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A genética

Genética
Genética (do grego genno = fazer nascer) é a ciência dos genes, da hereditariedade e da
variação dos organismos.

Estuda a forma como se transmitem as características biológicas de geração para geração.

Ou seja, o complexo processo de transmissão de caraterísticas dos progenitores para a sua


descendência, isto é, a hereditariedade.

Em Psicologia existe uma área especifica, a Genética do Comportamento, que estuda as


influências hereditárias no comportamento.

Hoje sabe-se que as influências hereditárias não determinam sozinhas o comportamento: o meio
e a cultura também têm um papel preponderante.

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Os agentes responsáveis pela transmissão das características genéticas

Tudo começa na fecundação do óvulo pelo espermatozoide (células responsáveis pela


transmissão das características genéticas ou hereditárias) e na criação do ovo, um organismo
celular que dá origem a todas as células do nosso corpo.

O ovo carrega toda a informação sobre as características biológicas que se herdam dos
progenitores.

Esta informação está contida nos cromossomas.

Cromossoma-pequeno corpúsculo filiforme que está no núcleo das células. É portador e


transmissor de ADN, podendo conter milhares de genes. Diferentes cromossomas contêm
diferentes genes. Apresentam-se aos pares e o seu número é constante para cada espécie (46 nos
humanos). Aquando da formação de uma nova vida, cada progenitor contribui com um
cromossoma para cada par-23 herdados da mãe e 23 herdados do pai.

Pode assim verificar-se, que ao contrário das outras células do corpo humano, o óvulo e o
espermatozoide possuem apenas metade da informação do indivíduo.

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A genética
Tal acontece, porque na formação dos gâmetas ocorre uma redução dos cromossomas para
metade, num processo denominado meiose, para manter o cariótipo característico da espécie.

A partir da formação do zigoto ocorre um outro processo de divisão celular que permitirá o
desenvolvimento de embrião, a mitose.

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Cada um dos 46 cromossomas contém milhares de mensageiros chamados genes.

Gene- segmento invisível de DNA responsável pelo armazenamento de informação genética e


a sua transmissão à geração seguinte. Considerado como a unidade funcional do material
genético, influencia o funcionamento e o desenvolvimento de todas as partes do nosso
organismo.

Estes genes formam uma macromolécula denominada ADN.

ADN- macromolécula em forma de dupla hélice composta por um açúcar ligado a um grupo
fosfato e a uma base azotada. Existe, essencialmente, no núcleo da célula e contém toda a
informação necessária ao desenvolvimento de um organismo.

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Tal como acontece com os cromossomas (homólogos), também os genes formam pares,
reunindo informação de cada um dos progenitores em alelos (formas alternativas de um dado
gene) que têm informação para a mesma caraterística (p. ex. cor dos olhos).

Os pares de alelos podem incluir genes iguais ou diferentes.

Se os alelos têm a mesma informação diz-se que o


indivíduo é homozigótico quando têm
informações diferentes o indivíduo é
heterozigótico.

Há genes recessivos (a caraterística só se


manifesta se estiver presente nos dois genes) e
dominantes (a caraterística manifesta-se sempre
que está presente num só alelo).

Esta regra tem, contudo, uma exceção: no caso


das características genéticas associadas aos cromossomas sexuais, no homem, a presença do
gene recessivo num dos cromossomas do par (X ou Y) é suficiente para a expressão do gene.

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A genética
Embora algumas características biológicas possam ser explicadas apenas pela informação
contida num par de genes, na maior parte dos casos as características manifestas são resultado
de combinação de vários genes. As características que resultam de complexas combinações de
genes são designadas poligénicas, as características que são determinadas por apenas um gene
chamamos mendelianas.

Em conjunto todos os genes formam o genoma humano.

As influências genéticas e ambientais no comportamento

As investigações mais recentes no campo da genética, têm mostrado que a maior parte das
características que herdamos são poligénicas e que a sua expressão é continuamente
influenciada por fatores ambientais.

