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Sobre o “descobrimento” e o período colonial do Brasil

Fabio Alberto de Matos 1

Para responder aos dois questionamentos, proponho uma abordagem simples, holista e
opinativa sobre o assunto, separando as questões e apontando os seus significados para o meu
entendimento atual acerca do tema. Como fundamentação teórica, tomo a liberdade de utilizar
como apoio dois materiais didáticos que, a princípio, não estão disponíveis para o acesso
público na internet, podendo ser apresentados ao avaliador, caso necessário seja.
O evento popularmente conhecido como “Descobrimento” do Brasil, ocorreu no dia
22 de abril de 1500, quando Pedro Álvares Cabral aportou em território ameríndio.
Sucintamente falando, este acontecimento histórico deu-se de maneira egocêntrica e violenta
por parte dos europeus. Estes, que já tomaram conhecimento (oficial) do continente
Americano em 1492, através da expedição de Cristóvão Colombo (em nome dos reis
espanhóis e, certamente, rivais dos portugueses), buscavam riquezas em territórios afastados
e, aos seus olhos, desconhecidos.
Os estrangeiros que ancoraram em nossa costa, não compreendiam e muito menos
respeitavam as diferenças vistas em nossos antepassados. Suas fisionomias, linguagens,
costumes e religiões eram tidas como bárbaras, pagãs, irracionais, ignorantes e selvanges – e
lamentavelmente, como motivo suficiente para o genocídio. Não éramos humanos aos seus
olhos. Este prisma racialmente intolerante, que possuía uma aresta no sagrado e outra no
econômico, formou o polígono que cegou-os o bastante para produzirem um dos maiores
movimentos aculturais da História. Segue-se uma séria de dominações, destruições e saques,
alicerçados pela escravização e pelo extermínio. Além da violência cultural, também
houveram milhares de vítimas de epidemias, por doenças trazidas nas caravelas. Sua terra
natal enriqueceu e orgulhou-se perante a Europa, por sobre o empobrecimento e a humilhação
da nossa.
Aos olhos dos filhos da terra colonizada, uma catástrofe anormal acontecia.
Entretanto, como afirmou Ailton Krenak, “a história dos povos indígenas é uma história de
resistência”, e assim o foi. Ao longo dos muitos anos, percebendo as movimentações
escravagistas e aniquiladoras, alguns povos isolaram-se em regiões distantes (e mais pobres),
enquanto outros optaram pelo enfrentamento físico (LIMA; SCHENA, 2021). Dos milhares
indígenas que ocupavam o atual território brasileiro na época de Cabral, restam hoje cerca de

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Graduando no curso de História – Bacharelado pela Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Estando sob
o número de matrícula: 138972. E-mail: fabio-66–@hotmail.com.
300 a 350 mil (LIMA; SCHENA, 2021). Número ínfimo, mas significativo, pois foi graças às
suas resistências que hoje estão preservadas inúmeras heranças biológicas, sociais e culturais
dos antigos protetores dessa terra.
O período que seguiu ao evento narrado, é classificado de Brasil Colonial, ou Brasil
Colônia. Abreviando este tempo histórico para uma concisa explicação, foi durante tal época
que Portugal ocupou o território brasileiro, explorando este e o seu povo em busca de lucro
financeiro. Este sistema ocorreu, com suas particularidades, em todo o território da América
Latina, América Central e do Norte, havendo, em todas, relações econômicas e culturais entre
as metrópoles exploradoras e as suas respectivas colônias exploradas. A dominação
portuguesa principiou com um longo extrativismo de bens naturais, como por exemplo, o
pau-brasil, seguido pela produção de cana de açúcar e importação de negros escravizados da
África (LIMA; SCHENA, 2021).
O destino de tudo produzido e explorado nas Américas era um só: a Europa. Essa
mercantilização dos produtos coloniais sustentou, com o decorrer dos anos, o mercado do
ainda nascente capitalismo, através da agroindústria açucareira – uma das grandes marcas da
colonização que sofremos. Outra aparência importante, é que essa economia, que, na Idade
Moderna, não possuía liberdade econômica, pavimentou-se em um sistema de privilégios em
que os reis vendiam direitos de exclusividade para a burguesia mercantil – tanto para o
comércio, quanto para a produção (LIMA; SCHENA, 2021).
Os indígenas catequizados, a partir de 1757, viram o suposto fim de sua escravidão
legal. Os que seguiram na resistência ativa, foram legitimamente massacrados durante todo o
período colonial, através da “guerra justa”. Os negros, por sua vez, sofreram com a escravidão
legal no decurso de todo o período colonial e imperial, até 1888, quando conquistaram a
liberdade oficial, através da assinatura da Lei Áurea, pela Princesa Isabel, para então serem
legalmente abandonados e marginalizados enquanto indivíduos. Em direção às Américas,
mais de 15 milhões de homens e mulheres foram arrastados da África. Dentre este obsceno
número, cerca de 40% possuíam como destino, o Brasil (LIMA; SCHENA, 2021).
Em síntese, o período colonial decorreu até 1822. Entretanto, os movimentos
nativistas e a vinda da família real portuguesa, em 1808, já insinuaram o fim desse sistema –
cada um com as suas particularidades, obviamente. Enfim, a Proclamação da República foi
colocada em prática pelas elites dominantes, que estavam mais preocupadas com o
fortalecimento político e social delas do que com a melhoria da condição social das camadas
populares (LIMA; SCHENA, 2021). Tanto o dito descobrimento, quanto o período colonial
que o decorreu, foram momentos difíceis para aqueles que estavam nas mãos das elites, e de
toda população que entrava em condição privilegiada de cidadão livre – salvo as mulheres e
os indivíduos das classes mais pobres. Os europeus, de forma geral, estiveram desde o
princípio convencidos de sua missão civilizatória e de sua soberania espiritual, cultural e
intelectual. Acreditavam compor um instrumento divino de progresso histórico, imparável por
forças naturais (ALVES, 2021). Este pensamento eurocêntrico, de que os homens e a natureza
das terras conquistadas deveriam ser vistos como “coisas” passíveis de extorsão e modelagem
para o padrão da Europa (ALVES, 2021), fundamentou e aplicou um sistema de proporções
continentais de exploração, que se sucedeu do século XVI em diante na África, no Brasil e na
América como um todo.

Referência

ALVES, Francisco das Neves Alves. O olhar estrangeiro e as diversidades/identidades


brasileiras. In: Universidade Federal do Rio Grande – FURG, Disciplina “Imagens do Brasil:
Documentos e Mídias'', curso de História – Bacharelado, 2021.

LIMA, Ederson Prestes Santos; SCHENA, Denilson Roberto. História do Brasil – Turma
2021A. In: Instituto Federal do Rio Grande do Sul – IFRS, Curso de Extensão. 2021.
Disponível em: https://moodle.ifrs.edu.br/course/view.php?id=3129. Acesso em: 12 de
novembro de 2021.

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