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ORÇAMENTOS
DEFINIÇÃO
O orçamento, do ponto de vista de planeamento, consiste na tradução financeira dos planos e dos
programas.
O orçamento, antes de tudo, é um instrumento de decisão e acção, sendo, por isso, muito mais do que
fazer previsões e apurar desvios, representando uma forma de controlo a priori, que condiciona a
Planeamento - uma vez que exige que se estabeleça objectivos quantificados, acabando por ser
motivação. Esta é talvez a mais importante função, pois procura influenciar os gestores a
que essa motivação ocorra, tais como o grau de participação dos gestores operacionais, a política
processo;
longo da organização, funciona como um elemento agregador dos diversos orçamentos parciais,
O desenvolvimento de um orçamento passa por três fases distintas, conforme se pode verificar na
próxima figura. A primeira fase implica o estabelecimento dos objectivos para cada acção, à luz das
recursos. Por último, podemos passar à quantificação destas acções através de um processo negocial
entre a direcção e o gestor, que deverá ter como resultado o estabelecimento de medidas voluntárias por
parte do gestor, o que se irá repercutir num compromisso da parte deste (garantindo-se assim o controlo
a priori).
O orçamento baseia-se no facto do futuro ser a base de controlo, havendo um conjunto de elementos
Previsões - o orçamento passa pela avaliação do que poderá acontecer, sendo necessário
Objectivos - pois permite estabelecer um "caminho" para o qual se irão dirigir, melhorando a
Na elaboração de um orçamento geral de uma empresa são definidos, de uma forma sintética, as
principais componentes das receitas e dos custos, possibilitando uma perspectiva global e integrada
No processo de orçamentação é necessário ter em conta, não só a previsão dos acontecimentos futuros,
mas também os objectivos pretendidos e a forma como estes irão ser realizados (planos e programas).
I. Previsão
É efectuada com base no histórico e na situação actual e deverá, ainda, ter em consideração todos os
Análise crítica do passado, reconhecendo os factores normais e excepcionais que poderão voltar
a acontecer;
Análise do comportamento das diversas componentes do custo, de forma a clarificar a previsão
a efectuar.
Definida uma estratégia e fixados os objectivos, os planos e as políticas de médio e longo prazo, bem
como as de curto prazo, há que detalhar os processos e os meios fundamentais para a respectiva
execução.
Há agora que garantir recursos e equilíbrios, implementar planos e acções e controlar a execução, como
forma de garantir uma permanente adequação do sistema, perceber desvios e garantir intervenções
atempadas e consequentes.
Vendas;
Produção;
Compras;
Investimentos em activos;
Recursos humanos;
Rendibilidades;
Cash-flow;
Etc.
Sem os passos anteriores, todo o planeamento perderia o seu sentido, uma vez que qualquer caminho
serviria. A definição dos planos e programas engloba:
A identificação dos recursos e dos meios necessários, tais como os humanos, os financeiros, os
organizativos e os técnicos;
A quantificação desses mesmos meios e recursos;
Inventariação dos recursos financeiros para os adquirir;
Estabelecimento da forma correcta para a sua utilização, assim como da sua optimização.
Na página seguinte encontra-se um esquema que define os diversos orçamentos funcionais e a sua
ligação tanto à estratégia como aos principais mapas financeiros recapitulativos.
De seguida serão apresentadas diversas grelhas de aplicação do esquema anterior, que poderão ser
utilizadas para a elaboração de orçamentos.
Preencha a seguinte grelha com os valores previsionais resultantes do estudo de mercado efectuado e
dos objectivos estratégicos estabelecidos.
Ano 1 Ano 2 Ano 3
Rubrica Q P V Q P V Q P V
Total:
Total:
Legenda: C. un. - Custo Unitário de Fabrico/Aquisição; Q - Quantidades; C - Custo Total (C. un.xQ)
Preencha a seguinte grelha com os valores previsionais estabelecidos na estratégia funcional para os
recursos humanos, nomeadamente o número de indivíduos, a remuneração base e outros encargos, para
cada categoria (sócio gerente, director, ajudante de cozinha, etc.).
Ano 1
Categoria Nº RB OE ES T
Total:
Preencha a seguinte grelha estimando os custos com o FSE. Do ponto de vista de um projecto de
investimento torna-se necessário justificar as rubricas mais significativas.
