SETE DESEJOS
DO
CORAÇÃO HUMANO
MIKE BICKLE
E DEBORAH HIEBERT
FORERUNNER BOOKS
KANSAS CITY, MISSOURI
1
Forerunner Books
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2
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO
A Natureza do Desejo ............................................................................5
CAPÍTULO UM
O Desejo de Ser Apreciado Por Deus ...................................................27
CAPÍTULO DOIS
O Desejo Pela Fascinação ..................................................................45
CAPÍTULO TRÊS
O Desejo Pela Beleza .........................................................................61
CAPÍTULO QUATRO
O Desejo Pela Grandeza ....................................................................81
CAPÍTULO CINCO
O Desejo Pela Intimidade Sem Ter do Que Se Envergonhar ...........99
CAPÍTULO SEIS
O Desejo de Amar de Todo o Coração .............................................121
CAPÍTULO SETE
O Desejo de Causar Um Impacto Profundo e Duradouro .................143
CONCLUSÃO ...........................................................................................159
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INTRODUÇÃO
A Natureza do Desejo
Existem anseios no âmago de cada ser humano dos quais não se pode
escapar, os quais não podemos ignorar, negar ou amenizar: eles precisam ser
satisfeitos. Quando acordamos de manhã, quer estejamos conscientes ou não,
somos movidos por desejos inatos que requerem repostas e recusam
adiamentos. Temos desejos, saudades, sentimentos de nostalgia colocados
por Deus num lugar profundo dentro de nós a fim de que sejamos cortejados e
atraídos por Sua graça até Sua presença. Quando compreendemos a origem
desses desejos em Deus, começamos a cooperar com esses desejos de
acordo com a Sua vontade. Encontramos a resposta, a satisfação para nossos
desejos n’Aquele que os plantou em nós. Seu plano principal abrange até
mesmo o campo das emoções em nossas vidas.
Durante os meus 30 anos de ministério, tendo sido um estudante ávido das
emoções humanas e de sua dinâmica. Tendo gastado com prazer horas
incontáveis ouvindo pessoas me contarem sobre o que faz seus corações
acelerarem. O que é interessante é que os desejos e necessidades das
pessoas não são variados ou discrepantes: eles são comuns. Temos
observado milhares de pessoas chegarem à nossa comunidade espiritual aqui
na IHOP (Casa Internacional de Oração), em Kansas City. Alguns são
palestrantes internacionalmente conhecidos no alto dos seus 70 anos, outros
são jovens estagiários da IHOP de 18 anos em sua primeira grande aventura
longe de casa. Eles vêm de uma vasta multiplicidade de contextos: desde uma
vida inteira dentro da Igreja ou nenhuma experiência com Ela. Alguns têm
contas bancárias recheadas, outros chegam com o suficiente (ou quase isso)
para se manterem pelo tempo que calcularam que passariam aqui conosco.
Eles vêm em caminhões enormes de mudanças ou com tudo que têm
amassado em uma mochila só. Enquanto nenhum deles é exatamente igual,
percebi que há algo de comum entre todos eles: seus desejos.
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Poucas palavras na língua portuguesa podem expressar tal profundidade de
emoção em apenas três sílabas. Um desejo não é uma vontade superficial que
pode ser satisfeita com um simples ato de gentileza. Um desejo nem sequer é
uma necessidade genuína que possamos exigir que seja atendida. Um desejo
vai além dessas coisas. Ele é uma dor no coração. É um buraco no espírito que
clama por preenchimento. Em seu sentido mais profundo, essa palavra não é
nem um verbo nem um substantivo em si mesma, mas combina ambas as
classificações, sendo a própria conexão entre emoção e necessidade genuína.
É um sentimento intangível, que vem e vai como uma maré e ao mesmo tempo
é uma realidade concreta. Não se pode racionalizar com um desejo, muito
menos negá-lo ou descartá-lo. Se ele não for atendido, ele nos domina. De
uma forma ou de outra, legítima ou ilegitimamente, um desejo humano será
satisfeito. Ele tem de ser satisfeito.
Enquanto observo as pessoas e estudo as Escrituras, identifiquei sete
desejos que são encontrados no coração de cada ser humano. Esses desejos
são universais e nos dão uma compreensão melhor sobre como Deus nos fez.
Temos anseios propositadamente cavados em nosso espírito como parte
integral de nosso design divino. Esses anseios revelam o gênio do Criador, que
foi quem colocou os anseios em nós para refletir Sua própria personalidade e
nos guiar até Ele - na verdade, de volta para Ele. Somos feitos à Sua imagem e
Ele intencionalmente plantou desejos nas profundezas do nosso coração que
somente Ele pode preencher. Ele nos programou para que precisemos,
queiramos e para que encontremos nossa satisfação n’Ele e somente n’Ele. É
a própria definição e resumo do que é um design inteligente. O design de Deus,
brilhante e diligentemente, é uma evidência de que Ele é um Deus ciumento
que não nos quer entregues a prazeres inferiores. Fomos feitos para Ele.
Os sete desejos que identifiquei são: o desejo de termos a certeza que
somos apreciados por Deus, o desejo de sermos fascinados, o desejo de
sermos belos, o desejo por algo grandioso, o desejo por ter intimidade sem ter
do que se envergonhar, o desejo de entregar-se completamente em devoção e
paixão e o desejo de fazer algo que tenha impacto profundo e duradouro.
Compreender esses desejos é compreender melhor nossas batalhas e o
verdadeiro sentido da vida. Eles são anseios postos em nós por Deus
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estrategicamente e eles nos atraem à Sua presença. Embora o inimigo procure
distorcer esses anseios para nos aliciar para viver em escuridão, eles são, na
verdade, reproduções maravilhosas das características da personalidade de
Deus e das realidades em Seu coração. Como em toda ânsia, esses anseios
têm um toque de sofrimento, um toque de prazer e um toque de nostalgia
enquanto nos cortejam e lisonjeiam, nos mostrando o caminho para a presença
de Deus. Quando esses anseios não são satisfeitos em Deus, ficamos vazios,
machucados, amargurados e insatisfeitos. Temos dentro de nós um vácuo que
tem a exata forma de Deus que permanece vazio até que permitamos que
Deus o preencha e satisfaça nossos desejos mais profundos. Essa fome que
nos atormenta somente é saciada pelo toque de Deus e nunca será
completamente satisfeita nesta vida. Mesmo assim, ter o simples gosto dessa
satisfação é viver plenamente e ter apenas uma sombra da revelação dessa
futura satisfação é o topo do que realmente significa estar vivo.
Essa idéia de desejo criado não é totalmente estranha a nós. Quando o pai
de uma criança leva-a para nadar numa piscina pela primeira vez na vida ele a
segura delicadamente. Enquanto nunca deixa de ter controle da segurança da
criança, o pai permite que ela tenha a sensação de estar flutuando, ela pode se
debater de leve na água por alguns instantes, mas suas mãos cuidadosas
estão lá para lembrar que ali não é o cercadinho. Não importa quão firmemente
o pequenino esteja caminhando em terra seca, esse é um ambiente diferente
que requer cuidados diferenciados. Se a criança quiser sobreviver, deverá
segurar-se firmemente em seu pai. Da perspectiva da criança, a princípio, tudo
isso pode parecer novo e até um pouco assustador, mas não demora muito até
que ela aprenda que a resposta para sua ânsia por estabilidade será
encontrada nos braços de seu pai. Papai, em sua sabedoria, cria a consciência
de uma necessidade e então se voluntaria como a resposta óbvia para a
necessidade. Seu filho encontra a resposta para seus anseios por segurança
quando está cada vez mais próximo de seu pai. O resultado é uma criança que
abraça mais apertado o seu pai do que se ela não tivesse sido compelida a ter
tal necessidade por segurança.
Deus não é, de forma alguma, um líder casual ou um idealizador ao acaso.
Cada coisa que Ele faz tem um intento específico. Em Sua soberania, Ele pôs
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sete desejos em nós para nos auxiliar a percorrer facetas diferentes de
privilégio como Noiva de Cristo. Ele pôs esses desejos profundamente em nós
não tão fundo para que nos esgotemos, mas para que Ele possa nos
preencher ao extremo! Eu sempre menciono algo que eu chamo de “prazeres
superiores do Evangelho”. Deus corteja nossos corações com Sua Palavra de
tal maneira que afrouxe nosso apego às coisas que são inferiores às
pertencentes ao Seu Reino (todos os prazeres secundários que nos fazem
perder tempo das nossas vidas em confusão) e faz com que tomemos posse
dos prazeres superiores de Deus: aqueles que satisfazem de completamente e
eternamente.
Nossa resposta a esses desejos determina o sucesso que obteremos em
nossas vidas. As pessoas gastam uma quantidade enorme de tempo lutando
com os extremos de negar os desejos ou atendê-los de formas não saudáveis,
que não condizem com a vontade de Deus ou até mesmo de maneiras
destrutivas. Imagine o tempo e a energia que economizaríamos se
reconhecêssemos que esses são desejos dos quais não podemos escapar,
que eles vêm de Deus e que foram postos em nossos corações para nos
permitir responder a eles e satisfazê-los da maneira que Deus planejou que
fosse. A Igreja precisa perceber que a raça humana não pode se arrepender de
ter esses desejos do coração, mas deve somente se arrepender de procurar
atender a esses desejos de maneiras erradas. Não podemos nos arrepender
do DNA que carregamos. Ninguém jamais pensou em pedir perdão a Deus por
ser alto ou por ter olhos castanhos. As pessoas podem gostar ou não dessas
características, mas elas não as vêem como erradas; elas são simplesmente
uma parte de quem as pessoas são. Assim também acontece com esses
desejos do coração. Quando aprendermos a abraçá-los de maneira saudável e
conforme a vontade de Deus e permitirmos que Deus os responda – com a
única satisfação verdadeira - então, começaremos a tocar os prazeres
superiores do Evangelho e desfrutaremos da alegria de viver para o que fomos
criados.
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CRIADOS PARA O PRAZER
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correta irá nos fazer vitoriosos em nossos corações e nos permitirá resistir ao
orgulho, à cobiça, à pornografia, ao ocultismo, à amargura, à ira e coisas afins.
Não fomos feitos para viver sem poder e desesperançados.
Porque Satanás é um mestre do plágio, cada desejo encontra uma resposta
falsa em nossa natureza caída. Uma moça, buscando satisfazer sua
capacidade dada por Deus de sentir amor, dá seu coração e seu corpo a um
rapaz que luta exatamente da mesma maneira que ela por amar e ser amado.
Ambos encontram respostas temporárias para seus desejos eternos, mas
quando o brilho se apagar, eles simplesmente serão dois solitários juntos.
Muitos casamentos começam assim, somente para se desfazer depois quando
a mera atração física não pode mais sustentar as pressões de ter e criar filhos,
uma hipoteca para pagar ou a falta de interesses em comum. Outro exemplo, o
de um executivo ocupado que está completamente ciente de sua capacidade
de ser alguém importante, mas que compreende mal o significado do que é ser
importante e se perde em ser aclamado pelo mundo. 20 anos depois ele se
encontra no topo de sua carreira. Casas, carros e viagens estão à sua
disposição. Num momento de honestidade brutal, ele admite que tudo isso só o
enche de mais vazio. Ele alcançou o elo que buscava, mas esse elo não está
amarrado a nada.
Nossos jornais e vizinhanças estão repletos de histórias assim como essa.
Desde que Caim matou Abel, as pessoas tem tido uma idéia pior que a outra,
sucessivamente, de como podem satisfazer seus desejos só para variar. No
final, eles se encontram desapontados, com os corações vazios e odiando os
próprios desejos que os levaram até ali. Considere por um momento como
Deus deve se sentir a respeito dessa situação; Ele criou esses desejos
preciosos e somente olha e vê homens e mulheres perseguindo a satisfação
deles com respostas falsas. Como Ele anseia que Seu povo posicione seus
corações e sua fome da maneira correta e, ao fazerem isso, que eles
encontrem a maior surpresa de suas vidas: os prazeres de Deus que
satisfazem além da medida.
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DESEJOS ETERNOS
Nossos desejos não são somente universais, mas são também eternos. Eles
não são limitados ao nosso relacionamento com Deus nesta era. Deus não
pretendeu que nossos desejos fossem embora após esta vida. Na verdade,
eles e as respostas a eles serão ainda maiores no tempo que está por vir.
Nesse tempo que vivemos atualmente, haverá momentos em que
experimentaremos coisas grandes e lindas em Deus. Essas satisfações são um
presente maravilhoso de Deus para sustentar nossos corações. Muito desta
vida pode parecer distante da experiência de receber o toque de Deus e, por
isso, até mesmo um pequeno mover do Seu Espírito Santo em direção ao
nosso espírito faz com que tenhamos pequenos momentos de muita satisfação.
Mesmo que essas experiências sejam dadas por Deus e nos impactem, elas
ainda assim são temporárias e precisam ser repetidas. Toques periódicos de
Deus nos dão forças para continuar nossa corrida. A mera lembrança desses
momentos nos mantém ansiosos pela próxima experiência. Tudo isso coopera
juntamente para o plano divino de Deus. Ele nos toca áreas vulneráveis e
sensíveis de nossos corações e esses toques divinos permanecem conosco
por apenas um período de tempo. Ansiamos, Sua presença vem e quando ela
se vai, ficamos mais apaixonados, com mais desejo por Ele do que tínhamos
antes. O Criador coloca desejos dentro de nós que somente podem ser
respondidos por Ele e n’Ele. Ele, então, atende os desejos em parte, nos
oferecendo-nos somente a satisfação suficiente para nos sustentar na busca e
nos permitindo sentir somente a porção de dor suficiente para nos manter na
jornada. A natureza do cortejo d’Ele por nós requer um movimento cíclico de
declínio e re-enchimento de desejo e satisfação. Daqui a um bilhão de anos,
ainda ansiaremos por essas coisas. Elas desempenharão um papel
importantíssimo na maneira como seremos fascinados por Deus durante toda a
eternidade.
Por que Deus colocou esses desejos dentro de nós? Certamente Ele sabia
que correríamos para um lado e para o outro, encontrando alívio temporário em
respostas falsas. Compreender um pouco mais sobre a natureza desses sete
desejos e o desejo do coração de Deus de ser a única satisfação deles nos
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ajuda a ver tanto a nossa luta quanto nosso propósito nesta vida de uma
perspectiva completamente nova. Os desejos estão dinamicamente ligados a
quem Deus é e nenhuma quantidade de prazer temporário ou falso pode ser
comparada à satisfação total desses desejos. Cada um desses desejos é uma
explicação por meio da qual podemos entender mais profundamente sobre
Deus assim como também é uma manifestação da bela essência de Deus em
nossas vidas. Os prazeres que sentimos quando permitimos que Deus
satisfaça nossos desejos não têm fim: eles durarão para sempre e sempre.
O PARADIGMA NUPCIAL
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descrevo essa perspectiva da vida, essa interpretação de quem nós somos
para Deus e de quem Ele é para nós como o “Paradigma Nupcial”. É um
paradigma ou uma perspectiva que vê Deus como alguém que se apraz em
nós e que é cheio de afeição por nós, que nos abraça mesmo no meio da
nossa fraqueza e dos nossos tropeços.
Um paradigma é um exemplo que serve como um padrão ou um modelo
para o pensamento. Nem sempre estamos conscientes dos paradigmas
através dos quais vemos a vida; entretanto, nossos paradigmas preenchem
todas as experiências pelas quais passamos. O que pensamos, o modo como
falamos, como interpretamos o que já passou e como antecipamos o que ainda
virá – todas essas coisas são afetadas por nossos paradigmas. Um visitante
que vá a Washington, DC, por exemplo, olha para o Prédio do Capitólio sob a
perspectiva de um paradigma completamente diferente da de um poderoso
senador. Ambos têm o direito de estar ali, mas um tem muito mais confiança
que o outro. O senador compreende que as pessoas esperam que ele esteja lá.
Dentro das salas de reuniões e na Câmara do Senado, é ele quem faz com que
haja certa medida de decoro. Do mesmo modo, ele sabe quem os membros
seniores do Senado são e quando se deferir a eles. O senador opera sob um
paradigma de autoridade. O turista que acabou de sair do trem, sem nenhuma
familiaridade com as precauções de segurança e os muitos protocolos do
Senado, anda vacilante. Ele é bem-vindo no Prédio do Capitólio, mas os
negócios do país não dependem de sua contribuição. O que é interessante é
que o turista nota coisas que o senador ignora há tempos como, por exemplo,
os tetos repletos de ornamentos talhados ou os vastos pisos de ladrilhos. Ele
opera sob o paradigma de um visitante. O turista e o senador andarão pelos
mesmos salões, verão as mesmas paisagens e encontrarão muitas das
mesmas pessoas, mas certamente terão experiências muito diferentes por
causa de seus paradigmas tão diferentes.
O Paradigma Nupcial descreve uma perspectiva específica do Reino de
Deus. Mesmo que esse não seja encontrado nas Escrituras, é uma expressão
útil que expressa esse distinto paradigma de Deus e, por isso, é essencial para
nossas jornadas espirituais e nossa busca por Ele. Esse foco reúne temas
bíblicos que são concernentes à beleza de Jesus como o Noivo celestial e a
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revelação de Sua beleza para Sua eterna Noiva, a Igreja. O Paradigma Nupcial
muda a maneira como entendemos e absorvemos muitas passagens das
Escrituras porque ele honra toda a verdade concreta que se pode encontrar na
Bíblia. Ele nos permite nos regozijarmos na Escritura como um todo. Sendo
escrita ao longo de centenas de anos por quarenta escritores diferentes (muitos
dos quais não se conheceram mutuamente), é incrível como a Bíblia mostra
tamanha unidade de tema e propósito. Em meio à vastidão das Escrituras, o
Espírito Santo freqüentemente irá nos atrair a atenção para focos específicos,
por tempo determinado. Tal foco funciona como uma corrente menor que corre
dentro do grande rio do Evangelho de Cristo.
O Paradigma Nupcial do Reino de Deus é um desses tais focos que têm um
impacto glorioso sobre nossos corações (embora, é claro, toda a Escritura seja
necessária). Descobri que é muito útil nomear os focos a fim de que tenhamos
maior facilidade em identificar o poder de seus elementos. A real força desse
paradigma pode ser vista em sua combinação única de verdades capturadas
no pacote completo. Quanto mais você estuda, mais você descobrirá pistas
sobre o Paradigma Nupcial em toda a Palavra de Deus.
Quando você busca nas Escrituras, você encontra muitas representações
diferentes do Reino de Deus. O Reino de Deus pode ser comparado à indústria
da pesca, já que fomos ensinados a ser pescadores de homens. Aqueles que
são evangelistas vivem sob a perspectiva do paradigma da pesca. Aonde quer
que vão, eles vêem pessoas que precisam de Jesus e “lançam a rede”. As
metáforas de semeadura, poda, colheita e enxerto também servem muito bem
ao Reino em representar como ele pode ser comparado à agricultura. A oeste
da Cidade do Kansas, a área das Grandes Planícies se estende por milhares
de milhas de norte a sul. Para as famílias que cultivaram esses campos, o
paradigma agrícola é muito real. Eles entendem bem a natureza e o processo
da colheita e do plantio. O Reino é freqüentemente citado sob o paradigma da
guerra, com passagens da Escritura sobre luta, sacrifício, sofrimento e
governo. Qualquer soldado pode rapidamente oferecer exemplos incontáveis
de como a autoridade pode ser equipara ao Reino de Deus.
Todos esses paradigmas são genuínos e dignos de estudo, mas à medida
que nos aproximamos da volta de Jesus, eu acredito que o paradigma
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espiritual que Deus está enfatizando com maior urgência é o Paradigma
Nupcial. Eu frequentemente chamo da geração que virá a volta de Jesus como
a “geração do Noivo” porque nessa geração muitos crentes virão a interpretar o
Reino de Deus sob esse prisma. Essa visão de Deus e de nós mesmos
protegerá nossos corações com uma santa afeição para permanecer até
mesmo nos piores tempos da história da humanidade e irá nos preparar para
nos mantermos em amor puro e em justiça resplandecente até a volta de
Jesus.
Em seu último sermão público antes da crucificação, Jesus declarou: “O
Reino dos Céus é semelhante a um certo Rei, que celebrou as bodas de Seu
Filho” (Mateus 22.2). Tendo em mente tudo que acaba de nos ser revelado,
podemos imaginar o brilho nos olhos de Jesus, quando ele percebe que Seu
Pai era o “um certo Rei” que estava planejando Seu próprio casamento. A
Palavra deixa claro que Deus tem um plano secreto em Seu coração que irá
culminar em uma celebração de casamento ao final da história natural
(Apocalipse 19.7,8). Pela indescritível graça de Deus, essa Noiva humana, a
herança prometida, limpa e liberta do pecado, seja entronizada abraçada e
adornada pelo próprio Jesus, enquanto reina com Ele (Apocalipse 3.21). Foi
para esse propósito para o qual fomos criados. De Gênesis 1 em diante, a
Bíblia fala claramente sobre isso. Do coração flamejante de Jesus flui um rio de
desejo por estar com Seu povo que será satisfeito no clímax da história – e
essa é a nossa história!
Creio plenamente que o Paradigma Nupcial do Reino, dado por Cristo em
Sua mensagem final aqui na Terra, seja o método mais poderoso para
transformar o coração humano. É o ultimo dos paradigmas enfatizados por
Jesus em Sua Primeira Vinda e será o último que o Espírito Santo enfatizará à
Igreja ao redor do mundo antes da Segunda Vinda de Jesus. Sei que essa é
uma afirmação ousada de se fazer, mas creio que é uma afirmação que tem
base nas Escrituras.
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Essa passagem registra um clamor que irá se erguer em ambos o Espírito
Santo e na Noiva de Cristo. Eles unirão suas vozes em uma só e com um som
de uma trombeta chamarão por Jesus. O Messias voltará para ser entronizado
na Terra como o Rei humano de Deus – plenamente Deus, plenamente
humano. Mas o que conduzirá a esse acontecimento? O clamor em uníssono
do Espírito e da Noiva. Embora certamente haja guerra espiritual sem
precedente no final dos tempos, a Escritura não diz “o Espírito e o exército”.
Embora ajamos como uma família espiritual, não foi escrito “o Espírito e a
família” clamando pela volta de Jesus. No final dos tempos, Ele voltará em
resposta ao clamor gerado pelo Espírito na Igreja, em seu papel principal, sua
identidade de Noiva.
As pessoas obedecem a Deus por diversas razões. Muitas são motivadas
por medo de punição. Como cachorrinhos maltratados, elas se escondem
covardemente nos cantos, esperando a mão do seu dono se mover em sua
direção mais uma vez. Em suas mentes, Deus gasta a maior parte de Seu
tempo bravo e, se elas pisarem na bola, a fúria dos céus será liberada sobre
eles. Ironicamente, essas pessoas frequentemente servem como voluntários na
igreja local. Eles podem até servir como voluntários em áreas que não sejam
seu ministério, mas entraram em cena para sanar uma necessidade por medo
de que Deus poderia puni-los se não o fizessem. A miséria começa a fazer
parte da identidade dessas pessoas em Cristo. Elas frequentemente decidem
corretamente ser santas, mas são vazias e, às vezes, até ficam zangadas por
agirem assim. Incrédulos olham para essas pessoas e pensam: “Com certeza
essa é a união do que há de pior no mundo e na Igreja.” Outros cristãos são
motivados por um senso de superioridade. Sua obediência demonstra que eles,
de fato, ouviram a voz de Deus e responderam a ela. Em suas mentes, é
importante ser conhecido entre os irmãos como sendo pessoas radicalmente
obedientes porque isso os faz sentir melhor do que o resto. Assim como
aqueles motivados pelo medo, essas pessoas também fazem escolhas certas
frequentemente. Infelizmente, eles recebem a maior parte de sua recompensa
diante dos homens, durante esta vida (Mateus 6.1-8). No fim de suas vidas,
eles terão vivido por muitos anos em obediência, mas foram primeiramente
motivados pelo temor do homem.
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A obediência baseada na afeição é uma coisa completamente diferente. As
afeições são relações exclusivamente humanas; não há nada na Palavra que
fale sobre anjos terem afeições. Eles têm alegria e outras emoções, mas esses
sentimentos não são afeições. Somente os seres humanos receberam a honra
de possuir desejo ardente e amor afetuoso. Deus nos deu essa nobreza para
que possamos escolher voluntariamente escolher por amá-Lo de todo o nosso
coração, nossa alma, nossa mente e nossa força. Uma vida em que se pode
encontrar a obediência por amor é uma vida em que uma pessoa sabe que ela
é tão amada por Deus (e ama tanto em retribuição) que a obediência se torna a
única resposta razoável para tudo que Deus quer. Por amor, elas dão tudo e
não acham nenhum sacrifício grande demais. É isso que Deus quer para todos
nós. Quando passamos a nos ver como tendo uma identidade espiritual de
amantes voluntários e posicionamos nosso coração sob essa perspectiva, ao
invés de nos ver timidamente como serviçais manipulados, algo poderoso
começa a ser despertado. É isso que somos de fato. E esse é o Paradigma
Nupcial. Deus usa nossa maneira de pensar através do Paradigma Nupcial
para nos motivar a obedecer por amor e à santidade apaixonada.
Antes da volta do Senhor, a Igreja será tomada por uma afeição espiritual
poderosa e determinada por Deus. Paixão por Jesus acompanhada de
obediência extravagante irão se tornar a regra entre os cristãos ao redor do
mundo. Duas grandes vertentes dominarão a Igreja ao mesmo tempo. A
primeira, grande parte da Igreja que se esfriará e a outra que, em contrapartida,
terá um grande ajuntamento de almas que manifestará o amadurecimento da
Igreja por todo o mundo (2 Tessalonicenses 2.3, Apocalipse 7.9-14). Paulo
descreveu uma Igreja ao redor do planeta que será sem mácula nem ruga em
seu caráter (Efésios 5.26-32). Esse caráter será resultado tanto da obra do
Espírito Santo quanto a consequência das circunstâncias sem precedentes
chamadas de A Grande Tribulação (Mateus 24.21). O Paradigma Nupcial será
a forma mais eficaz de se viver nesse tempo; essa visão apaixonada de Deus
nos dará poder para permanecer corajosamente em nossa obediência.
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Alguns podem perguntar “Porque o Paradigma Nupcial é necessário? Eu tenho
vivido bem até hoje sem ver Deus sob esse ângulo. Porque tenho que começar
a vê-Lo assim agora?”. Há muitas respostas para essa pergunta, mas eu
apresentarei apenas algumas delas. O Paradigma Nupcial oferece uma
estrutura para que vivamos uma vida cheia de energia em Cristo, nos
relacionando com Ele como sendo mais do que somente um Curandeiro que
nos sara e um Salvador, mas Ele também é um Amante, um Deus que é
perdido de amor por nós. Oramos de maneira diferente a Deus quando
descobrimos que sua motivação principal é desejo por nós e que Sua paixão é
ter nossa atenção voltada para Ele – de fato, quando damos conta, estamos
cada vez mais perdidamente apaixonados por Ele. Desde os dias de Maria e
Marta (Lucas 10.38-42), temos conhecido que o Reino de Deus é povoado por
trabalhadores e por amantes. Todos nós nos encontramos por vezes em uma
ou outra dessas categorias e, se formos honestos, admitiríamos que
transitamos livremente entre uma e outra às vezes. Com o passar dos anos,
notei algo: os amantes se destacam em seu trabalho quando comparados aos
trabalhadores todas as vezes.
Há 33 anos atrás, debaixo dos holofotes de um campo de futebol americano
na escola, meu irmão sofreu uma colisão terrível que fez com que ele tivesse
seu pescoço quebrado. É claro, o levamos ao hospital o mais rápido que
pudemos, mas o estrago já estava feito. Ele é completamente paralisado até
hoje. Tenho entrado e saído de hospitais com ele pelos últimos 33 anos. Nos
primeiros anos, gastamos temporadas de meses em hospitais de reabilitação.
Vez ou outra víamos uma enfermeira se apaixonar por um paciente. Não
acontecia frequentemente, mas de vez em quando uma trabalhadora passava
de um relacionamento de serviço a um paciente para se tornar sua amante. Era
interessante observar como uma trabalhadora jogava fora todo o seu
conhecimento de enfermagem pela janela e passava a servir por amor quando
se tornava uma amante porque já não precisava de uma lista de coisas para
lembrá-la o que deveria fazer pelo seu amado para que ele tivesse suas
necessidades atendidas. A paciência e energia investidas por essas
enfermeiras que haviam se apaixonado por um paciente eram chocantes. Elas
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trabalhavam muito mais dedicadamente por causa do amor do que sentiam do
que antes, quando trabalhavam por trabalhar. O que quero dizer com isso é
que o amor é um motivador muito mais poderoso do que o dever. O amor muda
a forma como respondemos à vontade de outra pessoa. Ser um amante de
Deus irá nos transformar a maneira como vivemos por Ele e a perspectiva do
Paradigma Nupcial, através da qual compreendemos que Jesus é nosso Noivo
e que nós somos Sua Noiva, se torna essencial para pensarmos Nele como
nosso eterno Amante.
