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A origem do fogo

Fabio Alberto de Matos 1

Este documento trata-se de uma interpretação do trecho que comenta a origem do


fogo, no capítulo Mitos Cósmicos e Mito da Criação, da obra A Religião dos Tupinambás, de
Alfred Métraux, como última avaliação da disciplina de História da Cultura Indígena,
ministrada pelo Dr. Prof. Marlon Pestana, do Cursos de História Bacharelado e Licenciatura
da Universidade Federal do Rio Grande – FURG.
De acordo com Métraux, dois mitos que retrataram o nascimento do fogo foram
presentes entre os tupinambás: o primeiro, descreve que Monan resguardou o objeto em
questão “[...] no dorso de uma preguiça, de onde o tiraram os dois irmãos, Tamendonare e
Aricoute” (MÉTRAUX, 1950, p. 97), na intenção de dá-lo aos homens; o segundo, no
entretanto, mostra-nos que o fogo, para estes indígenas, foi trazido à luz do conhecimento dos
demais por um caraíba, Maire Monan, ou Bicbotou, ensinando-lhes como criá-lo e utilizá-lo
(MÉTRAUX, 1950).
Já entre os grupos tupi-guaranis, este processo deu-se de maneira muito diferente. O
autor explica que “os apapocuvas atribuem a aquisição do mesmo à Ñanderiqueý, que,
auxiliado pelo sapo, conquistou-o aos abutres” (Ibid, p. 98). Uma versão similar foi contada a
Nordeskiöld, quando este estava entre os “guaraius”, em que os chiriguanos enxergavam,
semelhantemente, no sapo, o aliado que lhes teria dado o fogo, sem haver os abutres na
história. Portanto, Alfred Métraux, conclui que o conhecimento dos tambés e dos chipaias
coincide com o dos guaraius e dos apapocuvas, no ponto em relação às aves detentoras do
fogo e o “modo que o mesmo foi roubado” (Ibid, 1950, p. 98).
Finalmente, o autor confirma-nos que o antigo tema tupi, no que concerne ao rapto do
elemento, refundiu-se da mitologia tupinambá para o todo, e que “sua originalidade explica-se
quer por empréstimo, quer por criação independente e inteiramente local” (Ibid, p. 98). Em
síntese, percebemos que, independente de seu local específico de surgimento, o conhecimento
indígena transcende o físico do homem e o seu mundo material, dando-nos uma verdadeira
lição de auto-conhecimento ancestral e natural – peculiar em relação ao mundo exterior, e,
melhor de tudo, nosso, um conhecimento verdadeiramente brasileiro.

Bibliografia:

1
Graduando no curso de História – Bacharelado pela Universidade Federal do Rio Grande – FURG, sob o
número de matrícula:138972. E-mail: fabio-66–@hotmail.com.
MÉTRAUX, Alfred. A religião dos Tupinambás e suas relações com as demais tribus
Tupi-Guaranis. Brasiliana. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1950.

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