Total:
Total:
GRELHA 7: ORÇAMENTAÇÃO - MAPA DE FINANCIAMENTOS
Preencha a seguinte grelha de acordo o estabelecido na estratégia funcional para as finanças, destacando
em concreto as origens dos capitais nas quatro categorias referidas.
Capitais Alheios
Autofinanciamento
Subsídios
Total:
Sabendo o valor do capital alheio e as condições acordadas com as entidades financeiras, deverá estimar
os juros a considerar como custos financeiros na seguinte grelha:
Tal não acontece com os orçamentos flexíveis. Um orçamento flexível não considera um único nível
de actividade, mas vários. Além disso, uma vez estabelecido, pode sempre ser ajustado para qualquer
nível de actividade. Assim, os resultados actuais podem ser comparados com o orçamento ajustado para
a produção real.
Os orçamentos tradicionais, também conhecidos como rígidos ou fixos, reflectem os custos estimados
para um dado volume de actividade. Quando se comparam os gastos reais, associados a um dado volume
de actividade, com os gastos orçamentados para um outro volume de actividade diferente, as diferenças
apuradas têm um significado vago e impreciso.
Nos orçamentos fixos estimam-se as vendas e os custos para um dado período e depois comparam-se
as realizações com as previsões. Se as condições previstas não sofrem grandes alterações, os orçamentos
fixos podem ser adequados. Se as flutuações são grandes, os orçamentos fixos, como base para o
controlo de custos, não servem. É, então, necessário elaborar um orçamento que seja válido para todas
as situações, que considere várias possibilidades.
Como sabemos, o volume de produção é a chave para estabelecer a diferença entre custos fixos e custos
variáveis. Enquanto que os custos fixos permanecem constantes e independentes do volume de
produção, os custos variáveis variam directamente com a produção.
Para exemplificar a diferença entre o orçamento fixo e o orçamento flexível suponhamos que esta
Empresa elaborou um orçamento mensal para 10,000 unidades, que correspondem à sua capacidade
normal. Na parte que se refere aos gastos gerais de fabrico (GGF) variáveis, esse orçamento pode
resumir-se como:
Suponhamos agora que a empresa não produziu realmente as 10,000 previstas, mas apenas 9,000. Se a
comparação for estabelecida com o orçamento rígido, as diferenças serão:
Constata-se pelo Quadro que foi desfavorável (D) a variação no número de unidades produzidas, sendo
favoráveis (F) todas as variações apuradas nos custos. Sucede, porém, que não é possível atribuir
qualquer significado aos desvios assim apurados, uma vez que se referem a volumes de produção
diferentes. Com efeito, do ponto de vista do controlo de custos não faz sentido comparar custos
correspondentes a níveis de actividade diferentes.
Para se elaborar um orçamento que considere várias possibilidades para um dado período, torna-se
necessário separar os custos em fixos e variáveis e determinar as flutuações que podem ocorrer no
período. Isto pressupõe que seja resolvido o problema dos custos semi variáveis, utilizando quaisquer
das técnicas conhecidas para separar um gasto nas suas componentes fixa e variável, designadamente o
método dos pontos extremos ou, o que é melhor, o método dos mínimos quadrados.
Continuando com o exemplo da Empresa XYZ, admita que as flutuações esperadas na produção se
situam entre as 8,000 e as 10,000 unidades e que os gastos gerais de fabrico variáveis unitários são os
seguintes, em meticais por unidade:
Com base nestes elementos podemos elaborar o orçamento flexível dos gastos gerais de fabrico
variáveis, atribuindo a percentagem de 100% à capacidade normal, conforme é habitual.
Percentagem da
80% 90% 100% 110%
Capacidade de Produção
Produção em unidades 8,000 9,000 10,000 11,000
GGF Varaiveis em Meticais
Materiais indirectos 800.00 900.00 1,000.00 1,100.00
Combustiveis 640.00 720.00 800.00 880.00
Electricidade 400.00 450.00 500.00 550.00
Total GGF 1,840.00 2,070.00 2,300.00 2,530.00
Uma vez elaborado o orçamento flexível, é agora possível comparar os resultados actuais do período
com o orçamento elaborado para o nível de actividade alcançado, pois o orçamento não está limitado a
um único nível de actividade, como sucede com o orçamento estático.
