Conciliação e Mediação
O que é conciliação?
Conciliação é um meio alternativo de resolução de conflitos em que as partes confiam a uma
terceira pessoa (neutra), o conciliador, a função de aproximá-las e orientá-las na construção
de um acordo em matéria em que inexiste relacionamento anterior das partes.
Quem é o conciliador?
Conciliador é uma pessoa da sociedade que atua, de forma voluntária e após treinamento
específico, como facilitador do acordo entre os envolvidos, criando um contexto propício ao
entendimento mútuo, à aproximação de interesses e à harmonização das relações.
Conciliação judicial
A conciliação é posta no sistema processual como uma das duas formas nele previstas para
a resolução dos conflitos que são levados à apreciação do Judiciário. A outra, é a forma
impositiva, via sentença ou acórdão.
Objeto da mediação
Solução de conflito sobre direitos disponíveis ou indisponíveis que admitam transação (Lei nº
13.140/2015, art. 3º).
Consenso das partes sobre direitos disponíveis (patrimonial) ou sobre direitos indisponíveis que
admitam transação (dignidade da pessoa humana, o direito à vida, o direito à liberdade).
o Direitos disponíveis: direitos patrimoniais sobre os quais as pessoas podem dispor, total ou
parcialmente.
o Direitos indisponíveis: “são aqueles sobre os quais o titular não pode dispor, em razão do
interesse ou da finalidade pública, tais como a dignidade da pessoa humana, o direito à vida, o
direito à liberdade, entre outros” (NUNES, Antonio Carlos Ozório. Manual de Mediação: guia prático da autocomposição. São Paulo:
Revista doa Tribunais, 2016, p. 67).
O consenso das partes envolvendo direitos indisponíveis, mas transigíveis, deve ser homologado
em juízo, exigida a oitiva do MP (Lei nº 13.140/2015, art. 3º, § 2º).
Características da mediação:
Método autocompositivo de solução de conflitos.
Rapidez, confidenciabilidade, menores custos, grande possibilidade de êxito.
Qualidade da decisão acordada.
Mediação em diversas áreas de conflito
Quem é o mediador?
Mediador é pessoa física, maior de 18 anos e capaz, profissional qualificado que tenta fazer
com que os próprios litigantes descubram as causas do problema e tentem removê-las,
atuando nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, e auxilia a compreensão
das questões, para que eles próprios cheguem a solução consensual de benefícios mútuos.
Mediadores judiciais que atuam no Cejusc são considerados auxiliares da justiça.
Formação superior
A escolaridade de nível superior representa maior garantia na interpretação com precisão da
linguagem falada e escrita, na elaboração de metáforas e analogias úteis para estabelecer a
comunicação eficaz e fazer a “ponte” entre os mediandos.
Competência interpessoal
Demonstrada pela maneira objetiva, segura, persistente e eficaz com que o mediador administra os
comportamentos, mesmo quando tratam-se de emoções negativas (mágoa, desprezo, raiva).
Domínio da língua portuguesa
Propicia a compreensão da linguagem escrita e falada, agilidade da leitura e entendimento de
documentos, competência para redigir os acordos, facilidade para expor as próprias ideias e criar
uma distinção entre sua própria pessoa.
Conhecimento mínimo de direito
É conveniente, não obrigatório, para permitir avaliar a inexistência de decisões versando sobre bens
ou direitos indisponíveis ou objetos ilícitos e se os efeitos legais decorrentes da decisão das partes
serão factíveis.
Características essenciais do mediador (2/3)
Autoconfiança
Incentivador e aberto a diálogo, mantém o olhar firme, a fala pausada e direta, estimula o
questionamento, demonstra equilíbrio e ponderação, combina ousadia e prudência e
reconhece os próprios erros, aperfeiçoa-se continuamente.
Imparcialidade
Aplicam-se as mesmas hipóteses legais de impedimento e suspeição do juiz (Lei nº
13.140/2015, art. 5º; CPC, arts. 144 e 145).
