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Alynne Affonso
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SUMÁRIO
Introdução ................................................................................................................... 2
Objetivos e Área de Estudo ....................................................................................... 3
Objetivos ................................................................................................................... 3
Caracterização Fisiográfica e Geomorfológica da Área de Estudo ............................ 3
Caracterização Climática da Área de Estudo ............................................................ 6
Caracterização Oceanográfica da Área de Estudo .................................................... 7
Trabalhos Sobre Dinâmica de Praias ........................................................................ 8
Metodologia .............................................................................................................. 10
Conclusão ................................................................................................................. 55
Bibliografia ................................................................................................................ 57
1
1. INTRODUÇÃO
De acordo com Komar (1976, 1983), King (1972) e Davies (1986) a praia se
estende desde o ponto onde as ondas começam a interagir com o fundo marinho até a
linha de vegetação permanente (limite de ondas de tempestade), ou onde haja
mudanças bruscas na fisiografia.
Ao longo do litoral brasileiro este cenário não é diferente, pois que muitos
estudos têm evidenciado alterações nos ambientes praiais, particularmente os
relacionados aos fenômenos de progradação e recuos erosivos de linha de costa.
2
2. OBJETIVOS E ÁREA DE ESTUDO
2.1 Objetivos
Para tal, serão realizados perfis topográficos transversais à praia, em toda sua
extensão, que serão avaliados temporalmente em conjunto ao diagnóstico
meteorológico, responsáveis pela variação no regime de ondas e sua incidência direta
na praia, determinante no transporte sedimentar e variabilidade apresentada pelos
perfis praiais. Coletas de sedimento proporcionarão os dados granulométricos, que
exercem importante efeito sobre o perfil.
3
Figura 1: Detalhe do município de Caraguatatuba no estado de São Paulo, proximidades
da praia da Mococa e Ilha do Tamanduá e Praia da Mococa em detalhe
4
mudança geral da linha de costa, passando de NE-SW na parte sul para E-W na
porção norte.
Numa classificação mais recente, Ponçano et al. (1999), que através do estudo
de praias considerando as tendências resultantes da deriva litorânea, levou em
consideração os processos sedimentares ao longo de dezenas de anos na costa,
enquadra Mococa no compartimento “Toque-Toque a Tabatinga” (figura 2). Dentro
deste compartimento as praias são dividas em outros 4 setores: praias continentais e
insulares do Canal de São Sebastião, praias expostas ao oceano na ilha de São
Sebastião, praias da planície costeira de Caraguatatuba e praias entre Massaguaçú e
Tabatinga. Mococa se encontra nesta última repartição, na porção mais ao norte, com
características similares ao compartimento Tabatinga-Picinguaba, com praias de bolso
localizadas em baías e enseadas e características morfodinâmicas variadas (Erosão e
Progradação do Litoral Brasileiro).
5
Figura 2: Compartimento Toque-Toque – Tabatinga. 9a indica as praias do da parte
continental do Canal de São Sebastião e Ilha de São Sebastião. 9b são os setores da
planície costeira de Caraguatatuba e, ao norte, o setor que contém as praias de
Massaguaçú e Tabatinga.
6
Peruíbe) e Litoral Sul (Juréia a Ilha do Cardoso) (Erosão e Progradação do Litoral
Brasileiro).
Os trens de onda que atingem a costa de São Paulo não estão associados aos
ventos locais, mas com os ventos de origem oceânica. A célula de origem leste de
ventos prevalece durante maior parte do período no litoral paulista, e associados a
estes ventos estão as ondas de alturas entre 0,5 e 1,0 metro. Já para os ventos
gerados a sul, estão associadas ondas de alturas acima de 2,0 metros (Ponçano,
1999).
7
3. TRABALHOS SOBRE MORFODINÂMICA DE PRAIAS
8
Marquez-Karniol, em sua pesquisa num segmento de praia da Ilha Comprida,
litoral sul do Estado de São Paulo, verificou que os sistemas de onda de sul e leste
são responsáveis pelos eventos erosivos e deposicionais verificados no segmento
estudado,assim como a alternância da corrente de deriva litorânea para SW e NE na
porção sul da Ilha Comprida.
9
4. METODOLOGIA
10
Figura 4: Levantamento realizado em campo, utilizando mira topográfica e estádia
Os pontos foram localizados junto a marcos fixos (ou seja, que não poderiam ser
retirados tão facilmente do lugar em que estão) e depois fotografados. Os perfis
sempre devem estar perpendiculares à praia, seguindo a orientação desses pontos
fixos escolhidos. As orientações dos pontos escolhidos são 200°N, 180°N e 215°N,
respectivamente, para os pontos Sul, Centro e Norte (figura 5) e foram obtidas através
de bússola com orientação transversal à direção da praia.