Vamos uma vez mais considerar o exemplo anterior, em que a Empresa XYZ tinha como meta a
produção de 10,000 unidades, mas só fabricou 9,000. O relatório de desempenho pode ser elaborado da
seguinte forma:
Ao contrário do relatório anterior, este distingue claramente entre produção e controlo de custos. Os
custos foram controlados para as 9,000 unidades realmente produzidas. Note que todas as variações são
agora desfavoráveis, contrariamente ao que acontecia antes.
A razão para esta alteração nas variações, que passaram de favoráveis a desfavoráveis, é que o
orçamento flexível permitiu que a comparação se fizesse para o mesmo nível de actividade (9,000
unidades produzidas).
Não tiveram que se comparar os custos orçamentados para um nível de actividade com os custos
realmente suportados, mas relativos a outro nível de actividade. Podemos então dizer que o orçamento
flexível permite comparar alhos com alhos, enquanto que o orçamento rígido nos força muitas vezes a
comparar alhos com bugalhos.
Saliente-se uma vez mais que o orçamento flexível tem uma natureza dinâmica, visto que pode ser
ajustado para qualquer nível de produção, dentro da região relevante da curva dos custos de produção,
que o mesmo será dizer dentro dos limites em que a curva dos custos de produção possa ser representada
por uma equação linear.
O termo orçamento flexível parece sugerir que tais orçamentos só devem ser elaborados para os custos
variáveis, visto que os fixos permanecem constantes. Na prática os custos fixos são também incluídos.
Retomando o exemplo anterior (Empresa XYZ), o orçamento dos gastos gerais de fabrico poderia ser
elaborado conforme o quadro a seguir, admitindo que são necessárias 2 horas máquina para produzir
uma unidade de produto.
Repare-se que os gastos gerais de fabrico são imputados aos produtos através de taxas, na maioria dos
casos taxas predeterminadas e que são os orçamentos flexíveis que devem fornecer a informação que
permita determinar essas taxas.
No caso da empresa XYZ, a taxa de imputação de gastos gerais de fabrico, calculada com base nas
horas correspondentes à capacidade normal, seria de 0,48 meticais (9,600/20,000)
Tal significa que por cada hora de mão-de-obra directa imputada à produção são imputados 0,48
meticais.
Os orçamentos flexíveis são particularmente úteis para permitir calcular e analisar os desvios em gastos
gerais de fabrico, como veremos. Foi por essa razão que nos temos preocupado particularmente com os
orçamentos para aquela classe de gastos. Todavia, este tipo de orçamento pode ser também muito útil
para departamentos e serviços, desde que os gastos variáveis sejam significativos. Também são muitas
vezes elaborados para facilitar à gestão escolher o nível de actividade e o volume de vendas mais
adequado para um dado período, permitindo comparar os resultados no final do período.
Como exemplo, suponhamos que esta Empresa, que fixou a sua capacidade normal em 8.000 unidades
mês, elaborou o seguinte orçamento:
Total do custo mês = (107 euros x n.º unidades produzidas + 550.000 euros)
Supondo que a empresa apenas produziu 7.100 unidades, é agora possível comparar os resultados
alcançados, para efeitos de controlo de custos, com o orçamento ajustado para o nível de actividade
alcançado:
Custos Reais Orçam. Ajustado Desvios
Unidades 7,100 7,100
Custso Variáveis:
Materiais Directos 432,000.00 426,000.00 6,000.00 D
Mão de obra directa 141,890.00 142,000.00 (110.00) F
Gastos gerais de fábrico 107,210.00 106,500.00 710.00 D
Custos variáveis industrias 681,600.00 674,500.00 7,100.00 D
G. venda e administrativos 85,950.00 85,200.00 750.00 D
Custos fixos: -
Industriais 250,000.00 250,000.00 -
G.venda e adminstrativas 300,000.00 300,000.00 -
Total dos custos Fixos 550,000.00 550,000.00 -
Sem a definição de responsabilidades, tanto o controlo como o próprio planeamento perderiam grande
parte do seu sentido, não passando de um mero exercício de previsão das actividades a desenvolver.
Assim, torna-se fundamental atribuir centros de responsabilidades às diversas unidades orgânicas que
compõem a empresa.
