O primeiro episódio da série Atypical, “Antártida”, mostra uma construção do que
seria o estado mental do Sam, personagem com Transtorno do Espectro Autista. O episódio narrado pelo próprio Sam, trás a partir da perspectiva dele, situações que não podem ser compreendidas por nós apenas por observação. Durante o primeiro episódio, Sam trás a ideia de Antártida várias vezes, um continente inconquistável e lindo, a conexão que ele sente com o lugar, é evidente e tocante, ele nos introduz também em uma área que muitas vezes parece impossível para uma pessoa com desenvolvimento atípico: a sexualidade. Decidido a encontrar uma namorada, ele pesquisa sobre como deve agir com as meninas, ele observa o comportamento dos rapazes a sua volta, e conta principalmente com a ajuda da sua irmã, que o estimula em busca de um estilo de vida mais autônomo dentro das possibilidades dele. Em contrapartida, a mãe de Sam tem muita dificuldade para lidar com as ideias que envolvem a autonomia dele, colocando-o muitas vezes em um lugar infantilizado e capacitista. Outro aspecto muito legal abordado pela série, é o das amizades, quando coloca Sam e Zahid (desenvolvimento típico) numa mesma relação de amizade, mostrando os mais diversos diálogos entre os dois e as mais diversas possibilidades de relações para uma pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Um dos últimos momentos do episódio, mostra Sam dizendo a Julia, sua terapeuta, que vai doar o cérebro dele para pesquisa, como ela havia sugerido e fazendo uma conexão entre esse “presente” e o modo como os pinguins se relacionam (o macho dá um seixo a fêmea e se ela o põem no ninho, ela aceita esse macho), mostrando também uma possível transferência.