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V.

DIREITO
PROCESSUAL CIVIL I
2° SEMESTRE (05/08/2021)

* Saneamento processo * Provas típicas

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V.1

* Audiência de instrução e julgamento * Fase Decisória (sentença)

* Teoria Geral das provas * Coisa julgada

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 01 – 05/08/2021

Professora passou revisão da prova.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 02 – 06/08/2021

Já vimos anteriormente o período após o pedido. Agora veremos o que o juiz fará depois disso.

1 - Saneamento do processo (providencias preliminares – Art. 347 CPC)

As chamadas providencias preliminares são utilizadas para garantir a contraditória e ampla defesa (contra
a sentença surpresa). Assim o CPC prevê as medidas que o juiz deve tomar após a defesa do réu,
verificando o que fará com o processo, dependendo da condição desse. O juiz deve tomar essas
providencias preliminares 5 dias após a defesa do réu. O juiz poderá julgar antecipadamente (Art. 354-
355) ou fazer o saneamento e organização do processo (Art. 357) o juiz faz isso para preparar para fase
instrutória.

1.1 - Providências preliminares – Art. 347 CPC: O juiz após a defesa, poderá tomar as seguintes medidas:

a) Réu revel com efeitos da revelia: nesse caso, o juiz verificando os efeitos da revelia, deverá julgar de
maneira imediata o processo, desde que o réu não requeira novas provas (Art. 355).

b) Réu revel sem efeitos da revelia: se o réu for revel, mas não houver os efeitos da revelia (ex citação
ficta), o juiz deverá então oportunizar ao autor que especifique as provas que pretende produzir.

c) Réu contesta com preliminares processuais: caso o réu apresente sua defesa, alegando preliminares
processuais (Art. 337) ou fato impeditivo, extintivo ou modificativo do direito do autor, o juiz deverá
oportunizar ao autor se manifestar em replica sobre as alegações e para que especifique provas, no prazo
de 15 dias (Art. 350-351). O autor, ao se manifestar em replica, poderá discutir em tal peça os seguintes
assuntos:

-> Questões preliminares processuais o autor poderá combater as questões preliminares arguidas pelo réu,
se estas existirem.

-> Fatos extintivos, impeditivos ou modificativos do direito o autor poderá também se manifestar sobre os
fatos extintivos, impeditivos ou modificativos arguidos pelo réu.

-> Ilegitimidade passiva (Art. 338) o autor poderá também se manifestar sobre a alegação do réu de sua
ilegitimidade.

-> Reconvenção o autor poderá ainda se manifestar sobre a reconvenção arguida pelo réu.

1.2 - Providências para vícios processuais: O juiz, após o réu arguir as preliminares e o autor ter
apresentado sua réplica (arguido vícios, deve-se oportunizar a defesa), deverá tomar as seguintes medidas:

a) Vícios sanáveis: se o juiz verificou que se trata de vícios sanáveis, seja por alegação do réu ou mesmo
de oficio (constata os vícios sozinhos), ele deverá oportunizar ao autor que regularize tais questões no
prazo de 30 dias (Art. 352). Se o autor não regularizar tais vícios, o juiz deverá extinguir o processo
(parcial ou total) sem julgamento do mérito (Art. 354, Art. 485).

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b) Vícios insanáveis: nesse caso, o juiz não precisará oportunizar ao autor que se manifeste, podendo
extinguir o processo de pronto, sem julgamento do mérito.

1.3 - Providencias para terceiros que integrem a lide: O juiz, ao verificar que há terceiros interessados a
lide, deverá determinar:

a) Autor cite todos os litisconsortes necessários: Quando tratar-se de caso em que a ação apenas poderá
prosseguir com aqueles terceiros, o juiz deverá determinar que o réu os cite para comparecer ao processo.

b) Partes cite terceiros denunciados a lide – chamamento ao processo: Quando o autor ou réu arguir a
inclusão de terceiros denunciados a lide (autor ou réu) ou quando houver chamamento ao processo
(sempre pelo réu) ou até mesmo a nomeação à autoria (réu que chama, mas autor que determina se ficará
no processo ou não), a citação deverá ser feita por aquele que requereu tal terceiro a lide (Autor ou réu).

c) Apresentação de defesa dos terceiros: Após os terceiros terem sido citados, eles poderão apresentar
suas respectivas defesas e manifestações, sendo que ao autor e o réu deverão ter oportunizado novamente
a sua defesa e manifestação sobre o que for arguido pelos terceiros na lide.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 03 – 12/08/2021

1.4 – Julgamento conforme o estado do processo (julgamento antecipado da lide): Já terminada a fase
petitória, a após na fase saneadora o juiz já ter tomado as providencias preliminares, ele deverá agora
analisar se cabe prolatar sua sentença de maneira antecipada, levando em conta o estado do processo.

a) Extinção sem julgamento do mérito: O juiz poderá extinguir o processo sem julgamento do mérito nas A extinção sem
seguintes situações elencadas no Art. 485 CPC. Essa extinção pode ocorrer de forma parcial (decisão julgamento do
interlocutória), sendo que no caso de extinção parcial, pode o autor interpor agravo de instrumento. Já no mérito pode
caso de extinção total (Sentença), o autor pode apelar, sendo que nesse caso o juiz pode reconsiderar (Art. ocorrer antes da
citação ou após
485, §7°). Independentemente da extinção parcial ou total, o juiz irá analisar a viabilidade daquele a contestação.
processo no seu aspecto processual, sem analisar o mérito do pedido (preliminares). Lembrando que nesse
caso, o autor pode novamente ingressar com ação, mas tendo que pagar novas custas processuais (desde
que corrigi os vícios que acarretaram a extinção da ação anterior e que comprove o pagamento de
despesas e honorários ao advogado do processo extinto). O juiz poderá extinguir o processo com base em
mais de um dos incisos do artigo citado acima.

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-> Indeferir a inicial no caso de inicial que não preencha os requisitos já vistos, o juiz poderá indeferir a
inicial, extinguindo o processo sem julgamento do mérito. Ele faz isso ainda no recebimento da petição
inicial. Nesse caso não existe fixação de honorários sucumbenciais, pois não existe parte contraria.

-> Processo ficar parado durante 1 ano por negligencia das partes isso é aplicável tanto ao autor, como
para o réu. Assim por exemplo, o réu que deixa de dar andamento a sua reconvenção pode acabar sendo
ela extinta.

-> Parte não promover atos e diligencias que lhe incumbiam, autor abandonar a causa por mais de 30 dias
o autor deverá sempre promover as diligencias que lhe incumbe. Assim por exemplo, um autor que deixa
de aditar a petição inicial com o valor da causa pode ter seu processo extinto.

-> Ausência de pressupostos de constituição e desenvolvimento valido e regular processo. Vimos acima
que o juiz deve verificar os vícios e indeferir a inicial no momento de seu recebimento. Entretanto, se ele
não fizer isso ainda na inicial, estaremos diante do presente caso, na qual na fase saneadora ele poderá
fazê-lo caso haja pressupostos de constituição e de desenvolvimento valido e regular do processo (Art.
485 IV). Nesse caso existe parte contraria, consequentemente havendo fixação de honorários
sucumbenciais. Ele poderá fazer isto de oficio.

-> Existência de perempção, litispendência ou coisa julgada nesses casos ele poderá julgar de oficio.

-> Colher alegação de convenção de arbitragem ou juízo arbitral reconhecer sua competência no caso de
haver clausula de arbitragem ou quando o juiz arbitral reconhecer sua competência para julgar a ação, o
juízo deverá ser provocado pelo réu, não podendo reconhecer de oficio.

-> Homologação desistência da ação deverá primeiramente o autor homologar sua desistência para só
então o juiz acolher essa desistência, extinguindo o processo sem julgamento do mérito. Lembrando que
nesse caso não existe a renuncia do direito, podendo o autor posteriormente ingressar novamente com a
ação. Entretanto se houver renuncia do direito, o juiz extingue o processo com julgamento do mérito.

-> Morte parte e intransmissibilidade por disposição legal

b) Julgamento antecipado do mérito (Art. 355): Vimos acima que o caso de extinção do processo
antecipadamente por algum vicio (no anterior não há analise do mérito, já aqui há). Veremos agora o caso
em que o juiz julga de maneira antecipada o processo por o feito já estar completamente instruído, não
necessitando de novas provas (dispensa dilação probatória – fase probatória). Ordinariamente pelo
procedimento comum o juiz somente prolata sentença depois de realizado audiência de instrução, pericia
etc. Entretanto existem casos em que o juiz julga o mérito antes dessas fases por não precisar produzir
outras provas, analisando o direito material imediatamente (em consonância com o principio da
celeridade). O juiz poderá em certas situações extinguir parcialmente sem julgamento do mérito e ao
mesmo tempo julgar antecipadamente o mérito (ex: juiz exclui uma das partes do processo e julga o
restante de acordo com as provas já existentes). Lembrando que nesse caso o juiz não necessariamente irá
julgar procedente o pedido do autor, podendo indeferir a ação. O julgamento antecipado do mérito apenas
ocorre após citado o réu (apenas após a contestação).

Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito, quando: I - não
houver necessidade de produção de outras provas; II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não
houver requerimento de prova, na forma do art. 349 .

-> Pedido produção de prova da parte alguma das partes pode requer a produção de provas (indicando
quais provas produzir e qual a sua pertinência), sendo que nesse caso o juiz deve analisar o seu
cabimento, a fim de evitar que atos desnecessários ou procrastinatórios. Em regra o juiz faz um despacho
intimando as partes a se manifestarem se tem interesse na produção de provas ou se concordam com o
julgamento antecipado da lide. Entretanto, mesmo havendo pedido da parte, o juiz pode deixar de
produzir determinada prova, já que ele é destinatário da prova (Art. 370), podendo julgar antecipadamente
a lide, sendo que nesse caso a parte pode apelar arguindo cerceamento de defesa.

-> Outras hipóteses de julgamento antecipado do mérito como dito acima, o juiz nem sempre irá julgar
antecipadamente o mérito em favor do autor. Em regra o julgamento antecipado da lide é feito por estar
dispensada a fase probatória. Entretanto existem outras hipóteses em que isso poderá ocorrer que é
quando:

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* Decadência e prescrição o juiz poderá reconhecer a decadência ou prescrição da pretensão do autor.


Nesse caso, apesar de não analisar propriamente o mérito, o autor após isso não poderá mais ingressar
com a mesma ação.

* Reconhecimento da procedência do pedido quando o réu reconhecer no processo a procedência do


pedido do autor, o juiz pode julgar antecipadamente o mérito.

* Transação das partes caso as partes entrem em um acordo e as partes homologarem tal acordo, o tal
acordo é uma sentença de julgamento antecipado do mérito.

* Renuncia a pretensão caso o autor renuncie a pretensão (renuncia o direito, e não a ação), nesse caso
existe extinção com julgamento do mérito.

-> Improcedência liminar da ação pode ocorrer que antes mesmo da citação do réu, o pedido do autor seja
julgado improcedente de maneira liminar, sendo que nesse caso se analisa o mérito (indefere a inicial).

c) Julgamento antecipado parcial do mérito (Art. 356): Como já foi dito, o juiz pode julgar apenas parte
do mérito de maneira antecipada quando essa parte da pretensão não necessitar mais de instrução
probatória (ex: ação com pedido cumulado de danos materiais e danos morais. Apenas o dano moral é
julgado de maneira antecipada como devido, sendo que o dano material segue para a fase probatória).
Quando assim o fizer, o juiz permitirá que o autor possa executar de maneira imediata a parte
incontroversa de sua pretensão (execução da decisão antecipada – decisão de natureza definitiva). A parte
que discordar pode interpor agravo de instrumento (Art. 356, §5°), sendo que caso não agrave a decisão
transita em julgado e o direito torna-se imutável. Nesse caso de recorrer, caso o recurso seja apenas no
efeito devolutivo a sentença pode ser provisoriamente executada enquanto se recorre (apenas não ocorrerá
quando tratar-se de efeito suspensivo duplo efeito, nesse caso pode apenas liquidar a decisão).

* Caso o recurso seja aceito em segunda instancia, a parte de executou de maneira provisória deverá
devolver o valor pago e possivelmente indenizar por danos sofridos.

1.5 – Organização e produção de provas no saneamento (despacho saneador): Ainda na fase de


saneamento do processo, caso o juiz não tenha julgado o processo antecipadamente, ele deverá então
produzir provas. Nesse caso, o juiz deverá preparar o processo para a produção de provas. O juiz deverá
nessa fase racionalizar a atividade e incentivar a cooperação das partes para que de maneira conjunta
possam fazer a instrução probatória. O juiz pode em um único despacho determinar o saneamento dos
vícios e ao mesmo tempo a produção de provas. Pode também primeiro determinar o saneamento em um
despacho e as provas as serem produzidas em outro despacho. Para isso o juiz deverá organizar o
processo (saneador), devendo tomar as seguintes providencias (Art. 357):

-> Saneamento das questões processuais pendentes o juiz deverá verificar se os processos contem algum
vicio processual, e caso verifique que sim, caso tal vicio seja sanável, o juiz deverá oportunizar a parte
que sane tal vicio processual para o prosseguimento do processo.

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-> Delimitar fatos que recairão prova e provas a serem realizadas (Art. 370) o juiz deverá delimitar sobre
quais fatos irão se realizar as provas, já que alguns fatos do processo não necessitam de dilação
probatória, por já estarem incontroversos (deverá produzir provas sobre materiais controvertidas). Assim
ele decide quais são as matérias controvertidas dignas de que se faça prova a respeito. Nesse sentido,
sobre os fatos delimitados, o juiz deverá explicitar quais provas serão realizadas (ex: prova pericial
contábil, oitiva de testemunhas, etc).

-> Delimitar questões de direito relevantes o juiz deverá delimitar quais serão as materiais a serem
debatidas nos autos, evitando assim as matérias irrelevantes.

-> Definir a distribuição do ônus da prova (Art. 373) sabemos que em regra o autor alega e tem que
provar tais questões. Entretanto existem situações em que se inverte o ônus da prova (ex: direito do
consumidor). A inversão do ônus da prova não é automática, mas sim tem de ser determinada pelo juiz,
sendo que o juiz o faz nesta fase do processo (juiz determinada a distribuição do ônus da prova).

-> Designação audiência de instrução (Art. 356) caso o juiz entende necessário a oitiva de testemunhas,
ele irá designar essa audiência de instrução.

Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e de
organização do processo: I - resolver as questões processuais pendentes, se houver; II - delimitar as questões de fato
sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os meios de prova admitidos; III - definir a distribuição do
ônus da prova, observado o art. 373 ; IV - delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito; V -
designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento.

a) Negocio jurídico processual para produção de prova (Art. 357, §2°): O novo código estabeleceu a
possibilidade de que as partes em conjunto delimitem as questões de direito relevantes para o julgamento
do mérito, indicando a matéria controvertida e as provas que serão produzidas. Assim nada mais é do que
uma possibilidade de o juiz debatendo com os advogados, defina qual a melhor maneira de sanear o
processo e produzir as provas. As partes então acordam as provas a serem produzidas, tornando o
processo mais célere. Quando acordam, há uma homologação judicial em que as partes e o juiz ficam
vinculados.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 04 – 13/08/2021

b) Audiência em cooperação (Art. 357, §3°): O juiz em regra determina que as partes especifiquem as
provas que pretendem produzir. No entanto, ela poderá também convidar que as partes compareçam em
uma audiência (as partes não sofrem pena por não comparecer) para que, em conjunto, as partes do
processo possam decidir quais provas serão produzidas e em qual momento processual. Nada mais é,
pois, que um saneamento feito em conjunto com as partes. Nessa audiência as partes têm de apresentar o
rol de testemunhas que pretendem ouvir em uma audiência de instrução. Nesse caso, encerrada a
instrução com um acordo entre as partes, elas não poderão alegar posteriormente o cerceamento de
defesa. Nessa audiência inclusive poderá ser determinado pelas partes o prazo para a apresentação do rol
de testemunhas ou até mesmo a data da audiência de instrução.

c) Audiência de instrução (Art. 357, §4°): Quando for o caso de oitiva de testemunhas, o juiz designa a
chamada audiência de instrução. Essa audiência não será determinada de plano quando necessário a
realização de pericia, mas sim poderá ocorrer apenas depois de que essa pericia tenha sido realizada.
Antes que se realize essa audiência de instrução, as partes deverão juntar o chamado rol de testemunhas
15 dias. Nesse rol as partes apresentam todos os dados das testemunhas que serão ouvidas. O juiz pode
limitar o numero de testemunhas que julgar necessário para o caso. Em regra são 10 testemunhas, sendo 3
para cada fato.

d) Determinar prova pericial (Art. 357, §8°): No despacho saneador o juiz poderá determinar ainda a
realização de prova pericial. Nesse caso o juiz poderá determinar um calendário, na qual o fato inicial é a
nomeação do perito. Em seguida, as parte têm 15 dias para indicarem seus respectivos assistentes técnicos
e ainda as alegações de impedimento ou suspeição do perito, podendo também impugnar o valor dos
honorários fixados pelo juiz (se o juiz ainda não fixou honorário, as partes poderão impugnar em 15 dias a

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contar de quando for fixado). Nesse calendário o juiz poderá estabelecer um prazo para entrega do laudo
pericial.

e) Estabilidade do despacho saneador: Vimos acima que o juiz no despacho saneador decide sobre
diversas questões. Assim, caso as partes entendam que o juiz deixou de se manifestar a respeito de algo
ou não foi muito claro, as partes podem requerer esclarecimentos em 5 dias do despacho. Se nesse prazo
as partes nada requererem, ocorre preclusão a matéria o juiz não precisará mais se manifestar a respeito e
nem alterar a decisão. Essa pedido de esclarecimento é similar às embargos declaratórios, mas não é um
embargo. O código não prevê a possibilidade de qualquer outro recurso contra o despacho saneador,
sendo que nesse caso a doutrina se divide em parte que acredita que cabe agravo nesse caso (pelo enorme
dano processual que a decisão incorreta pode ocasionar), e a outra que acredita que não cabe nenhum
recurso.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 05 – 19/08/2021

2 – Audiência de instrução e julgamento

A chamada audiência de instrução e julgamento é determinada pelo juiz toda vez que durante o processo
for necessário colher prova oral, ou seja, o juiz ouvir as partes, testemunhas ou até mesmo o perito do
processo (Art. 357, §4° - Art. 361). Essa audiência é um ato solene (tem de se dar na presença do juiz –
formalidade na audiência) e complexo (depende de uma serie de atos), que é realizado na sede do juízo,
sendo revestido de publicidade sob a presença do juiz. A inclusão do nome julgamento é no sentido de
que tendo possibilidade de fazer isso na mesma data, o juiz desde logo irá julgar o processo.

-> Depoimento pessoal das partes (Art. 385) o juiz pode quando achar necessário requer o depoimento
pessoal das partes. No mesmo sentido, as partes também podem requerer a oitiva uma da outra, sendo que
nos dois casos se busca extrair a confissão (Art. 389- 395). No caso de essa oitiva das partes ter sido
requerida pelo juiz, caso essa parte não venha a comparecer ela não sofre nenhuma penalidade. No
entanto, se essa oitiva for requerida pela parte, então nesse caso o não comparecimento causa penalidade.
Quando da oitiva da parte, o advogado que irá inquiri-la será o da parte contraria e vise versa (a parte que
está depondo não pode ser inquirida pelo seu próprio advogado).

-> Oitiva de testemunhas (Art. 442-449) a testemunha, não importa por quem ela tenha sido arrolada, de
qualquer maneira qualquer um dos advogados poderá inquiri-la.

-> Oitiva do perito para responder quesitos (Art. 469) o perito explica em audiência a sua pericia e
responde perguntas, sendo que essas perguntas devem ser apresentadas com antecedência da audiência
por tratar-se de questão técnica (20 dias antes da audiência).

a) Por quem será requerida: Essa audiência será designada quando requerido pelas partes, se for deferido
pelo juízo. Poderá o magistrado entender que não é caso de realizar essas provas orais caso as provas
documentais sejam capazes de comprovar os fatos (somente designa essa audiência quando necessário).
No mesmo sentido, poderá o juiz determinar de oficio que se realize essa audiência.

b) Em qual momento processual será realizada: Essas provas orais em regra são as ultimas a serem
realizadas em um processo. Assim antes dela deve ter sido produzido as provas documentais, periciais e
inspeções judiciais, ou seja, em regra a audiência de instrução e julgamento encerra a fase probatória,
permitindo que o juiz julgue o processo. Por esse motivo que é importante que o despacho saneador
indique um calendário para realização de cada uma dessas provas.

c) Atos após designada a audiência: Uma vez que o juízo proferiu decisão determinando a realização de
audiência de instrução e julgamento, tendo estabelecido a data e hora que será realizada, deverão ser
tomados os seguintes atos:

-> Intimação pessoal das partes quando as partes forem prestar depoimento pessoal, elas deverão ser
intimadas de maneira pessoal (e não por seus advogados – por AR ou oficial de justiça), sendo que se for
requerido por uma das partes essa prova, o não comparecimento acarretará a pena de confesso, ou seja,

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presume-se verdadeiro os fatos trazidos ao processo (bem como poderá ser considerado atentatório o não
comparecimento – Art. 334, §8°). Trata-se, pois, de uma confissão ficta, ou seja, poderá ser rebatida com
outras provas no processo.

-> Intimação dos advogados os advogados devem ser intimados sobre o dia e a hora em que será realizada
a audiência. O não comparecimento do advogado acarreta a pena de que a prova requerida por ele foi
dispensada (como se ele tivesse desistido de produzir as provas que ele requereu) (Art. 362, §2°).

-> Rol de testemunhas após os advogados terem sido intimados, eles deverão no prazo de 15 dias contado
da data da intimação juntar o rol de testemunhas que cada um pretende ouvir.

-> Intimação das testemunhas a testemunha em regra será intimada pelo advogado para comparecer na
audiência (obrigação do advogado de intimar a testemunha). Se esse advogado comprovar que encontrou
dificuldades em intimar a testemunha, nesse caso ele poderá requer que ela seja intimada judicialmente
(Art. 455). No mesmo sentido se o advogado intimar, mas a testemunha não comparecer, ele poderá
requerer que o juiz designe nova audiência para ouvir essa testemunha. Se o advogado deixar de intimar a
testemunha e ela não comparecer, presume-se que ele desistiu de ouvi-la.

-> Apresentação dos quesitos a serem respondidos pelo perito se o perito for ouvido em audiência, deverá
o advogado apresentar previamente os quesitos que ele pretende ver respondido pelo perito.

-> Intimação do perito se o perito for ouvido em audiência, deverá ele ser intimado sobre a audiência e os
quesitos apresentados pelas partes.

d) Da realização da audiência: Tomado todos os atos acima elencadas antes da realização da audiência,
agora no curso da audiência em si teremos as seguintes disposições:

-> Juiz exerce o poder de policia (Art. 360) no curso da audiência o juiz fica encarregado de exercer o
poder de policia, ou seja, ele tem o dever/poder de conduzir a audiência para que ela se dê de forma
adequada (cada um fala no seu momento, com educação, etc).

-> Audiência adiada por convenção as parte em conjunto podem acordar o adiamento da audiência ou
ainda poderá ser adiada por um atraso injustificado do juiz de mais de 30 minutos (Art. 362, I e III).

-> Audiência iniciada por uma tentativa de conciliação (Art. 359 e Art. 139, V) apesar de não ser uma
audiência de conciliação em si, o juiz de qualquer maneira irá tentar realizar a conciliação das partes antes
de iniciar a audiência de instrução de fato. Se as partes chegarem em um acordo, o juiz irá homologar o
acordo por sentença. Esse acordo poderá inclusive ser parcial (Art. 487, III).

e) Colheita das provas: Não havendo acordo, a audiência se inicia verdadeiramente com a colheita das
provas orais. Essa colheita de provas na audiência é una, ou seja, todas as provas serão colhidas em uma
única audiência. A ordem para colheita das provas será a seguinte:

-> Peritos e assistentes primeiramente serão ouvidos os peritos e assistentes técnicos das partes.

-> Partes (Autor e Réu) as partes serão ouvidas depois do perito a fim de buscar uma confissão. Havendo
confissão, poderá até mesmo ser dispensado as testemunhas.

-> Testemunhas (Autor e Réu) por fim é realizada a oitiva das testemunhas.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 06 – 20/08/2021


(Aula não disponível)

Audiência de instrução e julgamento: Tal audiência ocorre toda vez que for necessário a colheita de prova
oral (art. 357 §4° - art. 361), como ouvir as partes (Art. 385), testemunhas (Art. 442-449) e até mesmo a
oitiva do perito (Art. 469), sendo que nesse caso do perito, deverá o laudo ser entregue 20 dias antes da
audiência. Essa audiência é um ato solene e complexo, que se realiza na sede do juízo, tendo publicidade.
Se o juiz requerer ouvir as partes, caso alguma deles não comparecer, não há prejuízo. Entretanto, se uma

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das partes que requereu a oitiva da outra (buscando a confissão), o não comparecimento gera prejuízos. O
juiz somente deverá requerer essa audiência quando for necessário.

a) Prova documental, pericial e inspeção judicial: Nesses casos, esse tipo de prova pode ser feito
ordinariamente antes da audiência de instrução (a prova não é produzida em audiência, mas sim no
processo), o que encerraria a fase probatória, permitindo que o juiz possa julgar o processo. Por esse
motivo, o despacho saneador é importante para indicar as provas que serão produzidas e sua ordem de
produção.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 07 – 26/08/2021

3 – Teoria geral das provas

Iremos estudar agora a prova no processo civil. A prova é conceituada como sendo todo aquilo que pode
influenciar de alguma maneira na formação da convicção do magistrado que irá decidir sobre a causa.
Assim a prova tem por finalidade convencer o juiz dos fatos alegados. Como vimos anteriormente, ainda
na fase instrutória será fixado os fatos (relevantes) da qual deverá ser produzido provas.

a) Objeto das provas: As provas têm por objeto os fatos litigiosos e relevantes do caso concreto.

b) Fatos que dispensam provas (Art. 374): O artigo citado traz um rol de fatos que independem de provas.
Mas em geral, podemos disser que fatos que dispensam provas os seguintes:

-> Incontroversos (exceto em caso de direito indisponível)

-> Fatos inconcludentes ou irrelevantes não dependem de prova.

-> Afirmado por uma parte e confessado pela outra podemos estar diante de uma confissão real por
depoimento pessoal, ou uma confissão ficta (ex: revelia), que deverá ser analisada levando em conta as
demais provas nos autos.

-> Fatos intuitivos, objeto de presunção legal de veracidade ou existência de acordo com os Arts. 1597,
III, Art. 231 e 232 CC. No mesmo sentido é a sumula 301 STJ.

-> Fatos notórios fatos notórios não precisam ser objeto de prova, no entanto, devem ser alegados (notória
non eget probatione).

3.1 - Princípios das provas: As provas têm os seguintes princípios:

a) Principio do livre convencimento motivado (persuasão racional – Art. 371, 93, IX CF, 375 CPC):

b) Principio da inexistência de hierarquia: Em regra as provas não tem uma hierarquia, ou seja, o juiz dá a
elas o peso que achar devido. A única exceção ocorre nos casos de prova legal (Art. 406) e prova pericial.

c) Principio da proibição da prova ilegal (Art. 5°, LVI CF): Em regra a nossa CF estabelece que as provas
ilícitas (obtidas por meio criminoso) não podem ser utilizadas dentro do processo civil. Assim pode
ocorrer de a prova ter um conteúdo verdadeiro e que poderia ser utilizado no processo, no entanto não
será levado em conta pela maneira criminosa como ela foi obtida. No entanto, em certos casos específicos
existem doutrinadores que estabelecem requisitos que permitiriam a utilização de provas ilícitas. Nesse
sentido, Marinoni estabelece como requisitos para utilização de provas ilícitas, levando em conta a
proporcionalidade, a gravidade do caso concreto, a espécie da relação jurídica (partes iguais ou dispares),
a impossibilidade da produção lícita da prova (não há outra maneira de produzir aquela prova) e a
imprescindibilidade da prova na formação do convencimento jurisdicional (a prova é indispensável). É
nesse sentido o julgado do STJ (HC 203.371-RJ).

d) Principio do contraditório, ampla defesa e acesso à justiça: Esses direitos não estão apenas ligados à
ideia de combater os fatos alegados pela outra parte, mas também o direito de produzir provas que
combatam o que for alegado, sendo, portanto um direito à prova. A parte deve então ter a liberdade de
produzir provas nos autos, já que é a prova que convence.

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e) Principio da atipicidade da prova: É aceito no processo as provas que não foram previstas em lei (prova
atípica), desde que tal prova não seja ilícita (Art. 367 CPC).

f) Principio da prova emprestada (Art. 372): Refere-se à prova produzida em outro juízo, desde que tenha
respeitado o contraditório. Se a prova foi produzida em outro processo com outras partes, será
transportada ao novo processo como sendo uma prova simples (documental), e não prova emprestada. Se
a prova foi produzida em outro processo com as mesmas partes, então ela receberá o mesmo peso de
como tivesse sido produzida no processo atual.

*Ao ser transportado para outro processo, à prova emprestada deve novamente ser submetida ao
contraditório, desde que a outra parte traga argumentos sólidos para contradizê-la (sempre que se junta
prova, deve-se permitir a manifestação da outra parte).

g) Principio dos Pareceres e estudos jurídicos (prova de direito): Pode-se juntar no processo ainda
pareceres de notórios juristas sobre determinada matéria de direito.

h) Principio da aquisição da prova: Refere-se à ideia de que independentemente de quem produziu a


prova, o juiz deve em sua decisão levar todo o conjunto probatório (Art. 371).

i) Principio do poder instrutório do juiz: Dizemos que o juiz é o destinatário da prova.

3.2 - Juiz e a produção de prova: Em regra o juiz é imóvel e não deve prejulgar o processo, tratando as
partes com igualdade e esperando que elas produzam as provas. No entanto, o juiz pode, sem a requisição
de nenhuma das partes, produzir provas que pretender (determina produção de prova de oficio – Art.
139). Isso porque o juiz é o destinatário das provas, devendo sempre buscar uma solução justa, ou seja,
buscar a verdade real. Assim no processo o juiz produzir provas que tragam a verdade dos fatos a tona,
trazendo condições para que possa realizar uma decisão justa. O STJ entende que o juiz não pode ter um
papel passivo no processo (STJ REsp 738.576/DF). Deve-se entretanto buscar manter o principio
constitucional da igualdade entre as partes, assim evitando que o desequilíbrio entre as partes. Pode
produzir então de oficio (ampla liberdade – apenas no processo civil, não no penal), entretanto com
reservas para que não substitua o ônus das partes em produzir as provas (Art. 355, II e Art. 374).

3.3 - Juiz e valoração de prova: Como dito acima, o juiz é o destinatário da prova. Entretanto o juiz para
valorar a prova deve levar em conta o principio democrático de participação efetiva das partes. Assim ao
julgar, deve o juiz indicar as razões que lhe convenceram, ou seja, não apenas as provas que quiser, mas
sim levando em conta todo o conjunto probatório. Assim deverá na sentença demonstrar que analisou
todo o conjunto probatório, sendo que não poderá utilizar critérios pessoais para julgar, mas sim deverá
ser com base em argumentos e provas produzidas no processo (Art. 371-375).

