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2019
Brancos, respeitem minhas origens.
...Cabelo veio da África
Junto com meus santos
Benguelas, zulus, gêges
Rebolos, bundos, bantos
Batuques, toques, mandingas
Danças, tranças, cantos...
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Capítulo 4 – A origem da Umbanda
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agilizador da luta da classe dominante para garantir sua hegemonia. No entanto,
pode também funcionar como um obstáculo à classe dominante, e ser meio para
auxiliar a autonomia das classes subalternas. Vejamos então como a religião
Católica, (Eurocêntrica e dominante), também influenciou em nossa cultura
religiosa: A religião como forma de garantir a hegemonia Europeia.
Segundo o sociólogo Reginaldo Prandi “O catolicismo tem sido
historicamente a religião majoritária do Brasil, cabendo a outras fés o lugar de
religiões minoritárias, mas nem por isso sem importância no quadro das religiões
e da cultura, sobretudo no século atual. Neste segundo grupo estão as
chamadas religiões afro-brasileiras, as quais até os anos 1930 poderiam ser
incluídas na categoria das religiões étnicas, religiões de preservação de
patrimônios culturais dos antigos escravos africanos e seus descendentes”.
Para falar da origem da Umbanda é preciso explicar o processo histórico
no qual ocorreu a inter-relação entre os três tipos de religiosidade que se
encontraram aqui com a chegada dos portugueses. As crenças dos grupos
Ameríndios, o catolicismo do colonizador e a religiosidade das diversas etnias
africanas.
A religiosidade Indígena
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Porém, todas as tribos acreditavam nas forças da natureza e nos espíritos dos
antepassados. Para estes deuses e espíritos, faziam rituais, cerimônias e festas.
O pajé era o responsável por transmitir estes conhecimentos aos habitantes da
tribo”. O ponto central era o culto a natureza, valendo-se também de
procedimentos magísticos para influir na vida das pessoas, e no mundo físico,
sobretudo através das almas de plantas e animais. O uso de instrumentos como
chocalhos e cocares de penas era indispensável para o cerimonial. A fumaça
derivada da queima do fumo também era de suma importância para os rituais.
Podemos destacar nessa cultura alguns pontos de sua crença e ritual que
influenciaram na formação de alguns cultos.
Por volta de 1533 teve início o tráfico de negros africanos para o Brasil.
Em quatros séculos de tráfico negreiro, cerca de 3,5 milhões de africanos
aportaram no Brasil na condição de escravizados. Eles eram de diversas etnias:
iorubás, fons, mahis, hauçás, éwés, ashantis, congos, quimbundos, umbundos,
macuas, lundas e diversos outros povos, cada qual com sua própria religião e
cosmogonia.
O negro que aqui chegava trazia consigo sua cultura e tradição religiosa,
incluindo a crença nos Orixás (Yoruba), Vodum (Fon), ou Nkisis (Banto). Na
África, cada divindade estava ligada originalmente a uma cidade ou a um país
inteiro. Tratava-se de uma série de cultos regionais ou nacionais não ligados a
uma religião propriamente dita, mas ao cotidiano. Por exemplo podemos citar
que em Oyó, se cultuava Xangô, enquanto Iemanja era cultuada na região de
Egbá e Iyewa. Como em solo africano o culto é individualizado, ou seja, se cultua
apenas uma divindade por região, todos os habitantes do lugar, são seguidores
daquela divindade. Ogum é um Orixá cultuado em diversas regiões africanas,
mas tem o seu templo principal em Ìré. Somente o orixá Exú, fiscalizador de tudo
e do comportamento humano, é a única divindade cultuada em todas as regiões.
Um dos seus templos principais fica em Ilé Ifẹ̀.
Apesar de acreditarem em Deuses diferentes, tinham algumas práticas
em comum. Como consultar oráculos, rituais com música de percussão e
sacrifícios de animais. Como cita Reginaldo Prandi em - Herdeiras do axé -
“Entretanto, podem ser estabelecidas duas linhas principais de religiões
africanas que tiveram maior influência no Brasil: As religiões dos negros bantos,
vindos do sul e leste da África (Angola, Congo, Moçambique) que originaram
diferentes cerimônias celebradas especialmente no Rio de Janeiro (como o
candomblé bantu, e a umbanda). As religiões dos negros iorubás (nagôs) e
daomeanos (gêges), originados do oeste africano (em especial a Nigéria), cuja
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influência é predominante no Nordeste brasileiro, com os candomblés bahianos
(como o candomblé kêto e o candomblé gêge). Bem como o islamismo dos
chamados malês (como os mahis e hauçás) Alufás (sacerdotes ifá) Mandingas”.
