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Presidente
Rodrigo Galindo
Conselho Acadêmico
Ana Lucia Jankovic Barduchi
Danielly Nunes Andrade Noé
Grasiele Aparecida Lourenço
Isabel Cristina Chagas Barbin
Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro
Revisão Técnica
Adriana Cezar
Maria Julia Souza Chinalia
Editorial
Renata Jéssica Galdino (Coordenadora)
ISBN 978-85-522-1482-3
CDD 150
Thamiris Mantovani CRB-8/9491
2019
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Unidade 1
Introdução à Psicologia enquanto área científica do saber���������������������� 7
Seção 1
Os filósofos e as raízes da Psicologia������������������������������������������������ 9
Seção 2
O surgimento da Psicologia como área científica������������������������16
Referências
Unidade 2
Principais matrizes teóricas e as relações entre: indivíduo,
grupo e sociedade���������������������������������������������������������������������������������������33
Seção 1
A estruturação da psicologia no século XX����������������������������������35
Seção 2
A estruturação da psicologia no século XX����������������������������������39
Seção 3
O psiquismo humano e sua relação com a Psicologia Social������46
Unidade 3
Categorias fundamentais da psicologia social:
identidade, personalidade, consciência e alienação��������������������������������55
Seção 1
A personalidade��������������������������������������������������������������������������������57
Seção 2
A identidade, os papéis sociais e as representações sociais���������63
Seção 3
Consciência, ideologia e alienação�������������������������������������������������69
Unidade 4
Relações sociais: processo grupal, instituições sociais,
liderança, inclusão e exclusão��������������������������������������������������������������������79
Seção 1
O processo grupal�����������������������������������������������������������������������������81
Seção 2
As instituições sociais����������������������������������������������������������������������88
Seção 3
Liderança�������������������������������������������������������������������������������������������94
Seção 4
Inclusão e exclusão social����������������������������������������������������������������99
Palavras do autor
P
rezado aluno, a psicologia é uma ciência e, como tal, perpassa por
todas as áreas do saber, inclusive o campo do Serviço Social, visto que
essa é uma área que exige uma visão abrangente acerca do ser humano,
além de suas questões sociais.
Diante disso, a psicologia social, como subárea da psicologia, vem para
auxiliar na compreensão do indivíduo em si, ou seja, vai abordar temas como
a personalidade, a identidade, a consciência, a alienação, entre outros. Mas
essa área também contribui para que se possa compreender o contexto social
em que o indivíduo se encontra inserido, isto é, suas relações sociais, os
grupos, as instituições.
Aliás, isso tudo é muito importante de ser estudado porque somos todos
seres sociais e, em decorrência disso, influenciamos e somos influenciados
por nossas ações, comportamentos e relações sociais. Assim, este livro
propõe-se a apresentar, em linhas gerais, os principais pressupostos teóricos
da psicologia social.
Abordaremos os mais variados temas, que estão divididos da seguinte
maneira: na Unidade 1 será trabalhada a origem da psicologia enquanto
área científica do saber, de onde surgiu, quem são seus representantes, entre
outros. Na Unidade 2, o tema central são as principais matrizes teóricas
em psicologia social, em que será trabalhada a diferenciação da psicologia
enquanto senso comum e enquanto área científica, serão demonstradas as
primeiras escolas psicológicas (que originaram as que temos hoje) e, por fim,
o psiquismo humano será abordado na sua relação com a psicologia social,
para tanto, serão trabalhados os temas da atividade humana e da formação
do psiquismo, além da construção da subjetividade.
Já na Unidade 3 são trabalhados temas mais específicos da psicologia
social, tais como: identidade, personalidade, consciência, alienação, de modo
a demonstrar de que maneira o indivíduo inserido na sociedade influencia
e é influenciado por esta. E na última unidade os temas fazem referência às
relações sociais, ou seja, o processo grupal, as instituições sociais e a liderança.
Assim, espera-se que, ao final da leitura deste livro, você possa conhecer
mais sobre a área de estudo da psicologia social, já que esse campo é de
extrema importância para você, futuro profissional do Serviço Social, pois
lhe ajudará a desenvolver uma visão crítica da realidade cotidiana, sempre
indo para além daquilo que está exposto, aparente, permitindo assim uma
compreensão geral sobre a realidade que nos cerca.
Unidade 1
Objetivos de aprendizagem
Ao longo desta unidade será possível compreender como a Psicologia
surgiu (na época da Grécia antiga), quem foram seus fundadores (os princi-
pais filósofos) e como foi evoluindo até que se tornasse uma área científica do
saber. Será realizada uma contextualização histórica da Psicologia de forma a
entendermos como essa área se estrutura atualmente enquanto ciência.
Seção 1
Nesta seção serão abordados os filósofos que deram início à Psicologia.
Assim, essa área será compreendida desde o seu surgimento, na Grécia
antiga, até o Renascimento.
Seção 2
Nesta seção será observada a evolução da Psicologia enquanto área cientí-
fica, qual o seu objeto de estudo e como ela se estrutura atualmente.
Introdução à unidade
Por que devemos estudar a história da psicologia? Essa é uma pergunta
que a grande maioria dos alunos faz quando está diante desta disciplina. Por
isso, torna-se importante destacar que é através da construção histórica da
psicologia que podemos compreender como se deu o desenvolvimento da
humanidade, ou seja, quais os desafios que fizeram o homem tentar compre-
ender a si mesmo, os demais e o mundo que o cerca. Para tanto, faremos aqui
um resgate da psicologia, desde quando ela foi pensada até quando se torna
uma área científica.
Nesse momento, surge outra questão: por onde devemos iniciar o estudo
da história da psicologia? As origens dessa área podem ser localizadas em
dois períodos distintos: os filósofos no século V a.C. já traçavam especu-
lações acerca do comportamento humano, mas, por outro lado, podemos
estudar a psicologia como uma ciência nova, que possui apenas cerca de 200
anos, momento no qual ela se emancipa da filosofia para seguir seu caminho
na área formal de estudo. O que distingue essas duas épocas da psicologia
tem relação com as abordagens e as técnicas empregadas.
Mas o que significa o termo psicologia? Etimologicamente, a palavra
psyché vem do grego e quer dizer alma. Logos, também do grego, significa
estudo, ciência. Assim, a psicologia refere-se ao estudo da alma (FREIRE,
2010, p. 20).
A palavra psicologia foi utilizada no século XVI por Filipe Melâncton nas
universidades alemãs. Por volta de 1600, Goclênio utilizou essa palavra na
imprensa para se referir a um “conjunto de conhecimentos filosóficos sobre
a alma e suas manifestações” (FREIRE, 2010, p. 20). Porém, outros autores
enfatizam que o termo foi utilizado pela primeira vez somente no século
XVIII, quando a psicologia se tornou uma disciplina do curso de filosofia que
se preocupava com a “natureza e as faculdades da alma” (FREIRE, 2010, p. 21).
Ao longo do tempo a palavra “psicologia” carregou diversos significados,
mas nos dias de hoje, há um consenso sobre sua definição como “a ciência
do comportamento”.
9
política e retórica. Ressalta-se que “retórica” pode ser entendida como
a arte do debate e da argumentação.
10
considerada a raiz mestra da história da psicologia, pois será retomada
em todo o percurso da história e dela surgiram muitas outras raízes
ou questões”.
Porém, a partir dessa visão dualista, Platão causou certa reper-
cussão na sociedade, uma vez que houve uma tendência de valorizar
mais o aspecto intelectual e desvalorizar o lado material, não enxer-
gando o homem como um ser unificado, mas composto de duas
partes separadas: a mente e o corpo.
A partir da doutrina de Platão surgem as teorias inatistas, isto é,
aquelas que avaliam que o conhecimento nasce com as pessoas.
• Aristóteles (384-322 a.C.): aluno de Platão, porém, seu opositor, pois era
contra a existência de teorias inatas e do mundo das ideias. Para ele, o
indivíduo nasce como uma folha em branco, uma “tábula rasa”, e é por
meio de suas experiências que vai adquirindo conhecimento, através dos
sentidos. Assim, entendia o corpo e a mente como sendo inseparáveis.
Aristóteles afirma que há alma em todos os seres vivos, inclusive
nas plantas. Para ele, a alma seria o elemento que permite a presença
de vida nos seres. Alma, nesse sentido, deriva do latim anima, que
seria o equivalente a ânimo. Como Aristóteles teve muito interesse
11
por esse assunto, escreveu um tratado denominado De anima que, em
português, seria o equivalente a “Sobre a alma” ou “Sobre a mente”.
Esse tratado vai influenciar a cultura ocidental diretamente por mais
de um milênio, pois descreve quais são as “potências” da alma, além
de tratar de outros temas relevantes que hoje fazem parte das ideias
da psicologia, tais como os sentidos, as sensações, a memória, a
associação, o sono, entre outros.
12
1.2 Idade Média e o Período Teocêntrico
Na Idade Média o homem deixa de ser o centro de tudo para que Deus e
o Cristianismo possam assumir esse lugar. Essa nova ordem marca o início
de uma nova era da história, o período cristão, cujo ápice foi a Idade Média.
A esse novo período damos o nome de período Teocêntrico ou Teocentrismo
(Théos, do grego, significa Deus, divindade), ou seja, Deus passa a ocupar o
centro de toda a vida.
Nessa fase, o clero (forma como era chamada a classe social dos repre-
sentantes religiosos) era quem controlava a educação, as leis, as decisões dos
reis, incluindo até decisões sobre guerras. Tudo era voltado para Deus e o
clero era quem decidia o que se fazer ou não. Essa fase é marcada por dois
importantes momentos:
• Patrística (século IV-V): é o pensamento dos primeiros padres da
Igreja. A preocupação central aqui era a luta contra a idolatria, o
contrassenso, o pecado e a defesa dos dogmas cristãos. Seu maior
representante foi Santo Agostinho, e, de acordo com ele, a criação
surgiu do nada, sendo Deus o criador de tudo.