Para que se considere uma unidade organizativa como um centro de responsabilidade é necessário o
cumprimento dos seguintes requisitos:
Ter um chefe;
Ter objectivos próprios;
O chefe ter poder de decisão relativamente aos meios necessários para a realização dos
objectivos.
O objectivo fundamental dos preços de transferência interna é evitar que um determinado centro de
responsabilidade seja penalizado em detrimento de outro.
Para que isso não aconteça podem-se considerar dois grupos de critérios de fixação do preço:
4. O CONTROLO DE GESTÃO
OBJECTIVOS
Relembrando as funções básicas dos gestores: planear, organizar, executar e controlar, verifica-se que
a função de controlo terá basicamente de servir de garante ao nível da concretização dos objectivos
previamente fixados durante a fase de planificação.
Antes de mais, é importante realçar que o controlo de gestão não significa fiscalização.
"É o esforço permanente, realizado pelos responsáveis da empresa para atingir os objectivos".
O sistema de controlo de gestão não é apenas a justaposição de diversos instrumentos, tais como planos
de curto prazo, contabilidade analítica, orçamentos e tableau de bord. É necessário adaptá-lo à realidade
da empresa e do meio onde se insere, sendo imprescindível o envolvimento dos gestores operacionais
no seu desenvolvimento, pois é para eles que o controlo deve trabalhar.
Para além disso, é importante estabelecer dois momentos no controlo: o controlo a priori que condiciona
as decisões orientando-as no sentido dos objectivos empresariais e o controlo a posteriori, mais
vocacionado para a tomada de decisões correctivas, conforme explicitado na figura seguinte. É claro
que no próprio momento da execução também pode haver controlo por via da fiscalização directa.
A partir desta definição (fazendo corresponder os números entre parêntesis) podemos identificar os
seguintes elementos:
A principal problemática acerca destes aspectos do controlo de gestão passa, necessariamente, pela
definição de meios justificáveis numa óptica de custo benefício, que possibilitem estabelecer um
conjunto de resultados parciais que permitam alcançar os objectivos finais, que servirão como padrão
de comparação com os dados reais, de forma a que a identificação dos desvios permita tomar decisões
de medidas correctivas.
É importante estabelecer ainda outra questão sobre quem são os intervenientes chave em todo o
processo. Assim, antes demais, o controlador não controla, ele concebe e implementa tudo o que é
necessário para que os gestores possam controlar o seu centro, conforme estabelecido no seguinte
quadro:
Podem-se classificar os instrumentos de controlo em dois grupos conforme exposto na figura: a priori
e a posteriori.
Visa, essencialmente, condicionar a capacidade de tomada de decisão dos gestores, induzindo o seu
comportamento. Actua da mesma forma que a legislação, pretendendo prevenir comportamentos
desviantes e não actuar sobre os efeitos, embora esta actuação esteja também contemplada tanto na lei
como no controlo (a posteriori). Os instrumentos essenciais são:
Actua após a decisão ter sido tomada, procurando detectar falhas ou, mais correctamente, desvios. Neste
caso, os instrumentos são:
Consiste, fundamentalmente, na análise dos desvios face ao previsto no orçamento e nos apuramento
das causas que estiveram na origem desses desvios. Com efeito, para que esta análise seja um
instrumento efectivo de gestão, é importante ir mais além da mera constatação dos desvios e procurar
apurar as referidas causas.
Assim, a análise de desvios não é um fim, mas sim um meio para apoiar os gestores na tomada de
decisão, uma vez que obriga o gestor a definir objectivos exequíveis, a acompanhá-los de forma a tomar
medidas correctivas caso existam desvios.
Decomposição dos desvios por causas - resulta do facto de ser necessário apurar as causas dos
desvios e não apenas o seu cálculo. Neste âmbito, podemos considerar as seguintes causas:
volume, eficiência ou produtividade, câmbio, preço e mix do produto;
Explicação das causas para servir de apoio à decisão, podendo estas ser de origem interna ou
externa.
Desvios de volume
DEFINIÇÃO
Este cálculo permite a identificação de variáveis externas que influenciam a actividade da empresa,
designadamente:
Quota de mercado;
Volume global da indústria.