11
O nivelamento é realizado medindo-se a diferença entre a altura do nível e a
superfície do terreno ao longo do perfil. Dentro de um perfil, com o uso de uma trena,
procurou-se fazer com que o espaçamento fosse a cada 2 metros nos perfis 1 e 2 e a
cada 5 metros no perfil 3. A diferença entre as marcações superior e inferior da mira
multiplicada por 100 fornece a distância horizontal corrigida, usada para a confecção
dos perfis.
Portanto:
Validação do ponto: (Fio superior – Fio médio) = (Fio médio – Fio inferior)
A referência de nível 1980L do IBGE próxima à praia permitiu que todos os perfis
fossem referenciados, permitindo-se dessa maneira que todos os perfis fossem a ela
referenciados, obtendo-se a variação real de altitude dos perfis ao longo do tempo, e
não de cotas relacionadas a um marco hipotético.
12
sacos plásticos e identificados com o ponto e a data de coleta. Em laboratório, eram
tratados e preparados para o peneiramento a seco, descrito por Suguio (1973).
Com base neste método, as amostras foram secas em estufa, a 60°C (para evitar
endurecimento do material, nem modificar os argilo-minerais sensíveis a altas
temperaturas), durante 24 horas. Deste total, pesavam-se 50 gramas, quando a
quantidade de sedimento coletado era suficiente (o peso exato era anotado na ficha de
Análise Granulométrica por Peneiramento e Pipetagem do Laboratório de
Sedimentologia do IOUSP, na lacuna Peso Antes da Separação), e depois,
acondicionados em béqueres identificados com o número do campo e número da
amostra.
Após este passo, o sedimento foi tratado com Ácido Clorídrico (HCl) a 10%, em
capela, para dissolução de carbonatos (e posterior cálculo do teor de Carbonato de
Cálcio). Após 24 horas de ataque pelo HCl, as amostras eram lavadas para remoção
do ácido, e novamente postas para secagem na estufa, por mais um dia. Este método
é descrito em Gross (1971).
2.830 – 2.000
2.000 – 1.140
1.410 – 1.000
1.000 – 0.707
0.707 – 0.500
0.500 – 0.354
0.354 – 0.250
0.250 – 0.177
0.177 – 0.125
0.125 – 0.086
13
O conjunto era colocado no vibrador de peneiras durante 20 minutos. O total
retido em cada uma delas era pesado e anotado na ficha de Análise Granulométrica.
Classificação:
Escala utilizada para caracterização do tamanho das partículas. Folk & Ward, 1957 in Suguio,
1973
A escala fi (φ), introduzida por Krumbein (in Suguio, 1973), é o logaritmo negativo
de base 2 da granulometria em milímetro. Na escala φ, todos os intervalos são
eqüidistantes entre si, e a interpolação aritmética é direta, entre os diâmetros dos
grãos na escala φ nas curvas acumulativas.
O desvio padrão (σ1 ) pode ser utilizado como uma medida de dispersão para o
grau de seleção das amostras. A relação fornecida por Folk & Ward (1957), conhecida
por desvio padrão gráfico inclusivo, utilizando os percentis de 84% e 16% (sugeridos
14
inicialmente por Inman, fornecem o desvio padrão, sendo que 2/3 da amostra se
situam entre estes valores) e 95% e 5% (estes englobam toda a amostra) revela
resultados bastante próximos do desvio padrão matematicamente calculado. Folk &
Ward elaboraram a seguinte escala para o grau de seleção dos sedimentos:
Escala utilizada para caracterização do grau de seleção dos sedimentos. Folk & Ward,
1957 in Suguio, 1973
Escala utilizada para caracterizar o grau de assimetria dos sedimentos. Folk & Ward, 1957 in
Suguio 1973
15
4.5 Levantamento de Ondas e Marés
Os dados foram obtidos do site http://www.surfguru.com.br, a partir do Modelo de
ondas Wavewatch do NOAA, que usa como fonte de dados o modelo atmosférico
Global Forecasting System (GFS) do NOAA. Esta previsão enfoca o comportamento
das ondas oceânicas, sem que haja refração para as zonas costeiras.
5. RESULTADOS
16
valores de umidade relativa. O primeiro episódio de ZCAS (Zona de Convergência do
Atlântico Sul) daquele ano se iniciou no dia 22, causando chuvas na região de
Ubatuba, com uma média maior que a esperada para o mês; porém, os perfis
coletados não chegaram a registrar esse fenômeno.
Dos sistemas frontais que atuaram no Brasil em Outubro, apenas o terceiro, o
quarto e o quinto alcançaram o litoral do Sudeste, todos após a coleta de dados
realizada no dia 10, não sendo, desta maneira, aproveitados para a análise e
interpretação destes dados. Este quinto sistema frontal, associado ao evento de ZCAS
anteriormente citado, deu início à estação chuvosa no Sudeste.
