentada por Lévinas, instaura no tempo a possibilidade de uma
re- lação para além da essência.
a) Somente I e II são verdadeiras.
b) Somente III e IV são verdadeiras.
c) Somente II e III são verdadeiras.
d) Somente I e III são verdadeiras.
a) Somente II e IV são verdadeiras.

2 - Defina Alteridade, com base na sua compreensão sobre o pensamento de Lévinas.


3- O que é alteridade? É ser capaz de apreender o outro na plenitude de sua dignidade, dos seus
direitos e, sobretudo, da sua diferença. Quanto menos alteridade existe nas relações pessoais e
sociais, mais conflitos ocorrem.
Considerando as atitudes que Frei Betto defende para construir uma comunidade de alteridade,
assina- le com V as afirmativas verdadeiras e com F as falsas.

( ) Manter a nossa tendência de colonizar o outro, ou partir do princípio de que eu sei e ensino
para ele. ( ) Refletir que os professores sabem algumas coisas e aqueles que não foram à escola
sabem outras
tantas.
( ) Defender que o equilíbrio emocional para lidar com as relações de alteridade só se aprende na
escola. ( ) Utilizar o diálogo e a capacidade de entender o outro a partir de sua experiência de
vida e da sua
interioridade.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência de letras CORRETA.
a) (V) (V) (F) (F).
b) (V) (F) (F) (V).
c) (F) (F) (V) (V).
d) (F) (V) (F) (V).
e) (V) (V) (V) (V).

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