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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS - CCSO


DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL
DISCIPLINA: SOCIOLOGIA

COMPONENTES: Ainoã de Oliveira Azevedo, Anne Karolinne Silva Santos, Clara Nazaré da
Silva Ribeiro, Eduarda Frazão Rangel, Jaynne Nunes Lopes, Maria Cecília Ribeiro dos Santos,
Nycolle Keytt Pinheiro.

ATIVIDADE AVALIATIVA REFERENTE A ORIGEM DA SOCIOLOGIA E OS


CONCEITOS DOS SOCIÓLOGOS KARL MARX, EMILE DURKHEIM E MAX
WEBER.

Atividade elaborada para a disciplina de


Sociologia como requisito para obtenção
de nota.
Professora: Carla Regina Assunção
Pereira

São Luís
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2021

Referência: SELL, Carlos Eduardo. Origens da Sociologia. Petrópolis: Vozes, 2009.


1.Discorra sobre o processo de mudança da filosofia á sociologia na explicação da vida
social.
O homem, no momento em que desencadeou o estranhamento por tudo o que lhe
rodeava, foi em busca de explicações para a sua realidade. Para tanto, na Grécia Antiga, a
mitologia foi a primeira forma encontrada para entender a vida, através de figuras mitológicas
e elementos sobrenaturais, ou seja, não existindo ainda o uso da razão e sim, tradições,
crenças e mitos para tentar explicar a vida.
Contudo, tais justificativas mitológicas já não satisfaziam mais as perguntas existentes
da época. Nesse sentido, como visto, o pensar a realidade e todas as suas características não é
um ato da sociedade hodierna, uma vez que, no que se diz respeito ao tempo da idade antiga e
média, pode-se observar atores como Tales de Mileto não mais utilizando a mitologia,
tradições e crenças para tentar explicar o mundo, e sim, o pensamento racional, baseando-se
exclusivamente na lógica, razão e argumentos, dessa forma nasce a filosofia para interpretar o
mundo; não atoa, Mileto é considerado o pai da filosofia ao afirmar que “tudo é água”,
abandonando a maneira mitológica e apoderando-se da razão, sendo, portando, o modo
adotado pelos pensadores nesse período.
Apesar do pensamento filosófico ter perpetuado por muito tempo, no século XVI,
estudiosos como Isaac Newton e Nicolau Copérnico, mudaram a maneira de avaliar os
fenômenos sociais. Nesse sentido, era utilizado pela filosofia o método logico-racional, mas,
para esses pensadores, tal procedimento não era suficiente. Dessa forma, criaram a base da
ciência moderna: o método experimental. Esse baseia-se totalmente na utilização de testes
empíricos para interpretar a realidade, diferenciando-se, desse modo, da visão filosófica de
pensar: ao passo que a filosofia se apoia na razão, a tentativa de refletir a vida é posta no
método experimental, fundamentada na observação da realidade empírica.
Os principais teóricos relevam somente teorias que adotam os métodos científicos ao
explicarem os fatos e fenômenos do mundo, como cita Karl Popper: “Contudo, certamente
admitirei um sistema como empírico ou cientifico somente se ele for suscetível de ser testado
pela experiência. ” (POPPER, 1995, p. 275). Dessa forma, distingue-se claramente a ciência
da filosofia, tal que essa última por não possuir princípios científicos não se enquadra na nova
maneira de pensar a vida social.
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Assim sendo, com as transformações que ocorreram na sociedade moderna, seja no


âmbito político (revolução francesa), econômico (revolução industrial) ou cultural
(iluminismo), pensadores importantes da época apoiaram-se totalmente na ciência para refletir
a vida social e coletiva, acreditavam, então, que a tentativa de explicar os fenômenos sociais
não cabia mais à visão filosófica de pensar. A vida social seria observada, deste modo, com
um viés científico, ou seja, abandonando a forma tradicional de pensamento que existia
anteriormente. Assim, fez-se necessário uma ciência que voltasse seus olhos para os
problemas da vida coletiva e se propusesse a explicar os fatos do mundo com uma visão
inteiramente científica, que obedecesse aos rigores da ciência, desde a observação à
sintetização de leis e teorias, para tanto, surge a sociologia no século XIX.
A sociologia é, portanto, uma nova configuração de conhecimento, rompendo com a
forma tradicional de pensar e indo além da filosofia política, possuindo assim, um pensamento
mais aprofundado, na medida em que altera o objeto de estudo, assim como, o método de
reflexão, adotando o procedimento cientifico.

