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Daniel Ortega

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José Daniel Ortega Saavedra (La Libertad, 11 de


novembro de 1945) é um político nicaraguense,
Daniel Ortega
atual presidente da Nicarágua desde 2007.[1] Foi
presidente da Nicarágua entre 1979 e 1990 e
voltou ao cargo em 2006, tendo sido reeleito em
2011 e 2016. É membro da Frente Sandinista de
Libertação Nacional (FSLN) desde 1962. Visto
inicialmente como um líder revolucionário, seu
governo foi, ao longo dos anos, se tornando mais
autoritário e centralizado, com muitas pessoas
fugindo do país.[2][3]

Índice
Biografia
Vida pessoal 29.º e 33.º Presidente da Nicarágua
Carreira política Período 10 de janeiro de 2007
Presidência a atualidade

Acusação de estupro Vice- Jaime Morales Carazo (2007-2012)


presidente Moises Omar Halleslevens
Referências Acevedo (2012-2017)
Rosario Murillo (2017-presente)
Antecessor(a) Enrique Bolaños Geyer
Biografia Período 18 de julho de 1979
a 25 de abril de 1990
Vice- Sergio Ramírez
Vida pessoal presidente
Antecessor(a) Anastasio Somoza Debayle
Ortega nasceu em uma família de classe média da
Sucessor(a) Violeta Chamorro
cidade de La Libertad, no departamento de
Chontales. Seus pais, Daniel Ortega e Lidia Coordenador da Junta de Reconstrução
Nacional
Saavedra, eram opositores do regime de Anastasio
Somoza. Sua mãe foi presa pela Guarda Nacional Período 18 de julho de 1979
a 10 de janeiro de 1985
de Somoza por estar com posse cartas de amor
que, de acordo com a polícia, eram mensagens Antecessor(a) Francisco Urcuyo (Presidente)
políticas codificadas. Ortega tem dois irmãos: Sucessor(a) Ele mesmo (Presidente)
Humberto, ex-general e escritor, e Camilo, morto
Dados pessoais
em combate em 1978.
Nascimento 11 de novembro de 1945 (76 anos)
Ortega e Rosario Murillo tornaram-se um casal em La Libertad, Nicarágua
1978.[4] Neste mesmo ano, mudaram-se para a Cônjuge Rosario Murillo (m. 2005)
Costa Rica com os três filhos dela de um Partido FSLN
Partido FSLN
casamento anterior.[5] Ortega casou-se com
Assinatura
Rosario Murillo em 2005 para que o casamento
fosse oficialmente reconhecido pela Igreja Católica
Romana.[4] O casal tem oito filhos,[6] três deles
mesmos.

Carreira política
Ortega só cursou até a sexta série do ensino fundamental e aos quinze anos já havia sido preso por
subversão política. Logo entrou para a então organização clandestina Frente Sandinista de Libertação
Nacional e em 1965 já fazia parte da direção do movimento.[7] Em 1967, Ortega foi preso pelo assalto à
mão armada de uma filial do Bank of America. Foi solto em 1974, junto com outros prisioneiros sandinistas
em troca de somozistas que eram mantidos reféns pela organização. Durante o período em que esteve preso
na penitenciária El Modelo, no subúrbio de Manágua, ele escreveu vários poemas, um dos quais é
intitulado "Nunca Vi Manágua Quando as Mini-saias Estavam na Moda".[8] Também durante sua prisão,
Ortega foi severamente torturado.[9] Após a soltura, Ortega se exilou em Cuba, onde recebeu treinamento
de guerrilha por vários meses. Mais tarde, retornou secretamente à Nicarágua.[10]

Com o triunfo da Revolução Sandinista contra o ditador Anastasio Somoza Debayle em 17 de julho de
1979, integrou a Junta do Governo de Reconstrução Nacional, onde assumiu os cargos de coordenador,
chefe do Governo e ministro da Defesa.

Presidência

Em 1984, foi eleito presidente da república.[1] Seu primeiro mandato foi caracterizado por uma política de
reforma agrária e distribuição de riquezas, além da atuação dos Contras, grupos contrários a seu governo
financiados indiretamente pelos Estados Unidos da América, conforme ficaria mais tarde evidenciado no
escândalo Irã-Contras.