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o responsável pela garantia da existência do negro, ainda que em condições de
privação e sofrimento, e que controlava sua vida completamente. Qualquer
tentativa de superação da condição escrava, como realidade ou como herança
histórica, implicava primeiro a necessária inclusão no mundo branco. E logo
passava a significar o imperativo de ser, sentir-se e parecer brasileiro. Os negros
não podiam ser brasileiros sem ser ao mesmo tempo católicos. Foi o primeiro
embranquecimento da religiosidade negra.
As divindades mais diretamente ligadas às forças da natureza, os
“Orixás”, foram então sincretizados com os “Santos” católicos. Sincretismo quer
dizer "combinação de diversos princípios e sistemas", ecletismo, amálgama de
concepções heterogêneas. Palavra originária do grego e formada pelos radicais
“sim” (união, convergência) e “Creta” (ilha grega do Mar Egeu). Conta a História
que Creta era habitada por povos rivais, mas, quando foi invadida por um povo
estrangeiro, seus habitantes se uniram para defender a ilha do inimigo comum.
Daí vem o vocábulo “sincretismo”. Vale dizer, então, que o que houve no Brasil
não foi a união voluntária de crenças, mas o disfarce de uma crença em outra
para viabilizar sua existência, o que tem muito mais características de
“mimetismo” que de sincretismo.
É o somatório de diferentes filosofias e fundamentos magísticos que
tendem para uma igualdade, podendo ser diferentes na forma, mas semelhantes
na essência. Cada orixá corresponde a um santo católico, mas, de fato, não se
trata de um amálgama. As figuras não se confundem. Muitos dos santos
Católicos são cultuados também no candomblé e em outras religiões afro-latino-
americanas. Na época da escravidão, os negros escravizados criaram uma
maneira criativa e inteligente de enganar os seus senhores. Invocavam os seus
deuses africanos sob a forma dos santos católicos: Oxóssi na forma de São
Sebastião, Ogum como São Jorge, Oxalá como Jesus Cristo, Ibejis como Cosme
e Damião, Iansã como Santa Bárbara, os fios de contas como Nossa Senhora
do Rosário, entre outros.
Nessa época houve um sincretismo afro-católico denominado Cabula,
principalmente nas áreas rurais dos estados da Bahia e Rio de Janeiro, que,
segundo pesquisas históricas, são considerados os rituais negros mais antigos
de que se tem registro envolvendo imagens de santos católicos sincretizados
com orixás, herança da fase em que os cultos africanos eram reprimidos nas
senzalas, onde os antigos sacerdotes mesclavam suas crenças e culturas com
o catolicismo, a fim de conseguir praticar e perpetuar sua crença.
Acreditamos, respeitando as diferenças e a necessidade cármico-
evolutiva de cada terreiro, que as imagens africanas dos orixás são mais
originais e afins à umbanda do que qualquer outra. Basta olhar um Ogum
africano, simbolizando o orixá em seus atributos ancestrais que se perpetuam
no tempo, independentemente de uma individualidade. Porém, é impensável não
cultuar na umbanda o São Jorge dos católicos, em cima do cavalo, com lança
em punho subjugando o dragão, representando o orixá Ogum. Hoje, no entanto,
num ambiente de liberdade, devemos manter o sincretismo católico de acordo
com fé de cada grupo, porém conscientes das leis universais de reencarnação
que imputa aos espíritos santificados na Terra a abençoada reencarnação,
acima dos separatismos causados pelos dogmas religiosos.
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Entendendo a religiosidade eurocêntrica
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a maior semelhança entre ambas é a presença de Jesus, que na umbanda é
sincretizado com o orixá Oxalá. Por isso, ao anunciar a nova religião, o Caboclo
das Sete Encruzilhadas associou-a ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus
Cristo”.
Podemos afirmar que a umbanda não é uma religião mediúnica
engessada, estratificada, como se fosse um exército que só pode trabalhar com
este ou aquele espírito. Quando analisamos esses fundamentos, verificamos
que exaltam-se a forma e minimizam-se a essência umbandista que o
caracteriza como um movimento caritativo mediúnico de inclusão espiritual, e
nunca de exclusão. A natureza cósmica não é rígida e imutável, e sim flexível e
em constante transformação.