Figura 1.4 | Santo Agostinho
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jesu%C3%ADno_do_Monte_Carmelo_(atrib.)_-_Santo_Agos�-
tinho.jpg. Acesso em: 4 fev. 2019.
13
• Escolástica (a partir do século IX): estavam mais preocupados em
educar a população que já era cristã. Seu maior representante foi
São Tomás de Aquino, que seguia as ideias de Aristóteles e, portanto,
negava as ideias inatas, sobretudo aquelas acerca da criação. Além
disso, considerava que a educação visava transformar os dons poten-
ciais em realidades atuais, mas, para isso, tanto a figura do professor
quanto a do aluno eram imprescindíveis (FREIRE, 2010).
Figura 1.5 | São Tomás de Aquino
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Santo_Tom%C3%A1s_de_Aquino_-_Antonio_del_Castillo_
Saavedra.jpg. Acesso em: 4 fev. 2019.
14
CARLI, Ranieri. Antropologia filosófica. Curitiba: Editora Intersa-
beres, 2012.
Atividades de aprendizagem
2. Durante a Idade Média, o homem deixa de ser o centro de tudo para que
Deus e o Cristianismo possam assumir esse lugar. Na fase do teocentrismo,
destacam-se dois momentos: a patrística e a escolástica. Qual a diferença
entre esses dois períodos?
15
Seção 2
16
observação, a experimentação e a quantificação são utilizadas como meio de
obter respostas. É o início do método científico.
Essa época ficou conhecida como científica porque trouxe o desenvolvi-
mento das ciências. Bock, Furtado e Teixeira (2008, p. 35) apontam que:
17
• O reino imaterial, a mente: parte pensante; não apresenta massa e
nem localização. É através da mente, ou seja, através da emoção, do
instinto, da imaginação, que se influencia o corpo, alternando o rumo
mecânico das atividades.
Por fim, Descartes afirma que o corpo é apenas um mecanismo que recebe
ordens da mente (ou alma). Para ele, isso acontecia através de uma glândula
existente no cérebro, que ele denominou glândula pineal. Importante
destacar que essa visão mecânica do corpo foi um impulso para a retomada
de uma doutrina que irá compor o pensamento moderno: o mecanicismo.
Isso implica que o corpo, desprovido do espírito, é apenas uma máquina.
A partir desse seu posicionamento e da queda do Teocentrismo (quando
o corpo deixa de ser sagrado), torna-se possível estudar o corpo humano
morto, avançando, portanto, nas áreas da anatomia e fisiologia, que irão
contribuir, futuramente, para o avanço da psicologia.
18
Questão para reflexão
Você deve estar se perguntando: tudo bem, já conhecemos a trajetória
histórica da Psicologia, mas a partir de que momento ela se torna efeti-
vamente científica? Vamos descobrir?
19
se enveredar pelos ramos da fisiologia, neurofisiologia e neuroanatomia
(BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 2008).
Assim, temos que as primeiras aplicações do método experimental à
mente, isto é, ao novo objeto de estudo da psicologia, são fruto do trabalho de
quatro cientistas: Hermann von Helmholtz, Ernst Weber, Gustav T. Fechner e
Wilhelm Wundt, todos fisiologistas alemães e ávidos por ciência.
20
Figura 2.1 | Hermann von Helmholtz
21
• Gustav Theodor Fechner (1801-1887): deu continuidade aos estudos
de Weber e queria calcular o ponto exato de união entre o físico e
o psíquico.
22
Figura 2.3 | Gustav Theodor Fechner
23
ciência autônoma, não mais um apêndice da filosofia ou da
fisiologia. (FREIRE, 2010, p. 92)
24
Com relação à questão mente versus corpo, Wundt encontrava-se
no paralelismo psicofísico, ou seja, afirmava que há uma mesma
causa que opera tanto na esfera dos fenômenos psíquicos como na
dos físicos. Para ele, tanto os processos mentais como os corporais e
fisiológicos acontecem paralelamente, sem interferência mútua.
Figura 2.4 | Wilhelm Wundt
25
Quando Wundt cria o primeiro laboratório, ele estrutura e normatiza a
psicologia. Com isso, ele também lhe dá uma nova definição: a psicologia
deixa de ser o estudo da alma, da mente, e passa a ser o estudo da consciência
ou dos fatos conscientes. Ou seja, atribui-se à psicologia o status de ciência
autônoma, não sendo mais um complemento da filosofia ou da fisiologia
(FREIRE, 2010).
Quadro 1.1 | Raízes da psicologia – quadro sintético
Psicologia
Psicologia Filosófica ou Pré-Científica
Científica
Idade
Idade Antiga Idade Média Idade Moderna Contem-
-porânea
Período
Período Período
Cosmoló- Período Antropocêntrico
Antropocêntrico Teocêntrico
gico
Reação à
Busca Preocupação: Conhecer
Preocupação: tendência Nasce a Reestrutu-
entender e o homem – seus
submeter o saber à dogmática psicologia -ração da
explicar o processos mentais – sua
fé cristã do pensa- 1879 psicologia
cosmo integração social
mento
VI a.C. IV a.C. I V XVIII XVIII xx...
Atividades de aprendizagem
26
Fique ligado
É importante que você conheça os principais filósofos (Sócrates, Platão
e Aristóteles), pois foram eles que iniciaram os primeiros questionamentos
acerca do estudo da alma. Após passarmos pela Idade Moderna e suas evolu-
ções, chegamos à era científica propriamente dita, em que Wundt surge com
o primeiro laboratório de psicologia experimental, incluindo, assim, a psico-
logia na área científica do saber.
27
( ) Afirmava que há alma em todos os seres vivos, inclusive nas plantas. Para
ele, a alma seria o elemento que permite a presença de vida nos seres.
( ) Acreditava que o meio que nos cerca apresenta um conhecimento imper-
feito, isso porque chega até nós através dos órgãos dos sentidos e, portanto,
está sujeito a ilusões. Somente seria possível o conhecimento do próprio eu.
( ) Para ele, o homem apresenta uma parte imaterial (a mente) e uma parte
material (o corpo), por isso, é um ser dualista.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta da associação entre
as colunas.
a. 1 - 2 - 3.
b. 1 - 3 - 2.
c. 2 - 1 - 3.
d. 2 - 3 - 1.
e. 3 - 1 - 2.
28
d. A escolástica visava educar a população que já era cristã.
e. A patrística preocupava-se em unir o saber à fé cristã.
29
5. Leia o trecho a seguir:
30
Referências
BOCK, A.M.B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M.L.T. Psicologias: uma introdução ao estudo da
psicologia. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
SCHULTZ, Duane P.; SCHULTZ, Sydney Ellen. História da psicologia moderna. São Paulo:
Cengage Learning, 2013.
Anotações
Unidade 2
Objetivos de aprendizagem
Nesta unidade iremos compreender a vertente científica da psicologia,
diferenciando-a do senso comum. Em seguida, entenderemos o desenvolvi-
mento das escolas psicológicas a partir da fase científica iniciada por Wundt.
Assim, estudaremos a primeira sistematização psicológica, o Estruturalismo,
e a escola iniciada nos Estados Unidos, o Funcionalismo, além de enten-
dermos acerca das áreas de interesse da Psicologia. Diante disso, compreen-
deremos a estruturação da Psicologia Social e seu objeto de estudo.
Seção 1
Ao longo dessa seção estudaremos a diferenciação entre a ciência psicológica
e a psicologia do senso comum, ou seja, aquela praticada no nosso dia a dia.
Seção 2
Nessa seção abordaremos a estruturação das primeiras escolas psicoló-
gicas: o Estruturalismo e o Funcionalismo.
Seção 3
Nessa seção o psiquismo humano será observado e realizaremos uma
aproximação com a psicologia social, isto é, com os indivíduos, os grupos e
a sociedade em si.
Introdução à unidade
Na Unidade 1 estudamos sobre o histórico da Psicologia: falamos sobre
os filósofos que deram o pontapé inicial para o estudo dessa nova área e, a
partir desse referencial histórico, foi possível compreender como aconteceu
o desenvolvimento da psicologia enquanto área científica.
Ao longo desta unidade o foco de estudo será o social e a ciência psico-
lógica. Entretanto, antes de entrarmos nesse tema específico, torna-se
necessário fazermos a distinção entre a psicologia que utilizamos no nosso
cotidiano e a psicologia enquanto ciência, que é aquela que pode ser compro-
vada, reproduzida.
Dando continuidade à perspectiva histórica da psicologia enquanto área
científica, estudaremos sobre as primeiras escolas psicológicas que surgiram,
o Estruturalismo e o Funcionalismo, e entenderemos que foi por intermédio
dessas duas principais escolas teóricas que a psicologia pôde ser desenvolvida
e que as diversas áreas de atuação foram surgindo.
Mais adiante falaremos especificamente sobre a psicologia social, apresen-
tando, em linhas gerais, os principais pressupostos teóricos dessa ciência.
Essa área de estudo irá contribuir para a compreensão do comportamento
dos indivíduos, suas interações e o processo grupal. Será abordado também
o tema da formação do psiquismo humano e de que maneira essa formação
está ligada aos grupos dos quais fazemos parte. Além disso, entenderemos a
necessidade de estudar o indivíduo no seu contexto social, e não somente de
maneira individualizada.
35
da árvore (fato do cotidiano), formular a lei da gravidade (explicação cientí-
fica)” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008, p. 17).