No mês de Novembro de 2007, 10 sistemas frontais atuaram no Brasil, número
acima do normal esperado para o período; o primeiro e o nono estiveram associados a
ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul). Cinco deles alcançaram o litoral norte
de São Paulo.
O primeiro, que alcançou o litoral de Campos (RJ) deu origem ao episódio de
ZCAS entre os dias 04 a 07 de Novembro.
A segunda frente atuante estacionou sobre a região de Ubatuba e acoplou-se a
ZCAS, causando pouca chuva e queda acentuada da temperatura.
O quarto sistema, que se deslocou até o litoral do Rio de Janeiro, registrando
acumulados significativos no litoral paulista e fluminense, sendo que em Ubatuba, nos
dias 12 e 13 foram observados 94 mm de chuva.
O sexto registro de frente atuante deslocou-se com velocidade até o litoral do
Espírito Santo, onde se posicionou, causando chuva e ventos fortes.
A formação de um sistema de baixa pressão sobre o oceano deu origem ao
nono sistema frontal, com características subtropicais. Esta frente avançou de Iguape
ao sul da Bahia, onde se posicionou; este evento deu origem a outro episódio de
ZCAS.
No Sudeste, em geral, os índices de precipitação estiveram acima da média.
O mês de Dezembro de 2007 foi marcado pela ocorrência de episódios
extremos típicos do estabelecimento da circulação de verão sobre a América do Sul.
Contudo, as chuvas estiveram abaixo dos valores climatológicos em grande parte do
Brasil, especialmente nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste. Esta situação foi
observada durante quase todo o ano de 2007. Foi observada ainda uma diminuição da
atividade frontal sobre o Brasil, especialmente no decorrer da segunda quinzena,
quando configuraram-se três episódios da Zona de Convergência do Atlântico Sul
(ZCAS).
De modo geral, as chuvas ocorreram abaixo da média histórica em grande
parte da Região Sudeste. Contudo, a atuação de sistemas frontais e a configuração de
17
dois episódios de ZCAS proporcionaram chuva forte e rajadas de vento em várias
localidades.
Sete sistemas frontais atuaram no País, durante o mês de Dezembro, número
acima do esperado para a climatologia. Destes sistemas, o primeiro e o terceiro
avançaram até o litoral da Região Sudeste, gerando queda de granizo, chuva forte e
rajadas de vento.
O terceiro sistema frontal deu origem ao primeiro episódio de ZCAS do mês,
causando chuva acumulada e de forte intensidade no Sul e Sudeste.
Na segunda quinzena do mês de Fevereiro, destacou-se a atuação da Alta da
Bolívia e dos Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN), particularmente entre os dias
20 e 24, quando as chuvas foram mais acentuadas sobre as Regiões Centro-Oeste,
Sudeste, Nordeste e Norte do Brasil. Neste período, a ZCAS voltou a se configurar
sobre a Região Sudeste.
No dia 21, a proximidade de um sistema frontal posicionado sobre o oceano e
os efeitos termodinâmicos ocasionaram forte instabilidade atmosférica sobre o Estado
de São Paulo. A partir deste dia, configuraram-se mais dois episódios de ZCAS, com
ocorrência de chuvas mais acentuadas especialmente nas Regiões Sudeste e
Nordeste.
Na segunda quinzena do mês nenhum sistema frontal alcançou o litoral norte do
estado de São Paulo.
Entre Abril, Maio e Junho de 2008 as frentes frias passaram a ganhar mais
intensidade especialmente entre Maio e Junho, com a ocorrência das primeiras
friagens do ano. Não ocorreram mais episódios de ZCAS.
18
Este segundo sistema, após o dia 11, posicionou-se sobre águas oceânicas,
ondulando entre o litoral de São Paulo e a região Sul. A quarta frente causou o
primeiro episódio de friagem de junho, e deslocou-se com velocidade pelo litoral do
Sudeste, estacionando sobre Vitória, o mesmo comportamento do quinto sistema
frontal observado neste mês.
Para Outubro de 2008, embora cinco sistemas frontais tenham avançado até o
litoral da região Sudeste, os totais mensais de precipitação estiveram abaixo do
esperado na maior parte da região, exceto em áreas isoladas de São Paulo e Rio de
Janeiro. Ao todo, oito sistemas frontais atingiram o país.
No dia 04 de Outubro de 2008 uma onda frontal com características subtropicais
formou-se avançando pelo litoral até Cabo Frio; em seu processo de formação, este
evento provocou chuva abundante em todo o Estado de SC e em parte dos estados do
Sudeste.
