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MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO

DE CONFLITOS: NEGOCIAÇÃO E MEDIAÇÃO

Conciliação e Mediação

Profª Drª Maria Teresa de Souza Barboza


Conciliação

Humberto Theodoro Júnior explica sobre a utilidade da conciliação, a seguir:


“A composição do litígio é o objetivo perseguido pelas partes e pelo juiz. O fim do processo é
alcançar essa meta. Isso pode ser feito por ato do juiz (sentença de mérito) ou das próprias
partes (autocomposição). Muitas vezes é mais prático, mais rápido e conveniente que as
próprias partes solucionem seu conflito de interesses. Ninguém mais indicado do que o
próprio litigante para definir seu direito, quando está de boa fé e age com o reto propósito de
encontrar uma solução justa para a controvérsia que se estabelece entre ele e a outra parte”
(Curso de Direito Processual Civil – Volume I. 57ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 859).

O que é conciliação?
 Conciliação é um meio alternativo de resolução de conflitos em que as partes confiam a uma
terceira pessoa (neutra), o conciliador, a função de aproximá-las e orientá-las na construção
de um acordo em matéria em que inexiste relacionamento anterior das partes.
Quem é o conciliador?
 Conciliador é uma pessoa da sociedade que atua, de forma voluntária e após treinamento
específico, como facilitador do acordo entre os envolvidos, criando um contexto propício ao
entendimento mútuo, à aproximação de interesses e à harmonização das relações.
Conciliação judicial

 A conciliação é posta no sistema processual como uma das duas formas nele previstas para
a resolução dos conflitos que são levados à apreciação do Judiciário. A outra, é a forma
impositiva, via sentença ou acórdão.

 Justifica-se a preferência pela conciliação:


 mais rápida, mas barata, mais eficaz e pacífica forma de solução de conflitos.
 não há risco de injustiça, na medida em que são as próprias partes que, conciliadas,
mediadas e auxiliadas pelo juiz ou pelo conciliador, encontram a solução para o conflito de
interesses.
 não há perdedor.
Conciliação judicial - Exemplos do sistema processual de solução de conflito pela
conciliação:
 Nos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, as causas iniciam pela conciliação (Lei nº 9.099/1995, arts.
2º, 20 e 21 a 23).
 Ações cíveis cujo valor da causa não exceda a 40 salários mínimos (Lei nº 9.099/1995, arts. 2º, 20 e
21 a 23).
o “Jus postulandi” é exercido nas ações em que o valor da causa não ultrapassar a 20 salários
mínimos (Lei nº 9.099/1995, art. 9º).
 Ações criminais de infrações penais de menor potencial ofensivo, que são as contravenções penais
e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 anos, cumulada ou não com multa
(Lei nº 9.099/1995, art. 60 a 62).
o A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença
irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente (Lei nº 9.099/1995, art.
74).
o Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à
representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação
(Lei nº 9.099/1995, art. 74, § único).
 Na audiência de conciliação ou de mediação realizada na CEJUSC, setor processual, as partes devem
estar acompanhadas de seus advogados ou defensores públicos (CPC, arts. 334 e ss).
 No âmbito da Justiça do Trabalho, nos procedimentos ordinário e sumaríssimo, a não realização da
tentativa conciliatória, gera a nulidade processual (CLT, arts. 846 e 850; STST 259).
Características da Conciliação e função do conciliador

Quais são as características da conciliação?


 A principal característica é a celeridade, ocorrendo geralmente em uma única reunião.

Qual a função do conciliador?