O conhecimento que utilizamos na nossa vida diária faz uso de muitos
recursos (por vezes utilizamos a tradição de nossos ancestrais, outras vezes
agimos baseados em teorias científicas, etc.), entretanto, esse também é
um conhecimento improvisado, que demanda uma resposta imediata. Por
exemplo, um jovem sai para a “balada” e acorda, no dia seguinte, com muita
dor de cabeça e indisposição estomacal. A avó informa-lhe que deverá tomar
um chá de boldo, caso queira melhorar desse incômodo. Entretanto, ela não
conhece os princípios do boldo, não sabe qual o efeito deste sobre as doenças
hepáticas, apenas sabe, sem nunca ter estudado esse tema de maneira
aprofundada (somente de acordo com seus antepassados) que isso fará bem.
Esse é o conhecimento da nossa vida, que acontece de acordo com nossas
experiências, que vamos adquirindo ao longo do nosso cotidiano. Esse é o
senso comum.
36
apontar o objeto dos diversos ramos da ciência e saber
exatamente como determinado conteúdo foi construído,
possibilitando a reprodução da experiência. Dessa forma,
o saber pode ser transmitido, verificado, utilizado e desen-
volvido.
37
ao longo de nossas vidas, seja social ou culturalmente: por um lado ela nos
identifica porque somos únicos e, por outro, nos iguala porque somos seres
sociais, em constante interação. Iremos conversar mais sobre este tema na
Seção 3.
Atividades de aprendizagem
38
Seção 2
2.1 O Estruturalismo
O maior representante do Estruturalismo foi Edward Bradford Titchener
(1867-1927). Titchener nasceu na Inglaterra, realizou seu doutorado em
Leipzig (Alemanha) e desenvolveu seu trabalho nos EUA. Seu maior mestre
foi Wundt.
Figura 2.1 | Edward B. Titchener
39
analisam a luz e o som com base na experiência e na obser-
vação humanas desses fenômenos.
40
auto-observação em que observadores treinados de maneira rigorosa descre-
veriam os elementos em seu estado consciente, ao invés de relatar apenas o
estímulo observado ou percebido.
Sendo assim, podemos resumir o sistema criado por Titchener da
seguinte maneira: objeto de estudo – a consciência; método de estudo – a
introspecção; a finalidade – descobrir “o quê?”, “como?” e “por quê?” de
seus elementos.
2.2. O Funcionalismo
Foi o primeiro sistema de psicologia exclusivamente norte-americano.
Pode ser entendido como um protesto à psicologia experimental de Wundt e
à psicologia estrutural de Titchener, que eram consideradas limitadas demais.
41
Os precursores do Funcionalismo foram as ideias de Charles Darwin
sobre a evolução das espécies, a psicologia do ato e a fenomenologia e o
naturalismo de Rousseau. Entretanto, quem lançou suas bases foi William
James. Este não foi o fundador da psicologia funcional, mas influenciou o
movimento funcionalista, inspirando os futuros psicólogos.
Figura 2.2 | William James
42
Após a estruturação dessas primeiras escolas psicológicas – o
Estruturalismo e o Funcionalismo – inicia-se um período de desenvolvi-
mento de outras teorias psicológicas que perduram até os dias de hoje, como
exemplo temos:
• Behaviorismo: também conhecido como a psicologia do compor-
tamento. Nasceu com Watson, nos Estados Unidos, e teve Skinner
como seu maior representante.
• Gestalt: também denominada psicologia da forma. Surgiu na
Alemanha em oposição ao Estruturalismo e ao Behaviorismo. Os
primeiros conceitos foram elaborados por Max Wertheimer e, poste-
riormente, foram ampliados por Koffka e Köhler.
• Psicanálise: ou psicologia do inconsciente. Desenvolvida por
Sigmund Freud visando se opor às ideias de Wundt e de Titchener. Foi
a escola que mais se distanciou das demais, pois preocupava-se com
as pessoas com perturbações mentais, de maneira especial aquelas
acometidas pela histeria, assunto que, até então, havia sido despre-
zado pelas outras escolas.
43
pessoas a serem mais explosivas, nervosas, enquanto outras são mais
tranquilas e alegres.
• Psicologia clínica: uma das possíveis áreas de atuação da psicologia.
Os terapeutas preocupam-se em entender de onde surgiu e qual o
tratamento de uma questão de ordem psicológica, visando a saúde
mental do paciente (cliente). Podem atuar em consultórios particu-
lares, hospitais, ambulatórios, centros de saúde, etc.
• Psicologia organizacional: é o campo de atuação da psicologia
voltado para o trabalho em empresas e organizações, visando melhorar
a produtividade e as condições de trabalho dos funcionários, além de
atuar nos processos de seleção e treinamento destes.
• Psicologia social: é uma das áreas de estudo da psicologia. Sua
preocupação central é a relação que os indivíduos mantêm com
o coletivo no qual estão inseridos, ou seja, os psicólogos sociais
estão preocupados em saber como as pessoas influenciam umas às
outras no contexto da sociedade. Essa ainda é uma área jovem, seus
primeiros experimentos foram relatados há pouco mais de um século
(1898), sendo que os primeiros textos da psicologia social datam de
1900. A psicologia social está situada na fronteira entre a psicologia
e a sociologia: quando a comparamos à sociologia (que é o estudo
das pessoas em grupos e sociedades), a psicologia social tem seu foco
nos indivíduos e usa mais a experimentação; quando comparada à
psicologia da personalidade, a psicologia social foca-se menos nas
diferenças individuais e mais em como os indivíduos veem e influen-
ciam uns aos outros.
44
Figura 2.3 | Psicologia social é:
Psicologia social é
“o estudo científico” ...
Atividades de aprendizagem
45
Seção 3
Diante disso, a psicologia social pode ser definida como a área da psico-
logia que busca compreender o encontro social, isto é, a interação dos indiví-
duos e suas relações. Assim, seu objeto de estudo pode ser entendido como a
interação social e suas dinâmicas interdependentes, que procura entender a
natureza social do fenômeno psíquico (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008).
Quando duas ou mais pessoas iniciam uma comunicação, tem início
uma ação recíproca em que ideias, sentimentos ou atitudes provocarão
reações mútuas que poderão alterar o comportamento de todos. Assim, as
46
pessoas influenciam e sofrem influência dos outros: dizemos que há uma
interação social.
Além disso, as interações são a base de toda a organização e estrutura
social e podem acontecer de duas formas: com a proximidade física entre
duas ou mais pessoas ou pelos meios de comunicação, ou seja, pela televisão,
pelo rádio, pelos livros, etc., que são instrumentos para que essa comuni-
cação aconteça de maneira recíproca – quem produz a informação influencia
quem a recebe e vice-versa.
47
Segundo a Psicologia Social, a formação do mundo interno baseia-se no
que o indivíduo internaliza em suas atividades, seja explorando o ambiente
ao seu redor, seja conversando com as pessoas, seja trabalhando: tudo é trans-
formado em ideias, em imagens que passam a habitar seu mundo interno. Ao
transformar o mundo conforme nossas necessidades, estamos construindo a
nós mesmos, pois estamos atuando e alterando o mundo exterior.
48
Para saber mais
Conforme o senso comum, subjetividade refere-se ao íntimo do
indivíduo, ou seja, ao jeito como ele vê, pensa, sente sobre algo e
que, por ser própria do indivíduo, não segue um padrão. Na verdade,
é a forma como as pessoas expressam seu lado pessoal (DICIONÁRIO
INFORMAL, [s.d.]).
Atividades de aprendizagem
2. O que você entende por subjetividade? Qual a sua ligação com a psicologia?
Fique ligado
O objeto de estudo da Psicologia Social são as interações sociais, assim,
a formação do psiquismo humano vai depender da convivência social.
Passamos a entender que toda psicologia é social porque todos somos seres
sociais e a formação do psiquismo humano está atrelada aos grupos dos quais
fazemos parte.
49
Atividade de aprendizagem da unidade
50
( ) Para essa teoria, a psicologia era o estudo da vida psíquica, considerada
como um instrumento de adaptação ao meio.
( ) Nessa teoria, a consciência é apenas um instrumento destinado a
resolver problemas.
Assinale a alternativa com a sequência correta da associação entre as colunas:
a. 1 - 2 - 2 - 1 - 1.
b. 1 - 2 - 1 - 2 - 1.
c. 1 - 2 - 1 - 2 - 2.
d. 2 - 1 - 2 - 1 - 1.
e. 2 - 1 - 1 - 2 - 2.
51
4. A Psicologia Social pode ser definida como a área da psicologia que
busca compreender o encontro social, isto é, a interação dos indivíduos e
suas relações. Acerca do tema interação social, analise as afirmativas a seguir:
I. Existe uma interação social quando duas ou mais pessoas iniciam uma
comunicação, quando tem início uma ação recíproca de ideias, senti-
mentos, atitudes.
II. Através da interação social as pessoas influenciam e sofrem influência
dos demais.
III. As interações são a base de toda organização e estrutura social. Entre-
tanto, a interação acontece somente através dos meios de comunicação.
Está correto o que se afirma em:
a. Apenas I.
b. Apenas II.
c. Apenas III.
d. Apenas I e II.
e. I, II e III.
52
Referências
SCHULTZ, Duane P.; SCHULTZ, Sydney Ellen. História da psicologia moderna. São Paulo:
Cengage Learning, 2013.
Anotações
Unidade 3
Objetivos de aprendizagem
Nesta unidade conheceremos, mais especificamente, a área de estudo da
Psicologia Social e os principais pressupostos teóricos dessa área. A princípio,
iremos compreender como se dá o estudo da personalidade, quais suas
origens e como esta é influenciada. Após, entenderemos sobre a identidade,
como se desenvolve, como podemos identificá-la para, enfim, conhecermos
nossos papéis sociais e as representações sociais perante a sociedade. Em
seguida, trabalharemos com temas bem específicos, que são a consciência e a
alienação, e poderemos entender como se dá o processo de desenvolvimento
do ser social a partir desses conceitos.
Seção 1
Ao longo dessa seção estudaremos o desenvolvimento da personalidade,
como ela se origina, como se define e seus fatores determinantes.