O governo sandinista está planejando uma "cruzada de alfabetização nacional". Enquanto o país mergulhou
na guerra civil, o orçamento da educação mais do que triplicou, e a taxa de alfabetização aumentou de 50%
para 87% durante a década de 1980. A UNESCO está atribuindo o Prêmio Nadezhda K. Krupskaya à
Nicarágua em reconhecimento a esses esforços.[11]

Ortega foi derrotado por Violeta Barrios de Chamorro nas eleições de 1990,[12] mas continuou sendo uma
figura importante no cenário político da Nicarágua. Disputou outras duas eleições sem sucesso, em 1996 e
2001, antes de ser novamente eleito presidente em 2006.[13] Em 2011, foi reeleito presidente, e novamente
em 2016 com mais de 70% dos votos.[14][15] No país, não há limite de mandatos.

O seu governo tende a manter relações não conflituosas com os empregadores, ao mesmo tempo que
promove algum progresso social. Os resultados são considerados bastante bons em termos de redução da
pobreza e desenvolvimento económico, permitindo um avanço significativo nas campanhas de água e
electricidade; a concessão de mais de 138.000 títulos de propriedade em favor das classes trabalhadoras; a
redução da mortalidade infantil (de 90 para 50 por 100.000); a construção de dezoito novos hospitais;
educação e cuidados de saúde gratuitos; uma administração mais eficiente; uma nova lei fiscal que introduz
o conceito de "progressividade"; a construção ou melhoramento de 900 quilómetros de estradas; uma série
de programas sociais - "Tudo consigo", "Ruas para o povo", "Desgaste Zero" (empréstimos de
solidariedade às mulheres para a criação de pequenas empresas), alimentos para as crianças em idade
escolar, "pacotes escolares" (cadernos, lápis, réguas, etc.)[16] A taxa de pobreza diminuiu de 42,5% para
30% entre 2009 e 2014.[17]
Em 2018, o país enfrentou uma onda de mobilizações populares após a aprovação de uma reforma da
previdência. O governo reprimiu os protestos com violência e mais de 300 manifestantes e policiais foram
mortos.[18] A Organização das Nações Unidas denunciou ainda casos de tortura e detenções arbitrárias,
além de muitos desaparecidos.[19] Conforme denúncias, as forças policiais da Nicarágua teriam invadido a
casa de pessoas suspeitas de participar dos protestos. Os suspeitos foram levados pelas forças do governo e
nunca mais encontradas.[20] Após a repressão violenta, parte da imprensa internacional passou a considerar
Ortega um ditador. Para o jornal português O Público, Ortega se transformou no ditador Somoza do qual
combateu.[21] Para o USA Today, Ortega é uma figura comparável à Nicolás Maduro.[22] A revista Foreign
Affairs afirmou que Ortega declarou "guerra contra o próprio povo".[23] O The Guardian qualificou o
governo Ortega de "uma ditadura cruel".[24] O El País descreveu o governo de Daniel Ortega como uma
ditadura corrupta que só se importa com o seu próprio poder.[25]

A presidência de Ortega tem sido sujeita a muitas críticas e acusações de que ele se tornou um homem
forte.[26] Os protestos de 2018 foram apontados como um símbolo dessas tensões.[27] Em 2018, Frances
Robles escreveu no The New York Times que "muitos filhos adultos de Ortega administram tudo, desde a
distribuição de gasolina até estações de televisão" na Nicarágua.[28]

Nos meses que antecederam as eleições gerais na Nicarágua de novembro de 2021, o governo de Ortega
prendeu muitos membros proeminentes da oposição. Desde 23 de julho, 26 líderes da oposição foram
presos.[29][30][31]

Acusação de estupro
Em 1998, a filha adotiva de Ortega, Zoilamérica Narváez Murillo, o acusou de ter sido estuprada quando
tinha 11 anos. Ortega, sua esposa e seus filhos negaram as acusações, que classificaram como politicamente
motivadas. A denúncia foi narrada no documentário “Exiliada” lançado em 2019.[32][33] Zoilamérica
retirou as acusações em 2008.[34]