3.4 - Ônus da prova (Art. 373): Refere-se à necessidade (direito subjetivo) da parte na qual, se não
realizado, poderá causar o prejuízo (processual) de sua alegação não ser acolhido em sentença. Assim
deverá a parte produzir as provas em juízo, sendo o ônus da prova estabelecido pela lei em que quem
alega prova (quem alega, mas não prova, sofre o prejuízo). Nesse sentido, em sentença se o juiz
considerar faltosa ou insuficiente às provas nos autos poderá julgar contrario aquele que tinha o ônus (a
quem competia à produção da prova).

a) Inversão do ônus da prova: O citado artigo traz hipótese em que, por ser muito difícil a uma das partes
produzirem determinadas provas, o juiz pode inverter o ônus e atribuir a outra que tem maior facilidade
de produzir a prova para que o faça (para equilibrar forças no processo). O juiz faz essa inversão do ônus
no despacho saneador (Art. 357, III), referindo-se a obrigação de cooperação das partes em busca da
verdade real (Art. 378, 399 e 6°). Essa decisão do despacho saneador deverá ser explicita sobre a inversão
do ônus, sendo fundamentada e que deverá observar o contraditório (ouvindo as parte). Essa decisão
poderá ser recorrida por agravo (Art. 1.015, XI).

-> Inversão por convenção as partes podem em contrato, convencionar que no caso de propositura da
ação, o ônus da prova será invertido (Art. 373, §3°). Essa convenção não poderá tratar de direitos
indisponíveis ou quando tal inversão desequilibrar as partes.

-> Prova excessivamente difícil ou impossível (prova diabólica – probatio diabolica) pode ocorrer de
apesar de o ônus ser de uma das partes, isso é muito difícil ou impossível de se produzir.

10
V.1

-> Prova negativa é um tipo de prova extremante difícil. Assim nesse caso a prova ficará a cargo de quem
afirmar, e não a quem negar a existência de um fato (negativa non sunt probanda).

3.5 - Presunção e indícios: A presunção é a máxima experiência de métodos de raciocínio ou de


convencimento que podem dispensar a produção de prova do ato ou fato (Art. 375). Assim é presumido
porque é logico que tenha ocorrido.

a) Presunção legal absoluta (iuris et de iure): Refere-se a presunção que independe de prova, não se
admitindo prova em contrario. É o caso da lei do inquilinato, em que se pressupõe prorrogado a locação
por prazo indeterminado se, no fim do termino contratual, o locador não se opuser a permanência do
inquilino no prazo de 30 dias (Art. 46, §1°).

b) Presunção legal relativa (iuris tatum): Refere-se aquela presunção em que a lei prevê “salvo prova em
contrario” ou quando se utilizar da expressão “presume-se”. É o caso da hipossuficiência da pessoa
natural na gratuidade judicial (Art. 99, §3° CPC). Assim, mesmo que ocorra essa presunção relativa,
poderá o juiz, ao analisa o conjunto probatório, afasta-la.

3.6 - Obrigatoriedade de colaboração (Art. 378, 379, 380): Não apenas as partes do processo, mas
também terceiros (ex: condução coercitiva de testemunhas – Art. 455 §5°) devem colaborar com a
produção das provas na busca da verdade real. As partes que deixam de colaborar sofrem diversas
sanções, como é o caso de pagamento de multas. A falta de colaboração também pode acarretar em
presunções contra ela (ex: sujeito que se recusa a fazer teste de paternidade presume-se que ele seja o
pai).

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 08 – 27/08/2021

3.7 - Produção antecipada de provas: Em regra as provas são produzidas após o despacho saneador do
juiz. Entretanto existem possibilidades em que se inverte a ordem e antes mesmo de se ingressar com a
ação, já se produz provas. Essa produção pode ser requerida no curso do processo como medida cautelar
(cautelar porque busca garantir um direito, qual seja, o de obter a prova naquele momento) ou pode ainda
ser requerida antes mesmo que se requeira o direito material. Por ser uma tutela cautelar, ela deverá
observar as regras e exigências destas, inclusive permitindo que se realize a cautelar durante, ou antes, do
processo principal. Nesse ultimo caso temos um procedimento frente ao judiciário. Trata-se da obtenção
preventiva de documentação de estado de fato que possa vir a influir no futuro, na instrução de alguma
ação (transforma em documento um fato momentâneo). Ela é realizada no momento necessário, pois
posteriormente pode ser que reste inviabilizado a sua produção. A produção antecipada de prova também
tem por objetivo a auto composição, já que uma vez produzida à prova, poderá as partes perceber que
existe de fato o direito e acordarem uma composição amigável.

-> Antes da ação ou durante o seu tramite a ideia de prova antecipada é de que ela será ajuizada antes da
ação principal. No entanto, poderá também ocorrer durante uma ação (ex: arrolamento de bem por
suspeita de que o réu está dilapidando o patrimônio). Em qualquer dos casos, trata-se de uma tutela
cautelar.

-> Por qualquer das partes com interesse qualquer uma das partes pode requerer a produção antecipada de
provas, sendo que deverá demonstrar o seu interesse para tanto.

-> Realizada sob o crivo do contraditório essa produção antecipada de provas é realizada sob o crivo do
contraditório, ou seja, quem requereu deve citar o outro interessado para fazer parte da sua produção,
sem, no entanto, apresentar defesa contra a pretensão, mas apenas acompanhando a produção da prova
(não é contencioso).

-> Realiza em conjunto a prova, mas não se discute o mérito como dito acima, esse tipo de prova é
produzido em conjunto. No entanto não se discute o mérito de uma futura ação.

11
V.1

-> Pode ser utilizada por qualquer das partes qualquer das partes do processo pode utilizar a prova
produzida (Art. 383). No entanto ela é entregue um mês após ser produzido a quem requereu a sua
produção.

a) Produção antecipada de provas antes da própria ação: Como já dissemos, as produção antecipada de
provas é uma medida cautelar, e, portanto, pode ser requerida no curso da ação, ou antes, dela. Nesse
ultimo caso teremos um procedimento (e não um processo) apartado, na qual não será discutido o mérito,
mas sim apenas a produção da prova propriamente dita.

-> Iniciada por petição inicial (Art. 319) a produção antecipada de provas antes da ação principal é
iniciada por meio de uma petição inicial, assim como qualquer outra ação comum, sendo que deve ser
demonstrada a pertinência de sua realização.

b) Produção de provas durante o processo: Se a produção for produzida durante o andamento do processo
principal, o seu requerimento se dará por simples petição, na qual se justificará a necessidade de sua
produção, sendo que nesse caso o réu também deverá ser intimado para se manifestar a respeito.

3.7.1 - Regras da produção antecipada de provas: A produção antecipada de provas deve observar as
seguintes regras e observações:

a) Competência no caso de produção antecipada de provas: Nesse caso o juízo competente para propor a
produção será o juízo onde se pretende produzir a prova ou do domicilio do réu. Essa produção
antecipada, no entanto, não torna o juiz prevento para julgar uma possível ação posterior (Art. 381, §3°).

c) Citação do interessado: O interessado na produção daquela prova deve ser citado para fazer parte do
processo e acompanhar a produção da prova.

-> Prova testemunhal caso a produção antecipada de provas se refira a oitiva de testemunhas em
audiência, a parte contraria deverá ser intimada para elaborar as suas perguntas.

-> Prova pericial caso a prova produzida seja pericial, a parte contraria deverá indicar o seu assistente
técnico, apresentar quesitos e arguir os impedimentos ou suspeições (Art. 464/480).

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 09 – 02/09/2021

d) Permite produção de prova da parte contrária (Art. 382, §3°): A outra parte também pode contraditar
nesse procedimento, pedindo a produção das provas que lhe interessar. Somente não poderá fazer quando
isso acarretar excessiva demora ou quando essas provas não sejam relacionadas ao mesmo fato (ex:
Arrolar testemunhas ou ampliar o objeto da prova pericial).

e) Impossibilidade de recurso: O juiz não julgar o merito propriamente. Assim, não cabe recurso no
procedimento de produção antecipada de provas. Isso somente irá ocorrer quando a inicial for indeferida
(apelação). O que não cabe recurso é da decisão que homologa a prova.

f) Juiz não valora a prova: O juiz que produz a prova não faz nenhum juiz de valor sobre a prova
requerida, nem analise o mérito da causa. Por tratar-se de medida administrativa, o juiz apenas verifica o
respeito à regra do contraditório, etc.

g) Sentença meramente homologatória: Aqui não há condenação no processo de produção antecipada de


provas a nenhuma das partes. Assim em regra não há condenação por honorários sucumbenciais.
Entretanto, quando se verificar evidente má-fé de alguma das partes, podem-se fixar honorários
sucumbenciais, de acordo com a jurisprudência.

h) Inaudita altera parte (Art. 300, §2° - excepcional): excepcionalmente pode-se requerer que a colheita
de provas seja realizada sem a participação da parte contraria. Isso somente ocorre quando houver
elementos que comprovem que se a parte souber da produção das provas, poderá acabar frustrando essa
colheita.

12
V.1

i) Arrolamento de bens com pedido cumulado de apreensão: Pode-se utilizar a produção antecipada de
provas (arrolamento de bens) juntamente da apreensão destes. Nesse caso deve-se utilizar a tutela
antecipada cautelar antecedente ou incidental (pois o pedido de busca e apreensão é um pedido de
condenação – pedido de direito material), não podendo ser feito com um simples pedido no procedimento
de produção antecipada de provas, devendo utilizar de uma das tutelas provisórias para obtê-lo (nesse
caso já a discussão de direito material). No entanto, pode-se também utilizar o arrolamento de bens sem
que tenhamos a apreensão destes, e nesse caso não a condenação e pode ser requerido somente na
produção antecipada de provas sem tutela antecipada cautelar antecedente ou incidental.

4 - Provas típicas

Todo tipo de prova pode ser utilizada no processo, desde que não afronte os princípios do direito. O CPC
tratou de estabelecer provas típicas que poderão ser produzidas. No entanto as provas atípicas também são
admitidas. Veremos agora as provas que estão previstas no CPC.

4.1 - Ata notarial (Art. 427): Trata-se de uma novidade do CPC. Esse tipo de prova refere-se à
possibilidade de ser atestado ou documentado os fatos pelo tabelião, a requerimento do interessado. Essa
autenticação é feita por meio de ata notarial que tem poder de autenticar os atos realizados em sua
presença. O tabelião não atesta que aqueles fatos são verdadeiros, mas sim atesta apenas que viu e ouviu.
O tabelião ou notário é profissional do direito, dotado de fé-pública, atuando como delegatório do poder
da justiça. Essa prova será analisada com as demais provas do processo. O notário não pode agir de
oficio, devendo ser provocado pelos interessados. Pode-se utilizar esse tipo de prova para atestar
depoimentos de testemunhas (nesse caso a oitiva de testemunhas no processo tem maior peso que a
aquela da ata notarial, já que é produzida sob o crivo do contraditório), descrições de imagens ou sons
gravados em arquivos eletrônicos, informações veiculadas pela internet, diligencia ou constatações,
reunião de assembleias ou até confissão. Trata-se, pois de prova documental. O que o tabelião faz é
documentar publicamente aquilo que ele vê, mas que poderá ser feito prova em contrario. Pode ser
juntada a qualquer momento no processo desde que se trate de prova nova.

4.2 - Depoimento pessoal: O depoimento pessoal tem por finalidade obter informações pessoais
prestadas pelas partes nos autos com o intuito de ela confessar (admite a verdade de um fato, contrário ao
seu interesse e favorável ao do adversário). Esse tipo de depoimento é requerido pela parte contraria (Art.
385). A pessoa que irá depor será intimada pessoalmente, sendo que será advertida que o seu não
comparecimento injustificado (não apresentar justificativa) acarretará pena de confesso (confissão ficta
analisada com as demais provas processuais – Art. 385, §3°). Esse interrogatório pode ser determinado de
ofício a qualquer momento, o que não acarretará pena, ou seja, pena de confesso apenas ocorre quando o
depoimento for requerido pela outra parte (Art. 139).

-> Não pode recusar a responder a parte não pode de maneira injustificada se recusar a responder as
perguntes feitas nos autos, sob pena de se presumir verdadeiros os fatos que se pretendia realizar (Art.
385, §1°), já que todos devem contribuir na busca da verdade real. Essa recusa injustificada é declarada
pelo juiz, sendo que ele deverá leva-la em conta quando avaliar o conjunto probatório do processo (Art.
386). Pode ocorrer a recusa justificada apenas nos casos previstos no Art. 388 (direito de família).

-> Impossibilidade de leitura no interrogatório a parte que for ser interrogada não poderá ler um
depoimento treinado anteriormente. No entanto poderá consultar dados para dar a sua resposta (Art. 387).

a) Quem poderá realizar o depoimento pessoal: Existem pessoas especificas que podem realizar o
depoimento pessoal, sendo elas:

-> Parte pessoa física maior e capaz (relativamente incapaz) no caso de menor, temos uma oitiva especial,
na qual em especial são ouvidos os seus pais, sendo que nesse caso não há a confissão.

-> Preposto (pessoa jurídica, pessoa física) refere-se a aquele nomeado pelo proprietário de sociedade ou
empresa para representa-lo. Esse preposto poderá realizar esse depoimento em nome de uma pessoa
jurídica. No caso de pessoa física o preposto somente poderá representa-la no caso de justificativa, com
poderes especiais.

13
V.1

-> Representante legal como dito antes, no caso de crianças ou outros absolutamente incapazes, estes
deverão ser representados pelos seus representantes legais (ex: pais). Nesse caso não pode haver a
confissão.

-> Realizado em uma única audiência (Art. 385, §2°) pode ser que tanto o autor e o réu tenham que ser
ouvidos. Nesse caso, os dois deverão ser ouvidos em uma única audiência, sendo que caso não seja
possível para uma dela comparecer, a audiência deve ser reagendada para que as duas sejam ouvidas na
mesma audiência. Somente poderá ocorrer a oitiva das partes em audiências distintas se eles concordarem
com isso.

-> Perguntas apenas da parte contraria ou do juiz apenas podem ser feita perguntas pelo advogado da
parte contraria e pelo juiz. O advogado da parte não pode fazer perguntas para ela.

b) A confissão: Como dito acima, no depoimento pessoal se busca extrair uma confissão da parte
contraria. Caso isso ocorra, teremos os seguintes efeitos.

-> Torna incontroverso os fatos, entretanto não se torna incontroverso os direitos (declara-se verídico os
fatos).

* A confissão refere-se apenas a fatos, e não a direitos.

c) Tipos de confissão: A confissão poderá ser dos seguintes tipos:

-> Confissão judicial ou extrajudicial pode ocorrer à confissão judicial na audiência ou pelo notaria de
maneira extrajudicial.

-> Provocada ou espontânea pode ocorrer a confissão por meio de perguntas em audiência (provocada) ou
de maneira espontânea por meio verbal ou escrito (petição).

-> Expressa ou ficta pode a confissão ser expressa, ou seja, de maneira escrita ou verbal o réu confessa ou
de maneira ficta que é quando há ausência defesa ou a ausência de comparecimento em audiência.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 10 – 03/09/2021

4.3 – Exibição de documento ou coisa: Refere-se a uma prova que requerida por uma parte que não tem a
coisa sob o seu poder, mas sim se encontra em poder de outrem. Assim a parte que não tem essa coisa
pode requer que a parte que tem disponibilize essa coisa para viabilizar a prova Essa prova pode ser
requerida inclusive em

a) De quem se pode pedir a exibição: Essa exibição não é unicamente destinada às partes do processo
(Art. 396), mas pode também ser voltada a terceiros que não integram a lide (ex: pedir para a receita
federal exibir a declaração do imposto de renda do alimentante – Art. 401). Essa exibição decorre do
dever de colaboração, ou seja, a parte não pode se recusar de forma imotivada a entregar os documentos
ou coisas.

b) Quem pode pedir a exibição: Essa exibição pode ser requerida de oficio pelo juiz ou a requerimento
das partes interessadas (Art. 396-397).

c) Quando pode ser requerida: A produção dessa prova pode ser requerida nos seguintes casos:

-> Preparatório refere-se às hipóteses em que se pede a exibição de documento ou coisa em procedimento
de produção antecipada de provas (Art. 305-310).