No primeiro caso, o desvio de quota de mercado é calculado através da diferença entre o valor real das
vendas e o decorrente da multiplicação entre a quota padrão e o volume real da indústria. Assim,
Em que:
Vr - Volume real
Qp - Quota padrão
No segundo caso, o desvio de volume global da indústria é calculado através da multiplicação da quota
de mercado padrão pela diferença entre o valor real e o estimado das vendas da indústria. Assim,
Desvios de mix
DEFINIÇÃO
Medem o impacto resultante da não realização da composição estimada para o elemento orçamental em
questão.
Desvios de preço
DEFINIÇÃO
Em que:
Vr - Volume real
Mr - Mix real
Er - Eficiência real
Pp - Preço padrão
Pr - Preço real
Desvios de eficiência (ou produtividade)
DEFINIÇÃO
Medem o impacto nos resultados resultantes da melhor ou pior utilização dos factores produtivos e dos
recursos.
Contudo, o controlo orçamental apresenta duas limitações importantes. A primeira resulta do facto da
totalidade da informação verificada ser de índole financeiro, dependendo em grande medida da
informação gerada pela contabilidade, o que na maioria das empresas se revela algo moroso para que
se tome uma decisão adequada. A segunda limitação deriva do facto de não permitir uma correcta
avaliação do gestor, uma vez que há elementos não considerados, tais como a influência de factores
exógenos incontroláveis ou a falta de experiência do gestor em termos de elaboração do orçamento (o
que não significa que seja um mau gestor).
Este instrumento pretende vir a colmatar algumas limitações do controlo orçamental, através da
sintetização da análise nos elementos principais para um determinado centro de responsabilidade.
Assim, o tableau de bord revela-se como um instrumento de acção rápida para actuar no curto prazo,
com as seguintes características:
Aposta na rapidez, porque deverá estar pronto logo após o final do período;
É baseado em aproximações e estimativas, sendo preferível esta abordagem em tempo útil do
que os dados exactos mais tarde;
Contém indicadores não só financeiros como também físicos;
É sintético, visto que o que interessa são as variáveis essenciais que poderão influir
significativamente nos planos de acção. Não deverá exceder os doze indicadores;
Por último, o tableau de bord deve ser frequentemente analisado. Este facto depende de quem
são os utilizadores. Assim, quanto mais descemos na hierarquia maior deverá ser a sua
frequência. Por outro lado, depende também das variáveis a estudar, devendo-se prever um
período no qual a variável tenha oscilações significativas.
Há ainda a distinguir tableau de bord de sistema de informação de gestão. O primeiro, como foi referido,
limita-se a um número reduzido de indicadores, privilegiando a rapidez, a diversidade e a especificidade
de cada centro de responsabilidade. O segundo, procura a exactidão dos indicadores financeiros e,
geralmente, vê a empresa de um modo global, pelo que o timing de apresentação é relativamente
desfasado da ocorrência dos factos.
O quadro de comando consiste no estabelecimento de um conjunto de indicadores chave, financeiros
ou não, escolhidos pela elevada correlação com os objectivos pretendidos. O número de indicadores
deverá rondar os dez.
Assim, por exemplo, para alcançar um determinado volume de produção durante um mês, com um
determinado número de trabalhadores, será necessário acompanhar de perto os indicadores de
produtividade do pessoal, partindo do pressuposto que se este não alcançar um rendimento mínimo não
se conseguirá alcançar o referido volume dentro do horário normal de trabalho.
Da mesma forma, um chefe de vendas deverá avaliar o número de visitas a clientes que os seus
vendedores fazem diariamente, uma vez que esta pode ser uma variável crítica para alcançar um
objectivo de 20 novos clientes num mês.
A selecção de objectivos e de variáveis chave a controlar (segundo passo) consiste na determinação dos
objectivos e dos meios de cada centro. Por meios entende-se o esforço a realizar para alcançar os
objectivos, sob o qual o gestor tem poder de decisão e por objectivos consideram-se os resultados
gerados por esse mesmo esforço.
Assim, em primeiro lugar, há que identificar os objectivos através do estudo do plano e do contexto
onde a empresa opera. De seguida, o estabelecimento das variáveis fundamentais para a concretização
daqueles resulta de uma discussão onde se enumeram projectos de acção voluntários.
Objectivos
Variáveis do acção
1 2 3 …
Var 1
Var 2
….