A geração que viver quando o Senhor voltar será caracterizada pelo nível
de devastação emocional como nunca se viu na história humana. A perversão
e dor do coração humano atingirão proporções inimagináveis. A depravação do
pecado, a busca pelo ocultismo, o julgamento divino e a banalização do
martírio alcançarão níveis de intensidade como a humanidade jamais viu. A
indústria da pornografia e o ocultismo continuarão a unir-se com o rápido
crescimento da tecnologia. Jesus descreveu a última geração como sendo
cheia de maldade, ofensa e traição, com os corações das pessoas se esfriando
do amor (Mateus 24.10-14). Nesse tempo de escuridão e opressão, a Igreja
precisará enxergar-se como uma Noiva cujo Marido é ciumento na maneira
como cuida dela. Deus guardou a expressão maior do Paradigma Nupcial
propositalmente para as pressões características e complexas dessa geração
derradeira. Vem de Deus a inspiração para fortalecer a Igreja a vencer a
geração mais fria, desenfreada, terrível, demoníaca e sexualmente pervertida
da história.
Jesus irá limpar Sua Igreja, lavando-nos com Sua Palavra e nos
apresentando a Si mesmo como algo mais glorioso do que podemos imaginar.
Sem dúvida alguma, Ele irá conduzir Seu povo à vitória, a um lugar de poder,
de paixão e de triunfo sobre o pecado. Paulo escreveu: “Para a santificar,
purificando-a com a lavagem da água, pela palavra. Para a apresentar a si
mesmo, igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas
santa e irrepreensível.” (Efésios 5.26,27). Essa referência que é feita a não
haver mácula ou ruga não fala meramente de nossa posição legal de
justificação; obviamente nos levantaremos inculpáveis porque Jesus morreu
por nós. Isso também nos fala da real construção de caráter no povo de Deus
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ao passo que cooperarmos totalmente com Deus. Jesus irá fazer tudo isso sem
violar o livre arbítrio de ninguém. Não há nada mais poderoso ou prazeroso do
que quando Deus revela Deus ao espírito humano. Essa lavagem e
apresentação a Cristo só podem ser efetuadas se a Igreja apropriar-se de sua
identidade como Noiva de Cristo, que ama a Jesus como o Pai também O ama
(João 17.26). Paulo não disse que Jesus lavaria uma família ou um exercito ou
um lavrador. Ele disse que Jesus purificaria e limparia Sua Noiva.
A Igreja receberá poder pela graça de Deus até que transborde de paixão
santa por seu Noivo Messias. É preciso Deus para se amar a Deus.
Precisamos da revelação do Espírito do amor de Deus para nos capacitar a
amar a Deus. Nosso desejo por Deus é um presente de Deus para nós. Nosso
amor e desejo por Deus é uma expressão de Seu desejo por nós. Todas as
fontes emocionais necessárias para o povo de Deus caminhar vitoriosamente
em amor irão fluir de nosso prazer em Deus enquanto caminhamos em nossa
identidade nupcial.
Ao considerarmos esses sete desejos do coração humano, começamos a
olhar para eles como um mapa que nos leva a ver o Senhor como nosso Noivo
e a nós mesmos como Sua companhia eternamente escolhida. Existe uma
redundância maravilhosa no fato de que para que se realizem esses desejos,
devemos ver Jesus como nosso Noivo e para que o vejamos como nosso
Noivo, precisamos vir a Ele para satisfazer nossos desejos. Nunca estaremos
satisfeitos na busca por satisfações falsas ou temporárias. Somente quando
começarmos a tocar e experimentar algumas dessas satisfações eternas é que
receberemos poder para abrir mão das satisfações inferiores. Não importa
quão fácil seja escorarmos nossas vidas em muletas que sejam prazeres
falsos, devemos nos entregar nossos corações integralmente em buscar os
prazeres que irão nos direcionar agora - e que continuarão a nos direcionar
para o alvo mesmo que se passem bilhões de anos.
O pecado traz prazer e o pecado pode parecer ser a coisa mais prazerosa
que o espírito humano pode experimentar. Satanás não inventou o prazer: ele
o perverteu substitutos vazios que nunca poderão satisfazer realmente. A
diferença entre falsos prazeres e a verdade que há no romance do Evangelho
(aquele pelo qual Deus revela-se a Si mesmo ao espírito humano) é tão
20
discrepante quanto algo falsificado sempre o é da pureza que há em algo
original. Os prazeres superiores do Espírito são de longe muito mais poderosos
do que os prazeres inferiores do pecado; a força emocional sobrenatural e o
poder serão vitais à luz dos acontecimentos globais que causarão crises de
ordem social, espiritual, econômica, política e emocional que estão por vir.
Somente pessoas satisfeitas que são felizes em Deus serão equipadas para
permanecer nesse tempo. Entretanto, os sete desejos relacionados ao
Paradigma Nupcial são significantes para nossa vida hoje. Paulo orou para que
fôssemos fortalecidos com poder divino em nosso homem interior (Efésios
3.16). Deus fará isso enquanto libera verdade em nossos corações.
Para falar a verdade, o âmbito do prazer reside no campo de Deus. Embora
Deus certamente tenha nos dado prazeres físicos, prazeres emocionais e
prazeres mentais, os prazeres mais profundos são os de natureza espiritual.
Isso fica evidente quando o Espírito Santo revela o Filho ao espírito humano.
Os prazeres superiores do Evangelho estão implícitos em Mateus 22.2.
Quando Jesus se referiu ao Reino como um noivo e uma noiva em um
casamento, Ele estava apontando para uma nova arena na experiência da
redenção – a experiência de ser uma Noiva eternamente desejada.
Tragicamente, os prazeres inferiores do pecado têm o potencial de dominar
nossas vidas se eles forem os únicos prazeres que experimentamos. Se
alguém não experimentou estar com Deus ou tem muitíssimo pouco
conhecimento de quem Ele é, o prazer inferior do pecado parece ser uma
satisfação valiosa ao invés de ser visto como a falsificação oca que sabemos
que ele é.
Muitos cristãos focam somente em resistir aos prazeres inferiores que
Satanás oferece. Eles olham para seus pecados e prometem a Deus: “Eu
nunca, nunca, nunca, jamais vou fazer isso de novo!”. Eles fazem promessas
que não podem cumprir e valem-se de feitiços religiosos enquanto buscam ser
libertos. Ainda assim, no fundo do coração eles se lembram que aquele pecado
lhes deu prazer... foi algo errado, mas ainda assim ele os fez sentir bem. Foi
um pecado, mas foi o único prazer que eles conheceram na vida. Eles lutam
para viver suas vidas em Cristo, mas se eles fossem honestos, admitiriam que
21
consideram seus dias antes de terem um encontro com Jesus como os “bons
velhos tempos”.
O desejo de Deus é nos maravilhar com os prazeres disponíveis somente
no relacionamento com Ele. Ele nos cutuca e sussurra em nossos ouvidos
“Olha para cá! Veja os prazeres superiores, a beleza do Meu Filho, a grandeza
de quem você é em Deus – o parceiro que eu escolhi para estar comigo e
governar e reinar comigo para sempre e sempre!”. É aí, quando olhamos
fixamente para essas coisas, para os prazeres maiores de Deus, que algo
acontece em nossos corações. O primeiro Mandamento passa a tomar o
primeiro lugar e começamos a viver para Ele de todo o nosso coração. Os
prazeres que o pecado tinha a oferecer de repente começam a nos parecer
exatamente o que são: frios, vazios, e sempre perdas do nosso tempo, nossa
atenção e nossa energia, enquanto vão esquartejando nosso coração em
pedaços. A Cobiça, a pornografia e a amargura não têm nenhum poder quando
são postas de frente com os prazeres superiores de Deus e do momento
quando tocamos o gozo imenso que há dentro da Pessoa d’Ele. Quando as
escamas são removidas dos nossos olhos, percebemos o quanto Deus tem a
nos oferecer. E o que Ele tem a oferecer é exatamente o que estávamos
caçando o tempo todo.
O plano principal de Deus é uma coisa incrível. Ele criou uma Noiva para
Seu Filho, viu-a cair em imperfeição e, então, ofereceu Seu Filho para redimir a
Noiva para Si próprio. Em todo o tempo, Deus esteve tranquilo e confiante por
saber que havia posto na Noiva os desejos que ela jamais poderia ignorar. Ele
sabia que o inimigo usaria aqueles mesmos desejos para manipular a Noiva de
Jesus. Nem mesmo isso trouxe nenhuma tensão ao coração de Deus. Ele
sabia bem o que tinha a oferecer a ela. Enquanto ela correu de um lado para o
outro, tentando atender aos seus desejos, Deus permaneceu confiante de que
ela somente encontraria satisfação retornando à identidade e ao destino para o
qual ela foi criada: o de ser a Noiva de Cristo. Ela terá de retornar para um
romance santo se algum dia quiser ser verdadeiramente feliz.
Para ser mais claro, quando me refiro a um romance santo, não quero
vincular Jesus e sexualidade. O conceito de um romance santo é uma verdade
contida na Palavra de Deus: deleitar-se na beleza de Deus, sentir os prazeres
22
espirituais da Palavra, sentir a voz do Espírito ressoando por dentro e
compreender o que quer dizer ser amado por Deus. Isso também é chamado
de “abundância de alegria” (Salmos 16.11). A abundância de alegria é uma
realidade pesada. É mais do que só sentir-se bem por causa de uma
circunstância e encher-se de um sentimento de vitória, é um estilo de vida
genuíno. O apóstolo Paulo falou brilhantemente sobre esse romance quando
ele disse, “Porque, para mim, tenho por certo que as aflições deste tempo
presente, não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada ”
(Romanos 8.18). Não houve nenhum exagero nessa afirmativa.
Paulo era um homem completamente apaixonado pelo Evangelho. Seu
coração era cheio de alegria. Ele era um homem apaixonado. Em Filipenses
3.8 ele fala sobre o cálculo dos custos. Sem rodeios, ele quis dizer: “Tudo de
que abri mão, toda a minha carreira, toda a linhagem familiar que tinha como
meu suporte; considero como lixo, não tem nenhum valor para mim. Não venha
me dizer que eu tenho de abrir mão das coisas porque isso só me convencerá
de que você não sabe nada sobre como se deve viver a vida. Eu não abri mão
de nada, eu não ofereci nada se comparado ao que recebo.” Porque ele disse
isso? Porque a recompensa de alguém que ama é o poder para amar e isso é
exatamente o que ele quis dizer. Ele foi capaz de receber verdadeiramente o
amor de Deus por ele e por receber, ele foi dotado de poder para amar a Deus
em retribuição. A recompensa de um amante é a reciprocidade em amar.
Sabemos que é o desejo de Deus destrancar o coração do Seu povo; Ele irá
nos levar até os prazeres superiores do Evangelho. Ele irá nos fazer conhecer
a obediência com raízes fincadas em paixão. Minha premissa é a de que o
Paradigma Nupcial é a verdade mais poderosa do Evangelho em termos de
transformação do coração humano, dando a ele poder para amar. O Paradigma
Nupcial tem um impacto poderoso em nossa química espiritual.
Amigos, a Grande Comissão não será cumprida se não houver mártires.
Muitos ministérios da última hora, até mesmo na Igreja Ocidental, receberão
unção suficiente para equipar pessoas a serem “mártires com prazer”. Há mais
crentes sendo martirizados agora mesmo ao redor do mundo do que jamais
houve em qualquer período da história. Até agora, a Igreja Ocidental tem sido
grandemente poupada dessa realidade. Isso ria mudar em breve. O apóstolo
23
João teve uma visão que revelou o papel imprescindível dos mártires nos
últimos dias.
O livro de Apocalipse encoraja a Igreja a voltar para casa, para seu marido.
Ele afirma a legitimidade dos desejos que a Noiva tem negado há tanto tempo
e nos faz ter certeza de que esses desejos não são alheios ao processo de
nossa criação por Deus.
À medida que vamos explorando esses sete desejos, imagine comigo por
alguns minutos como seria encontrar a satisfação total dos seus desejos mais
24
profundos, daqueles desejos dos quais você não consegue escapar. Comece a
imaginar como seria ter esses desejos completamente saciados; como seria se
você acordasse um dia e se visse totalmente completo e inteiramente
realizado; como seria se, de repente, todas as suas necessidades fossem
atendidas... quem você seria? Torço para que você responda que você seria a
pessoa que foi criada para ser, uma pessoa com raízes firmemente fincadas no
amor incompreensível de Cristo, cheia de paixão santa por Deus e
profundamente satisfeita pela paixão ardente que Ele sente por você.
25
26
CAPÍTULO UM
O Senhor, enciumado, deseja que creiamos que Ele sinceramente nos aprecia
de uma maneira pessoal. Fomos criados para isso. Não há maneira de evitar
nosso desejo profundo por isso. Ele faz com que nossas estações e nossos
dias rodem em torno desse objetivo ímpar.
27
A NECESSIDADE DE SER APRECIADO
Dizem que se pode saber do que as pessoas são feitas quando elas passam
por dificuldades. Embora seja verdadeiro que a pressão revele o caráter de
uma pessoa, existe algo tão revelador quando isso no sucesso. O discurso de
Sally Fields na segunda ocasião em que ela ganhou o Oscar, em 1985, é um
exemplo disso. Em sua subida ao palco para receber o prêmio, Fields revelou
um desejo comum do coração humano: o de ser apreciado. Sendo franca em
suas palavras, ela admitiu à multidão no teatro: “Não tive uma carreira ortodoxa
e, mais do que tudo, eu quis o respeito de vocês. Da primeira vez (que ganhei),
não senti isso, mas dessa vez eu sinto e não posso negar o fato que nesse
exato momento vocês gostam de mim; vocês gostam de mim!”
Esse discurso de apenas seis segundo aponta para o mais fundamental dos
sete desejos do coração humano: o desejo pela certeza de que somos
apreciados. Ainda que busquemos naturalmente pela satisfação desse desejo
pelo recebimento de afirmação da parte de outras pessoas, nosso verdadeiro
desejo de sermos apreciados está enraizado em nosso anseio por sermos
apreciados pelo Próprio Deus. Fomos criados por um Deus que tem prazer em
nos amar e Ele nos fez de forma que precisemos da certeza que só pode vir
d’Ele. Quando compreendemos a verdade de que Deus tem apreço por nós,
nossos corações se tornam fortes e ousados em resposta.
A satisfação desse desejo somente começa quando verdadeiramente
compreendemos o trabalho concluído na Cruz. Deus certamente nos perdoa,
mas Ele também nos aprecia. Ele sinceramente deseja nossa companhia. Isso
é extraordinário. Após compreendermos o que Jesus fez na Cruz, então
passaremos a buscar o porquê de Ele tê-lo feito. Ele deseja e tem prazer em
nós por razões maiores do que qualquer coisa que possamos garantir por
nossa dedicação ou realizações. As emoções extravagantes que Deus tem por
nós preenchem nosso vazio por sermos apreciados e elas são expressas de
duas formas diferentes: com um Pai e como um Noivo. O Pai tem afeição por
nós como Seus filhos e Jesus tem paixão por nós como Sua Noiva. Essa
28
compreensão nos dá a fundação em que firmaremos nossa identidade e,
assim, entraremos no que eu chamo de “o romance do Evangelho”. Sentimo-
nos apreciados por Deus e nos regozijamos no amor e na alegria de Deus.
Cantares de Salomão é uma canção de amor de oito capítulos. É, antes de
tudo, uma canção de amor que exalta a glória e a beleza do amor encontrado
no casamento. É poderosa em um nível natural, mas também tem uma
interpretação espiritual. Não precisamos escolher qual nível é melhor; ambos
são poderosos e necessários. No nível espiritual ou na interpretação alegórica,
por duas vezes a Noiva, a Igreja, está diante de Jesus, o Noivo, e exclama:
“Desfaleço de amor” ou “Estou enferma de amor” (Cantares 2.5 e 5.8). Então,
ela vai em frente proclamando a verdade sobre o desejo de Deus ser
direcionado a ela (Cantares 7.10).
Nossas vidas têm valor e importância especificamente porque Deus nos
aprecia. Tudo isso parece bom demais para ser verdade, mas é verdade –
gloriosamente verdadeiro. A definição de quem somos vem d’Aquele que nos
persegue. Não somos apenas a soma total daquilo que realizamos. Somos
definidos como pessoas importantes pela virtude d’Aquele que nos quer, nos
ama e nos aprecia. Nosso sucesso é medido somente pelo fato de sermos
valiosos e desejados por Jesus. Nosso ministério pode não deslanchar,
podemos não ter sempre muito dinheiro ou talvez podemos não ter muitos
amigos, mas o fato de Ele nos apreciar atende à maior necessidade dos
nossos corações. Quando compreendemos e aceitamos essa verdade, nossos
corações são incendiados.
29
Jesus, podemos ter a certeza de que continuamos sendo cidadãos de primeira
classe em Seu Reino. Não há necessidade de nos fazer passar por um período
probatório antes de voltarmos para o Senhor. Ele preferiria que nós
simplesmente nos arrependêssemos e pressionássemos o botão para deletar
essa bagunça toda e, então, que corrêssemos de volta para Sua presença
dizendo: “Estou aqui, Senhor! Seu amado! Estou aqui!” Precisamos nos
reerguer sem perder o ritmo na busca por Ele. Quando nossos corações estão
firmes de que somos completamente conhecidos por Deus e, ainda assim,
continuamos sendo apreciados por Ele, algo poderoso acontece em nossa
química emocional. Descobrimos uma confiança em Deus que nunca
imaginamos que existisse antes. Essa é uma notícia que nos assusta: Deus
aprecia crentes sinceros mesmo que eles sejam imaturos!
Nossa cultura não compreende um Deus que aprecia as pessoas. Deus tem
sido representado de muitas maneiras, mas mais freqüentemente Ele é visto
como um velhinho bravo que olha para baixo com uma carranca para os seres-
humanos hedonistas. Embora a Bíblia nos dê uma descrição precisa de Deus
como o justo Juiz da Terra, a maior parte das pessoas interpretam essa
descrição de uma maneira incorreta, imaginando Deus como o Deus da
Punição. Elas se concentram no julgamento ao passo que ignoram a justiça
que é necessária para que ele aconteça. Muitos crentes não têm muita certeza
se Deus sequer pensa neles e pensam que, se é que Ele pensa,
provavelmente Ele esteja desapontado, se é que Ele ainda não está muito
bravo. Nada pode ser tão distante da verdade quanto isso. A única coisa em
que devemos nos agarrar com todas as forças é no fato de que Deus se alegra
em nós exatamente como um noivo se alegra com sua noiva.
30
desdém em troca. Talvez você seja aquela pessoa que, já no primeiro ano do
ensino fundamental, percebeu que a professora não era nada justa quando
privilegiava alguns alunos com presentinhos. Talvez você seja aquele garoto de
15 anos de idade que juntou toda a coragem que tinha em si para entregar um
bilhete para a menina que sentava na cadeira do lado na sala de aula e viu seu
bilhete ser amassado junto com seu coração. Ou, ainda pior, você pode ser
aquele adulto que, num momento de pura sinceridade sussurrou “Eu te amo” e
observou que, depois de alguns segundos de silêncio incômodo, o alvo da sua
afeição te negou a reciprocidade esperada. O medo da rejeição é um
comportamento aprendido e nossos relacionamentos terrenos nos oferecem
diversas oportunidades para que aprendamos esse padrão.
Nada é mais doloroso ou sofrível do que ser um amante magoado. O
pedaço dos nossos corações que deseja ser amado pode criar uma casca
quando escuta nossos votos de que “Nunca mais vou deixar isso acontecer
comigo!” Mas logo abaixo da superfície, existe uma porção de pele esfolada,
nos lembrando todos os dias que “Dói não ser amado e não ser desejado.” A
ironia disso tudo é que nós somos desejados por Deus. Enquanto nos
ocupamos tentando suprir nossa necessidade de receber afirmação dos outros,
Deus espera se revelar Sua afeição por nós.
31
O VALOR DE ALGO QUE DESPERTA DESEJO
As visões erradas que muitas pessoas têm de Deus levam à confusão sobre o
que significa ser uma pessoa de valor. Supomos que nosso valor vem das
contribuições que oferecemos. Quando contribuímos com um grupo ou com
indivíduos, esperamos que eles nos atribuam valor por isso. Mesmo que
recebamos reconhecimento de nossos colegas, o valor é mais frequentemente
atribuído ao nosso bom trabalho do que a nós. O Oscar foi entregue à Sally
Fields pelo que ela fez, não por quem ela era. Nosso valor não é determinado
por nossas ações, mas por Quem nos deseja.
O que faz o valor de uma casa aumentar? O simples fato de alguém querer
morar nela. Um dos líderes na IHoP cresceu na área rural da Dakota do Norte,
onde pode-se comprar uma casa por muito menos do que se paga numa
cidade grande... a mesma planta, os mesmos materiais, o mesmo período de
tempo para construí-la. Qual a diferença? A localização de uma casa numa
cidade grande faz com que ela seja desejável a um número maior de pessoas.
Será que a casa é melhor para morar? Não; mas ela tem mais valor porque o
valor de algo vem do desejo que isso desperta em alguém. Com essa simples
afirmativa de senso comum, concluímos que você tem grande valor porque
você é desejado por Deus. Ele aprecia você mais do que você pode medir.
O Evangelho de Lucas dedica o capítulo 15 a contar histórias sobre o
quanto Deus valoriza, tem alegria e aprazer nos seres humanos. Enquanto
Jesus falava para a multidão de fariseus, Ele ilustrou o que pessoas religiosas
lutam para compreender há séculos: que Deus aprecia Seu povo e vai aonde
for para os ter sob Seus olhos. Ele nos busca como uma mulher busca a
dracma perdida ou como um pastor que sai à procura de uma ovelha que se
perdeu. Jesus enfatiza como Deus se alegra quando um filho pródigo volta
para Ele.
32
“Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma
dracma, não... busca com diligência, até a achar...
dizendo: Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma
perdida. Assim vos digo que há alegria, diante dos anjos
de Deus, por um pecador que se arrepende.” (Lucas
15.8,10)
A passagem termina com a história de um homem rico que tinha dois filhos.
Um deles era o filho que todo pai deseja ter. Ele era leal, obediente e atento ao
que seu pai lhe dizia. O outro filho era o que quase sempre chamamos de “filho
problemático”. Ele era exigente, insolente e rejeitou sua família, insistindo em
receber sua herança precocemente e, com isso, obteve a liberdade de
perambular pelo mundo. No final das contas, o filho rebelde tem seus olhos
abertos para ver, como tantos outros, que ele vivia em rebelião e estava
chegando ao fundo do poço. Ele estava de lama até os joelhos, um menino
judeu perdido que tinha de dividir o que serviam de comida aos porcos se
quisesse sobreviver. Sendo parte de um povo que abomina a ingestão da
carne de porco, a mensagem era clara: ele se tornou o que todos em sua
cultura desprezavam.
Deus é gracioso em oferecer-nos momentos de iluminação dos nossos
olhos para nos enxergarmos até mesmo em tempos de pecado. Enquanto o
menino se ajoelhava para comer seu jantar direto da vala, ele teve um
momento desses. “Os servos do meu pai tem coisas muito melhores do que
isso. Eu posso não voltar como filho, mas com certeza posso voltar como um
escravo.” Chegando a esse lugar de arrependimento, ele chegou ao mesmo
lugar ao qual muitos de nós chegamos. O que ele fez em seguida, entretanto, é
o que separa aqueles que encontram a graça daqueles que não a encontram.
Ele voltou para casa, para o seu lar em seu coração. Ao invés de permanecer
em sua miséria, ele escolheu assumir o risco e agiu de acordo com seu
sentimento de arrependimento. Um enorme “E se...” surgiu em seu espírito. E
se eu arriscar? E se for até o meu Pai... o que será que Ele vai fazer?
33
Provavelmente, ele imaginou a melhor das hipóteses que era mais ou
menos assim: Papai vai deixar que eu more no celeiro e que eu trabalhe nos
campos. Lá é seguro. Nunca vai ser confortável, mas é seguro. Não tem
porcos por lá. É a mesma coisa que a maioria das pessoas pensa quando
consideram voltar para Deus: Vou escapar do pior que há no Inferno, mas sei
que nunca terei o melhor que há no coração de Deus. Eles não poderiam estar
mais enganados.
Se você já perdeu um filho numa loja, sabe o que é procurar em todos os
lugares por ele. Ouvi pais contarem as histórias de como é ter um filho
desaparecido. Por anos eles procuram em lojas, nas ruas, nos ônibus
escolares, sempre com esperança de ver o improvável acontecer, sempre
esperando que seus filhos sejam trazidos de volta. É exatamente o que esse
pai estava fazendo.
Jesus contou essa história por uma razão: Ele queria nos dar uma
representação do quanto Deus nos aprecia. Ele nos aprecia tanto que quando
começamos a dar aqueles primeiros passos trêmulos em Sua direção (ou de
volta para Ele), Ele sai correndo para nos encontrar com Sua afeição
devastadora. Muitas pessoas chegam até Deus vacilantes, movidas por sua
dor de saudades por estar com Ele, mas quando estão diante d’Ele, por dentro,
elas esperam que Ele lhes dê uma surra. Elas imaginam que seja mais seguro
correr d’Ele do que correr para Ele. Se tivéssemos a menor noção dos
sentimentos que há coração de Deus para nós, faríamos exatamente o oposto.
Correríamos sem nenhum medo com todas as nossas forças de volta para Seu
abraço, porque Ele nos ama, Ele gosta de nós, mesmo em nossa fraqueza,
nosso pecado e nossa rebelião.
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APRECIADOS, MESMO QUE IMATUROS
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Enquanto observamos nossos filhos cresceram, antecipamos momentos de
imaturidade. O motivo pelo qual criancinhas de apenas dois anos de idade são
impacientes tem muito a ver com o fato de elas terem apenas dois anos de
idade. Quando jogam copos pela cozinha só porque não conseguem alcançar o
peixinho no aquário, eles não deixam de merecer fazer parte da família nem
sequer deixam de merecer o afeto de seus pais. Elas não são deserdadas. A
imaturidade se torna uma oportunidade de aprendizado e não um drama
relacional. Os pais sabem que a vida nem sempre será como naquele
momento; afinal de contas, seu bebê está crescendo.
Pense comigo: se os pais conseguem reconhecer que seus filhos estão
crescendo, será que Deus não pode reconhecer nossas questões resultantes
de nossa imaturidade muito melhor ainda? Será que Deus tem menos desejo
que nós ou será que Ele tem uma perspectiva mais limitada que a nossa? Por
algum motivo, lá no fundo, imaginamos que Deus não pode compreender os
dilemas de nossa imaturidade. Mas pare um minuto e pense comigo; veja se
não é obvio. O Pai tem um amor imensamente maior do que os melhores pais
terrenos podem ter. Ele pode ver todas as questões e, por isso, pode apreciar-
nos profundamente até mesmo enquanto crescemos espiritualmente. O próprio
Jesus comparou o relacionamento do Pai conosco como o de um pai e um
filho.
“E qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe
dará uma pedra? Ou também, se lhe pedir peixe, lhe dará
por peixe uma serpente?Pois se vós, sendo maus, sabeis
dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o
Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?”
(Lucas 11.11-13)
O ponto aqui foi claramente exposto: ninguém sabe cuidar melhor de nós ou
acompanhar nosso desenvolvimento do que Deus. Sua sabedoria ultrapassa
muitíssimo a de um pai terreno. Nosso Pai Celestial nos vê em nossa
imaturidade e nos observa com prazer enquanto crescemos. O Senhor ama
crianças de dois anos espiritualmente falando, mesmo que elas morem em
36
corpos de 55 anos. Compreender que Deus pode e de fato nos aprecia até
mesmo em nossa imaturidade, muda completamente a forma como O vemos.
Todos os dias podemos ter a certeza de que Ele nos aprecia. Quando
cometemos erros por imaturidade, Ele os usa como oportunidades de
aprendizado sem que sejamos postos à prova ou sem que sejamos mandados
para a lixeira do pecado no purgatório só para nos lembrar de quão maus nós
fomos. Mesmo que Ele nos ensino por meio da situação, ainda assim tudo que
Ele expressa é amor.
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prazer por estar comigo, que alguém se alegra com isso e espera
ansiosamente por esse momento! Com essa certeza, podemos ter descanso
dentro de nós. Para falar a verdade, Deus gosta tanto de nós que Ele é capaz
de equilibrar essa dinâmica emocional maravilhosa em todos os Seus filhos:
CADA UM daquele que crêem são os favoritos de Deus. A maior parte dos
Cristãos reconhece que já sentiu o amor de Deus, mas a idéia de cada um ser
Seu favorito parece um pouco demais. Como pode alguém ter favoritos
múltiplos? O próprio significado da palavra favorito não deveria expressar a
idéia de haver apenas um único indivíduo?
O FAVORITO DE DEUS
Talvez nas limitações dos relacionamentos humanos haja espaço para apenas
um favorito, mas estamos falando de um Deus que ama numa dimensão maior
que a nossa compreensão. Ele literalmente nos ama da mesma forma que ama
Seu próprio Filho, a segunda pessoa da Trindade (João 15.9). Jesus revelou
esse conceito surpreendente aos seus discípulos dizendo que os amava da
mesma maneira que o Pai O amava. Pense nisso por um minuto... quão
profundamente o Pai ama Jesus? O que será que o Deus que é amor sente
pelo Deus que é amor? É esse sentimento que Jesus tem por nós, fazendo de
cada um dos filhos de Deus seu favorito. Você é amado por Deus ou, como eu
gosto de dizer, você é o favorito de Deus. Jesus te deseja. Você não foi salvo
somente para receber um passaporte para o céu. Na verdade, Jesus gosta de
conversar com você; Ele tem prazer em pensar no tempo quando irá governar
juntamente com você. Ele gosta de você. Ele gosta da sua companhia. Ele
aprecia você como uma pessoa, como um amigo.
