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Quando Sócrates diz: “— Porém não foi isso o que te perguntei, voltaria ele a

discutir; não me referi à maneira, mas apenas se podes, no mesmo passo, não
saber o que sabes? Agora ficou patente que vês o que não vês, pois já
admitiste que ver é conhecer, e não ver é não conhecer. (PLATÃO. p.
41.2001). , Teeteto responde: “— Concluo que saiu o contrário do que eu
havia afirmado. (PLATÃO. p. 41.2001). No diálogo Teeteto vimos a tentativa de
se encontrar uma definição para o conhecimento. No diálogo, surge a questão
“O que é conhecimento?”. Onde Teeteto tenta responder, e Sócrates vai
mostrando através de indagações, a busca de explicações, levando Teeteto a
“parir” suas ideias, usando a liberdade que ele tem para pensar, e dessa forma
chegar a uma resposta.

Cada pessoa percebe o mundo de uma forma diferente, existem diversas


percepções de mundo, portanto isso torna o saber inviável. De acordo com
Sócrates, o conhecimento vem de fora, percebemos o mundo através das
sensações, mas isso ainda não é conhecimento, o conhecimento não é algo
individual.

Quando se fala de conhecimento, existe uma relação entre o sujeito e objeto, o


conhecimento sempre vai acontecer a partir deles. A firmeza do conhecimento
depende do potencial de posicionamento do sujeito, como ele pode admitir o
objetivo. Ou seja, o conhecimento se limita a depender de como o sujeito está
vendo o objeto. Influenciado por diferentes aspectos: geográfico, histórico,
cultural, psicológico etc. Imagine as diferentes descrições "verdadeiras" que
seriam dadas de uma torre eólica vista, por uma pessoa que está próxima dela,
por uma pessoa distante dela a 5 mil metros, e por uma pessoa que esteja em
cima dela. Qual dessas descrições mostraria a verdadeira torre?

Sendo assim, se o que define o conhecimento não é o seu objeto específico


como: “o sapateiro confeccionar sapatos e o marceneiro fabricar móveis”, o
conhecimento é definido além de seus objetivos. O conhecimento não se trata
somente de um objeto específico, trata-se da maneira que esse objeto é visto
ou retratado pelo sujeito. Quando determinada pessoa realiza uma ação,
automaticamente surge a necessidade de diversos saberes, por exemplo, para
um professor lecionar numa determinada disciplina , ele precisa dominar
diversas outras, para um jogador de futebol saber jogar, ele precisa possuir
conhecimento de diversas áreas, precisa estar no lugar certo, no momento
certo, para um médico exercer sua profissão, ele deve possuir diversas
habilidades e conhecer os diversos aspectos do corpo humano, um agricultor
para produzir na sua lavoura , precisa conhecer sobre o clima, os tipos de solo,
irrigação, assim, para o sapateiro confeccionar sapatos ele necessita e possui
outros conhecimentos além do ato de fazer sapatos. Sendo assim quando um
conhecimento é muito personalizado, sua amplitude é cada vez menor. É a
partir do que se aprende, que surgem outros saberes, dessa forma chegando a
determinado tipo de conhecimento.

René Descartes (1596-1650), importante filósofo francês, pôs em dúvida as


certezas de todos os conhecimentos. Na obra Discurso do método, ele relata a
sua experiência:

(...) porque os nossos sentidos nos enganam às vezes, quis supor que não
havia coisa alguma que fosse tal como eles nos fazem imaginar. E, porque há
homens que se equivocam ao raciocinar, mesmo no tocante às mais simples
matérias de Geometria, e cometem aí paralogismos, rejeitei como falsas,
julgando que estava sujeito a falhar como qualquer outro, todas as razões que
eu tomara até então por demonstrações. E enfim, considerando que todos os
mesmos pensamentos que temos quando despertos nos podem também
ocorrer quando dormimos, sem que haja nenhum, nesse caso, que seja
verdadeiro, resolvi fazer de conta que todas as coisas que até então haviam
entrado no meu espírito não eram mais verdadeiras que as ilusões de meus
sonhos. Mas, logo em seguida, adverti que, enquanto eu queria assim pensar
que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse
alguma coisa. E, notando que esta verdade: eu penso, logo existo era tão firme
e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não
seriam capazes de a abalar, julguei que podia aceitá-Ia, sem escrúpulo, como o
primeiro princípio da Filosofia que procurava.

Por fim, o conhecimento é necessário para o homem, e permite que ele seja
um ser pensante, onde através dele pode conhecer melhor o mundo e
realidade que o cerca. É o conhecimento que fundamenta todas as nossas
ações, independentemente do seu objeto específico, devemos sempre buscar
o conhecimento para a nossa evolução como ser humano.

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