Referência: QUINTANEIRO, Tânia. Um toque de clássicos: Durkheim, Marx e Weber.


Tânia Quintaneiro, Maria Ligia de Oliveira Barbosa e Márcia Gardênia de Oliveira. - 2ª ed.
rev. amp. - Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
2.Explique, no pensamento de Durkheim, a passagem das sociedades simples para
complexas, ressaltando a coesão, os tipos de consciência e de solidariedade social.

Segundo Émile Durkheim, as sociedades são divididas em: sociedades simples (ou
primitivas) e sociedades complexas (ou modernas). As sociedades simples se caracterizam por
não haver diferenças sociais e seus indivíduos partilharem de valores comuns, tanto no que
diz respeito a crenças religiosas, como em relação aos interesses materiais primordiais a
subsistência do grupo.
A principal característica que diferencia as sociedades primitivas e modernas, é a
existência da divisão do trabalho. Nas sociedades ditas como primitivas, a divisão do trabalho
é inexistente. Nessas sociedades, impera a consciência coletiva, que é definida como o
conjunto de regras e crenças que deve ser seguido por toda a sociedade, as vontades e
preferências dos indivíduos são as mesmas da coletividade.
A coesão social, harmonia, nessas sociedades, se dá a partir das crenças e valores,
Durkheim define que a coesão resulta “exclusivamente das semelhanças, compõem-se de uma
massa absolutamente homogênea, cujas partes não se distinguiriam umas das outras” (p.73),
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ou seja, essa consciência comum/coletiva nada mais é que uma referência à reunião de
crenças e sentimentos compartilhados entre os membros daquele conjunto social. Ainda sobre
este aspecto cabe enfatizar que quanto mais ampla é a consciência coletiva maior coesão
haverá entre os elementos desta sociedade.
Assim, solidariedade para Durkheim, é definida como a ideia de uma responsabilidade
recíproca, um compromisso pelo qual as pessoas se obrigam umas às outras e cada uma delas
a todas. Logo, estabelece-se que a partir de Durkheim uma definição de solidariedade social,
expondo a constituição da responsabilidade de coesão entre os membros dos grupos sociais e
seu consequente modelo de organização.
Com a ampliação do meio social, há consequentemente uma queda das divergências
privadas, entretanto, dentre as que permanecem observa-se a prevalência daquelas peculiares
a cada indivíduo, e são estas que se aglomeram de tal maneira que se ampliam em número e
importância dentro das relações sociais.
A solidariedade mecânica é a que está presente em sociedades onde a divisão do
trabalho é inexistente, sociedades pré-capitalistas, onde há maior controle social. De acordo
com Durkheim, as duas formas de solidariedade, mecânica ou orgânica, evoluem em razão
inversa: quando uma progride, a outra se retrai, mas cada uma delas, a seu modo, cumpre a
função de assegurar coesão social nas sociedades simples ou complexas.
Neste sentido entende-se que a fração de responsabilidade que detém a solidariedade
mecânica, em um contexto de integração social, está diretamente relacionada ao
dimensionamento da vida social que ela absorve, sistematizada pela consciência comum.
Temos dessa forma, um grupo social pautado na coesão como resultado exclusivo das
semelhanças que integram a homogeneidade das partes.
O cerne do questionamento sobre como se deu essa passagem das sociedades
tradicionais para organizações mais complexas é explicada por Durkheim pautada na
qualidade das comunicações e nas trocas dentro dos organismos sociais partindo do
desenvolvimento solidário, já mencionado, que aproxima os indivíduos mesmo em meio às
suas diferenças.

Referência: QUINTANEIRO, Tânia. Um toque de clássicos: Durkheim, Marx e Weber.