Essa verdade pode ser difícil para você acreditar, mas outros seguidores de
Jesus já se apropriaram dessa ideia sem reservas. O apóstolo João
frequentemente mencionava seu relacionamento ímpar, especial com Jesus.
João se autodenominava “o discípulo a quem Ele amava”. Imagine-se diante de
Deus em adoração com aquele a quem Deus ama. É exatamente assim que
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João se via. Lembre-se de que foi João quem escreveu o Evangelho de João.
Note como ele se referia a si mesmo na narrativa abaixo.
“... aquele discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro...” (João 21.20)
É fácil ler isso e pensar “João foi corajoso! Será que ele não sabia que
outros crentes leriam isso anos depois, várias e várias vezes?” Essa ideia de
ser o favorito de Deus é muito distante do sentimento de ser superior aos
outros crentes. Ao chamar-se do “discípulo a quem Jesus amava”, João não
estava demonstrando sua coragem excepcional; ele estava demonstrando sua
revelação pessoal. João entendeu que o coração de Jesus queimava dentro
d’Ele por João quando eles conversavam. Não era um Rei falando para as
massas, mas sim um Deus infinitamente pessoal falando com Seu melhor
amigo: seu favorito.
Ser o favorito de Deus não significa que João era melhor que os outros. Ao
contrário disso, esse fato aponta para o amor supremo de Deus; um Deus que
é capaz de amar indivíduos de um modo único, ao extremo. Esse é um lugar
onde a desilusão é vencida e o zelo santo é despertado. Vamos ao Pai para
descobrir quem nós somos ao invés de recorrermos a outras pessoas. Qual é a
opinião que realmente importa? É então que compreendemos nossa
identidade; quando compreendemos quem somos verdadeiramente.
Ao percebermos que somos favoritos de Deus, ganhamos vantagens
específicas na batalha que acontece em nossos corações, em nossas mentes
e que roubam nossa paz e alegria. O inimigo nos acusa por duas frentes de
39
batalha. Primeiro, ele nos diz que somos rejeitados por Deus ao invés de
amados por Deus. Depois, ele diz que não somos sinceros em nosso amor a
Deus porque nosso amor é fraco. O inimigo nos diz que nosso frágil amor é
lamentável, inconsistente e até mesmo que ele é um amor completamente
falso. Quando finalmente entendemos que nenhuma dessas afirmações são
verdadeiras, o inimigo perde sua habilidade de nos acusar nessas áreas. Aí,
então, somos capacitados a crer que Deus está perto, e não distante.
Entendemos que nosso amor pode ser fraco, mas ele, com certeza, está
crescendo... E, ainda assim, agora mesmo somos apreciados e desejados por
Deus.
Precisamos compreender que somos amados por Deus. A permanência
confiante no amor que apresentamos diante d’Ele é uma base necessária para
caminharmos em intimidade com Ele. Para isso, teremos que viver na realidade
de nossa “querideza” diante de Deus. Ser amado por Deus é ter confiança em
Seu amor e Sua habilidade de vir ao nosso encontro, onde quer que estejamos,
da maneira que estivermos.
Davi é mais um desses que compreendeu que era amado por Deus (Salmo
60.5). Davi sabia o que era ser o favorito de Deus. A maior parte de sua vida,
ele se entregou inconsequentemente a Deus. Ao mesmo tempo, houveram
episódios em sua vida em que ele simplesmente agia de maneira
inconsequente. Suas paixões tanto faziam brotar as canções de adoração mais
puras de todos os tempos quanto fez com que ele cometesse alguns dos piores
erros registrados na Bíblia. Ainda assim, em meio a isso tudo, sua revelação de
ser amado por Deus foi fundamental para sua confiança em Deus e sua
adoração a Ele. Mesmo em sua fraqueza, ele sabia que era completamente
perdoado, apreciado e absolutamente querido para Deus. Foi o fato de
conhecer essas verdades que permitiram que Davi estabelecesse e mantivesse
uma intimidade profunda e inabalável com Deus.
Davi entendeu que Deus não via sua imaturidade espiritual como rebelião.
Ele sabia que o Senhor não põe Seu foco na aparência externa, mas vê os
movimentos que o coração faz. Samuel profetizou essa verdade sobre Davi
quando o ungiu como rei de Israel. Davi saiu dali para construir sua vida e seu
reinado baseado nessa revelação.
40
“Porém o Senhor disse: ‘... porque o Senhor não vê como
vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos
olhos, porém o Senhor olha para o coração.’” (1 Samuel
16.7)
Um exemplo prático disso pode ser visto quando Davi estava no ápice de
suas tensões com Saul e fugiu para Ziclague (uma pequena cidade na terra
dos inimigos de Israel, os filisteus). No final das contas, Davi encontrou favor
com os filisteus e foi autorizado a viver com eles por dezesseis meses. Mas
era tempo de estabelecer um acordo: Davi finalmente se arrependeu, deixou
Ziclague e voltou para Israel. Podemos ver claramente o coração de Davi na
oração que ofereceu a Deus quando partiu daquele lugar de acerto: ele ainda
sabia que Deus tinha prazer nele, até mesmo durante os tempos difíceis.
Se Deus contabilizasse nossos erros e usasse isso contra nós sem mostrar
misericórdia, nosso relacionamento com Ele jamais duraria. A própria
caminhada com Deus depende de Sua bondade e Sua graça para conosco.
41
“Se tu, Senhor, observares as iniquidades, Senhor, quem
subsistirá? Mas contigo está o perdão, para que sejas
temido.” (Salmos 130.3,4)
42
encontram por aí o tempo todo na sala de intercessão, na lanchonete ou (no
caso de alguns dos nossos intercessores da vigília noturna) no estacionamento
para ver o sol nascendo juntos. O amor atrai os corações para uma
proximidade maior. É parecido com o que acontece quando começamos a
compreender que Deus tem prazer em estar conosco!
43
44
CAPÍTULO DOIS
45
provar grande parte dessa fascinação nesta vida e sua totalidade por toda a
eternidade.
O Deus fascinante nos criou com uma necessidade de sermos fascinados.
No espírito de cada humano existe um anseio pelo assombro. Desejamos ser
cheios de admiração sem fim. Deus colocou um sensor para coisas
maravilhosas bem no centro de nosso projeto. A indústria do entretenimento
secular identificou esse desejo e mirou nesse alvo comercialmente. Entretanto,
mesmo o melhor tipo de entretenimento secular nem sequer se compara à
fascinação que se pode encontrar no Deus do Universo. Nenhum olho viu,
nenhuma mente pode conceber o que Ele tem guardado para aqueles que O
amam (1 Coríntios 2.9). Nossa imaginação mais elevada não pode perceber a
totalidade daquilo que vai nos assombrar por todas as eternidades que virão: a
beleza do Próprio Deus. Quando não estamos fascinados por Ele, nos
sentimos entediados, espiritualmente adormecidos e passivos. Para um
coração que não experimenta a fascinação por Deus os substitutos (dinheiro,
drogas, álcool e imoralidade) são tentações muito mais poderosas, mesmo que
sejam completamente insatisfatórias no final das contas.
É da natureza do homem se maravilhar e explorar para descobrir o que
está escondido; todo o esforço é válido por uma nova descoberta. Uma coisa
que todos os cientistas e inventores têm em comum é sua curiosidade
insaciável. As grande descobertas científicas da história foram frutos da
curiosidade. Quando crianças, homens como Albert Einstein e os irmãos
Wright se interessavam em descobrir como as coisas funcionam. Einstein viu
uma bússola pela vez aos cinco anos de idade. Enquanto a agulha se movia e
apontava para o norte, não importando em qual direção a posicionavam, o
menino (que viria a escrever sobre a teoria da relatividade) ficava maravilhado.
Mais tarde, ele disse que essa experiência o levou a crer que “havia algo por
trás das coisas, algo profundamente escondido.”1
A humanidade sempre buscou por “algo por trás das coisas, algo
profundamente escondido”. Isso nos move em direção à exploração, nos
motiva a buscar o assombro e, propositalmente, nos leva até Deus porque
1
Exibição histórica de Instituto Americano de Física sobre Albert Einstein. Os Anos de Formação. Mais
informações em www.aip.org/history/einstein/early1.htm
46
esse é um desejo que Ele pôs em nós. Assim como aconteceu com os outros
desejos que Ele colocou em nossos corações, Ele sempre provê a satisfação
total e eterna. Ele nos fez com um desejo por fascinação e oferece-se a Si
mesmo como a satisfação de nosso desejo.
O rei Davi tinha o mesmo tipo de curiosidade que as grandes mentes de
hoje em dia têm. Ele recebeu um vislumbre da beleza de Deus e dirigia o curso
de sua vida usando-a como seu guia. Não sabemos precisamente quando ou
como isso aconteceu, mas ele escreveu que a busca pela beleza de Deus se
tornou uma fascinação para ele: “Uma coisa desejo...: que possa..., todos os
dias da minha vida,... contemplar a formosura do Senhor...” (Salmo 27.4). Para
um homem com todo o reino de Israel debaixo de sua liderança, essas são
palavras muito fortes. Davi era um dos homens mais poderosos do planeta à
época do seu reinado e, ainda assim, encontrar com Deus era o grande foco
de sua vida. Os palácios, as mulheres, os cavalos e os exércitos perdiam a
graça quando comparados àquilo, e ele fez da ambição de sua vida conseguir
mais um relance... e mais um... e mais um.
Satanás não inventou a ideia de prazer. Ele a falsificou e a usa para destruir o
coração humano. Deus foi quem nos deu o privilégio de sentirmos prazer
(prazer físico, emocional e mental). Mas o mais profundo dos prazeres dados
por Deus pode ser encontrado no âmbito do prazer espiritual. Os prazeres
espirituais ressoam em nós em nível de profundidade muito maior do que
qualquer outro tipo de prazer pode alcançar. Quando Deus Espírito Santo
revela o Deus Filho a nós, nossos espíritos ressoam dentro de nós. Essa é a
melhor experiência de prazer e satisfação para a raça humana. Essa revelação
de Deus que vem por meio de Deus nos permite provar “entretenimento
divino”. Somente Deus é equipado para satisfazer dessa forma. O Espírito
Santo trará as coisas que são concernentes a Jesus e nos dará a nós (João
16.14).
47
Deus está preparando, para nós, um dia em que o assombro será completo
e a busca será atendida em sua totalidade. Nosso anseio pela fascinação será
completamente satisfeito. Isaías 4.2 é uma das minhas profecias preferidas do
Velho Testamento para o povo de Deus para o final dos tempos. Deus
prometeu causar assombro por Jesus nos corações humanos: “Naquele dia, o
Renovo do Senhor (Jesus) será cheio de beleza e de glória; e o fruto da terra
excelente e formoso, para os que escaparem de Israel.” (Isaías 4.2). Por cinco
vezes nas Escrituras os profetas chamam o Messias de o “Renovo do Senhor”
e esse é um termo usado para o Messias em Sua humanidade. É claro que
estamos nos referindo a Jesus, a segunda Pessoa da Trindade. Isaías estava
escrevendo sobre a beleza de Deus sendo revelada na Pessoa de Jesus para
as nações da Terra. Essa revelação de Jesus irá fascinar os corações do povo
de Deus.
Isaías entregou outra profecia famosa sobre a beleza de Jesus ser vista por
todos. “Os teus olhos verão o Rei na Sua formosura.” (Isaías 33.17). Jesus é
mais lindo que podemos compreender e está se aproximando o dia em que O
veremos em toda Sua beleza revelada. Um desejo de toda uma vida (70, 80,
100 anos), de repente será realizado enquanto contemplamos nosso Criador e
Redentor. Como os serafins declaram, jamais nos cansaremos de contemplá-
Lo. O que começa com uma fascinação inicial irá crescer e se desenvolver.
Aquilo que todas as habilidades da raça humana nem sequer ambiciona fazer,
Deus irá fazer em plenitude por toda a eternidade: Ele irá fascinar nossos
corações verdadeiramente. Ele se colocará à exposição, a essência da beleza,
a perfeição do esplendor e da magnificência. O nome de Jesus é “Maravilhoso”
porque Ele, somente Ele pode encher os corações do Seu povo com
assombro. A eterna confissão dos redimidos será: “Ele é Maravilhoso.”
48
tão lindas. Não é raro que as pessoas relatarem que ouviram, por anos e anos,
outras pessoas falarem de como é especial estar no Grand Canyon e, mesmo
assim, quando elas vão lá e se vêem na beira daqueles precipícios, elas
pensam consigo mesmas: “Eu não tinha a menor ideia...” Se um mero cânion
terreno, uma criação de Deus, pode inspirar tamanho assombro, então, como
podemos sequer começar a imaginar a beleza daquele Criador em Pessoa?
“Mas, como está escrito: ‘As coisas que o olho não viu, e o
ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem,
são as que Deus preparou para os que o amam.’ Mas
Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito
penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.
Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem,
senão o espírito do homem, que nele está? Assim,
também, ninguém sabe as coisas de Deus, senão o
Espírito de Deus. Mas nós não recebemos o espírito do
mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que
pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente
por Deus.” (1 Coríntios 2.9-12)
49
Temos um Deus lindo acenando para nós e nos chamando para nos
encontrarmos com Sua beleza, mas precisamos compreender que demanda
tempo e esforço para bombear as profundezas de Deus. Leva tempo e requer
energia para orarmos, jejuarmos e lermos as Escrituras. Aqueles que gastam
toda sua energia em seus empregos e ministérios e depois investem mais, em
busca de entretenimento e diversão, rapidamente se esgotam. Muitos no povo
de Deus (pessoas bem intencionadas) se encontram sem tempo ou energia
para jejuar, orar ou ler as Escrituras. Não podemos nos lançar
precipitadamente em centenas de buscas incessantes em detrimento da busca
e experiência com Deus. Não poder saturar nossas almas de atividades. Isso
somente nos leva a um espírito adormecido.
No livro O Poder Evidente da Beleza (Tradução Livre), Thomas Dubay
aponta a assinatura de Deus no mundo físico. Desde a rotação cósmica dos
planetas em suas órbitas até as camadas atmosféricas da Terra, passando
pelas maravilhas da biologia molecular até o comportamento das partículas
atômicas, Dubay vê a revelação da beleza de Deus em tudo o que existe. Ler
esse livro com um coração aberto é permitir-se maravilhar com a
intencionalidade de Deus e Seu imenso comprometimento com a beleza. Ele
faz coisas lindas porque Ele é lindo. Uma vez que Sua criação d’Ele, encontrar
esses sinais de beleza é apanhar um relance do Deus lindo. Pense nisso e,
depois, imagine as coisas de Deus que irão arrebatar o coração humano por
toda a eternidade.
Um dos grandes problemas do Corpo de Cristo hoje em dia é o tédio
espiritual. Muitas igrejas são compostas por pessoas que tem se inundado de
entretenimento e recreação. Os pastores sentem-se compelidos a competir
com as coisas que disputam a atenção de seus rebanhos. Para esses
pastores, ouvir ao Senhor se torna secundário à luta que enfrentam para
prender a atenção atrofiada das pessoas que exigem doses de estímulo. Uma
noite no cinema nos leva às lágrimas, mas a adoração no culto da manhã
seguinte não inspira nada em nós; adormecidos como estamos, esperando
nossa satisfação sair de uma janela embalada num embrulho de papel, ao
invés de nos devotarmos à fascinação eterna. É trágico como investimos a
pouca paixão morna que temos em coisas que simplesmente não satisfazem.
50
A FALSA FASCINAÇÃO DO ENTRETENIMENTO
51
por isso, ele a jogou de lado. Fazemos o mesmo com todo tipo de
entretenimento hoje em dia: uma vez que experimentamos, acaba-se a
novidade. E aí nos sentimos mais insatisfeitos do que estávamos antes.
Embora eu não seja contra o entretenimento, me preocupo seriamente
quanto ao lugar de primazia que ele tem em nossa sociedade. Ao passo que
aumentamos nossa ingestão de entretenimento terreno, amortecemos nossa
capacidade de sermos fascinados por Deus. Não que não queiramos mais ver
a Deus, nós simplesmente não conseguimos mais encontrá-Lo no meio de
tanta informação a que estamos nos expondo. Ninguém precisa ser um gigante
espiritual para reconhecer as implicações a longo prazo da maneira como nos
empanturramos de entretenimento terreno ao mesmo tempo que
negligenciamos e adormecemos nossa habilidade de sermos fascinados pelo
Próprio Deus. É difícil encontrar muitos no Corpo de Cristo que se sentem
bem em relação à cultura de entretenimento em que vivemos.
Também precisamos reconhecer o tipo de entretenimento que vai além de
ser insatisfatório, mas que passa a ser quase sempre destrutivo. Quando
buscamos satisfazer nossos desejos inatos através de filmes, música e outras
formas de entretenimento, somos tocados em lugares profundamente
pessoais. Escancaramos o mais íntimo do nosso ser para mensagens nocivas
que só nos levam à frustração, dor e abuso por essas formas de
entretenimento. Um exemplo que pode ser citado é de um jovem que se
alimenta de uma dieta regular de música que reflete atitudes que vão contra o
caráter de Deus em relação às mulheres. Sem perceber, esse jovem está
construindo as bases para um casamento fracassado ao permitir que essas
mensagens formem quem ele é interiormente. Ao expor nossos corações a
algumas formas de “entretenimento”, alimentamos nossas almas com atitudes
que levarão anos para serem desconstruídas e, até lá, levaremos essas
atitudes para a maneira como tratamos as pessoas e embasamos nossos
relacionamentos.
Ao invés de reconhecer sua fome por fascinação e aceitar que Deus é a
resposta para essa fome, algumas pessoas dão as costas para Deus de uma
vez por todas. Elas põem a culpa de seus problemas no próprio desejo por
fascinação, ao invés de culparem a maneira prejudicial que escolheram para
52
satisfazer seus desejos. É o mesmo que se arrependeram por respirar. Fomos
feitos para respirar; fomos feitos para sermos fascinados. O problema não está
no desejo em si, mas na tentativa de satisfazê-lo de uma forma errada – o que
nos causa frustração, por consequência. Tentar torturar-se pelo pecado de
respirar irá te levar a obter o mesmo sucesso que tentar escapar da
fascinação. Livrarem-se do entretenimento mantendo suas televisões
desligadas e evitando assistir a filme irá isolá-los de certas fascinações
danosas, mas essa purificação da influência nunca irá preencher o vazio que
permanece em seus corações. Embora o entretenimento terreno possa ser
porcaria, pelo menos era comestível. Essas pessoas podem não ter saúde por
terem se alimentado dessas coisas, mas, pelo menos, elas não morreram de
fome. Após algumas semanas ou até mesmo meses nessa falta total de
fascinação, elas percebem que estão em estado terminal de tédio. Elas
removeram as influências inúteis, mas falharam em trocá-las peça fascinação
por Deus. Confusas, essa pessoas caem subitamente de novo no sofá e
agarram o controle remoto, dizendo a si mesmas que foi só uma fase legalista
que passou...
É um golpe de mestre do inimigo para desvirtuar o desejo que Deus nos
Deus pelo fascínio, seduzindo-nos para que façamos coisas cujo fim é o
adormecimento de nossa percepção da beleza fascinante de Deus. Quer seja
entretenimento, um senso de poder ou outra troca barata que façamos, nos
exaurimos na busca por tudo, exceto a face de Deus. O apóstolo Paulo
escreveu de sua fascinação inicial pelas cruzadas religiosas em perseguição
aos Cristãos. Ele disse que seu zelo o movia... até que Ele o encontrou na
estrada para Damasco e o fez parar seu curso.
53
menos duradouro que os prazeres superiores de Jesus. Nosso esforço na luta
pelo posicionamento versus o entretenimento perde o sentido e fica de lado
quando começamos a ver a beleza de Jesus Cristo. Temos uma capacidade e
um anseio infinitos por sermos cheios de assombro para que nossos espíritos
sejam tocados pela maravilha e Deus tem uma capacidade sem fim de nos
satisfazer. Ele tem tudo que é necessário para nos energizar por bilhões de
anos e mesmo depois de tanto tempo, perceberíamos que tocamos apenas a
parte rasa do vasto oceano de Sua beleza.
Deus está orquestrando uma revolução divina para virar a busca das
pessoas por fascinação de cabeça para baixo. Ele está Se revelando como o
Único que verdadeiramente satisfaz. Ao final dos tempos, o povo de Deus
estará mais fascinado por Jesus que em qualquer outra época na historia da
humanidade (Apocalipse 22.17). Eles serão cativados pelo que virem em
Jesus. Isso os transformará, ao longo de sua visão da beleza de Deus em Seu
trono. Pela primeira vez em suas vidas, eles irão cantar com pleno
entendimento a canção: “Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor
Deus Todo-Poderoso!” (Apocalipse 15.2-4). Deus irá liberar uma revelação de
beleza para as pessoas cujas vidas se tornaram um monte de cinzas com
algumas brasas que ainda ardem, em meio aos pedaços de sua humanidade.
Em sua primeira pregação em público, Jesus claramente expôs o que tinha
vindo fazer. Intrinsecamente à Sua missão na Terra, ele trouxe a beleza aos
oprimidos. Isaías profetizou e Jesus citou, mais adiante:
54
tediosas, sem um propósito e destrutivas. Elas não têm revelação de Deus.
elas terminam a escola cheias de esperança e, 15 anos depois, olham para si
e se enxergam espiritualmente entediadas, desconectadas e isoladas do povo
de Deus, viciadas em pornografia, em álcool ou em ganhar dinheiro e isso tudo
no meio das ruínas de um segundo ou terceiro casamento. Com certeza eles
têm razões de estar nesse estado de vício, tédio e relacionamentos familiares
arruinados... normalmente suas vidas giram em torno de expectativas
frustradas. Seu desejo por fascinação dado por Deus jamais foi satisfeito por
esse nem aquele emprego, essa ou aquela igreja ou ministério, até mesmo
essa ou aquela esposa. Agora, eles se sentam, cansados, no meio dessa
situação de devastação. Mas Deus diz que sua realidade atual não precisa
durar o resto de suas vidas, nem muito menos toda a eternidade.
Jesus veio nos oferecer uma oferta de troca irrecusável: beleza por cinzas.
Deus olha para as cinzas que ninguém quer e diz: “Não as jogue fora! Me dê
suas cinzas e Eu te darei beleza em troca dessa bagunça inútil em que sua
vida se tornou.” O Próprio Deus é a realidade alternativa para aqueles que
estão falidos e desanimados. Na revelação de Seu Filho Jesus, um caminho é
preparado para que as pessoas encontrem alegria e a satisfação do anseio de
seus corações. Suas vidas podem ser mudadas através de encontros
progressivos com a beleza de Deus como pôde ser vista na face de Jesus (2
Coríntios 4.6).
55
propósitos de Deus. Mesmo que essas sejam tarefas dadas a nós por Deus
para serem executadas nesta vida, nenhuma dessas ordenanças durará para
sempre. Nesses papeis que desempenhamos, existe uma medida de
satisfação também dada por Deus, mas essas tarefas algum dia serão
concluídas. Como almas imortais que estão atualmente num mundo mortal,
precisamos procurar por algo eterno para fascinar nossos corações, que foram
projetados para viver para sempre. E precisamos começar a cuidar dele agora.
Acho que já falei bastante sobre o entretenimento e as tarefas terrenas. Eu,
verdadeiramente, não quero menosprezar o valor dessas coisas; não que eu
as considere todas inválidas ou más – elas são simplesmente inferiores aos
prazeres superiores de Deus. A estratégia de Deus é libertar as pessoas de
crer na mentira de que suas tarefas temporais são tudo que pode haver nesta
vida. Somos chamados para algo maior que coisas meramente descritas como
menos.
Qualquer um que já viu uma criança de cinco anos lutar contra o sono sabe
reconhecer o porque de ela fazer isso. As crianças não odeiam dormir, elas só
têm medo de perder alguma coisa enquanto estiverem dormindo. Elas correm
em círculos, cantam canções de ninar, fazem birra ou começam uma briga
sem motivo nenhum com um irmão, tudo isso só para não cair no sono. Elas
têm certeza de que, no exato momento em que cederem ao sono, a parte mais
legal irá começar sem que elas estejam lá para aproveitar: mamãe e papai vão
enrolar o tapete, uma banda irá surgir do nada e os convidados da festa vão
chegar. É claro que a mamãe e o papai não têm a menor intenção de fazer
isso, mas, para criança, o medo é real. A maioria das pessoas nunca superam
esse medo; elas vivem com medo de perder alguma coisa. Elas não suportam
a ideia de chegar no escritório e ouvir alguém falar de um filme que elas não
viram ou sobre alguma música que nunca escutaram na vida. Essas pessoas
têm uma ânsia por experimentar tudo e gastam uma enorme quantidade de
energia para se manterem atualizados com as coisas temporais, os prazeres
inferiores da vida, enquanto perdem a chance de experimentar os prazeres
superiores de Deus nesse processo. Elas nunca têm tempo para serem
cativadas pela beleza de Deus porque são consumidas com a ideia do que
poderiam ser por seu próprio esforço.
56
O que é uma verdade no campo do entretenimento também é uma verdade
na ministerialmente ou profissionalmente falando. As pessoas perdem o sono à
noite e se dedicam a perguntarem-se: “E se eu perder a minha grande
chance? Será que vou estar no lugar certo, na hora certa para atender àquela
ligação que vai mudar a minha vida?” É muito possível que Deus queira que
você se torne alguém importante, que Ele tenha planos de te promover aos
olhos das pessoas. Mas eu posso te prometer uma coisa: todas essas
promoções são muito parecidas com o entretenimento de que tanto falamos
anteriormente; no final das contas, continuam sendo prazeres inferiores.
Continuam sendo menos e, sem a fascinação por Deus, elas não valem nada.
As pessoas que correm atrás de entretenimento ou de cargos importantes
não têm energia para perseverar em sua busca pela beleza de Deus.
Simplesmente não há horas suficientes num dia. Se elas quiserem muito
satisfazer o desejo de seus corações pela fascinação, eles precisam fazer o
mesmo que Davi fez: “Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei:... contemplar a
formosura do Senhor...” (Salmos 27.4). Felizmente para todos nós, essa é
exatamente a oportunidade que Deus está procurando. Ele tem as repostas
para os prazeres inferiores. Em toda a historia da humanidade, Deus tramou
uma estória linda de redenção para nos causar assombro, para que O
contemplemos e aos Seus caminhos fascinantes, que sintamos temor e
sejamos maravilhados. Mais importante ainda, essa estória está caminhando
rapidamente para seu clímax ao final dos tempos: o desvelar da beleza de Seu
Filho. Essa será o máximo da troca de beleza por cinzas.
Deus nunca quis que rangêssemos os dentes para que conseguíssemos
vencer a tentação de uma vida em prazeres inferiores. Ele sempre soube que
a força de vontade, somente, não seria o suficiente para nos fazer vencer,
então, Ele criou os prazeres superiores. O prazer é o que nos motiva a
abandonar as coisas menores e nos entregar completamente a Jesus. Deus
revelando a Deus ao espírito humano é a experiência mais incendiária que
pode haver no universo. Esse “entretenimento divino” faz com que o
entretenimento terreno e as conquistas humanas sejam consumidos em
inferioridade óbvia. Ao passo que vamos, progressivamente, vendo-O em toda
Sua glória e esplendor, o tédio deixa de ser um problema.
57
A Bíblia diz que é possível saciar nosso desejo por fascinação na beleza de
Jesus. Quando fazemos um compromisso com a santidade e direcionamos
nosso coração a buscar os prazeres superiores de conhecê-Lo, Deus nos faz
uma promessa: que nossos olhos verão o Rei em Sua beleza (Isaías 33.17).
Fazer um compromisso com o Senhor sempre é benéfico para nós. Fazer um
compromisso de buscar Sua beleza recompensa tanto a curto quanto a longo
prazo, uma vez que Ele satisfaz nossos desejos por fascinação e aumenta
nossa capacidade de fascinação, ao mesmo tempo. Por mais lindo que Jesus
possa nos parecer agora (e, sim, Jesus realmente é mais do que qualquer
expectativa nossa), receberemos mais e mais de Sua beleza nos dias que
virão. Ele nos dá um vislumbre da sua revelação cada vez maior de Sua
beleza como um adiantamento de nossa recompensa, nos dizendo: “Me
persiga. Eu tenho prazeres superiores que você jamais vai encontrar na Terra
e tem até mesmo coisas maiores guardadas para você na era que virá”
(Mateus 6.31-34; Marcos 10.29,30; Lucas 18.29,30).