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Troncos Religiosos
No fim do Séc. XIX e início do
Séc. XX
Espiritismo
Rituais Catolicismo
Cultos de nação Kardecista
Ameríndios (Oficial)
1840
Terecô Catimbo
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Rapidamente os terreiros abertos com essa finalidade caíram na simpatia
da grande massa excluída da população e passaram a ser frequentados em
busca de todo tipo de ajuda, inclusive em busca de trabalhos dirigidos para as
vinganças pessoais, para as conquistas amorosas entre outras práticas
atentatórias ao exercício do livre arbítrio e consequentemente à Lei Divina.
Essas tendas, muito populares, principalmente no Rio de Janeiro, recebiam a
designação de “macumbas”.
A providência divina, sempre atenta às necessidades dos homens, não
tardaria a intervir para impedir um avanço desproporcional do mal. No ano de
1908 foi criado o movimento que se destinava a empreender veemente combate
às práticas espúrias de “magia”, bem como a levar o bálsamo divino a todos
aqueles que necessitassem de ajuda, principalmente os pobres e excluídos que
nada tinham. Como explica Ramatis em – Umbanda pé no chão – “Na verdade,
antes de ser anunciada para os habitantes da Terra pelo Caboclo das Sete
Encruzilhadas, a umbanda já existia no Espaço, congregando uma plêiade de
espíritos comprometidos com a universalidade do amor pregado por Jesus que,
nos seus primórdios, se apresentavam através da mediunidade basicamente
como caboclos e pretos velhos, por se ligarem às raças excluídas do mediunismo
pelo preconceito do movimento espírita da época. Essa situação demonstra um
atavismo milenar dos espíritas que nada tem a ver com o espiritismo, doutrina
libertadora por natureza”.
Infelizmente, ainda hoje, entidades que se apresentam como negras e
índias são proibidas de manifestarem suas culturas e suas peculiaridades em
muitos centros espíritas, como se os espíritos fossem exatamente iguais, como
robôs: todos de raça branca, médicos, advogados, filósofos judaico-cristãos e
ex-sacerdotes católicos, de fala padronizada (uma vez que decoram as obras
básicas), com jeito choroso de pregador evangélico e idêntica compreensão do
além túmulo. Seria um parâmetro artificial, porque logo constatamos, no decorrer
do exercício da mediunidade, que a maioria dos espíritos não são "espíritas",
pois apresentam enorme diversidade de entendimento espiritual, no qual
predomina diferentes filosofias e religiões que convergem em direção às
verdades universais consagradas no espiritismo, e existentes muito antes da
recente codificação kardequiana, que formaram suas consciências
desencarnadas ao longo da história planetária.
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No plano superior percebeu-se, então, a iminente necessidade de se fazer
alguma coisa para atender esses excluídos da sociedade, já que os centros
espíritas kardecistas eram muito elitizados. Enquanto esses fatos se sucediam,
milhões de espíritos ligados por fortes vínculos afetivos ao orbe terrestre e
profundos conhecedores da ciência cósmica, formavam, com a permissão e a
bênção de Jesus, uma fraternidade no Astral Superior. A chamada Corrente
Astral de Umbanda.
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A História de Zélio Fernandino de Moraes
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Tendo-se iniciado uma estranha confusão no local, ele incorporou um espírito e
simultaneamente diversos médiuns presentes apresentaram incorporações de caboclos e pretos
velhos. Advertidos pelo dirigente do trabalho, a entidade incorporada no rapaz perguntou:
"Por que repelem a presença dos citados espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir
suas mensagens? Seria por causa de suas origens sociais e da cor?"
Após um vidente ver a luz que o espírito irradiava perguntou:
"Por que o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação
de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram quando encarnados, são claramente
atrasados? Por que fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta
e a sua veste branca reflete uma aura de luz? E qual o seu nome meu irmão?"
Ele responde:
“Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã estarei na
casa deste aparelho, para dar início a um culto em que estes pretos e índios poderão dar sua
mensagem e, assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que
falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos,
encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome que seja este: Caboclo das Sete
Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim”.
O vidente ainda pergunta:
"Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto?"
Novamente ele responde;
“Colocarei uma condessa em cada colina que atuará como porta-voz, anunciando o culto
que amanhã iniciarei."
Depois de algum tempo todos ficaram sabendo que o jesuíta que o médium verificou
pelos resquícios de sua veste no espírito, em sua última encarnação foi o Padre Gabriel
Malagrida.