-> Durante o processo pode ser requerida também já no curso do processo, dentro dos próprios autos (Art.
397-404).

4.3.1 - Exibição de documento ou coisa em mãos da parte contrária (Art. 397): O documento ou a coisa
pode estar nas mãos da parte contraria do processo. Nesse caso deve-se seguir o seguinte processamento.

14
V.1

a) Requisitos do pedido: Quanto ao pedido da parte que requer a exibição, deverá conter os seguintes
requisitos:

-> Individualização do documento ou coisa a parte que requer que seja exibido, deverá especificar qual o
documento ou coisa que ela pretende eu seja apresentado no processo.

-> Finalidade probatória é preciso que seja demonstrada qual a utilidade probatória daquele documento ou
coisa nos autos, ou seja, o que aquilo irá ajudar a provar.

-> Circunstâncias deverá demonstrar as circunstancias que demonstrem que aquela prova existe.

b) Intimação do requerido: O requerido, que nesse caso é a parte contraria, será intimado a se manifestar
em cinco dias, sendo que ele poderá recusar os documentos ou coisas nas seguintes hipóteses.

-> Por disposição legal (Art. 404) o requerido pode recusar a apresentar o documento nas circunstancias
que a lei assim o permite que sejam muito similares as hipóteses de recusa do depoimento pessoal.

-> Não possui o documento ou coisa o requerido poderá arguir que não possui o documento ou coisa que
se está requerendo. Nesse caso a parte que está requerendo poderá fazer prova de que ele de fato tem o
documento (Art. 308, paragrafo único).

c) Julgamento da recusa: O juiz deverá julgar a recusa da parte em não apresentar o documento. Caso a
parte recuse a entregar e não se enquadre nas hipóteses que permitem essa recusa (recusa imotivada),
então nesse caso os fatos que se queria provar com a exibição daquele documento ou coisa serão
presumidos como provados (Art. 400), a despeito do documento ou coisa não ter sido de fato exibido. No
caso de recuso injustificada poderá ainda determinar cumulativamente medidas que possam permitir a
exibição, como a busca e apreensão (ou qualquer ordem que entender necessário) (Art. 400, paragrafo
único). No entanto o juiz não pode fixar multa como medida coercitiva para apresentação, conforme a
sumula 372, STJ.

4.3.1 - Exibição de documento ou coisa em mãos de terceiro (Art. 397): Também pode ocorrer de o
documento ou coisa que se busca obter esteja em mãos de um terceiro estranho a lide. Essa determinação
é obrigatória. Nesse caso geralmente é mais fácil obter a prova, sendo que ela ocorrerá da seguinte
maneira.

15
V.1

a) Por requisição judicial: A primeira maneira de se obter o documento ou coisa de terceiros é por meio
de requisição judicial. Assim a parte irá requerer judicialmente que seja entregue a coisa por terceiros
(geralmente pessoas jurídicas ou documentos sigilosos – banco do brasil, cartões de créditos, bancos,
receita federal, etc). O juiz fará essa determinação para que o terceiro entregue. Pode ocorrer também do
juiz de oficio fazer essa determinação, desde que seja o documento ou coisa necessária para formar o seu
convencimento e que seja possível realizar essa exibição.

b) Por meio de citação: Algumas vezes pessoas físicas especificas podem ser esses terceiros que se busca
obter a exibição. Nesse caso será determinado a sua citação para que traga aos autos a coisa
individualizada pela parte. Esse terceiro tem o prazo de 15 dias para apresentar o documento ou justificar
sua recusa em exibir, sendo que nesse caso poderá ser realizado de forma incidental (Apartado).

c) Recusa de terceiro em exibir a coisa ou documento: Esse terceiro pode se defender alegando não ter a
obrigação de exibir ou que não tem a posse da coisa ou documento. Nesse caso pode ser designada
audiência para provar que o individuo tem a posse do documento, por meio de oitiva de testemunhas,
oitiva das partes, etc. Poderá também o terceiro ter uma recusa justificada (Art. 404). De qualquer
maneira, se deixar de se manifestar o terceiro é considerado revel (revelia é interpretada como se o
terceiro confessasse que tem o documento mas que injustificadamente não quer entregar).

-> Recusa não aceita ou revelia pode ocorrer do juiz recusar o motivo da recusa ou que o terceiro tenha se
tornado revel. Nesse caso o juiz deverá determinar o deposito do documento ou coisa em 5 dias (em
cartório ou outro lugar), sendo que o terceiro deverá faze-lo (tem o ônus pela recusa – Art. 403). Se
descumprir essa ordem pode caracterizar crime de desobediência (Art. 362 e 330 CPP – oficio ao MP
para apurar o crime), sendo que outras penalidades podem ser determinadas pelo juiz, como busca e
apreensão por força policial (se necessário), multas e outras medidas necessárias. Dessa decisão que não
aceita recusa cabe agravo de instrumento.

Art. 403. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz ordenar-lhe-á que proceda ao
respectivo depósito em cartório ou em outro lugar designado, no prazo de 5 (cinco) dias, impondo ao requerente que
o ressarça pelas despesas que tiver. Parágrafo único. Se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de
apreensão, requisitando, se necessário, força policial, sem prejuízo da responsabilidade por crime de desobediência,
pagamento de multa e outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para
assegurar a efetivação da decisão.

* O crime de desobediência não é aplicado às partes devido ao fato de que já lhes é aplicado a pena de
confissão.

->Aceita de recusa de não exibir pode ocorrer também do juiz aceitar o motivo de recusa do terceiro.
Nesse o terceiro estará liberado da obrigação.

16
V.1

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 11 – 09/09/2021

4.4 - Prova documental: Refere-se a um tipo de prova geralmente essencial ao processo. O fato de
documentar é necessário em muitos casos, como é o caso de contratos, em que se documentam todos os
acontecimentos para provar a existência da relação jurídica. Via de regra o que constar no documento é
presumido verdadeiro (é possível a parte contraria arguir a falsidade do documento, mas não pode o juiz
arguir de oficio, mas pode reconhecer a falsidade de oficio ao julgar – Art. 430 a 433). Assim a prova
documental é a representação material que sirva para comprovar fato, ato ou registro físico que diga
respeito a um fato. A prova pode ser copia (autenticada ou não) ou original (Art. 424), sendo que
eventuais rasuras do documento podem ser analisadas pelo juiz (Art. 426).

-> Negócios solenes como dito acima, certos negócios são solenes, ou seja, exigem uma formalidade na
sua realização, ou seja, são negócios que produzem prova documental.

-> Prova documental exigida existem certas relações que obrigatoriamente exigem a juntada de prova
documental no processo, já que nenhuma outra prova irá substitui-la (Art. 406).

a) Força probante: A prova documental em regra se for uma copia não precisa ser autenticada, tendo a
mesma força que o documento original, já que se presume que o advogado é o responsável por certifica-
las. No mesmo sentido, extratos emitidos pelo banco também são presumidos verdadeiros. Certidões,
traslados e copias autenticadas também se presumem verdadeiros. Documentos juntados pelo MP,
Defensor publico ou procuradores no mesmo sentido são verdadeiros (sendo que nesse caso essas partes,
assim como o advogado ficam obrigados a guardar o documento em até 2 anos após o transito em
julgado). Titulos executivos devem ser juntados como original nos autos (fica com o advogado ou
depositado no cartório).

b) Documentos quanto à autoria: Analisando os documentos quanto a sua autoria, temos:

-> Escrituras públicas (heterógrafas) refere-se às provas documentais lavradas por tabelião, escrivão ou
funcionário publico detentor de fé publica que faz prova plena. Esse tipo de prova permanece como tendo
validade até que seja declarada falsa judicialmente. Esse tipo de documento prova a veracidade do que foi
prestado, mas não prova que o seu conteúdo representa a verdade.

-> Escritos particulares (autógrafos) refere-se a prova documental produzida pelo autor da declaração da
vontade ou a seu rogo (Art. 410). Esse tipo de documento perde a eficácia se for impugnada a sua
autenticidade ou se for preenchido em branco com abuso (Art. 428), sendo que nesse caso o ônus de
provar fica a cargo daquele que alegar o vicio. Documentos particulares devem ser subscritos, ou seja,
assinados de próprio punho ou quando seja realizado por sua ordem (escrivão ou terceiro – aceita-se
também a assinatura com firma reconhecida, ou por meio de assinatura eletrônica, nesses casos presume-
se a veracidade). Excepcionalmente é aceito documentos sem assinatura quando tratar-se de escritos
particulares ou lançamentos de livros de contabilidade mercantil sem assinatura do empresário
(consuetudinário – Art. 410, III).

c) Arguição de falsidade: Para o réu arguir a falsidade do documento, ele terá 15 dias para fazê-lo (a
contar da intimação a respeito da juntada). Assim se o documento for juntado na inicial, o réu deverá
arguir a falsidade na contestação, ou se for a outro momento processual, deverá fazê-lo no momento
adequado (Art. 430). Se não impugnado presume-se verdadeiro o documento, sendo uma aceitação tácita
ou expressa. Se arguir a falsidade, fará sobre todo o documento, e não apenas de uma parte deste. Se a
parte deixar de arguir a falsidade, o documento pode ser usado em outros processos envolvendo as partes.
Se o juiz entender desnecessário o documento, ele pode indeferir o pedido de juntada.

-> Falsidade material refere-se aos vícios de forma (ex: rasura, documento falsificado, etc) e vicio na
assinatura. É então a impugnação quanto à forma e estrutura do documento. É preciso que essa falsidade
seja possível de influenciar a decisão, já que se não o for, poderá ser indeferida por desnecessidade.

-> Falsidade ideológica refere-se à impugnação não do documento em si, mas sim de seu conteúdo.

17
V.1

-> Arguição de falsidade por questão principal (Art. 19, II) refere-se ao fato de que a arguição de
falsidade deve ser resolvida antes do julgamento do processo, pois o seu resultado pode ampliar a lide.
Trata-se, pois de uma necessidade de que se declare em sentença a falsidade ou não, sendo, pois uma
decisão de mérito (Art. 433). A parte pode especificamente requer que o juiz se manifeste em sentença. O
juiz somente resolve como questão principal se o documento foi produzido somente pelas partes.

-> Arguição de falsidade por questão incidental (Art. 430) refere-se à arguição de falsidade que influencia
no julgamento, mas não amplia a lide. Ela é, pois, utilizada como motivo de julgamento. Assim quando o
juiz decide de forma incidental, tal documento ainda tem validade, somente não será levado ao
julgamento. Nesse caso ele reconhece a falsidade nas razões de decidir, mas não na parte final da
sentença.

d) Tipos de prova documental: Existem diversos tipos de provas documentais, sendo elas:

-> Telegramas, cartas, registros domésticos (Art. 413 – 416) dizemos como sendo registros domésticos
aqueles feitos a mão relatando determinado fato.

-> Livros empresariais (Art. 417-418) nesse caso deve-se pedir a exibição de tal documento (Art. 420-
421).

-> Reproduções, fotografias, vídeos e áudios (Art. 422) e todo tipo de documento eletrônico, devendo ser
convertido para forma impressa (Art. 429).

e) Momento para juntada prova documental: Em regra a prova documental deve ser juntada nos autos no
momento da petição inicial ou na contestação (Art. 434). No caso de vídeos e áudios, este poderá ser
reproduzido em audiência. No caso de documentos novos, os fatos novos, contraprovas ou quando houver
justo impedimento, poderá ser juntado nos autos prova documental até o transito em julgado, inclusive já
em fase recursal, mas desde que se comprove o motivo pelo qual tais documentos não foram juntados
antes (Art. 435). Juntado esses documentos novos, deve-se abrir prazo para parte contraria para que possa
impugnar a veracidade ou impugnar a admissibilidade no prazo de 15 dias (Art. 436 – 437). Pode-se
ainda pedir na inicial, contestação ou outro momento processual que o prazo para manifestação seja
dilatado (Art. 437, §2°). Se o autor deixar de observar o momento da inicial ou contestação para juntar
prova, e não poder juntar em outro momento, preclui o seu direito de produzir prova documental (REsp
404.002). No mesmo sentido, o STJ tem posicionamento que contestação ou replica intempestiva que
juntem documentos, não faz com que eles sejam desentranhados do processo, devendo permanecer para
serem analisados.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 11 – 10/09/2021

f) Observações na juntada de prova documental: Existem certas questões especificas a serem analisadas
quanto as provas documentais, sendo elas:

-> Quem produziu a prova não pode arguir a sua falsidade quem produziu a prova e juntou nos autos não
pode posteriormente arguir a falsidade, já que ninguém pode se valor da própria torpeza.

-> Possibilidade de autenticidade documento mesmo com assinatura falsa existe a possibilidade de
mesmo que a assinatura seja falsificada, mesmo assim a prova pode ser autentica.

-> Acordar desentranhamento se a parte concordar em desentranhar o documento, o juiz pode deixar de
examinar a arguição de falsidade e tirar a prova dos autos.

-> Perda do prazo mesmo assim pode restar provado a falsidade se a parte, mesmo que se manifeste de
maneira intempestiva, caso prova a falsidade, esta deverá ser conhecida pelo juiz (levando em conta a
busca da verdade real).

-> Questão incidental ou principal é processada nos mesmos autos mesmo que se trate de questão
incidental, ainda sim será processo nos mesmos autos.

18
V.1

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 12 – 16/09/2021

4.4.1 - Documentos eletrônicos (Lei 11.419/06): Os documentos eletrônicos referem-se aqueles que são
processados por meios eletrônicos em formato digital (mensagens, postagens, etc). Um documento de
forma impressa pode ser convertido em eletrônico pela digitalização. A responsabilidade de confirmar a
autenticidade daquele documento será do advogado (deve guardar pelo prazo de dois anos). Esse tipo de
documento pode ser arguido como falso no seu conteúdo, data ou autenticidade.

4.5 - Prova testemunhal: Refere-se a inquirição de pessoas físicas estranhas ao processo (não é nem autor,
nem réu, pois deles é depoimento pessoal) para que elas testemunhem a respeito de fatos relevantes.
Muitas vezes a prova testemunhal é criticada, pois ela é passível de distorções decorrente do tempo
(passou muito tempo desde os fatos) ou pela falsa percepção nos autos. Em regra todas as provas podem
ser produzidas, inclusive a testemunhal, sendo que caberá ao juiz valorar as provas, exceto quando for
imprescindível a prova documental. A testemunha poderá ser ouvida de forma presencial ou poderá ainda
ser por referencia (testemunha ouviu dizer que fulano de tal disse que...), sendo que a credibilidade da
prova é valorada pelo juiz ao ouvi-la. A oitiva de testemunhas é sempre possível de ocorrer (Art. 442),
exceto quando o juiz julgar ser desnecessário (ex: fatos podem ser comprovados por prova documental).
O juiz primeiramente deve ouvir as partes para ver se alguma delas confessa, somente para depois ouvir
as testemunhas.

a) Principio da identidade física do juiz: Em regra o juiz que concede a audiência de oitiva de
testemunhas, deverá ser o mesmo que julgará a lide, exceto se ele estiver licenciado ou afastado (Art. 132
CPC/73).

b) Inadmissibilidade da prova testemunhal: Como dito acima, caso o juiz julgue desnecessário, ele pode
deixar de fazer a inquirição de testemunhas, quando houver prova documental capaz de comprovar os
fatos ou quando houver confissão dos fatos ou ainda quando os fatos forem capazes de serem provados
por pericia.

c) Prova testemunhal quando não for possível prova escrita: Nos casos em que o credor não for capaz de
obter prova escrita (incapaz moral ou materialmente de obter prova), será admitido que seja produzida
prova testemunhal (Art. 445).

d) Prova testemunhal para provar vicio de vontade (Art. 446): No caso em que for arguido contratos
simulados ou que contenham vícios de consentimento, pode-se ouvir a testemunha.

e) Pessoas impedidas de testemunhar (Art. 477): Existem certas pessoas que são impedidas de serem
ouvidas dentro do processo, já que se presume que elas não têm capacidade de relatar sem distorcer os
fatos, sendo elas

-> Juiz da causa (Art. 452, I) é logico que o juiz da causa não pode testemunhar.

