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PROCESSO CIVIL 2020.

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RECURSO ESPECIAL

Inicialmente é importante ressaltar que a função abstrata do superior tribunal de


justiça – STJ é a unificação do direito federal, sendo certo que é com base nesse
premissa que se define objetivamente a competência originaria e recursal desse
tribunal, permitindo o controle de legalidade das decisões proferidas pelos
tribunais estaduais e da justiça federal.

Diferentemente do que ocorre com o recurso ordinário o recurso especial tem


natureza extraordinária, ou seja, é excepcional, já que submetido a requisitos
específicos de admissibilidade. É espécie recursal de cabimento estrito no que
tange a admissibilidade, uma vez que além dos requisitos gerais que implicam
na admissibilidade de todo e qualquer recurso o especial RESP só será admitido
para análise de questões de direito discutidas por tribunais conforme indicado na
CRFB/88.

Art. 105 Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

.......

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas,


em única ou última instância, pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados,
do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão
recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes


vigência;

b) julgar válido ato de governo local contestado em


face de lei federal;

c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe


haja atribuído outro tribunal.

Desse modo, podemos dizer que o objeto do recurso especial em síntese é de


conhecer e julgar demandas decididas em única ou última instância pelos
tribunais da federação toda fez que as decisões proferidas nessas circunstâncias
violem lei federal.
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RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Trata-se de espécie recursal de índole estrita que visa, assim como o recurso
especial, o reexame de questões de direito tendo como principal pressuposto de
admissibilidade a análise de decisões de primeiro ou segundo grau que violem
a Constituição Federal, permitindo ao Supremo Tribunal Federal – STF o
exercício do denominado controle difuso de constitucionalidade.

Pressupostos de admissibilidade – diferentemente do que ocorre com as demais


espécies recursais os pressupostos de admissibilidade do recurso extraordinário
estão fixados na Constituição Federal e em síntese podemos afirmar que será
admitido nos casos em que se pretenda impugnar decisões proferidas em única
ou última instância que violem a CRFB/88 ou julguem válidas lei local em face
de lei federal e tenham relevância para além dos limites subjetivos do processo.
Nesse sentido é que temos o inciso III do artigo 102 da CRFB/88 e seu § 3º.

Art. 102
....
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas
decididas em única ou última instância, quando a
decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei
federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado
em face desta Constituição.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei
federal.
.....
......
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá
demonstrar a repercussão geral das questões
constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei,
a fim de que o Tribunal examine a admissão do
recurso, somente podendo recusá-lo pela
manifestação de dois terços de seus membros.
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Tanto no recurso extraordinário quanto no recurso especial é necessário que a


matéria ou questão objeto do recurso tenha sido expressamente examinada pelo
tribunal de origem, ou seja, que tenha proferido a decisão impugnada, sob pena
de não ser admitido o recurso. Assim, se houver omissão de fundamento deverá
a parte interessada opor embargos de declaração para que o tribunal se
manifeste expressamente sobre a matéria ou fundamento.

Repercussão Geral - Conforme indicado no §3º do artigo 102 da CRFB/88 é


pressuposto de admissibilidade do recurso extraordinário a denominada
repercussão geral nesse sentido cabe observar o disposto no caput e nos § § 1º
e 3º do artigo 1035.

Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão


irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário
quando a questão constitucional nele versada não
tiver repercussão geral, nos termos deste artigo.

§ 1º Para efeito de repercussão geral, será


considerada a existência ou não de questões
relevantes do ponto de vista econômico, político,
social ou jurídico que ultrapassem os interesses
subjetivos do processo.

§ 3º Haverá repercussão geral sempre que o recurso


impugnar acórdão que:

I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do


Supremo Tribunal Federal;

II - revogado

III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de


tratado ou de lei federal, nos termos do art. 97 da
Constituição Federal .
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Trata-se de medida que visa otimizar a atuação dos tribunais superiores,


contingenciando recursos que não revelem relevância econômica, política, social
e jurídica nas teses ou questões ventiladas na razões recursais, sendo certo que
tais questões podem ser reconhecidas como aquelas que ultrapassem os
interesses das partes, ou seja, os limites subjetivos da demanda ou viole
jurisprudência consolidada no âmbito do STF.