Tânia Quintaneiro, Maria Ligia de Oliveira Barbosa e Márcia Gardênia de Oliveira. - 2ª ed.
rev. amp. - Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
3. Como Durkheim explica a dualidade dos fatos morais.
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Para Durkheim, os fatos sociais são conceituados como “toda maneira de agir fixa ou
não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou então ainda, que é geral
na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das
manifestações individuais que possa ter” (p.61),“maneiras de agir, de pensar e de sentir
exteriores ao indivíduo, dotadas de um poder de coerção em virtude do qual se lhe impõem”
ou “maneiras de fazer ou de pensar, reconhecíveis pela particularidade de serem suscetíveis
de exercer influência coercitiva sobre as consciências particulares” (p.61-62).
Os fatos sociais são dotados de vida própria, independem dos membros da sociedade e
exercem uma autoridade implícita nos inseridos naquele corpo social. Durkheim defende que
tais fatos são assimilados desde o início da socialização de uma criança e perduram ao longo
de sua vida. Por isso, são externos, compulsórios, há apenas uma ilusão de que pode-se educar
o filho como bem quiser, eles são educados segundo as regras do meio social em questão. Ao
longo da vida, alguns fatos podem ser abandonados, já que deixam de ter caráter coercitivo.
As regras morais ou fatos morais também são fatos sociais e seguem as características
acima, mas tem alguns diferenciais. Ainda tem caráter coativo, mas se apresentam como
“coisas agradáveis de que gostamos e que desejamos espontaneamente”, há todo um apelo
moral, de modo que elas são tidas como desejáveis, com natureza ligada ao emocional. De
certo modo, os ideais que a sociedade almeja passam a ser almejados pelo indivíduo, sem que
o teor imperativo seja notado.
Para Tânia Quintaneiro, “as regras morais possuem uma autoridade que implica a
noção de dever e, em segundo lugar, aparecem-nos como desejáveis, embora seu
cumprimento se dê com um esforço que nos arrasta para fora de nós mesmos, e que por isso
mesmo eleva-nos acima de nossa própria natureza, mesmo sob constrangimento. ” (p.68). A
autora afirma que os fatos morais apresentam uma dualidade tal qual o sagrado, já que são
invioláveis, almeja-se seguir aquelas regras à risca, mesmo que algumas fossem de encontro à
própria natureza humana.
Durkheim afirma que “ao mesmo tempo que as instituições se impõem a nós, aderimos
a elas; elas comandam e nós as queremos; elas nos constrangem, e nós encontramos vantagem
em seu funcionamento e no próprio constrangimento. [...] Talvez não existam práticas
coletivas que deixem de exercer sobre nós esta ação dupla, a qual, além do mais, não é
contraditória senão na aparência. ” (p.69)
A teoria do sociólogo defende que a coação dos fatos morais é necessária, pois, por
meio delas, o ser humano ultrapassa a natureza física, agregando também a natureza social, de
caráter superior aos instintos inatos. Se as regras morais forem seguidas, o homem poderá
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socializar e compartilhar momentos e interesses com os outros componentes de um corpo