Seção 2
Nessa seção abordaremos os principais temas da psicologia social, tais
como a identidade (como se forma, como a reconhecemos), os papéis sociais
que exercemos e nossas representações sociais.
Seção 3
Nessa seção os temas que compõem o processo de desenvolvimento do
ser social serão detalhados, de modo a ficar claro que não existe um homem
completamente desalienado, nem, tampouco, um homem completamente
alienado. Trataremos, então, dos temas consciência e alienação.
Introdução à unidade
Na Unidade 1 falamos sobre o histórico da Psicologia: os filósofos que
deram o pontapé inicial para o estudo dessa nova área para que pudéssemos
compreender como aconteceu o desenvolvimento da psicologia enquanto
área científica. Na Unidade 2 o tema central foi o social e a ciência psicoló-
gica, apresentamos a distinção entre psicologia do senso comum e psicologia
científica. Em seguida, trabalhamos alguns temas relevantes para a área da
psicologia social, tais como a formação do psiquismo humano, o indivíduo
e seu contexto social.
Nesta unidade, trabalharemos temas específicos da psicologia social. Para
iniciar, falaremos sobre a personalidade: o que é, como se define, do que é
constituída, quais os elementos que a influenciam, entre outras questões.
Em seguida, estudaremos sobre os papéis sociais e iremos compreender que,
quando o indivíduo nasce, já existe toda uma expectativa social de como ele
deve se comportar, pois os papéis sociais que as pessoas desempenham são
prescritos pelos grupos dos quais elas fazem parte. São esses papéis sociais
que desempenhamos que nos permitem nos adaptarmos às diferentes situa-
ções às quais estamos sujeitos e fazem com que consigamos nos comportar
de maneira diferente em cada uma delas.
Falaremos ainda sobre as representações sociais que, de uma maneira
bem simples, são a forma que utilizamos para interpretar o mundo social.
Importante saber que, enquanto comportamentos sociais, essas são criadas e
recriadas constantemente e, nesse processo, ocorre a influência no indivíduo
e na sociedade.
E, por fim, trabalharemos com os conceitos de consciência e alienação,
que são os processos ideológicos que permeiam toda a nossa sociedade.
Assim, será possível entender e discernir entre os dois conceitos de modo
a compreender que não há um homem completamente desalienado nem,
tampouco, completamente alienado.
Seção 1
A personalidade
57
Freud, que estavam interessados em entender e ajudar cada paciente em sua
totalidade: suas preocupações e ansiedades, sua criatividade e suas limita-
ções, seu aparato biológico, perceptual, intelectual, entre outros. Para eles,
era imprescindível conhecer o passado do paciente para poder compreender
seu presente e auxiliar em seu futuro, além disso, passaram a considerar seu
aparato biológico, cultural e social.
Assim, a psicologia novamente volta a se aproximar do homem, pois
havia a necessidade de ajudar cada paciente, cada pessoa, cada personali-
dade. A partir de então, passaram a surgir os primeiros sistemas teóricos
visando descrever a estrutura e o funcionamento da personalidade.
58
A personalidade abrange tanto a constituição física (características
morfológicas e físico-químicas) como os modos de interação entre as pessoas
e o mundo (seus costumes, suas aspirações, seus modos de se expressar e
se comportar). Isso porque é esse conjunto de traços e características que
constitui o estilo de vida próprio de cada um. Diante disso, podemos entender
que a personalidade vai muito além da simples manifestação dos nossos
comportamentos, ela envolve a totalidade daquilo que somos, não somente
daquilo que somos hoje, mas do que fomos ontem e do que queremos ser
no futuro.
59
1.3.2 Argumentos a favor das influências ambientais
Outros estudiosos procuraram demonstrar que o meio ambiente tem
mais influência na determinação da personalidade que a herança genética.
Para chegar a essa conclusão, os estudiosos pesquisaram casos de pessoas que
foram privadas do convívio social por longos períodos.
Talvez o exemplo mais clássico seja o do menino Victor de Aveyron, um garoto
de, aproximadamente, 11 anos de idade que foi encontrado pelo psiquiatra inglês
Jean Itard, no século XVIII, nos arredores da cidade de Aveyron.
Victor de Aveyron foi então “cuidado” por Jean Itard e sua governanta.
Itard percebeu que o menino possuía capacidades intelectuais e biológicas
passíveis de desenvolvimento e, conforme era estimulado, percebia-se
avanços também em sua socialização. Victor morreu em 1828, com aproxi-
madamente 40 anos.
Outro caso bastante estudado para explicar a importância do ambiente
no desenvolvimento da personalidade foi o das irmãs Amala e Kamala, as
“meninas-lobo”. Elas foram encontradas por um missionário, em 1921, nos
arredores de uma aldeia indiana. Amala aparentava ter por volta de dois anos
de idade e Kamala por volta de sete. De acordo com os registros, as meninas
viviam juntamente com os lobos em uma caverna: andavam sobre quatro
apoios (posição quadrúpede), dormiam “aninhadas” durante o dia e, à noite,
ficavam andando de um lado para o outro, uivavam, rosnavam quando algo
ou alguém se aproximava.
Após serem “resgatadas”, a educação de Amala, que era mais jovem,
foi visivelmente mais fácil, entretanto, ela faleceu um ano após sair da
floresta. Kamala sobreviveu até, aproximadamente, os quinze anos, porém,
mostrou-se mais resistente às influências ambientais: demorou cerca de seis
anos para conseguir colocar-se na posição ereta e caminhar, seu vocabulário
era bastante restrito, com cerca de apenas 45 palavras.
60
Diante disso, os pesquisadores apontam para o fato de que o ambiente
pode, sim, ser determinante no desenvolvimento da personalidade e as
pessoas podem aprender com o convívio social.
1.3.3 Estudos mais recentes acerca da personalidade
Os atuais estudos na área da psicologia demonstram que a personalidade
é uma totalidade global que resulta dos fatores genéticos e ambientais. Então,
é a partir dessa composição que irá acontecer a interação com o meio para
a se tornar uma única personalidade. É importante destacar que a herança
genética não pode ser modificada, inclusive, há aspectos que são próprios
da espécie humana, como é o caso do processo de maturação: o ser humano
apresenta um ritmo e um tempo médio que lhe são característicos para o
amadurecimento de determinadas funções.
61
Atividade de aprendizagem
62
Seção 2
2.1 A identidade
Para que possamos compreender o sentido da palavra identidade, Bock,
Furtado e Teixeira (2008, p. 187) nos apontam que:
63
Questão para reflexão
Se a identidade está em constante transformação, como é possível
alguém mudar e continuar sendo a mesma pessoa?
64
mentos em função de sua posição e status, em relação aos seus empre-
gados, chefes de departamento, clientes, fornecedores, etc.
65
mesmo diretor poderá gozar de horários de trabalho mais flexíveis, receber
um salário maior, ter um escritório mais espaçoso, etc. (BRAGHIROLLI;
PEREIRA; RIZZON, 2010).
O status divide-se em formal e não formal. O primeiro está ligado a posições
que são estabelecidas de maneira hierárquica, ou seja, existem independen-
temente das pessoas que ocupam tal posição. Já o status não formal faz a
distinção entre as pessoas que ocupam a mesma posição, mas há uma diferença
que não pode ser enunciada de maneira explícita (como no caso de um empre-
gado mais experiente, que tem mais benefícios que os demais companheiros de
trabalho). (BRAGHIROLLI; PEREIRA; RIZZON, 2010).
Apesar de posição e status serem conceitos bem próximos, podemos
distingui-los lembrando que a posição é a localização de um elemento no
grupo em relação aos demais e que status se refere à importância de uma
posição em relação às outras.
66
exemplo um funcionário da administração de uma universidade que
também é aluno desta – perante uma manifestação contra a adminis-
tração da universidade, ele pode se sentir em conflito.
• Posturas opostas: pense no caso de uma esposa que vivencia a pressão
social e do marido para ser submissa e obediente, mas deve ser autori-
tária e empreendedora na gerência de sua empresa.
Devemos ressaltar que, dependendo da intensidade do conflito, este pode
causar perturbações emocionais em uma pessoa.
67
Mas de que forma o social transforma um conhecimento em represen-
tação, e como essa representação, por sua vez, transforma o social? Por meio
de dois processos: a ancoragem e a objetivação.
Ancoragem “refere-se à inserção orgânica do que é estranho no pensa-
mento já construído, ancoramos, portanto, o desconhecido em represen-
tações já existentes” (SPINK apud CODO, 1995, p. 2). Percebe-se, assim, a
necessidade das pessoas de tornar familiar aquilo que é estranho. Nesse caso,
a integração da novidade é uma função básica da representação social.
O segundo processo é a objetivação. Esta refere-se à cristalização de uma
representação social. De acordo com Spink (apud CODO, 1995, p. 51), “a
objetivação é essencialmente uma operação formadora de imagens [...]”.
Então, nesse processo, ainda que as relações sociais se cristalizem, isso não
quer dizer que elas são imutáveis, pois também sofrem modificações.
Por isso, torna-se muito importante compreender que as representações
sociais não são um conceito fechado, uma teoria acabada, mas, sim, algo em
constante construção. Além disso, o conteúdo, as construções e as modifica-
ções das representações sociais estão sempre localizadas no contexto social
em que estão inseridas.
Atividade de aprendizagem
68
Seção 3
É sabido que a aranha constrói sua teia e reage às vibrações nela produ-
zidas quando algum inseto fica preso ali. Mas e o homem? Como ele se
relaciona com seu mundo externo, com seu mundo objetivo? O ser humano
também tem seu modo próprio de reagir ao mundo objetivo, ele faz isso
quando transforma ideias e imagens e estabelece relações entre essas infor-
mações, visando compreender o que se produz na realidade. A consciência é
uma forma de saber, ou seja, o homem reage ao mundo de modo a compre-
endê-lo. Vamos investigar mais sobre a consciência?