-> Incapazes ou enfermas à época dos fatos quem é menor de 16 ou os que se encontram enfermos na
época que impossibilitaria que ela ter a visão correta dos fatos (geralmente doenças psicológicas) não
podem ser ouvidas no processo. Quando se for ouvir uma pessoa incapaz, deve-se fazer uma oitiva
especial, em que o juiz será acompanhado por um psicólogo ou outro especialista (OBS: os interditados
podem ser ouvidos por serem considerados relativamente incapazes). Essas pessoas não são ouvidas
porque se quer poderiam responder pelo crime de falso testemunho.

-> Relacionamento familiar com as partes parentes de 1° grau das partes não pode testemunhar, pois suas
declarações podem ser incertas (Art. 447, §2°).

-> Testemunhas suspeitas assim como no caso de parentes, pessoas suspeitas como amigos, inimigos ou
até mesmo quem tenha interesse no litigio.

19
V.1

A despeito de essas pessoas não poderem ser ouvidas, elas poderão ser ouvidas como informantes, sendo
que nesse caso o juiz deverá atribuir o valor que considerar que elas merecem, levando em conta a sua
conduta ao depor.

f) Declarações juntadas nos autos: Nos casos de atas ou declarações das testemunhas juntadas nos autos,
mesmo assim será necessário a oitiva delas por parte do juiz.

g) Oitiva sob o crivo do contraditório: Quando for ouvida a testemunha, ela deverá ser feita sob o crivo do
contraditório e da ampla defesa, sendo que a testemunha tem o compromisso de falar a verdade.

4.5.1 - Dever das testemunhas: As testemunhas têm os seguintes deveres:

-> Comparecer em juízo (Art. 453) uma vez chamadas, as testemunhas devem comparecer para declarar
os fatos, sendo que se não comparecerem, sejam conduzidas coercitivamente e pague pelas despesas caso
não justifique a falta (Art. 455, §5°).

-> Dizer a verdade a pessoa ao testemunhar se compromete em falar a verdade, sob pena de falso
testemunho (Art. 448 paragrafo único CPC e Art. 342 CP). Pessoa

-> Possibilidade recusa de responder a testemunha em audiência poderá deixar de responder certas
perguntas, desde que motivado (ex: a questão perguntada está protegida pelo sigilo profissional – Art.
488). Nesse caso o juiz deverá decidir se acolhe ou não a recusa depois do contraditório (Art. 455, §3°).

4.5.2 - Audiência de instrução e julgamento na sede do juízo (fórum) a testemunha será ouvida no
processo no lugar em que está sendo processada a ação. Entretanto, caso a testemunha resida em outra
comarca, poderá ainda ser inquirida por carta precatória ou por videoconferência – Art. 453, II, §1°).
Também existem pessoas que por causa de sua autoridade serão ouvidas por deferência fora da sede do
juízo. Assim nesse caso a autoridade que será ouvida que irá indicar o local que pretende ser ouvida (Art.
454 – Exceto quando a autoridade não compareça na data agendada ou quando demore mais de um mês
para agendar).

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 13 – 17/09/2021

4.5.3 - Processamento das provas testemunhais: A prova testemunhal é produzida da seguinte maneira.

a) Requerimento da prova: Primeiramente o autor e réu podem em suas petições (inicial e contestação
respectivamente – Art. 319, VI e 336) apresentar o rol de testemunhas que queiram ouvir. Entretanto
também se pode fazer o pedido de oitiva de testemunhas após a contestação ou ainda após a fase petitória,
desde que indicado a sua pertinência (Art. 348). O juiz no despacho saneador que deferir a prova, ele irá
designar data para audiência de instrução e irá fixar prazo para que as partes apresentem o rol de
testemunhas (Art. 412), ou ainda poderá fixar a data da audiência de saneamento, na qual as partes em
cooperação irão levar seus rols (Art. 357, §3°).

b) Juntada do rol de testemunhas: Intimadas a apresentar o rol, as partes devem fazê-lo no prazo fixado
pelo juiz ou por 15 dias (prazo retroativo, vedado protocolo integrado), sendo que nesse rol deverá conter
no mínimo o nome, profissão, estado civil, CPF, RG, residência e o local do trabalho das testemunhas
(Art. 450). Essas testemunhas poderão ser 3 para cada fato ou no máximo 10 (no caso de litisconsórcio,
cada um apresenta seu próprio rol).

-> Substituição da testemunha (Art. 451, I, II e III) a testemunha não pode ser substituída antes da
audiência de forma injustificada. Deverá se enquadrar em uma das hipóteses do artigo citado acima
(existe interpretação liberal que permite que o advogado apresente outro motivo diverso que justifique a
substituição). Essa substituição deve estar dentro do prazo legal (RT 522/13, RT 522/83).

c) Determinação de oficio da oitiva de testemunhas (Art. 461): O juiz poderá ainda determinar de oficio a
oitiva das testemunhas. Isso pode ocorrer porque essa testemunha foi citada por outra ou porque foi citada
em algum documento.

20
V.1

d) Comparecimento de testemunha e intimação: A testemunha não precisa ser necessariamente intimada a


comparecer na audiência. No entanto, o seu não comparecimento acarreta na presunção de desistência da
oitiva daquela testemunha (Art. 455, §3° - a não ser que se justifique o motivo do não comparecimento).
Para garantir que isso não irá ocorrer, pode a parte intimar a testemunha a comparecer, sendo que a
intimação se dá por carta ou caso esse seja infrutífero, pode-se requer ao juízo que seja feito por
mandado, desde que justificado (Art. 455, §4°). Essa intimação se feita com 24 hrs de antecedência e a
testemunha não comparece não acarreta a presunção de desistência (não é preciso justificar a ausência).
Nesse caso a parte que requereu a testemunha pode desistir dela, o que encerra a instrução. A parte poderá
também insistir na oitiva da testemunha, sendo que nesse caso o juízo deverá fixar nova data, sendo que
caso ainda ocorra o não comparecimento, pode ocorrer à condução coercitiva, sendo que a testemunha
responde pelas despesas (Art. 455, §5°).

e) Contradita: A testemunha tem o dever de dizer a verdade, com isenção. Assim deverá a testemunha
informar que tem relação de parentesco com a parte ou interesse no processo. A testemunha presta
compromisso em juízo, sendo que nesse caso ela passa a colaborar para a busca da verdade real (Art.
458). Se a testemunha for impedida ou suspeita (Art. 447), deverá a parte contraria contradita-la, a fim de
que ela não seja ouvida nos autos. Essa contradita deve ser motivada pela parte contraria no decorrer da
audiência, antes da oitiva da testemunha, podendo instrui-la com perguntas, ouvindo outras testemunhas e
juntando documentos. Depois de ouvida a contradita, o juiz pode dispensar a testemunha, ouvi-la como
informante ou ouvi-la com compromisso de dizer a verdade (nesse caso ele indefere a contradita). Poderá
também o juiz indeferir a contradita. Deve-se indicar o fundamento da contradita (ex: contraditar a
testemunha por ela ter relação de parentesco).

-> Acareação ainda na contradita pode-se requer a acareação da testemunha, ou seja, coloca as
testemunhas cara a cara e vê qual delas está falando a verdade. Essa acareação pode ser determinada de
oficio ou requerida pela parte.

* A oitiva de testemunhas é requerida pelas partes, mas nem sempre o juiz irá produzi-las, caso as
considere inúteis para o deslinde do feito (REsp 1.132.818).

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 14 – 23/09/2021

4.6 – Prova pericial: É a prova destinada para obter conhecimento técnico ou especial sobre pessoas ou
coisas (Art. 464). Assim, pode examinar pessoas (Ex: Investigação de paternidade), vistoriar
(constatação) e avaliar (atribuir um valor a determinado bem), sendo que irá depende de acordo com o
objeto daquele processo. Quando tratar-se de pericia que recaia sobre bens, pode-se utilizar de meios de
coação para que se possa obter aquela prova (ex: dono de casa não quer deixar o perito entrar para avaliar,
pode-se chamar a policia para obter a entrada forçada), no entanto, quando se trata de pericia que recai
sobre pessoas, não se pode utilizar de coação (Súmula 301 STJ).

a) Quem realiza a prova pericial: Por tratar-se de prova técnica, quem a realiza é o perito (pessoa física),
que nada mais é do que um auxiliar da justiça que independentemente de compromisso (não precisa
prestar compromisso, pois este já é presumido quando ele é nomeado), obriga-se a agir de forma correta e
imparcial (Art. 466). Assim, esse perito deve ser imparcial, sendo que quando for nomeado perito
suspeito ou parcial, as partes devem arguir tal questão. Deve ser necessariamente uma pessoa física
porque ele fica sujeito a sanções cíveis e criminais pela sua pericia.

-> Qualificação técnica é preciso que o perito seja qualificado.

-> Isenção é preciso que o perito seja isento.

-> Indicação pelo IMESC em regra o perito é nomeado pelo juiz como sendo uma pessoa física de sua
confiança. No entanto, pode ocorrer do IMESC realizar essa pericia, e nesse caso os profissionais dele
que o farão. Nesse caso, se houver danos, o próprio Estado responde (IMESC é um órgão do Estado).

21
V.1

-> 2 ou mais peritos pode ocorrer também da pericia ser realizada por 2 ou mais perito, sendo que nesse
caso a causa é de alta complexidade (Art. 475).

b) Intimação das partes sobre a nomeação do perito (para impugnação): Como já foi dito, as partes devem
ser intimadas sobre a nomeação do perito para poderem arguir a sua suspeição ou parcialidade. Quando o
juiz entende que o perito não é isento, deve nomear outro em seu lugar. Pode-se até mesmo impugnar
arguindo a falta de qualificação técnica do perito para atuar naquela questão.

-> Apresentação de quesitos além de poder arguir a suspeição ou impedimento, a parte pode ainda é
intimada para apresentar seus quesitos ao perito.

-> Nomeação assistente técnico ainda nessa oportunidade a parte tem a chance de indicar o seu assistente
técnico. Isso deve ser feito no prazo de 15 dias da nomeação do perito.

4.6.1 – Pericia indireta: Em regra o perito realiza uma pericia direta, ou seja, o perito faz uma analise
direta da coisa (ex: comparece no local da obra para vistoriar). No entanto, existe ainda a possibilidade de
realização de uma pericia indireta, ou seja, quando não se analise diretamente a coisa. Pode ocorrer, por
exemplo, no caso de perecimento do objeto ou pessoa, sendo que nesse caso o perito utilizará todos os
outros meios necessários para chegar a uma conclusão a respeito (ex: não tem acesso a coisa, mas se
utiliza de testemunhas, fotos, etc), desde que dessa analise não decorra opiniões pessoais que excedem
exame técnico ou cientifico (Art. 473, §2°, §3°).

4.6.2 – Impedimento ou suspeição do perito (Art. 466/467 – Art. 138, III 134 e 135): Como já foi dito, o
perito tem o dever de imparcialidade. Se ele for impedido ou suspeito, deve ser substituído. Se agir
mesmo sendo suspeito ou impedido, e vierem a causar dano as partes, ele fica sujeito as indeniza-las

a) Falta de conhecimento técnico (Art. 468): Nos casos do perito que deixa de entregar o laudo e
substituído porque não tinha conhecimento técnico, ele fica sujeito a multa, indenização e comunicação
da ocorrência ao órgão profissional da qual ele faz parte.

4.6.3 – Pericia fora da comarca: Quando a pericia a ser realizada precisa ocorrer fora da comarca, o juiz
se utiliza da carta precatória ou rogatória, sendo que nesse caso quem nomeia o perito e julga toda a
produção da prova pericial é o juízo deprecado, ou seja, aquele da comarca em que se está realizando de
fato a prova (Art. 465, §6°)..

4.6.4 – Remuneração do perito: O perito é um profissional que vem fornecerer os seus serviços n
processo, e como todo profissional, ele deve ser remunerado. Assim, quem arcará com as despesas da
prova será quem a requereu. Se posteriormente a parte ganhar o processo, ela é ressarcida pelo custo (Art.
95). Nesse caso o juiz intima o perito a orçar os seus honorários e após o perito orçar, as partes poderão
concordar ou não com o valor. Discutido o valor o juiz determina a quantia que acha adequada e intima as
partes a pagaram. As partes pagam e o valor fica nos autos, até que o perito requeira o levantamento.

a) Recusa do perito em realizar a prova antes de receber os honorários: Se o perito deixar de receber os
seus honorários, ele pode se recusar em realizar a prova.

4.6.5 – Assistentes técnicos das partes: Pelo fato das partes não terem conhecimento técnico, elas tem o
direito de indicar um assistente técnico para auxilia-las no processo, contratando alguém de sua confiança
(Art. 66, §1°). Nesse caso os assistentes técnicos devem ser notificados sobre quando será realizada a
pericia para que possam comparecer e acompanhar a sua realização.

-> Juntada de perecer dos assistentes técnicos esse assistente técnico podem elaborar pareceres que
podem ser juntados pelos advogados nos autos.

4.6.6 – Pericia consensual (Art. 471): Existe ainda a possibilidade de as parte entrarem em um acordo e
antes do juiz nomear o perito, essas partes escolherem de comum acordo o perito que lhes sejam de
confiança. As partes somente podem fazer isso quando forem maiores e capazes e a questão possa ser
resolvida pela autocomposição. Quando as parte optam por esse tipo de pericia, elas em uma petição em
conjunto devem indicar quem é o perito, nomear os seus assistentes técnicos (se houver interesse em
assistente) e a data em que será realizada a pericia.

22
V.1

a) Designação data de entrega: O juiz deverá determinar uma data para que o perito entregue o laudo
pericial, ou no caso de pericia consensual, as própria partes ajustam esse prazo ou elaboram um
calendário (Art. 191).

b) Controle judicial sobre a pratica de atos: O juiz deverá fiscalizar os atos que forem exercidos, e quando
não preencham os requisitos (Art. 471, §1°), deverá inferi-los.

c) Pericia particular (extrajudicial): É permitido as partes realizarem uma pericia extrajudicial, ou seja,
fora do processo. No entanto esse não terá a mesma força que a pericia judicial, sendo que ela será
utilizada como sendo um parecer.

4.6.7 – Pericia simplificada (Art. 464, §2°): O novo código trouxe a possibilidade de realização da
chamada pericia simplificada. Isso ocorre quando as partes precisam de informações técnicas específicas
que dispensam a realização de uma pericia complexa (ponto menos complexo). Trata-se de uma simples
inquirição que o juiz faz a um especialista da área (§3°), que se utilizando dos recursos tecnológicos
esclarece os pontos controvertidos (§4°). Busca desburocratizar as demandas, que apesar de exigir uma
prova técnica, por ser de baixa complexidade, permitem uma realização mais célere.

4.6.8 – Prova pericial previamente designada: Tendo sido ela já designada (Art. 474), as partes deverão
ser intimadas para acompanhar a sua realização, bem como os seus respectivos assistentes técnicos, sendo
que a não intimação acarreta em nulidade (REsp 806.266). Caso as partes não tenham sido intimadas da
pericia, isso poderá ser relevado e não acarretar em nulidade se a sua participação em nada fosse
contribuir com a realização da prova pericial (ex: Pericia para mera elaboração de calculo - REsp
1.121.718).

-> Determinação de data para entrega da pericia o juiz quando determinar a pericia ainda deverá
estabelecer a data em que ela deverá ser entregue. Não existe um prazo específico na lei para entrega do
laudo, sendo uma faculdade do juiz estabelecer o prazo que achar justo, devendo apenas se atentar que ele
deve ser entregue 20 dias antes da audiência (Art. 477). Isso ocorre para que as partes possam até mesmo
pedir para ouvir o perito na audiência.