Referências
1. «Daniel Ortega» (http://www.britannica.com/EBchecked/topic/433302/Daniel-Ortega) (em
inglês). Consultado em 28 de abril de 2012
2. «Nicaragua Sees Democracy Crisis As President Ortega Jails Potential Election Rivals» (htt
ps://www.npr.org/2021/06/12/1005833559/nicaragua-sees-democracy-crisis-as-president-ort
ega-jails-potential-election-riv). NPR.org (em inglês). Consultado em 29 de agosto de 2021
3. Moloney, Anastasia (16 de abril de 2019). «Nicaragua crisis forces 60,000 people to flee
homes in past year - U.N.» (https://www.reuters.com/article/us-nicaragua-protests-refugees-i
dUSKCN1RS26D). Reuters (em inglês). Consultado em 29 de agosto de 2021
4. Reuters; Oswaldo Rivas (24 de abril de 2018). «Rosario Murillo, la primera dama con el
poder más extravagante de Nicaragua» (https://www.notimerica.com/sociedad/noticia-rosari
o-murillo-primera-dama-poder-mas-extravagante-nicaragua-20180424150510.html).
notimérica. Consultado em 5 de março de 2020
5. Vulliamy, Ed (2 de setembro de 2001). «Nicaragua's Daniel Ortega; In the Lions' Den Again»
(http://observer.guardian.co.uk/comment/story/0,,545572,00.html) (em inglês). Londres: The
Observer. Consultado em 5 de março de 2020
6. «Cardenal Obando caso a Daniel Ortega y poetisa Rosario Murillo» (http://www.cardinalratin
g.com/cardinal_68__article_2094.htm). Cardinal Rating. 28 de setembro de 2005.
Consultado em 11 de maio de 2007
7. «Daniel Ortega Saavedra, candidato presidencial del FSLN» (http://www-ni.laprensa.com.ni/
archivo/2006/septiembre/15/elecciones/candidatos/143891 shtml) La Prensa 10 de maio
archivo/2006/septiembre/15/elecciones/candidatos/143891.shtml). La Prensa. 10 de maio
de 2007. Consultado em 11 de maio de 2007
8. Vulliamy, Ed. «Nicaragua's Daniel Ortega; In the Lions' Den Again» (http://www.commondre
ams.org/views01/0902-05.htm). Consultado em 15 de janeiro de 2008
9. Bernard Diederich, Somoza and the Legacy of U.S. Involvement in Central America, p. 85.
10. «Hispanic Heritage in the Americas: Ortega, Daniel» (http://www.britannica.com/hispanic_he
ritage/article-9057473). Encyclopædia Britannica. Consultado em 11 de maio de 2007
11. Dr. Ulrike Hanemann (2005). Nicaragua’s literacy campaign. [S.l.]: UNESCO Institute for
Education
12. «Daniel Ortega» (http://www.infopedia.pt/$daniel-ortega). Consultado em 28 de Abril de
2012
13. "Ortega wins Nicaraguan election" (http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/americas/6117704.stm),
BBC News, 8 de novembro de 2006.
14. MippCI (7 de novembro de 2016). «El líder Sandinista, Daniel Ortega es reelecto a la
Presidencia de Nicaragua con el 72,1% de los votos» (http://vtv.gob.ve/el-lider-sandinista-da
niel-ortega-es-reelecto-a-la-presidencia-con-558-641-votos/). VTV (em espanhol)
15. «Daniel Ortega é reeleito presidente na Nicarágua» (http://g1.globo.com/mundo/noticia/201
6/11/daniel-ortega-e-reeleito-presidente-na-nicaragua.html). Mundo. 7 de novembro de 2016
16. https://www.alainet.org/fr/node/213111
17. «Nicaragua-Ouverture de la campagne présidentielle, Ortega favori» (https://www.zonebours
e.com/actualite-bourse/Nicaragua-Ouverture-de-la-campagne-presidentielle-Ortega-favori--2
2931313/). Consultado em 12 de maio de 2019
18. «Daniel Ortega, o revolucionário que libertou a Nicarágua e é acusado de virar tirano» (http
s://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/07/19/daniel-ortega-o-revolucionario-que-libertou-a-nic
aragua-e-e-acusado-de-virar-um-tirano.ghtml). G1. Consultado em 9 de janeiro de 2020
19. «Quem é o líder de esquerda que tem promovido um banho de sangue na América