Um crente fascinado e satisfeito é um crente espiritualmente forte que vive
com uma porção especial de proteção contra os planos de Satanás. Muitas
oportunidades para pecar que surgem no caminhos desse crente são
rejeitadas, não porque ele é moralmente superior àqueles que podem cair nas
mesmas armadilhas, mas simplesmente porque o crente está preocupado com
a beleza de Deus e não tem atenção à disposição dos prazeres inferiores. Os
enganos do inimigo são mais rapidamente expostos como realmente são:
distrações insatisfatórias daquilo que verdadeiramente nos completa.
A beleza de Deus alcança seu ponto máximo na revelação de Jesus como
um Rei Noivo. A beleza devastadora do Rei Noivo irá roubar a Igreja dos
últimos tempos, fazendo com que ela passe por todo tipo de perseguição e
tribulação e, ainda assim, permaneça fervorosamente apaixonada (2
Tessalonicenses 1.3-12). Mesmo enfrentando a morte, os crentes irão fixar
seus olhos unicamente n’Aquele que em breve romperá o céu em Seu retorno
e irá destruir o inimigo com Seu esplendor (2 Tessalonicenses 2.8). A pessoa
repleta de esplendor que é Jesus será o foco dos santos no fim dos tempos e
seus corações queimarão com uma fascinação santa quando virem Sua beleza
inigualável. Esse é um dos temas centrais do Reino de Deus: a promessa do
58
Senhor de desvelar a beleza de Jesus de uma forma incomparável para
geração que assistirá a Sua volta.
Embora grande parte da Igreja no Ocidente tenha perdido seu assombro
pelas maravilhas de Deus, o Senhor irá reparar essa tragédia enorme. A Igreja
Ocidental que anda passiva, estagnada e espiritualmente morna será
despertada ao receber revelação dada por Deus de Seu Próprio ser mais uma
vez. Agora mesmo, Ele está liberando uma unção sobre a Igreja, uma
capacidade de perceber a beleza de Jesus em resposta ao nosso anseio por
assombro e maravilha. Dentro do Paradigma Nupcial do Reino de Deus, Ele
está revelando a beleza de Jesus como o Deus Noivo, consequentemente
tornando os prazeres inferiores obsoletos e comunicando Sua Própria beleza
transcendental com o propósito de fascinar sua Igreja dos últimos dias.
A pornografia, as riquezas ou a autopromoção não são interessantes para a
pessoa que é fascinada por Jesus Cristo. Há mais benefício em servir a Deus
que simplesmente ranger os dentes, tentando evitar o mau. Perceber a beleza
de Jesus resulta no fortalecimento sobrenatural do nosso homem interior.
Igualmente, o espírito político que tem ganhado força durante a história da
Igreja será vencido por uma só coisa: uma preocupação santa, uma fascinação
pela beleza de Jesus Cristo. Aqueles que têm ministérios poderosos ou que
têm portas abertas de liderança verão suas posições promissoras como
secundárias e proclamarão: “Fui capturado por Jesus!”
O Próprio Jesus irá sacudir a Igreja quando o Espírito Santo abrir o baú do
tesouro de Sua glória e esplendor. A Igreja irá se apaixonar perdidamente com
o Homem Jesus e considerará seu maior feito abrir mão de tudo por Ele e para
Ele. O Pai escolheu cativar o coração humano através da arma mais poderosa
que Ele tem: descortinando o conhecimento de Jesus através do poder do
Espírito Santo.
As pessoas frequentemente dizem “Não tenho tempo para uma vida
devocional de oração e de leitura da Palavra de Deus.” O motivo pelo qual elas
não têm tempo é porque elas não sabem o que Deus tem guardado para lhes
dar enquanto esperam em Sua presença. Uma “vida devocional” não é um
item de barganha que oferecemos a Deus por Sua atenção. É um caminho
para o prazer, para Seu poder e para ter seu coração cativado! Revelando o
59
Seu Filho, Deus fascina Seu povo além de tudo que eles já conheceram. Essa
fascinação serve como um mecanismo de proteção santa contra todas as
investidas do inimigo e fortalece os crentes com uma motivação dada por Deus
para sempre correr atrás da beleza que irá permanecer quando tudo o mais
desaparecer.
60
CAPÍTULO TRÊS
61
coisa é respondida em nossos corações, mentes e emoções. Nossas
prioridades e valores são mudados. A revelação da beleza de Deus tem duas
dimensões: a primeira é a beleza de Jesus como nosso Noivo e a segunda, a
beleza de Sua Noiva.
Não pense que isso é uma coisa de mulher; os homens dão um outro nome
a esse mesmo desejo e eles dizem que eles querem ser legais. O impulso do
coração é o mesmo e tem a mesma solução: as boas novas gloriosas de que a
beleza que Deus possui, Ele a reparte com Seu povo através da redenção.
Sua beleza é transferível para seres humanos através de Jesus. A pessoa que
decidir em seu coração buscar saber mais sobre isso, se comoverá com esse
conceito! Deus nos dá Sua beleza através da redenção oferecida às pessoas
que estavam anteriormente quebradas, desesperançadas, dominadas pelo
pecado e até aquelas endemoninhadas.
Esse desejo de ser lindo tem um grande impacto na maneira como nosso
estruturamos nosso tempo e gastamos nosso dinheiro. Todos os dias, milhões
de dólares e horas incontáveis são gastos na busca pela beleza física...
cabelos são penteados, roupas são escolhidas, matrículas são renovadas nas
academias de ginástica e dietas são começadas; tudo em busca da beleza. A
maioria das pessoas busca a beleza a todo custo por causa do sentimento
preocupante de tristeza que têm quando se sentem feias. Corremos
incansavelmente atrás da beleza e resistimos aquilo que nos parece
imperfeito. Em busca da satisfação desse desejo legítimo, nossa cultura tem
cultivado uma obsessão nada saudável e destrutiva pela aparência física. A
indústria secular da beleza se agarrou nesse desejo do espírito humano e tem
explorado-o, criando frustração e ódio de si a cada passo que damos nesse
caminho. Os gerentes da publicidade determinam os padrões irreais em que
nos baseamos para julgar os outros e a nós mesmos. Enganadas pelas
modelos de cabelos escovados e cujos corpos são modificados em programas
de computadores e iludidas pela beleza arbitrariamente definida, muitas
pessoas vivem vidas frustradas porque, de acordo com o que ouviram e
acreditaram, falharam na corrida em busca da beleza.
É perfeitamente aceitável que qualquer pessoa melhore sua aparência
física. Entretanto, há limites que envolvem a saúde nesse processo; nem
62
sempre pode-se afirmar que “quanto mais, melhor”. A obsessão pela beleza
física está chegando ao topo na cultura Ocidental. As pessoas frequentemente
se tornam compulsivas e se afastam da vontade de Deus, descambando de
força de vontade para vício desenfreado. Algumas pessoas investem uma
quantidade de tempo e de dinheiro excessiva em produtos cosméticos, roupas
da moda, cirurgias e atividades físicas. Buscar pela beleza natural fora das
fronteiras da graça de Deus pode ser perigoso. Negligenciar os limites divinos
resulta em pressões e problemas em demasia. Não é surpreendente que
muitos distúrbios sexuais e alimentares são ligados a uma obsessão com a
beleza natural que passa dos limites protetores da Palavra de Deus.
A vaidade e a frustração associadas à beleza tem levado algumas pessoas
a concluir que a beleza em si é a culpada, que o desejo pela beleza é
equivalente à superficialidade. Algumas religiões têm apontado para o desejo
de possuir beleza e o têm declarado mau. Nada pode ser tão distante da
verdade quanto isso; o Próprio Deus é fonte de toda beleza verdadeira. Agora
mesmo, sentado em um trono em um mundo invisível, existe um Deus lindo.
Ele tem uma aparência radiante. Um rio puro de águas que vivificam está
fluindo debaixo de Seu trono e ele fica cada vez mais profundo e em largura
durante seu curso. Essa não é uma imagem criada em programas de
computadores (não há nenhum expert em edição de imagem aqui) e isso não
tem nada a ver com Hollywood. Isso é completamente real; mais real que
qualquer outra coisa que já experimentamos. Embora seja muito difícil
imaginar, é ainda mais difícil perceber que Ele quer dividir conosco essa
mesma beleza. É parte de seu presente para nós. Sua beleza, radiante e
perfeita, foi transferida para os seres humanos através de Seu Filho, Jesus. Na
verdade, essa transferência é um elemento chave da redenção, uma parte de
seu plano principal.
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“O ESPÍRITO do Senhor JEOVÁ está sobre mim; porque o
Senhor me ungiu, para pregar boas novas aos mansos...,
que se lhes dê ornamento por cinza, óleo de gozo por
tristeza.” (Isaías 61.1-3)
As cinzas não prestam para nada. O que quer dizer ter cinzas e porque
será que as temos? Elas são o produto final e resultado da queima de nossas
paixões pelas coisas erradas. As vidas de alguns crentes são como um monte
de cinzas mesmo depois de anos de eles terem conhecido o Senhor. A maioria
das pessoas não sabem quanto perderam quando optaram pelo pecado. Elas
se encontram na metade de suas vidas e não têm nada para apresentar como
fruto, ou ainda pior, elas têm um pilha bagunçada de relacionamentos,
decepções e dívidas. Não importando como chegaram nesse ponto, elas
percebem que estão sentadas sobre um monte de cinzas e perguntam a si
mesmas: “O que alguém iria querer comigo? Eu que eu fiz é tão... feio.”
Ninguém quer nossas cinzas. Ninguém, exceto Deus. E quando Ele as tira de
nós, Ele as trocará por Sua beleza.
Um propósito significante pelo qual Deus enviou Jesus à Terra foi para
orquestrar uma troca divina em um nível que seria impossível de ser feito por
humanos. Desde a Criação, repetidamente, os humanos fizeram escolhas que
reduziram suas vidas à cinzas e entulho, lixo inútil e sem valor que ninguém
iria querer possuir. Primeiro, no Jardim do Éden, depois na Torre de Babel e
de novo nos tempos de Noé, o homem destruiu sua própria esperança de
glória e beleza futuras por conta de seus atos egoístas. Esse padrão continua
até os dias de hoje e não mostra sinais de enfraquecimento com o passar dos
milênios.
Durante a Reforma, Martinho Lutero reavivou o Cristianismo Evangélico ao
mesmo tempo que enfocava a fundamentação espiritual que é a experiência
do novo nascimento. Infelizmente, décadas de ênfase evangélica deixou a
Igreja Ocidental lamentavelmente desconectados da redenção completa.
Temos nos concentrado nos benefícios legais da salvação, mas quase nos
rendemos a viver sobre um monte de cinzas até que recebamos “uma
64
barraquinha no limite da glória, em algum lugar no enorme além”. Ao prometer
trocar Sua beleza por nossas cinzas, Deus diz que Ele irá responder nosso
desejo central pela beleza agora mesmo, nesta vida, assim como fará durante
toda a eternidade. Ao mesmo tempo que Ele pega a bagunça que fizemos com
nossas vidas, nos dá a única coisa que nossos corações foram feitos para
possuir: a beleza de Deus. Quando você se tornou um crente, não foi
meramente salvo do Inferno; você foi feito para o que é belo e para exibir a
beleza de Deus para o resto da criação para sempre.
Por causa de um entendimento errôneo sobre o desejo pela beleza, grande
parte das pessoas tenta negar sua atração por ela. Insistimos em afirmar que
não somos superficiais a ponto de sermos distraídos pela beleza nem sequer
somos movidos por ela. Ao mesmo tempo, se nos fosse oferecido qualquer
carro, muito provavelmente escolheríamos aquele descrito como “exótico”...a
aerodinâmica da grade dianteira, o farol de neon e o conjunto geral que grita
beleza. Também escolhemos ternos pelo corte do tecido, como eles
transformam nossa silhueta em algo magnético e pelo sentimento de
exuberância que ele nos dá mesmo quando o usamos nas situações mais
casuais. Muitos de nós procuram por um companheiro com base nas
aparências, pelo menos a princípio, e (às vezes) nos baseamos
exclusivamente nessas características. Quando descobrir que esse tipo de
beleza deixa nossos corações vazios, nos rebelamos contra o desejo ao invés
de questionar o método que usamos e que somente nos levou a falsas
respostas. Alguns vão longe demais e repudiam toda e qualquer associação
com a beleza natural.
Algo acontece quando crentes percebem que seus anseios pelo que é belo é
verdadeiramente algo dado por Deus. Ao invés de continuarem negando seu
desejo pela beleza, eles começam a olhar para Deus para receber a satisfação
desse anseio. Nesse momento, eles se tornam algo mais do que eram um
momento antes. É como se uma porta se escancarasse em seus corações:
65
eles se tornam cientes da beleza que há em suas próprias vidas, que passa a
ser vista como um alvo de coisas que ainda estão por vir. A beleza interior de
Deus se manifesta em nós de infinitas maneiras diferentes. Ele muda até
mesmo o nosso semblante. A beleza interior ou espiritual deixa
transparecerem sinais de beleza física nesta era através da iluminação da
nossa feição e pela mudança de nossa personalidade. Em contraste a isso,
muitas doenças estão relacionadas a um estado de espírito medroso e
enraivecido, assim como pode ser percebida a feiúra da amargura e do
orgulho. Essas atitudes negativas afetam imensamente nossos corpos, até
mesmo chegando a mudar nossa expressão física. Pedro escreveu sobre a
beleza interior de Deus afetar profundamente a forma como as pessoas se
apresentam umas às outras.
Deus irá nos fazer fisicamente belos na era que está por vir, mas ter um
espírito iluminado nos afeta também nesta era. É limitado, mas é muito real:
quando nosso espírito é embelezado até mesmo nossa aparência externa é
tocada pelo poder daquela beleza. Uma pessoa que tem um espírito de retidão
radiante tem algo diferente em suas feições. Todos nós já tivemos a
experiência de conhecer alguém que era fisicamente lindo mas que tinha um
jeito áspero ou arrogante de tratar as pessoas. Não demora muito para que
vejamos essa pessoa como qualquer coisa menos atraente; seus dotes físicos
ficam de lado por causa da ausência de beleza interior. Às vezes, se você
arranha a superfície de uma pessoa fisicamente linda, acaba descobrindo um
recheio nada atraente. Da mesma forma, frequentemente conhecemos
pessoas para as quais não nos viraríamos para olhar uma segunda vez se as
víssemos na rua, mas que, por causa do seu espírito gentil, se tornam lindas
para nós. Ela emanam beleza de dentro para fora. Essa beleza interior é parte
de uma herança maior da beleza de Deus, uma porção que recebemos aqui e
66
agora. Crentes e não-crentes são atraídos como ímãs para uma pessoa gentil,
que reflete a beleza de Deus. Moisés orou que a beleza do Senhor fosse feita
aparente através de Seu povo. Ele escreveu:
Porque Deus faz isso? Qual motivação um Rei divino poderia ter para
compartilhar Sua beleza com Seus súditos? A resposta é quase que intuitiva.
Um estudo das outras religiões que há no mundo revela que a maioria delas
representa suas deidades como interessadas em receber ofertas e controlar
seus seguidores ao invés de beneficiá-los. Uma das muitas coisas que faz com
que o verdadeiro Deus se destaque muito acima dos deuses falsos é Sua
promessa de nos fazer lindos com Sua própria beleza. É uma expressão de
Sua afeição e prazer em nós.
67
santidade e nosso pecado. Assim, a ideia de um Deus lindo que nos embeleza
fundamentalmente transforma a maneira como interagimos com Deus e com
as outras pessoas. Se Ele nos acha lindos... bem, então, na verdade, não
importa se os outros concordam com Ele ou não! O Rei nos contempla e gosta
do que vê!
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O VASTO ASSUNTO DA NOSSA BELEZA EM DEUS
69
“... quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele,
porque, assim como é, o veremos.” (1 João 3.2)
LUZ E GLÓRIA
70
pedra de jaspe, como o cristal resplandecente.”
(Apocalipse 21.9-11)
O apóstolo Paulo escreveu que iremos conhecer o que quer dizer ser
vestidos em luz e possuir poder incrível em nossos corpos ressurretos. Esse
corpo será muito mais poderoso e lindo que este em que vivemos nossa vida
atual. Nós, literalmente, não conseguimos imaginar como é que isso será
porque tudo que conhecemos na dimensão física nos fala do quanto ela é
extremamente limitada. Medimos qual a distancia conseguimos alcançar pouco
71
antes de cair. Medimos qual a maior velocidade que conseguimos atingir
baseados em quão rápido outra pessoa correu aquela mesma distância. Tudo
que conseguimos compreender está baseado em algo que não conseguimos
executar. Deus diz: “Naquele dia, eu lhes darei uma forma que não é baseada
em nenhum molde. Eu tirei as limitações desse novo projeto.”
Nossa cultura nos faz acreditar que a vida após a morte é algum tipo de
recital nas nuvens, em que os serafins vagam de uma nuvem para outra, nos
dando dicas de como tocar canções de ninar enquanto os querubins flutuam
para lá e para cá com bandejas cheias de aperitivos. Comparado ao que Deus
realmente planejou que acontecesse conosco na era por vir, essa ideia é muito
chata! Quem iria querer tocar uma harpa pelos próximos milhões de anos?
Estamos sendo preparados para governar e reinar ao lado do Rei e faremos
essas coisas em novos corpos que são indescritivelmente lindos. Nossos
corpos glorificados terão habilidades sobrenaturais de comunicação, de força e
muitas outras coisas. Talvez sejamos capazes de nos comunicarmos em
muitas línguas. Nossa comunicação através da música e da expressão poética
será absolutamente linda. Você poderá escolher um instrumento que sempre
quis tocar para expressar a beleza de Deus e será capaz de tocá-lo com
excelência.
Nossos corpos ressurretos terão a beleza, as características e as
habilidades sobrenaturais que o corpo de Jesus tem. Teremos habilidades
sobrenaturais em nossos cinco sentidos: todos teremos uma visão excelente
tanto de longe quanto de perto; seremos capazes de escutar de longe com
uma percepção maravilhosa e uma equalização perfeita; nossas papilas
gustativas irão se esbaldar com comidas mais deliciosas que as que podemos
nos lembrar agora. Uma razão pela qual Deus determinou que houvesse
comida no porvir é simplesmente para que possamos nos deleitar com ela.
Deus será glorificado enquanto estivermos comendo na eternidade.
72
Nossas terminações nervosas que nos permitem tatear nos darão a
habilidade de sentir perfeitamente e de discernir objetos com enorme clareza.
Nosso olfato nos dará a habilidade de nos deliciar e de discernir o que está
acontecendo no ambiente ao nosso redor. A velocidade e a duração do vigor
de nossos corpos será sobrenatural: seremos capazes de trabalhar e nos
divertirmos por longas horas sem sentir-nos cansados. Não haverá a fadiga,
nem doença, nem morte. Teremos energia perfeita em todo o tempo. O
traslado de Filipe de um lugar a outro é provavelmente um dos melhores
exemplos de como as coisas serão.
Naquele dia, quando a Nova Jerusalém descer, sua beleza não poderá ser
comparada a nada que já vimos na Terra. Que jeito estranho de escrever:
comparar uma cidade com uma noiva. João falou um pouco sobre a beleza da
Nova Jerusalém existir por causa de seus cidadãos. A Cidade Eterna é
chamada de Noiva por causa dos habitantes que a governam. A glória da
cidade é completamente ligada àqueles que vivem na cidade. As cidades que
temos atualmente na Terra são conhecidas pelas características de seus
cidadãos. Embora as cidades em si são compostas apenas por prédios e ruas
e arvores, podemos dizer que uma cidade é amigável ou hostil. A reputação da
cidade se baseia nas características do povo que mora ali. Uma cidade
considerada generosa só pode ser descrita assim por estar cheia de
73
moradores generosos. A Nova Jerusalém será gloriosa e linda por causa da
natureza de seus cidadãos gloriosos e lindos. A Noiva de Cristo, a mais
gloriosa e mais linda dentre todos os seres criados, irá irradiar sua glória
enquanto governa aquela cidade.
Sermos chamados de uma noiva linda tem vários e amplos aspectos. Uma
noiva não é uma coleguinha, nem muito menos é uma namoradinha. Uma
noiva vive uma realidade nova: ela atingiu um nível de posse de todas as
coisas que são de seu noivo. Vez após outra, a Palavra de Deus nos diz que,
na verdade, nos tornamos participantes da glória de Deus. Jesus disse: "E eu
dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos
um.” (João 17.22) Jesus ansiou repartir Sua glória e Sua beleza conosco. O
escritor de Hebreus também faz menção disso: seremos coroados com a glória
e a beleza de Deus. “... de glória e de honra o coroaste (o povo redimido)”
(Hebreus 2.7, 10)
Quando a Noiva de Cristo cair em si, irá responder como o filho prodigo
quando percebeu quão longe estava de casa. Ela ficará chocada e
maravilhada: “Será que Ele irá me aceitar?” Em um momento de fraqueza,
Deus virá e ficará ao seu lado e, por causa de Seu desejo por ela, fará dela
preciosa. O valor de algo vem do desejo que isso desperta em alguém, lembra-
se disso? Cada pedacinho da beleza dela é um reflexo da beleza d’Ele.
As Escrituras não somente apontam para o dia em que seremos tudo que Deus
planejou que fossemos, mas ela também nos fala que até mesmo as
tribulações que enfrentamos hoje nos ajudam a fazer essa glória real em
nossas vidas. Os problemas de hoje são as matérias que cursamos na
Universidade da Beleza, que nos preparam para a vida eterna com Ele. Quanto
antes percebermos o propósito divino desse processo de embelezamento, essa
preparação, mais cedo começaremos a nos entregar a ele – não importa quão
doloroso ele seja para nós.
74
“Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz,
para nós, um peso eterno de glória mui excelente” (2
Coríntios 4.17)
75
por certo que as aflições deste tempo presente, não são para comparar com a
glória que em nós há de ser revelada.” (Romanos 8.18)
Naquele momento, Dennis demonstrou um profundo entendimento de Deus
que muitas pessoas em circunstâncias menos drásticas têm dificuldade de
captar: até mesmo nossas tribulações e aflições podem nos mudar para
sempre, para melhor. Não que Deus queira nos ver quebrados, mas, ao invés
disso, Ele quer que enxerguemos nossa própria falência. Dennis não estava
amenizando sua desgraça, ele a estava contextualizando com a eternidade.
Ele sabia que essa não era a primeira vez que Deus tinha uma visão
panorâmica da humanidade caminhando para a destruição. Ao ter seu físico e
suas emoções quebradas, Dennis estava sendo embelezado. O mesmo
acontece com cada um de nós que andamos em um relacionamento com
Jesus: Ele tem um compromisso de trocar nossas cinzas por beleza. A beleza
disponível a nós em Deus não é algo que meramente observamos de longe ou
algo que esperamos alcançar num futuro distante; na verdade, ela é altamente
prática. Deus nos diz em Sua Palavra que sua própria beleza ou glória podem
ser depositadas dentro de nós. Enquanto as religiões pagãs da época
construíam templos e santuários para sustentar seu conceito da presença de
um deus, o escritor do livro de Efésios disse que a humanidade em si foi feita
para ser a habitação de Deus.
76
Ainda mais extraordinário que o fato de Deus habitar nos corações dos
homens e mulheres (assim, expressando sua beleza divina através deles),
Deus vai além e deposita Sua vida dentro deles da mesma maneira. É
realmente alucinante pensar que Ele nos mostra Sua beleza por dentro; mas ir
tão longe e colocar Sua vida em nós, nos permitindo demonstrar Sua vida a
outros é ainda mais profundo. Essa morada santa que nos coloca em nosso
lugar de Noiva linda tem um efeito distinto em nossos corações e em nossas
mentes: Deus habitando em nós afeta a maneira como pensamos, falamos e
sentimos.
77
Nossas mentes e corações serão expandidos com uma nova capacidade
de sermos santos, e com a santidade, virá uma satisfação ainda maior. Isso
tudo irá nos embelezar. Juntamente com compreensão da verdade, Jesus irá
nos dar uma habilidade de sentir coisas assim como Ele sente. Nossos
corações serão embelezados ao passo que experimentamos os mesmos
sentimentos e emoções que Jesus sente. Teremos a capacidade de amar mais
e recebemos poder com afeição santa por Deus e pelas outras pessoas; o
amor de Deus será derramado em nossos corações pelo Espírito Santo
(Romanos 5.5). O próprio amor com o qual o Pai amou a Jesus estará em nós
(João 17.26). Amaremos a um nível que vai muito além de qualquer coisa que
podemos imaginar nesse tempo presente.
Com esse amor e com nossas capacidades emocionais aumentadas, não
teremos inveja ou ciúmes. Não nos compararemos com os outros e não
levantaremos acusações contra nós mesmos ou contra mais ninguém.
Seremos absolvidos de toda condenação , medo ou fracasso, competição,
desânimo, vício e sentimentos negativos. Essas coisas serão substituídas por
capacidades solidas de alcançar a felicidade e o contentamento, a paz e a
alegria, a unidade e o amor, todas essas coisas como evidência do sentimento
de gozo inefável e glorioso.
Jesus não irá governar com uma Noiva depressiva. Precisamos entender o
que Jesus está pensando e sentir o que Ele está sentindo. Seremos unificados
com o que vem de Seu coração para sempre. Um dia, muito em breve,
conheceremos uma unidade relacional sobrenatural assim como a que
atualmente existe exclusivamente entre as pessoas da Divindade. A oração de
Jesus em João 17.21 “Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim,
e eu em ti; que também eles sejam um, em nós...” será respondida.
A passagem de João 17.21 é frequentemente usada para promover a
unidade entre os líderes da cidade e certamente há facetas disso refletidas nas
palavras de Jesus. Entretanto, a meta que Ele estabeleceu (unidade entre os
78
humanos, refletindo a unidade da Trindade) é tão sublime que só pode ser
perfeitamente alcançada entre os seres que foram criados à Sua imagem. As
únicas pessoas que têm acesso a essa unidade perfeita terão de ser
completamente convencidas de que são vistas por Jesus como pessoas lindas
e, ao compreenderem sua própria beleza, se dispuserem a correr o risco de
amar completamente outra pessoa porque Jesus acha que aquela pessoa
também é linda.
79
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CAPÍTULO QUATRO
81
finjamos humildade; mas, por dentro, o tempo todo ardemos quando alguém é
reconhecido e nós somos ignorados.
Quero te desafiar a pensar sobre a grandeza sob outra perspectiva. E se
você for destinado para a grandeza? Não estou falando de ser arrogante ou
pisar nos outros para se destacar, sendo visto como o melhor. Estou te
fazendo uma pergunta: e se for parte do plano de Deus fazer com que você
seja verdadeiramente grandioso por toda eternidade? Você iria partir com tudo
nessa busca (como fazíamos quando éramos crianças), empurrando as
pessoas para fora do seu caminho para o sucesso? Ou será que Deus tem
uma maneira contra-cultural de nos fazer alcançar tudo aquilo que Ele tem
para nós?
Permita-me compartilhar com você um segredo que quase ninguém
conhece. Você deseja ser grandioso simplesmente porque você foi criado para
ser grandioso. Esse fato não neutraliza os erros cometidos quando pessoas se
esforçam por receber honra e aplausos dos homens, com um espírito
orgulhoso. Ainda é errado derrubarmos uns aos outros, ainda é errado
apunhalar os colegas de trabalho pelas costas e ainda é errado intimidar a
assembléia de pastores para que você progrida. Como é do feitio de Deus, por
causa de Seu estilo e sendo reconhecido por isso, Ele tem um plano muito
mais excelente para satisfazer o seu desejo pela grandeza. O grande Deus
colocou no seu espírito um desejo de ser grandioso e bem-sucedido. A
grandeza faz parte do seu chamado divino. Jesus nunca repreendeu ninguém
por desejar ser grandioso, mas sim pela tentativa de satisfazer esse desejo de
forma errada (Lucas 11.43). Não devemos nos arrepender de termos esse
desejo pela grandeza dado por Deus, somente devemos nos arrepender de
buscar satisfazê-lo com a motivação errada.
Fomos feitos para a grandeza e a honra. Todo crente tem uma ordenança
que receba grandeza além de tudo que somos capazes de conceber. Paulo
descreveu a grandeza que Deus planejou para nós como algo que jamais
penetrou o coração humano quando escreveu que “As coisas que o olho não
viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que
Deus preparou para os que o amam.” (1 Coríntios 2.9).
82
Deixe-me abrir o meu coração com você: eu, desavergonhadamente, quero
ser grandioso aos olhos de Deus! Eu quero ser eternamente próspero!
Encorajo todas as pessoas que pertencem a Deus a terem um alvo pessoal e a
grandeza está ao alcance de todos. Livre-se da sua falsa humildade, mas
lembre-se que o único caminho para a grandeza é através da Cruz de Cristo e
pela vida de caminhada em submissão.
83
pés para cima. Fazer tal coisa seria o cúmulo da ousadia, uma vez que essa
mesa pertence a outra pessoa. Embora seja perdoável que você roube o lugar
de alguém no banco da igreja no culto de domingo, você, certamente, não
tentaria sentar na cadeira do Presidente em seu próprio escritório.
Considere esse exemplo absurdo, multiplique por um bilhão de vezes e,
ainda assim, nem sequer começamos a nos aproximar do que seria sentar-se
com Jesus em Seu trono. Quando João recebeu essa revelação da parte do
Senhor, ele, provavelmente, pensou um pouco. ”Sentar em Seu trono? O que
Ele quer dizer com isso?” Quer dizer que governaremos e reinaremos com Ele.