-> Prazo das partes uma vez entregue laudo no processo, as partes terão 15 dias para se manifestarem a
respeito e juntarem pareceres dos seus assistentes técnicos. As partes poderão nessa manifestação
apresentar quesitos complementares.

a) Realização do laudo pelo perito: O perito quando estiver realizando o seu laudo, poderá se valer de
todos os meios disponíveis para instrui-lo (ex: poderá juntar fotografias, recortes de jornal, estudos, etc –
Art. 473, §3°).

b) Substituição do perito: Se o perito deixar de cumprir o que lhe for determinado (Art. 468), ou ainda
quando não houver confiança do juiz neste (RMS 12.963), o juiz poderá substitui-lo.

c) Oitiva do perito em audiência: Como já foi dito, o laudo deve ser entregue 20 dias antes da audiência, a
fim de que permite as partes poder eventualmente chama-lo. Assim, o perito pode ser ouvido em
audiência, mas nesse caso, será preciso que junto da petição requerendo a oitiva do perito, sejam juntados
também as perguntas, sendo enviadas com antecedência para que ele as possa responder de maneira
técnica (Art. 477, §3°).

4.6.9 – Prova pericial médica: Esse tipo de prova pericial tem peculiaridades que devem ser observada
diferentemente da prova pericial comum. A pericia médica recai diretamente sobre a pessoa.

a) Recusa de se submeter a pericia médica: Diferentemente da pericia comum que recai sobre coisas e
pode ser realizada mesmo que com apoio de forças policias, na pericia medica a pessoa cuja pericia irá
recair pode-se recusar a realizar a pericia. A recusa somente se configura quando a parte for intimada
pessoalmente. Nesse caso, a parte deixar de se submeter a exame medico necessário, não poderá se
aproveitar dessa recusa (Art. 231 CC). Assim, por exemplo, se a parte contraria requer a prova medica
recai sobre a outra parte e essa parte recusar, não poderá posteriormente arguir que a parte não provou.
Ainda, essa recusa pode acabar por presumir que a parte realizou a prova (Art. 232 CC).

-> Da investigação de paternidade no caso de ação de reconhecimento de paternidade, se a parte se


recusar a submeter ao exame genético, presume-se a paternidade, que deverá ser baseada nas demais

23
V.1

provas dos autos (Art. 2°, Lei 12.004/09). Não fosse apenas isso, o STJ tem sumula no sentido de que a
recusa no exame causa uma presunção juris tantum de paternidade (tanto do pai quanto do filho no caso
de negatória de paternidade – sumula 301 STJ). Mas se atentar que como dito antes, esse presunção
decorrente da recusa não gera absoluta presunção de que há paternidade ou não, mas sim é preciso instruir
minimamente os autos com provas que comprovem a paternidade, bem como o relacionamento entre o
pai e a mãe (REsp 692.242 – REsp 1.068.836).

b) Terceiros nos autos: No caso de exame medico que recai sobre terceiros estranhos ao processo, a
presunção decorrente da recusa não é aplicável (Ex: Pessoa que morre e depois de sua morte e requerido o
exame de paternidade. Nesse caso um exame em parente do morto pode comprovar a paternidade. No
entanto, esse parente por ser um terceiro estranho a lide, pode ser recusar a fazer o exame sem que isso
acarrete a referida presunção).

-> Exumação do cadáver pode ainda ocorrer no caso do exemplo acima, do juiz, se quiser, determinar a
exumação do cadáver para realizar o exame médico.

c) Segunda pericia: Pode ainda ser determinada uma segunda pericia medica refazendo o exame, desde
que fundamentado a nova realização (ex: erro na primeira pericia – alteração da situação anterior).

4.7 - Inspeção judicial: Refere-se a possibilidade do juiz verificar com os próprios olhos um local, coisa
ou pessoa. Isso ocorre como uma discricionariedade do juiz que faz essa inspeção quando verifica que as
provas colhidas não são suficientes, quando a coisa não pode ser apresentada ou ainda realiza a inspeção
para reconstruir os fatos (Art. 483).

-> Determinada de ofício ou a requerimento das partes essa inspeção pode ser determinada de oficio pelo
juiz ou a requerimento das partes, mas se atentando que o juiz não é obrigado a fazê-la, sendo uma opção
sua faze-lo ou não (Art. 481).

-> Acompanhado pelas partes o juiz deve informar as partes quando irá realizar a inspeção para que elas
possam acompanha-lo (intimação previa), sendo facultada a determinação da presença do perito (Art.
484, § único).

-> Auto circunstanciado realizado a inspeção, deve ser lavrado um auto circunstanciado que irá conter
todas as informações uteis ao julgamento da causa coletados na inspeção.

* Juiz diverso daquele que realizou a inspeção pode ocorre do juiz que realizou a inspeção judicial não ser
o mesmo que vai julgar o caso. Nesse sentido, o novo juiz, se entender necessário, pode realizar nova
inspeção judicial para que ele a realize. Pode ainda valer-se das provas coletadas pelo juiz.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 15 – 30/09/2021

5 - Fase decisória

E por fim chegamos ao tema que a tanto falávamos indiretamente que é a sentença. O juiz é aquele que
resolve a lide das partes, que aplica concretamente o direito a situação exposta. O juiz diz o que quer a lei,
examinando os fatos e provas nos autos e examinando o direito, sendo que neste ultimo caso a lei é
observada como uma vontade abstrata da lei, extraindo sua conclusão por meio da sentença. O juiz realiza
o juízo de admissibilidade quando examina o mérito da causa (fatos e o pedido), sendo que as questões
processuais são examinas antes do mérito.

5.1 - Sentença (Art. 203 CPC): A sentença é o ato judicial que põe fim a fase de conhecimento do
processo (ou da execução), resolvendo o litigio ou abstendo-se de solucioná-lo (na falta de pressupostos
ou condições para que se dê provimento ao mérito). A sentença coloca fim a fase cognitiva integral, ou
seja, julga integralmente o mérito (Art. 485 e 487), pondo fim ao processo de conhecimento (mas não
encerra o processo, já que essa continua em execução), podendo ser desafiada por apelação.

a) Decisões interlocutórias com conteúdo de sentença: Existem decisões interlocutórias que tem o
conteúdo de sentença, já que está decidindo o conteúdo do processo, mas sem que seja de fato uma

24
V.1

sentença. Trata-se de um conteúdo de sentença por que o mérito integral do processo está sendo decidido
em parte por causa da sentença. Assim se no curso do processo haver decisão decidindo apenas
parcialmente o processo (Art. 356), mas o processo continuar, nesse caso trata-se uma decisão
interlocutória que pode ser desafiada por agravo de instrumento. Essas decisões interlocutórias, caso não
seja recorridas a tempo, fazem coisa julgada e não podem mais ser recorridas.

Existem casos, por exemplo, em que a decisão interlocutória extingue o processo para um dos
litisconsortes por ilegitimidade (Art. 485, VI). Nesse caso o processo foi encerrado para ele, mas mesmo
assim ele somente poderá recorrer por agravo de instrumento. No mesmo sentido ocorre com a
homologação de desistência parcial da ação (Art. 485, VIII), homologação de renuncia parcial do direito
feita pelo autor ou réu (Art. 487, III) e ainda quando rejeitar liminarmente a reconvenção (Art. 485, I).

5.1.1 - Classificação das sentenças: Toda vez que uma decisão tiver o teor do disposto nos arts. 485 e 487,
nesse caso terão uma sentença.

a) Terminativas (Art. 485): Refere-se as sentenças na qual o juiz põe fim a processo mas sem resolver o
mérito, por reconhecer a inadmissibilidade da tutela jurisdicional. Esses tipos de sentença fazem coisa
julgada formal (se não recorrer torna-se definitivo – extingue o processo mas pode ser proposta nova
ação), mas sem fazer coisa julgada material (não solucionou a lide havida entre as partes). Assim trata-se
de extinção da ação sem julgamento do mérito. O juiz poderá reconhecer todas as hipóteses abaixo de
oficio (inciso IV, V, VI e IX), exceto no caso de convenção arbitral. Isso pode ser reconhecido em
qualquer tempo e grau de jurisdição (matéria de ordem publica).

-> Indeferimento da petição inicial (Art. 330) o juiz poderá primeiramente expedir sentença terminativa
porque a petição inicial era inepta. Antes de fazer isso ele deverá obrigatoriamente oportunizar a emenda
da inicial (se não o fizer, pode o autor apelar). Se essa emenda não ocorrer o juiz então pode indeferir a
inicial.

-> Extinção por paralisação do processo é sabido que as partes, em especial o autor tem obrigações
processuais. Se o autor deixar o processo paralisado por mais de 6 meses, presume-se que ele não tem
interesse na lide. Se até então não houve citação do réu, o juiz poderá extinguir o processo desde logo. Se
o réu já tiver aposto contestação, então nesse caso o juiz deverá intimar o réu para se manifestar sobre a
extinção. O autor ao deixar de dar andamento será intimado pessoalmente para que cobre seu advogado
para dar andamento (Art. 485, §1 e §2 e §6).

-> Verificação da ausência de pressupostos processuais juiz poderá expedir sentença terminativa quando
verificar que o processo tem ausência de pressupostos processuais. Nesse caso ele poderá verificar a
ausência de constituição/existência positiva, ou seja, verifica que o processo não existe por que não tem
pressupostos de existência (ex: inexistência de citação). Poderá também extinguir por reconhecer o
processo não ter validade, como é o caso de petição inicial inepta, incompetência absoluta, parcialidade
do juiz, incapacidade das partes, falta de citação valida, etc.

-> Ocorrência de pressupostos processuais negativas é o caso de litispendência, coisa julgada ou


perempção (Art. 486, 3°).

-> Ausência de condições da ação para propor ação às partes tem de ter interesse e legitimidade. Se o juiz
verificar que o autor não tem interesse processual ou legitimidade, então o juiz deverá reconhecer a falta
de legitimidade ou interesse e extinguir o processo.

-> Existência de convenção de arbitragem somente após o réu arguir convenção de arbitragem (Art. 337,
X, §5° e Art. 485, §3°), ai então o juiz poderá extinguir o processo pela existência de convenção arbitral.
Esse é o único caso em que o juiz não poderá reconhecer de oficio.

-> Homologar desistência da ação se o autor desistir da ação, antes de citado o réu o juiz pode extinguir o
processo. Se o réu já tiver sido citado, então ele deverá concordar com tal desistência (§4°). Nesse caso
não existe decisão de oficio porque a provocação parte do autor.

-> Morte da parte em ação intransmissível se o autor morrer e o direito que ele postulava era um direito
material intransmissível (inócua sucessão processual), nesse caso o juiz poderá extinguir o processo.

25
V.1

-> Outros casos previstos em lei existem diversos outros casos que permite a sentença terminativa (ex:
incapacidade processual – irregularidade de representação, Art. 76, §1°, I – litisconsórcio necessário, Art.
114 – ausência de sucessão por morte, Art. 313, II – ausência da emenda da petição inicial, Art. 321).

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 16 – 01/10/2021

Professora analisou sentença no inicio da aula.

b) Definitivas (Art. 487): Refere-se a aquelas sentenças que decidem sobre o mérito da causa (lide e o
pedido). Essas sentenças fazem coisa julgada material (encerrada o processo e também resolver a lide).
As sentenças desse tipo encerram a fase cognitiva, mas sem extinguir o processo desde logo, pois ela é
uma preparação para a fase do cumprimento de sentença. Nesse caso, por ser julgado pelo mérito
(sentença de mérito) e fazer coisa julgada, o autor não poderá propor novamente o mesmo pedido, sob
pena de rever coisa julgada. É, pois uma sentença terminativa, na qual uma vez julgado o direito material,
este não poderá mais ser requerido. Essas sentenças definitivas ocorrem nas seguintes hipóteses:

-> Acolher ou rejeitar o pedido o juiz quando acolher ou rejeitar o pedido formulado pelo autor na ação
ou reconvenção. Isso porque o poder judiciário é inerte, e somente age após ser provocado pelas partes.
Os pedidos que movimentou o juiz deverão ser acolhidos ou rejeitados (procedência e improcedência)

->Pronunciar a decadência ou prescrição aqui o juiz não julga o direito material, no entanto reconhece
que ocorreu no caso decadência ou prescrição (reconhece de oficio ou a requerimento). Nesse caso
também não poderá mais requerer o direito material em juízo.

-> Transação (acordo) quando o juiz homologar o acordo, temos uma sentença de mérito na qual as partes
não podem ingressar com ação para buscar exigir novamente em juízo o direito. Existe discussão se
poderiam ou não recorrer contra o acordo (professora entende que sim, mas deve apresentar alguma
nulidade no acordo, mas não pode recorrer porque se arrependeu do acordo). Se houver clausula de
renuncia de prazo recursal, aquele acordo não pode ser desfeito, pois a parte não poderá recorrer da
sentença que homologa o acordo.

-> Renuncia do direito se a parte desistir do direito (do direito e não da ação), nesse caso o mérito
também é resolvido e nova ação idêntica não pode ser proposta. Muitos casos em uma transação (acordo)
existem a renuncia de alguns direitos, mas nesse caso ainda é um acordo. A renuncia é a simples
desistência voluntaria do autor, sem nenhuma contraprestação do réu. Aqui, diferentemente da desistência
da ação, não é preciso ouvir o réu sobre o pedido de renuncia.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 17 – 07/10/2021

c) Sentença condenatória: É aquele em que o juiz determina que o réu ou autor que for condenado faça
algo, ou seja, a decisão ainda terá de ser cumprida. A Sentença condenatória não encerra o processo de
mérito, pois este ainda estará sendo discutido em fase de execução (cumprimento de sentença). Nesse
sentido, encerra a fase de conhecimento e inicia a fase de cumprimento de sentença, na qual somente terá
cunho executivo a fim de cumprir a obrigação de mérito determinada pelo juiz. O processo somente é
extinto de fato quando ocorrer o cumprimento definitivo da sentença, na qual ocorre a extinção do
processo com julgamento do mérito.

26
V.1

5.1.2 - Formas de julgamento: Os julgamentos podem ocorrer das seguintes formas, conforme já vimos
anteriormente:

a) No recebimento da ação: Quando o juiz receber a petição inicial, ele poderá tomar as seguintes
posições:

-> Indeferimento da petição inicial trata-se de uma sentença terminativa, na qual a inicial contem algum
erro que precisa ser corrigido. Nesse caso deverá ser oportunizada a emenda se possível, que não
ocorrendo faz com que a inicial seja indeferida. Aqui é possível a proposito de nova ação ajustando os
erros.

-> Improcedência liminar do pedido (Art. 332) o juiz poderá antes mesmo de citar o réu dar uma sentença
de mérito. É diferente do indeferimento da inicial, pois lá o que se indefere é a petição, e aqui o que se
indefere é o pedido. Por tratar-se de sentença de mérito, não poderá ocorrer a exigência novamente desse
direito material em juízo.

b) Após a citação em fase saneadora: Já em fase saneadora, o juiz poderá realizar o julgamento
antecipado do mérito, o que irá ocorrer antes da fase instrutória (Art. 354-355).

-> Julgamento antecipado da lide aqui a parte contraria já foi citada para se manifestar, tendo apresentado
sua contestação e o autor a sua replica.

c) Após a fase instrutória (fase decisória): Após citado o réu e depois de produzido provas, o juiz poderá
dar de fato a sentença, que serão definitivas ou terminativas.

-> Sentença

4.1.3 - Elementos essenciais da sentença: As sentenças contem certos elementos essências que devem
constar na sentença. As faltas de um desses elementos essências podem acarretar na nulidade da sentença

27
V.1

ou acordão, na qual poderá ser requerida a sua nulidade em apelação, sendo que a nulidade pode ser
reconhecida de oficio em grau recursal ou poderá ainda ser objeto de ação rescisória (Art. 489 e 966, V).
Esses elementos são:

a) Relatório: Aqui o juiz irá apresentar um relatório sore todo histórico de debate no processo. É uma
Para gerar
introdução, relato de todo o processo com os fatos e fundamentos da inicial e a defesa, assim como as nulidade é
principais ocorrências no curso do processo (ocorrências processuais que poderão alterar os rumos do preciso
processo - Art. 489, I). Ele tem por função delimitar o campo de pedido e as controvérsias e questões a demonstrar um
prejuízo.
serem resolvidas. O relatório poderá ser dispensado quando a lei assim permitir (somente quando a lei
permitir). É o caso dos juizados especiais cíveis.