É importante destacarmos que a competência para apreciação da repercussão


geral é do STF e desse modo não se admite que o assunto seja apreciado pelo
tribunal recorrido ou qualquer outro tribunal sob pena de reclamação
constitucional para o próprio STF.

Art. 1035

...

§ 2º O recorrente deverá demonstrar a existência de


repercussão geral para apreciação exclusiva pelo
Supremo Tribunal Federal.

Posto isso, temos que a deliberação sobre o tema repercussão será feita
exclusivamente pelo STF e nos moldes regimentais nesse sentido é que temos
os artigos 322, 323 e 324 do RISTF.

O amicus curiae na repercussão geral - O amicus curie é modalidade de


intervenção de terceiro que viabiliza a manifestação de especialista quanto a
matéria objeto da demanda com intuito de contribuir para o deslinde da demanda
conforme disposto no artigo 138 do CPC e sob esse aspecto será admitido para
aferir a repercussão geral, ou seja, a relevância da matéria objeto do recurso
com base no §4º do artigo 1035 do CPC.

Recursos Especial e Extraordinários repetitivos – regulado nos artigos 1036 ao


1041 do CPC trata-se de instrumento que visa otimizar a atuação dos tribunais
diante da multiplicidade de recursos com teses idênticas. Assim, conforme
disposto no artigo 1036 do CPC, havendo vários recursos que versem sobre o
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mesmo tema poderá o Presidente do Tribunal selecionar dois ou mais recursos


e encaminhá-los ao STF ou STJ cujo julgamento servirá de modelo para os
demais recursos idênticos que de acordo com o disposto no artigo 1037
deflagraram, por determinação do relator do recurso selecionado, a suspensão
dos processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre o tema em
todo território Nacional, sendo certo ainda que decididos os recursos
selecionados e estabelecida a tese ela deverá ser aplicada para julgamento dos
recursos paralisados nos tribunais de origem – TJ´s e TRF´s.

Agravo em recurso especial e recurso extraordinário – previsto no artigo 1042 do


CPC é espécie recursal que será manejada toda vez que houver juízo negativo
de admissibilidade pelo tribunal de origem com base no disposto no inciso V
artigo 1030 do CPC.

Art. 1030

......

V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo,


remeter o feito ao Supremo Tribunal Federal ou ao
Superior Tribunal de Justiça, desde que:

a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao


regime de repercussão geral ou de julgamento de
recursos repetitivos;

b) o recurso tenha sido selecionado como


representativo da controvérsia;

c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de


retratação

.......

§ 1º Da decisão de inadmissibilidade proferida com


fundamento no inciso V caberá agravo ao tribunal
superior, nos termos do art. 1.042.
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É importante consignar que há mais de um fundamento para negar seguimento


ao recurso, mas o agravo sob exame – artigo 1042 do CPC - tem a finalidade
especifica de destrancar recurso cujo Tribunal tenha inadmitido com base no
inciso V do artigo 1030, quando for negado seguimento ao recurso com base no
inciso I do artigo 1030 o recurso cabível será o agravo interno – artigo 1021 do
CPC conforme indicado no §2º do artigo 1030

Art.1030

......

§ 2º Da decisão proferida com fundamento nos


incisos I e III caberá agravo interno, nos termos do art.
1.021.

Embargos de divergência – regulado nos artigos 1043 e 1044 do CPC trata-se


de espécie recursal que visa a uniformização da jurisprudência no âmbito do STF
e do STJ de sorte que toda vez que houver acórdãos contemporâneos,
divergentes sobre a mesma matéria será possível o manejo da esepcie recursal
sobe exame que em síntese permitirá a comparação entre as decisões
colegiadas nos recursos excepcionais – especial ou extraordinário – e firmará a
tese que deverá prevalecer. A oposição de embargos de divergência irá
interromper o prazo para interposição de qualquer outro recurso conforme fixado
no § 1º do artigo 1044 do CPC.

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