Numa terceira etapa, há que estabelecer uma relação de causalidade entre os objectivos e as variáveis,
seleccionando-se com um "x" os espaços, identificando-se assim que aquela variável contribui de uma
forma decisiva para a concretização do objectivo. Deve - se, naturalmente, questionar as colunas ou
linhas com poucas cruzes.
Numa quarta fase, recorrendo-se a uma metodologia similar, podemos estabelecer os responsáveis face
às variáveis chave (ver matriz seguinte).
Centros de Responsabilidades
Variáveis do acção
X Y Z …
Var 1
Var 2
….
O terceiro passo, a elaboração e selecção dos indicadores, ocorre após a identificação dos objectivos e
das variáveis chave (há que estabelecer critérios de valorização dos mesmos).
Tendo em conta que o tableau de bord deve preencher as características de rapidez e de simplicidade,
a selecção dos indicadores deve procurar assegurar estes elementos, pelo que a selecção está relacionada
com o acesso à informação.
EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO
TABLEAU DE BORD
Considere uma empresa cuja estrutura comercial assenta num chefe de vendas que dirige uma equipa
de sete vendedores que cobrem todo o território nacional.
Pretende-se que elabore um quadro de comando para uma chefia de vendas.
Considere agora uma empresa comercial organizada por famílias de produtos. Proponha um quadro de
comando geral para a função marketing.
Considere uma empresa industrial. Proponha um balanced scorecard que permita acompanhar os
seguintes princípios estratégicos:
O Quadro de Comando Integral (QCI) representa uma evolução dos indicadores financeiros tradicionais
de controlo, surgindo com a pretensão de colmatar as limitações destes, designadamente:
DEFINIÇÃO
O QCI é assim um sistema de gestão que, numa perspectiva holística, canaliza as energias, competências
e conhecimentos específicos detidos pelos colaboradores, na direcção dos objectivos da empresa,
definidos no longo prazo.
Este instrumento procura traduzir a estratégia e a missão da empresa num amplo conjunto de medidas
de actuação, que proporcionam a estrutura necessária para um sistema de gestão e monitorização
estratégica. Na prática, com base nos desígnios e intenções futuras, estabelece objectivos e indicadores
tangíveis de actuação, procurando, desta forma, preencher um vazio da maioria dos sistemas de gestão,
onde falta um processo sistemático para colocar em prática e obter feedback da estratégia. Deste modo,
parte da premissa de que a medição é um pré-requisito para a gestão estratégica.
Centrar a organização;
Melhorar a comunicação;
Estabelecer objectivos organizacionais;
Obter feedback da estratégia.
Este sistema de gestão, complementa, de acordo com os seus autores, os "indicadores financeiros de
actuação passada com medidas dos indutores de actuação futura".
Conforme apresentado na figura, parte-se da missão e visão para definir os objectivos e os indicadores
que representam as perspectivas de actuação para quatro categorias:
Apesar de ser um modelo dinâmico e requerer actualização constante, o QCI necessita da definição
prévia da estratégia. Contudo, como se tem vindo a referir ao longo deste livro, a definição da estratégia
não pode ser conseguida através de um sistema. Ela depende da gestão de topo, da sua visão e da sua
responsabilidade. Assim, terá de ser revisto quando ocorrem mudanças na estratégia ou na estrutura da
empresa, o que evita uma excessiva dependência de um reduzido número de indicadores críticos.
Para a sua concretização, é essencial assegurar a comunicação, indicando a cada colaborador o que dele
se espera para a concretização dos objectivos empresariais, o que representa uma vantagem à mera
comunicação das intenções de performance individual.
OBJECTIVOS
A alteração da estrutura de custos das empresas. No início do século XX, o trabalho directo
representava cerca de metade dos custos totais de produção, as matérias-primas representavam
35% e os gastos gerais, 15%. Actualmente, esta componente dos custos oscila em torno dos 60%
dos custos de produção, as matérias-primas cerca de 30% e o trabalho directo 10%. Ao mesmo
tempo, verifica-se que o nível de concorrência que as empresas enfrentam é cada vez maior,
razão pela qual conhecer com exactidão os reais custos de produção pode representar um factor
chave para a competitividade de uma empresa.
A diminuição considerável dos custos de medição das actividades acompanhando a evolução
dos sistemas e tecnologias de informação.