 Aproximar e intermediar as partes, quando inexiste entre elas relacionamento significativo no
passado ou vínculo anterior.
 Informar e auxiliar as partes na construção de um acordo.
 Sugerir propostas, dar sugestões e tecer opinião para acordo às partes, para a solução do
litígio.
 Conciliador tem uma atuação mais ativa e direta quanto ao direito envolvido.
Procedimentos realizados na sessão ou audiência de conciliação (1/3)
 Momento Prévio
 Conciliador deve chegar ao local da conciliação antes do horário marcado para a sessão ou audiência.
 Conhecer a natureza do conflito.
 Analisar técnicas, estratégias e ferramentas que deseja empregar; e
 Organizar o ambiente (mobiliário/material).
 Posicionamento das partes à mesa durante a conciliação
 A disposição física das partes será de acordo com o número de pessoas e o grau de animosidade entre
elas e a do conciliador com igual distanciamento em relação às partes.
 Cabe ao conciliador administrar e controlar o desenvolvimento da sessão ou audiência de conciliação.
 Como receber as pessoas
 Conciliador deve recepcionar as pessoas com cordialidade e acolhimento, para que se sintam calmas e
confortáveis.
 Abertura da sessão ou audiência
 Informar as partes sobre o desenvolvimento e regras da conciliação, tempo de duração da sessão,
combinar sobre a participação do advogado.
 Tratamento igual às partes.
 Transmitir às partes autoconfiança e segurança.
 Auxiliar e facilitar a comunicação entre as partes.
 Combinar sobre a participação dos advogados, quando presentes.
Procedimentos realizados na sessão ou audiência de conciliação (2/3)
 Exposição dos fatos pelos participantes
 O conciliador propõe às pessoas que exponham o motivo que as levaram a procurar ajuda junto aos
órgãos que promovem a conciliação. É o momento de escutar.
 Conduzir a audiência, de modo que a conversa seja objetiva e racional, sem interrupções de uma parte
na fala da outra.
 Identificação e esclarecimento das questões, interesses e sentimentos
 Conhecer os fatos e informações importantes sobre o problema, procurando identificar o que realmente
as pessoas pretendem resolver.
 A escuta atenciosa das partes é a chave para conhecer seus reais interesses, para se chegar a um
acordo.
 Negociação
 Processo de comunicação que tem por objetivo a construção de soluções para o conflito.
 Técnicas de negociação:
o Identificação do problema;
o Reformulação do problema;
o Conotação positiva do conflito;
o Foco nos conflitos e não nas pessoas;
o Concentrar-se nos interesses;
o Encontrar critérios objetivos; e
o Busca de opções de ganhos mútuos.
Procedimentos realizados na sessão ou audiência de conciliação (3/3)

 Síntese da sessão de conciliação


 Resumo da exposição dos fatos pelas partes, resgatando os pontos comuns e apontando
as possibilidades de acordo que surgiram.
 Composição do acordo
 Todas as alternativas levantadas para a solução do problema devem ser consideradas,
cabendo ao conciliador indicar outras que lhe ocorrerem, mas sempre com imparcialidade.
 Os acordos devem ser realistas, satisfazer às partes e prevenir questionamentos futuros.
 Encerramento e lavratura de termo
 Finalizada a composição do acordo, o conciliador deverá registrá-lo em ata ou termo de
acordo, numa linguagem clara, contendo as condições e especificações tal como elas
foram acordadas.
 Deve ser feita a leitura do acordo para que os envolvidos na conciliação tenham pleno
conhecimento e possam dirimir dúvidas com relação à sua composição final.
 Momento propício para orientar as partes sobre outras questões (quando for o caso: conta
bancária, mandado de averbação, encaminhamentos, etc.).
Mediação – Conceito, diferenças e mediador (Lei nº 13.140/2015)

 Mediação é um meio facultativo de autocomposição de solução de controvérsias entre


particulares que têm um vínculo anterior. Exemplos: conflitos nas áreas da família, escolar,
empresarial, social, societária, etc.
 A Lei nº 13.140/2015 dispõe sobre a mediação como meio de solução de controvérsias entre
particulares e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública.
 Conceito de mediação: “atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório,
que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver
soluções consensuais para a controvérsia” (Lei nº 13.140/2015, art. 1º, § único).
 Diferença entre mediação e negociação: presença do terceiro mediador.
 Diferença entre mediação e conciliação: existência de relacionamento anterior entre as
partes conflitantes.
 A participação do mediador é mais intensa e mais delicada na construção do acordo.
 É um procedimento mais complexo e demorado.
 Normalmente, há necessidade de mais de uma sessão ou audiência.
Mediação – Objeto e características da mediação (Lei nº 13.140/2015)

 Objeto da mediação
 Solução de conflito sobre direitos disponíveis ou indisponíveis que admitam transação (Lei nº
13.140/2015, art. 3º).
 Consenso das partes sobre direitos disponíveis (patrimonial) ou sobre direitos indisponíveis que
admitam transação (dignidade da pessoa humana, o direito à vida, o direito à liberdade).
o Direitos disponíveis: direitos patrimoniais sobre os quais as pessoas podem dispor, total ou
parcialmente.
o Direitos indisponíveis: “são aqueles sobre os quais o titular não pode dispor, em razão do
interesse ou da finalidade pública, tais como a dignidade da pessoa humana, o direito à vida, o
direito à liberdade, entre outros” (NUNES, Antonio Carlos Ozório. Manual de Mediação: guia prático da autocomposição. São Paulo:
Revista doa Tribunais, 2016, p. 67).

