Geralmente as pessoas associam a liberdade à ausência de regras ou
mesmo à sua desobediência. Daí a surpresa. Uma das maneiras de
formular a lei moral é semelhante à regra de ouro: não faça com os outros aquilo que não quer que façam com você. Ou seja: as ações certas são aquelas em que as pessoas são respeitadas e as ações erradas são aquelas em que as pessoas são usadas como se fossem apenas meios, ou seja, são instrumentalizadas. A lei moral não é, portanto, uma regra de conduta específica, mas um critério, uma espécie de teste mental que, em cada situação, nos indica o que está certo. Se, através do teste da lei moral, percebemos que uma ação é correta então devemos mesmo fazê-la. Não para obter qualquer vantagem pessoal (por exemplo, ficar bem visto) mas apenas porque é isso que está certo. Kant achava que as ações só têm valor moral quando fazemos o dever pelo dever, sem nenhum outro motivo. Se percebo o que está certo, mas não o faço porque vai contra os meus interesses, desejos ou sentimentos, então não sou livre. Sou, pelo contrário, um escravo desses interesses, desejos e sentimentos – a que Kant chamava “inclinações”. Só sou livre quando faço aquilo que tenho a obrigação moral de fazer. Assim, não basta escolher para ser realmente livre, é preciso escolher bem.