Auxiliaremos no governo do vasto reinado eterno chamado Reino de Deus.
Receberemos a confiança de executar as tarefas mais significantes no governo
dessa cidade eterna. Isso quer dizer que a Igreja está no auge da hierarquia
na ordem de todas as coisas criadas. Nada jamais poderá se comparar à
grandeza da Igreja de Cristo quando ela assumir seu lugar assentada ao lado
de seu Noivo. Ao oferecer a ela Sua cadeira, Ele declara: “Você foi feita para
isso; você foi destinada para a grandeza.”
Enquanto refletia nisso, João provavelmente lembrou-se de outras coisas
que Jesus havia dito durante os três anos de Seu ministério público. Eu posso
imaginar João sorrindo e pensando: “Se passaram 60 anos e eu ainda fico
juntando as peças!” João deve ter pensado naquele dia em que Jesus ensinou
naquele monte. Jesus disse muitas coisas profundas naquela tarde, mas duas
frases de repente destacaram.
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nobre e de ser bem-sucedido é satisfeito por Deus quando Ele nos entroniza
com Sua parceira nupcial na eternidade. Como Noiva de Cristo, nos foi dada a
posição mais alta em honra e autoridade na Cidade Eterna. Romanos 8.17 fala
que seremos co-herdeiros com Jesus. Essa é uma forma de expressar o que
Ele sente a nosso respeito.
Toda ordem social tem uma classe dominante. Geralmente, essa classe
abrange um pequeno número da população. Essa aristocracia controla as
finanças, o poder e até mesmo a terra, na maioria das vezes. Não há muitas
chances de forçar a entrada nessa classe aristocrata. Bom, como um crente,
você se casou com o dinheiro e com o poder de forma grandiosa, de forma
extrema. Ao se tornar a Noiva de Cristo, você se casou com poder
indescritível. Você é parte da aristocracia na Cidade Eterna, é parte da classe
superior dominante no eterno reinado de Deus. Você é parte da realeza. Isso
não quer dizer que os redimidos são iguais a Deus. Essa é uma mentira que
Satanás tem usado com sucesso em muitas falsas religiões. Mas você irá
reinar na Terra como rei e sacerdote.
85
ao ministério. A preparação primária no caminho para a grandeza é
completamente diferente daquilo que faríamos por natureza.
“... todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande, seja
vosso serviçal; E, qualquer que entre vós quiser ser o
primeiro, seja vosso servo.” (Mateus 20.26,27)
86
nos Céus. Depois, Jesus lhe disse que O seguisse e, ao dizer isso, Ele não
estava chamando-o para ser um mantenedor; Jesus fez uma declaração
poderosa para aquele homem e para os discípulos: Ele afirmou que o dinheiro
e altos cargos dificultam que se alguém faça os devidos ajustes em sua vida
para que possa buscar a Deus de todo o coração. A Bíblia diz que o homem
retirou-se triste porque possuía muitas propriedades. Jesus escolheu esse
momento para apresentar essa questão para os Seus seguidores.
87
que ministram diante do Senhor noite adentro. As vidas dessas pessoas estão
estruturadas em torno da sala de oração, das aulas e servindo em Bases
Missionárias.
Muito poucos de nossos estagiários chegam a subir ao palco durante esse
período de estudos. Eles raramente cantam durante uma conferência ou falam
diante de um grupo grande de pessoas. Estão ciente de que é assim que as
coisas são quando começam o programa. Esses estudantes vêm para servir e
aprender durante os poucos meses que passam aqui. Eles compreendem que
o propósito dos cursos que oferecemos é que eles aprendam o bê-á-bá das
coisas que fazemos e que Deus possa moldar seus corações. O que é
interessante é que, depois de um período de serviço, uma alta porcentagem
daqueles que permanecem como membros da equipe em tempo integral e, no
fim das contas, mais adiante acabam exercendo papeis de liderança, com
base na experiência que adquiriram pelo serviço que eles ofereciam durante o
período de estágio. Escolher o caminho da humildade prepara para eles uma
estrada mais adiante.
Eu, particularmente, vejo nossas vidas durante esta era como estágios de
70 anos (Salmo 90.10) que nos preparam para nossa vida na Terra na era por
vir. Nossa próxima fase da vida no porvir começa no Reinado do Milênio. Essa
é a nossa principal missão ministerial e ela durará por um século (Apocalipse
20.4-6; 2.26,27; 3.21; 5.10; 22.5). Nesse “estágio de 70 anos”, determinamos
em qual nível queremos atuar em Seu governo na era por vir. A medida de
profundidade de amor, submissão e revelação que permitimos ser
desenvolvida em nós agora determina nossas posições e funções em Seu
governo (Mateus 7.4; 19.30; 20.6; 26 e 27; 22.14; Lucas 13.24). Nossos
ministérios na era que vem não terão nada a ver com quanto êxito obtivemos
visivelmente nesta era, mas, sim com quanto nos desenvolvemos
interiormente. As escolhas que fazemos durante o nosso período de estagio de
70 anos determinarão onde e como iremos atuar em nossa próxima missão.
Existe uma continuidade dinâmica entre nossas vidas e o que acontece
conosco na próxima era.
Como o jovem rico que obedecia a todas as leis, a maioria das pessoas
falha em compreender isso. Elas acreditam piamente na ideia de que têm de
88
viver para satisfazer seu desejo pela grandeza durante esta vida, então eles
empurram, beliscam e acotovelam quem quer que esteja em seu caminho em
direção ao topo. Obviamente, a maioria das pessoas nunca chega lá. Poucos
se tornam grandiosos (terrenamente falando), mas somente até que alguém
mais jovem e mais forte os derrube de seu trono construído sobre um morrinho
de sujeira. Ou ainda pior, eles chegam ao final de suas vidas e descobrem que
gastaram suas vidas terrenas buscando a grandeza aos olhos humanos, em
detrimento da grandeza na era por vir.
Eu, desavergonhadamente, desejo a grandeza, mas não me contento com
somente pelos 70 anos que passarei na Terra. Na verdade, eu abro mão da
grandeza ou do reconhecimento humano deste lado da glória a fim de que eu
seja tudo que posso ser na vida eterna. Ficaria satisfeito em trocar o
reconhecimento passageiro dos meus colegas pelo conhecimento eterno do
meu Rei. Não sou diferente do resto do mundo em meu desejo pela grandeza.
A diferença é que eu sou determinado em buscá-la com um foco
temporalmente diferente.
Mas, então, o que é que determina um estágio de 70 anos bem-sucedido?
Que tipo de coisas assegurarão que satisfaremos nosso anseio pela grandeza
na esfera em que ela realmente importa e onde ela permanece. Não importa
quão imensa ou gloriosa seja nossa missão ministerial; ela não passa de uma
missão inicial, continua sendo uma missão temporária. Receberemos nossa
próxima missão não baseado em quão grande foi a nossa primeira missão,
mas em quão humilde conseguimos nos tornar durante esse tempo aqui. A
maioria das pessoas está depositando tudo o que tem no lugar errado.
Investem toda a sua energia em fazer com que a primeira missão seja grande
aos olhos dos outros ou bem-sucedida pelas contas que os colegas e sócios
fazem. Jesus disse que é difícil que um rico seja grandioso. Por quê? Eles se
distraem tanto com suas riquezas em sua primeira missão que se são
capturados pelo poder e a grandeza temporários, que não abraçam um estilo
de vida que lhes garanta grandeza no futuro. É difícil porque sua primeira
missão os consome de tal forma que eles perdem de vista a próxima, a missão
eterna.
89
Deus nos deu o dom da grandeza que dura para sempre. Ela não tem nada
a ver com quão grandes são nossos ministérios, com quão gorda é a nossa
conta no banco, nem com quantas pessoas gostam de nós, nem sequer tem a
ver com quantas pessoas são curadas quando oramos por elas. É algo que
transcende todas essas realidades.
O Pai planejou uma herança dinâmica para Jesus, planejou dar a Ele uma
companhia eterna: a Noiva de Cristo. Quando crentes recebem a revelação da
verdade sobre quem eles realmente são como herança de Jesus, suas vidas
retratarão uma forca interior divina e uma determinação feroz de ser total e
completamente d’Ele. Paulo orou que compreendêssemos as riquezas da
glória de sermos herança de Jesus.
Precisamos ter os olhos dos nossos corações abertos para que possamos
conhecer quais são as riquezas da glória de sermos herança de Deus. Existe
uma abundância de glória que você e eu possuímos porque somos objeto de
desejo de Deus. Somos Sua herança; somos aqueles a quem o Pai escolheu
para Jesus. Jesus quer que sejamos d’Ele e que reinemos com Ele. Quando
isso tocar nossos corações por meio da revelação, entraremos no é conhecido
como riquezas da glória de Deus , ou as profundezas da vasta riqueza dessa
realidade. Amado, somente pela pura virtude disso é que somos bem-
sucedidos em Deus. quando compreendemos que somos herança de Jesus,
90
uma enorme abundância passa a pertencer a nós: uma riqueza que nunca nos
será tirada, está segura para sempre.
Quando nossos corações se conectam com a profunda grandeza que já
possuímos, isso muda nossa química emocional. Nos sentimos muito mais
fortes por dentro ao passo que ganhamos confiança em nossa grandeza e
nosso valor diante de Deus. vemos que nossa grandeza não se baseia em
nossa aparência física, em quão grande é o nosso ministério ou em quanto
dinheiro temos. Ganhamos uma estabilidade inabalável no homem interior
porque compreendemos nossa profunda grandeza diante de Deus. Portanto, o
fato de termos pequenos ministérios nesta era não nos irrita; esperar não nos
irrita. Estamos ancorados em outra realidade: nas riquezas da glória de quem
somos em Sua herança.
À medida que a Igreja toma posse da verdade de quem realmente somos
(herdeiros honrados e estimados do Trono de Deus), nossas vidas refletirão
um forca interior divina e uma determinação feroz de nos entregarmos
completamente a Ele. Em Jesus, você se casa com riqueza e poder
indescritíveis. Reis não podem andar por aí como mendigos porque eles têm
muito em suas dispensas e cofres. Reis não se preocupam com o
enaltecimento dos outros porque têm confiança em sua posição de poder em
seu império. A quantidade de energia emocional gasta em tentar estabelecer
seu próprio senso de sucesso e importância é enorme. O presente da
grandeza nos foi dado embrulhado em revelação do Deus Noivo, Jesus Cristo.
DISPOSIÇÃO
91
vendedor que prometia mundos e fundos acaba te tirando até a comissão.
Esperando pousar no topo da montanha, essas pessoas se encontram no
fundo do vale, olhando fixamente para cima e ninguém quer saber de se unir a
elas para chegar ao topo. Nesse lugar de decepção, elas entram num período
de prova. O que será que eles farão pela oportunidade perfeita? Eles ignorarão
oportunidades menores e esperarão cair de pára-quedas no emprego dos
sonhos? Ou será que eles arregaçarão as mangas e porão a mão na massa?
Partindo do ponto de vista de que esta vida é tudo que pode existir, pode
fazer sentido esperar por um emprego melhor enquanto você ainda tem a
chance de receber uma proposta assim, embora bons empregos raramente
caiam do céu. Por outro lado, se você olhar para esta vida terrena como um
estágio para a próxima vida, perceberá que esse papeis menores e mais
humildes que tão frequentemente aparecem para nós como oportunidades, na
verdade, são treinamentos valiosos para nosso corações e para nossas
mentes. As habilidades que usamos para resolver questões menores serão
muito úteis quando for a nossa vez de assumir responsabilidades maiores. Na
verdade, vendo por esse prisma, porque é que alguém iria querer começar do
topo?
Um dos nossos líderes de ministério que cursou a faculdade de Teologia,
estava convicto de que seus colegas de classe iriam sair da sala de aula e
iriam plantar igrejas que cresceriam até terem 1000 membros durantes as
férias, ele aceitou a única vaga de emprego de verão que conseguiu encontrar.
Era uma vaga de frentista no último posto de gasolina da cidade. Ele não
somente era o único que enchia tanques enquanto os colegas pregavam o
Evangelho, mas também era o único frentista da cidade!
Olhando para trás e para aquele emprego, ele te diria que, na verdade, foi
uma experiência muito benéfica para o ministério. Quase todo mundo compra
gasolina. Ao conhecer a clientela do posto de gasolina naquele verão, ele
aprendeu mais sobre a natureza humana do que aprendeu nas aulas de
psicologia na faculdade. Ele tentou atender da mesma forma a todos os
clientes, ocasionalmente surpreendendo um camarada pobre que chegava no
posto com sua van surrada com sua insistência em lavar o vidro do pára-brisa
assim como ele fazia com os carros esporte. Ele aprendeu que se deve
92
exercem bem a função que se tem até que chegue a hora de exercer a função
que se quer. Resumindo, ele aprendeu a fazer bem as coisas simples que lhe
pediam.
As Escrituras nos contam sobre uma vez quando Jesus falou para um
grupo de pessoas que mencionaram que Ele iria pôr fim aos governos romano
e de Israel. Eles esperavam que Ele trouxesse Seu Reino muito rapidamente e
eles queriam ser postos ao lado d’Ele em posições de influência quando isso
acontecesse. Esses eram homens do primeiro século equivalentes aos
estudantes universitários de hoje em dia, sonhando em seu primeiro emprego
perfeito. Percebendo que precisava enfatizar a natureza secundária desta vida
e a realidade do Reino que viria e traria consigo a grandeza numa escala
diferente, Jesus contou uma parábola de um homem exigente que deu níveis
variados de responsabilidade aos seus servos. Ele ilustrou o princípio da
disposição para trabalhar duro num nível iniciante quando o homem da
parábola disse aos seus empregados: “Bem está,... porque no mínimo foste
fiel, sobre dez cidades terás autoridade.” (Lucas 19.17)
Jesus mostrou que fazer coisas pequenas bem neste momento nos levará
a oportunidades de fazer coisas maiores no futuro. E, sendo isso verdade no
mundo natural, é duas vezes verdade no mundo espiritual. Ser um trabalhador
disposto e humilde nesta vida equivalerá diretamente a ter autoridade na vida
eterna. Isso vai de encontro com as nossas ideias imediatistas e incompletas
do que é a grandeza, mas vez após outra vemos essa realidade exemplificada
na vida de Jesus e nos Seus ensinamentos.
FIDELIDADE
93
negligenciados. Os professores das escolas dominicais não chegam para dar
as aulas. As bandejas da ceia ficam esperando ser cheias do pão e do vinho. O
lixo não é retirado. Essas são infrações leves! Existem coisas muito piores
como empregados traindo seus patrões e casais sendo infiéis entre si.
As pessoas frequentemente nos perguntam como eram as coisas na IHoP
logo que começamos. Eu respondo: “Pequeno, difícil e feio!” Os líderes de
adoração também serviam como equipe de limpeza, os líderes de oração
também serviam como técnicos de sonoplastia e os técnicos de sonoplastia
serviam de porteiros. No meio da correria dos tempos modernos, quando
tantos empregos são oferecidos para tão poucas pessoas, fui abordado por um
de nossos líderes de adoração que me disse: “O que eu posso fazer para
ajudar? Pode ser qualquer coisa.” Poderia dizer que orei sobre isso: faria a
história toda parecer mais espiritual. Ao invés disso, eu vi uma necessidade e
coloquei alguém para trabalhar: “Você cuidaria da organização da limpeza do
nosso prédio?” Acho importante mencionar que o “nosso prédio” era um
agrupamento trágico de três trailers velhos em um estacionamento com
crateras onde se podia perder um carro. Tínhamos duas salas de reunião e
quatro banheiros. A “organização da limpeza” tinha mais a ver com limpeza de
fato do que com organização. Gregg, o líder de adoração de quem estou
falando, começou a ser visto por aí, limpando banheiros e recolhendo o lixo.
Ele era reconhecido por seu sorriso; servia numa posição humilde, mas o fazia
com alegria.
Sete anos depois, a IHOP cresceu de cinco alunos para 400 membros da
equipe e 300 alunos, assim como outros 300 alunos da Escola Bíblica. Gregg
continuou liderando a adoração. Nessa época, ele tinha dois CDs gravados e
fazia algumas viagens internacionais. Mas o mais incrível é que ele continuava
limpando nossos banheiros. Nossas instalações cresceram e fazíamos uso de
alguns prédios em quatro terrenos: nosso campus. Embora ele tivesse uma
equipe de alunos e outras pessoas para ajudá-lo, continuava sendo o núcleo
do trabalho que um dia pedi que ele fizesse, sete anos atrás. Entre o
planejamento da escala de trabalhadores e os pedidos de sabonete, ele ainda
podia ser visto desentupindo privadas. E, durante esses sete anos, seu sorriso
nunca falhou. É simplesmente impressionante!
94
Depois de servir a IHOP por sete anos, ele anunciou que estava partido
com sua esposa para outras viagens internacionais. Seus dons abriram portas
para eles na Europa, e isso significava que ele viajariam por dois ou três
meses. Com pesar, ele entregou o cargo que havia sido delegado a ele por sua
voluntariedade , sete anos atrás. Eu penso que Gregg é o tipo de pessoa sobre
quem Jesus estava falando em Mateus 25 quando Ele contou a parábola dos
servos que reagiam de maneiras diferentes às responsabilidades que
receberam de seu senhor. Ele descreveu um mestre que deixou seus
trabalhadores encarregados de várias atividades e voltou após um longo
período para ver como eles estavam indo. Quando encontrou um servo que foi
excepcionalmente bem em sua tarefa designada, o mestre disse: “Bem está,
servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no
gozo do teu senhor.” (Mateus 25.21).
O dia em que Gregg entregou suas tarefas para que fossem executadas por
outra pessoa, pedimos que ele subisse ao palco durante uma reunião de
equipe. A sala irrompeu em aplausos espontâneos em gratidão por seu serviço.
Eu me alegrei em contar para os membros mais novos da equipe a história de
como ele se voluntariou para o que achávamos que seria um serviço
temporário de, no máximo, alguns meses e como ele serviu fielmente naquele
papel por sete anos. A equipe se alegrou com ele com animação porque
reconheciam que esse era um grande homem no Reino.
RESISTINDO À AUTOPROMOÇÃO
95
crianças querem ter. Essas crianças lideram a turma sob os mandamentos do
Compromisso de Lealdade durante o percurso para o recreio, nos intervalos e
no caminho para saída, onde eles terão de esperar pelo transporte. Para um
aluno do primeiro ano, esse é um dia em que ele se torna especial. Às vezes,
eles até recebem a honra de usar um chapéu ou tiara, para as meninas. Não
se engane: esse é o dia deles. Deus livre a pobre criança de passar mal e
perder a chance de ser líder da fila. Os próprios coleguinhas que vibraram ao
votar para que um colega fosse eleito o líder da fila acabam se acotovelando
para serem escolhidos para a função.
Desde o primeiro ano até o asilo, o comportamento não mudará muito.
Sempre haverá muita gente querendo ser o líder da fila aos sete anos ou aos
70 anos, e no período de tempo compreendido entre esses extremos também.
Por fora, elas podem expressar alegria quando for a vez de outra pessoa ser o
líder da fila, mas se você passar mal na hora do almoço pode acreditar que
serão as primeiras a se apresentar na esperança de assumir o cargo. E isso
não é novidade para ninguém. Poucos versículos após falar com o jovem rico,
Jesus se viu no meio de uma discussão ferrenha com Simão Pedro, que
rapidamente traçou uma linha divisória entre ele próprio e o jovem rico.
“Jesus,” disse Simão, “nós deixamos tudo para Te seguir.” Depois ele foi
direto ao ponto: “Que receberemos?” Mesmo expressando sua disposição de
deixar o ofício de pescador para trás, Simão correndo atrás de posição. “Jesus,
você se lembra que deixamos tudo... quando é que vamos receber por isso?”
Eu acho que Jesus, provavelmente, deve ter sorrido quando deu Sua
resposta. Não por causa das falhas de Pedro (Jesus bem sabia que ele teria
um ministério de sucesso estrondoso, no fim das contas), mas porque Jesus
sabia de tudo que Pedro precisaria passar para que realmente aprendesse a
lição que ouviria logo depois.
96
começaram a comparar notas. “O que foi que Ele disse? Os primeiros serão os
últimos? Os últimos, os primeiros? O que Ele quis dizer com isso? Ele tem
essa estrutura de liderança toda de cabeça para baixo!”
E eles estavam certos quando disseram isso. Jesus virou a estrutura de
liderança (na verdade, toda a caminhada em direção à grandeza)
completamente de cabeça para baixo com essa afirmativa. Por séculos, as
pessoas têm operado no espírito oposto ao desse ensinamento; e por séculos
futuros ainda continuarão a fazê-lo. Elas usurpam a autoridade que pensam
que deveriam ter. Elas se apressam para se impor lugares de liderança ao
invés de esperar que sejam colocados lá. Só para ter certeza de que ficou
claro, Jesus reitera sua afirmação no próximo capítulo.
O chamado para a grandeza é feito para todo ser humano. Ele está no
destino potencial que cada indivíduo tem de reinar com Cristo. Jesus sabia,
entretanto, que muitas pessoas não resistiriam à tentação da autopromoção e,
ao se auto-denominarem primeiros durante o estágio de 70 anos, seriam
postos em último lugar pela eternidade. Como já sabemos, toda essa conversa
se resume no conceito de serviço encontrado em Mateus 20.26, quando Jesus
disse: “... todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande, seja vosso
serviçal.”
Falhamos em compreender esse simples ensinamento quando fazemos
uma falsa suposição de que tudo que existe na Terra anteriormente à Segunda
Vinda de Cristo é automaticamente irrelevante e desconsiderado no Milênio,
como se Jesus não tivesse nenhum interesse na postura dos nossos corações
hoje. Embora esses sejam períodos de tempo com características e
parâmetros únicos, há uma dinâmica contínua entre nosso comportamento
nesta vida presente e nossos papeis na era por vir. Nossa atitudes, nossos
atos, nosso caráter e muito mais que é desenvolvido nesta vida serão levados
conosco para a próxima vida.
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O ladrão na cruz que implorou por perdão nos últimos momentos de sua
vida deve ter ficado chocado quando passou pelas portas dos Céus após
Jesus ter-lhe dito que seria assim (Lucas 23.43). Imagino esse ex-ladrão
andando nas ruas de ouro, pasmo com o manto que recebeu e com as
saudações que recebeu dos anjos. E aí, quando ele perguntou o porquê
daquilo tudo, um dos anjos lhe respondendo:
— Você não está entendendo nada: você é um rei aqui.
O ladrão, então, olha para o anjo, boquiaberto.
— Um rei? — ele pergunta. — Se eu soubesse que era um rei, nunca teria
vivido como um ladrão!
Muitas pessoas vivem suas vidas como ladras, roubando a honra e
colecionando a grandeza alheia que não lhes é devida, sem ao menos saber
que são destinados para a grandeza. A partir de hoje, faça o seu melhor para
viver como alguém que é destinado para ser um rei na era por vir, exibindo
humildade a todos em todas as situações. A grandeza é o seu destino. É
presente de Deus para você.
98
CAPÍTULO CINCO
Antes do início dos tempos, o Pai queimava de desejo por ter uma família,
por conhecê-los e por ser conhecido deles de maneira forte e profunda. Foi por
isso que Ele criou o coração humano para ansiar por intimidade com Ele e com
outros. O sonho de Deus sempre foi compartilhar Seu coração conosco de
uma maneira que ultrapasse muito qualquer coisa que conhecemos ou que
podemos imaginar agora. Deus nos fez com um desejo profundo de conhecer
completamente e de sermos completamente conhecidos sem termos do que
nos envergonhar. Pense que Aquele que criou todas as coisas conhece todos
os movimentos dos nossos corações e Ele quer abrir Seu coração conosco.
Nosso valor para Ele O compele a nos convidar para entrarmos nesse mundo
misterioso de proximidade com Ele. Deus satisfaz esse desejo pela revelação
de Seu coração a nós e quando comunica o quanto Ele verdadeiramente nos
conhece. Nós somente temos uma prévia dessa realidade nesta vida, mas
experimentaremos sua totalidade na vida eterna.
99
unidade uns com os outros porque o Pai permitiu que Jesus derramasse parte
de Sua glória em nós agora, e em totalidade na era por vir.
100
“Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe, e
apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne. E
ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se
envergonhavam.” (Gênesis 2.24,25)
Outros 1500 anos após Moisés ter escrito essas palavras, o apóstolo Paulo
nos explanou ainda mais o que Moisés já havia dito. Paulo sabia algo sobre o
coração de Deus que Moisés não sabia. Paulo citou Gênesis 2.18 em Efésios
5.31,32, aplicando essa verdade ao relacionamento espiritual entre Jesus e a
Igreja. A criação de Adão e Eva para que se tornassem uma só carne é um
retrato profético da maneira como Jesus será unido à Sua igreja. Paulo se
referiu a isso como o grande mistério de Deus. Espiritualmente falando, ficar
nu e não se envergonhar quer dizer que todos os segredos dos nossos
corações serão totalmente desvelados. Não teremos vergonha diante de Deus
quando isso acontecer.
101
censurava interiormente por ter errado de novo; eu gemia em
resistência ao fato de que teria de vir ao meu pai e encará-lo
como uma fracassada novamente. A última coisa que queria
fazer era ir até ele, morrendo de vergonha e preocupação pelo
meu comportamento. Em minha mente infantil, eu pensava que
meu pai estava bravo comigo. Eu pressupunha que ele me
rejeitaria porque, mais uma vez, eu não podia me igualar aos
meus irmãos. Sem muita escolha, eu me arrastava até ele.
De joelhos, me esperando com toda a paciência do mundo,
ele punha seus braços ao meu redor e me olhava nos olhos.
Mais uma vez, como todas as outras em que isso aconteceu,
passávamos pelo mesmo processo. Ele enrolava os braços nas
minhas costas e eu empurrava com toda minha força de
garotinha contra ele, por causa da vergonha que me fazia
querer me distanciar dele. Incapaz de olhá-lo nos olhos, minha
cabeça virava de um lado para o outro para evitar esse
encontro.
Ainda assim, toda vez que isso acontecia, meu pai fazia
exatamente a mesma coisa. Ele perguntava: “Deborah, porque
você está resistindo a mim?” Então, porque eu estava tão
determinadamente empurrando seus braços, ele os afrouxava e
eu caía no chão. Cada vez, essa queda só fazia aumentar
minha vergonha atormentadora, me forçando a me levantar e
encarar o meu pai. “Preciso acabar com isso logo”, eu pensava,
“então é melhor olhá-lo nos olhos de uma vez”.
Quando eu finalmente olhava para ele, ele dizia a mesma
coisa de sempre. A primeira coisa que saía de sua boca era:
“Eu te amo. Eu te amo.” Todas as minhas emoções e
argumentos debatiam o que eu ouvia. “Não, papai, você não
pode me amar agora; eu acabei de fazer tudo errado de novo.
Você deveria me castigar, não me abraçar. Eu não consigo
receber seu amor agora. É demais. Talvez quando eu acertar,
pra variar, e me redimir aí você pode me abraçar e dizer que
me ama. Agora eu não posso aceitar, eu fui muito ruim.’
Embora o processo demorasse, a persistência do meu pai
tinha um impacto dramático em mim. Me lembro do dia em que
102
esse ciclo finalmente foi quebrado entre nós, e sua afeição
venceu minha vergonha. Dessa vez, bagunçando tudo de novo
e, ao ouvi-lo me chamar, eu respondi de um jeito diferente de
todas as outras vezes. Quando meu pai me abraçou, pela
primeira vez eu não resisti ao seu abraço. E quando ele me
soltou, eu não caí no chão, mas só relaxei em seus braços.
Feliz e, provavelmente, tão surpreso quanto eu, ele falou: “Olha,
Deborah! Eu estou te abraçando e você não esta me
empurrando!” Foi nesse dia que eu percebi que eu, de fato,
acreditava que meu pai me amava (e até mesmo gostava de
mim) apesar dos meus tropeços e fraquezas, apesar das
minhas falhas.
Deborah Hiebert
Dia após dia, milhões de corações humanos são feridos em suas buscas por
intimidade. Em seu estado deplorável, essas pessoas buscam satisfazer esse
desejo dado por Deus de maneiras que nada tem a ver com a vontade de
Deus, levando-as à vergonha e ao escárnio por seus esforços. A intimidade
não foi feita para funcionar assim. Na verdade, é possível experimentar uma
intimidade com Deus e com as pessoas sem ter do que se envergonhar.
103
Intimidade significa muito mais do que a união física de corpos. É a confiança
poderosa que as pessoas têm umas nas outras e que permite que elas
compartilhem as partes mais secretas de seus corações: suas esperanças e
sonhos, seus medos e falhas, seus sentimentos e frustrações.
Há tempos em que eu e minha esposa conversamos sobre os
acontecimentos do dia, sobre as reuniões que tivemos e sobre as outras
pessoas com quem falamos, mas, no fim das contas, passamos rápido por
essa conversinha fiada de pessoas e lugares. A próxima pergunta,
invariavelmente, é: “Mas o que você realmente está pensando?” Não
procuramos saber mais sobre o que se passa em nossas mentes, queremos
saber especificamente “O que foi que você sentiu durante os acontecimentos
do dia? O que te fez ficar feliz? Quais situações te fizeram sentir medo? Quais
preocupações angustiaram seu coração? Quais são os seus segredos?” Deus
conhece os aspectos mais secretos de nossas vidas, especialmente as áreas
que pensamos ser desconhecidas, imperceptíveis ou mal-compreendidas. Ele
sabe como nos sentimos e do quê temos medo. Mas Ele quer que O
convidemos para entrar nas partes profundas de nossos corações, a cada
passo que damos.