O método ABC foi ainda desenvolvido com o objectivo de responder ao facto dos sistemas de custeio
tradicionais terem sido concebidos para satisfazer as necessidades de entidades externas, como são os
bancos, os investidores, o estado, etc. Por estes motivos raramente respondem às actuais exigências
verificadas ao nível do controlo de gestão. As principais limitações destes são:
Do exposto, depreende-se que os custos são directamente imputados aos produtos, verificando-se uma
distribuição dos recursos consumidos de acordo com o volume de produção de cada produto. Assim,
indicadores de volume, como é o caso do número de horas de mão-de-obra directa, do nível de utilização
de uma máquina ou do custo das matérias-primas, representam a forma tradicional para a imputação
dos custos gerais de fabrico.
Quando se apresentam pela frente empresas com uma grande diversidade de produtos, não é possível
estabelecer uma relação directa entre o volume de produção e o custo de fabrico.
Surge, assim, o modelo ABC, centrando-se nas diversas actividades englobadas no processo de fabrico.
A ideia essencial consiste em estabelecer uma relação entre os custos gerais e as actividades, de forma
a conseguir imputá-los de uma forma mais correcta. Assim, os custos dos produtos são estabelecidos
com base nas actividades e passam-se a considerar novos atributos de imputação, por exemplo os
tempos de realização de uma actividade ou o número de vezes que são realizadas.
Contudo, este método só revela a sua verdadeira potencialidade à medida que as próprias tecnologias
da informação se desenvolvem, possibilitando medir actividades com maior exactidão e em tempo real.
Para além das diferenças até agora referidas, considera-se ainda que o método ABC, comparativamente
aos tradicionais, é mais abrangente. Enquanto estes se preocupam essencialmente com a valorização
dos inventários, a metodologia ABC integra todas as actividades realizadas na empresa, considerando
que existem para apoiar a produção e distribuição de bens e serviços. Deste modo, para além da
produção, todas as actividades da cadeia de valor são passíveis de ser envolvidas, nomeadamente:
Logística in e out;
Marketing e Vendas;
Serviço pós venda;
Custos financeiros e administrativos;
Distribuição;
Sistemas de Informação.
Ao nível da formação do custo dos produtos, o processo ABC assenta no conhecimento do:
Assim, enquanto que a metodologia ABC procura estabelecer relações entre os custos gerais e as
actividades, de forma a imputar esses custos da forma mais correcta, a ABM procura gerir essas
actividades de forma a reduzir custos. Para o fazer é necessário perceber a relação entre actividades e
custos, só assim se poderá gerir as actividades de forma a reduzir os custos. Envolve técnicas como o
Just in Time, os sistemas de produção flexíveis, a análise de valor, o benchmarking e a reengenharia.
A distorção no custo dos produtos ocorre em quase todas as organizações que vendem uma
multiplicidade de produtos e serviços.
Para compreender porquê, vamos considerar a existência de duas hipotéticas fábricas, que produzem
um único produto: lápis.
As duas fábricas são do mesmo tamanho e dispõem do mesmo equipamento. Cada ano, a Fábrica I
produz 1 milhão de lápis azuis enquanto que a Fábrica II só produz 100,000.
De forma a explorar toda a sua capacidade, a Fábrica II também produz 60,000 lápis pretos, 12.000
vermelhos e 10,000 verdes. Num ano típico a Fábrica II produz cerca de 1,000 variações de produto
com volumes entre 500 e 100,000 unidades. Desta forma, a sua produção anual é igual à da Fábrica I,
utilizando o mesmo número de horas de trabalho a custo padrão, horas máquina e matérias-primas.
No entanto, apesar das semelhanças em termos de produto e produção total, um visitante de ambas as
fábricas notará diferenças significativas entre elas. A Fábrica II terá muito mais pessoal de suporte -
mais pessoas para o planeamento de produção, para a realização do setup das máquinas, para a
realização de inspecções ao produto, para preparar e expedir as encomendas, para movimentar os stocks,
para recuperar produtos defeituosos, para negociar com vendedores,..., e um muito mais sofisticado
sistema de informação. Esta fábrica opera também como muito mais tempos de paragem, de horas
extraordinárias e de recuperação de elementos defeituosos. Todos estes recursos e ineficiências
adicionais geram distorções significativas no apuramento dos custos.