3.1 A consciência
A consciência é uma forma de saber. Entretanto, esta não faz referência
apenas ao saber lógico, ela inclui também o saber das emoções, os senti-
mentos do ser humano, seus desejos. Por esse motivo, também afirmamos
que a consciência está em movimento constante.
69
É através dessas relações sociais que o homem se apropria de seu mundo
cultural e pode desenvolver seu sentido pessoal, isto é, pode produzir sua
compreensão sobre o mundo, sobre si mesmo e sobre os outros. Essa compre-
ensão da realidade objetiva e social que o indivíduo criou é própria dele,
porque resulta de seu trabalho pessoal.
E a linguagem? A linguagem do ser humano nada mais é do que um
produto histórico, que traz representações, valores, códigos e significados
dos grupos sociais em que os indivíduos estão inseridos. Enquanto produto
histórico, a linguagem traz representações, significados e valores que estão
presentes no grupo social. Além disso, para o indivíduo, a linguagem é
condição necessária para desenvolver seu pensamento (LANE, 1983 apud
LANE; CODO, 1992).
Assim, o homem, como ser ativo e inteligente, insere-se historicamente
em um grupo social através da linguagem, que é uma condição básica para
a comunicação e para o desenvolvimento de suas relações sociais, e, conse-
quentemente, de sua própria individualidade.
3.2 A alienação
Vimos que a consciência é tudo aquilo que faz com que nós estejamos
presentes, representando determinado papel naquele momento, que
nós estejamos cientes daquilo que acontece. Então, é tudo aquilo que nos
70
diferencia da nossa natureza, do ambiente que nos cerca. Mas e a alienação?
Quanto mais consciente o indivíduo está, menos alienado ele é, e vice-versa.
Assim, qual é a relação existente entre consciência e alienação?
Quando uma pessoa não se interessa por questões de política, de
economia, costumamos dizer que essa pessoa é “alienada”, ou seja, desinte-
ressada por alguns assuntos. Quando falamos de alienação do ponto de vista
jurídico, significa a perda da posse de um bem ou do direito de venda. Mas
será que é dessa alienação que estamos falando aqui, em Psicologia Social?
Etimologicamente, a palavra alienação vem do latim alienare, alienus,
que quer dizer “que pertence ao outro”. Alius significa “o outro”. Mas para
que possamos compreender o conceito de alienação, é necessário compreen-
dermos primeiro como o homem se construiu para, somente depois, enten-
dermos como ele se nega.
As relações de trabalho determinam o comportamento das pessoas,
ou seja, sua postura, suas expectativas, seu afeto, suas emoções. Assim, é
por meio do trabalho que o homem se constrói, pois o trabalho o iguala e
o diferencia de si mesmo e do outro (por exemplo, sou uma dona de casa,
assim como outras mulheres são – isso me iguala – mas também é o que me
diferencia do outro, porque como dona de casa eu faço uma ótima comida e
isso é diferente para cada um), transforma o outro e é por ele transformado,
porque eu vou me construindo e construindo o mundo à minha volta.
Diante disso, Codo (1982, p. 20) afirma que “[...] o homem se hominiza
pelo que faz”, isso quer dizer que o indivíduo se torna homem por inter-
médio do trabalho que faz, se torna responsável pelo trabalho que está execu-
tando, assim, o trabalho é o seu modo de ser. Porém, Codo também afirma
que, atualmente, o trabalho é considerado alienado, desligado do homem:
na sociedade capitalista em que vivemos “[...] ocorre uma ruptura entre o
produto e o produtor, o trabalho produz o que não consome, consome o que
não produz” (CODO, 1985, p. 48).
Quando enfatiza a sociedade capitalista, significa que esse meu trabalho
é oferecido em troca de determinado valor (eu recebo pelo que trabalhei),
mas eu não sei se esse meu trabalho será aproveitado por outros ou não, se
vai gerar uma consequência para o outro ou não, então eu me torno alienado
porque meu trabalho se torna desligado do homem.
Dizer que há “uma ruptura entre produto e produtor” significa que
eu não tenho dimensão de onde irá chegar aquilo que faço. Por exemplo,
um professor está dando aula para uma turma com, aproximadamente, 50
alunos. Ele explica vários assuntos e, mais tarde, os alunos irão juntar todas
essas informações com os conhecimentos que foram adquirindo ao longo
71
de sua trajetória para tomar determinado rumo. Um aluno pode querer
escrever um livro sobre um determinado assunto que esse professor tratou há
muito tempo, assim, o professor se torna alienado do seu trabalho, pois não
consegue mensurar o impacto que sua aula teve sobre a vida de seus alunos.
Quando afirma que “o trabalho produz o que não consome e consome o
que não produz”, é sabido que isso ocorre até mesmo no nível mais básico de
produção. Perceba, um professor, por exemplo, não sabe plantar, mas existem
pessoas que sabem, então ele compra a produção dessas pessoas que plantam.
Isso acontece porque o professor produz conhecimento, mas não consome o
que ele mesmo produz, e, sim, o que o outro produz. Assim é a alienação: eu
produzo o que eu não consumo e consumo o que o outro produz.
A relação é a seguinte: a alienação gera consciência que, por sua vez, gera
alienação! O que isso quer dizer? Que estamos em um ciclo vicioso: temos um
processo de alienação, nós trabalhamos, temos a nossa vida em sociedade e
isso é o que nos torna conscientes. Mas, por outro lado, o próprio trabalho nos
deixa alienados de nossa sociedade, então, temos aqui um ciclo que não é inter-
rompido, pois a alienação gera a consciência que, por sua vez, gera a alienação.
E será que é possível combater essa alienação? A resposta é sim! A luta
contra a alienação deve se dar por intermédio de um processo grupal, e
não individual.
72
2. Alienação econômica: os produtores não se reconhecem como produ-
tores nem se reconhecem nos objetos produzidos por seu trabalho.
Nas sociedades modernas, a alienação econômica é dupla: primei-
ramente os trabalhadores, como classe social, comercializam sua
força de trabalho aos proprietários do capital, donos das fábricas,
indústrias, etc. Ao comercializar sua força de trabalho no mercado,
os trabalhadores são mercadoria e, como toda mercadoria, recebem
um preço, no caso, um salário. No entanto, os trabalhadores não
percebem que foram reduzidos à condição de coisas que produzem
coisas; não percebem que foram desumanizados e “coisificados’.
3. Alienação intelectual: resulta na separação social entre o trabalho
material, a mercadoria, e o trabalho intelectual, as ideias. Acredita-se
que o trabalho material é uma atividade que não exige conhecimentos,
mas apenas habilidades manuais, enquanto o trabalho intelectual é
responsabilidade restrita dos conhecimentos. É claro que, inseridos
numa sociedade alienada, os intelectuais também se alienam. E,
segundo Chauí (1982) sua alienação é tripla:
73
não existe uma pessoa que seja completamente alienada e nem uma que
seja completamente desalienada, isso porque o simples fato de estarmos
estudando agora, refletindo sobre os mais diversos temas, mostra-nos que
estamos buscando uma compreensão desse processo, de modo a ficarmos
menos alienados e, portanto, mais conscientes.
Atividades de aprendizagem
1. Temos que a consciência é uma forma de saber, entretanto, esta não faz
referência apenas ao saber lógico, ela inclui também o saber das emoções,
os sentimentos do ser humano, seus desejos. Por esse motivo, também
afirmamos que a consciência está em movimento constante. O que significa
dizer que a consciência está em movimento constante?
2. Sendo a consciência tudo aquilo que faz com que nós estejamos presentes,
representando determinado papel naquele momento, que nós estejamos
cientes daquilo que acontece, esta pode ser compreendida como sendo tudo
aquilo que nos diferencia da nossa natureza, do ambiente que nos cerca. Qual
a relação existente entre consciência e alienação?
Fique ligado
Concluímos mais uma unidade de ensino. Nesta, pudemos conhecer
vários aspectos teóricos da psicologia social, tais como personalidade, identi-
dade, representação social, consciência e alienação. Diante disso, você teve
a oportunidade de entender que compreender o homem significa compre-
ender a sociedade, pois o homem é um ser de relações e necessita delas
para sobreviver.
74
MARTINS, Eduardo Simões. Os papéis sociais na formação do cenário
social e da identidade. Kínesis, v. 2, n. 4, dezembro, 2010, p. 40-52.
75
a. criado; partilhado; pronto; a comunicação.
b. criado; dividido; social; o convívio.
c. elaborado; partilhado; social; a comunicação.
d. elaborado; partilhado; pronto; o convívio.
e. desenvolvido; dividido; pronto; a comunicação.
76
5. O homem, como ser ativo e inteligente, insere-se historicamente em um
grupo social através da linguagem. Acerca da linguagem, analise as afirma-
tivas a seguir marcando com (V) as que forem verdadeiras e (F) as falsas.
( ) A linguagem é uma condição básica para a comunicação e o desenvolvi-
mento de suas relações sociais.
( ) A linguagem é uma condição básica para o desenvolvimento da indivi-
dualidade de cada um.
( ) Enquanto produto histórico, a linguagem traz representações, signifi-
cados e valores que estão presentes no grupo social.
( ) A linguagem não é condição necessária para desenvolver o pensamento
do indivíduo, pois existem outros fatores que devem ser levados em consi-
deração.
Assinale a alternativa com a sequência correta:
a. V - V - V - V.
b. V - V - V - F.
c. V - V - F - F.
d. F - V - F - V.
e. F - F - V - F.
77
Referências
BRAGHIROLLI, E. M.; PEREIRA, S.; RIZZON, L. A. Temas de psicologia social. 10. ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
CODO, Wanderley. Sofrimento psíquico nas organizações: saúde mental e trabalho. Petrópolis:
Vozes, 1995.