Entre os dias 06 e 09 de Outubro uma frente fria atuou entre Argentina e RJ,
apresentando o deslocamento do anticiclone pós-frontal de forma oceânica, causando
chuvas especialmente entre o sul e leste de SP. Na retaguarda dessa frente fria a alta
pressão pós-frontal se fortaleceu e atingiu o valor de 1036 hPa, com lento
deslocamento para nordeste pelo Atlântico. A massa de ar frio associada a este
sistema provocou queda de temperaturas na Região Sul e em parte da Região
Sudeste.
No período entre 12 e 19 de Outubro um novo sistema frontal avançou pelo litoral
até Campos (RJ). Este sistema frontal ficou estacionário no sul do Rio Grande do Sul
até o dia 14, logo começou a evoluir lentamente para norte chegando a RJ no dia 19.
A partir do dia 17, quando a frente chegou a SP, organizou-se um canal de umidade
em direção ao interior do continente, configurando-se o primeiro episódio de ZCAS
desta estação chuvosa. Este sistema frontal também penetrou pelo interior da Região
Sul, de MS e de SP, provocando grandes acúmulos de chuva, além de tempo severo.
O décimo sistema frontal surgiu de uma onda frontal subtropical (OFST) durante o
dia 26. Pelo litoral, o ramo frio desta onda avançou desde Rio Grande (RS) até Vitória
(ES). Em seu percurso, este sistema provocou temporais com grandes impactos
significativos na população da área afetada.
O décimo primeiro sistema frontal também surgiu de uma OFST que atuou no
litoral até Campos (RJ), no dia 31.
19
Em Novembro de 2008, segundo dados do INMET, para a região de Ubatuba
foram registrados totais diários de 156,4 mm de chuva, no dia 11.
Entre os dias 14 e 16 de Novembro de 2008, uma frente fria chegou pelo litoral até
Ubatuba, sem influenciar o tempo significativamente no interior do continente. Este
sistema foi a única a atuar no Brasil e, no oceano, foi uma das responsáveis por
manter a ZCAS ativa, além de causar acumulados significativos de chuva no litoral
paulista.
20
Em Janeiro de 2009 as chuvas estiveram acima da média histórica graças a
atuação de dois episódios de ZCAS. No estado de São Paulo, a formação de intensas
áreas de instabilidade no final de Janeiro estiveram associadas principalmente ao
deslocamento para leste do escoamento difluente da Alta da Bolívia.
Três sistemas frontais atuaram no Brasil, número abaixo da média para a
climatologia.
O primeiro sistema frontal originou-se de um centro de baixa pressão que se
formou no litoral do Paraná no dia 03. O ramo frio associado deslocou-se desde
Paranaguá-PR até o Rio de Janeiro-RJ, entre os dia 03 e 04. A permanência deste
sistema próximo ao litoral do Rio de Janeiro e Espírito Santo favoreceu a organização
do primeiro episódio de ZCAS.
No dia 20, um centro de baixa pressão configurou-se adjacente ao litoral de São
Paulo dando origem ao terceiro sistema frontal com características subtropicais. O
ramo frio associado deslocou-se desde Santos-SP até Campos-RJ, onde se
posicionou no dia 23. Este sistema frontal interagiu com a banda de nebulosidade
associada ao segundo episódio de ZCAS.
Em Fevereiro de 2009, os totais pluviométricos estiveram abaixo da média. Um
único episódio de ZCAS contribuiu com chuvas apenas no norte do estado de São
Paulo, entre 12 e 16 de Fevereiro. Os sistemas frontais estiveram restritos apenas à
região Sul
No mês de Abril de 2009, os sistemas frontais continuaram restritos à região Sul do
país, em número abaixo do esperado para a climatologia do período. Um episódio de
ZCAS contribuiu com chuvas acima da média na região Sudeste, principalmente a
partir do dia 23.
No mês de Maio de 2009, os índices totais pluviométricos estiveram dentro do
esperado para o período.
Em Junho, as chuvas estiveram abaixo do esperado e os totais mensais ocorreram
abaixo da climatologia.
Para Julho, foram registrada a incursão de 4 sistemas frontais, porém os dados
disponíveis não registram se algum deles alcançaram o litoral norte de São Paulo.
Para Fevereiro, Março, Abril, Maio e Junho não foram encontrados dados de
entrada de frente fria. O boletim Climanálise, principal fonte de obtenção deste tipo de
informação para a obtenção deste relatório, até a data de sua confecção,
disponibilizou edição até o mês de Janeiro de 2009.