Liderança
O mediador lidera combinando carisma e perícia, transmitindo aos mediandos:
sentimentos de confiança; honestidade; serenidade e harmonia; espírito de cooperação;
respeito por si mesmo e pelo outro; não violência.
Agente de transformação
Deve utilizar a técnica de perguntar para esclarecer e fazer com que os mediandos
compreendam o que ocorre e como está sendo feito na sessão, bem como desenvolvam a
capacidade de multiplicar os conhecimentos adquiridos no processo para futuros e
inevitáveis conflitos da vida.
Procedimento da mediação (Lei 13.140/2015, arts. 14 e ss) (1/3)
Identificação de opções:
Identificação de posições de interesse das partes, para avaliação e escolha da melhor opção.
Negociação:
Escolha da opção mais adequada pelos mediandos, com ou sem apoio de advogados.
Negociação com a presença de advogado:
o Mediação entre pessoas físicas não se admite prepostos.
o Mediação de conflitos em que pelo menos uma das partes é pessoa jurídica se fará representar
por profissional devidamente qualificado para tanto, comprovando essa condição por documento.
o Normalmente, as partes fazem-se acompanhar de advogados. Os advogados negociam entre si e
depois orientam seus clientes-mediandos. A sessão pode ser interrompida para negociação, se
necessitar, em outro ambiente.
Celebração do acordo:
Consenso entre as partes.
Encerramento:
Redação do acordo e assinatura ou a lavratura do temo final quando não houve acordo.
Procedimentos da Mediação Extrajudicial (Lei 13.140/2015, arts. 21 e ss):
Ajuizada uma ação de reconhecimento e extinção de união estável, tendo como autora a
companheira e como réu o companheiro.
Se frustrado o acordo, a réu terá o prazo de 15 dias para apresentar sua contestação, a contar
da audiência de mediação, e a processo retoma o seu curso na Vara de Família.
Autocomposição de conflito é parte pessoa jurídica de direito público (Lei
13.140/2015, arts. 32 e ss)
Para a autocomposição de conflito em que for parte pessoa jurídica de direito público, os seguintes
fatores devem ser levados em consideração.
Câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos: criadas pela União, Estados, DF e
Municípios, no âmbito dos respectivos órgãos da advocacia pública, dispõem das competências
explicitadas a seguir:
Dirimir conflitos entre órgãos e entidades da Administração Pública.
Avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de composição, no caso
de controvérsias entre particulares e pessoa jurídica de direito público.
Promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta.
Composição e funcionamento das câmaras: estabelecido em regulamento de cada ente federado.
Submissão do conflito: a submissão do conflito às câmaras é facultativa e cabível somente nos casos
previstos em regulamento.
Acordo: reduzido a termo, constituirá título executivo extrajudicial.
Ausência de câmaras: enquanto não criadas as câmaras, os conflitos podem ser dirimidos nos termos
do procedimento de mediação.
Suspensão de prescrição: a instauração de procedimento administrativo para resolução consensual de
conflito no âmbito da Administração Pública, por meio de emissão de juízo de admissibilidade,
suspende a prescrição, que retroage à data da formalização do pedido de resolução consensual do
conflito.
Conflitos envolvendo a Administração Pública Federal direta e suas autarquias e
fundações (Lei 13.140/2015, arts. 35 e ss)
No caso de conflitos envolvendo a Administração Pública Federal direta e suas autarquias e
fundações, alguns conceitos importantes precisam ser ressaltados.
Resolução administrativa: definição dos requisitos e das condições da transação por adesão.
Pedido de adesão: formulado pelo interessado, que deve juntar prova de atendimento aos
requisitos e às condições dispostas na resolução administrativa.
Conflitos envolvendo a Administração Pública Federal direta e suas autarquias e
fundações (Lei 13.140/2015, arts. 35 e ss)
Efeitos gerais da resolução administrativa: aplicada aos casos idênticos, tempestivamente
habilitados mediante pedido de adesão, ainda que solucione parte da controvérsia.