A maioria das pessoas retêm essas áreas. Elas tiveram experiências de
compartilharem seus segredos mais profundos com outra pessoa (pode ter
sido até mesmo com seus cônjuges) e depois descobriram que esses
segredos foram traiçoeiramente entregues para terceiros. Nada machuca tanto
quanto ter sua intimidade exposta. Aprendemos que a intimidade requer
confiança e contar nossos segredos envolve muito mais que simplesmente
passar informações. Podemos ter certeza de que a intimidade com Jesus é
segura. Ele não nos trairá, Ele sempre nos protegerá. Ele nos abraçará. Ele
guardará nossos segredos.
E a intimidade com Jesus não é um monólogo. Jesus também tem Seus
próprios segredos. Ele tem planos, sentimentos e emoções que têm a ver
conosco. A intimidade com Jesus envolve conhecermos Seus segredos da
mesma forma que Ele conhece os nossos. Ele deseja compartilhar conosco o
que Ele está pensando. Como diz o Salmo 25.14, “O segredo do Senhor é
para os que o temem...” Jesus quer desvelar Seu coração para nós porque Ele
104
confia em nós. É maravilhoso imaginar isso, mas as coisas que Jesus quer
repartir conosco não são deste mundo. Elas são as coisas mais próximas de
Seu coração: coisas que nem mesmo as castas mais superiores de anjos ou
de principados e poderes demoníacos são capazes de saber ainda (Efésios
3.10). Por toda a eternidade Jesus continuará nos contando sobre as coisas
que comovem o Seu coração. Deus chamou apenas aos redimidos para ter
intimidade com Ele, não aos anjos. Existe um limite que os anjos não podem
ultrapassar em termos de experimentação do coração de Deus, embora eles
desejem conhecer as coisas que Deus reservou para os humanos, em
intimidade com Ele (1 Pedro 1.12).
A geometria do termo “raio” é útil para facilitar nossa compreensão da ideia
de intimidade com Jesus. Um raio é uma linha que tem início, mas não tem fim.
Movendo-se de um extremo a outro numa escala numérica, um raio começa e
continua em uma direção eternamente. A intimidade com Jesus se aproxima
dessa definição, de certa forma. Observando uma linha do tempo, podemos
identificar um ponto onde começamos a nos aproximar d’Ele, quando
começamos a contar para Ele os nossos segredos e quando começamos a
ouvir com atenção aos d’Ele. Esse foi o início da intimidade. É diferente da
intimidade humana pelo fato desta ser limitada, ao passo que a intimidade com
Deus continua para sempre. Haverá pontos na eternidade, a milhões, bilhões
de anos à frente, em que Jesus vai te puxar para perto e te dirá: “Deixa eu te
contar outro segredo...” Ele irá sussurrar em seu ouvido e vai ser uma coisa
completamente nova para você. Daqui a um bilhão de anos, Ele continuará
sendo um criador e continuará sendo o Amado de Seu povo. A profundidade e
o comprimento de Seu amor são como os de um vasto oceano que nunca
pode ser esgotado.
Não há nada mais revigorante em nossa experiência que tocarmos esse
mundo de intimidade com a Divindade, em nossos espíritos. Ele é o Deus que
não foi criado, que é transcendental, infinito e completamente incomparável...
ainda assim, Ele nos convidou para chegarmos bem perto d’Ele. Embora tudo
que sabemos sobre Sua majestade faça com que Ele pareça inatingível, Seu
coração nos atrai para ficarmos cada vez mais perto. É o máximo do
romantismo; uma história de amor que acontece de verdade.
105
“Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário,
pelo sangue de Jesus... Cheguemo-nos, com verdadeiro
coração, em inteira certeza de fé...” (Hebreus 10.19,22)
Se você mora num bairro com casas ao redor da sua, pode ser que você
desenvolva amizades com esses vizinhos que vão além do cumprimento por
cima da cerca. Talvez, qualquer dia desses, você possa ser convidado para ir
à casa deles para tomarem um café juntos. Quando isso acontece, o
relacionamento muda um pouco. Vocês eram conhecidos naquela época
quando acenavam uns para os outros enquanto você manobrava o carro na
garagem e fechava o portão atrás de você. Ser convidado para entrar na casa
deles significa que você é mais do que somente um conhecido. Da mesma
forma, Deus está nos convidando para entrar; não em Sua cozinha, mas em
Seu coração.
Os relacionamentos humanos que envolvem uma medida de intimidade são
complexos. Eles não são impossíveis de levar, mas certamente tem muito
maia facetas que uma interação de três minutos que possamos ter com a
pessoa que nos serve um hambúrguer num restaurante fast-food. Quando já
estivemos num nível de intimidade profunda com alguém por certo tempo,
acabamos compartilhando toda a diversidade possível de experiências com
essa pessoa. Os casamentos mais saudáveis do mundo são definidos pelo tal
nível de compartilhamento, e a intimidade com Cristo é baseada nessa
realidade. Conhecer a Cristo e ser conhecido por Ele significa que
experimentaremos intimidade em níveis que jamais imaginamos poder
alcançar antes. Quando convidado, Ele invade cada espaço de nosso coração
e diz: “Eu quero morar aqui também. Eu quero saber tudo que há para saber
sobre você.” Ele deseja que todas as coisas escondidas ou particulares sejam
abertas diante d’Ele. Em retorno, Ele também revela as coisas escondidas do
coração d’Ele a nós.
106
Não há nada que um cônjuge goste mais que ver seu parceiro ser bem-
sucedido. Nos últimos anos, eu venho observando minha esposa, Diane,
literalmente erguer uma empresa de corretagem de imóveis. Essa empresa
tem obtido muito sucesso em auxiliar os missionários da IHoP e outras
pessoas ao redor da Cidade do Kansas e encontrar uma moradia. Ela
determinou que os lucros da empresa seriam destinados ao sustento da IHoP-
KC, abençoando muitos membros da nossa equipe que recebem pequenas
quantias de dinheiro como pagamento por seu serviço estagiário.
Eu bem sei as longas horas investidas por ela, tarde da noite no
computador; sei das reuniões/café da manhã com clientes hesitantes; das
ligações feitas dos escritórios de contabilidade para seu celular particular
cobrando dela os documentos necessários enquanto ela tenta fazer as
compras do mês. Quando Diane volta para casa com um sorriso e diz: “Hoje foi
um dia bom”, eu me alegro com ela porque compreendo que o fato de o dia ter
sido bom vai muito além de um conjunto de circunstâncias adoráveis. Ela vem
trabalhando tanto nos últimos anos para que o “dia bom” que teve hoje; eu
aprecio e me alegro em sua vitória porque eu a vi dando duro por isso. Eu fico
feliz de ver o que ela é capaz de fazer. Quando discutimos pela primeira vez
sobre os planos dela de começar um novo negócio, concordamos
positivamente quanto à chance de sucesso dessa empreitada. Mas,
absolutamente, ela superou todas as nossas expectativas e eu não puder ficar
mais feliz por ela ter feito tudo isso.
Como nos sentimos pelo sucesso do nosso cônjuge é uma mera sombra do
que Deus sente quando um de nós se dá bem em nossos esforços. Pelo
simples fato de ser nosso Criador, por Sua natureza, Ele sabe inteiramente do
que nós somos capazes. Mas por ser também nosso Redentor, Ele também
sabe muito bem quão frequentemente deixamos a desejar em nossas
capacidades. Ele é, ao mesmo tempo, nosso melhor treinador, torcedor,
patrocinador e defensor.
Deus é como o técnico de um time de futebol americano que está
selecionando jogadores para sua primeira linha de jogadores, correndo os
olhos pelo banco e pára no pré-adolescente magrelo. A pobre criança é de dar
107
dó: a camisa do time bate nos joelhos, as ombreiras fazem com que o menino
pareça um anão e suas calças nunca foram sujas da grama do campo – afinal
de contas, ele nunca esteve lá. Toda sexta-feira à noite, debaixo dos postes de
luz do estádio, aquela criança senta e observa... e, no meio dos gritos que dá
durante a partida, o técnico o observa. O treinador também observa durante os
treinos: ele reparou que o jovenzinho é o primeiro a chegar e o último a sair.
Ele o observa estudando seu caderninho de anotações táticas quando poderia,
muito bem, fazer qualquer outra coisa. Quando o técnico passa de carro pela
casa do menino no domingo à tarde, ele o vê brincando de correr no quintal
com seu pai.
Uma sexta à noite, eles caminham de volta para a van do time depois do
jogo, enquanto o treinador sente o cansaço do longo dia. O rapazinho está
todo animado, mesmo tendo ficado fielmente sentado por horas naquele
banco. Suas calças continuam imaculadas. O técnico olha para o pré-
adolescente e diz: “Você vai conseguir... e vai conseguir coisas grandes.” O
jogador fica pasmo; o que será que o treinador sabe que mais ninguém tem
conhecimento? O que será que ele vê que é invisível para o resto do mundo?
Quando Deus olha para você, mesmo que você ainda nem esteja no jogo, Ele
vê o potencial que Ele mesmo investiu a você. Embora Ele seja totalmente
ciente de suas falhas, Ele olha além delas e vê o sucesso em seu futuro.
Quando tudo parece indicar o contrário, Ele olha diretamente nos seus olhos e
diz: “Você vai conseguir.”
O técnico que vê potencial no pré-adolescente compartilha daquele
momento especial quando o menino de repente passa a ser um pré-
vestibulando e agarra o passe para fazer o “touch down e, assim, vence o
campeonato. A alegria do técnico passa de ser limitada àquele momento e
cobre todo o relacionamento que eles têm. O Senhor celebra nosso momento
agora, mas também se alegra quando se lembra de tudo que já passamos
juntos e vê nosso sucesso em sua forma mais completa. Deus comemora
conosco durante toda a nossa trajetória. Nossa intimidade com Ele inclui uma
experiência muito mais ampla do que a que estamos fazendo agora mesmo.
Ele vê claramente para onde estamos indo em Seu plano de mestre para
nossas vidas.
108
Pode parecer sem importância que Deus comemore nossas vitórias
conosco. Alguém pode dizer que a intimidade seja algo fácil de alcançar
quando se é bem sucedido, mas a experiência humana sugere que não é bem
assim que as coisas são. Não é sempre que aqueles que estão mais próximos
de você comemoram as suas vitórias. Somente Jesus sabe quais são todas as
implicações de nossa verdadeira grandeza n’Ele. Como o técnico de futebol
pode ver em nós o que nós mesmos não percebemos, assim também o
Senhor vê muito mais em nós do que sequer podemos pensar. Somente Deus
compreende totalmente nossa verdadeira nobreza e as dimensões de nossa
grandeza n’Ele. Ele experimentará a grandeza conosco. Jesus conhece a sua
grandeza muito melhor do você. Somente Ele sabe verdadeiramente quem nós
somos.
A novelista Vicki Baum uma vez escreveu que “A fama sempre traz solidão.
O sucesso é tão gelado e solitário quanto o Pólo Norte.” Quando somos bem-
sucedidos, todo tipo de gente se amontoa ao nosso redor e nos dá tapinhas
nas costas, mas muitos fazem isso com a intenção de promover nosso
sucesso com vistas à sua autopromoção ou procurando sugar nossa fama e
fortuna para si. Eles não estão compartilhando do nosso sucesso por ter
intimidade conosco; eles estão manipulando a situação em busca de uma
oportunidade. Com profunda sinceridade, ao contrário dessas pessoas, Jesus
incorpora completamente o que Paulo escreveu quando nos exortou, dizendo:
“Alegrai-vos com os que se alegram” (Romanos 12.15). Como nenhum
humano poderia fazer, Jesus se alegra conosco quando nos alegramos. Seu
conhecimento íntimo de nosso potencial para o bem e para o mal faz com que
Sua alegria seja muito mais completa nessas épocas em que o sucesso é
alcançado, tanto agora quanto na eternidade.
109
nosso próprio pecado assim como sofremos com o pecado dos outros. Nesses
momentos, Jesus vive a segunda parte da passagem de Romanos, que nos
aconselha: “... chorai com os que choram” (Romanos 12.15). Somente Jesus
conhece as profundezas dos nossos anseios, dos nossos sonhos e das nossas
intenções de amá-Lo. Até mesmo as nossa intenções fracassadas de amá-Lo
são vistas e apreciadas.
As duas realidades mais poderosas que movem o coração humano são a
beleza e a dor. Embora saibamos que seremos incendiados com a beleza de
Jesus, alguns dos nossos momentos de intimidade mais expressiva com Ele
serão quando compartilharmos o sofrimento (Filipenses 3.10), quando
permanecermos firmes mesmo em meio à dor e dificuldade. Assim como nas
situações de vitória, há uma intimidade para ser conhecida e aceita por nós
quando sofremos e falhamos. A dor da perseguição e a dor do nosso fracasso,
na verdade, servem de companhia durante a caminhada de conhecer e
experimentar Jesus em níveis de maior intimidade. Exatamente quando nossos
corações estão machucados e famintos por consolo é que Ele será mais
vividamente presente em nossa existência, se assim permitirmos que Ele o
faça. Quando somos postos contra a parede e Ele é a nossa única saída,
entramos numa parceria linda com Ele em nossas lutas. Jesus é nosso
Protetor e nosso Resgate: o Homem que veio até nós e deu tudo por amor
está perto de nós e conhece intimamente a nossa dor. Durante os tempos mais
difíceis e nebulosos, quando a maioria das pessoas se afasta de nós, Ele
chega mais perto de nós. Ele pega nossa mão, não como alguém que tenta
(em vão) entender o que estamos passando, mas como alguém que realmente
passou por aquilo e que nos ajuda a continuar passando por cada um desses
momentos.
110
fim de sermos ajudados em tempo oportuno.” (Hebreus
4.15,16)
111
do próprio Deus, Davi ainda conseguia fazer uma quantidade considerável de
besteira e causar dor a si mesmo e à sua família. A narração de sua vida
passa por grandes feitos para Deus até o adultério, a edificação de um
ministério de oração até o drama de ter seus próprios filhos reconhecidos
como homicidas e fratricidas. Davi exibiu qualidades de delicadeza e astúcia,
quase sempre dividindo a mesma página. Provavelmente houveram momentos
em que Davi, o escritor dos Salmos que falam tão eloquentemente sobre a
proximidade de Deus, deve ter se sentido muito, muito só... mas sabemos,
pelo estudo de sua vida por inteiro, que Deus se aproximou dele mesmo em
suas falhas. Na verdade, alguns de seus Salmos mais doces foi escrito à luz
da proximidade de Deus e Davi, quando ficou claro que Davi havia falhado.
No Salmo 51, Davi descreveu seu fracasso com riqueza de detalhes, mas
terminou a passagem apontando aquilo que havia aprendido sobre o caráter
de Deus: que até mesmo em nosso pecado e debilidade, o Senhor
invariavelmente se aproxima de nós.
Deus tem estado ao nosso lado durante toda a caminhada de nossa vida,
inclusive quando nos deparamos com os percalços do pecado. Ele nos perdoa,
sente nossa dor por termos falhado e nos protege, não se lembrando da nossa
enorme quantidade de pecado. Ele conhece os as coisas vergonhosas que
fizemos e, ainda assim, acredita em nós e nos trata com a honra que não
merecemos nem sequer trabalhamos para receber. Isso é que é intimidade em
meio à nossa luta.
Existe uma dimensão de intimidade que parte do coração de Deus para
nós, até mesmo no exato momento em que fazemos algo errado. É a
112
expressão mais radical de perdão que já existiu. Enquanto estava pendurado
na cruz sentindo uma dor perturbadora, sendo humilhado diante da multidão e
sentindo a angústia da iminente separação de Seu Pai, Jesus estendeu Seu
amor muito além da expectativa de qualquer humano: “Pai, perdoa-lhes...”
Aquelas três palavras são a marca de um coração que se move em intimidade,
mesmo em face de dificuldade sem precedentes. Essas são as palavras ditas
por Aquele que deseja profundamente ser nosso par no nível mais profundo,
mesmo nos nossos piores dias. Ele verdadeiramente quer nos conhecer em
nossos sucessos e em nossas falhas. Abraçar somente os momentos de
alegria, ignorando os momentos de dor não é intimidade real, é conveniência.
113
Existe um segundo nível de sacrifício, entretanto, que vai um pouco além
desse mencionado acima. Este não é um sacrifício que se faz para se receber
algo em troca. Estes sacrifícios não são meramente “toma cá, dá lá”,
dependentes de uma vida de reciprocidade relacional, mas são uma extensão
de Cristo habitando dentro de nós. Não é difícil encontrar exemplos de
sacrifício a vida de Cristo. Sua vinda à Terra encarnado na forma de homem foi
um sacrifício que não podemos compreender completamente (João 1.1-5).
Passar de Sua posição à direita de Deus, o Pai, nos Céus para se tornar
humano e, então, fazer-se pecado para que fôssemos feitos justiça de Deus foi
uma demonstração de sacrifício em que poderemos nos maravilhar para
sempre. Os anjos devem ter ficado assombrados e desconcertados enquanto
assistiam-No descer à Terra e subir à cruz.
114
Nesses momentos de sacrifício legítimo da nossa parte, nos aproximamos
do caráter de Jesus. Isso explica porque a fúria do inferno parece ser liberada
sobre nós nesses momentos. Todos os tipos de sentimentos entram em
nossos corações: “Será que vale mesmo a pena? Mas será que ninguém vai
perceber que eu estou pagando tão caro por isso?” Nesses momentos, mesmo
tendo feito o sacrifício inicial com o coração disposto, muitos se pegam
vacilando em sua decisão de ficarem firmes até o fim. Essa pessoas sacrificam
por fora, mas por dentro eles querem se levantar e gritar: “Estou sacrificando,
mas não gosto disso e quero que o mundo todo saiba!”
Em toda a história pode-se ver momentos em que o coração de Jesus foi
atraído para mais perto daqueles que conheceram o sacrifício. Desde os
mártires do primeiro século à mãe do século XXI que dá aulas em casa para os
seus próprios filhos, Seus olhos são atraídos para aqueles que entregaram
sem esperar ser notados por outras pessoas. Ele vê nossos corações e
conhece todas as coisas; isso nos encoraja a seguir em frente. Em intimidade
com Ele, encontramos forças para continuar. A frustração vai embora quando
confessamos: ”Eu consigo fazer isso. Eu posso todas as coisas através de
Cristo que me fortalece.” No final das contas, encontraremos até mesmo
alegria em nos derramarmos em sacrifício. Paulo conhecia o que é ter
intimidade com Cristo em tempos de sacrifício. O pequeno evangelista judeu
que queimava por dentro e que no passado chegou a gastar tempo
perseguindo os Cristãos agora havia se tornado o líder apostólico sobre muitas
novas congregações Cristãs. Ele foi chamado para dar a si mesmo: sua
energia, seu tempo, até suas emoções eram ofertadas a esses crentes.
115
Para conhecê-lo, e... à comunicação das suas aflições,
sendo feito conforme à sua morte...” (Filipenses 3.8-10)
Aquele que nos gerou no ventre de nossas mães e que vê nossa grandeza que
durará toda a eternidade é Aquele que direciona as nossas vidas hoje. Ele
planejou os nossos destinos proféticos e conhece nosso design único, a maneira
como fomos formados e criados, como somente um Criador poderia conhecer.
116
“SENHOR, tu me sondaste, e me conheces. Tu conheces
o meu assentar e o meu levantar: de longe, entendes o
meu pensamento. Cercas o meu andar... e conheces
todos os meus caminhos. Sem que haja uma palavra na
minha língua, eis que, ó Senhor, tudo conheces... Tal
ciência é para mim maravilhosíssima... Pois possuíste os
meus rins; entreteceste-me no ventre de minha mãe... de
um modo terrível e tão maravilhoso fui formado... Os meus
ossos não te foram encobertos, quando, no oculto, fui
formado e entretecido... Os teus olhos viram o meu corpo
ainda informe, e no teu livro todas estas coisas foram
escritas; as quais iam sendo, dia a dia, formadas, quando
nem ainda uma delas havia.” (Salmos 137.1-16)
117
em si normalmente expressa incerteza, insegurança e até mesmo indiferença.
Pode até parecer que alguns desses adultos não pensam nem um pouquinho
sobre o que querem fazer. Mas Deus pensa bastante sobre o que Ele criou
para nós. A verdade é que esses adultos pensaram demais, perderam muitas
horas de sono e oraram muito sobre o que eles querem fazer. Entretanto,
quando pedimos a eles que verbalizem, eles ficam com a língua presa. Porque
será que isso acontece?
Há uma falsa piedade ou falsa humildade que nos faz negar as paixões
dos nossos corações. Isso tem origem na margem extremista-legalista do
movimento de santidade. Fomos condicionados a acreditar que se algo é
prazeroso, então, deve ser errado. Se há algo que realmente amamos fazer,
então, isso deve atravancar totalmente o plano de Deus para o universo. Deus
não é igual a diversão. Ou alegria. Ou prazer. Como resultado, uma pessoa
que, aos oito anos de idade, costumava falar de vários planos de vida, de
repente se torna quieta como um ratinho quando a ideia de destino surge na
conversa (agora que ele já passou dos 25). Destino? Que isso... Nunca! Não
eu! Eu só quero servir ao Senhor... E se você pudesse ter as duas coisas? E
se você pudesse buscar os sonhos que estão dentro do seu coração e servir
ao Senhor de todo o coração ao mesmo tempo, nesta vida e na vida futura? É
possível. Na verdade, muito provavelmente você não consiga fazer um sem
antes ter o outro.
Salmo 37.4 diz: “Deleita-te, também, no Senhor, e Ele te concederá o que
deseja o teu coração.” Esse versículo tem sido interpretado de inúmeras
maneiras. Já escutei alguém dizer que se você ama a Deus de todo o coração,
Ele irá pingar essa bençãozinhas no meio do seu caminho... aquele carro que
você prometeu que teria, por exemplo, ou um lugar ao sol com cerquinha de
madeira branca e tudo. A extensão lógica dessa linha de raciocínio parece
uma belo de um encontro para fazer uma troca com Deus, um plano pré-pago
de “uma bênção por uma oração” que faz d’Ele um Papai Noel celestial ao
invés de ser um Pai amoroso. Também já ouvi que se você se deleitar n'Ele,
Ele irá sobrenaturalmente implantar desejos em seu coração que, na verdade,
são os desejos d'Ele. Embora essa não seja uma afirmacao completamente
irracional e que seja claro que Ele planta desejos em nossos corações, se
118
agarrar a essa perspectiva pode nos fazer ver a Deus como um ventríloquo,
que nos manipula para que façamos Sua vontade, mas nos convencendo de
que essa é a nossa vontade. Levar essa ideia longe demais produz uma
imagem de um Deus que faz lavagens cerebrais em você a fim de que você
pense que deve se sentir feliz por estar sob os efeitos de Sua astúcia.
Eu penso que existe uma terceira maneira de olhar para a intimidade com
Cristo, expressa através das paixões dos nossos corações. E se, no momento
que nos tornamos pessoas, tivéssemos sido projetados para certos
propósitos? Será que Ele implantou os desejos de nossos corações dentro de
nós, não na forma de um contrato condicional, mas como extensões de quem
nós realmente somos?
Há uma razão pela qual você sente prazer quando faz certas coisas. Talvez
essas sejam as coisas que você foi criado para fazer. O pregador que encontra
tanta satisfação em pregar para cinco tanto quanto para cinco mil pessoas foi
feito para pregar. A musicista que fica contente tanto tocar numa sala de
oração vazia tanto quanto fica quando a sala está cheia de adoradores foi
criado para fazer música. O homem (ou a mulher) de negócios que sente
grande satisfação em um trabalho bem feito foi criado para esse tipo de
atividade. Deus colocou esses desejos em seus corações e quando essas
pessoas os expressam, Ele se chega mais perto delas de uma forma especial.
Deus conhece intimamente o que está em cada um de nós. Ele compreende
completamente as paixões que Ele desenvolveu especificamente para nossos
corações e quando as expressamos, Ele sente alegria em Seu coração e Ele
tem intenções de nos fazer sentir uma porção dessa alegria.
Eric Liddell estava na equipe de atletismo britânica durante as Olimpíadas
de 1924. A história de sua carreira e o quanto ela afetou sua vida no campo
missionário é muito famosa, graças ao filme Carruagens de Fogo. No filme,
quando questionado sobre sua decisão de correr, ele responde: “Acredito que
Deus me fez com um propósito, mas Ele também me fez capaz de correr
rápido. E quando eu corro, eu sinto Seu prazer.” Compartilhar das paixões do
coração de outra pessoa é uma forma de intimidade extremamente pessoal e
nos leva a replicar a pergunta: “Jesus, quais são as paixões do Seu coração?
O que eu posso fazer que me permitirá sentir Seu prazer?” Quando cremos
119
que Ele compartilha de nosso entusiasmo por certas coisas, começamos a
perguntar mais intencionalmente o que O faz feliz. Saber que Ele compartilha
paixões que são particulares às nossas personalidades faz-nos desejar mais
de Suas paixões, de Sua personalidade. É o desenvolvimento natural da
intimidade: começamos a nos sentir mais unidos com Ele.
A intimidade sem ter do que se envergonhar é um conceito perdido para a
maioria das pessoas. Elas viveram vidas inteiras de relacionamentos baseados
em trocas do que qualquer outra coisa que lembra a intimidade. Tudo que elas
já viram que se aproximava de intimidade quase sempre envolvia a vergonha
de saber que isso estava acontecendo fora de um relacionamento de aliança.
Para um mundo desejoso por intimidade sem ter do que se envergonhar,
Jesus diz: “Eu vim aqui te encontrar. Vou me alegrar junto com você no seu
sucesso. Vou chorar com você durante os tempos de fracasso e pesar. Verei e
entenderei seus sacrifícios e vou comemorar e afirmar as paixões que fazem
de você único por toda a eternidade. Serei verdadeiramente íntimo de você: te
conhecerei e você Me conhecerá e não haverá motivo de vergonha nisso.”
120
CAPÍTULO SEIS
121
proclamou sobre o povo de Israel. Essa afirmação não é somente uma
sentença informativa, mas uma profecia dos Céus: chegará o tempo quando os
seguidores de Deus O seguirão com um amor de todo o coração, e não como
um ritual descuidado ou nem com indiferença casual. Seu povo será composto
de pessoas que O amam radicalmente e que são perdidamente apaixonadas
por Ele. Sim, Deus terá um povo que O ama com toda sua energia. Desde já o
Espírito Santo está enfatizando essa verdade ao redor do mundo: ”Ame ao
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração.”
Deus restaurará o primeiro lugar do Primeiro Mandamento no Corpo de
Cristo. E quando isso acontecer, dedicaremos nossa afeição mais profunda
para Deus. A “alegria por se estar doente de amor” é incendiária. Há alegria e
poder em estar apaixonado por Jesus. O amor leal e santo nos liberta do
esgotamento causado pelo tédio espiritual. O tédio nos faz vulneráveis à
destruição, mas Deus nos dá o poder de sermos apaixonados simplesmente
porque Ele é um Deus apaixonado. Amar a Deus com toda nossa força fala de
amá-Lo sem nem um pouco de nossa energia ser suja, esgotada ou sequer
diminuída. Não podemos funcionar da maneira adequada até que
entreguemos nossos corações de maneira apaixonada para Deus. Ter um
coração parcialmente dedicado nos rouba a glória a nós devida como seres
humanos. Ansiamos por amar a Deus de todo o coração e refutamos ter
contaminação ou concessões em nossos corações e em nossas vidas. Deus
foi quem nos Deus o desejo de amá-Lo de todo o coração e quando
permitimos e pedimos que Ele o faça, Deus nos dá poder para sermos
pessoas que amam de todo o coração, então, em resposta à nossa entrega
total Ele nos ama e Se dá a nós de todo o Seu coração.
Somente planamos sobre as alturas de nosso potencial humano quando
amamos a Deus completamente. A Igreja esgotada de hoje em dia precisa de
uma visão dos prazeres que vêm de se amar a Deus. Foi exatamente o desejo
de ter essa visão estabelecida na Igreja que me impulsionou a escrever Os
Prazeres de Amar a Deus (Tradução Livre: The pleasures of loving God) em
2000. A insistência de Deus em que O amemos de todo o nosso coração não é
para Sua própria satisfação. Ele não é um narcisista inseguro que procura os
seres que criou para receber afirmação. Ele sabe exatamente quem é do que é
122
capaz. Sua insistência em que O amemos de todo o nosso coração é para
nosso próprio benefício: amar a Deus de todo o coração nos permite
experimentar as alturas e a completude do que é ser um humano.
Nossa capacidade emocional para amar é imensa. Fomos criados para o
amor e Deus irá nos dar poder para receber Seu amor, para amá-Lo de volta e
para amar aos outros. É preciso Deus para amar a Deus e é necessário que
recebamos o poder sobrenatural de Deus que nos capacita a amá-Lo.