21
5.2 Fênomenos El Niño e La Niña
O El Niño representa o aquecimento anormal das águas superficiais e sub-
superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. As anomalias do sistema climático
conhecidas como El Niño e La Niña representam uma alteração do sistema oceano-
atmosfera no Oceano Pacífico tropical, com conseqüências no tempo e no clima em
todo o planeta. Nesta definição, considera-se não somente a presença das águas
quentes da Corrente El Niño, mas também as mudanças na atmosfera próxima à
superfície do oceano, com o enfraquecimento dos ventos alísios (que sopram de leste
para oeste) na região equatorial. Com esse aquecimento do oceano e com o
enfraquecimento dos ventos, começam a ser observadas mudanças da circulação da
atmosfera nos níveis baixos e altos, determinando mudanças nos padrões de
transporte de umidade, e portanto variações na distribuição das chuvas em regiões
tropicais e de latitudes médias e altas. Em algumas regiões do planeta também são
observados aumento ou queda de temperatura (Fonte: CPTEC/Inpe).
O La Niña representa um fenômeno oceânico-atmosférico com características
opostas ao El Niño, ou seja, esfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano
Pacífico Tropical. Alguns dos impactos de La Niña tendem a ser opostos aos de El
Niño, mas nem sempre uma região afetada pelo El Niño apresenta impactos
significativos no tempo e clima devido à La Niña (Fonte: CPTEC/Inpe).
Como para o período de levantamento meteorológico o La Niña agiu quase que
integralmente, verificando-se ainda fase de transição para o El Niño, abaixo estão
descritos o comportamento das Temperaturas de Superfície do Mar para o Pacífico
Equatorial no período que engloba os levantamentos.
Em Setembro de 2007, os campos oceânicos e atmosféricos de escala global
evidenciaram a maior intensidade deste fenômeno sobre o Pacífico Equatorial, com
expansão das anomalias negativas de Temperatura da Superfície do Mar.
No mês de Outubro do mesmo ano, os campos oceânicos e atmosféricos de
escala global evidenciaram o estabelecimento da fase madura do La Niña sobre o
Pacífico Equatorial.
Em Novembro e Dezembro, o fenômeno foi intensificado, com o aumento das
anomalias negativas de Temperatura da Superfície do Mar, em comparação com o
mês anterior.
Em Fevereiro e Março de 2008, os campos oceânicos e atmosféricos de escala
global evidenciaram a persistência do fenômeno La Niña, com destaque para a
expansão das áreas de anomalias negativas de Temperatura da Superfície do Mar
sobre o Pacífico Equatorial.
22
Em Junho deste ano se registrou um enfraquecimento do fenômeno
concomitantemente com o inicio da evolução da fase quente do El Niño – Oscilação
Sul sobre o Pacífico Equatorial. No Atlântico, as Temperaturas de Superfície do Mar
apresentaram valores acima da média.
Já em Julho, os campos oceânicos e atmosféricos de escala global mostraram um
aumento da área de anomalias positivas de Temperatura da Superfície do Mar (TSM)
no Pacífico Leste, mantendo-se, contudo, uma situação de neutralidade em relação à
configuração do fenômeno El Niño.
Em Outubro e Novembro de 2008, a Temperatura da Superfície do Mar mostrou
tendência de resfriamento nos setores central e leste do Pacífico Equatorial. O
Atlântico Tropical Norte apresentou TSM acima da média, porém com anomalias
positivas menores que as observadas em outubro passado.
Já para Dezembro deste mesmo ano, os campos oceânicos e atmosféricos
envidenciaram a intensificação do fenômeno La Niña, com o aumento das anomalias
negativas da Temperatura da Superfície do Mar sobre o Pacífico Equatorial Leste.
Em Janeiro de 2009 as anomalias negativas da Temperatura da Superfície do Mar
evidenciaram a atuação do fenômeno La Niña no setor oeste do Pacífico Equatorial.
Em Fevereiro e Março de 2009, o fenômeno La Niña evidenciou sinais de declínio,
No mês de Abril e Junho de 2009, há registro de aquecimento das águas e a
diminuição de anomalias negativas de Temperatura da Superfície Média do Mar,
sinalizando a transição para a fase quente do El Niño – Oscilação Sul, como
observado no mês de Março do ano anterior.
Em Julho, embora já se verifique características associadas ao El Niño, a situação
ainda é de transição entre as fases frias e quentes do El Niño – Oscilação Sul.
Para o litoral brasileiro, o La Niña tende a deslocar com maior intensidade os
sistemas frontais, afetando principalmente o litoral do Nordeste. O litoral Sudeste foi
pouco afetado nesta atuação de El Niña, como se pode verificar no levantamento
meteorológico exibido acima, onde a operação de grande parte dos sistemas frontais
encontra-se na média da climatologia.
5.3 Ondas
Os dados de ondas estão representados nas tabelas abaixo, e compreendem os
períodos de levantamento dos perfis topográficos.
