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RESENHA 1: Crime e castigo na cidade: Os repertórios da justiça e a

questão do homicídio nas periferias de São Paulo

Santis Feltran, Gabriel. CRIME E CASTIGO NA CIDADE: Os repertórios da


justiça e a questão do homicídio nas periferias de São Paulo. Caderno
CRH, vol. 23, núm. 58, janeiro-abril, 2010, pp. 59-73 Universidade Federal da
Bahia Salvador, Brasil

A população das periferias de São Paulo, encaram diversos cenários de


injustiça ao longo de seus dias, podendo acontecer em diferentes situações. A
solicitação insistente e urgente de justiça vai depender da adversidades que
tenha acontecido. Existe diversos exemplos dessas injustiças, mas no fim para
os sujeitos sempre tem a chamada “justiça divina”. Porém, se uma pessoa foi
roubada, agredida, coagida ou morta (e as pessoas que cometeram esses
crimes não foram policiais), terá que ser feita uma denúncia ao local mais
próximo.

Dessa maneira, além do Estado e da justiça, uma pessoa que mora em uma
dessas periferias do Estado tem hoje como constatar instâncias de autoridade
capacitados para fazer justiça: membros do crime, e sobretudo, do PCC, aos
poucos reconhecidos como zeladores da “lei” (ou “ética”, ou “proceder”),
apoiada em hábitos que possuem a conduta dos “bandidos” onde quer que eles
morem, ou por pessoas das favelas onde eles são apontados como
autoridades; os meios de comunicação, especialmente a televisão (a partir de
programas populares e até jornais, que se mostra os dramas e injustiças
vividos e, a partir daí, tentar obter alguma restauração); e por fim, se mantém
estável sobre todas elas, seja a força divina ou a compensação da redenção a
aquelas pessoas que foram injustiçadas pela vida.

A presença desses elementos que assegura a justiça, ao contrário do que


muitos pensam, não é vista com uma coisa ruim do Estado de direito, ou da
legitimidade oficial. Essas pessoas que moram nas periferias é o grupo social
mais animado em fazer o uso da lei oficial para atestar seus direitos mínimos,
que estão em constante ameaça.
Esse assunto, é visto como uma discussão recente pelo autor na literatura
acadêmica e também no debate público, apesar de ter aumentado comentários
em explorações de campo e que há ligação com a discussão pública sobre a
diminuição das taxas de homicídio no estado de São Paulo. O segundo ponto,
seria por qual motivo a coerência interna que possui o mecanismo é
radicalmente diferente a da lógica do direito democrático e, apesar disso,
acontece que ela se transformou em muito mais operacional nas periferias da
cidade, precisamente nas últimas décadas, época de construção formal de uma
justiça pública democrática no país.

No caminho dessa pesquisa, o conhecimento sobre política é importante, e


sempre foi entendida, em sentido amplo, como o passatempo de lutas que se
manifesta no aspecto da cena pública, em sua conservação e alteração.
Analisar a política em cima das periferias urbanas, logo, acarreta estudar as
formas de construção da legitimidade de atores e ações tanto nos aspectos
sociais quanto nas figurações do argumento público e, por fim, na criação
estatal.

A relevância da migração para o sudeste, os efeitos da constituição de um


proletariado urbano e suas consequências metropolitanas, assim como as
características do grupo operário e as mudanças na religião católica, no
ambiente urbano, foram assuntos fluidos. As favelas, as opções de
infraestrutura urbana e o déficit habitacional dos centros envolveram
intelectuais e militantes. A movimentação das concentrações desses territórios,
no anos de 1980, transportou uma parte importante do assunto para o tema
dos movimentos sociais urbanos e, no próximo período, para a atenção sobre a
construção democrática, a atuação e as políticas públicas.

A ideia de “violência” e as informações de um mundo criminal surgiram, em


vários estudos recentes nas periferias de São Paulo do autor, de modo que o
mundo vinculado precisamente as mudanças de campo estruturais da vida
comum.

O modelo de depoimentos de pessoas que moram nas periferias sobre o


“mundo do crime” mudou. Coisas que antes era mais próximo as “famílias” e
mais distantes dos “trabalhadores” começou a aparecer no dia a dia de todos
da nova geração. Meios de organizações, que antes eram mais restritos as
prisões, receberam conexão nos aspectos sociais das favelas. Regras que
antes eram para o mundo daqueles considerados “bandidos” agora aborda
também a comunicação e de jovens não inseridos nos mercados ilícitos.
Atividades, que antes externas a “comunidade” agora passa a ser lidas como
típica dela.

O “mundo do crime” tem uma filosofia dos valores morais, uma “lei”, e, para
considerar as mudanças de caminho no cumprimento deles, em São Paulo
criou-se, no período passado, uma naturalização especifica.

Em situações de primeira vez como roubar o dinheiro das crianças ou até


mesmo alguém que incomodou outra pessoa, teve suavidade na discussão do
assunto, e foi dada uma segunda chance a pessoa que cometeu o ato. Mesmo
que tenho havido “conversa”, aconteceu no próprio local (na “quebrada”) que o
conflito se resolveu. Houve a “lei” norma local, nos casos citados, apesar de ela
se apoiar em conceitos maiores, compartilhado entre muitas “quebradas”: o de
acalmar as confusões, podendo evitar um ato privado estremo, que acabaria
causando uma serie de vinganças e violências letais entre as próprias pessoas
que moram na favela.

Adolescentes que pegam dinheiro indevidamente acumulado pela venda de


drogas acabam fazendo algo de errado, junto com o próprio ato causando dano
aos princípios do “crime”, se são julgados, acabam recebendo na maioria das
vezes castigos severos no lugar de apenas advertências.

As normas são reforçadas pela ameaça forte de retaliação “radical” no caso de


nova vingança.

É justamente por desviar a cadeia de vinganças privadas que o mecanismo das


“conversas” certifica refletir, mais definitivamente, na queda das taxas de
homicídio em São Paulo.

Se cita 3 causas para a queda da taxa de homicídio em São Paulo, de acordo


com os moradores de favelas e periferias da cidade, que são muito pouco
falados nas conversas públicas. A primeira causa é: “porque já morreu tudo”; a
segunda é: “porque prenderam tudo”, e a terceira, mais recorrente, é: “porque
não pode mais matar”.

A causa “morreu tudo” se explica, na visão dos moradores por dois fenômenos:
porque morreu gente demais ali, e que, assim, uma parte das mortes da cidade
era de pessoas próximas e o outro é que aquelas pessoas que viviam no
“mundo do crime”, já morreu faz algum tempo.

“Prenderam tudo” revela que aquelas pessoas que matavam e que não foram
mortas não estão mais atuando no meio e sim, que estão nas cadeias. O que é
uma verdade, por que a política de encarceramento cresceu nos últimos quinze
anos, no Estado.

E a terceira que é “não pode mais matar”, o que se expõem é um advento


instituído nos territórios em que o PCC no meio: a morte de uma pessoa só se
determina na presença de outros indivíduos, comprovada por tribunais junto de
pessoas reconhecidas do “Comando”.

De acordo com os etnógrafos urbanos, os “debates feitos pelo PCC seria, a


principal causa para a queda dos homicídios do estado de São Paulo. Existem
também outras causas como desarmamento, subnotificação, mudança
demográfica, melhorias na estrutura policial e etc.

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