LANE, S. T. M.; CODO, W. Psicologia social: o homem em movimento. 10. ed. São Paulo:
Brasiliense, 1992.
Convite ao estudo
Nesta unidade iremos compreender a área de estudo dos grupos, conhe-
ceremos de que maneira o grupo influencia as pessoas e vice-versa. Após,
faremos a ligação entre os grupos e as instituições sociais, ou seja, de que
maneira nossa formação influencia e é influenciada pelas instituições
sociais nas quais estamos inseridos. Por fim, falaremos sobre a dinâmica da
liderança, isto é, até que ponto determinado tipo de líder pode influenciar os
membros de um grupo e as instituições em si.
Seção 1
Ao longo desta seção teremos contato com os grupos e falaremos sobre a
forma como se originam. Além disso, veremos como seus membros atuam e
quais os papéis desempenham.
Seção 2
Nesta seção, vamos abordar a temática das instituições e buscar responder
ao seguinte questionamento sobre elas: qual a sua importância em nossa
formação e até que ponto nos influenciam? Além disso, vamos tentar compre-
ender a principal instituição social, que é a família.
Seção 3
Nesta seção conversaremos sobre a liderança. Até que ponto um líder
pode influenciar um membro ou todos os membros do grupo? De que forma
ele faz isso? Será que o líder tem relação com a “produção” realizada por seu
grupo, entre outras questões pertinentes.
Seção 4
Nesta seção o tema abordado será o da inclusão e exclusão social.
Entenderemos de onde surgiram esses conceitos e como eles podem ser
percebidos no nosso dia a dia.
Introdução à unidade
Ao longo do nosso livro conhecemos o histórico da psicologia enquanto
área científica do saber, que inaugurou a cientificidade nos estudos psico-
lógicos. Abordamos temas centrais da Psicologia Social, como a formação
do psiquismo humano, o indivíduo e seu contexto social. Falamos também
sobre a personalidade, os papéis e as representações sociais; além da forma
como ocorre a influência do indivíduo na sociedade. Trabalhamos, ainda,
com os temas da consciência e da alienação.
Nesta última unidade, trabalharemos com a temática dos grupos, ou
seja, compreenderemos de que maneira o indivíduo influencia e é influen-
ciado pela dinâmica grupal. Além disso, entenderemos qual a definição dos
grupos, seus tipos e o que os diferencia das chamadas agregação e categoria.
Dando continuidade a essa temática, trabalharemos com o conceito de
instituições sociais e veremos como elas se originam; o que são; quais os seus
tipos e características e até que ponto influenciam as pessoas.
Abordaremos, ainda, a questão da liderança. Vamos observar quem são
os líderes, como eles se comportam, quais seus tipos e estilos de liderança.
Dessa forma, compreenderemos quais grupos lideram e como podem
influenciá-los. Além disso, veremos como podem atuar para melhorar ou
não a eficiência de seus subordinados.
Por fim, trataremos da inclusão/exclusão social de modo a compreen-
dermos os processos de segregação pelos quais as pessoas passam. Trataremos
do histórico desse conceito, visando fazer referência à maneira como o utili-
zamos nos dias atuais, além de entendermos o seu conceito, os tipos de
exclusão social e a importância de conhecermos esse tema para nossa vida.
Bons estudos!
Seção 1
O processo grupal
81
exemplificar o poder da manipulação das massas, das multidões (BOCK;
FURTADO; TEIXEIRA, 2008).
Assim, a temática sobre os grupos começa a ser estudada com Le Bon,
mas vai sendo aperfeiçoada com outros estudiosos, como é o caso de Freud, o
pai da Psicanálise. Freud era judeu e levantou um foco diferente para o estudo
sobre os grupos. Ele estava mais preocupado em entender a maneira como
se constroem as instâncias da personalidade humana na vida social, mais
especificamente, queria entender de que forma a personalidade se formava
perante a vida social e a vida em família. Para tanto, percebe a divisão das
fases do desenvolvimento psicossexual, ou seja, as fases de desenvolvimento
pelas quais todos nós passamos e o quanto cada uma delas influencia o
desenvolvimento de nossa personalidade.
Entretanto, no campo da Psicologia Social, o que se questionava era o
que levaria uma multidão a seguir a orientação de um líder mesmo que, para
isso, fosse preciso arriscar a própria vida. Qual seria o fenômeno psicoló-
gico que possibilitaria a coesão das massas? Como dito anteriormente, esse
tema passa a ser mais estudado após a Segunda Guerra Mundial, quando se
começa a questionar o que fazia com que as pessoas se reunissem em grupos
autônomos, com objetivos claros, seguidos por um líder.
Temos então que, embora o estudo dos grupos tenha sido iniciado dentro
da Psicologia Social com pesquisas sobre as massas e as multidões, foi com
o foco nos grupos menores que esta área vem se desenvolvendo. Diante
disso, passam a ser estudados aqueles grupos que apresentam objetivos
bem definidos, como é o caso da família, dos grupos religiosos, dos grupos
políticos, entre tantos outros.
Esse estudo se inicia na década de 1930, com Kurt Lewin, um psicólogo
alemão refugiado nos EUA. Lewin desenvolve a primeira teoria consistente
sobre os grupos afirmando que, além de terem características próprias, eles
influenciam fortemente os indivíduos. Na verdade, ele começa seu estudo
a partir de sua própria história: Lewin foi para os EUA fugido do nazismo,
que foi um período de massacre em que um líder, com tamanha persuasão,
conseguiu convencer e coagir pessoas com sua tirania, colocando em risco a
vida de muitos, além do fato de manipular multidões. A partir disso, Lewin
inicia seus estudos acerca dos processos cognitivos que aconteciam dentro
de um grupo. Para tanto, utiliza o cognitivismo, que é uma teoria que utiliza
uma visão bastante sociológica para tentar compreender a cognição, os
processos mentais superiores (tais como a atenção e a memória) (BOCK;
FURTADO; TEIXEIRA, 2008).
82
Quando começa a se aprofundar em seus estudos, Lewin vai afirmar que é
preciso fortalecer o indivíduo para que ele perceba os processos que ocorrem
na sociedade.
83
o indivíduo não abandone o grupo, existe um padrão de comportamento,
uma expectativa em torno de sua função. Assim, dizemos que são vários os
fenômenos que fazem parte desse processo grupal.
84
Assim, chegamos à conclusão de que a característica básica dentro dos
grupos é que haja a interação, o vínculo, a afetividade. Então, para que um
grupo aconteça de fato, é necessário que se tenha a interação social.
Por outro lado, Dias (2005) caracteriza uma agregação (ou coletividade)
como um conjunto de pessoas que estão ao mesmo tempo no mesmo lugar,
porém, interagem pouco ou nada entre si, não existindo, portanto, o vínculo,
a afetividade entre elas. Como exemplo, temos os passageiros de um ônibus,
os clientes em uma fila no banco, pessoas assistindo a um filme no cinema.
Ou seja, são pessoas que estão ao mesmo tempo, no mesmo lugar, por um
objetivo em comum, mas não se conhecem, não há vínculos entre elas.
Já quando falamos de categoria, referimo-nos a um grupo de pessoas que
partilham de características comuns, mas que não interagem entre si. Por
exemplo, uma mulher faz parte da categoria de pessoas do sexo feminino. Se
esta mesma mulher for uma médica, ela também faz parte da categoria dos
médicos, entre inúmeras outras categorias as quais pertencemos ao longo de
nossas vidas.
85
1.1.4 Classificação dos grupos
Os grupos normalmente são classificados das mais distintas maneiras,
porém, a primeira e mais frequente classificação divide-os em grupo
primário, secundário e intermediário.
• Grupo primário: são aqueles em que há o predomínio dos contatos
pessoais diretos, tais como a família e os vizinhos. Isso porque, nesses
grupos há um sentimento de pertencimento, em geral, os grupos
primários surgem acompanhados de sentimentos de posse (“minha
família”, “meus amigos”). São grupos pequenos caracterizados por
motivações afetivas. Além disso, são grupos resistentes às modifica-
ções provocadas pelas mudanças sociais. A família é o grupo primário
por excelência. Nela, o objetivo comum em geral não está explicitado,
e pode ser simplesmente a convivência.
• Grupo secundário: são aqueles grupos caracterizados pelos contatos
sociais não permanentes, em que os membros são facilmente substi-
tuídos. Não se constitui em um fim, mas sim, em um meio para
que seus componentes atinjam as finalidades externas ao grupo. O
tamanho deste grupo não é fixo e as condutas predominantes aqui
são aquelas mais formais. Exemplos: igreja, Estado, grupo de estudo.
Um exemplo clássico é o da associação de bairro, pois os integrantes
pouco se veem, mas a associação está lá, entretanto, eles possuem um
objetivo em comum (que é o bem-estar da população do bairro).
• Grupo intermediário: Apresenta as duas formas de contato: tanto
a primária quanto a secundária. O melhor exemplo deste grupo é a
escola. Lá existem tanto relações mais íntimas, como as que os alunos
estabelecem com seus colegas de classe, com os professores, quanto
relações mais distantes, que é o tipo de relacionamento que esses
alunos têm com o diretor da escola, com o zelador. Entretanto, todos
estão ali por um objetivo em comum, que é a educação. Por isso, este
é um grupo classificado como intermediário, em que predominam os
dois tipos de relação.
86
Atividades de aprendizagem
87
Seção 2
As instituições sociais
Sabemos que a nossa vida cotidiana é permeada pela vida em grupo, mas,
para que a vida flua normalmente nesses grupos, é necessário que existam
algumas regras. Quando uma dessas regras é normatizada pela vida em
grupo, dizemos que ela foi institucionalizada. Ao nos referirmos ao termo
instituição, no sentido da Psicologia Social, temos que ele se define como o
campo de valores e regras, sendo a maneira como as regras se materializam
por meio da produção social. Entretanto, é necessário desfazermos alguns
conceitos já formulados acerca desses temas, como veremos a seguir.