23
Tabela 1: Dados de onda relativos ao mês de Setembro de 2007
24
14 SSE/SE 1,7 a 1,8 18 SSE/SE 1 a 1,4
15 SE 1,7 19 SSE/SE 1,3 a 1,5
16 SE 1,2 a 1,6 20 SSE/SE 1,3 a 1,5
17 SE/ESE 0,9 a 1,1 21 SE/ESE 1 a 1,2
Para o mês de Março de 2008, a única frente que alcançou o litoral norte
paulista até a data do campo, verificada no inicio do mês, gerou ondas de direções
25
preferencialmente dos quadrantes SE e SSE. No entanto, as alturas se encontram
abaixo do esperado para as ondas de “tempo ruim” (entre 0,5 e 1,5 m) (tabela 5).
26
A frente fria que atuou entre os dias 16 e 18 na região de Ubatuba e Caraguá
gerou ondas de quadrante S/SE nos dias subseqüentes e alturas que ultrapassaram
os 3 metros. Nos demais dias do mês, a condição climática de tempo bom favoreceu a
direção dos quadrantes E e alturas entre 1 e 1,5 metros (tabela 7).
27
Tabela 10: Dados de ondas relativos ao mês de Março de 2009
Março de 15 0,8 a 1,2 SSE/SE
2009 Altura Direção
16 1,4 a 1,8 SSE/SE
1 0,8 a 0,9 SE/ESE
17 1,1 a 1,3 S/SSE
2 0,7 a 0,8 ESE
18 1,3 a 1,6 SSE/SE
3 0,6 a 0,7 SSE/ESE
19 1,5 a 1,7 SSE
4 0,5 a 0,6 SSE
20 1,2 a 1,5 SSE/SE
5 0,3 a 0,5 SSE/E
21 1,1 a 1,2 SSE/SE
6 0,5 a 1,3 SSW/E
22 1,1 a 1,2 SE/ESE
7 1,6 a 1,8 S/SSE
23 1 a 1,2 SE/ESE
8 1,6 a 1,8 SSE/SE
24 0,9 a 1,1 SE
9 1,1 a 1,8 SE
25 0,8 a 0,9 SE
10 1 a 1,2 SE
26 0,9 a 1,1 SE/ESE
11 1,2 a 1,4 SE
27 1 a 1,1 SE/ESE
12 0,9 a 1,2 ESE
28 0,9 SE
13 0,8 a 0,9 SE/ESE
29 0,8 SE/ESE
14 0,7 a 0,9 SSE/ESE
30 0,8 ESE
28
Tabela 12: Dados de ondas relativos ao mês de Maio de 2009
Maio de 16 2,3 a 2,5 SSW/S
2009 Altura Direção
17 1,8 a 2,2 S/SSE
1 1,6 a 3 S/SSE 1,3 a
2 2,6 a 3,1 SSE 18 1,7 SE
3 1,9 a 2,5 S/SSE 19 1 a 1,3 S/ESE
4 1,3 a 1,8 SSE/SE 20 1 a 1,4 SSE
5 1,1 a 1,3 SE 21 1,4 a 1,5 SE/ESE
6 0,9 a 1,1 SSW/SE 22 1 a 1,5 SE/ESE
7 0,9 a 1,7 S/SSE 23 1 a 1,2 ESE
8 1,4 a 1,7 SSW/SSE 24 0,9 a 1 SE/ESE
9 1,6 a 1,8 SSE 25 0,7 a 1 SSE/SE
10 1,6 a 1,9 S/SSE 26 0,7 a 1 NW/SE
11 1 a 1,6 SSE 27 0,8 a 0,9 S/SE
12 0,7 a 1 SSE/SE 28 0,8 a 1,2 S/SE
13 0,6 a 0,7 SE/ESE 29 1,4 a 2,6 S/SSE
14 0,7 a 1 SE/NE 30 2,6 a 3,1 S/SSE
15 0,9 a 2,2 SSW/ESE 31 1,4 a 2,4 S/SSE
Em Maio de 2009 a incidência de ondas com alturas acima dos 2 metros foi
maior que a dos meses anteriores deste mesmo ano, e as ondas dos quadrantes SSE,
S, SE e ESE estiveram muito freqüentes, característica esperada para o mês de Maio,
quando os sistemas frontais começam a atuar com maior intensidade (tabela 12).
29
Em Junho de 2009 verifica-se maior freqüência das ondas resultantes do
Anticiplone Polar Móvel, ou seja, acima de 2 metros e dos quadrantes Sul e Sudeste
(tabela 13).
5.4 Marés
Em 09/10/2007, às 11:50, horário do início dos levantamentos, a maré era
enchente. Alcançou sua máxima em 13:19, com 1,1 metro, e passou a descer. Os
levantamentos terminaram por volta das 15:00. Neste dia, a lua estava em seu sétimo
dia da fase minguante.