-> Fatos supervenientes à propositura da ação deverá também conter os fatos supervenientes à propositura
da ação, assim informando nos autos que esse fato deve ser levado em consideração na sentença, desde
que dado o contraditório e que não altere o pedido ou a causa de pedir (Art. 493),

-> Fato novo constatado de oficio o juiz pode constatar fatos novos de oficio. Nesse caso ele deverá ouvir
as partes a respeito antes de decidir, sendo vedada uma decisão que contenha fato surpresa (Art. 493,
paragrafo único e art. 10). Ou seja, deve haver participação das partes, sob pena de nulidade (ou na
maioria dos casos, reforma da sentença, pois as partes debatem sobre o fato no recurso).

b) Fundamento de fato e direito: Aqui o juiz diz as razões, motivos e fundamentos que levou ele a decidir
dessa maneira. Para isso ele deverá indicar as provas que serviram de fundamento, sendo que essa
fundamentação é uma obrigação do juiz, nos termos da constituição em seu Art. 93,IX. É nesse momento
que é possível ver a parcialidade do juiz, se a sua decisão está fundamentada em jurisprudência correta, se
interpretou corretamente as provas do processo, etc. O juiz não precisa necessariamente exaurir todos os
fatos do caso, devendo abordar somente os fatos relevantes que demonstrem seu convencimento
(motivação suficiente – iuria novit curia). Assim ele deverá explicar a relação de ato normativo (lei) com
causa com as questões decididas, sendo que deverá demonstrar quais os artigos de lei e o direito que dão
suporte ou não a tese do autor (diferente das partes que não precisam indicar necessariamente o artigo). O
Art. 489, §1° estabelece quais são as decisões que não se considera fundamentada.

-> Limitar-se a reprodução ou paráfrase de ato normativo não pode a sentença se limitar a reproduzir ou
parafrasear um ato normativo (lei), sem indicar a relação que esse ato normativo tem com a causa ou
questão em comento (ex: Condenado o réu ao pagamento com base no art. 159 CC).

-> Empregar conceitos jurídicos indeterminados do mesmo modo não pode indicar conceitos jurídicos
indeterminados sem que faça uma indicação do motivo concreto que cause a sua incidência no caso (ex:
Com base no principio da dignidade humana – conceito genérico demais – condeno o réu a pagar o autor).
Isso ocorre para evitar arbitrariedades, pois poderia utilizar isso para decidir ao seu bel prazer.

-> Invocar motivos que poderiam justificar qualquer decisão o juiz não pode usar como fundamentação
algo que poderia ser empregado em qualquer outra decisão, ou seja, uma decisão padrão que não
individualiza o processo.

-> Não enfrentar todos os argumentos no processo capazes de infirmar a conclusão adotada o juiz não é
obrigado a se pronunciar sobre todos os argumentos da ação. No entanto, tem o dever de se pronunciar
sobre os argumentos que em tese poderiam modificar ou manter a conclusão que ele adotou.

-> Se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula o juiz não pode se limitar a fundamentar com
base em precedente ou sumula sem que identifique os fundamentos determinantes (deixa de indicar o
porquê o caso se ajuste a aqueles fundamentos).

-> Deixar de seguir enunciado de sumula o juiz não pode deixar de seguir enunciado de sumula,
jurisprudência ou precedente que tenha sido invocado pela parte sem indicar que o caso concreto é
distinto dos demais julgados ou que os entendimento tenham sido superados.

c) Dispositivo: É a parte final da decisão na qual o juiz irá julgar procedente ou não o pedido do autor.
Esse dispositivo deve ser coerente com a fundamentação utilizada. O juiz não poderá proferir uma
sentença diversa do conteúdo da ação proposta (juiz não pode inovar nos pedidos, causas de pedir, etc).
Essa decisão deve seguir um caminho mais célere possível, sem extrapolar a tutela pretendida (principio
da efetividade jurisdicional e da celeridade).

28
V.1

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 18 – 08/10/2021

Professora analisou sentença no inicio da aula.

c) Dispositivo: É a parte final da decisão na qual o juiz irá julgar procedente ou não o pedido do autor.
Esse dispositivo deve ser coerente com a fundamentação utilizada. O juiz não poderá proferir uma
sentença diversa do conteúdo da ação proposta (juiz não pode inovar nos pedidos, causas de pedir, etc).
Essa decisão deve seguir um caminho mais célere possível, sem extrapolar a tutela pretendida (principio
da efetividade jurisdicional e da celeridade – ex: juiz pode proferir uma sentença liquida para um pedido
ilíquido quando o processo permitir, art. 491). É o dispositivo que faz coisa julgada material.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 19 – 14/10/2021

4.1.4 - Princípios da sentença: Vejamos agora os princípios que regem a sentença e trazem as bases para
como ela deverá ser aplicada.

a) Principio da demanda: O judiciário é inerte, ou seja, é preciso que a parte requeira a tutela jurisdicional.
Assim ao julgar o juiz deve se atentar apenas ao que foi pedido pelas partes, nem a mais e nem a menos.

b) Principio da congruência (correlação): Como dito acima, o juiz não pode julgar fora ou além dos
limites dos pedidos (Art. 141 e 492). É a ligação que existe entre o pedido, a causa de pedir, o
contraditório (art. 493, paragrafo único) e a sentença. Isso tudo advêm do princípio do devido processo
legal (Art. 5°, LV CF). No entanto, existem pedidos implícitos, ou seja, que não foi requerido pela parte,
mas que está explicito na lei. Nesse caso o juiz por força da lei deve incluir esse pedido implícito na
sentença. Esses pedidos implícitos são a fixação de correção monetária (em obrigação de pagar), juros de
mora, honorários advocatícios e medidas coercitivas (podem ser reconhecidas de oficio). A decisão é
limitada pelo pedido, sendo que se não obedecer, gera nulidade (Art. 492). O fundamento da sentença
(direito) também deve dar a oportunidade de as partes debaterem a respeito (ex: Aplica o código de defesa
do consumidor sem antes ter dado a oportunidade de debater a respeito):

-> Decisão infra petita (citra petita) é o caso em que a sentença fica a aquém dos pedidos realizados, ou
seja, não apreciou todo o pedido ou alguns dos pedidos cumulados. A nulidade da sentença irá se
restringir apenas aos pedidos não apreciados (os demais permanecem). A ausência de apreciação de um
dos pedidos não transita em julgado em relação a questão não debatida. Assim é possível que a pessoa
ingresse com nova ação para ver apreciada a questão não analisada (observar que em certos casos da
fundamentação do juiz já se pode extrair que ela não aceita aquele pedido, a despeito de não ter incluído
no dispositivo).

-> Decisão ultra petita é o caso em que o juiz condena em quantia superior à requerida (superior ao
pedido). Assim essa nulidade será restrita a parte que teve seu pedido extrapolado (o restante da sentença
permanece valido). Isso também é aplicável no caso do juiz que julga contra uma pessoa estranha ao
processo (apenas pode decidir contra as partes do processo). Também não pode julgar com fatos que não
tenham sido debatido pelas partes (Art. 10 CPC).

-> Recursos os recursos cabíveis contra a decisão ultra petita e extra petita será os embargos de
declaração, para sanar as contrariedades ou falta de manifestação do juiz ou poderá ainda entrar com
recurso de apelação, sendo que nesse caso se requer rever o julgado. Já se tiver ocorrido transito em
julgado, poderá ocorrer ação rescisória.

c) Princípio da invariabilidade da sentença: Após prolatar sentença, o juiz não pode mais modifica-la após
a sua publicação (Art. 494). É diferente da tutela concedida antecipadamente, já que ela é provisória.

29
V.1

Assim o juiz não pode rejulgar o que já foi decidido. Somente será permitido a alteração Nos casos em
que irá corrigir de oficio erros e inexatidões ou retificar erro de calculo (Art. 494, I). Também poderá
modificar nos casos em que acolher embargos de declaração (Art. 494, II). Por fim, no caso de apelação
proposta pelo autor, caso o juiz extingua sem julgamento do mérito (improcedência liminar do pedido,
indeferimento da PI e extinção sem julgamento do mérito), poderá se retratar e alterar a decisão antes do
recurso subir.

d) Princípio da ausência nulidade sem prejuízo: O processo busca solucionar a lide com definitividade, ou
seja, julgar o mérito. Assim somente pode julgar o processo improcedente sem analise do mérito no caso
de nulidade insanável. É função do devido processo legal proteger as partes e evitar exacerbar as
formalidades. Assim havendo vícios sanáveis, deve o juiz oportunizar a parte que regularize em 30 dias
(Art. 352). Havendo vícios processuais, se não houver efetivo prejuízo, poderá julgar a causa pelo mérito
em favor daquele que se aproveita dessa decisão favorável (autor tem razão, mas por um vicio processual
poderia ter sua ação improcedente).

4.1.5 - Fatos e direitos supervenientes: Vimos que os fatos, direitos e pedidos estabelecem o escopo da
sentença. No entanto pode ocorrer de fatos e direitos novos surjam durante a ação, sendo que deverá leva-
los em conta em sua sentença. É a ideia de a sentença refletir o estado de fato e de direito que se encontra
vigente ao momento do julgamento.

-> Fatos novos são fatos que surgem após o inicio do processo, e por isso não estavam na petição inicial.
O juiz poderá leva-los em conta se eles forem relevantes para o julgamento (Art. 493). Os fatos simples,
de acordo com a doutrina e juris do STJ não alteram a causa de pedir (mesmo que demandem a produção
de provas).

4.1.6 - Interpretação da sentença: As partes não podem querer achar pequenos erros na sentença. Em
verdade deverá analisar a decisão judicial conjugando todos os elementos de forma sistemática (Art. 489,
§3).

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 20 – 15/10/2021

4.1.7 – Classificação das sentenças: Trata-se de uma parte muito importante sobre as sentenças. A
sentença é classificada de acordo com o pedido do autor, ou seja, qual a tutela jurisdicional pretendida
que irá ser deferida pelo juiz, sendo que as sentenças serão classificadas de 3 maneiras (classificação
trinária):

a) Sentenças declaratórias: Quando tratar-se de processo de conhecimento, a sentença necessariamente


será declaratória (quando tratar-se de sentença de mérito). Isso porque no processo de conhecimento a
parte ingressa com a ação para que o juiz tome conhecimento da situação e declare de fato quem tem o
direito. A sentença declaratória faz justamente isso, ou seja, ela declara a existência ou inexistência de
uma determinada relação jurídica, ou ainda, declara ou não a autenticidade (ou falsidade) de um
documento (Art. 19 – 20 CPC). Geralmente esse tipo de sentença é encerrado com a frase “julgar
procedente para declarar”. Assim, pode-se propor uma ação para simplesmente declarar a existência de
uma relação jurídica, sendo que todas as sentenças são declaratórias.

b) Sentenças constitutivas: Também existem sentenças que além de declaratórias são constitutivas, ou
seja, criam, modificam ou extinguem uma relação jurídica. Esse tipo de sentença tem efeito instantâneo
(constitui logo de cara aquele determinada situação), mas que não tem uma execução a ser realizada (ex:
juiz que decreta o divorcio, o que modifica a relação jurídica do casamento, o extinguindo).

c) Condenatórias: Por fim, podem existir sentenças que além de declaratórias, também são condenatórias,
ou seja, declaram uma situação jurídica entre as parte e ordenam uma prestação de uma das partes em
favor da outra (atribui ao outro uma conduta a ser pratica, e se não o for, permitirá uma nova fase de
cumprimento de sentença). Assim, elas atribuem ao vencedor um titulo executivo judicial, que pode ser
exigido em Cumprimento de Sentença (ex: Ação de cobrança na qual o juiz reconhece a relação jurídica
entre as partes, declara o direito do autor em receber e condena o réu a pagar). Assim esse tipo de

30
V.1

sentença é diferente das anteriores no sentido de que ela por si só não termina o processo, já que o titulo
executivo dela decorrente será exigido em execução (nova fase do processo). Se o condenado cumprir
voluntariamente a sentença, não precisará nem mesmo iniciar uma nova fase de cumprimento de
sentença, extinguindo o processo. Essas sentenças condenatórias se subdividem ainda em uma
classificação quinaria (ponte de Miranda), na qual temos duas categorias:

-> Sentenças mandamentais (Art. 497) refere-se a aquelas sentenças na qual o juiz, ao determinar que
alguém faça algo, já determina que seja cumprido sob pena de sanção (a fim de tornar a sentença efetiva).
Assim ele pode determinar todas as medidas coercitivas consideradas legais para o cumprimento da
condenação. Destarte, o juiz não simplesmente condena, mas manda. Assim, temos a chamada sentença
condenatória pura, na qual o réu e condenado a pagar sob pena de penhora. No entanto, aqui na sentença
mandamental, além da penhora, o juiz determina de oficio outras medidas coercitivas para que seja
cumprido (ex: Execução de alimento, na qual, além da penhora, o individuo pode ter o seu nome
protestado). Aqui as partes não precisam requere essas sanções, que são determinadas de oficio pelo juiz.

-> Sentenças executivas lato senso refere-se as sentenças na qual o juiz, ao reconhecer o direito, na
própria sentença devido a autorização legal, ele já determina o que deverá ser cumprido pelo devedor (ex:
no caso de uma ação de despejo por falta de pagamento, ao reconhecer a falta de pagamento, o juiz já
decreta a ordem para que a pessoa desocupe o imóvel, ou seja, a própria sentença determina que o despejo
irá ocorrer). Nesses casos o juiz irá estabelecer como a obrigação deverá ocorrer (ex: decreto o despejo,
devendo o réu desocupar o imóvel em 15 dias, sob pena de reintegração forçada). Assim, a obrigação se
dá com a mera intimação sobre a sentença, não precisando o autor provocar para que a obrigação se
cumpra (inicia o prazo para o cumprimento do determinado na sentença no momento em que o advogado
for intimado).

* Podem existir sentenças declaratórias, constitutivas e condenatórias tudo ao mesmo tempo.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 0 – 21/10/2021

Efeitos da sentença: As sentenças têm de produzir efeitos da seguinte maneira:

a) Sentença declaratória: Refere-se as sentenças que declaram determinada situação, modificando


determinada relação jurídica e constitui uma nova situação. É o caso, por exemplo, de uma ação para
declarar purgada a mora, nesse caso, o juiz simplesmente declarada purgada a mora, julgando procedente
a ação, mas sem condenar a outra parte ré a nada.

b) Sentença constitutiva (condenatória): Refere-se aos casos em que a sentença condenatória, ou seja,
precisa que aquela decisão precisa ser cumprida e que exige uma conduta da outra parte. Esse
cumprimento ocorre no cumprimento de sentença. Pode ocorrer de certas sentenças que são declaratórias
constitutivas.

-> Executiva lato sensu são sentenças que o juiz já da a obrigação a ser cumprida, e identificando as penas
que são aplicadas no caso de não cumprimento. Executiva lato senso são estão ligadas a pagar algo, mas
sim que pratique determinada conduta (ex: determinar que o réu desocupe um imóvel, sob pena de
desocupação forçada), sendo possível exigir desde logo o seu cumprimento, já que o juiz desde logo diz
como irá ocorrer essa conduta (e a pena que a falta de cumprimento irá ocorrer).