 O consenso das partes envolvendo direitos indisponíveis, mas transigíveis, deve ser homologado
em juízo, exigida a oitiva do MP (Lei nº 13.140/2015, art. 3º, § 2º).
 Características da mediação:
 Método autocompositivo de solução de conflitos.
 Rapidez, confidenciabilidade, menores custos, grande possibilidade de êxito.
 Qualidade da decisão acordada.
Mediação em diversas áreas de conflito

 Áreas de atuação da mediação:


 Mediação familiar: consiste na intervenção orientada na assistência de famílias, na
reorganização das relações familiares, como por exemplo:
o divórcio, partilha de bens, alimentos, guarda e regulamentação de visita de filho.
 Mediação social: envolve questões comunitárias, relação de vizinhança e relação entre
pessoal em geral.
 Mediação escolar: envolve questões no ambiente escolar entre jovens, como regras de
convivência, construção de relacionamentos, estabelecer diálogo, situações cooperativas e
não violentas.
 Mediação empresarial: envolvimento entre empresas, consistente na solução de conflitos e
na manutenção da relação empresarial, como fornecimento, prestação de serviços,
financiamento, etc.
 Mediação societária: envolve a relação entre sócios de uma sociedade empresarial.
 É possível que as partes se comprometam em contrato a dirimir algum conflito deste
decorrente pela via da mediação (Lei nº 13.140/2015, art. 2º, § 1º).
 A conciliação e a mediação podem ser judicial ou extrajudicial e as partes podem estar
assistidas por advogados ou defensores públicos.
Princípios orientadores da mediação (Lei nº 13.140/2015, art. 2º)

 Imparcialidade do mediador: atuação neutra, isenta de preconceitos, auxiliar as partes no


diálogo e na clarificação dos fatos/problemas, ajudando a criar opções em busca de um
acordo.
 Não pode atuar nos casos de impedimento e suspeição (Lei n. 13.140/2015, art. 5º).
 Isonomia entre as partes: tratamento igualitário das partes.
 Oralidade: inexistência de documentos, provas escritas que não sejam orais.
 Informalidade: processo informal e flexível, não havendo padrões definidos para transcorrer a
sessão ou audiência de mediação.
 Autonomia da vontade das partes: consagração do livre-arbítrio das partes na condução da
sessão e na celebração do acordo.
 Busca do consenso: solução consensual das partes por meio de acordo.
 Confidencialidade: sigilo nos fatos, interesses e questões conversadas na sessão de
mediação.
 Boa-fé: exposição dos fatos, interesses e celebração de acordo com legítimo intenção de
cumprimento.
Confidencialidade da mediação
 A confidencialidade é a base da mediação, vez que as partes vão confidenciar seus sentimentos e
interesses ao mediador. A Lei n. 13.140/2015, arts. 30 e § 1º, e 31, dispõem:
“Art. 30. Toda e qualquer informação relativa ao procedimento de mediação será confidencial em
relação a terceiros, não podendo ser revelada sequer em processo arbitral ou judicial, salvo se as
partes expressamente decidirem de forma diversa ou quando sua divulgação for exigida por lei ou
necessária para cumprimento de acordo obtido pela mediação.
§ 1º O dever de confidencialidade aplica-se ao mediador, às partes, a seus prepostos, advogados,
assessores técnicos e a outras pessoas de sua confiança que tenham, direta ou indiretamente,
participado do procedimento de mediação, alcançando:
I - declaração, opinião, sugestão, promessa ou proposta formulada por uma parte à outra na busca de
entendimento para o conflito;
II - reconhecimento de fato por qualquer das partes no curso do procedimento de mediação;
III - manifestação de aceitação de proposta de acordo apresentada pelo mediador;
IV - documento preparado unicamente para os fins do procedimento de mediação.
Art. 31. Será confidencial a informação prestada por uma parte em sessão privada, não podendo o
mediador revelá-la às demais, exceto se expressamente autorizado”.
 Exceção à confidencialidade: “Não está abrigada pela regra de confidencialidade a informação relativa
à ocorrência de crime de ação pública” Lei n. 13.140/2015, art. 31, § 3º).
Mediador