O pico da preamar do dia 19/03/2008 foi às 13:04, meia hora antes do início
dos levantamentos, que pegaram a maré vazante, embora o período todo de
levantamentos, que se encerrou às 14:50, estivesse longe do horário da menor maré
(19:53). A lua era crescente, em seu sexto dia.
30
Quanto às marés, em 25/11/2008, no horário em que foi iniciado o
levantamento (10:47), a maré era enchente, e atingiu seu pico máximo ao 12:21, com
amplitude de 1,1 metro. A baixamar se deu as 19:13, quando a maré baixou para 0,1
metro. A lua era minguante, no seu sétimo dia.
31
metros e uma rampa bastante inclinada até a linha d’água). Outro ponto a se destacar
é referente ao mês de Março de 2009, quando se percebe erosão nítida do perfil e
posterior recuperação das feições características em Abril. Também pode-se verificar
que entre os dias 08 e 09 de Abril o perfil adquire adquire uma berma. De Abril a Maio,
na porção inclinada, há novamente erosão e até Junho o perfil não sofre mudanças
significativas, mantendo este mesmo padrão também para Julho de 2009 (figura 6).
32
Figura 7: Sobreposição dos perfis no Setor Central da praia da Mococa
33
Figura 8: Sobreposição dos perfis do Setor Norte da praia da Mococa
34
Médio
Desvio Moderadamente
Padrão 0,67 Selecionada
Aproximadamente
Assimetria 0,04 Assimétrica
35
Diâmetro
Médio 0,62 Areia Grossa
Moderadamente
Desvio Padrão 0,79 Selecionada
Assimetria 0,5 Assimetria Muito Positiva
36
Tabela 23: Dados granulométricos relevantes para o campo de 19/03/2008 – Setor
Norte
Setor Norte 19 de Março de 2008 – Linha d’água
% CaCO3 Seixos Granulos Areia Silte Argila
1,84 0 0,03 99,94 0,03 0
37
Tabela 26: Dados granulométricos relevantes para o campo de 08/07/2008 – Setor
Norte
Setor Norte Julho de 2008 – Linha d’água
38
Tabela 29: Dados granulométricos relevantes para o campo de 25/11/2008 – Setor
Sul (Banco)
39
Assimetria Assimetria Positiva 0,29
40
Tabela 36: Dados granulométricos relevantes para o campo de 18/12/2008 – Setor
Sul (Arrebentação)
41
Assimetria Aproximadamente Simétrica 0,05
42
Folk & Ward Classificação Valores
Diâmetro Médio Granulos -1,63
Desvio Padrão Muito Bem Selecionados 0,17
Assimetria Assimetria Positiva 0,3
43
Tabela 47: Dados granulométricos relevantes para o campo de 08/04/2009 – Setor
Central (Linha d’água)
44
5.6.9 Maio de 2009
45
Diâmetro Médio Granulos -1,13
Desvio Padrão Muito Bem Selecionado 0,16
Assimetria Assimetria Positiva 0,27
46
Tabela 58: Dados granulométricos relevantes para o campo de 09/06/2009 – Setor
Sul (Área submersa)
47
Tabela 62: Dados granulométricos relevantes para o campo de 09/06/2009 – Setor
Norte (Área submersa)
48
Diâmetro Médio Areia Grossa 0,91
Desvio Padrão Pobremente Selecionado 1,68
Assimetria Assimetria Muito Positiva 0,32
6. DISCUSSÃO
49
Cocanha. Este sistema de ilhas tende a refratar ou barrar as ondas incidentes,
dependendo de sua direção (figura 9).
Figura 9: Praia da Mococa e o sistema de ilhas que a abrigam das ondas oceânicas de
mau tempo
50
perfil b) praias rítmicas, com altura de arrebentação entre 1,0 e 2,5 m, contendo em
sua morfologia cúspides, bancos em crescente e transversais e c) refletivas, onde as
alturas de arrebentação condicionantes são inferiores a 1 m, bem inclinadas e de
estocagem subaérea de sedimentos.
Entre Dezembro de 2007 e Março de 2008 o perfil sofre ganho de material nos
três setores, com destaque para a porção central da praia (perfil 2), onde essa
acresção pode ser verificada em proporções bastante significativas. Entre a segunda
quinzena de fevereiro e a data do campo em Março de 2008, um único sistema frontal
atuou, e embora as ondas em sua grande parte fossem predominante dos quadrantes
SSE e SE chegaram ao litoral com muito pouca competência destrutiva. Este longo
período de tempo bom foi suficiente para recompor os perfis, principalmente no setor
central, que pode ter sido destino final do transporte de sedimentos dos extremos da
praia. Quanto às estatísticas granulométricas, o padrão sedimentar nos três setores
praiais foi de areia fina e moderadamente selecionados. A invariabilidade pode ser
reflexo do período de tempo bom, que não processou transporte sedimentar
significativo entre as diferentes porções da praia.
