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O problema do método
Nos dias de hoje, pela vitória da ciência sobre as outras do conhecimento, é
comum que a visão que estudiosos tenham sobre o humano enquanto ser seja
reducionista no sentido de que o homem é analisado como animal, no ponto de vista
puramente biológico. O problema deste tipo de análise já foi descrito por
Kierkegaard ao analisar o problema do pecado hereditário: antes de iniciar um
estudo, é importante conseguir compreender a qual área do conhecimento este
objeto pertence (isto é, se ele pertencer a alguma). Qualquer outra forma de análise
irá ser falha em compreender o objeto de estudo como um todo, o que a tornará
superficial e por vezes falha. A tentativa de compreender o ser humano não só falha
em explicar o comportamento da linguagem, das ideias e da cultura, como é
superficial e derivada de outras correntes filosóficas, como o conceito de meme
deriva da ideologia de Marx, inconsciente de Freud e o discurso de Foucault.1
Para facilitar a análise, irei separar o ser humano em alguns grupos que
sozinhos não o definem em sua totalidade mas a de concordar que caracterizam o
1
On human nature, Roger Scruton, SCIENCE AND SUBVERSION.
2
queria escrever mais só que fiquei sem tempo :|
homem: “o ser social”, “sua relação consigo mesmo” e “o estado contra a
responsabilidade, maturidade e família”.
1. O ser social
Tendo em vista que quase todos os problemas que a filosofia se dispõe a
analisar, assim como a ciência, as poesias ocidentais e a política, por exemplo,
envolvem a relação de um ser com os demais em seu convívio (ou além disso), não
tenho motivos para discordar que o ser humano é um ser social e totalmente
relacionado com o meio em que se encontra, já que mesmo o egoísmo randiano
trata-se sobre satisfazer os próximos para satisfazer-se a si mesmo. Também não
há dúvidas que, visto a necessidade de se relacionar, ter boas relações colabora
para a saúde mental de um indivíduo e, na maioria dos casos, a sua própria
felicidade. A capacidade de amar ou odiar um semelhante, as diferentes formas de
relacionamento, que vão de colegas de trabalho a esposa e filhos, evidenciam
também que existe a possibilidade de ter relações melhores ou piores.
Por algum motivo de desconhecimento do autor, o ser humano
contemporâneo é radicalmente político, no sentido de que ele está disposto a alterar
seus princípios em virtude de uma causa que ele considera nobre (ou não).
Protestos em nome do movimento Black Lives Matter, empresas de tecnologia
aconselhando e interferindo na política americana3 e o ativismo de empresas de
todos os setores em prol de causas sociais4 apenas evidenciam o quanto a vida
atual está relacionada com a política. Isso significa que a política assume um papel
de alta relevância na vida de boa parte das pessoas hoje, podendo assumir o papel
de deus do pós modernismo (no sentido que Nietzsche dá para deus ao criar o
super-homem). A relação desta introdução com o tópico 1 está no fato de que,
tendo esta relevância, é comum atualmente que uma pessoa encerre suas relações
com outra por determinada posição política contrária. Que fascistas ou nacional
socialistas devem ser boicotados, presos ou até mortos já caiu no senso comum e a
lei brasileira até reforça este tipo de comportamento5, porém é notável que, nas
últimas eleições americanas, o radicalismo político atingiu até mesmo as relações
pai e filho, com diversos artigos sendo produzidos defendendo este tipo de
3
Este trecho referência os aviso que o Twitter coloca nos tweets do atual presidente americano
Donald Trump. O valor verdade por trás daquilo que o presidente fala não é de interesse do artigo.
4
Apesar de muitos considerarem estas causas corretas, não deixa de ser verdade que elas foram
criadas por uma determinada corrente filosófica. Para o exemplo de ativismo corporativo abaixo,
cabe a relação da teoria de gênero com a Escola de Frankfurt e o Marxismo.
Kelleher, Patrick, et al. “Oreo Launches Rainbow-Coloured Biscuits to Celebrate LGBT Families – but
Not Everyone Is Impressed.” PinkNews, 13 Oct. 2020,
www.pinknews.co.uk/2020/10/12/oreo-rainbow-biscuits-parents-lgbt-kids-allyship-pride-lesbian-flag-gi
veaway-twitter/.
5
VESPA, M. What a Liberal Voter Reportedly Did to Her Conservative Dad Is Just Deplorable.
Disponível em:
<https://townhall.com/tipsheet/mattvespa/2020/10/26/is-this-the-worst-video-for-the-2020-election-cycl
e-n2578813>
● Um sistema educacional dominado por mulheres.
● Libertação da mulher e feminismo.
● A Guerra do Vietnã.
● A revolução sexual.
Conclusão
Apesar dos avanços civilizacionais no geral (ciência, por exemplo),
que é o ponto que provavelmente a maioria das pessoas analisam ao pensar
sobre o tema, o homem nascido no século XX/XXI é carregado de problemas
políticos, econômicos, sociais e psicológicos provindos seja devido ao
excesso de política em sua vida, seja da ausência de ideias a se seguir ou
seja da interferência excessiva do estado democrático, o que caracteriza um
retrocesso, em algum nível, nas áreas do conhecimento citadas acima.
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Em Democracia: O Deus que Falhou, do Hans-Hermann Hoppe, o autor conceitua preferência
temporal como: “Ao agir, o agente humano (o homem) sempre visa a substituir um estado de coisas
menos satisfatório por um estado de coisas mais satisfatório; ele, portanto, demonstra uma
preferência por mais bens – e não por menos bens. Além disso, ele sempre considera o momento
futuro em que os seus objetivos serão alcançados (i.e., o tempo necessário para realizá-los), bem
como a capacidade de duração de um bem. Ele, assim, também demonstra uma preferência
universal por bens presentes em vez de por bens futuros e por bens mais duráveis em vez de por
bens menos duráveis. Este é o fenômeno da preferência temporal.” Ao ser limitado pelo tempo, o
agente humano só trocaria bens presentes por futuros se ele pudesse esperar um aumento dos bens
futuros em relação aos atuais. A instabilidade democrática impossibilita este aumento.