social. É como se saíssem de seu estado de natureza, em uma alusão a Rousseau.
O conceito de sociedade para Durkheim é de uma realidade dotada de vida própria,
“como um ente superior, mais perfeito e que, afinal, antecede e sucede os indivíduos;
independe deles e possui sobre eles uma autoridade que, embora constrangendo-os, eles
amam. Enfim, é ela que lhes concede humanidade e ‘não poderíamos pretender sair da
sociedade sem querermos deixar de ser homens. ” (p.69)
Entretanto, as regras passam por um processo de renovação periódica, de modo que
não se debilitem com o passar do tempo. Essa espécie de renovação ocorre quando as pessoas
se juntam, quando as relações entre elas se tornam mais frequentes e intensas. Um exemplo
disso é a existência de movimentos coletivos, onde a vida social é reforçada.
Nas palavras de Durkheim, “reconstituição moral não pode ser obtida senão por meio
de reuniões, de assembleias, de congregações onde os indivíduos, estreitamente próximos uns
dos outros, reafirmam em comum seus sentimentos comuns, daí as cerimônias que, por seu
objeto, pelos resultados que produzem, pelos procedimentos que empregam, não diferem em
natureza das cerimônias propriamente religiosas. Qual é a diferença essencial entre uma
assembleia de cristãos celebrando as datas principais da vida de Cristo, ou de judeus
celebrando a saída do Egito ou a promulgação do decálogo, e uma reunião de cidadãos
comemorando a instituição de uma nova constituição moral ou algum grande acontecimento
da vida nacional?” (p.69)
O teórico ainda afirma que a necessidade de revigorar os ideais coletivos é a razão de
ritos religiosos que reúnem os fiéis, que reavivam a fé e a crença que partilham. Nesses
eventos, “a sociedade refaz-se moralmente, reafirma os sentimentos e ideias que constituem
sua unidade e personalidade. Isso garante a coesão, vitalidade e continuidade do grupo, e
assegura energia a seus membros. ” (p.70)
Porém, há alguns mecanismos de defesa para manutenção dos fatos e das regras
sociais, para evitar que não sejam desintegradas com o passar do tempo. Durkheim explica
esse fenômeno com a teoria das duas consciências — “uma é comum com todo o nosso grupo
e, por conseguinte, não representa a nós mesmos, mas a sociedade agindo e vivendo em nós.
A outra, ao contrário, só nos representa no que temos de pessoal e distinto, nisso é que faz de
nós um indivíduo. ” (p.70). O conjunto forma o ser social.

4.Fichamento comentado: principais conceitos


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Referência: QUINTANEIRO, Tânia. Um toque de clássicos: Durkheim, Marx e Weber.


Tânia Quintaneiro, Maria Ligia de Oliveira Barbosa e Márcia Gardênia de Oliveira. - 2ª ed.
rev. amp. - Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.