Entre Março e Julho de 2008, enquanto nos setores central e norte há erosão
do perfil, no setor sul, no pós-praia, verifica-se ganho de material. É neste período que
as frentes começam a atuar com maior intensidade e freqüência, e só no mês de
51
Junho atuaram sobre o litoral de São Paulo três sistemas frontais. Acoplados a estes
sistemas estiveram as ondas de S, SE, e SSE, que em Junho, para alguns poucos
dias, ultrapassaram os dois metros de altura, alcançando até mesmo o registro de 3,2
metros; no entanto, essa ondulação intensa era oriunda do quadrante S, e não alcança
a praia da Mococa. As ondas de SSE e SE estiveram entre 1,5 e 2,0 metros de altura
e em vários dias deste mês ondas dos quadrantes SW e SSW atuaram, com alturas
entre 1 e 2 metros. As ondas dos quadrantes SW e SSW, que alcançam sem
interferência o setor norte da praia podem ter, além de auxiliado no evento de erosão
desta porção e do setor central, realizado transporte de material para o setor sul. Em
Julho, para os setores Sul, Central e Norte obteve-se, respectivamente, areia média,
grossa e fina.
52
Figura 10: Feições topográficas vistas a olho nu na praia da Mococa: Cúspides
(a e b) e berma (c)
53
Em Março de 2009, novamente, mudanças bruscas no perfil são sentidas
apenas no setor sul, que é erodido de forma muito agressiva em relação ao período
anteriormente medido. Os outros dois setores da praia permanecem constantes.
Porém, os parâmetros meteorológicos e oceanográficos estiveram agindo sobre a
praia de maneira esperada, não sendo possível, desta forma, apontá-los como
responsáveis por este fenômeno. Quanto às estatísticas granulométricas, a região da
linha d’agua nos três setores apresentou-se como areia média, e areia muito grossa e
grossa para os setores sul e central na região da zona submersa. O transporte passou
a atuar de sul para norte na linha d’agua e permaneceu com a mesma granulometria
do campo anterior na porção submersa.
Em Maio de 2009 o perfil Sul foi novamente erodido, e os outros dois setores
mantiveram a estabilidade dos períodos anteriores. Este comportamento foi o
esperado, uma vez que nesta época do ano as frentes começam a atuar com maior
intensidade. Nos setores sul e norte o diâmetro médio obtido foi areia fina, e no centro,
areia média para linha d’água. Na área submersa, areia grossa, grânulos e areia muito
grossa foram as características sedimentares para os perfis sul, central e norte,
respectivamente.
Para Junho e Julho de 2009 os perfis nos três setores estudados não
apresentaram variância significativa entre eles, e sua configuração, nos três casos, foi
muito próxima ao registrado no mês de Maio do mesmo ano. Em Junho, a areia média
foi o padrão predominante na linha d’água dos três setores, e areia muito grossa na
zona submersa para as regiões sul e norte da praia e grânulos no centro. No mês de
Julho, na linha d’água, o diâmetro relativo a areia grossa foi a característica dos três
setores, e na zona submersa o padrão do mês anterior foi mantido.
Cabe ressaltar que, embora a configuração dos perfis não apresente grandes
alterações nos resultados exibidos, nos campos pode-se verificar a construção e
erosão de feições do prisma praial, como bermas e cúspides, registradas através de
54
fotografia, embora estas feições não tenham sido registradas de forma nítida nos
levantamentos efetuados no período (figura W).
7. CONCLUSÃO
55
mantém pela ausência de agentes transportadores eficientes. O que se verifica é,
graças ao transporte onshore-offshore, este material ser trazido à área submersa em
condições de tempo severas.
Apesar da não variação dos perfis central e norte, estas regiões do setor praial
apresentaram, ao longo de todo levantamento, porém, nem sempre registradas nos
perfis praiais monitorados, a criação de cúspides e feições de deposição e erosão
como “degraus”. Segundo Guza e Inman (1982), os cúspides praiais podem ser
formados na zona de surfe pelo sistema de circulação local e na face da praia, pela
ação do espraiamento de ondas, caso da praia da Mococa, sendo estas as únicas
interferências do centro ao extremo norte da praia, geradas pela interação entre as
ondas e a movimentação da topografia.
56
sofre erosão ou deposição (setor Sul), o outro ou acompanha seu padrão de alteração
topográfica ou não registra variação significativa, se mantendo constante. A rotação
praial só foi observada uma única vez, no mês de Julho de 2008.
8. BIBLIOGRAFIA
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