No dia 16 de novembro de 1908, na rua Floriano Peixoto, 30 • Neves • São Gonçalo •
RJ, aproximando-se das 20:00 horas, estavam presentes os membros da Federação Espírita,
parentes, amigos e vizinhos e do lado de fora uma multidão de desconhecidos. Pontualmente às
20:00 horas o Caboclo das Sete Encruzilhadas desceu e usando as seguintes palavras iniciou o
culto:
“Aqui inicia-se um novo culto em que os espíritos de pretos velhos africanos, que haviam
sido escravos e que desencarnaram não encontram campo de ação nos remanescentes das
seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase que exclusivamente para os trabalhos de feitiçaria,
e os índios nativos da nossa terra, poderão trabalhar em benefícios dos seus irmãos encarnados,
qualquer que seja a cor, raça, credo ou posição social. A prática da caridade no sentido do amor
fraterno será a característica principal deste culto, que tem base no Evangelho de Jesus e como
mestre supremo Cristo".
Após estabelecer as normas que seriam utilizadas no culto e com sessões diárias das
20:00 às 22:00 horas, determinou que os participantes deveriam estar vestidos de branco e o
atendimento a todos seria gratuito. Disse também que estava nascendo uma nova religião e que
chamaria Umbanda. O grupo que acabara de ser fundado veio a receber mais tarde o nome de
Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade e o Caboclo das Sete Encruzilhadas disse as
seguintes palavras:
“Assim como Maria acolhe em seus braços o filho, a tenda acolherá aos que a ela
recorrerem as horas de aflição; todas as entidades serão ouvidas, e nós aprenderemos com
aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos aqueles que souberem menos e a nenhum
viraremos as costas e nem diremos não, pois esta é a vontade do Pai".
Ainda respondeu perguntas de sacerdotes que ali se encontravam em latim e alemão.
Caboclo foi atender um paralítico, fazendo este ficar curado. Passou a atender outras pessoas
que havia neste local, praticando suas curas. Nesse mesmo dia incorporou um preto velho
chamado Pai Antônio, aquele que, com fala mansa, foi confundido como loucura de seu aparelho
e com palavras de muita sabedoria e humildade e com timidez aparente, recusava-se a sentar-
se junto com os presentes à mesa dizendo as seguintes palavras:
"Nêgo num senta não meu sinhô, nêgo fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco e
nêgo deve arrespeitá".
Após insistência dos presentes fala:
“Num carece preocupá não. Nêgo fica no toco que é lugá di nêgo".
Assim, continuou dizendo outras palavras representando a sua humildade. Uma pessoa
na reunião pergunta se ele sentia falta de alguma coisa que tinha deixado na terra e ele responde:
“Minha caximba, nêgo qué o pito que deixou no toco. Manda mureque buscá".
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Tal afirmativa deixou os presentes perplexos, os quais estavam presenciando a
solicitação do primeiro elemento de trabalho para esta religião. Foi Pai Antônio também a
primeira entidade a solicitar uma guia, até hoje usadas pelos membros da Tenda e
carinhosamente chamada de "Guia de Pai Antônio".
No outro dia formou-se verdadeira romaria em frente a casa da família Moraes. Cegos,
paralíticos e médiuns que eram dados como loucos foram curados. A partir destes fatos fundou-
se a Corrente Astral de Umbanda. Após algum tempo manifestou-se um espírito com o nome de
Orixá Malê, este responsável por desmanchar trabalhos de baixa magia, espírito que, quando
em demanda era agitado e sábio destruindo as energias maléficas dos que lhe procuravam.
Dez anos depois, em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, recebendo ordens do
astral, fundou sete tendas para a propagação da Umbanda, sendo elas as seguintes:
Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia
Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição
Tenda Espírita Santa Bárbara
Tenda Espírita São Pedro
Tenda Espírita Oxalá
Tenda Espírita São Jorge
Tenda Espírita São Jerônimo
As sete linhas que foram ditadas para a formação da Umbanda são: Oxalá, Iemanjá,
Ogum, Iansã, Xangô, Oxossi e Exu. Enquanto Zélio estava encarnado, foram fundadas mais de
10.000 tendas a partir das acima mencionadas. Zélio nunca usou como profissão a mediunidade,
sempre trabalhou para sustentar sua família e muitas vezes manter os templos que o Caboclo
fundou, além das pessoas que se hospedavam em sua casa para os tratamentos espirituais, que
segundo o que dizem parecia um albergue. Nunca aceitar a ajuda monetária de ninguém era
ordem do seu guia chefe, apesar de inúmeras vezes isto ser oferecido a ele. O ritual sempre foi
simples.