Portanto, a obra sobrenatural de Seu Espírito nos dá poder para caminhar em
obediência total. Paulo descreveu isso dessa forma: “o amor de Deus está
derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo...” (Romanos 5.5). o
Espírito Santo derrama a afeição de Deus no coração humano não importando
a personalidade, o histórico de escravidão, as feridas ou o estado de
devastação em que a pessoa se encontre. É uma atuação sobrenatural que
transcende a condição humana.
Essa revelação graciosa do amor é a única forma de capacitação para
vivermos como a Noiva de Jesus, unida a Ele por toda a eternidade. Nossa
recompensa primária é ter o poder de amar. Nosso desejo por Deus é um
presente d'Ele para nós. Nossa recompensa é sentir e receber amor e, então,
corresponder a ele pelo poder de Deus. Nossas vidas não são medidas por
quanto nossos ministérios cresceram, mas por quanto crescemos em amar a
Deus e subsequentemente amar aos outros. Mesmo durante esta vida
podemos apreciar a grande recompensa de recebermos poder para amar
como a preocupação primária de nossas vidas. É um prazer além de qualquer
coisa a que possamos comparar. Davi falou dessa alegria encontrada na
devoção quando escreveu “Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu;
sim, a tua lei está dentro do meu coração.” (Salmo 40.8)
123
Essa capacidade de ter afeição nos leva a alturas de glória inimagináveis, mas
também pode ser nossa ruína, nos levando à profundidades agonizantes de
perversão. A capacidade de um indivíduo de sentir desejo ardente, quando
negada, libera uma capacidade terrível de destruição. As emoções podem nos
levar a alturas muito além da alcançada pelos anjos se dissermos “sim” para a
graça de Deus, mas pode também nos levar aos lugares mais baixos de trevas
se dissermos “não” a ela.
Êxodo 20.5 diz: “... porque eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso...”
Deus tem zelo, emoções ardentes por nós e nos criou para que tivéssemos as
mesmas emoções em correspondência às d'Ele. Um exemplo disso é visto no
zelo que Finéas tinha por Deus nos tempos de Moisés.
SANTO ROMANCE
124
Como já foi mencionado, a mensagem do Evangelho sobre santidade não está
centrada em rangermos nossos dentes e nos esforçarmos mais. Ao invés
disso, ela traz as pessoas para o que costumo chamar de o “Santo Romance
do Evangelho”. Esse não é um termo encontrado nas Escrituras, mas é uma
forma que, há anos, eu uso para descrever o que acontece no coração
humano. As palavras Trindade e Arrebatamento também não são termos
bíblicos, mas ambos são perfeitos para descrever verdades bíblicas
importantes. Quando digo “santo romance”, me refiro ao que acontece quando
o coração de uma pessoa se enche de alegria por receber o santo amor de
Jesus e também sente um santo amor por Ele. Esse é um amor que faz com
que seres humanos ofereçam sacrifícios enormes em um número incrível de
áreas em suas vidas, enfrentando até mesmo a morte.
125
parece ser completamente diferente porque já não importa o que aconteça, um
canção enche nossos corações, nos emociona e nosso homem interior se
derrete por Deus. quando Jesus é nossa recompensa principal, podemos
perder tudo o mais pelo Evangelho (podemos ir para a prisão, podemos sofrer
dores físicas, podemos ser torturados) e ainda assim sabermos que obtivemos
sucesso.
126
devoção. Desde historias de atletas escalando montanhas e alcançando as
estrelas tão distantes, amamos histórias de pessoas que entregam tudo
porque essas são histórias que ressoam fundo em nós e nos falam sobre a
maneira como fomos criados para viver! Não há nada mais convincente ou
atraente que o desejo combinado com o comprometimento que vai além e que
é elevado acima das regras.
Hollywood lucra bilhões de dólares com filmes que proclamam o amor
corajoso e ardente. Cada história de amor que é contatada causa o mesmo
impacto, mas as pessoas ainda se aglomeram nas salas de cinema para
assistir ao mesmo enredo vez após outra. E porque isso acontece? Porque
algo em nós anseia pelo amor que não conhece limites, um amor que abraça
qualquer sacrifício na busca pelo ser amado. De Romeu e Julieta a
Casablanca, os contos clássicos que atravessam os séculos são aqueles que
sustentam um amor radical a qualquer custo. Muito frequentemente, eles
terminam em tragédias porque isso é tudo que sabemos sobre os nossos
esforços terrenos por alcançar apenas as sombras do que é o amor
verdadeiro. Mas eles comunicam a verdade de que a vida, em si, só vale a
pena ser vivida se o coração arder de amor. Isso nos alimenta. Nos alegamos
em ver a paixão em outras pessoas e celebramos àqueles que amam de todo
o seu coração porque amamos amar dessa forma. A razão pela qual amamos
amar dessa forma é porque Deus nos criou para amarmos dessa maneira.
Essa é a glória do Evangelho.
Nenhum prazer é mais intenso que o prazer que vem de recebermos o
amor de Deus, Sua paixão, Seu coração em relação ao espírito humano. Isso
é o melhor que pode haver para se viver. Tais momentos de ternura com Deus
nos fazem com que a vida, o amor e a vitalidade espiritual ressoem
profundamente em nós. É claro que não experimentamos uma percepção total
do amor de Deus nesta vida. Tais toques dramáticos da presença de Deus
vêm e vão. Somente nos Céus sentiremos o êxtase contínuo de Sua presença.
Durante meus momentos de intimidade com Deus, eu digo para mim mesmo e
para Ele: “Ah, sim, eu gosto da vida. A vida é boa!” Enquanto Deus derrama
Seu amor dentro de mim, esse mesmo amor flui de volta de mim em direção a
Ele. E enquanto eu O amo de volta, uma revelação ainda maior de Sua afeição
127
e beleza vêm para mim e esse ciclo fica cada vez melhor e melhor. Ainda
assim, há um amor maior, mais profundo que está a caminho dos corações
das pessoas na era por vir.
Quando os eventos que aumentarão a pressão por toda a parte começarem
a acontecer, a Igreja somente será preparada quando receber poder por meio
do santo romance com Deus. a Igreja enxergará as dificuldades dos últimos
dias (até mesmo o martírio) pelas lentes do amor. Ao passo que o julgamento
momentâneo de Deus for consumindo o mundo e seus habitantes, a Noiva de
Cristo nos últimos tempos verá a mão misericordiosa de Deus e Sua bondade
manifestas. A Igreja precisa focar sua visão nesse santo romance para que
possa ver a Jesus, o Juiz quando Ele trouxer o julgamento às nações do
mundo na Grande Tribulação. Não compreenderemos os julgamentos de Deus
se não recebermos a revelação de que eles virão como resultado do amor de
um Noivo por Sua noiva.
128
transbordando de prazer por Seu povo (Cantares 4.9). Em Cantares de
Salomão, a noiva tem essa compreensão sobre o rei ao declarar: “Sou do meu
Amado e Ele me tem afeição.” (Cantares 7.10) Que afirmação! De um coração
consumido pela revelação do desejo de Deus, a noiva proclama que ela
pertence ao rei e porque ela pertence ao rei.
Além de nossa purificação legal diante de Deus, a salvação inclui
intimidade com Deus, um relacionamento que envolve dar e receber afeição
profunda, uma troca entre os nossos corações e o de Deus. Ao passo que
Deus comunica Seu desejo e afeição por nós, respondemos de maneira
similar. Como João disse, “Nós O amamos a Ele, porque Ele nos amou
primeiro.” (1 João 4.19). Uma compreensão intelectual dos aspectos legais,
isoladamente, não é suficiente. Porque? Porque fomos criados para e
queremos ter mais paixão por Deus que pelo advogado que nos ajuda a não
sermos obrigados a pagar aquela multa por excesso de velocidade.
Precisamos compreender o que Deus sente por nós; a revelação de um Deus
amoroso e apaixonado precisa pulsar no centro de todos os nossos
ministérios, que seja de ensino de outros sobre como receber a salvação,
ministrando cura aos doentes ou liderando um grupo caseiro. Embora Deus
seja completamente auto-suficiente, Ele deseja receber o nosso amor. Ele, que
não tem nenhuma necessidade de nos ter por perto, é farto de desejo por nós.
O Primeiro Mandamento deve ser o primeiro em nossas vidas ou viveremos
entediados e vulneráveis a Satanás. O coração humano não funciona
adequadamente se for parcialmente dedicado. Assim, ele se tornará passivo e
ficará vulnerável a muitos desejos destrutivos. Para sermos emocionalmente
completos, precisamos de devoção. Alguns ministérios de aconselhamento na
Igreja falham ao tentar ajudar as pessoas a encontrarem completude
emocional sem insistir com elas que o que realmente precisam é oferecer
devoção a Deus. a devoção é necessária para que tenhamos saúde
emocional. Muitos crentes tentam encontrar segurança e alegria na graça de
Deus sem se permitir entregar totalmente a Deus. Eles procuram uma forma
de fazer com que a graça reforce seu estilo de vida carnal.
129
O PODER DE VIVER POR AMOR
Viver por amor e encontrar forças no abraço de Deus irá revolucionar nossas
vidas Cristãs. As pessoas que estão apaixonadas desistem com uma
frequência muito menor que aqueles que não estão amando. Só o fato de estar
apaixonado nos dá forças e tenacidade quando somos tentados a desistir. Ser
amante de Deus não somente reduz nossa fadiga, mas também reduz a
tentação. Isso acontece porque encontramos menos satisfação no pecado.
Uma enorme parcela do pecado no Corpo de Cristo vem da resposta que as
pessoas encontram para a dor, para o medo e para a necessidade de
encontrar conforto. O pecado é um falso conforto que as pessoas usam como
uma muleta para lhes ajudar a atravessar os períodos de dor. Muitas pessoas
caem em pecado porque sentem-se feridas e abandonadas por Deus e pelas
outras pessoas. Elas estendem suas mãos para o conforto imediato encontra
no status, nos lucros financeiros ou nas expressões erradas da sexualidade.
Aqueles que são espiritualmente satisfeitos não são isentos de pecado, mas
definitivamente pecam menos.
Ser um amante de Deus reduz a quantidade de conflitos em nossos
relacionamentos: as pessoas felizes brigam menos. Todos nós somos
caluniados em algum ponto de nossas vidas e nem sempre respondemos da
melhor maneira a tais ataques feitos a nós. Entretanto, quando experimento a
presença de Deus, brigo menos com as pessoas e respondo às situações
difíceis de formas que refletem mais o caráter de Deus.
Em 2 Coríntios 5.14 Paulo escreveu que “Porque o amor de Cristo nos
constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos
morreram.” Ao escrever isso, ele foi motivado pelo amor a Deus. O amor a
Deus operou nele e lhe deu poder para fazer todas as coisas que fez. Esse é o
poder de viver em Deus. Eu encorajo as pessoas a focarem em ter mais prazer
em Deus e não em esforçarem-se mais por vencer o pecado. Muitas pessoas
são movidas pelo medo ao invés de serem motivadas pela afeição que têm por
Deus. Me torno muito mais fiel em meus compromissos quando o Primeiro
Mandamento está em primeiro lugar em minha vida. Satanás quer minar nosso
amor por Jesus ao nos desviar e nos distrair da simplicidade do amor enlevado
130
e da devoção (2 Coríntios 11.3). Satanás tenta nos desviar do caminho que
nos leva a conhecer o amor e a gentileza de Jesus que nos são oferecidos e,
assim, nos atrapalhar de corresponder a Ele à altura. Quando não nos
sentimos apreciados por Deus mesmo em nossa fraqueza, começamos a nos
distrair da pura devoção.
É sempre bom pensar no que Jesus realmente quer. Jesus é o Filho de Deus,
que esteve presente na criação e que se assenta para sempre à direita do Pai.
É difícil imaginá-Lo desejando qualquer coisa. O que podemos dar a um Deus
que tem tudo? Somente o que Ele desejar... e Ele deseja nosso amor de todo
o nosso coração. O Próprio Jesus expressou o que Ele quer: Pai, “que o amor
com que me tens amado esteja neles.” (João 17.26)
Deus quer amantes voluntários. Jesus não está planejando sequestrar uma
Noiva de uma tribo estrangeira e arrastá-la contra sua vontade. Ele tem a
intenção de ganhá-la por inteiro para Si Próprio com todo o seu consentimento.
Nessa passagem, Jesus estava, na verdade, dizendo ao Pai: “Você disse que
haveria um povo que Me amaria como Você Me ama, Pai.” Jesus estava
pedindo ao Pai que revelasse sobrenaturalmente o amor do Pai pelo Filho a
nós, criando amantes voluntários que são tão completamente vencidos pelo
amor que somente pode-se comparar seu amor à forma como o Pai ama o
Filho. Essa oração será respondida cada vez mais completamente ao passo
que o Primeiro Mandamento prevalece na vida daqueles que são povo de
Deus ao redor do mundo. O zelo santo do Pai e o amor por Jesus irão encher
os corações do povo de Deus. Imagine o efeito da afeição e da fascinação por
Jesus que vêm do amor transbordante que o Pai sente por Seu Filho. É isso
que Jesus pediu que nós recebêssemos.
Em João 17 a oração do Sumo Sacerdote que encerrou Seu ministério
antes que Ele fosse para o Jardim de Getsêmani e, finalmente, para a cruz.
Tudo pelo que Jesus orou, essencialmente, é uma promessa profética que não
pode falhar. Ele não orou erroneamente; tudo que o Senhor pediu ao Pai
131
nessa oração irá acontecer. Eu penso que essa é a oração das orações, a
oração que deve ser nosso modelo ao pedir por crescimento em desejo por
interceder. A igreja amará a Jesus tão intensamente quanto o Pai O ama. O
Deus apaixonado nos dará poder para sermos apaixonados. O amor que o Pai
tem por Seu Filho será revelado a nós e não nos satisfaremos até que nos
entreguemos apaixonadamente em correspondência ao amor d'Ele. Não há
realização maior que ser apaixonado por Deus e encontrar satisfação nisso.
O Pai está comprometido com a ideia de ver Seu povo desperto em suas
afeições por Jesus; um povo que vê e sente o que Deus vê e sente quando
olha para Seu Filho amado. O Pai é zeloso quanto a ter uma Igreja apaixonada
que ama a Jesus como Ele O ama. E Ele não falhará em fazer com que isso
aconteça. Um avivamento de conhecimento íntimo de Deus está a caminho e,
como resultado, a Igreja será cheia de santa paixão pelo Filho. A intimidade e
a paixão divinamente inspiradas estão na agenda do Espírito Santo porque
essas são as orações de Jesus.
Começamos a IHOP com estagiários, pessoas jovens que vinham para dar
tudo que tinham para Deus. Algumas páginas atrás mencionei que, passados
alguns anos da chegada desses estagiários, muitos deles se apaixonaram e se
casaram. Logo após veio a onda desses jovens casais com bebês.
Atualmente, estamos na fase de ter muitas crianças pequenas em nossa
comunidade. Crescer no ambiente de uma Casa de Oração faz com que essas
crianças pensem que é normal gastar tempo na sala de oração. Ser filho de
líderes de adoração e de oração faz desse pessoalzinho frequentemente
levarem as coisas espirituais a sério na sala de oração: eles cantam com toda
sua força, dançam e até oram no microfone uma vez ou outra. Eles também
dormem. Na verdade, se eles não estiverem fazendo uma dessas coisas
citadas acima, estão fazendo outra. Se estiverem acordadas, essas crianças
adoram de todo o coração. Fomos feitos para oferecer devoção a Deus. Isso
132
toca uma corda bem no fundo de nosso ser porque é assim que as coisas
deveriam ser; sabemos em nossos corações que fomos criados para isso.
Muitas pessoas chegam à conclusão que Deus quer que elas vivam uma vida
de devoção, então, elas tomam a iniciativa de se comprometerem com Jesus e
até mesmo declaram que o fizeram para as pessoas ao redor. “Vou fazer certo
dessa vez. Vou viver em devoção ao Senhor!” Elas indubitavelmente estão
comprometidas a ser algo, mas não têm ideia de como isso vai ser. Após seis
meses de desânimo, elas desistem. Foram sinceras no início, mas, por falta de
exemplos, fracassam. Ao buscar um modelo de como viver em devoção,
precisamos olhar além das palavras de Jesus e reconhecer que nosso amor
pode Deus deve ser expresso por nossa obediência e não pelo mero
sentimento religioso.
133
Viver com o coração parcialmente dedicado a Deus é um jeito horrível de
se viver. Seguidores com oferecem seus corações pela metade têm Deus
demais para conseguirem apreciar o pecado e têm pecado demais para
conseguirem apreciar Deus. Eles ficam para trás, perdidos em algum lugar no
meio de uma séria dicotomia espiritual, e frequentemente são bastante
miseráveis. Enquanto consentem com palavras sobre a superioridade das
coisas de Deus, eles se entregam muito mais às coisas que alimentam sua
carne. Até que alcancemos um estado de entrega total de nossos corações
diante de Deus, jamais seremos eficazes ou completamente satisfeitos.
Porcentagens assustadoras de pessoas no Corpo de Cristo vivem vidas
meio entregues e aceitam isso como algo normal. Na África, onde séculos de
superstição e animismo impregnantes, uma cultura Cristã radical de oração e
de jejum está em pleno crescimento. Na antiga União Soviética, os Cristãos
estão começando a serem postos em altos cargos e levam sua fé professa
juntamente com eles. Os Cristãos da China estão evangelizando e ensinando
novos crentes para viverem sua fé em meio à perseguição... enquanto isso,
crentes americanos vão aos seus cultos padronizados logo após terminarem
de assistir seus programas de televisão favoritos porque nada mais consegue
prender sua atenção por mais de uma hora. Porque existe essa diferença tão
drástica? Será que as almas dos chineses são mais fortes que as almas dos
americanos? Será que estamos sendo ninados por nossa própria liberdade e
sucesso? Com certeza somos feitos da mesma matéria-prima dos outros
crentes ao redor do mundo, pelo menos em nossa essência. Então, como é
que explicamos nossa superficialidade espiritual evidente? O que está por trás
de nosso Cristianismo tão parcialmente dedicado no mundo Ocidental?
Creio que parte da resposta está na ausência de qualquer desafio a viver
uma vida de devoção em amar e obedecer a Jesus. Ao invés de escutarmos a
descrição do que é o estilo de vida Cristão normal tão claramente definido no
Sermão do Monte (Mateus 5-7) em pregações, recebemos uma mensagem
que é tão diluída que os primeiros Cristãos mencionados no Livro de Atos mal
a reconheceriam. Hoje em dia, muitos dos que vão às reuniões da Igreja estão
correndo o sério risco de acreditar que essa versão fraca e aguada do que
Jesus disse é o verdadeiro Cristianismo. Isso faz com eles sejam iludidos em
134
suas rotinas diárias e faz com que eles fiquem com suas vidas espiritualmente
estagnadas, muito embora eles visitem semanalmente um local de reunião da
Igreja. Não lhes falta fé, mas sim visão e liderança. Lhes falta a habilidade de
enxergar com o quê se parece uma vida vivida com devoção, de fato.
O amor a Deus fará com que você seja “espiritualmente violento” pelo Reino
de Deus; violento suficiente para permanecer firme durante a perseguição e
até mesmo sofrer o martírio. A Bíblia diz que aqueles que são violentos
tomarão o Reino de Deus pela força (Mateus 11.12). Um amor santo e violento
fará com que vivamos de uma forma completamente diferente diante de Deus.
a paixão por trás desse amor é tão forte, tão violenta que nos manterá a salvo
de sequer uma vez desistir ou abrir mão. Que nossos corações sejam
moldados na forma de uma noiva perdidamente apaixonada e que nos
tornemos indivíduos como João Batista, que jejuou e viveu no deserto para
que seu amor a Deus pudesse ser cultivado (Mateus 11.18).
Nosso maior prazer vem de nos alimentarmos na pessoa de Jesus. Nossa
busca incessante por intimidade com Ele requer jejuar de comida porque isso
leva nosso corpo a ter um relacionamento apropriado com a vida do Espírito.
Enquanto jejuamos comida, buscamos nos alimentar de Jesus. O jejum não
restringe nosso prazer: ele na verdade o aumenta.
Isso te parece estranho? É porque vivemos numa cultura em que pensa ao
contrário. Fomos ensinados que experimentaremos mais da vida se mimarmos
nossos corpos. Isso é errado e até mesmo num nível meramente natural.
Embora nossas almas vivam em corpos físicos, elas não foram feitas para
serem escravizadas pelos prazeres e paixões físicas. Se queremos que nosso
homem espiritual ganhe controle sobre nossa carne, precisamos
deliberadamente silenciar as compulsões de nosso homem natural. Somente
por meio da negação adequada de algumas de nossas paixões carnais é que
poderemos experimentar os prazeres superiores da vida no Espírito em ambos
os aspectos físico e emocional. Além disso, Deus, na verdade, ordenou que o
135
jejum fortalecesse nossos corpos físicos e não o enfraquecesse. Nós
comumente vemos o jejum como uma guerra que decretamos ao nosso corpo
quando, realmente, o jejum seja uma declaração de guerra no mundo
espiritual. É o sistema do mundo que declara guerra contra nós, tanto física
quanto espiritualmente. Deus criou os nossos corpos físicos para jejuarmos. O
jejum nos foi dado por Deus para nos servir e para ajudar as nossas estruturas
naturais a entrar nos lugares elevados em experiências com Deus.
Pense em Maria de Betânia, a mulher que derramou um vaso de alabastro.
Maria não era um dos apóstolos. Ela nunca foi famosa, não escreveu um livro,
não liderou uma conferência nem disse muita coisa, como bem sabemos por
sua história. Seu amor apaixonado era secreto; ela simplesmente amou ao
Senhor avidamente em segredo. Ela pegou tudo o que tinha, todo seu tesouro
terreno, aquele vaso de alabastro cheio de unguento de nardo que valia o
equivalente a trinta mil dólares e o desperdiçou, derramando-o
extravagantemente sobre Aquele a quem ela amava.
“E, estando Jesus em Betânia, em casa de Simão, o
leproso, Aproximou-se dele uma mulher, com um vaso de
alabastro, com unguento de grande valor, e derramou-lho
sobre a cabeça, quando ele estava assentado à mesa. E
os seus discípulos, vendo isto, indignaram-se, dizendo:
‘Por que é este desperdício? Pois este unguento podia
vender-se por grande preço, e dar-se o dinheiro aos
pobres.’ Jesus, porém, conhecendo isto, disse-lhes: ‘Por
que afligis esta mulher; pois praticou uma boa ação para
comigo... Em verdade vos digo que, onde quer que este
Evangelho for pregado, em todo o mundo, também será
referido o que ela fez, para memória sua.’”
136
outro n'Ele. Deus irá recompensar para sempre aqueles que o considerarem o
ouro mais valioso.
137
mais ceder a nada que atrapalhe o desenvolvimento de seu amor por Deus. O
amor maduro nasce de uma “santa violência” que continua quando seguramos
Jesus. Isso nos fala de segurar Jesus resolutamente numa vida de oração, até
que alcancemos as coisas mais profundas de Seu coração. Para um coração
responsivo, essas lutas que passamos pela permissão de Deus, criam
violência espiritual, uma determinação insaciável que é fortalecida pelo Espírito
de Deus para que façamos a vontade de Deus. Essa santa violência, como
resultado, cria abandono: uma decisão de abrir mão de tudo que se põe no
caminho da intimidade com Deus. Um santo comprometimento surge dentro de
nós para que vivamos constantemente num estado de paixão por Deus.
Cantares de Salomão, a canção do Rei para Sua Noiva, precisa ser
ensinado e cantado com revelação e poder. Essa canção irá lavar e restaurar a
Igreja ao mesmo tempo que profeticamente a chama para sentir uma santa
paixão. Esse livro pode ser interpretado em níveis diferentes; tanto como a
história do Rei Salomão cortejando e casando-se com uma jovem pastora ou,
alegoricamente, como a representação de Israel sendo a Noiva desposada de
Deus da mesma forma que a Igreja também é descrita como Noiva de Cristo
no Novo Testamento. Alguns dizem que Cantares descreve o amor de um
homem real por sua esposa. Outros o vêem como o registro de uma história
real em linguagem simbólica com significado espiritual para os crente de hoje.
Eu, pessoalmente, creio que o Espírito Santo interpreta o livro para a Igreja de
todas essa maneiras e podemos aprender com cada uma delas, mas quero
compartilhar com você a maneira pela qual eu fui mais edificado.
Nessa canção de amor dos Céus, eu imagino a virgem como a jovem Igreja
em processo de amadurecimento, a Noiva de Cristo. Vejo uma progressão
espiritual claramente acontecendo nos oito capítulos de Cantares de Salomão.
É um padrão divino que revela a progressão da santa paixão no coração da
Noiva enquanto ela é cortejada pela beleza e esplendor de seu Rei glorioso.
Há, pelo menos, dois benefícios maravilhosos de se meditar nesse incrível
cântico profético. Primeiro, o Espírito Santo desvela para nós as paixões e os
prazeres na personalidade do Filho de Deus. Essa percepção do coração de
Jesus captura os nossos corações de uma forma nova, nos energiza e nos
abre para novas profundidades de paixão por Ele. Segundo, enquanto
138
meditamos nos Cantares de Salomão identificamos nossa posição atual na
progressão divina da maturidade Cristã.
Embora eu sempre tenha sentido um anseio profundo por ser consumido
de desejo por Deus, me lembro de uma manhã específica em meu escritório
quando o Senhor me chamou para proclamar os Cantares de Salomão e a
mensagem da Noiva de Cristo. Eu orava frequentemente, estudava as
Escrituras e me cercava de grande mestres e pregadores, lendo muitos livros.
Mas naquele dia eu me ajoelhei para orar em meu escritório e mal esperava
receber uma nova direção que iria resultar em experimentar uma dimensão
completamente desconhecida de desejo espiritual.
Comecei a orar porque um sentimento diferente começou lentamente a
encher meu coração. Ele cresceu, fez meu coração se emocionar e se tornou
um anseio intenso, uma sede que parecia impossível de saciar. Usei Cantares
8.6 como oração: “Senhor, coloque um selo em mim. Coloque amor ardente
em mim. Coloque um selo em mim, Jesus.” As palavras de desejo começaram
a jorrar dos meus lábios, o desejo por Deus parecia cada vez mais forte, quase
me causando dor. Comecei a chorar; não de dor, de desejo. O anseio por
Cristo ficava ainda mais intenso. Era como se eu estivesse experimentando um
vácuo divino que, na verdade, me sugava para o Próprio Deus. Aquela atração
trouxe meu coração para Sua presença de uma forma nova.
Enquanto eu sentia a proximidade de Deus, meu desejo por Ele se
intensificava. Eu não conseguia fazer muito além de continuar chorando (a
princípio, de desejo apaixonado e depois de alegria e gratidão por Sua
proximidade). Me senti profundamente grato por quem Ele é, por Seu amor,
Sua misericórdia, Sua verdade e perfeição e me senti mais grato ainda por
ainda saber com toda a certeza que nunca imaginei o quanto Ele me amava e
que eu realmente poderia amá-Lo de todo o meu coração e minha força. Sem
querer perder a preciosidade daquele momento, cochichei para minha
secretária um pedido de não permitir que nada nem ninguém me
interrompessem pelos próximos 30 minutos. Fiquei completamente imerso na
presença de Deus.
139
Depois disso, fiquei adorando aos Seus pés por mais ou menos 15 minutos
até que minha secretária repentinamente ligou para minha sala. Com irritação,
perguntei:
— O que é que você está fazendo? Eu ainda não estou pronto para ser
interrompido
— Sinto muito, — ela respondeu — mas tem uma ligação para você e ele
disse que é muito importante que ele fale com você o quanto antes.
Muito nervoso pela distração desses momentos de intimidade com Deus,
atendi à ligação.
— Mike, — ele começou a falar todo animado – tive um sonho com você
na noite passada. O Senhor me deu a impressão clara de que eu
deveria te entregar um versículo específico como uma mensagem d'Ele
para você.
Meu nervosismo foi embora enquanto ouvia as palavras dele.
— Deus quer que você O coloque como um selo sobre o seu coração.
140
dedicada a Deus criaria. Começamos a ter a capacidades de amar a Deus e
aos outros aumentada, uma maior inclinação para servir com o coração alegre
e menos dificuldade em obedecer os mandamentos de Deus. generosamente,
Deus junta tudo isso de forma que sintamos que nós é quem damos algo a Ele;
e, durante todo o tempo, Ele ri de nós, com um pai orgulhoso que sabe muito
bem que Ele é o único que dá alguma coisa na história. É desejo d'Ele, Seu
anseio zeloso que O amemos de todo o nosso coração, da toda nossa alma,
toda a nossa mente e toda a nossa força, nos trazendo para esse lugar
vitorioso de relacionamento íntimo com Ele.
141
142
CAPÍTULO SETE
143
que ultrapassa o fim dos nossos dias de carne e osso. Se o desejo de causar
um impacto é tão inerente à essência de se ter uma alma humana, então,
certamente esse desejo não será totalmente satisfeito na vida que vivemos
atualmente. Ele se realizará na vida eterna, porque fomos projetados para
causar impacto para toda a eternidade.