Estas descobertas alertam para dois aspetos fundamentais da variabilidade genética:

Genótipo- conjunto total de genes que um indivíduo recebe na fecundação. Está inscrito nos
cromossomas e pode ou não, exprimir-se, de acordo com as leis da hereditariedade e as
particularidades do meio.

Fenótipo- Em termos simplistas, é a parte visível do genótipo. Corresponde á aparência do


individuo, isto é, ao conjunto de caracteres observáveis. Resulta quer de fatores hereditários
quer das condições ambientais

Assim, concluímos que embora o genoma


seja importante na compressão das nossas
características, não será por si só
suficientes para nos esclarecer sobre a origem e a natureza dos nossos comportamentos.
O meio ambiente é tão importante como a herança genética na definição de quem somos e no
desenvolvimento de capacidades que nos tornam únicos.
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Complementado a genética comportamental, a psicologia evolutiva ocupa-se do modo como a


evolução da espécie humana afeta os nossos comportamentos e processos mentais. À primeira
interessam, fundamentalmente, aspetos relativos à hereditariedade individual. À segunda,
baseada nos pressupostos de Darwin, interessam aspetos relativos à hereditariedade especifica.

Hereditariedade específica – Transmissão da informação genética responsável pelas


caraterísticas comuns a todos os indivíduos da mesma espécie.

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A genética
Hereditariedade individual – Transmissão da informação genética responsável pelas
caraterísticas de um indivíduo e que o distingue de todos os outros membros da sua espécie

A relação entre a complexidade do ser humano e o seu inacabamento


biológico
De acordo com as teorias evolutivas, o processo de seleção natural aplica-se a espécies no seu
todo- e não a indivíduos- e pressupõe mudanças graduais no património genético específico em
resultado de pressões naturais seletivas: as espécies não são imutáveis, antes evoluem
lentamente ao longo do tempo. Estas mudanças tendem a ser adaptativas, pois o seu principal
propósito é resolver problemas de sobrevivência e de reprodução da espécie.

A filogénese (ou filogenia) é a história da origem e evolução de uma espécie. A ideia


fundamental inerente a este conceito é a existência de antecessores comuns às diferentes
espécies de seres vivos. Quando abordamos, o ser humano sob esta perspetiva, percebemos
como o desenvolvimento de cérebro (encefalização) e as mudanças comportamentais (o
bipedismo) nos permitem adquirir vantagens únicas que nos diferenciam de todas as espécies.

Outra forma de perspetivar o desenvolvimento humano é a ontogénese (ou ontogenia). A


ontogénese é a história do desenvolvimento de um organismo particular, desde a embriogénese
até à morte. Atualmente é encarada sob pressupostos construtivistas e epigenéticos (opostos ao
determinismo biológico preformista).

Epigénese- teoria segundo a qual as características de um organismo, tanto físicas como


comportamentais, resultam da interação entre influências genéticas (inatas) e comportamentais
(adquiridas).

Preformismo- Antiga teoria biológica, hoje desacreditada, segundo a qual o


desenvolvimento de um embrião não é mais que o crescimento de um organismo que estava, à
partida formado. Um exemplo de preformismo foi a introdução, da noção de homúnculo. É uma
perspetiva determinista do desenvolvimento.
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Ao nascer, o novo ser humano é um ser frágil e inacabado, provavelmente o mais prematuro e
impreparado de todo o planeta. Esta aparente desvantagem, o carácter neoténico dos indivíduos
da nossa espécie, converte-se, todavia, em clara vantagem, pois torna-nos mais aptos para
aprender e interagir socialmente (flexibilidade e versatilidade adaptativa).

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NOTA: a incompletude presente no momento do nascimento e o carácter neoténico da espécie
nunca serão completamente ultrapassados, um ser humano aprenderá, adaptar-se-á e construirá
novos saberes até ao final da sua vida.

Neotenia-disposição característica do desenvolvimento de determinadas espécies que tendem


a conservar no adulto traços infantis ou juvenis (anatómicos e funcionais). Aplicada ao ser
humano, a noção está estritamente ligada ao prolongamento da infância, decorrente do
inacabamento biológico (filogenético e ontogénico).

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