Nunca foi permitido sacrifícios de animais. Não utilizavam atabaques ou qualquer outros
objetos e adereços. Os atabaques começaram a ser usados com o passar do tempo por algumas
das Tendas fundadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, mas a Tenda Nossa Senhora da
Piedade não utiliza em seu ritual até hoje. As guias usadas eram apenas as determinadas pelas
entidades que se manifestavam. A preparação dos médiuns era feita através de banhos de ervas
e do ritual do amaci, isto é, a lavagem de cabeça onde os filhos de Umbanda fazem a ligação
com a vibração dos seus guias.
Após 55 anos de atividade, entregou a direção dos trabalhos da Tenda Nossa Senhora
da Piedade a suas filhas Zélia e Zilméia, as quais até hoje os dirigem.
Mais tarde, junto com sua esposa Maria Isabel de Moraes, médium ativa da Tenda e
aparelho do Caboclo Roxo, fundaram a Cabana de Pai Antonio no distrito de Boca do Mato,
Cachoeira do Macacú•RJ. Eles dirigiram os trabalhos enquanto a saúde de Zélio permitiu.
Faleceu aos 84 anos, no dia 03 de outubro de 1975.
Relembrando fatos passados em mais de meio século de atividade espiritualista, Zélio
refere-se a centenas de tendas de Umbanda fundadas na Guanabara, em São Paulo, Estado do
Rio, Minas, Espírito Santo, Rio Grande do Sul. A Federação de Umbanda do Brasil, hoje União
Espiritista de Umbanda do Brasil, foi criada por determinação do Caboclo das Sete
Encruzilhadas, a 26 de agosto de 1939.
Da gravação feita durante a celebração festiva, reproduzimos para os leitores, o trecho
final da mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas:
"A Umbanda tem progredido e vai progredir muito ainda. É preciso haver sinceridade,
amor de irmão para irmão, para que a vil moeda não venha a destruir o médium, que será mais
tarde expulso, como Jesus expulsou os vendilhões do templo. É preciso estar sempre de
prevenção contra os obsessores, que podem atingir o médium. É preciso ter cuidado e haver
moral, para que a Umbanda progrida e seja sempre uma Umbanda de humildade, amor e
caridade. Essa é a nossa bandeira. Meus irmãos: sêde humildes, trazei amor no coração para
que pela vossa mediunidade possa baixar um espírito superior; sempre afinados com a virtude
que Jesus pregou na Terra, para que venha buscar socorro em vossas casas de caridade, todo
o Brasil... “
“Tenho uma coisa a vos pedir: Se Jesus veio ao planeta Terra na humilde manjedoura,
não foi por acaso, não. Foi o Pai que assim o determinou. Que o nascimento de Jesus, o espírito
que viria traçar à humanidade o caminho de obter a paz, saúde e felicidade, a humildade em que
ele baixou neste planeta, a estrela que iluminou aquele estábulo, sirva para vós, iluminando
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vossos espíritos, retirando os escuros da maldade por pensamento, por ações; que Deus perdoe
tudo o que tiverdes feito ou as maldades que podeis haver pensado, para que a paz possa reinar
em vossos corações e nos vossos lares. Eu, meus irmãos, como o menor espírito que baixou à
Terra, mas amigo de todos, numa concentração perfeita dos espíritos que me rodeiam neste
momento, peço que eles sintam a necessidade de cada um de vós e que, ao sairdes deste templo
de caridade, encontreis os caminhos abertos, vossos enfermos curados e a saúde para sempre
em vossa matéria. Com o meu voto de paz, saúde e felicidade, com humildade, amor e caridade,
sou e serei sempre o humilde CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS."
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sempre existiu na língua Quimbundo, como em muitos dialetos bantos falados
em Angola, Congo, Guiné, entre outros. Basta consultar qualquer gramática ou
dicionário relativos a essa língua. Outros opinaram que a origem remota repouse
no orientalismo iniciático no qual o mantra AUM–BHANDA representa alto
significado em sentido divino”. O fato que Armando se refere ocorreu no 1º
Congresso Brasileiro de Espiritismo de Umbanda em 1941. Vejamos essas duas
correntes de pensamento não estão incorretas, e como hoje, podemos perceber,
elas não são tão contraditórias.