Quem é o mediador?
 Mediador é pessoa física, maior de 18 anos e capaz, profissional qualificado que tenta fazer
com que os próprios litigantes descubram as causas do problema e tentem removê-las,
atuando nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, e auxilia a compreensão
das questões, para que eles próprios cheguem a solução consensual de benefícios mútuos.
 Mediadores judiciais que atuam no Cejusc são considerados auxiliares da justiça.

Qual é a qualificação do mediador?


 Gestor de conflitos e bom negociador, que promove o equilíbrio entre os litigantes.
 Respeita a dignidade e o sofrimento do próximo, possui grande senso de equidade.
 Para atuação no CEJUSC, deve ter (CPC, art. 167; Lei n. 13.140/2015, art. 11)
 Graduação em ensino superior há pelo menos 2 anos;
 Certificado de curso de capacitação na mediação e conciliação.
 Cadastro no Tribunal de Justiça ou no Tribunal Regional Federal, indicando a área de
atuação.
Características essenciais do mediador (1/3)

 Formação superior
 A escolaridade de nível superior representa maior garantia na interpretação com precisão da
linguagem falada e escrita, na elaboração de metáforas e analogias úteis para estabelecer a
comunicação eficaz e fazer a “ponte” entre os mediandos.
 Competência interpessoal
 Demonstrada pela maneira objetiva, segura, persistente e eficaz com que o mediador administra os
comportamentos, mesmo quando tratam-se de emoções negativas (mágoa, desprezo, raiva).
 Domínio da língua portuguesa
 Propicia a compreensão da linguagem escrita e falada, agilidade da leitura e entendimento de
documentos, competência para redigir os acordos, facilidade para expor as próprias ideias e criar
uma distinção entre sua própria pessoa.
 Conhecimento mínimo de direito
 É conveniente, não obrigatório, para permitir avaliar a inexistência de decisões versando sobre bens
ou direitos indisponíveis ou objetos ilícitos e se os efeitos legais decorrentes da decisão das partes
serão factíveis.
Características essenciais do mediador (2/3)

 Conhecimentos e competências a respeito de mediação e suas técnicas


 Constituem conhecimentos e competências indispensáveis.
 Sintonia cultural
 Competência para imergir no universo do conflito e contatar com a realidade dos
mediandos.
 Imagem pública
 Credibilidade do mediador deve ser inatacável.
 Resistência física e ao estresse emocional
 Capacidade de permanecer alerta na atuação em várias sessões consecutivas durante o
período exigido, podendo em algumas situações ser alvo de pessoas perversas, de mau
caráter, mal intencionadas, e não poderá deixar-se afetar ao constatar sofrimento e danos
recebidos por uma das pessoas.
 Paciência
 Deve perseverar na metodologia e resistir à vontade de decidir pelos mediandos e/ou
praticar justiça.
Características essenciais do mediador (3/3)

 Autoconfiança
 Incentivador e aberto a diálogo, mantém o olhar firme, a fala pausada e direta, estimula o
questionamento, demonstra equilíbrio e ponderação, combina ousadia e prudência e
reconhece os próprios erros, aperfeiçoa-se continuamente.
 Imparcialidade
 Aplicam-se as mesmas hipóteses legais de impedimento e suspeição do juiz (Lei nº
13.140/2015, art. 5º; CPC, arts. 144 e 145).
 Liderança
 O mediador lidera combinando carisma e perícia, transmitindo aos mediandos:
sentimentos de confiança; honestidade; serenidade e harmonia; espírito de cooperação;
respeito por si mesmo e pelo outro; não violência.
 Agente de transformação
 Deve utilizar a técnica de perguntar para esclarecer e fazer com que os mediandos
compreendam o que ocorre e como está sendo feito na sessão, bem como desenvolvam a
capacidade de multiplicar os conhecimentos adquiridos no processo para futuros e
inevitáveis conflitos da vida.
Procedimento da mediação (Lei 13.140/2015, arts. 14 e ss) (1/3)

 Pré-início dos trabalhos:


