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Vamos iniciar nosso estudo explicando mais sobre as escolioses!

A escoliose é a formação tridimensional da coluna vertebral e são classificadas em


escolioses estruturais e não estruturais.

Do ponto de vista de tratamento, como já começamos a falar inicialmente, tudo


dependerá da avaliação, que dirá, por exemplo, por mais que duas pessoas
tenham uma escoliose em C ou em S (mesma topografia), o tratamento será
diferente entre si. Se um paciente vem a possuir membro inferior curto falso e o
outro tem os membros inferiores alinhados, por exemplo, faremos intervenções
bem diferentes.

Portanto, as alterações biomecânicas que ocorrem na escoliose, assim como idade


do paciente, grau de gravidade e evolução da curva e mais outras considerações,
farão muita diferença na hora de prescrever os exercícios.

Um paciente que tem retificação associada à escoliose tende a ter mais rigidez
articular (hipomobilidade), assim como o paciente que tem uma hipercifose
associada à escoliose tende a ter mais mobilidade, porém pode ter compensações
em bloqueios na cadeia anterior e restrições respiratórias que dificultam ainda
mais o caso. Sabemos, porém, que o método Pilates possui um arsenal de
exercícios muito interessante para tratar e trabalhar com especificidade cada
caso em particular, como descompensações das cadeias musculares, casos de
hipomobilidade e hipermobilidade, retrações, ganho de força, estabilidade e
mobilidade global, falando também dos benefícios respiratórios e ventilatórios
pulmonares.

Parece difícil, mas a partir do momento que você vier a estudar comigo, iremos
“des-vendando” esses caminhos e “des-cobrindo” esse universo, tornando-se tudo
claro e muito proveitoso.

São situações às quais devemos ter bastante atenção durante nosso trabalho
com o paciente escoliótico: alinhamento postural e conscientização postural; esse
trabalho que vai precisar acompanhar o paciente para casa e em suas atividades de
vida diária. Deveremos orientar e ensinar o paciente a fazer seus “ajustes ativos”
de modo didático e funcional, de modo que ele possa realizar esse procedimento
sozinho da forma mais específica possível nas correções.

Vou passar aqui para vocês algumas dicas que considero valiosas e você já pode
começar a realizar durante o seu trabalho com seu paciente com escoliose:

• Manter o alinhamento é muito mais importante do que até mesmo os


fortalecimentos;
• Não se preocupe em ficar inventando exercícios diferentes ou difíceis. Foque no seu objetivo
traçado;

• Buscar primeiro o básico, o movimento com a biomecânica funcional postural mais correta
possível, até o aluno fazer de forma fluida, fácil e sem compensação em sua rotina;

• Se ficou fácil, aí sim ir evoluindo para outro exercício. Ir traçando as etapas, sem se apressar.
Dar tempo para o sistema neuromusculoesquelético se adaptar e adotar esse ganho nociceptivo.

Sei que existem muitas dúvidas de como trabalhar a escoliose, inclusive as diferenças de
trabalho com o lado côncavo e o lado convexo. Por isso, trabalhando de forma criteriosa você
vai ter ganhos funcionais. Trabalhar de forma somente a fortalecer, traçando, ainda, padrões
errados de movimento, podem agravar ainda mais a curva e causar lesões.

Confira agora exercícios que trabalham as cadeias anterior e posterior (ambas são afetadas nos
casos das escolioses), assim como exercícios de mobilidade, estabilização e consciência corporal.
Lembrando sempre de trabalhar o estímulo à respiração e o crescimento axial.

Solo e acessórios

Exercício: Mobilização da coluna e pelve.


Objetivos: Mobilização da coluna e pelve; conscientização do movimento e propriocepção.
Instruções:

Posição inicial: O paciente em decúbito dorsal com joelhos fletidos e membros superiores ao
longo do corpo. Bola abaixo da pelve (região do sacro). O fisioterapeuta auxiliará na correção
postural necessária e pedirá para que o paciente faça uma retroversão de pelve.

Retornar da retroversão para o relaxamento à posição inicial. A pelve deve estar apoiada
bilateralmente e os movimentos devem ser realizados de forma harmônica.

Exercício: Mobilização da coluna e pelve.


Objetivos: Alongamento dos flexores de quadril e dos retos abdominais e melhora da
mobilidade do mesentério.

Instruções:

Posição inicial: O paciente em decúbito dorsal com joelhos em extensão e membros superiores
ao longo do corpo. Bola abaixo da pelve (sacro). O fisioterapeuta auxiliará na correção postural
necessária e pedirá para que o paciente fique na posição por algumas respirações.

Durante as respirações do aluno, o fisioterapeuta fará os ajustes necessários, nivelando os


quadris, ombros e corrigindo as compensações posturais que vierem a aparecer.