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inclusive, considerada pelos linguistas como a língua mãe da maioria das que
são faladas no mundo ocidental.
A origem remota do vocábulo Umbanda defendida pela Fraternidade do
Grande Coração, no 1º Congresso de Espiritismo de Umbanda, que ocorreu no
ano de 1941, repousa no orientalismo iniciático dessas civilizações, no qual o
mantra AUM-BHANDA da língua Adâmica representa alto significado em sentido
divino.
Isso sob o pressuposto de que o legado dos arianos sobre a crença nos
Orixás foi levado adiante pela civilização etíope, que o disseminou entre os
povos da África subsaariana. Sabemos que pelo contato existente, através do
Egito, Etiópia e da Índia, não é inverossímil que tivesse penetrado nas terras
africanas onde hoje é Nígéria, Congo e Angola e, em aculturações posteriores
sofresse modificações, tanto no sentido inicial, como na prática, dando o
surgimento do radical banto MBANDA. Na medida, contudo, que o tempo ia
passando, muito do conhecimento original ia se perdendo. Os povos africanos
Ioruba e Banto, herdeiros desse conhecimento oriental, e muito primitivos,
preservaram a crença nos Orixás e Inquises, mas interpretaram esse
conhecimento a seu modo, personificando e divinizando os fenômenos da
natureza, transformando a religião original em uma crença politeísta.
Nesse sentido a etiologia do vocábulo Umbanda seria na verdade uma
corruptela da palavra originária do idioma sânscrito, “Aumpram”, que significa:
Conjunto das leis de Deus ou Princípio Divino.
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Glossário:
- Alabanda – Mármore negro, cujo nome, dado por Plínio, é o do lugar onde foi
encontrado na Turquia. Zélio de Moraes começa a trabalhar com a entidade
conhecida como Orixá Mallet , que era malaio e muçulmano (Alá é a forma como
os muçulmanos chamam Deus).e o nome Alabanda foi dado em homenagem a
esse orixá.
- Cabula - é o nome pelo qual foi chamada, na Bahia, uma seita afro-brasileira
criada pelos negros Bacongo e Angola, de caráter secreto, sincretizadora de
leque malê, banto e catolcismo. Nascida no quilombo Cabula.
- Candomblé de Caboclo - é todo candomblé que além do culto aos orixás,
voduns ou nkisis, cultua também espíritos ameríndios chamados de entidades,
catiços.
- Catimbó Jurema - O termo "Catimbó”, nas línguas Tupi e Guarani, significa
respectivamente "fumaça de mato" e "vapor de erva". - também chamado
"Jurema", "Jurema Sagrada" e "Culto aos Senhores Mestres".
- Cosmogonia – corpo de doutrinas, princípios (religiosos, míticos ou científicos)
que se ocupa em explicar a origem, o princípio do universo; cosmogênese.
- Jurema - (Mimosa hostilis), planta nativa do agreste e sertão nordestinos, é um
arbusto Fabáceo, do qual se fabrica uma série de banhos, defumadores e
bebidas que na tradição recebem o mesmo nome da planta. Essas bebidas,
geralmente comungadas nos rituais, também conhecidas como Vinho da
Jurema, são preparadas de maneira reservada pelos juremeiros que as
consideram sagradas. A ingestão da Jurema, em conjunto com os toques, as
cantigas rituais do catimbó, é capaz de provocar um estado de transe profundo,
interpretado pelos Catimbozeiros como a incorporação dos Mestres da Jurema.
- Morená – Universo mítico indígena no qual espíritos de humanos, plantas,
animais e divindades coexistem em harmonia dinâmica.
- Pajelança - diz respeito a um sistema médico-religioso praticado na região
amazônica, no qual se recebem entidades chamadas de encantados. O curador
ou pajé entra em transe, identificando o mal que acomete a pessoa que buscou
ajuda, e prepara medicamentos naturais para o tratamento das enfermidades.
- Sincretismo - deriva do termo grego, "reunião de vários Estados da ilha de
Creta contra o adversário comum". - Sincretismo é a absorção de um sistema
de crenças por outro.
- Terecô - é a denominação de uma das religiões afro-brasileiras da cidades de
Codó no Maranhão e Teresina no Piauí. Também é chamado de Encantaria de
Barba Soeira, Tambor da Mata ou simplesmente Mata. Os sacerdotes
desempenham funções de rezadores e curandeiros, tipificados de origem
indígena, cultuam cablocos, e integram elementos de tradição religiosas
africanas.
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