 Atividades preliminares e acolhimento dos mediandos.
 Obtenção de conhecimentos do caso.
 Preparação do local.
 Acolhimento dos mediandos.
 Início dos trabalhos:
 Informação sobre a dinâmica da sessão e regras de confidencialidade aplicáveis ao
procedimento.
 Enquanto transcorrer o procedimento de mediação, fica suspenso o prazo prescricional
(Lei n. 13.140/2015, art. 17, § único).
Procedimento da mediação (Lei 13.140/2015, arts. 14 e ss) (2/3)
 Narrativa:
 As partes narram suas histórias e expõe seus interesses.
 São objetivos específicos das narrativas:
o Alinhar as percepções: fazer com que todos enxerguem a história do problema da mesma maneira.
o Treinar os mediandos para ouvir o outro: deve acontecer antes dos conflitos se instalar.
o Conhecer detalhes da história do conflito: devem ser úteis para identificar os interesses e construir
opções para o acordo.
o Narrativa dos mediandos: o que aconteceu, como aconteceu, quem fez e para quem, quando foi feito,
por quê, onde, em que ambiente ou lugar os fatos se sucederam, os valores envolvidos, e se já
tentaram resolver o conflito de outras formas.
o Redesenho das narrativas: realiza uma análise dos acontecimentos, separa as diferentes causas
apontadas, clarifica os fatos, detalha suas percepções e dos mediandos e explica os conteúdos
essenciais.
o Convocação de perito: poderá ser necessária a convocação de perito em função da narrativa e da
análise da documentação, para auxiliar nos trabalhos, somente para explicação técnica da questão
discutida.
o Levantamento de dados e informações das partes e perito, se necessário. O mediador pode reunir-se
com as partes, em conjunto ou separadamente, bem como solicitar das partes as informações que
entender necessárias para facilitar o entendimento entre aquelas (Lei nº 13.140/2015, art. 19).
Procedimento da mediação (Lei 13.140/2015, arts. 14 e ss) (3/3)

 Identificação de opções:
 Identificação de posições de interesse das partes, para avaliação e escolha da melhor opção.
 Negociação:
 Escolha da opção mais adequada pelos mediandos, com ou sem apoio de advogados.
 Negociação com a presença de advogado:
o Mediação entre pessoas físicas não se admite prepostos.
o Mediação de conflitos em que pelo menos uma das partes é pessoa jurídica se fará representar
por profissional devidamente qualificado para tanto, comprovando essa condição por documento.
o Normalmente, as partes fazem-se acompanhar de advogados. Os advogados negociam entre si e
depois orientam seus clientes-mediandos. A sessão pode ser interrompida para negociação, se
necessitar, em outro ambiente.
 Celebração do acordo:
 Consenso entre as partes.
 Encerramento:
 Redação do acordo e assinatura ou a lavratura do temo final quando não houve acordo.
Procedimentos da Mediação Extrajudicial (Lei 13.140/2015, arts. 21 e ss):

 Início: convite, escopo da negociação, data e o local da primeira reunião.


 Resposta: resposta ao convite no prazo de até 30 dias da data do recebimento, sob pena de
considerar rejeitado.
 Previsão contratual de mediação:
 No convite deve haver previsão de prazo mínimo e máximo para 1ª reunião, local, critérios
de escolha do mediador/equipe de mediadores, penalidade em caso de não
comparecimento da parte convidada à 1ª reunião.
 Não há previsão contratual completa de mediação - critérios:
 Prazo mínimo de 10 dias úteis e prazo máximo de 3 meses, a contar do recebimento do
convite, para 1ª reunião.
 Local adequado a reunião que possa envolver informações confidenciais.
 Lista com 5 mediadores capacitados para a escolha pela parte convidada.
o Caso a parte convidada não se manifeste, considerar-se-á aceito o 1º da lista.
 O não comparecimento da parte convidada à 1ª reunião, caberá à parte arcar com 50% das
custas e honorários sucumbenciais, caso vencedora em procedimento arbitral ou judicial
posterior.
Procedimento da Mediação Judicial (Lei 13.140/2015, arts. 24 e ss):