Marx
1-Classes sociais e estrutura social
“ O ponto de partida é que a produção é “a atividade vital do trabalhador, a manifestação de
sua própria vida”, e através dela o homem se humaniza. No processo de produção os homens
estabelecem entre si determinadas relações sociais através das quais extraem da natureza o
que necessitam. ” (p.38)
“Enquanto as sociedades estiveram limitadas por uma capacidade produtiva exígua, a
sobrevivência de seus membros só era garantida por meio de uma luta constante para obter da
natureza o indispensável. A organização social era simples e existia apenas uma divisão
natural do trabalho segundo a idade, a força física e o gênero. Ou seja, “numa época em que
duas mãos não podem produzir mais do que o que uma boca consome, não existem bases
econômicas” que possibilitem que uns vivam do trabalho de outros, seja na forma de trabalho
escravo ou de qualquer outro modo de exploração. É o surgimento de um excedente da
produção que permite a divisão social do trabalho, assim como a apropriação das condições
de produção por parte de alguns membros da comunidade os quais passam, então, a
estabelecer algum tipo de direito sobre o produto ou sobre os próprios trabalhadores. Vê-se,
portanto, que a existência das classes sociais se vincula a circunstâncias históricas específicas,
quais sejam, aquelas em que a criação de um excedente possibilita a apropriação privada das
condições de produção. Dessa forma, o materialismo histórico descarta as interpretações que
atribuem um caráter natural, inexorável, a esse tipo particular de desigualdade. E ainda afasta
definitivamente a ideia segundo a qual as classes se definiriam a partir do nível de renda ou da
origem dos rendimentos: [...]” (p.38)
“[...] A renda não é um fator independente da produção: é, antes, uma expressão da parcela
maior ou menor do produto a que um grupo de indivíduos pode ter direito em decorrência de
sua posição na estrutura de classes. ” (p.39)
“A configuração básica de classes nos termos expostos acima expressa-se, de maneira
simplificada, num modelo dicotômico: de um lado, os proprietários ou possuidores dos meios
de produção, de outro, os que não os possuem. [...]” (p.39)
“À parte dos males da época atual, temos que suportar uma larga série de males hereditários
provenientes da sobrevivência de modos de produção superados, com as consequências das
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relações políticas e sociais anacrônicas que engendra. Não só temos que sofrer com os vivos,
mas, além disso, com os mortos. ” (p.39)
“Mesmo assim, Marx acredita que a tendência do modo capitalista de produção é separar cada
vez mais o trabalho e os meios de produção, concentrando e transformando estes últimos em
capital e àquele em trabalho assalariado e, com isso, eliminar as demais divisões
intermediárias das classes. Não obstante, as sociedades comportam também critérios e modos
de apropriação e de estabelecimento de privilégios que geram ou mantêm outras divisões e
classes além daquelas cujas relações são as que, em definitivo, modelam a produção e a
formação socioeconômica. [...]” (p.39-40)
“[...] A organização econômica e política ancorou-se cada vez mais firmemente em níveis
internacionais e, no interior de cada sociedade, esses processos adquiriram feições muito
singulares, referidas à diversidade de elementos que conformaram suas experiências
históricas. Tudo isso teve como resultado novas subdivisões no interior das classes sociais,
[...]” (p.40)
“A crítica feita pelo marxismo à propriedade privada dos meios de produção da vida humana
dirige-se, antes de tudo, às suas consequências: a exploração da classe de produtores não-
possuidores por parte de uma classe de proprietários, a limitação à liberdade e às
potencialidades dos primeiros e a desumanização de que ambos são vítimas. Mas o domínio
dos possuidores dos meios de produção não se restringe à esfera produtiva: a classe que detém
o poder material numa dada sociedade é também a potência política e espiritual dominante. ”
(p.40)
“Os indivíduos que constituem a classe dominante possuem, entre outras coisas, uma
consciência, e é em consequência disso que pensam; na medida em que dominam enquanto
classe e determinam uma época histórica em toda sua extensão, é lógico que esses indivíduos
dominem em todos os sentidos, que tenham, entre outras, uma posição dominante como seres
pensantes, como produtores de ideias, que regulamentem a produção e a distribuição dos
pensamentos de sua época; as suas ideias são, portanto, as ideias dominantes de sua época.”
(p.40)
Contestação
O processo de produção é o fator que humaniza o indivíduo e constitui a gênese da
relação social do homem com a natureza. A priori, essa primeira forma de relação baseou-se
com o objetivo de adquirir somente o necessário para a subsistência do sujeito e se
caracterizou por estabelecer de forma simplista uma divisão de trabalho embasada somente na
diferença de sexos, idade e capacidade física. Entretanto, uma revolução nos modos de
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interação social e econômico aconteceu devido ao surgimento do excedente, pois abriu-se


caminho para a divisão social do trabalho e a apropriação por parte de um restrito grupo sobre
as produções dos outros indivíduos, isto significa, que essa ferramenta dá vida as classes
sociais que se pautam na monopolização dos bens de produção e na luta para obter condições
dignas de sobrevivência.
Por outro lado, exclui-se a prenoção de que a renda é o alicerce das estruturas das
classes, pois na verdade outros fatores agem para que esse antagonismo exista como: a
propriedade privada, mais-valia, excedente econômico e outros. Desse modo, o tecido social
se divide em dois polos: os dos possuidores e apropriadores de bens e os dos que não têm
posse sobre nada com a adição de características que compuseram as organizações sociais
anteriores, como o feudalismo e escravismo que tinham como essência a ideia de possessão
sobre o indivíduo, de troca entre comunidades e o uso da terra com a finalidade de segregar.
Além disto, o sociólogo Karl Marx preconiza que a sociedade capitalista tem
tendências objetivas de transformar o trabalho em assalariado, que significa uma parcela do
real valor mercadológico daquele objeto produzido como pagamento pela força de trabalho
usada, e os meios de produção em capital, que se designa como a usurpação desses meios por
um grupo restrito, fazendo com que as divisões de classes sejam bem definidas. Porém, a
apropriação de bens e implementação de favorecimentos permitiu o estabelecimento de novas
segmentações e classes intermediárias no meio gregário, tendo como exemplo a classe média.
Por conseguinte, as relações econômicas e políticas se expandiram globalmente, mas
adquirindo especificidades no interior de cada meio social e agindo de forma distinta sobre os
indivíduos.
Outrossim, o marxismo é categórico em criticar como a propriedade privada foi
estabelecendo implicações para além do campo financeiro na humanidade do indivíduo no
que tange a sua exploração, minimização de liberdade e controle dos ideários sociais, isto é,
esses donos de bens difundiram as regras comunitárias e de dominação nos modos de pensar,
agir e conviver socialmente para que o protótipo econômico não fosse contestado, apesar de
que a classe oprimida mesmo sendo compelida a se subordinar a esses parâmetros encontrou
alternativas, como os sindicatos, para reivindicar a reestruturação ou até mesmo a aniquilação
dessa organização, como pregava o comunismo.
Destarte, a sociedade teve sua evolução pautada na implementação do capital e sua
ação diversa nos segmentos comunitários. As classes categorizam-se de acordo com a
quantidade de bens apropriados e de sua dominação diante da sociedade, onde os detentores
das riquezas fazem apropriação não somente das propriedades privadas ou capital como
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também do modelo que vai se implementar naquele meio, onde os estamentos públicos, como
religião, cultura, educação e outros devem convergir ao ideal capitalista.