88
2.1.2 Relação entre instituições, organizações e grupos
Para começar, como podemos definir instituição? Ela significa algo que
tem seus próprios valores, normas e regras. Regula o funcionamento daquele
grupo de pessoas que pertencem a ela. Imagine uma instituição religiosa e
suponha que você frequenta um culto ou uma missa, ou, ainda, os ritos de
determinada igreja, então, podemos afirmar que você segue os dogmas dessa
instituição religiosa. Qual seria o seu papel dentro dessa instituição? Vale
destacar que, assim como temos diversos papéis sociais, também fazemos
parte de muitas instituições ao longo de nossas vidas, sendo que são essas
instituições que regulam o nosso funcionamento dentro da sociedade.
Tendo a instituição como as regras e os valores, então a base concreta da
sociedade é a organização, entendida como o aparato que reproduz a insti-
tuição perante a sociedade, ou seja, as instituições sociais serão mantidas
e reproduzidas nas organizações. Por exemplo, podem ser um complexo
organizacional, como um Ministério (como o Ministério da Saúde), pode
ser uma empresa (como a Católica, a Evangélica), mas também pode ser um
pequeno estabelecimento, como uma creche filantrópica. Assim, a organi-
zação é o campo prático da instituição.
O que vem para completar essa dinâmica é o grupo, que é o local em que
a instituição se realiza. É tudo aquilo que reproduz e, em certas ocasiões,
reformula tais regras.
Enfim, temos o seguinte: a instituição é o campo de valores e de regras
(é abstrato); a organização é a maneira como se materializa essas regras por
meio da produção social; o grupo, por sua vez, realiza e promove os valores.
2.2 Instituição
Definimos instituição como sendo tudo aquilo que mais se reproduz – no
sentido de que lidamos com instituições a todo momento – e que menos se
percebe nas relações sociais. José Bleger (1991) diz que a instituição é uma confi-
guração de conduta duradoura, completa, integrada e organizada, mediante a
qual se exerce o controle social e por meio da qual se satisfazem os desejos e
necessidades sociais fundamentais. Isso quer dizer que a instituição é um guia
de regras, de normas, que estabelece parâmetros para vivermos em sociedade.
Diante disso, temos que a instituição requer normas, padrões, que devem
ser seguidos, ou seja, são essas instituições que nos dão os parâmetros a
seguir. Além disso, sempre há relações de poder nas instituições, isto é, um
manda e o(s) outro(s) obedece(m), o que pode gerar contradições. O que
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significa que a instituição é um valor ou uma regra social que deve ser repro-
duzida no nosso cotidiano com status de verdade.
As instituições servem como guia básico de comportamento e de padrão
ético para as pessoas em geral. Elas acabam assumindo a função de realizar
a mediação das estruturas sociais, definindo papéis para a reprodução das
relações sociais, de acordo com o que está previsto pelo contexto social em
que a instituição está inserida.
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a capacidade de o governo atender às demandas por seus serviços,
podendo afetar até a qualidade da educação.
6. As instituições são relativamente duradouras, e os padrões de compor-
tamento estabelecidos dentro delas se tornam parte da tradição de
uma determinada sociedade – por exemplo, no Brasil, a tradição é
monogâmica para regulamentar os casamentos, isso porque, tradicio-
nalmente, o marido, a mulher e os filhos ocupam um papel social e
um status baseado na idade, no sexo.
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Começaram a surgir as obrigações entre os cônjuges permeadas pelo
contrato conjugal: agora o indivíduo tinha culpa por eventuais fracassos da
relação conjugal, isto porque, se o amor agora era livre das interferências
referentes ao patrimônio, às relações familiares, cabia ao indivíduo toda a
responsabilidade pelo fim da família. Assim, estabeleceu-se uma ligação
entre amor e sexo, sendo que o sexo precisaria do amor para permanecer nos
limites do lar.
Costa (1989) afirma que, para compensar a perda do poder social (sobre
os escravos, sobre as crianças e sobre as mulheres), a higiene oferece ao
homem o poder sexual sobre as mulheres. Diante das normas sexuais, a
independência da mulher não podia passar dos limites da casa e do consumo
dos bens, além de se manter a imagem de mulher-mãe.
Mas, e o pai? Para que ele pudesse manter seu dever de pai, foi-lhe dada
a autorização para ser macho, ou seja, o machismo surge para compensar a
perda de seu tradicional poder.
Chegando ao século XIX, temos a vida nas grandes cidades. E, com a
higiene, a vida do cidadão passa a girar em torno dos filhos. Com isso, nas
sociedades urbanas ocidentais, inclusive no Brasil, as mulheres começam
a demonstrar suas capacidades para o trabalho fora do âmbito doméstico,
visando às necessidades de sobrevivência do momento. A partir de então,
tem início uma revolução nas expectativas sociais, familiares e pessoais,
principalmente em relação ao sexo, que até então deveria acontecer resguar-
dado, no ambiente doméstico e com funções reprodutivas.
Com todas essas mudanças, a submissão da mulher ante o homem
começa a diminuir, já que ela passa a conseguir sua emancipação, então,
novos valores começam a orientar as relações na família e, também, as
relações afetivas. Aquelas normas vigentes até então, como “até que a morte
os separe” e “felizes para sempre”, que legitimavam os casamentos e a família
conjugal a partir do século XIV, tornam-se instáveis e frágeis. A partir da
década de 1980, passa-se a perceber a heterogeneidade nos padrões de
família e casamento, que ganha legitimidade social e cultural. As diferenças
existentes entre os papéis de homem e mulher tendem a desaparecer, confun-
dindo-se ou multiplicando-se.
Entretanto, mesmo em meio a tantas modificações sociais e culturais,
a desigualdade entre homens e mulheres na sociedade contemporânea
continua a existir, sendo possível de ser percebida nas relações de poder
que se estabelecem entre os indivíduos. Isso porque toda essa velocidade
das mudanças sociais acelera a alteração dos padrões de comportamento,
aumentando a distância entre o que o homem vive e o que foi aprendido e
internalizado na infância.
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Assim,
Atividades de aprendizagem
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Seção 3
Liderança
Todo grupo tem um líder? Todo chefe é um líder? Se não, como podemos
fazer a distinção entre chefia e liderança? Essas são questões que sempre
nos fazemos quando estamos frente a um grupo que possui uma pessoa que
o “representa”. Mas será que esse “representante” é escolhido pelo próprio
grupo? Se não, quem o escolhe? Aliás, quais as funções de cada um dos líderes
em nossa sociedade? A partir de agora, estudaremos o tema da liderança e
iremos responder a essas e outras questões. Vamos lá?
1.1 Liderança
Um fato interessante de se notar é que todos os grupos têm um líder. O
que vale tanto para grupos humanos quanto animais. Entretanto, por ser um
fato tão comum no dia a dia das pessoas, muitas vezes, passa despercebido.
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Liderança. S.f. 1. Função de líder. 2. Capacidade de liderar;
espírito de chefia. 3. Forma de dominação baseada no
prestígio pessoal e aceita pelos dirigidos (FERREIRA, 1986).
S.f. 1. Função de líder. 2. Primeira posição (LIDERANÇA,
1997b).
Mas será que líder e chefe são a mesma coisa? Para ficar mais claro,
precisamos, primeiramente, compreender que nem todo chefe é líder, assim
como nem todo líder está em uma posição de chefia. Portanto, liderança é
diferente de chefia. Para entendermos melhor isso, vamos fazer uma diferen-
ciação entre os termos poder e autoridade: o poder é a capacidade de forçar
ou coagir alguém a fazer o que você quer em decorrência de sua posição ou
força, mesmo a pessoa se negando a fazê-lo. Já na autoridade, na liderança,
as pessoas o fazem de boa vontade, por conta da influência pessoal que seu
superior representa (CUNHA; SILVA, 2010).
Assim sendo, podemos compreender que líder não é aquele que desem-
penha a função de chefia. O líder é aquela pessoa escolhida pelas demais
pessoas para liderá-las, isso porque as pessoas o admiram, concordam com
o que ele diz e com o que ele faz. Já o chefe não é escolhido pelos demais
membros, ele foi colocado na posição de chefia, não foi eleito democratica-
mente por todos. Geralmente, as pessoas não concordam com o que ele faz
e com a maneira que ele faz, mas como estão subordinadas a ele, precisam
obedecer ao que ele diz.
Perceba que o líder está no mesmo nível de seus liderados, enquanto o
chefe trata as pessoas como se fossem seus subordinados, como se ele fosse
superior a todos.
Diante disso, Hunter (2004, p. 25) define liderança como sendo “[...]
a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente
visando atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum”.
De acordo com Cunha e Silva (2010, p. 72), vários autores comparti-
lham de pontos comuns com relação à definição de liderança, sendo que
esses pontos convergem para duas características principais: “a habilidade de
influenciar ou conduzir pessoas e a capacidade de realizar”.
Temos, então, que a liderança corresponde a um processo de influência
pelo qual os indivíduos, com suas ações, facilitam o movimento de um grupo
de pessoas rumo a uma meta comum ou compartilhada.
95
3.1.2 Tipos de liderança
Os tipos de liderança foram inicialmente propostos por Lippitt e White,
em 1943, ao realizarem um estudo clássico com meninos de 10 a 11 anos de
idade que participavam de um acampamento de verão. Na ocasião, o interesse
dos pesquisadores era verificar o impacto causado por três diferentes tipos de
liderança quando orientados para a execução de tarefas. Os meninos foram
orientados, alternadamente, de seis em seis semanas, por líderes que utili-
zavam três diferentes tipos de liderança: a autocrática, a democrática e a
laissez-faire (BOTELHO; KROM, [s.d.]).
Os líderes denominados pelos estudiosos como líderes autocráticos
estabelecem sozinho as regras de seus grupos, determinam suas atividades.