 Realizada nos CEJUSCs: setores de solução de conflitos pré-processual e processual, bem


como pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a
autocomposição.
 Mediadores não estão sujeitos à prévia aceitação das partes.
 Assistência: as partes deverão ser assistidas por advogados ou defensores públicos.
 Insuficiência de recursos: assistência das partes pela defensoria pública pela concessão de
benefício às partes que comprovarem carência econômica.
 Requisitos essenciais: petição inicial, juiz designa audiência de mediação.
 Conclusão do procedimento de mediação: até 60 dias contados da 1ª sessão, salvo se as
partes de comum acordo requererem sua prorrogação.
 Acordo: homologação judicial ou lavrado termo final e arquivamento do processo.
 Custas judiciais finais: solucionado o conflito pela mediação antes da citação do réu, não são
devidas custas judiciais finais.
Exemplo de mediação judicial

Ajuizada uma ação de reconhecimento e extinção de união estável, tendo como autora a
companheira e como réu o companheiro.

O réu foi citado da presente ação, e do comparecimento à audiência de mediação designada


no Cejusc.

Se as partes celebrarem um acordo nesta oportunidade, o processo retorna a Vara de Família,


para aguardar o cumprimento integral do que restou acordado.

Se frustrado o acordo, a réu terá o prazo de 15 dias para apresentar sua contestação, a contar
da audiência de mediação, e a processo retoma o seu curso na Vara de Família.
Autocomposição de conflito é parte pessoa jurídica de direito público (Lei
13.140/2015, arts. 32 e ss)
Para a autocomposição de conflito em que for parte pessoa jurídica de direito público, os seguintes
fatores devem ser levados em consideração.
 Câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos: criadas pela União, Estados, DF e
Municípios, no âmbito dos respectivos órgãos da advocacia pública, dispõem das competências
explicitadas a seguir:
 Dirimir conflitos entre órgãos e entidades da Administração Pública.
 Avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de composição, no caso
de controvérsias entre particulares e pessoa jurídica de direito público.
 Promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta.
 Composição e funcionamento das câmaras: estabelecido em regulamento de cada ente federado.
 Submissão do conflito: a submissão do conflito às câmaras é facultativa e cabível somente nos casos
previstos em regulamento.
 Acordo: reduzido a termo, constituirá título executivo extrajudicial.
 Ausência de câmaras: enquanto não criadas as câmaras, os conflitos podem ser dirimidos nos termos
do procedimento de mediação.
 Suspensão de prescrição: a instauração de procedimento administrativo para resolução consensual de
conflito no âmbito da Administração Pública, por meio de emissão de juízo de admissibilidade,
suspende a prescrição, que retroage à data da formalização do pedido de resolução consensual do
conflito.
Conflitos envolvendo a Administração Pública Federal direta e suas autarquias e
fundações (Lei 13.140/2015, arts. 35 e ss)
No caso de conflitos envolvendo a Administração Pública Federal direta e suas autarquias e
fundações, alguns conceitos importantes precisam ser ressaltados.

 Transação por adesão: controvérsias jurídicas que envolvam a Administração Pública


Federal direta, suas autarquias e fundações, segundo as circunstâncias descritas a seguir:
 Autorização do advogado-geral da União, com base na jurisprudência pacífica do STF ou
de Tribunais Superiores;
 Parecer do advogado-geral da União, aprovado pelo Presidente da República.

 Resolução administrativa: definição dos requisitos e das condições da transação por adesão.

 Pedido de adesão: formulado pelo interessado, que deve juntar prova de atendimento aos
requisitos e às condições dispostas na resolução administrativa.
Conflitos envolvendo a Administração Pública Federal direta e suas autarquias e
fundações (Lei 13.140/2015, arts. 35 e ss)
 Efeitos gerais da resolução administrativa: aplicada aos casos idênticos, tempestivamente
habilitados mediante pedido de adesão, ainda que solucione parte da controvérsia.

 Efeitos da adesão: renúncia do interessado ao direito sobre o qual se fundamenta a ação ou


o recurso, eventualmente pendentes, de natureza administrativa ou judicial, quanto aos
objetos da resolução administrativa.

 Composição extrajudicial de conflitos: resolução de controvérsias para as circunstâncias


descritas a seguir:
 Órgãos ou entidades de direito público da Administração Pública Federal.
 Órgãos ou entidades de direito público da Administração Pública Federal e Estados, DF e
Municípios, suas autarquias e fundações públicas, bem como empresas públicas e
sociedades de economia mista federais.
OBRIGADA
E
ATÉ A PRÓXIMA!

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