Central?» (https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2018/07/20/ortega-violen
cia-nicaragua.htm). Bol. Consultado em 9 de janeiro de 2020
20. «Bastião de oposição a presidente da Nicarágua vive jornadas de terror» (https://www1.folh
a.uol.com.br/mundo/2018/07/bastiao-de-oposicao-a-presidente-da-nicaragua-vive-jornadas-
de-terror.shtml). Folha de SP. Consultado em 9 de janeiro de 2020
21. «O Presidente Ortega está a transformar-se no ditador Somoza» (https://www.publico.pt/201
8/07/17/mundo/noticia/o-presidente-ortega-esta-a-transformarse-no-ditador-somoza-183831
0). O Publico. Consultado em 9 de janeiro de 2020
22. «Nicaragua is the next Venezuela» (https://www.usatoday.com/story/opinion/2019/04/25/nica
ragua-needs-us-sanctions-dictator-daniel-ortega-freedom-venezuela-column/3562019002/).
USA today. Consultado em 9 de janeiro de 2020
23. «How Daniel Ortega Became a Tyrant» (https://www.foreignaffairs.com/articles/nicaragua/20
18-08-24/how-daniel-ortega-became-tyrant). USA today. Consultado em 9 de janeiro de
2020
24. «Blood on the streets in Ortega's corrupt Nicaragua» (https://www.theguardian.com/world/20
18/jul/30/blood-on-the-streets-in-ortegas-corrupt-nicaragua). The Guardian. Consultado em 9
de janeiro de 2020
25. «La dictadura de Ortega» (https://elpais.com/elpais/2018/12/17/opinion/1545074120_04238
8.html). El Pais. Consultado em 9 de janeiro de 2020
26. Partlow, Joshua (24 de agosto de 2018). «From rebel to strongman: How Daniel Ortega
became the thing he fought against» (https://www.washingtonpost.com/world/the_americas/fr
om-rebel-to-strongman-how-daniel-ortega-became-the-thing-he-fought-against/2018/08/24/1
17d000a-97fe-11e8-818b-e9b7348cd87d_story.html). Washington Post. Consultado em 9
de novembro de 2021
27. «Nicaragua abandons social security changes after dozens killed in riots» (https://www.theg
uardian com/world/2018/apr/23/nicaragua withdraws social security changes after people ki
uardian.com/world/2018/apr/23/nicaragua-withdraws-social-security-changes-after-people-ki
lled-in-riots). The Guardian. Associated Press. 23 de abril de 2018
28. Robles, Frances (24 de dezembro de 2018). «In Nicaragua, Ortega Was on the Ropes. Now,
He Has Protesters on the Run.» (https://www.nytimes.com/2018/12/24/world/americas/nicara
gua-protests-daniel-ortega.html). The New York Times. Consultado em 9 de novembro de
2021
29. «Nicaragua opposition arrests climb to 26» (https://www.france24.com/en/live-news/202107
06-nicaragua-opposition-arrests-climb-to-26). France24. 6 de julho de 2021. Consultado em
9 de novembro de 2021
30. «More opposition leaders detained in Nicaragua crackdown» (https://www.aljazeera.com/ne
ws/2021/7/6/more-opposition-leaders-detained-in-nicaragua-crackdown). AlJazeera. 6 de
julho de 2021. Consultado em 9 de novembro de 2021
31. «Nicaraguan opposition activists held as crackdown intensifies» (https://www.bbc.com/news/
world-latin-america-57733632). BBC news. BBC. 7 de julho de 2021. Consultado em 9 de
novembro de 2021
32. «O estupro da enteada e da Nicarágua» (https://www1.folha.uol.com.br/colunas/clovisrossi/2
019/03/o-estupro-da-enteada-e-da-nicaragua.shtml). Folha de S.Paulo. Consultado em 9 de
janeiro de 2020
33. «Daniel Ortega - o presidente acusado de estupro» (http://terramagazine.terra.com.br/intern
a/0,,OI3041386-EI6580,00-Daniel+Ortega+o+presidente+acusado+de+estupro.html). Terra.
Consultado em 9 de janeiro de 2020
34. «From comandante to caudillo» (https://www.theguardian.com/commentisfree/2006/nov/07/t
hecomandantewhobecameaca). The Guardian. Consultado em 1 de agosto de 2020

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