Ou seja, são aqueles que tomam todas as decisões do grupo sozinhos e, geral-
mente, costumam oprimir seus subordinados, pois enxergam neles seus
concorrentes e não seus colaboradores. Normalmente, são líderes que não se
envolvem ativamente nas atividades do grupo, permanecendo no “pedestal”
de sua função (BRAGHIROLLI; PEREIRA; RIZZON, 2010).
Os chamados líderes democráticos são diferentes, pois optam junto
do grupo quais decisões serão tomadas, de modo que todos saibam o que
está por acontecer. Os colaboradores têm autonomia para escolher seus
companheiros de tarefa. Aqui, os líderes elogiam ou criticam de acordo com
objetivos que são conhecidos por todos e, além disso, o líder se comporta
como membro do grupo (BRAGHIROLLI; PEREIRA; RIZZON, 2010).
Já os líderes laissez-faire são aqueles que não atuam como coordena-
dores, deixando toda e qualquer liberdade de ação para os membros do
grupo, ou seja, “façam o que acharem melhor” (BRAGHIROLLI; PEREIRA;
RIZZON, 2010).
As conclusões do estudo de Lippitt e White trouxeram muitas inova-
ções. Por exemplo, de maneira geral, aqueles grupos liderados por líderes
autocráticos rendiam mais, porém, por outro lado, apresentavam relações
interpessoais hostis, maior agressividade e queda brusca na produtividade na
ausência do líder. Já nos grupos sobre liderança democrática, a motivação e o
envolvimento com a tarefa eram maiores que nos demais grupos, a qualidade
das relações interpessoais era melhor e também havia maior satisfação dos
membros por participar do grupo e da tarefa. Quando o líder estava ausente,
o grupo não sofria alteração de quantidade ou qualidade. Nos grupos sob
liderança laissez-faire, houve grande atrito, desorganização e insatisfação,
além de baixa produtividade (BRAGHIROLLI; PEREIRA; RIZZON, 2010).
Ante os resultados das pesquisas de Lippitt e White, pode-se perceber
que o modelo de liderança “ideal” é o democrático. Entretanto, pesquisas
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recentes demonstram que isso vai depender do tipo do grupo. Por exemplo,
quando existe um grupo de artistas plásticos envolvidos na tarefa de pintar
um painel, é mais interessante que sejam liderados por um líder laissez-faire,
já que a liberdade deve ser um requisito essencial na criação. Já um grupo
que precisa obter resultados com urgência, ou que execute tarefas rotineiras,
manuais, pode estar necessitando de um líder autocrático.
Diante disso, temos, então, que o tipo de liderança “ideal” vai depender
de uma série de variáveis relativas ao grupo, à situação e às características
pessoais do líder.
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preguiçosas e pouco merecedoras de confiança, portanto, ele precisa usar a
coerção para se fazer obedecer e decidir sozinho os rumos do grupo. Assim,
o estilo de liderança autocrática seria aquela orientada para a tarefa.
Por outro lado, o líder democrático está convencido que o poder que
detém lhe foi conferido pelo grupo e que, se estiverem motivadas, as pessoas
não precisam ser coagidas, porque elas se dedicarão por si próprias ao
trabalho e serão criativas ao desempenhá-lo. Portanto, o estilo de liderança
democrático seria aquele orientado para as pessoas (BRAGHIROLLI;
PEREIRA; RIZZON, 2010).
Atividades de aprendizagem
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Seção 4
99
seja, abrange a dimensão objetiva da desigualdade social, a dimensão ética da
injustiça, a dimensão subjetiva do sofrimento, entre outras (SAWAIA, 2002).
Assim, a sociedade exclui para incluir e essa mudança é fruto da ordem
social desigual, que traz o caráter ilusório da inclusão, isso porque todos nós
estamos inseridos de algum modo. Diante disso, em vez de tratarmos apenas
o tema da exclusão social, temos que trabalhar com a relação exclusão/
inclusão.
4.1.1 Relação exclusão/inclusão social
A relação exclusão/inclusão traz particularidades específicas que
vão desde o sentir-se incluído até o sentir-se discriminado ou revoltado.
Entretanto, isso não se refere apenas às questões econômicas, mas deter-
minam e são determinadas por diferentes justificativas, sejam essas sociais
ou individuais.
Diante disso, Sawaia (2002, p. 7) relata que:
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No campo internacional, a passagem do predomínio do termo pobreza
para exclusão significou, em grande parte, o fim da ilusão de que as desigual-
dades sociais eram temporárias... A exclusão emerge, assim, no campo inter-
nacional, como um sinal de que as tendências do desenvolvimento econô-
mico se converteram. (NASCIMENTO, 1995, p. 25).
Atividades de aprendizagem
101
Fique ligado
Chegamos ao fim de mais uma unidade de ensino. Aqui pudemos ter
contato com o tema das relações sociais, que envolvem os grupos, as insti-
tuições sociais e a liderança. Foi possível aprender sobre como os grupos se
organizam, porque é importante que as pessoas se organizem em grupos,
qual a relação entre os grupos e as instituições sociais e, por fim, qual a
relação entre os tipos de liderança e os comportamentos apresentados pelos
membros de um grupo. Assim, finalizamos nossa unidade de ensino compre-
endendo a importância do homem em se socializar e ter uma vida ligada às
demais pessoas.
102
2. Os grupos normalmente são classificados das mais distintas maneiras,
porém, a primeira e mais frequente classificação divide-os em grupo primário,
secundário e intermediário. Diante disso, relacione as colunas a seguir.
( 1 )Grupo primário.
( 2 )Grupo secundário.
( 3 )Grupo intermediário.
( ) Todos estão ali por um objetivo em comum, mas há mais de um tipo
de relação prevalecendo ali. O melhor exemplo para definir esse grupo é a
escola.
( ) Há o predomínio dos contatos pessoais diretos. Há também um senti-
mento de pertencimento entre as pessoas. São grupos pequenos caracteri-
zados por motivações afetivas.
( ) São caracterizados pelos contatos socais não permanentes em que seus
membros são facilmente substituídos. O tamanho do grupo não é fixo e as
condutas predominantes aqui são as mais formais.
Assinale a alternativa com a sequência correta.
a. 1, 2, 3.
b. 1, 3, 2.
c. 2, 1, 3.
d. 3, 1, 2.
e. 3, 2, 1.
3. José Bleger (1991) vai dizer que a instituição é uma configuração de conduta
duradoura, completa, integrada e organizada mediante a qual se exerce o
controle social e por meio da qual se satisfazem os desejos e necessidades
sociais fundamentais. Isso quer dizer que a instituição é um guia de regras, de
normas, que vai estabelecer parâmetros para vivermos em sociedade.
Sobre o tema da instituição, analise as afirmativas a seguir.
I. A instituição requer normas, padrões, que devem ser seguidos, ou
seja, são essas instituições que nos dão parâmetros a seguir.
II. A instituição é um valor ou regra social que deve ser reproduzida
no cotidiano com status de verdade, ou seja, são o guia básico de
comportamento e padrão ético para as pessoas em geral.
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III. As instituições são responsáveis por realizar a mediação das estru-
turas sociais, definindo papéis para a reprodução das relações sociais,
conforme o que está previsto no contexto social em que a instituição
se encontra inserida.
Está correto o que se afirma em:
a. Apenas I.
b. Apenas I e II.
c. Apenas II e III.
d. Apenas I e III.
e. I, II e III.
4. Temos que, ao longo dos tempos, a família passou por várias trans-
formações, de cunho social, cultural e, também, político. No Brasil não
foi diferente. Foram décadas de transformações para que chegássemos ao
modelo de família que que temos nos dias de hoje. Sobre o tema da família
como instituição, analise as afirmações a seguir, assinalando (V) para as que
forem verdadeiras e (F), para as falsas.
( ) A família é a instituição na qual somos inseridos sem que possamos
escolher, pois ali ocupamos um lugar pré-estabelecido.
( ) A família nos coloca alguns valores simbólicos, antes mesmo de
nascermos, sem que tenhamos direito de escolha.
( ) É na família que as pessoas tem todo o seu referencial e que aprendem
a viver em grupo.
Assinale a alternativa com a sequência correta.
a. V, V, V.
b. V, V, F.
c. V, F, F.
d. F, V, V.
e. F, F, V.
104
de fazer as coisas e estímulo à mudança. O líder aqui experimenta, incentiva
as pessoas a mudarem, a fazer algo diferente, criarem coisas novas, visando
o desenvolvimento do seu grupo. Que estilo de liderança é esse? Assinale a
alternativa correta.
a. Orientada para a prática.
b. Orientada para a tarefa.
c. Orientada para o grupo.
d. Orientada para as pessoas.
e. Orientada para o desenvolvimento
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Referências
BLEGER, J. O grupo como instituição e o grupo nas instituições. In: KAS, R. A instituição e as
instituições: estudos psicanalíticos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1991.
BOTELHO, J. C., KROM, V. Os estilos de liderança nas organizações. In: ENCONTRO LATINO
AMERICANO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 14.; ENCONTRO LATINO AMERICANO DE
PÓS-GRADUAÇÃO, 10., 2010, Vale do Paraíba. Anais [...]. Vale do Paraíba: Universidade
do Vale do Paraíba, 2010. Disponível em: http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2010/anais/
arquivos/0003_0494_01.pdf. Acesso em: 10/04/2019.
BRAGHIROLLI, E. M.; PEREIRA, S.; RIZZON, L. A. Temas de psicologia social. 10. ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
OLIVEIRA, L. Os excluídos existem? Notas sobre a elaboração de um novo conceito. Rev. Bras.
Ciênc. Soci. São Paulo, p. 49-61, 1997.
SPOSATTI, A. Mapa da Exclusão/inclusão na cidade de São Paulo. São Paulo: Educ, 1996.
Anotações