Retornar do movimento trazendo os quadris em flexão e realizando a ponte para a retirada da


bola.
Exercício: Swan sobre a tonning ball.
Objetivos: Deixar a gravidade e a respiração alongarem e mobilizarem gradativamente a coluna,
levando a um direcionamento de ar para a região.

Instruções:

Posição inicial: Paciente em decúbito ventral com o tronco, cervical e cabeça alinhados, ombros
em abdução de 90 graus com cotovelos, antebraços e mãos apoiados no solo. A bola fica
apoiada na região manubrioesternal.

Fazer a flexão anterior da coluna, levando o queixo em flexão e aproximando as mãos, até
chegar com a região da testa no solo.

Podem-se fazer algumas respirações, dando tempo de acontecer o direcionamento e


alongamento da região costal.

Retornar à posição inicial levando os cotovelos em rotação externa ao mesmo tempo em que se
leva a coluna em extensão.
Exercício: Mobilização da coluna no disco de rotação.
Objetivos: Mobilização da coluna vertebral e da cintura pélvica.

Instruções:

Posição inicial: Paciente em 4 apoios com o tronco, cervical e cabeça alinhados, mãos abaixo dos
ombros, pés paralelos e afastados na largura dos quadris e coluna neutra. Joelhos e mãos sobre
os discos de rotação. Pede-se a flexão lateral do tronco, com intenção de abrir as costelas. Mãos
acompanhando a rotação do tronco.

Nas escolioses, priorizar a flexão para o lado da concavidade.


Para associar o trabalho respiratório à mobilização articular e fascial, sugiro que, ao realizar a
flexão lateral da coluna, expire. Ao retornar à posição inicial, pedir uma inspiração associada ao
movimento até chegar à coluna neutra.
Exercício: Concha.
Objetivos: Fortalecimento dos estabilizadores de escápula, abdominais, flexores de coluna
e de quadril e extensores de cotovelo; mobilização da coluna cervical, torácica e lombar e
alongamento dos extensores de coluna, quadril e joelho.

Instruções:

Posição inicial: Em decúbito ventral, colocar a bola inferiormente à região das tíbias. Manter as
mãos apoiadas no solo com ombros em flexão de 90 graus e cotovelos estendidos na largura
dos ombros.

Realize flexão de quadris, joelhos e coluna sem retirar as mãos do solo.


Retornar à posição inicial.
Obs: Para facilitar o exercício para iniciantes, colocar a bola abaixo da região coxofemoral e
iniciar o movimento.
Exercício: Torção e extensão da coluna com thera band.
Objetivos: Fortalecimento dos estabilizadores de escápula, abdominais, oblíquos internos e
externos, extensores e rotadores da coluna e extensores de cotovelo; mobilização da coluna
lombar e alongamento da cadeia posterior de tronco e peitorais e cadeia anterointerna de
membros superiores.

Instruções:

Posição inicial: Paciente sentado sobre os ísquios, membros inferiores aduzidos e estendidos,
crescimento axial de tronco. Thera band apoiado nos pés e mãos segurando as alças.

Estimular o alinhamento da coluna no plano transversal e a abertura da curvatura convexa


torácica.

Paciente sustenta o thera band com uma mão, enquanto leva o tronco em ligeira extensão e
rotação contralateral, abduzindo o ombro e elevando o membro superior.

Todo movimento deve ser realizado mantendo o alinhamento dos ísquios, sem deixar a pelve
rodar.

Manter o punho neutro, corrigindo as compensações, com comando verbal de abrir as costelas.
Realizar predominantemente para o lado côncavo (escoliose dorsal), realizando o comando de
descer a espinha ilíaca (caso haja concavidade lombar).

Retornar à posição inicial.


Exercício: Ponte proprioceptiva no disco instável.
Objetivos: Mobilização da coluna e pelve; fortalecimento de glúteos e membros inferiores;
ativação do core; alongamento dos flexores de quadril; conscientização do movimento e
propriocepção.

Instruções:

Posição inicial: Ao realizar o exercício de ponte (clássico), o paciente estará em decúbito dorsal
com joelhos fletidos e membros superiores ao longo do corpo. O fisioterapeuta fará os ajustes
posturais necessários e pedirá para que ele eleve a pelve de forma harmônica e conjunta,
bilateralmente.

Ao retornar para a posição inicial, o fisioterapeuta dará o comando de descer, coordenando


o retorno da coluna vértebra por vértebra, para o qual o paciente precisará manter uma força
excêntrica, estabilizando o movimento e evitando compensações.
Reformer

Exercício: Kneeling.
Objetivos: Fortalecimento de reto abdominal, multífidos, transversos, quadríceps e tríceps;
ativação neuromuscular antecipatória e equilíbrio.

Instruções:

Posição inicial: Paciente com apoio de joelhos no estofado, membros superiores estendidos à
frente. Realizar uma extensão dos ombros com molas de leve a média resistência (o objetivo é
tornar a base instável para provocar a ativação do reflexo antecipatório), fazendo a rotação da
cervical (trabalhando ainda mais o sistema vestibular e o equilíbrio).