Referência: QUINTANEIRO, Tânia. Um toque de clássicos: Durkheim, Marx e Weber.


Tânia Quintaneiro, Maria Ligia de Oliveira Barbosa e Márcia Gardênia de Oliveira. - 2ª ed.
rev. amp. - Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
2-Luta de Classes
"Pelo que me diz respeito, não me cabe o mérito de ter descoberto a existência das classes na
sociedade moderna, nem a luta entre elas."(p.41)
"As classes sociais sempre se enfrentaram e “mantiveram uma luta constante, velada umas
vezes e noutras franca e aberta; luta que terminou sempre com a transformação revolucionária
de toda a sociedade ou pelo colapso das classes em luta." (p.41)
"Essa expressão (lutas de classes), antes de significar uma situação de confronto explícito -
que de fato pode ocorrer em certas circunstâncias históricas - expressa a existência de
contradições numa estrutura classista, o antagonismo de interesses que caracteriza
necessariamente uma relação entre classes, devido ao caráter dialético da realidade."(p.41)
"Para o materialismo histórico, a luta de classes relaciona-se diretamente à mudança social, à
superação dialética das contradições existentes"(p.41)
"Classe é o conjunto dos membros de uma sociedade que são identificados por compartilhar
determinadas condições objetivas, ou a mesma situação no que se refere à propriedade dos
meios de produção, das classes para si, classes que se organizam politicamente para a defesa
consciente de seus interesses, cuja identidade é construída também do ponto de vista
subjetivo."(p.41)
"Na medida em que milhões de famílias vivem sob condições econômicas de existência que
as distinguem por sua maneira de viver, seus interesses e sua cultura de outras classes e se
opõem a elas de modo hostil, aquelas formam uma classe."(p.41)
"A consciência de classe conduz, na sociedade capitalista, à formação de associações políticas
(sindicatos, partidos) que buscam a união solidária entre os membros da classe oprimida com
vistas à defesa de seus interesses e ao combate aos opressores."(p.42)
Referência: SELL, Carlos Eduardo. Sociologia Clássica: Durkheim, Weber e Marx. Itajaí:
Vozes, 2001.
"Marx afirma que 'a história de toda a sociedade até hoje é a história de lutas de
classes'"(p.88)
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“As armas de que se serviu a burguesia para abater o feudalismo voltam-se agora contra a
própria burguesia”. Mas burguesia não forjou apenas as armas que lhe trarão a morte;
produziu os homens que empunharão estas armas: os operários modernos, os
proletários."(p.88)
"O progresso da indústria, cujo agente involuntário e passivo é a própria burguesia, substitui o
isolamento dos operários, resultante da concorrência, por sua união revolucionária resultante
da associação. (...). A burguesia produz, acima de tudo, seus próprios coveiros. Seu declínio e
a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis."(p.89)
Constatação
Antes de tudo, percebemos que Marx, não considera ser seu o mérito da descoberta
das lutas de classes, e que antes de seus estudos muitos outros já haviam exposto o
desenvolvimento histórico das lutas de classes.
Karl Marx, afirma que classe sociais sempre existiram na história da sociedade e, por
fim as lutas também, porém com o avanço e implementação da sociedade burguesa as lutas
ganharam um maior significado e tornaram-se essenciais na busca e defesa dos direitos dos
trabalhadores.
Em sua maioria, as lutas de classes não significavam confrontos explícito, mas
expressavam as desigualdades e as oposições de interesse entre a classe do proletário e a
burguesia.
Os interesses antagônicos entre os que tem poder e os subordinados, ou seja, entre os
opressores e oprimidos é o que move a sociedade. Marx, defende a ideia de que somente por
meio da luta de classe se terá a mudança desejada e, essa mudança só será possível através da
união da classe oprimida. Ante das lutas, os trabalhadores tiveram que passar por diversas
questões desenvolvimentistas, como exemplo, o combate a máquinas; a criação dos sindicatos
que passaram a defender seus direitos; a criação do partido político, após sua organização
como classe social, para só então desencadear a luta que trará ao fim o modo de produção
capitalista e a soberania da classe burguesa.
No texto de Carlos Eduardo Sell, é possível perceber que o lugar onde Marx mais
citou a questão das lutas de classes foi no Manifesto Comunista. E esse destaca a relação entre
opressor e oprimido, ou melhor, entre a burguesia e o proletariado, o capitalismo enquanto
modo de produção e as barbáries impostas por este ser, nas palavras de Marx, um movimento
que utiliza da exploração para se “sustentar”.
O Manifesto faz crítica ao modo de produção capitalista e a sociedade que se
configurou em torno dele. Nele Marx e Engels, defendem a derrubada do capitalismo e das
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forças de opressão que reprimem a classe trabalhadora. Os autores tentam abrir os olhos dos
trabalhadores para que esses percebam que são a base do capitalismo e que a superação dele
só se sucederá por meio da união de sua classe como um todo, então, induzem ao proletariado
que se unam, e lutem por seus direitos.
O Manifesto aponta que por meio das lutas da classe trabalhadora iremos ter por fim
uma sociedade igualitária, mais humanista e comum em direitos. O manifesto visava uma
melhor condição para os trabalhadores e como superariam o modo de produção capitalista,
essa transformação de uma nova sociedade devia ser provocada não pelos esforços da classe
dominante, mas pela ação revolucionária da classe trabalhadora.
Por fim, o que Marx prega com os ideais das lutas de classes é justamente, que o
proletariado se veja e se entenda como classe social, e junto com aqueles que vivem sob
mesmas questões sociais e partilham das mesmas condições econômicas, possam pôr fim lutar
e superar o Capitalismo e introduzir o Socialismo na sociedade, para o bem comum de todos.

