CANTO XXVII

Esta ao clarear do dia quando de repente surge um anjo de deus. E ele falava que por
aqui não se avança sem se passar pelo fogo purificador e virgilho me disse que aqui
pode haver sofrimento mas não morte.
Quando do anoitecer fomos obrigados a repousar nas escadarias, cada um em seu lugar.
No amanhecer todos acordados, seguiram caminho até chegar a última escada, e virgilio
lhe falou: viste, filho, o fogo eterno e o fogo temporâneo e chegaste ao ponto a partir do
qual eu, por min nada posso. Até aqui com engenho e arte guiei teus passos. Toma
agora por guia o teu querer.
CANTO XXVIII
Ao terminar as escadarias adrentramos em um vivo bosque do qual exalava suavíssimo
aroma.
Caminhando no meio da relva depara-se com uma linfa. De repente a saudou por sua
beleza e por seu canto. Mas um rio separava seu encontro a ela.
E a linfa lhe falou o que quereste conhecer, pergunta que estou pronta a responder.
E uma longa explicação sobre aonde se encontravam e sobre as características da relva e
do bosque lhe foram contadas pela linfa.
CANTO XXIX
Depois da conversa segui meus passos a beira do rio. Depois percebeu um cantar de
musas de inigual suavidade. Logo se fitou 24 anciãos que cantavam: bendita sejas entre
as filhas de adão! Benditas as tuas altas virtudes! E entre os anciãos haviam 4 animais
de asas, logo um carro triunfal apareceu. Os animais tinham partes de pássaros e partes
leoninas.
A direita do carro dançavam três damas, que seguiam os sulcos das rodas. Uma era
vermelha, outra verde e a terceira era branca.
A esquerda surgiram outras quatro damas de purpura vestidas, e fechavam a marcha
dois anciãos vestidos de modo diferente e vinham atrás destes dois outros quatro e bem
isolado um velho que tinha os olhos cerrados.
Quando o carro chegava a frente ouviu-se um trovão, e o cortejo parou.
CANTO XXX
E uma centena de anjos ergueu-se do divino carro, aleluiando: Benedictus qui venis.
Dante, temendo todos esse acontecimentos ficou estremecido, e logo observou que
Beatriz no monte.
De repente os anjos começaram a cantar e dante começou a chorar com todo aqueles
acontecimentos e com a vinda de Beatriz.
Beatriz lhe fala e começa um longo sermão e lhe contesta os motivos de sua vida
mergulhada no pecado, lhe falou que pagaria com lagrimas e sofrimento seus pecados.
CANTO XXXI
Beatriz lhe dirige a palavra e pede que lhe faça a confissão. E chorando lhe disse:
deixei-me transviar pelos falsos prazeres mundanos.
Ao ouvir isso Beatriz lhe fala um longo sermão e avisa que quando é da boca do
pecador que se ouve a acusação, a alta justiça inclina-se pela brandura.
Depois do sermão de Beatriz Dante ciu desfalecido de fortes emoções. Foi então que
Matilde nobre dama lhe animou, e logo após o mergulhou no rio até o pescoço para que
lhe purificasse. Depois foi levado aos braços de quatro ninfas, servas de Beatriz. Foi aí
que observando o grifo, Beatriz lhe expos a face.
CANTO XXXII
E diante de Beatriz ficaste atraído pelo seu sorriso. E grifo fez girar as rodas do carro
para o outro lado junto com as ninfas.
O carro parou perto de uma planta despojada e enorme e Beatriz desceu e a procissão
inteiro exclamou para o Grifo. E o Grifo respondeu: assim, para sempre, se faz justiça.
Novamente, depois de adormecer por emoção, Dante acordou e perguntou aonde estava
Beatriz, e viu que seguindo o Grifo todos haviam subido para o céu.
Ainda perto de Beatriz surgiu uma águia e um dragão. Logo após brotaram cabeças nos
vários ângulos, uma de cada lado e três pelo timão. As primeiras tinhas cornos iguais
aos de boi, e as demais, um chifre, unicamente.
CANTO XXXIII
Deus, venerunt gentes as ninfas lacrimejavam e suavemente salmodiavam.
Beatriz lhe fala para seguir e perguntar o que quereis, e Dante lhe replica: conheceis,
senhora, tudo quanto desejo perguntar e também que vós é dado responder-me
esclarecedoramente.
Beatriz novamente faz a Dante um sermão e lhe fala para não seguir no pecado, pois a
doutrina que orientou o teu modo de vida era falso.
Dante emergiu daquela santíssima água, renovado qual planta refeita pelo reverdecer da
fronde: puro e disposto para alçar às estrelas.