-> Executiva mandamental refere-se aquelas obrigações de pagar, na qual para ser cumprida é preciso que
se execute. O réu pode cumprir a sentença voluntariamente, mas em geral exige que seja executada.

c) Sentença declaratória constitutiva: Refere-se a sentença que tem o conteúdo das duas anteriores.

d) Sentença liquida: Refere-se a sentença cuja mera leitura já é capaz de ser exigida, sendo possível
identificar desde logo o que deve ser cumprido.

e) Sentença ilíquida: Refere-se a sentença que não pode ser identificado de pronto o que deve ser
cumprido, exigindo sua liquidação posterior.

31
V.1

f) Sentença de declaração de vontade (Art. 501: Refere-se a sentença em que se busca a alteração da
declaração de vontade da parte, não alterando fisicamente, mas sim apenas que declare algo (ex:
Individuo que se recusa assinar o divorcio, nesse caso quem decreta é o juiz). A própria sentença é a
tutela pretendida. Essa sentença produz os mesmos efeitos se a parte tivesse ela mesma declarado

g) Senteça de fazer, ou não fazer ou entregar algo (Art. 497): Refere-se a efetivação da tutela
jurisdicional, cuja execução se dá posteriormente, cuja forma de cumprir é determinada de oficio ou a
pedido da parte. O juiz poderá determinar astreintes (Art. 500), ou seja, pagaemento de multa diária
devida ao descumprimento. A parte poderá ainda requerer a conversão em perdas e danos pela ausência
do cumprimento ou caso o cumprimento se torne impossível (Art. 499). Poderá ainda o juiz fixar de oficio
a multa e pardas e danos, sem que seja considerado extrapetita (Art. 537, §1°).

h) Refere-se a sentença na qual o juiz se limita ao pedido. Assim, em obrigações condicionais,

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 0 – 22/10/2021

Momento da eficácia: Veremos agora a partir de quando a sentença produzirá os seus efeitos, ou seja, em
que momento ela é eficaz.

a) Sentenças meramente declaratórias: Este tipo de sentença tem efeitos ex-tunc (retroage até o momento
do início da relação), com efeitos meramente declaratórios (surge apenas quando o juiz reconhece
determinada condição).

b) Sentenças condenatórias: Também tem efeitos ex tunc, no entanto, que retroage até a data da
constituição em mora do devedor (no contrato ou citação do processo).

c) Sentenças constitutivas: Tem efeitos ex nunc, ou seja, não retroage, já que tem por objeto a
constituição ou desconstituição das relações jurídicas, normalmente incidindo a partir do transito em
julgado (ex: divorcio). Assim elas têm efeitos a partir do momento que o juiz modifica aquela relação.

-> Anulação de ato jurídico por vícios do consentimento nos casos em que a parte requer que o juiz
modifique uma relação porque houve vicio do consentimento, nesse caso os efeitos da sentença
retroagem, retornando ao status quo ante. Isso porque os atos jurídicos com vicio de consentimentos não
produzem efeitos, ou seja, nunca produziram. Nesse sentido, anula-se o negócio jurídico e as partes
retornam ao estado anterior, e quando não for possível restituir, indeniza-se pelo equivalente.

-> Sentença de interdição quando se trata de sentença de interdição, existe controvérsia sobre a matéria, já
que os atos são nulos, porém preserva-se os direitos dos 3° de boa-fé, ou seja, ex nunc. No entanto, as
vezes as condições para interdição já existiam anteriormente.

-> Sentença de homologação de divisão e demarcação de terras e outras em regra os recursos contra
sentença geram efeito devolutivo e suspensivo. No entanto, nos casos de sentença de homologação de
divisão de terras, prestação de alimentos, concessão ou revogação de tutela provisória ou que decreta a
interdição, nesse caso os efeitos são apenas devolutivos, mas não suspensivo (a sentença pode ser
cumprida desde o transito em julgado – Art. 1012). Somente poderá ocorrer efeito suspensivo np caso que
o tribunal suspenda os efeitos (Art. 1012, §4°).

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 0 – 28/10/2021

Efeitos anexos da sentença:

32
V.1

a) Correção monetária, juros moratórios, prestações vencidas: A sentença fixa qual o termo inicial da
correção, juros e as prestações vencidas. Essa correção e juros podem ser contratuais, ou seja, o contrato
estabelece o termo inicial que foi inadimplido ou pode ser estabelecidos pela própria lei, sendo que não
havendo contrato e nem lei a respeito, o termo inicial será contado da data da citação.

b) Hipoteca judiciaria (Art. 495): Refere-se a um imóvel que será dado em garantia para pagamento de
uma divida. No presente caso, havendo uma sentença que condenada o réu a pagar uma quantia, o
vencedor pode levar essa decisão em um cartório de imóvel para lavrar na matricula do imóvel para
garantir que o devedor não irá vender esse imóvel (feito antes do transito em julgado). Feito isso, ele
deverá juntar nos autos que fez essa averbação na matricula do imóvel (em 15 dias). Enquanto o processo
tramite em 2ª instancia, o devedor não poderá vender aquele imóvel. Retornando para primeira instancia,
o credor terá direito de preferencia para penhorar aquele imóvel. Sendo a decisão reformada para sagrar o
devedor vencedor na 2ª instância, quem fez a inscrição na matricula do imóvel ficará responsável pelas
perdas e danos (tem de indenizar).

c) Protesto: Tendo a decisão transitada em julgado, mas o devedor não pagou (citado, mas não pagou),
pode o credor levar a protesto o seu nome após o prazo de pagamento voluntário (15 dias).

d) Ônus sucumbenciais: Sucumbência vem da ideia de sucumbir, ou seja, perder. Assim, tendo em vista a
teoria da causalidade, que é quem deu causa a demanda, deve ao final suportar os custos relativos ao
processo (Art. 8°, §2°). Os ônus sucumbenciais são os honorários sucumbenciais (em favor do advogado),
custas e despesas processuais (Art. 84). Esses ônus são fixados com a sentença sendo procedente ou não
(em favor do autor, ou as vezes em favor do réu). No caso de sentença parcialmente procedente, pode
ocorrer a fixação de sucumbência reciproca (Art. 86). No entanto, existem certos casos em que não há
ônus sucumbenciais como em Ações coletivas (Art. 87 CDC), Ação popular (Art. 5°, LXXII) ou Ação
civil publica os autores nesses casos, somente poderão pagar os ônus sucumbenciais se restar fixado na
sentença o intuito de má-fé. No caso do réu nessas ações, ele sim paga ônus sucumbenciais.

-> Gratuidade de justiça o beneficiário da justiça gratuita, não fica obrigado a pagar os ônus
sucumbenciais. No entanto, o juiz deverá ainda fixar os ônus sucumbenciais, mas ela ficará suspensa para
que seja exigida (Art. 98, §3°). Pode ocorrer de o réu deixar de ter o direito a gratuidade de justiça, se em
5 anos, poderá ser revogado esse beneficio e ser executado em sua sucumbência. Contudo, o beneficiário
da assistência não fica isento de pagar multas processuais (ex: ato atentatório contra a justiça).

Reexame necessário (ex officio – Art. 496): Quando se trata de condenação da fazenda publica a pagar, a
obrigação somente poderá ser exigida quando for remetido ao 2° grau para confirmar a decisão. Isso
somente não ocorre se a própria fazenda propuser o recurso. Também ocorre nos casos de embargos a
execução fiscal (se a fazenda for condenada). Se a fazenda não fixar o recurso e o juiz também não
determinar a remessa, o autor irá informar ao presidente do tribunal que existe um processo que precisa
ser enviado ao tribunal. Nesse caso, o presidente do tribunal faz a avocação do recurso e analise o merito.
Nesse sentido, somente pode ser exigida contra a fazenda publica após o transito em julgado.

a) Exceção ao reexame necessário: Existem casos exceções na qual não é preciso fazer esse reexame pela
2ª instancia nos casos em que:

-> 1.000 salários mínimos contra a união, autarquias federais ou fundações

-> 500 salários mínimos caso de condenação dos Estados e capitais, distrito federal e autarquias e
fundações federais.

-> 100 salários mínimos no caso de sentenças contra municípios e suas autarquias e fundações publicas.

b) Sentenças ilíquidas: Nos casos em que o juiz fixa qual será o limite do processo, mas não determina
exatamente qual o valor exato, nesses casos necessariamente deverá se remetido ao tribunal (Sumula 490
STJ).

c) Sentença lastreada em precedentes jurisprudenciais (Art. 946, §4°): No caso de a sentença contra a
fazenda publica ser firmada sobre sumula do tribunal superior, acordão proferido pelo STF ou STJ de
recursos repetitivos, entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou
assunção de competências (igual ao recurso repetitivo, mas feito em 2° grau). Por fim, não será necessário

33
V.1

o reexame quando o entendimento da sentença for o mesmo da orientação vinculante firmado no âmbito
administrativo do próprio ente publico.

* Essa regra de reexame necessário não é preciso quando tratar-se de decisão interlocutória (ex: sentença
que concedeu tutela pode ser exigida desde logo, independente de remessa ao 2° grau).

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 0 – 29/10/2021

Coisa Julgada (Art. 502-508)

Em regra, a parte pode recorrer da decisão que lhe é desfavorável. No entanto, a parte pode deixar de
recorrer (presume-se que ela concordou com a decisão) ou pode ser que ela recorreu mas não conseguiu
reverter. Nesses casos temos o transito em julgado, ou seja, é a estabilidade do comando decorrente de
uma decisão de mérito, fazendo lei entre as partes, fazendo com que o direito-material torne-se imune de
qualquer discussão. A decisão passa a poder ser exigida, sendo que o mérito já não pode mais ser
discutido em outa ação (sob pena de ferir a coisa julgada). Isso tudo porque a coisa julgada é uma forma
de pacificação social, pois é a maneira de encerrar o litigio entre as partes.

a) Coisa julgada material: Refere-se a aquela decisão de mérito, ou seja, o juiz efetivamente julgou a
discussão havida entre as partes. Nesses casos, o direito material torna-se imutável e impossível de
discussões futuras em outro processo (inclusive extraprocessual – Art. 503). Neses casos de decisão de
mérito, podemos ter as decisões com conteúdo de sentença (julgamento parcial de mérito durante o
processo), que também faz coisa julgada material, não podendo mais ser discutida. No caso de tutela
provisória, não temos a imutabilidade até que o juiz se manifeste no final do processo.

b) Coisa julgada formal: Refere-se às sentenças terminativas, na qual, não havendo recurso, torna-se
imutável os efeitos da sentença nos próprios atos. Nesses casos não há a analise do mérito, mas mesmo
assim, não se pode discutir aquela questão no processo na qual a sentença foi proferida (mas pode entrar
com outro processo sobre aquilo que ele não julgou).

Alteração da coisa julgada por acordo entre as partes sendo direitos patrimoniais disponíveis, as partes
podem acordar de maneira diversa do que foi estabelecido na decisão que transitou em julgado. Nesse
caso, devem juntar aos autos acordo ou deixar de fazer (nesse caso se o autor continuar com a execução, o
devedor vem e apresenta o acordo e encerra a execução).

Limites objetivos da coisa julgada (Art. 503): Falamos acima que a decisão com coisa julgada torna
imutável, mas vejamos agora qual é o efetivo limite da coisa julgada. Esse limite refere-se a todos os
pedidos existentes nos autos, não apenas na inicial, mas também aquelas feitas pelo Réu, questões da
reconvenção, questões prejudiciais, incidente de falsidade de documento, denunciação da lide, etc (não se
limita apenas ao pedido principal). Não importa se foi procedente ou não, a questão é que o que o juiz
decidir faz coisa julgada. Via de regra, o juiz faz coisa julgada na parte final da sua sentença na qual
decide as questões. Ocorre que algumas vezes na sua fundamentação da sentença, ele decide questões
prejudiciais, o que torna mais difícil. Mas atentar-se que os fatos e fundamentos da decisão não fazem
coisa julgada, exceto nos casos de questões prejudiciais. Essa questão é complexa, pois, por exemplo,
uma pessoa que pede danos materiais e lucros cessantes, mas tem a sua ação improcedente. Ele não
poderia posteriormente ingressar com ação pedindo danos morais.

-> Eficácia preclusiva da coisa julgada (principio do dedutível – dedutido) após o transito em julgado, as
partes não podem mais fazer nenhuma alegação que já poderiam ter sido discutidas no curso do processo
(Art. 508 – Ex: Autor que propõe a ação de indenização, mas não alega que o réu estava bêbedo ao
dirigir, e que isso causou o acidente, mesmo tendo ciência dessa informação).

-> Questões decididas no curso do processo às questões que surjam no curso do processo e tenham sido
decididas fazem coisa em julgado, operando a preclusão. Assim, as questões que poderiam ter sido
recorridas mas não foram, precluem (Art. 507 – Art. 1.015, 1009, §1°).

34
V.1

-> Depender do julgamento da lide é preciso que as questões incidentais influam no julgamento do mérito
da ação.

-> Necessidade do contraditório é preciso que as coisas que façam coisa julgada tenham sido oferecidas o
contraditório e permitido a ampla defesa (produção de todas as provas). Assim, apenas torna-se coisa em
julgado as questões que tenham sido debatidas entre as partes.

-> Juiz competente

-> Cognição plena é preciso que seja feito todo o conhecimento da questão pelo juiz, por meio do
contraditório e da ampla produção de provas.

a) Questões prejudiciais: refere-se as questões que tenham haver com a existência, inexistência ou modo
de ser de uma relação ou situação jurídica. Apesar de não ser o objeto do processo e não tenha sido
requerido pelas partes, guarda relação com a solução do mérito (Ex: Filha que pede alimentos. No
entanto, antes de analisar o pedido de alimentos, o juiz deverá verificar a questão referente a ser Pai
sócioafetivo da menina, pois antes de decidir isso o juiz não poderá conceder os alimentos, a despeito de
não ter requerido). Essa questão é complexa, pois, por exemplo, uma pessoa que pede danos materiais e
lucros cessantes, mas tem a sua ação improcedente. Ele não poderia posteriormente ingressar com ação
pedindo danos morais se o juiz reconheceu que o Réu não causou nenhum dano ao autor, reconhecendo
uma questão prejudicial que faz com que o pedido não possa ser procedente.

b) O que não faz coisa julgada: Não faz coisa julgada a fundamentação da sentença (apenas a parte
dispositiva – Art. 504 CPC).

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – AULA # 0 – 04/11/2021

Características da coisa julgada: Quanto a coisa julgada, temos as seguintes características a serem
observadas:

a) Momento da coisa julgada: É caracterizado o transito em julgado da decisão, quando não ocorrer o
recurso cabível ou ainda quando inexistir recurso cabível ou os disponíveis já teriam sido utilizados
(todos os previstos no sistema processual). Se atentar que a certidão de transito em julgado não faz coisa
julgada, mas sim a ocorrência do transito em julgado em si.

b) Função positiva: A coisa julgada vincula as partes daquela decisão imutável.

c) Função negativa (pressuposto processual negativo): O transito em julgado impede a rediscussão


perante qualquer órgão jurisdicional ou discussão pelas próprias partes (Art. 505).

d) Coisa soberanamente julgada: Decorrido o prazo da ação rescisória ou sendo ela improcedente (2 anos
do transito em julgado), a coisa torna-se coisa soberanamente julgada.

e) Visa segurança jurídica e paz social:

f) Alegado em preliminar de contestação:

Relação continuativa (Art. 505): Existem certas relações que se alteram, mesmo após o transito em
julgado (altera a situação fática). Nesses casos cabe nova ação para julgamento (ex: No caso de
condenação ao pagamento de alimentos, o juiz deverá se atentar se a possibilidade e a necessidade de
pagar alimentos. Caso ele decida que sim, temos uma coisa julgada. No entanto, pode ocorrer de a
situação fática de modificar, como o pai ficar incapaz de pagar os alimentos). Nesses casos pode-se
propor ação para novo julgamento naquela situação nova. Isso porque a coisa julgada opera rebuc sic
stantibus, ou seja, opera enquanto a situação permanecer a mesma. Outra relação continuativa é a
revisional de aluguel, guarda, visita, etc.

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