Retornar à posição inicial.


Exercício: Mermaid.
Objetivos: Alongamento de cadeia lateral e posterior do tronco, quadrado lombar e adutores e
mobilização da coluna.

Instruções:

Posição inicial: Sentado na postura da sereia e sobre os ísquios. Um quadril em rotação interna
e o outro em rotação externa. Posicionar o membro superior ligeiramente à frente e a mão na
barra.

Inspire para preparar o movimento e expire enquanto leva a coluna em flexão lateral
acompanhada do membro superior livre, sempre se lembrando de abrir os espaços entre as
costelas. Priorizar a rotação para o lado côncavo.

Caso seja uma escoliose em S, lembrar-se ainda de levar o ísquio do lado da concavidade em
abertura para o solo, potencializando o trabalho postural.
Exercício: Ativação do Power House no Reformer.
Objetivos: Estabilização vertebral; fortalecimento do core e flexores laterais do tronco e
alongamento de adutores, ísquios e flexores laterais do tronco.

Instruções:

Posição inicial: Paciente de pé do lado de dentro do Reformer (mola de suave tensão), colocará
um pé no apoio de ombro. O thera band também estará fixado abaixo deste pé.

Ao movimentar o carrinho em abdução de coxofemoral, manter os membros superiores em 90


graus de flexão, sustentando o thera band na frente do corpo.

Retornar à posição inicial.

Obs: Podemos realizar a descida do Reformer com abdução de coxofemoral, elevando os


membros superiores sobre a cabeça, acompanhando a flexão lateral do tronco.

Priorizar a flexão do tronco para o lado côncavo.


Exercício: Prancha no Reformer.
Objetivos: Fortalecimento dos flexores horizontais de ombro, extensores de cotovelo, flexores
de coluna, extensores de joelho e estabilizadores escapulares.

Instruções:

Posição inicial: Em decúbito ventral, com os pés apoiados na barra e as mãos no estofado,
mantendo a coluna neutra e os ombros flexionados em 90 graus com os cotovelos estendidos.

Manter o crescimento axial, o alinhamento da coluna e os membros inferiores em posição


neutra com os tornozelos em dorsiflexão. Fazer contagem em respirações.
Cadillac

Exercício: Thight stretch.


Objetivos: Fortalecimento dos extensores de quadril e joelho, core, flexores de ombro, flexores
de coluna e estabilizadores; alongamento de flexores de quadril e extensores de joelho e
mobilização dos joelhos.

Instruções:

Posição inicial: Com os joelhos no estofado, segurar as molas de apoio mantendo os ombros em
flexão. Realize a flexão dos joelhos ativando o core, sem perder o alinhamento da pelve e da
coluna.

Retornar à posição inicial.


Exercício: Swan.
Objetivos: Fortalecimento dos extensores de coluna; mobilização da coluna lombar, torácica e
cervical e alongamento da cadeia anterior de tronco e membros superiores.

Instruções:

Posição inicial: Em decúbito ventral sobre o estofado, com cabeça apoiada e membros
superiores alongados acima da cabeça, mãos apoiadas na barra.

Realize a extensão da coluna, trazendo os ombros em abdução. Ao elevar os membros


superiores em direção ao teto, realizar a extensão da coluna. Retornar vértebra por vértebra à
posição inicial.

Para facilitar a amplitude do movimento, sugiro fazer a extensão da coluna associada à


inspiração.
Chair

Exercício: Standing.
Objetivos: Fortalecimento dos abdominais e extensores da coluna; mobilização da coluna lombar
e torácica e alongamento dos rotadores de coluna e extensores de coluna e quadril.

Instruções:

Posição inicial: De pé em frente à Chair, realizar flexão anterior do tronco colocando uma mão
no pedal (cotovelo estendido e ombro flexionado em 90 graus). Manter o membro superior
contralateral em abdução de 90 graus.

Ao realizar a descida do tronco, realizar a rotação da coluna e abdução do ombro, mantendo a


flexão do ombro em 90 graus.

Priorizar a rotação para o lado côncavo.

Retornar à posição inicial.


Exercício: Agachamento na cadeira.
Objetivos: Ativação do core; fortalecimento de quadríceps, membros superiores e extensores
de coxofemorais; mobilização escapular e de ombros; estabilização vertebral e conscientização
postural.

Instruções:

Posição inicial: Paciente sentado com os ísquios apoiados nos pedais, joelhos seguindo a direção
das espinhas ilíacas anteriores. Pés bem apoiados no solo. Iniciar com coxofemorais em 90
graus de flexão. Mão do lado da concavidade apoiada na nuca e mão contralateral oferecendo
propriocepção no tronco (na topografia da concavidade).

Realizar o exercício de agachamento (tripla flexão de membros inferiores) mantendo os ajustes


orientados pelo fisioterapeuta e mantendo as mãos adiante durante todas as repetições.

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