Fomos criados para fazer coisas relevantes e que tenham significado. Deus
nos projetou para que quiséssemos desesperadamente fazer a diferença na
vida de outras pessoas. Temos a necessidade de saber que fizemos uma
contribuição significativa para Deus e para alguém que Ele estima e de quem
Ele se lembra em todo o tempo. Ter a certeza de que impactamos as pessoas
hoje (enquanto vivemos esta vida conquistando recompensas nos Céus)
satisfaz esse desejo. Uma vida com propósito significa que vivemos de
maneira tal que contribuímos para o enriquecimento de outra pessoas nesta
vida e na era por vir. Trabalhar juntamente com Jesus no despertamento de
outros corações para amá-Lo é essencial para nossa saúde emocional.
144
se conter e sai por aí espalhando para os outros pacientes na ala dos
pacientes de câncer do hospital. O desejo por fazer com que outros exultem
com boas novas é fundamental para nossa humanidade.
Deus nos chamou para a fidelidade nas pequenas coisas e isso nos faz
compreender que as pequenas coisas são importante porque são estimadas e
lembradas por Deus. Ele avalia e recompensa as nossas vidas na eternidade
baseado nas pequenas coisas que fizemos nesta vida. Saber disso nos
fortalece e nos dá a confiança silenciosa para sermos fieis e diligentes
enquanto instila um senso de significância em nós. Isso tem um efeito
poderoso sobre nossos corações, nos motivando a buscar um impacto
duradouro nesta vida e na vida por vir.
Facilmente nos preocupamos em buscar o que parecer ser significante para
nós em detrimento do valor da fidelidade nas pequenas coisas. Entretanto, o
impacto eterno é quase sempre alcançado por meio de nossa fidelidade nas
pequenas coisas. Poucas pessoas na história foram internacionalmente
reconhecidas como Billy Graham é ou têm a reputação econômica mundial de
Bill Gates. Quando pensamos nisso, percebemos que Deus chamou a apenas
poucas pessoas para fazer coisas grandes. Dos bilhões de pessoas que
existiram em toda a história da humanidade, todas elas foram chamadas para
serem fieis nas pequenas coisas. Para alguns, isso é sinônimo de
insignificância ou irrelevância. Essa afirmação não poderia ser mais distante da
145
verdade. Deus prometeu que se fôssemos fieis nas situações do dia a dia,
recebendo pouco reconhecimento público, Ele irá estimar e se lembrar dessas
coisas para sempre. Podemos causar um impacto duradouro no Reino de
Deus ao sermos fieis nas pequenas coisas.
146
primeiros em honra e privilégio serão os últimos e que os
últimos serão os primeiros (Mateus 19.30). Embora alguns
poucos abracem essa verdade agora mesmo, virá o dia em que
todos compreenderemos quão verdadeira é essa afirmação.
Deborah Hiebert
147
vocês discipularão as nações. Jesus lançou uma missão global que impactaria
suas vidas, desde esta vida até à vida na eternidade. Deus está procurando as
pessoas que querem causar um impacto profundo e duradouro, as pessoas
que irão se juntar a Ele num nível muito além de simplesmente executar um
trabalho ou de buscar a felicidade deles próprios.
Embora alguns possam ver o desejo que têm de causar um impacto
duradouro como serviço a eles próprios, na verdade, as coisas não são bem
assim. Esse desejo não é um sinal de fraqueza, nem tampouco vaidade. Esse
desejo é uma expressão de Deus, à imagem de quem fomos criados.
Historicamente, algumas pessoas na Igreja enterram esse desejo,
confundindo-o com a ambição que não vem de Deus ou com o orgulho
vaidoso. Essas pessoas declaram que dedicar energia a causar um impacto
agora é lutar para se auto-promover ou buscar o prestígio passageiro. O fato é
que somos muito importantes, mas somente encontraremos significância
duradoura se caminharmos em obediência à vontade de Deus para nossas
vidas. O desejo de causar um impacto profundo e duradouro é parcialmente
satisfeito quando nos engajamos em mudar as vidas de outras pessoas, o que,
consequentemente, resulta em recompensas eternas para nós mesmos.
Dentre os desejos que nos foram dados por Deus, está incluso o desejo de
contribuir para as vidas de outras pessoas, tanto aquelas com quem nos
importamos como aquelas que nunca conhecemos antes. A expressão mais
comum desse desejo é a nossa vontade de impactar as vidas de nossos filhos
a longo prazo, de maneira permanente. Queremos influenciar não somente
suas decisões imediatas, mas também o processo de tomada de decisões.
Esperamos que, mesmo distantes de nós, os nossos filhos reflitam no que
aprenderam conosco e respondam à situação de acordo com sua reflexão.
Percebemos isso em frases que ouvimos frequentemente as pessoas dizendo:
“Sua mãe te ensinou direitinho...”, “Seus pais, com certeza, têm muito orgulho
148
de você...”, “Tal pai, tal filho...”, “Você não nega mesmo a raça...”, “Dá para
notar que você foi bem criado.”
Também sentimos vontade de fazer a diferença entre nossos amigos e
colegas de trabalho. Quando vamos conhecendo cada um deles melhor, o
Senhor começa a revelar para nós o Seu coração para com essas pessoas. O
camarada que se senta na mesa ao lado se torna um filho de Deus aos nossos
olhos. A vizinha que mora do outro lado da rua começa a se tornar cada dia
mais preciosa para nós e é aí que pensamos: “O que será que eu posso fazer
para abençoar a vida dela?” Uma vez que experimentamos o gostinho do amor
de Deus, nos tornamos zelosos em compartilhá-lo com os outros. Já não nos
contentamos em explorar a vastidão do amor de Deus sozinhos. Quando
crescemos no Senhor, nos sentimos compelidos a impactar mais pessoas ao
invés de compartilharmos somente com aqueles que estão próximos a nós.
Começamos a orar pela garçonete que está nos servindo, começamos a
profetizar sobre a vida daquele cara que nunca vimos antes no meio do
supermercado. Começamos a nos sentir indispostos a viver a vida só para nós
mesmos: precisamos causar um impacto.
Tudo isso é parte do grande plano de Deus de compartilhar Seu coração e
Seus sentimentos por nós conosco. Ele nos dá esses desejos com o objetivo
claro de unir-Se a nós. Se fosse oferecida a Ele a escolha entre executar Seu
plano conosco ou sem nós, Ele deixa claro que Seu plano perfeito inclui nossa
cooperação imperfeita. Ele não precisa de nossa participação, Ele quer que
participemos.
149
computador e não o trocaria por nada nesse mundo; eu nunca mais volto a
usar o Windows.” Isso fez com que essas pessoas fossem conhecidas como
“Evangelistas da Mac”, ou seja, usuários de computadores com um fervo
evangelístico tamanho pela Apple Macintosh que você poderia pensar que eles
recebem algum benefício ao converter um outro usuário de computadores
comum em um usuário da Apple. De forma alguma: eles estão apenas
demonstrando a característica humana de transmitir apaixonadamente aquilo
que tem lhes feito bem.
Toda vez que algo causa um grande impacto em nós, somos levados a
compartilhar isso com outras pessoas. O pai que leu um livro que o ajudou em
seu relacionamento com seu filho imediatamente compra uma copia para dar
de presente aos seus amigos para que eles tenham a mesma experiência. A
mãe que tem uma ideia genial para educar seus filhos pequenos, ajudando-os
a se comportarem quer contar às outras mães sobre o que funcionou com ela.
O cientista que, após anos rabiscando em guardanapos, finalmente completa
uma equação revolucionária fará tudo que puder para publicar sua descoberta.
Ele dará palestras para qualquer grupinhos de pessoas que lhe der ouvidos.
Essencialmente, tendemos a compartilhar com as pessoas aquilo que nos faz
sentir alegria. Essa habilidade de trazer alegria e causar um impacto na vida
de outros é algo que foi posto em nossos corações pelo Deus que ama
pessoas. Sem esse senso de impacto sobre outras pessoas, perdemos algo
dinâmico.
Nosso senso de relevância é frequentemente ligado a fazer algo que cause
alegria em outras pessoas. Sentimos prazer em compartilhar coisas que façam
com que outras pessoas sintam alegria. Existe algo glorioso em contar as boas
novas para aqueles a quem amamos. As estórias tocam o coração das
pessoas e quando temos uma para contar, normalmente, não nos aguentamos
de ansiedade por fazê-lo. Pense em Bartimeu, o cego que pedia esmolas na
cidade de Jericó e que foi curado por Jesus (Marcos 10.46 e Lucas 18.35;
19.1,5). Imagine a alegria que Bartimeu sentiu enquanto contava aos seus
amigos cegos sobre seu encontro com Jesus. Que estimulante deve ter sido
contar essas notícias para eles! Imagine como ele se sentou quando lhes
contou que Jesus estava por perto. Amamos dar notícias que animam os
150
nossos amigos. Nos animamos por ver sua animação e alegria quando coisas
boas acontecem e trazem alegria a outros mais.
Há algo que nos faz querer gritar as boas novas do telhado, esperando
que, assim, os outros possam ser salvos das mesmas dores que já sentimos.
A ideia de mudar a trajetória de vida de outra pessoa é irresistível. Ficamos
insatisfeitos quando gastamos nosso tempo com conversas fúteis, falando
sobre clubes de golfe, equipamentos de jardinagem ou falando sobre o clima.
Queremos repartir conteúdo com as pessoas. Queremos dizer e fazer coisas
que tenham algum significado. É parte de nosso desejo de causar um impacto
profundo e duradouro.
151
e a qualidade de vida de outras pessoas. Estas têm a capacidade de produzir
mudança definitiva nos corações e no comportamento das pessoas. Somente
Deus tem toda a informação necessária para avaliar a verdadeira influência e o
impacto que alguém causa.
Embora associemos corretamente a influência ao poder, há uma mudança
irônica em como isso funciona no Reino de Deus. Da perspectiva de Deus, a
influência é normalmente liberada com um sussurro. É aquela palavra gentil
dita para aquele colega de trabalho mal-humorado. É aquele olhar de
aprovação ou aquela palavra de reconhecimento dados a uma criança ansiosa
ou a um amigo. O poder da influência não está no volume ou no choque que
podemos causar, mas na consistência e na sinceridade. Pergunte a alguém
quem foi que causou o impacto mais profundo e duradouro em sua vida e esta
pessoa normalmente irá falar sobre alguém que observou por um bom período
de tempo. Mesmo que fiquemos impressionados temporariamente com
presença de palco e vitalidade, lá no fundo somos impactados muito mais
pelas pessoas que executam seus compromissos com consistência diária.
Essa forma de viver a vida é a que Deus valoriza. Isso é fidelidade e ela opera
na submissão. Deus vê, aprecia, Se recorda e, então, recompensa os atos de
amor feitos em prol dos outros, motivados pelo amor a Ele e promete lembrar
para sempre de cada uma das palavras ou atos feitos para servir outras
pessoas por amor ao Seu nome.
152
Jesus ensinou que usar o nosso dinheiro para fazer atos de bondade nesta
vida será lembrado e terá impacto em nossos relacionamentos na vida eterna.
Na verdade, Jesus disse que quando damos dinheiro às pessoas nesta vida e
as encontramos na vida eterna, elas irão se lembrar de nossas ofertas de
sacrifício.
Billy Graham é, com certeza, um dos Cristãos mais influentes do último século.
Ele dirigiu enormes cruzadas em estádios em todo o mundo. Milhões
incontáveis de pessoas escutaram sua simples apresentação do Evangelho e
muitos corresponderam, vindo até Cristo. Nos últimos anos, sua saúde limitou
suas aparições públicas consideravelmente e seus sermões tiveram um
grande decréscimo. Mas o conteúdo não mudou nem um pouquinho. Qualquer
um que vá a uma cruzada de Billy Graham pode apostar em uma coisa: haverá
uma apresentação direta do Evangelho de Jesus, seguida de uma
oportunidade de arrepender-se da vida de pecado e aceitá-Lo como Senhor e
Salvador.
Eu fui à sua cruzada evangelística no estádio Arrowhead na Cidade do
Kansas no mês de junho de 2005. Da mesma forma como o ouvi falar pela
primeira vez pessoalmente, 33 anos atrás, no estádio Cotton Bowl, ele foi fiel à
Sua mensagem. Acompanhei Billy Graham por mais de 30 anos com grande
admiração e respeito. Ele foi um retrato de consistência em sua apresentação
da verdade de Jesus. Após décadas de ministério reconhecido pelo público, há
duas perguntas que as pessoas se fazem toda vez que ele sobe ao palco:
“Será que esta será sua última cruzada?” e “Quem dará continuidade ao seu
trabalho?”
153
A pergunta sobre “Quem será o próximo Billy Graham?” fala sobre o
volume na maneira como vemos a influência. Podemos não verbalizar, mas
alguns pensam que a forma principal pela qual as multidões serão salvas é
através de eventos em estádios enormes. Entretanto, quando olhamos para a
porcentagem que esses eventos representam, eles são uma pequena parte do
total de evangelismo que acontece por aí. Sem dizer que esse não é nem um
ministério genuíno; é um exemplo maravilhoso de parceria entre Deus e uma
pessoa para executar Seus propósitos, mas não é a regra. Muito
provavelmente, mais pessoas são salvas nos churrascos do condomínio e nos
refeitórios das empresas que em um evento grande feito num estádio... e,
certamente, muitos mais recebem discipulado por meio de encontros mais
simples e menores no dia a dia. O Cristianismo não foi projetado para ser um
negócio especialmente renomado e orquestrado por uma assembleia
minúscula de líderes. Pode ser que nunca mais haja outro Billy Graham, mas
também não haverá outro você e tanto você quanto o Billy têm um chamado de
Deus para ser uma pessoa de influência.
Ao fazer com que as coisas vão acontecendo até que Seu Reino do Milênio
chegue, Jesus sabia que teria de estabelecer um certo tipo de padrão pelo
qual o impacto que causamos seria medido e nossa grandeza pudesse ser
recompensada. O que Ele ensinou sobre equilíbrio entre simplicidade e
dificuldade é algo profundo: servir com submissão. Isso é algo que tudo mundo
pode fazer. Seu Reino será promovido por aqueles radicalmente
comprometidos a servir. Sim, o Primeiro Mandamento é amá-Lo de todo o
nosso coração, mas o Segundo Mandamento é amar ao nosso próximo com o
mesmo amor clemente e abnegado com que nos amamos a nós mesmos.
Servir é o padrão para causar impacto duradouro! Não somos obrigados a
escolher entre causar impacto nesta vida ou impactar nossa qualidade de vida
na eternidade. Podemos fazer ambos e, na verdade, fomos ensinados a fazê-
lo.
154
No início dos anos 80, certo homem plantou uma igreja em Cincinate. Logo no
começo, ele dirigia um ônibus escolar durante o dia e encontrava pessoas à
noite para compartilhar sua visão para uma igreja. Ele logo percebeu que não
era nenhum Billy Graham. Também sabia que Billy Graham não havia sido
chamado, especificamente, para alcançar a cidade Cincinate; era ele quem
havia sido chamado para fazer isso. Um dia, enquanto estava sentado em seu
carro na fila do drive-thru do Taco Bell, esse homem sentiu o Senhor falar: “Se
você aceitar aqueles que ninguém quer, Eu te darei centenas deles.”
Com mais ou menos 50 pessoas em sua igreja esforçada por fazer as
coisas acontecerem, ele sentiu Deus desafiando-o a servir os pobres de
Cincinate e, assim, influenciar as pessoas pela gentileza. Não lhe foi pedido
que pregasse num estádio, mas para que continuasse sendo fiel em atos
pequenos e simples de serviço aos outros. Movido por um desejo sincero de
causar um impacto duradouro na cidade de Cincinate, ele buscou formas
práticas de expressar o amor de Deus. 20 anos depois, sua igreja tem um rol
composto por seis mil membros. Em frente ao prédio onde se reúnem está
escrito em letras grandes: “Pequenas coisas feitas com grande amor irão
mudar o mundo.”
155
intencionados têm demarcado uma linha distintiva entre esta vida temporal e a
completude em que vamos andar na Terra durante a era por vir.
As Escrituras, todavia, deixam claro que há muita continuidade entre esses
períodos de tempo. Assim sendo, o que fazemos como Cristãos agora terá
importância depois. Se não houvesse continuidade entre as duas realidades,
estaríamos desperdiçando nossas vidas. Não é bem por aí. Muito pelo
contrário: estamos construindo relacionamentos, desenvolvendo nossos dons
e moldando nosso caráter de formas práticas que irão fazer uma diferença
significativa na eternidade. Enquanto damos forma às nossas vidas nesta era,
precisamos ter em mente a grandeza da era por vir e que as coisas pequenas
feitas em obediência e submissão agora resultarão em grandeza e impactarão
depois. Há uma troca divina para acontecer. Muitos descobrirão que os reinos
que construíram nesta vida lhes serão tomados, ao passo que aqueles que
mantiverem corações obedientes durante suas vidas terrenas receberão
grande autoridade e honra. Quando realmente compreendermos o valor dessa
troca, investiremos tudo que pudermos nas coisas que Deus valoriza.
156
este mundo, mas impactarão nossos destinos eternos. Quando o Senhor
voltar, estabelecerá a justiça em todo o mundo (Isaías 2.1-4; 9.6,7; 11.1-16).
Porém, antes que Ele venha, haverá um avivamento em todo o mundo que
moverá as pessoas em justiça e retidão e eles serão estabelecidos em muitas
partes da sociedade. O Senhor protegerá e sustentará alguns atos de justiça
que serão estabelecidos na sociedade no avivamento dos últimos dias.
Trabalhamos hoje sabendo que alguns de nossos atos que colaboram para o
estabelecimento da justiça na Terra se resistirão às pressões do homem mau,
até mesmo as que forem impostas pelo Anticristo e seu reino de terror que se
aproxima.
Haverá certa continuidade do nosso trabalho; o jejum, a oração e os atos
de misericórdia não desaparecerão simplesmente quando Ele voltar. As
orações que temos feito por nossas cidades natais não serão anuladas ou
invalidadas repentinamente após o retorno do Senhor. Na verdade, elas se
tornarão a mais incrível das realidades! A abrangência que já tivermos
alcançado em retidão e justiça na sociedade servirão como um ponto de
partida mais amplo de onde Jesus exercerá seu governo sobre nossas cidades
quando Ele voltar à Terra. Alguns pensam que estudar o Fim dos Tempos leva
as pessoas a desconectarem-se das tarefas que já lhes foram atribuídas; não
poderiam estar mais equivocados. Nossa crença fervorosa na volta do Senhor
não deve nos fazer abdicar de nossa responsabilidade por trabalhar a fim de
mudar a sociedade. Mas o contrário dessa afirmação é verdadeiro: por que Ele
voltará, trabalhamos para mudar a sociedade. Trabalhamos pela justiça porque
compreendemos as implicações de Sua chegada iminente. Ele continuará
aumentando o que estabeleceu por meio de Sua Igreja antes de Sua vinda.
Precisamos levar em conta o significado máximo do trabalho a que temos
nos dedicado. Se estamos liderando um pequeno grupo de intercessores, a
intercessão que fazemos está preparando o caminho para um Reino que
durará mil anos. Algumas das crianças que estamos treinando nos domingos e
manhã poderão ser homens e mulheres de Deus poderosos para fazer
grandes proezas que ultrapassarão suas vidas terrenas naturais. A humildade
que trabalhamos tanto para desenvolver nesta vida contribuirá para determinar
nossos papeis no Reino do Milênio e na Vida Eterna.
157
VIVENDO COM UM DESEJO DE IMPACTAR
158
CONCLUSÃO
159
privar das coisas de que necessitamos. Com isso em mente, nos tornamos
como almas sitiadas.
Se você receber qualquer revelação por meio deste livro, torço para que
seja esta: que vida em Cristo nunca deveria ser vivida com o terror de ter sua
alma sitiada. Esta não deve ser uma vida de sobrevivência, tentando segurar
as pontas até que chegue o seu triste fim. Embora vivamos, sim, para ver a
volta de Jesus e ansiamos por isso, também vivemos baseados na verdade de
que Ele está vivo e Seu Espírito está dentro em nós agora mesmo. Há um rio
de prazer superior cujo propósito é ser uma fonte que jorre de nosso homem
interior, se dissermos “Sim” para ele e se bebermos dele vigorosamente.
Deus tem prazer em causar fascínio e alegria transbordante aos nossos
corações. Não precisamos viver vidas tediosas. Cada dia deve ser cheio de
novas descobertas. Não estamos sob cerco nenhum. Podemos ser vitoriosos.
Nossa vitória se fará cada vez mais tangível ao passo que Deus vai
satisfazendo os desejos de nossos corações neste tempo, onde quer que
estejamos. Ele escreveu a história de amor que começou na eternidade e que
durará de eternidade em eternidade e escolheu o contexto perfeito em que os
desejos e suas satisfações se unem numa linda dança. Grandeza, intimidade
sem ter do que se envergonhar, o potencial de causar impacto duradouro e os
outros desejos de nossos corações não estão fora dos muros de nossos
corações, suscetíveis às forcas do mal. Certamente, há um inimigo real e há
uma guerra real acontecendo, mas nosso Comandante é muito capaz de nos
manter abastecidos e nossas almas satisfeitas.
Deus não somente tem planos de nos fazer vencer o inimigo, como
também deseja nos fazer transbordar de alegria em Seu amor na presença do
inimigo (Salmo 23.5). A maioria das pessoas voltam-se para Deus somente
quando já não têm mais opções, como se Ele fosse seu último recurso. Elas
fazem de tudo um pouco para satisfazer momentaneamente os desejos de
seus corações com entretenimento, posses ou relacionamentos com outras
pessoas que também estão completamente falidas e acabam descobrindo que
isso somente cria um vazio ainda maior. No tempo certo, as estruturas que
essas pessoas construíram para manter suas almas escoradas se deterioram.
Ainda assim, Deus vem em meio a tanto vazio. A princípio, seus corações não
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conseguem nem corresponder, mas o fogo de Seu amor os amacia e aquece
e, então, um milagre acontece. A vida aparece. Uma batida do coração pode
ser ouvida. Talvez seja uma batida fraquinha no começo, mas ela se torna
cada vez mais forte e passa a cumprir seu propósito. Com o passar do tempo,
essas pessoas se pegam diante d'Ele, mais fascinadas com o amor puro e
com a verdade do que jamais estiveram com aquelas falsas satisfações.
Por mais de sete anos eu tenho tido o privilégio de liderar a Casa
Internacional de Oração com Deborah e outros que compõem a minha equipe
de liderança. Agora mesmo, enquanto escrevo estas palavras, a oração e
adoração continuam acontecendo: nossas ínfimas orações sobem ao Pai e
unem-se às orações de todos os santos ao redor de todo o mundo e às
daqueles que já passaram pela história da Igreja. A cada duas horas outra
equipe de adoração assume o lugar da equipe anterior. Fomos avisados de
que jovens simplesmente não fariam esse tipo de coisa, que eles não são
comprometidos o suficiente para orar e que, se é que um dia eles se
comprometessem a fazê-lo, eles não cumpririam com sua palavra. Entretanto,
após sete anos, são os jovens que têm liderado a sala de oração. Não é
incomum chegar à conclusão de que a idade média da sala fique em torno dos
vinte anos.
É uma bênção incrível trabalhar lado a lado com pessoas jovens, idosas,
solteiros e casais casados, crianças e todos aqueles que se encaixem em
qualquer outra faixa etária e ver que, em seus corações, todas elas têm o
único foco de viver suas vidas pessoais como participantes de uma assembléia
solene eterna. Elas levantam seu próprio sustento financeiro como
missionários intercessores. Várias centenas dessas pessoas são estagiários
na Forerunner School of Ministry (Escola de Ministério Precursor), nosso
Seminário Teológico de tempo integral, onde nos empenhamos para redefinir a
educação teológica no tocante à oração dia e noite. Outras centenas de
pessoas separam três ou seis meses de suas vidas para participar de um
estágio. Elas vêm de todos os estados do país, de algumas nações ao redor
do mundo e dos mais diversos cargos. Elas têm algo em comum: estão no
caminho para começar a serem cheias de satisfação em Deus e por meio
d'Ele.
161
Dizer que essas pessoas estão no caminho não significa que elas não terão
momentos de vazio e necessidades emocionais não supridas. Elas lutam com
relacionamentos e com necessidades assim como qualquer outra pessoa, mas
descobriram algo que a maioria das pessoas nunca soube: ao rejeitarem a
cultura materialista e movida pelo entretenimento que as cerca, essas pessoas
descobriram que os desejos de seus corações somente podem ser
verdadeiramente satisfeitos em conhecer e buscar a Deus. Felizmente, essa
satisfação não é, de forma alguma, exclusivamente acessível à equipe da
IHOP ou àqueles que, por fim, decidem-se por mudar para a Cidade do
Kansas para ficarem mais perto de nossa sala de oração 24 horas. Essa
descoberta está se espalhando pelo mundo, atingindo outros milhares de
pessoas em toda a história.
Talvez você tenha alcançado essa compreensão no início de sua
caminhada com o Senhor ou talvez tenha tropeçado nela após uma vida inteira
de dor. De qualquer forma, você chegou a essa conclusão e irá encontrar o
que sempre procurou quando perceber que Deus colocou esses desejos em
seu coração como um desejo divino; sua fome é um dom de Deus para atrair
você a Ele. É uma santa vontade em busca por uma santa satisfação. Tudo de
que você realmente precisa e deseja é oferecido por Ele e encontrado n'Ele.
Você buscou satisfazer os desejos de seu coração correndo atrás de
imitações baratas? Seu anseio pela grandeza te levou a anos de
comportamento egoísta? Seu impulso por encontrar intimidade te prendeu num
ciclo de vergonha? Você vendeu sua alma por quase nada, várias vezes? O
fato de você quere ter seus desejos satisfeitos aponta para a verdade de que
estou falando aqui. Ninguém tem vontade ou anseio por algo que não existe. A
boa notícia é que as falhas que você cometeu no passado podem realmente
ficar no passado, seu presente pode ser radicalmente mudado e seu futuro
pode ser glorioso à medida que você busca encontrar sua satisfação em
Jesus, o Deus lindo. Ela será encontrada em continuamente colocar seu
coração diante d'Ele e repetidas vezes pedir a Ele que revele Seu coração a
você. Assim, seus anseios serão progressivamente satisfeitos.
Você pode ter se resguardado dos comportamentos obviamente
pecaminosos em que as multidões caem, mas, por dentro, você pode estar tão
162
morto e insatisfeito quanto eles. Durante o cerco a Leningrado, a quantidade
de pessoas que sofreu com o tédio é equivalente à quantidade de pessoas
que sofreu com a fome. Esse tédio levou à depressão com o passar dos
meses, sem que as pessoas tivessem nenhum sinal de que a liberdade (que
estava a seu alcance, na verdade) estava a caminho. Para aqueles que
hesitam, do lado de fora da vontade de Deus, quero os encorajar a entrar e
buscar com determinação a satisfação total. Se achegar para cada vez mais
perto do Pai atiçará ainda mais esses desejos ao mesmo tempo que eles vão
sendo satisfeitos por Ele. O grande plano de Deus é que seu desejo te
conduza até Ele. Tudo que Ele colocou dentro de você tem o propósito de te
trazer ao relacionamento mais satisfatório, mais íntimo e mais prazeroso com
Ele. Embora essas coisas possam trazer frustração e dor às vezes, essas são
um santa frustração e uma dor sagrada, e Deus estará lá para te encontrar
nessas horas. Afinal, a imagem de Deus está estampada em sua alma.
Seus desejos, se você permitir, serão aquilo que empurrará em direção ao
que é Divino. Como rios que correm separadamente, cada um desses sete
desejos formam uma comboio até o oceano eterno de afeições ardentes de
Deus. Não há nada mais lindo que quando todos os seus desejos se unem
num único santo rio furioso de saudades por estar com Deus que te carrega
em sua correnteza até Ele. Me lembro de quando comecei a experimentar um
pouquinho mais disso em minha própria vida. Eu já não recorria de pronto aos
meus amigos, à comida ou ao entretenimento para saciar os desejos ardentes
em meu coração; eu estava olhando para Deus. Apesar de a dor ser
frequentemente lancinante, me lembro de pensar: “Eu fui criado para isso. Fui
criado para o Amor. Fui criado para Deus.” A dor e o desejo são lindos. São
um dom porque essa dor somente existe por Deus. Eu sabia que Deus sorria
para mim e que era apenas questão de tempo até que Ele me respondesse.
Senti que estava vivendo para valer aquilo para o qual fui criado para viver.
Mesmo tendo demorado tanto tempo para encontrar satisfação para os meus
desejos, meu espírito estava posicionado, meu coração estava vivo e a
eternidade estava pesando sobre mim.
Há pouco tempo atrás, uma jovem na IHOP encorajou uma líder com estas
sábias palavras: “Seu desejo será sua bússola até que Jesus volte.” Com
163
essas palavras em mente, agarre sua Bíblia, aquiete seu coração, observe sua
bússola e comece sua jornada com os eternos desejos de seu coração. Você
foi criado para sentir desejo. Você foi feito para Deus. Ele te responderá.
164
O que é a Base Missionária da IHOP-KC?
165
prepara outras pessoas para viver em amor de todo o coração, proclamando a
beleza de Jesus como Noivo, Rei e Juiz.
166
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