Weber
Referência: QUINTANEIRO, Tânia. Um toque de clássicos: Durkheim, Marx e Weber.
Tânia Quintaneiro, Maria Ligia de Oliveira Barbosa e Márcia Gardênia de Oliveira. - 2ª ed.
rev. amp. - Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
1-Relação Social
“Uma conduta plural (de vários), reciprocamente orientada, dotada de conteúdos
significativos que descansam na probabilidade de que se agirá socialmente de um certo modo,
constitui o que Weber denomina relação social. ” (p.108)
Para se entender o conceito de Relação social, primeiro é preciso entender os conceitos
de Ação e Ação social. A Ação, segundo Weber, é qualquer conduta do ser humano que tem
significado subjetivo colocado por quem está realizando essa ação. Na Ação social a conduta
de um indivíduo se orienta em grande parte no comportamento dos outros.
Na Relação social os sentimentos compartilhados que vão orientar o comportamento
dos indivíduos. Esses sentimentos que serão compartilhados são regulados por expectativas de
reciprocidade no que diz respeito ao seu significado. Isso é possível porque como seres
vivendo na mesma sociedade entendemos os gestos uns dos outros, eles já estão incorporados
no nosso entendimento.
“Como exemplos de relações sociais temos as de hostilidade, de amizade, as trocas
comerciais, a concorrência econômica, as relações eróticas e políticas. Em cada uma delas, as
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pessoas envolvidas percebem o significado, partilham o sentido das ações dado pelas demais
pessoas. ” (p.108)
As relações sociais são as mais diversas e dos mais variados tipos possíveis, estando
presentes em todo nosso cotidiano. Em cada uma delas existe o seu significado próprio dado
aos sentidos. Para Weber, "as relações sociais são os conteúdos significativos atribuídos por
aqueles que agem tomando outro ou outros como referência”, não importa de qual tipo é essa
relação social.
As relações se diferenciam em sua natureza, podendo ser familiar, política, amorosa,
empregatícia e tantas outras; porém todas têm como suporte a expectativa pela reciprocidade
na ação do outro. Por exemplo, Joana dá uma festa de aniversário, a expectativa é que os
convidados correspondam ao convite levando um presente para aniversariante no dia da festa.
Essa é uma norma que foi estabelecida socialmente na nossa cultura com o passar do tempo.
“O caráter recíproco da relação social não significa uma atuação do mesmo tipo por parte de
cada um dos agentes envolvidos. Apenas quer dizer que uns e outros partilham a compreensão
do sentido das ações, todos sabem do que se trata, mesmo que não haja correspondência.
Sinais de amor podem ser compreendidos, notados, sem que este amor seja correspondido. ”
(p.109)
“O que importa para identificar relações sociais como tais é que estejam inseridas em e
reguladas por expectativas recíprocas quanto ao seu significado. ” (p.110)
A base das relações sociais é a expectativa. O indivíduo, quando vai realizar uma
ação, tem em mente se o outro vai agir socialmente adequando-se às expectativas de suas
ações. Não importa o caráter da relação social, em todas existe a presença da expectativa,
A reciprocidade das relações sociais não está no fato de um indivíduo corresponder da
mesma forma a ação do outro indivíduo, mas no fato corresponder compreendendo essa ação.
Um exemplo que se encaixa perfeitamente nessa definição é o amor. Indivíduo A se apaixona
por B, B não precisa necessariamente se apaixonar por A, apenas agir de maneira
compreensiva em relação a essa situação.
“Uma relação social pode ser também efêmera ou durável, isto é, pode ser interrompida, ser
ou não persistente e mesmo mudar radicalmente de sentido durante o seu curso, passando, por
exemplo, de amistosa a hostil, de desinteressada a solidária etc.” (p.110)
O homem está em constante mudança, logo as relações que ele está presente também
irão se modificar. Nenhuma relação pode ser considerada que irá durar para sempre e ser
sempre da mesma forma, pois quem vive nela não é o mesmo eternamente.
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A duração e a qualidade dependem de quem nela está inserido. Por exemplo, o


matrimônio. Quando o indivíduo se casa, geralmente, ele tem a expectativa de passar o resto
da vida ao lado da pessoa amada. Mas nem sempre é assim, a convivência, influências
externas ou diversos fatores podem levar ao divórcio. Portanto, pode-se concluir que a medida
que o homem vai modificando sua forma de agir e de enxergar o mundo, as relações sociais
também sofrem alterações.
“Condutas podem ser regulares, seja porque as mesmas pessoas as repetem ou porque muitos
o fazem dando a elas o mesmo sentido, e isto interessa à Sociologia. Se tal regularidade
acontece devido ao mero hábito, trata-se de um uso; quando duradoura, torna-se um costume;
e é determinada por uma situação de interesses quando se reitera unicamente em função da
orientação racional da ação. ” (p.111)
A expectativa existente nas relações se cria devido a repetição de certas condutas,
tornando-as regulares. Como no exemplo do aniversário, não existe uma regra que obrigue os
convidados levarem presentes, mas foi uma prática que se perpetuou e se transformou em uma
norma social que deve ser respeitada.
As normas das relações sociais nada mais são do que costumes que foram aderidos,
repassados e repetidos com o passar do tempo, até chegar em um momento que vão se tornar
a maneira correta de agir socialmente. Esses costumes vão sofrendo mudanças de acordo com
a época em que se vive, se adaptando a ela; e todos os dias novos costumes vão surgindo.

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