Muitas empresas distribuem os custos de suporte em dois passos. Primeiro, agrupam os custos em
categorias correspondentes a centros de responsabilidade (centros de custos, como o Controlo de
Produção, o Controlo de Qualidade, ...) e afectam estes custos aos respectivos departamentos.
Normalmente, este passo é correctamente executado. Mas o segundo passo - afectar os custos a partir
dos departamentos aos produtos - é realizado de uma forma simplista.
Muitas empresas ainda utilizam o número de horas de trabalho de imputação directa como a base
preferencial de afectação. Outras, reconhecendo o declínio na importância do número de horas de
trabalho directo como base de afectação, utilizam outras duas medidas. Despesas directamente
relacionadas com materiais (custos de compra, recepção, inspecção, e stockagem) são afectos aos
produtos como uma percentagem dos custos destes mesmos materiais. Em ambientes muito
automatizados, são utilizadas para distribuir custos de produção, horas máquina ou de processamento.
Quer a Fabrica II utilize uma ou todas estas abordagens, o seu sistema de custeio invariavelmente - e
erradamente - apresentará custos para o produto lápis azuis excedendo largamente os apresentados pela
Fábrica I. Não é necessário conhecer muito acerca do sistema de custeio ou do processo de produção
da Fábrica II para verificar que os lápis azuis, que representam cerca de 10% da produção, terão afectos
cerca de 10% dos custos de produção. Da mesma forma, os lápis verdes que representam 1% da
produção terão afectos cerca de 1% dos custos de produção. De facto, se o custo standard por unidade
de horas de trabalho directo, horas máquina e quantidade de matérias-primas, for o mesmo para lápis
azuis e verdes, sendo estes muito menos encomendados, produzidos, embalados e expedidos, então
deverão consumir muito mais overhead (despesas gerais) por unidade.
Pensemos então nas consequências estratégicas deste facto. Ao longo do tempo, o preço de mercado
dos lápis azuis, como é o caso das produções em elevados volumes, será determinado pelos produtores
focados e especializados, como é o caso da Fábrica I. A gestão da Fábrica II irá verificar que as suas
margens na venda dos lápis azuis serão inferiores às conseguidas com os outros lápis. O preço dos lápis
azuis é inferior ao dos lápis verdes mas o seu sistema de custeio apresentará os dois tipos de lápis com
o mesmo custo.
Ainda que desapontados com as menores margens conseguidas nos lápis azuis, a gestão da Fábrica II
está satisfeita por ser um produtor completo e diversificado. Os clientes estão dispostos a pagar um
prémio pelos produtos especiais, como os lápis verdes, que aparentemente são tão caros de produzir
quanto os lápis azuis. Qual a resposta estratégica lógica? Reduzir a produção de lápis azuis e oferecer
uma maior gama de outros lápis.
Na realidade, esta estratégia será desastrosa. Os lápis azuis na Fábrica II são mais baratos de fazer que
os lápis verdes - independentemente do que apresenta o sistema de custeio. A redução da produção de
lápis azuis e a adição de novos modelos só fará crescer os custos de overhead (custos gerais). A gestão
da Fábrica II começará a aperceber-se que os custos totais crescerão enquanto que os lucros tardarão a
aparecer.
Um sistema de custeio com base nas actividades não gerará informação distorcida nem sinais
contraditórios.
EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO
ABC
Considere que a empresa H apresenta a seguinte listagem das actividades e custos repartidas pelas
secções de compras, produção I, produção II e distribuição conforme apresentadas na tabela seguinte:
Para além destes elementos foram ainda identificados os portadores de custos (identificação e o número)
conforme indicado a seguir:
OUTROS ELEMENTOS NECESSÁRIOS
Agrupamento de Actividades
Actividades Actividades reagrupadas
Emissão de ordens de compra
Emissão de ordens de venda Emissão de ordens de compra e de venda
Inspecção e controlo qualidade
Inspecção e controlo qualidade
Inspecção e controlo qualidade produtos
Polimetro da madeira
Polimetro da madeira e Envenizamento da madeira
Envenizamento da madeira
CUSTO TOTAL E MÉDIO DAS ACTIVIDADES
Pretende-se que calcule a demonstração de resultados por produto de acordo com o modelo ABC.
RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO