Você está na página 1de 47

APONTAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Tema: Razão e importância do estudo do conceito de direito administrativo;

- Direito administrativo considerado como disciplina científica - O objecto do Direito


administrativo.

Para auferirmos a importância do estudo do Direito administrativo importa


compreendemos alguns conceitos gerais. Essencialmente os conceitos do direito e
governo, entre outros.

O direito de modo geral é um conjunto de normas (princípios e regras), dotadas de


coercibilidade que regulam a vida social.

O governo é o conjunto de órgãos que realizam a administração pública exercendo


poderes que lhe foram delegados pela soberania do povo. O direito administrativo regula
a actuação da administração pública. É um ramo que visa tratar das matérias relacionadas
com administração pública, a maneira como alcançar as finalidades do Estado ou seja,
tudo que diz respeito a administração pública e a relação entre ela e os administrados e
seus servidores é estudado pelo direito administrativo.

O direito administrativo é um ramo de direito publico na medida em que atendendo


aos critérios de distinção entre ramos do direito publico e privado, este enquadra-se no
direito público, encontramos patente neste caso desigualdade jurídica, de um lado a
administração publica que defende interesses da colectividade e de outro o particular.
Existindo conflitos entre tais interesses prevalecera o da colectividade, representado pela
administração.

A administração encontra-se numa posição de supremacia de forma diferente do que


sucede no direito privado onde às partes encontram-se em posição de igualdade.

Elaborado por: Florinda Soca Page 1


Qualquer que seja o poder que a exerce, se a actividade é administrativa, sujeita-se aos
comandos do direito administrativo, deste modo o judiciário, quando realiza um concurso
público para preenchimento de suas vagas, segue normas administrativas.

O estudo do direito administrativo torna-se meramente precário pela falta de codificação,


numa legislação que reúna todas as leis esparsas que abordam essas matérias.

O fim da administração pública resume se em um único objectivo: o bem comum o


interesse público.

O objecto de estudo do direito administrativo é a administração pública, seja


entendida como função administrativa ou como organização administrativa, órgãos
públicos, pessoas jurídicas. Ou seja, tem por objecto zelar sobre toda estrutura
administrativa, a qual é voltada para satisfação dos interesses públicos, está presente em
toda nossa vida, este trata das necessidades colectivas, aquelas que são satisfeitas por nos
como grupo e não como indivíduos.

Em síntese, tem por objecto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que
integram a administração pública, regra todas as actividades administrativas do estado.

As necessidades podem ser agrupadas em três grandes grupos:

Necessidades de cultura

Necessidades de segurança

Necessidades de bem-estar

Necessidades culturas – neste caso, estamos perante preservação do património, prática


de diferentes culturas, educação, instrução.

Necessidade de segurança – justiça, acesso a polícia, protecção dos cidadãos contra os


perturbadores da ordem e tranquilidade pública.

Necessidade de bem-estar- esta ocorre nos casos de saúde, transporte condigno,


alimentação condigna, em suma ver as necessidades primárias satisfeitas.

Elaborado por: Florinda Soca Page 2


Conceito de administração e as acepções principais da expressão administração
pública;

- Administração em geral e Administração publica em especial – sua caracterização.

Administrar é em geral, tomar decisões e efectuar operações como vista a satisfação


regular de determinadas necessidades, obtendo para o efeito recursos mais adequados e
utilizando para o efeito as formas mais convenientes.

Administração é um acto de administrar ou gerenciar negócios, pessoas ou recurso, com


objectivo de alcançar meta definidas.

Os vários sentidos da expressão “Administração Pública”

São três os sentidos em que se utiliza na linguagem corrente a expressão Administração


Pública: (1) orgânico; (2) material ou funcional; e (3) formal.

A Administração Pública, em sentido orgânico, é constituída pelo conjunto de órgãos,


instituições, associações públicas, institutos públicos serviços e agentes ou funcionários
do Estado e demais entidades públicas encarregues de satisfação disciplinada, regular e
contínua das necessidades colectivas de segurança, cultura e bem-estar.

A administração pública, em sentido material/funcional ou objectivo, pode ser


definida como a actividade típica dos serviços e agentes administrativos desenvolvida no
interesse geral da comunidade, com vista a satisfação regular e contínua das necessidades
colectivas de segurança, cultura e bem-estar, obtendo para o efeito os recursos mais
adequados e utilizando as formas mais convenientes. Esse resultado é alcançado pela
administração pública em sentido orgânico.

A administração pública em sentido formal refere-se a administração publica como


poder de autoridade impor as suas decisões se necessário de forma coerciva para fazer
valer o bem-estar da colectividade de forma regular, disciplinar e continua.

Administração em geral e Administração publica em especial

Elaborado por: Florinda Soca Page 3


Administração pública em geral é composta pelos órgãos do estado (governo)
superiores e subalternos e entes administrativos, assim como as suas respectivas funções,
de direcção, de comando, como ainda políticas, visando o desencadeamento dos planos
de actuação e execução do estado.

A administração publica especial ou específica restringe-se aos órgãos e entidades


administrativos, aqui verifica-se aqueles que exercem apenas funções de carácter
administrativo a fim de concretizarem os planos de actuação e execução do estado.

Temos dois momentos destintos de actuação da administração pública:

A administração directa é aquela pelo qual o estado através dos seus poderes executa
directamente as suas funções. Nesse caso, os órgãos não se encontram dotados de
personalidade jurídica própria, patrimonial, nem se quer autonomia administrativa.

Vide artigos 32 e ss da lei 7/2012.

Na administração indirecta, contrariamente do que sucede na administração directa o


Estado transfere a sua titularidade ou execução das funções para que outras pessoas
jurídicas, ligadas a ele, possam realizar. Na administração indirecta as entidades possuem
personalidade jurídica própria, património e autonomia administrativa está é
desenvolvida pelas autarquias, fundações, sociedades, empresas públicas e outras
entidades de direito privado. Na administração indirecta, há distribuição de competências
de uma para outra pessoa, física ou jurídica, caracteriza-se pela descentralização.

Vide artigos 72 e ss da lei 7/2012.

Breve Historial sobre a Administração publica Moçambicana

Período anterior a independência

Elaborado por: Florinda Soca Page 4


No processo de organização da administração pública Portuguesa podem distinguir-se
quatro fases que influenciaram a administração pública em Moçambique no período
anterior à independência nacional:
a) Até 1820, vigorava a Administração da Monarquia tradicional caracterizada por
indiferença entre a administração e a justiça. Assim, havia concentração no monarca das
funções de administração e de justiça, fraca intervenção da administração na vida
económica, cultural e social da nação e atribuição de grande importância à administração
municipal, forte carácter discricionário na actuação da administração, o que
caracterizava uma Administração Pública Centralizada.
b) O período de 1820 a 1926, que incluiu as fases da Monarquia Liberal e da 1ª. República
caracterizou-se por uma administração liberal, pois ocorreu o processo de separação
entre a administração e a justiça, o reforço das garantias dos cidadãos consagradas nas
sucessivas constituições e cartas constitucionais, na criação do Conselho do Estado em
1845 e do Supremo Tribunal Administrativo em 1870, na extensão da administração
municipal e no abstencionismo do Estado e da Administração em matérias económicas,
culturais e sociais. Neste período deu- se mais ênfase na descentralização da
Administração Pública.
c) Entre 1926 e 1974, na fase do Estado Novo, Portugal adoptou a Administração
Corporativa caracterizada pela separação entre a administração e a justiça, o reforço da
administração central em detrimento da administração municipal, intervenção crescente
da administração na vida económica e social, diminuição das garantias dos particulares
em todas as matérias, por imperativos ideológicos, políticos e económicos, e o incremento
do autoritarismo político ideológico do Estado. Neste deu-se primazia à centralização da
administração
Pública.

d) Com o golpe de Estado ocorrido a 25 de Abril de 1974, inicia a 2ª. República,


caracterizada administração social e económica. O Estado nesta fase é caracterizado pela
separação das funções administrativa e jurisdicional, pelo reforço da administração local,
pelo incremento do poder intervencionista do Estado na economia e pelo
restabelecimento dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos na constituição. Neste
período foi incrementada a descentralização da Administração Pública.

1975

Elaborado por: Florinda Soca Page 5


A administração pública devia ser “um instrumento para a destruição de todos os vestígios
do colonialismo e do imperialismo, para a eliminação do sistema de exploração do
homem pelo homem, e para a edificação da base política, material, ideológica, cultural e
social da nova sociedade”.

1990

A Administração Pública serve o interesse público e na sua actuação respeita os direitos


e liberdades fundamentais dos cidadãos. Os órgãos da Administração Pública obedecem
à Constituição e à lei e actuam com respeito pelos princípios da igualdade, da
imparcialidade, da ética e da justiça (Artigo 249 da Constituição da República). A
Administração Pública estrutura-se com base no princípio de descentralização e
desconcentração, promovendo a modernização e a eficiência dos seus serviços sem
prejuízo da unidade de acção e dos poderes de direcção do Governo

2004

Descentralização em Moçambique
A descentralização em Moçambique tem como objectivos o aprofundamento da
democracia, garantir a participação dos cidadãos na solução dos problemas próprios das
comunidades e promover o desenvolvimento local. A Descentralização em Moçambique
assume duas formas: a Desconcentração administrativa (dos órgãos centrais do Estado
para os órgãos locais do Estado) e a Descentralização propriamente dita ou
Descentralização política ou Devolução (dos órgãos centrais do Estado para as autarquias
locais). A Descentralização propriamente dita obedece os seguintes princípios:
1. Autonomia administrativa dos municípios (poderes de decisão sem subordinação aos
órgãos centrais;
2. Autonomia financeira (poder de usufruir de receitas próprias e de as administrar de
acordo com os programas orçamentais da sua exclusiva responsabilidade);
O desenvolvimento económico é indissociável de um processo de reformas visando a
modernização e melhoria da capacidade do Estado. No entanto, estas reformas têm que
estar em sintonia com o modelo económico que se pretende seguir, de modo que o Estado
seja municiado das capacidades adequadas para Desempenhar o papel que dele se espera.

Elaborado por: Florinda Soca Page 6


A administração publica é uma entidade eu trata das necessidades publicas. Por outras
Administração pública é o conjunto de órgãos, serviços e agentes do Estado que procuram
satisfazer as necessidades da sociedade, tais como educação, cultura, segurança, saúde.

2018

A Administração Pública passou a ter maior alicerçado na separação e interdependência


dos poderes e no pluralismo, a democracia e modernização dos serviços públicos em
termos concretos a descentralização torna-se mais intensificada e maior enquadramento
dos direitos fundamentais dos cidadãos.

A administração pública passou a ser analisada na CRM a partir dos artigos 248 ss e
foram introduzidos os artigos 267 ss relativos a Descentralização.

Os órgãos da Administração Pública nomeadamente governadores e administradores


passam a ser eleitos pelo povo os primeiros a partir das eleições de 15 de Outubro de 2019
e os segundos a partir de 2024.

Tema: Distinção entre administração pública e administração privada/actividade


de gestão pública e actividade de gestão privada.

Administração pública - compreende o conjunto de órgãos ou entidades do Estado


encarregues de satisfazer necessidades de interesses colectivos ou seja, administração
pública é a direcção ou gestão dos interesses públicos por meio da prestação de serviços
públicos, directa ou indirectamente, isto é, também dos serviços delegados ou facultado.

Elaborado por: Florinda Soca Page 7


Administração Pública e administração Privada

Como ponto de partida é importante referir que a administração pública e administração


privada têm um ponto forte em comum, pelo facto de ambas serem administração.

Mais estas distinguem-se de três maneiras:

Quanto ao objecto a administração pública ocupa-se da satisfação das necessidades


colectivas, aquelas que abrangem a sociedade como um todo. Exemplo necessidade de
transporte, segurança, justiça, comunicação, Estradas. Etc. De outro modo a
administração privada versa sobre necessidades individuais, aquelas que favorecem ou
beneficiam certas pessoais (grupal). Exemplo alimentação.

Quanto ao fim a administração pública visa prosseguir o interesse público, esta não tem
como base a obtenção de lucro mais sim importa garantir e manter o bem-estar da
colectividade através dos serviços necessários para o desenvolvimento social.

Ao passo que a administração privada visa prosseguir fins particulares, visa a


maximização de lucros.

Quanto ao meio a administração pública goza de poder de autoridade sobre os


particulares, prevalecendo o privilégio de execução prévia, equivale dizer que, pode
sobrepor-se na sua relação com outros sujeitos. De contrário, a administração privada
predomina a autonomia das partes, vigora a igualdade entre os sujeitos.

Privilégio de execução prévia – é a faculdade que a administração pública tem, que lhe
permite implementar suas decisões mesmo antes da intervenção dos tribunais. Este é o
poder mais importante que administração tem.

Outra diferença entre estes dois tipos de administração que habitualmente não é posta em
causa, mas que é muito importante são os limites que a lei estabelece para a administração
pública e que em regra os particulares não estão sujeitos.

Administração Púbica Administração Privada


Necessidades colectivas Necessidades individuais
Interesse público, Interesse particular
Privilégio de execução prévia, Igualdade entre as parte

Elaborado por: Florinda Soca Page 8


Bem-estar de uma sociedade, Lucro e restrição na prestação de serviços,

Agora fica claro que num caso as necessidades são satisfeitas de forma directa e noutros
de forma indirecta.

Gestão pública

Verifica-se a adequação de praticamente tudo às políticas governamentais vigentes e aos


projetos de governo, o que faz com que seu orçamento, e seu tema de atuação estejam
perfeitamente alinhados com o que o governo pretende.

Além disto, também haverá a pressão política, que sempre se faz presente neste tipo de
situação, havendo assim forte presença de lideranças políticas nas decisões de empresas
públicas, por exemplo.

- Gestão pública e Gestão privada

Gestão privada

Já a gestão privada, como o próprio nome sugere, é o tipo de gestão visto em empresas
privadas, que são geridas de modo mais profissional e que sempre visam os melhores
resultados possíveis. A gestão privada não apresenta a interferência de políticos e não
leva em conta planos e projetos de governo, sendo mais independente neste sentido do
que a gestão pública.

Diferentemente das organizações privadas, as organizações públicas são regidas pela


supremacia do interesse público e pela obrigação da continuidade da prestação do serviço
público.

Muito do que se utiliza positivamente na gestão privada pode e deve ser utilizado na
gestão pública, desde que os princípios do que é conceitualmente público sejam
protegidos e respeitados.

Gestão pública vs Gestão privada

Elaborado por: Florinda Soca Page 9


Na gestão privada as organizações são movidas em geral pelo lucro, facto menos presente
nas organizações públicas.

A gestão privada recebe dos seus clientes a maior parte dos seus recursos; na gestão
pública há costeio pelos contribuintes

O cliente atendido na esfera privada remunera directamente a organização; na esfera


pública em geral (nem sempre) o cliente paga pela via do imposto.

A esfera privada trabalha normalmente sob regime de competição; na publica a prestação


do serviço e independente da competição.

A preocupação em satisfazer o cliente na esfera privada é baseada no interesse do agente


privado. Referem se a metas de conectividade no sentido de obtenção. Manutenção e
expansão do mercado.

No sector público essa preocupação tem que ser alicerçada no dever e no interesse dos
cidadãos, a meta é o atendimento de todos os cidadãos, ao menos custo possível.

Tema: A função administrativa no quadro das funções do Estado;

- Conceito da função administrativa.

O Estado, para conseguir atingir os seus fins terá que prosseguir certas funções.

A função administrativa é observada em confronto com outras funções de Estado: a


função política, a função legislativa, a função jurisdicional. Estas quatro funções dividem-
se em dois patamares: funções primárias (política e legislativa) e funções secundárias
(jurisdicional e administrativa). As funções secundárias são condicionadas pelas
primárias.

Elaborado por: Florinda Soca Page 10


A função administrativa tinha inicialmente uma função meramente executiva: ao Governo
cabia assegurar a boa execução das leis. Ademais compreendeu-se que à Administração
Pública não compete apenas a promoção da execução das leis mas também a prática de
todos os actos necessários para à promoção do desenvolvimento económico-social.

A função administrativa distingue-se de cada uma das outras pelos fundamentos que se
seguem:

1) A função política incide sobre a prática de actos que respeitam de modo directo e
imediato o poder político. Tem um fim específico: definir o interesse geral da
colectividade. A função administrativa realiza em temos concreto o interesse geral
definido pela função política.

A política tem uma natureza criadora, cabendo-lhe em cada momento inovar em todo
quanto seja fundamental para a conservação e desenvolvimento da comunidade. De outro
modo a administração pública tem uma natureza executiva, consistindo sobretudo em pôr
em prática as orientações tomadas a nível político. Mas a política e a administração não
são actividades dispersas. Isto é, sofrem influências uma da outra. Em regra, toda a
administração pública, além da actividade administrativa, é também execução ou
desenvolvimento de uma política

Nota-se aqui certa semelhança. O Estado, por exemplo é simultaneamente um órgão


político e administrativo.

2) A função legislativa como a política, esta enquadra-se na função primária, e assim


podemos afirmar que esta encontra-se num patamar superior à administração. Esta função
consiste na actividade permanente de definição, de princípios e elaboração de preceitos
com eficácia externa, normas abstractas (cria direitos e obrigações). A função
administrativa é totalmente subordinada à lei esta executa, aplica e poe em pratica o que
lhe é superiormente determinado. Por outro lado, ambas as funções podem ser exercidas
mediante acto jurídico - a legislativa através de lei e a administrativa através de
regulamento. O que distingue a função legislativa da função administrativa é o conteúdo
eminentemente político da primeira.

Existem situações em que a própria lei se deixa completar por actos da administração.

Elaborado por: Florinda Soca Page 11


3) A função jurisdicional relaciona-se com a função administrativa pelo facto de ambas
tratarem-se de funções secundárias, executivas e subordinadas à lei. Quer isto dizer, que
a lei é o fundamento, o critério e o limite de toda actividade administrativa. Porém existem
diferenças significativas. A função judicial consiste em julgar enquanto a administrativa
consiste em gerir. A primeira tem como objectivo principal a justiça visa aplicar o direito
aos casos concretos através da implementação das normas vigentes na ordem jurídica,
esta é assegurada pelo tribunal cujos juízes são independentes. A função administrativa
visa gerir e prosseguir interesses gerais da colectividade. A justiça aguarda passivamente
que lhe tragam os conflitos sobre o que tem de pronunciar-se, administração pública, toma
a iniciativa de satisfazer as necessidades colectivas que lhe estão confiadas.

Podemos concluir então que todas as funções do Estado, apesar das suas diferenças, estão
intimamente interligadas e que qualquer destas é essencial para a prossecução dos fins do
estado, independentemente de ser primária ou secundária. Mesmo sendo secundária, a
função administrativa é uma actividade pública crucial para a satisfação das necessidades
colectivas existentes em cada momento histórico e consoante as opções constitucionais
ou legislativas previamente consideradas relevantes.

A função Administrativa é uma das funções básicas do Estado (ou de seus delegados),
aquela que, no respeito pelo quadro legal e sob a direcção dos representantes da
colectividade, desenvolve as actividades necessárias para a realização de fins públicos do
estado.

Tema: Sistemas administrativos

Nem todos os países são organizados, estruturados e funcionam da mesma forma, em


cada país depende dos interesses políticos, económicos e sociais. Cada país adopta o
sistema que lhe convém.

Sistemas administrativos – é o modo jurídico típico de estruturação, organização,


funcionamento e controlo da AP num dado país de acordo com as leis e a constituição.

Existem vários sistemas administrativos, apenas vamos nos cinguir em três


essencialmente:

1- Sistema administrativo tradicional ou de concentração de poderes;

Elaborado por: Florinda Soca Page 12


2- Sistema executivo ou Francês;
3- Sistema judiciário ou Britânico.

Sistema tradicional

É o mais antigo, incide sobre a concentração de poderes, visto que, o poder encontra-se
concentrado nas mãos do monarca. Em que o rei detém todos os poderes executivo,
legislativo e judiciário. Podemos ter como exemplo: Suazilândia e Lesoto.

Este sistema entra em desuso, pois é precário.

Características

Indiferença das funções administrativas e judiciais; Inexistência de uma separação


rigorosa entre os órgãos do poder executivo e poder judicial.

Não subordinação da administração pública ao princípio da legalidade e constantes


violações dos direitos e garantias jurídicas dos particulares.

Em poucas palavras

Não havia separação de poderes

Não havia estado de direito

Vigorava autêntico abuso de poderes

Mudanças:

Em 1688 com a revolução na Inglaterra e em 1789 com a revolução na Francesa,


desencadeada pela burguesia com objectivo de substituir os senhores feudais, trouxe
alguns avanções significativos.

Consequências das duas grandes revoluções

Dividiu-se o poder do rei;

Proclamaram-se direitos humanos como direitos naturais anteriores e superiores aos


Estado.

Elaborado por: Florinda Soca Page 13


Surgimento de dois novos sistemas administrativos modernos.

Os sistemas administrativos modernos seguem vias distintas na França e a Inglaterra.

1- Na França surge o chamado sistema executivo ou de contencioso


administrativo - era chamado executivo porque neste sistema, executivo detinha
maior poderes ou seja, o executivo estava acima do legislativo e judiciário.

Características do sistema executivo

- Separação de poderes – a administração submetia-se as leis, bem como as garantias


jurídicas dos particulares estavam asseguradas.

- Sistema centralizado de forma acentuada

- Sujeição da administração pública aos tribunais administrativos.

- Estado de direito

- Privilégio de execução prévia ou autotutela.

Com o decorrer do tempo estas características foram se modificando.

Hoje a França é um país descentralizado e serve de modelo para muitos outros países.

2- Sistema Britânico ou judiciário

Este sistema surge na Inglaterra, era chamado judiciário porque era considerado o sistema
mais importante, ou seja, o judiciário detinha maior poder.

Características do sistema britânico

- Separação de poderes (o rei foi proibido de resolver assuntos de natureza contenciosa


passando a existir independência).

- Estado de direito (todos os cidadãos deviam obediência a lei, estavam subordinados ao


direito)

- Descentralização – existia independência entre a administração central e administração


local ou seja, autonomia dos entes centrais e locais)

Elaborado por: Florinda Soca Page 14


- Sujeição da administração aos tribunais comuns.

- Execução judicial das decisões administrativas.

- Garantias jurídicas dos particulares.

Características do sistema moçambicano

O sistema administrativo moçambicano é misto, pois encontram-se patentes as


características dos dois sistemas modernos. E este caracteriza-se:

 Estado de direito ao abrigo do artigo 3 da CRM;


 Separação de poderes ao abrigo do artigo 134 da CRM;
 Descentralização ao abrigo do artigo 249 da CRM;
 Direitos e garantias dos administrados ao abrigo do artigo 252 da CRM;
 Privilégio de execução prévia ao abrigo do artigo 16 alínea a) do decreto 30/2001.

Tema: O direito administrativo (conceito, características, fontes e tipos de normas)

O direito administrativo, não regula toda actividade da administração, mas somente uma
parte dela, pois não regula actividade administrativa de gestão privada, mas apenas
actividade administrativa de gestão pública.

O direito administrativo é um ramo do direito público. O direito administrativo é


constituído por sistemas de normas jurídicas, tais normas regulam a organização e
funcionamento da administração pública e as relações que a administração estabelece
como outros sujeitos de direito no exercício da actividade administrativa pública.

Pode ainda ser definido, como um conjunto de princípios e regras jurídica s que regulam
a actividade da administração pública, em que prevalece a prossecução do interesse
publico.

Existem três tipos de normas jurídicas administrativas:

Elaborado por: Florinda Soca Page 15


Normas organizacionais ou orgânicas - regulam a organização e estruturação da
administração pública, ou seja, definem os órgãos e serviços que compõem a
administração.

Normas funcionais – regulam o funcionamento a forma específica de actuação, métodos


de trabalho e tramitação a seguir e formalidade a cumprir pela administração pública.

Normas relacionais- regulam a relação entre a administração pública com os


particulares, como ainda, com os outros sujeitos de direito no exercício da função
administrativa através de contratos e outras formas de relacionamentos.

Das três normas, as primeiras duas organizacionais e funcionais são normais internas da
administração pública

As terceiras normas relacionais, tem impacto exterior por consequência disto, elas são as
mais importantes em relação aos outros dois tipos.

Normas relacionais subdividem-se em três espécies:

1- É constituído por aquelas normas que conferem poderes de autoridade a


administração pública para que, ela se sobreponha aos interesses dos particulares
fazendo prevalecer o interesse publico. Pode agir vestido de ius imperi.
2- É constituído por aquelas normas que impõem sujeições, restrições especiais a
administração pública devido a necessidade de esta na prossecução do interesse
publico ter que respeitar os direitos e interesses legítimos dos particulares isto é,
o fato de prosseguir o interesse público este não pode abusar dos direitos dos
particulares.
3- São aquelas que atribuem garantias aos particulares delimitam aos direitos
subjectivos e interesses dos particulares é composto por aquelas normas que visam
assegurar as garantias jurídicas dos cidadãos. Permitem que o particular lesado
tenha instrumentos legais para se defender conforme o previsto no n.º 3 do art 252
da CRM.

Características do direito administrativo

Juventude (É um direito jovem quando comparado com o direito privado, este surge como
as duas grandes revoluções burguesas na Inglaterra e na França).

Elaborado por: Florinda Soca Page 16


Influência jurisprudencial (pois sofreu grande influência da jurisprudência francesa,
porque na frança o direito administrativo nasceu por via jurisprudencial).

Autonomia (O direito administrativo é um direito autónimo quando comparado com


outras disciplinas do saber jurídico).

Codificação parcial (na medida em que não esta totalmente codificado, o encontramos
em muitas leis esparsas).

Função do direito administrativo

Este confere duas teorias, dentre as quais:

 Conferir autoridade como poder a administração pública para ela se sobrepor aos
particulares em defesa dos interesses públicos.
 Proteger direitos e interesses legítimos dos particulares e evitar excessos por parte
da administração.

A função do direito administrativo é mista na medida em que confere poderes de


administração bem como garante o respeito pelos interesses legítimos dos particulares e
evita a lesão de tais direitos.

Tema: Fontes do direito administrativo

As fontes do direito administrativo, são analisadas em função das fontes já estudadas em


outras disciplinas jurídicas. Estas podendo ser:

Lei, consume, jurisprudência e doutrina.

A lei, é a fonte primordial do Direito Administrativo, abrangendo esta expressão desde a


Constituição até as leis complementares e decretos regulamentar ou seja lei em sentido
amplo. E esta tem força obrigatória, impondo seu poder normativo aos indivíduos e ao
próprio Estado

A doutrina os estudos que são feitos pelos doutrinadores, pelos juristas a respeito do
nosso sistema administrativo. Influencia não só na formação das leis, como também nas

Elaborado por: Florinda Soca Page 17


decisões administrativas e jurisprudenciais, contenciosas e não contenciosas, ordenando,
dessa forma, o próprio Direito Administrativo.

A jurisprudência, compreende o conjunto de decisões tomadas pelo poder judiciário


num mesmo sentido. Vale lembrar que a jurisprudência possui uma característica
nacional, enquanto que a doutrina tende a universalizar-se. A jurisprudência não obriga a
Administração ou o Judiciário a segui-la, apenas orienta uma direcção para casos
semelhantes.

O costume ainda é fonte importante do Direito Administrativo. Devido a carência de


legislação organizada específica, supre o texto escrito, na medida em que é uma prática
reiterada no interior da administração bem como uma convicção generalizada. Não é uma
fonte escrita, e em momento algum pode contrariar a lei.

- Relação do Direito Administrativo com os outros ramos de direito

a) Direito Administrativo e Direito Privado são dois ramos de Direito inteiramente


distintos.

São distintos pelo seu objecto, uma vez que enquanto o Direito Privado se ocupa das
relações estabelecidas entre particulares entre si na vida privada, o Direito Administrativo
ocupa-se da Administração Pública e das relações do Direito Público que se travam entre
ela e outros sujeitos de Direito, nomeadamente os particulares.

Apesar de estes dois ramos de Direito serem profundamente distintos, há naturalmente


relações recíprocas entre eles.

No plano da técnica jurídica, isto é, no campo dos conceitos e dos instrumentos técnicos,
o Direito Administrativo começou por ir buscar determinadas noções de Direito Civil.

Hoje sabe-se que o Direito Administrativo é um corpo homogéneo de doutrina, de


normas, de conceitos e de princípios, que tem a sua autonomia própria e constitui um
sistema, em igualdade de condições com o Direito Civil.

b) Direito Administrativo e Direito Constitucional

Elaborado por: Florinda Soca Page 18


O Direito Constitucional é o fundamento de todo o Direito Público de um país, em relação
ao Direito Administrativo, em múltiplos aspectos observa-se o Direito Constitucional: em
grande medida as normas de Direito Administrativo são corolários de normas de Direito
Constitucional.

O Direito Administrativo contribui para dar sentido ao Direito Constitucional, bem como
para o completar e integrar.

c) Direito Administrativo e Direito Judiciário.

O direito judiciário é também um ramo do direito público se relaciona com o direito


administrativo na medida em que visam satisfazer uma necessidade colectiva – a justiça
– e que só em homenagem do princípio de separação de poderes é que pertencem hoje em
dia à administração pública. Integram-se no poder judicial, mas as normas sobre a
organização das secretarias judiciais, sobre o funcionamento dos tribunais, sobre o
estatuto dos oficiais de justiça, ou outras matérias análogas, são materialmente normas do
direito administrativo.

d) Direito Administrativo e Direito Penal

O Direito Penal é um Direito repressivo, isto é, tem fundamentalmente em vista


estabelecer as sanções penais que hão-de ser aplicadas aos autores dos crimes; o Direito
Administrativo é, em matéria de segurança, essencialmente preventivo. As normas de
Direito Administrativo não visam cominar sanções para quem ofender os valores
essenciais da sociedade, mas sim, estabelecer uma rede de precauções, de tal forma que
seja possível evitar a prática de crimes ou a ofensa aos valores essenciais a preservar. Nos
casos em que ocorram crimes no âmbito da actuação da administração pública buscar-se
normas do direito penal para regular.

e) Direito Administrativo e Direito Processual

A relação do Direito Administrativo com o Direito Processual é bastante próxima. Nos


aspectos dos processos civil e penal a relação se dá na própria regulamentação das
respectivas jurisdições. Nos processos administrativos são utilizados princípios
característicos de processo comum.

Para CAETANO, o direito processual é disciplina afim do direito administrativo. Explica


o autor que o sistema das normas que regulam o funcionamento dos tribunais perante o

Elaborado por: Florinda Soca Page 19


direito administrativo tem autonomia bastante explícita pelos caracteres da função
judicial. As semelhanças seriam respeito nas normas organizadoras dos serviços
(secretarias) judiciais e estatuto de seu pessoal.

f) Direito Administrativo e Direito do Trabalho

O Direito do Trabalho muito se aproxima do Direito Administrativo em razão do fato das


relações dos empregadores com os empregados passaram do sector privado para o
domínio público em virtude de sua regulamentação e fiscalização pelo Estado.

g) Direito Administrativo e Direito Económico

A relação do Estado com a economia particular teria dado surgimento ao direito


económico, segundo BASTOS Tanto o direito financeiro, quanto o tributário e o
económico seriam especificações ou especializações do próprio direito
administrativo. Isto porque seriam direitos que se destacaram do próprio direito
administrativo.

h) Direito Administrativo e Direito Internacional

É muito frequente encontrar uma regulamentação proveniente de acordos internacionais


a respeito de serviços públicos. Nestes casos caberia ao direito administrativo zelar pelas
mesmas e colocarem-nas em funcionamento.

Existem questões pelo direito interno ou pelos tratados e convenções. Como as normas
do direito administrativo não são apenas internas, ou seja, em virtude das relações
internacionais demandarem tratados e convenções muitas vezes unificadores das normas
internas de diferentes países, temos a relevante importância no direito administrativo dos
mesmos tratados e convenções. Temas como leis de polícia de saúde pública, aduaneiras,
radiotelegrafia, polícia social (repressão de tóxicos e outros), tráfico de mulheres e
crianças, propriedade industrial e literária, extradição e entrada de estrangeiros podem ser
elencados.

Ciências Sociais

O Direito Administrativo se relaciona também com as Ciências Sociais. Sociologia,


Economia Política, Ciência das Finanças e Estatística são elas. Por tratarem todas elas da
sociedade, seu campo é um só.

Elaborado por: Florinda Soca Page 20


- Interpretação do Direito Administrativo

Existem várias leis de difícil compreensão, em que não se consegue perceber o seu
conteúdo e alcance. Se a norma existe, ela deve ser interpretada. Nisso, temos várias
espécies de interpretação, métodos e várias interpretações quanto à sua extensão. Espécies
de interpretação: legislativa, doutrinária, judicial, administrativa, popular. E também
existem vários Métodos: lógico, teleológico, gramatical, sistémico, histórico... Quanto à
extensão: extensiva e restritiva;

A interpretação das leis em geral visa focalizar determinada relação jurídica,


identificando de forma clara e exacta a norma estabelecida pelo legislador e que deve ser
aplicada ao caso concreto.

Portanto, a interpretação consiste em aplicar as regras sistematiza e ordena, para bom


entendimento e aproveitamento dos textos legais. Conveniente lembrar que a
interpretação possui naturalmente suas limitações.

Obviamente que a definição do direito não apenas corresponde àquilo que a lei exprime
e, que se deve endereçar a interpretação, num esforço em alcançar finalmente o que o
legislador não conseguiu bem expressar de forma clara e segura. Tal actividade nem
sempre foi do intérprete.

A interpretação ou melhor interpretar serve explicar, traduzir, comentar ou esclarecer. Na


acepção jurídica corresponde a tradução do sentido ou do pensamento que seja contido
em lei, na decisão judicial, no ato ou contrato. Por outras palavras, o exacto sentido do
escrito e, não deve ir além da intenção objectivamente positivada. Portanto, não deve a
interpretação pender mais para a anulação do que para a validade

Isto significa que a interpretação não deve admitir o absurdo, e deve procurar fixar a
intenção que se quer traduzir, sem o invalidar.

Os intérpretes utilizam vários elementos para se alcançar a interpretação pretendida.


Desta forma, pode ser classificada como: gramatical, lógico-científica ou sistemática que
se justifiquem através próprios significados dos adjectivos utilizados.

Elaborado por: Florinda Soca Page 21


A interpretação será extensiva ou ampla quando se procura determinar a real extensão da
aplicação do texto. Será restritiva quando vier excluir de sua aplicação casos que,
aparentemente, incluídos no significado de suas palavras, contrariam seu espírito.

A interpretação declarativa ou gramatical vem apontar simplesmente o sentido da


lei. Alerta-se que nem sempre a lei pode ser interpretada extensivamente, é o caso da lei
penal que não admite a referida interpretação.

O ato de interpretar objectivamente reside na necessidade de ser captado de maneira


efectiva e integral, tudo aquilo que as normas jurídicas representam como instrumento de
vida, como formas de composição entre complexos conflitos valorativos e fáticos vividos
pela sociedade a que se destinam.

A finalidade do ato interpretativo é, pois, o domínio, o apoderamento de um significado


objectivamente válido. Ao interpretar uma música, um poema, uma lei ou uma obra de
arte, automaticamente enriqueço-me, pois, toda a interpretação representa um acréscimo
em meu ser significante, um acréscimo à minha percepção e julgamento.

O primeiro pressuposto do ato interpretativo é a objectividade, assim o intérprete não se


restringe a reproduzir o que interpreta, mas de certa forma, contribuiu também para
constituí-lo em valores expressivos.

O Direito Administrativo não tem interpretação própria que se deve seguir, mas, guiados
pelo princípio da supremacia do interesse público sobre o privado, devemos adoptar
posicionamento mais favorável à preservação daquilo que é público em detrimento do
que for privado numa relação jurídica. De forma análoga, deve-se, por força do princípio
protector do Direito interpretar a lei e os fatos sempre mais favoravelmente aos
cidadãos/colectividade.

Existem casos no nosso Direito Administrativo, em que temos eventual incidência da


prática de outros actos que não são regidos pelo regime de Direito Administrativo.
Contratos de trabalho, que impõem a interpretação das regras segundo os princípios do
Direito do Trabalho. Se um contrato de trabalho prevê a relação de igualdade, não
poderíamos aplicar a supremacia do interesse público sobre o privado, pois este trata de
desigualdade.

Elaborado por: Florinda Soca Page 22


A interpretação administrativa é a realizada pelos órgãos públicos não detentores do poder
legislativo e nem do poder judiciário. Ainda se subdivide em regulamentar ou casuística
(que orienta no sentido de dirimir as dúvidas especiais, que dissipa controvérsias ou não,
e que surge quando da aplicação das normas gerais aos casos concretos).

Actualmente, porém, essa interpretação, por si só, mostra-se é insuficiente para conduzir
o intérprete ao bom resultado conclusivo, sendo necessário que os elementos por estes
fornecidos sejam articulados com os demais, propiciados pelas outras espécies de
interpretação.

Integração de lacunas

As leis não são completas, existem casos omissos e lacunas, e é preciso saber como é que
se vão preencher esses casos omissos. Integrar essas lacunas.

O direito administrativo sendo um ramo do direito autónomo, constituído por normas e


princípios próprios, e não apenas por excepções do direito privado havendo lacunas a
preencher, essas lacunas não podem ser integradas através de soluções que se vão buscar
no direito privado. Havendo lacunas em primeiro lugar procura-se analogia dentro do
próprio sistema administrativo. Isto não quer dizer que, por vezes não possa encontrar no
Código Civil ou noutros diplomas de direito privado normas aplicáveis a um certo
problema de direito administrativo, pois por vezes, alguns diplomas do direito privado
contem princípios gerais do direito, que são comuns quer ao direito privado como também
ao direito público.

Os modos de resolução de casos omissos em direito administrativo são:

Analogia dentro do direito administrativo

Princípios gerais do direito administrativo

Analogia nos outros ramos do direito público

Princípios gerais do direito público

Princípios gerais do direito.

Elaborado por: Florinda Soca Page 23


Caso não se consiga resolver pelo recurso a analogia, podermos nos socorrer do disposto
no n.º 3 do artigo 10 do Código Civil tal prevê, “na falta de caso análogo, a situação é
resolvida segundo a norma que o próprio interprete criaria, se houvesse de legislar dentro
do espírito do sistema” neste caso do sistema administrativo.

TEMA: Princípios gerais da Administração pública ou da actividade administrativa

Existem vários princípios da administração pública, alguns deles, certos autores abordam
de forma conjunta pelas relações existentes entre eles e outro tratam de forma
individualizada. Sendo assim, vamos fundamentar alguns princípios.

Princípio da prossecução do interesse público – indica-nos que a administração pública


deve ser exercida visando prosseguir o interesse publico ou seja, visando a boa
administração através da prestação de serviços de boa qualidade. Porém, Somente a lei
pode definir o interesse público, cabendo a administração implementar. O interesse
público prevalece sobre o interesse particular. Este princípio encontra-se previsto no
artigo 20 da Lei 7/2012 e art.º 5 da Lei 14/2011.

Princípio da legalidade – considera-se o princípio primordial e fundamental da AP, não


basta somente que a administração pública prossiga o interesse público, deve esta

Elaborado por: Florinda Soca Page 24


prosseguir com base na lei. Este princípio encontra-se plasmado nos artigos 2 n.º 3 da
CRM, art. 19 da Lei 7/2012 e art. 4 da Lei 30/2001 e art 4 da Lei 14/2011.

O princípio da legalidade compreende duas modalidades:

1- Preferência da lei – nenhum acto administrativo de categoria inferior pode


contrariar a lei. A lei goza de preferência.

Ex: A administração pública toma uma decisão que entra em choque com a lei, o cidadão
tem que cumprir a lei e não aquilo que a administração pública determinou.

2- Reserva da lei – nenhum acto administrativo inferior pode ser praticado sem
fundamento legal.

Em síntese, ninguém pode no âmbito do interesse público violar a lei.

Efeitos do princípio de legalidade

1- Efeito negativo – indica-nos que nenhum órgão da administração pública pode


deixar de respeitar, aplicar a lei e outras normas em vigor legando que participou
na feitura de tal lei, por essa razão qualquer acto da administração que viole a lei
é ilegal.
2- Efeito positivo - o princípio da legalidade traduz-se na prossecução da legalidade
dos actos da administração, qualquer acto administrativo presume-se legal até que
se venha provar em contrário e por consequência disso, deverá ser executado e é
obrigatório tanto para os particulares como para própria administração pública.

Entre os dois prevalece o princípio da presunção administrativa parte-se do pressuposto


que quem prática um acto administrativo tem competência para tal.

Ex: quando um condutor esta na via pública e se depara com um cidadão uniformizado
de polícia trânsito, para e cumpri as regras presume-se que esta perante um trânsito até
que se prove o contrário.

Excepções ao princípio de legalidade

Existem três excepções ao princípio de legalidade.

- Teoria do estado de necessidade; - Actos políticos ou actos do governo;

Elaborado por: Florinda Soca Page 25


- O poder discricionário da Administração pública.

Das três nem todas elas são excepções no nosso ordenamento jurídico, ao P. legalidade
somente o estado de necessidade pode afastar a lei. Em situações anormais emergenciais
(vida) permite-se violar a lei mais tendo que indemnizar os danos causados.

As outras duas são falsas excepções porque os actos do governo que são actos de
soberania devem ser realizados com base na lei.

Poder discricionário - é a faculdade o poder que a Administração pública tem que lhe
permite entre várias soluções possíveis e previstas na lei escolher, seleccionar aquela que
se mostrar mais adequada para resolver o caso concreto. E deve-se escolher a forma
menos prejudicial aos cidadãos.

Princípio da Igualdade e da proporcionalidade

Este princípio é fundamental no Estado de Direito, visa a proibição da discriminação, não


se podendo privilegiar, beneficiar privar e nem prejudicar uns em detrimento de outros.
O mesmo obriga a Administração pública a tratar igualmente aos cidadãos que se
encontrarem de forma igual e desigual aos que se encontrarem de forma desigual. Assim
o princípio da legalidade é o limite da lei e o juiz administrativo que fiscaliza a actividade
da administração pública, em sede do tribunal administrativo. Um acto administrativo que
viole a princípio da igualdade é nulo por violar um princípio fundamental. Este encontra-
se previsto no artigo 35 da CRM, art. 21 da Lei 7/2012 e art 6 da Lei 14/2011.

Princípio da transparência administrativa

Esta ligada com a propagação de acto e contratos administrativos, bem como a


necessidade de respeitar o direito a informação sobre assuntos que lhes dizem respeito ou
que garantam a participação na vida política, económica e social. Deve haver liberdade
de expressão aos jornalistas, desde que não violem os sigilos que possam por em causa a
soberania nacional. Encontra-se previsto no artigo 48 da CRM e artigos 17,18, 19 e 20 do
decreto 30/2001, art 29 da Lei 7/2012.

Elaborado por: Florinda Soca Page 26


Princípio da moralidade administrativa e boa-fé - Está relacionado com a actuação
honesta dos funcionários administrativos, tendo em conta a ética, a transparência,
capacidade de distinguir o bem e o mal, como um bom pai de família. Evitando deste
modo, o favoritismo.

Princípio do respeito pelos direitos e interesses legítimos dos particulares – na sua


actuação a administração público deve ao mesmo tempo que prossegue o interesse
público, harmonizar o interesse público com o interesse e direitos legítimos dos
particulares. Este encontra-se previsto no artigo 253 da CRM.

Princípio da justiça e imparcialidade – traduz que a justiça não deve ser determinada
em função da amizade ou inimizade para qualquer das partes num litígio. Deve julgar e
tratar as partes em pé de igualdade. Na sua actuação a administração pública e os seus
órgãos da administração devem abster-se de praticar actos ou tomar decisões que visem
interesses próprios.

Tema: interesse púbico

Interesse significa ou designa o desejo de determinada pessoa ou ente em face de certa


situação.

Existem variadas aplicações desse termo. Interessa-nos abordar o conceito de interesse


público.

Interesse publico é o interesse colectivo, ou seja, interesse geral da colectividade é o bem


comum, é a satisfação de necessidades colectivas. Este pode subdivide-se em:

Interesse público primário – é aquele cuja definição compete aos órgãos governativos do
Estado, no desempenho das suas funções política e legislativa.

Interesse público secundário são aqueles cuja definição é feita pelo legislador, mais cuja
satisfação cabe à administração Pública no desempenho da função administrativa.

Este distingue-se do interesse particular que é o interesse individual de cada cidadão,


aquilo que interessa a cada pessoa.

Elaborado por: Florinda Soca Page 27


No âmbito do direito administrativo o interesse público prevalece sobre o interesse
particular. A titularidade desse interesse (publico) pertence ao estado pois este é que
define o interesse público. Em síntese apenas a lei pode definir o interesse publico
cabendo a administração implementar.

Vimos que a administração pública é composta por várias entidades públicas (o estado,
as empresas publicas, autarquias locais e associações publicas), o direito administrativo
não trata apenas das questões das entidades públicas, também versa sobre algumas
questões de entidades privadas, essencialmente as que pela actividade a que se dedicam
não podem deixar de ser consideradas do interesse publico. Estas são chamadas
instituições particulares de interesse público e ficam sujeitas por lei em certa medida a
um regime parcialmente traçado pelo direito administrativo. Assim sendo considera-se
um regime misto por conter normas administrativas e normas privadas. Trata-se de
entidades que são ao mesmo tempo privadas e revestem interesse público.

Instituições particulares de interesse público são as pessoas colectivas privadas que,


por prosseguirem fins de interesse colectivo, tem ao dever de cooperar com a
administração pública e ficam sujeitas, em parte, a um regime especial do direito
administrativo.

Motivos dessa figura

a) Nem sempre a administração pública consegue arcar com todas as tarefas que é
necessário desenvolver em prol da colectividade, sendo algo difícil de alcançar,
assim sendo confere as empresas privadas a missão desempenhar a função
administrativa. Exemplo: Concessão de serviços públicos de obras públicas ou do
domínio público.

b) A lei considera que um certo número de colectividades privadas são de tal forma
relevantes no plano do interesse colectivo que, as nacionalizar, submete-las a uma
fiscalização permanente ou mesmo a uma intervenção por porte da administração
pública.

Elaborado por: Florinda Soca Page 28


c) A lei admite em determinadas áreas de actividade sejam criadas entidades
privadas por iniciativa particular para se dedicarem unicamente a prossecução de
tarefas de interesse geral numa base voluntária.

Exemplo as instituições de assistência ou benfeitoria.

No primeiro caso chama-se exercício privado de funções públicas. (actividade


administrativa cujo desempenho é confiado a entidades particulares.

Segundo chama-se controlo público de actividade privada (actividade privada dirigidas


ou fiscalizadas pela administração publica.

Terceiro chama-se coexistência colaborante entre actividade pública e privada (exercício


simultâneo e cooperante da mesma actividade por entidades de direito publico e de direito
privado.

Características das instituições particulares de interesse público

Do ponto de vista orgânico ou subjectivo, são entidades particulares, isto é, pessoas


colectivas privadas.

Do ponto de vista material ou objectivo, desempenham por vezes uma actividade


administrativa de gestão pública, outas vezes exercem actividades de gestão privada.

Do ponto de vista do direito aplicável, o regime jurídico que as tais instituições estão
sujeitas e misto sendo de direito publico e direito privado.

Este é um modo de descentralização funcional do sector público, por transferência de


poderes próprios deste para esfera do sector privado.

Em suma, existem quatro espécies de instituições particulares de interesse público que


relevam para efeitos de direito administrativo sendo:

As sociedades de interesse colectivo;

As pessoas colectivas de mera utilidade pública;

As instituições particulares de solidariedade social;

As pessoas colectivas de utilidade pública administrativas.

Elaborado por: Florinda Soca Page 29


Conclui-se que as instituições particulares de interesse público se dividem basicamente
em duas espécies – sociedades de interesse colectivo e pessoas colectivas de utilidade
pública (As pessoas colectivas de mera utilidade publica; As instituições particulares de
solidariedade social; e as pessoas colectivas de utilidade publica administrativas.

Este é um modo de descentralização funcional do sector público, por transferência de


poderes próprios deste para esfera do sector privado.

Em suma, existem quatro espécies de instituições particulares de interesse público que


relevam para efeitos de direito administrativo sendo:

As sociedades de interesse colectivo;

As pessoas colectivas de mera utilidade pública;

As instituições particulares de solidariedade social;

As pessoas colectivas de utilidade pública administrativas.

Conclui-se que as instituições particulares de interesse público se dividem basicamente


em duas espécies – sociedades de interesse colectivo e pessoas colectivas de utilidade
pública (As pessoas colectivas de mera utilidade publica; As instituições particulares de
solidariedade social; e as pessoas colectivas de utilidade publica administrativas.

Sociedades de interesse colectivo podemos definir como empresas privadas de fim


lucrativo, que por exercem poderes públicos ou estarem subordinados a uma fiscalização
especial da administração pública, ficam sujeitas a um regime jurídico específico traçado
pelo direito administrativo.

A empresa, embora privada, se dedica, estatuária ou contratualmente ao exercício de


poderes públicos que a administração transferiu para elas, ou porque as circunstâncias
obrigaram a administração a colocar a empresa privada num regime de fiscalização
especial por motivos de interesse público, sobrepondo-se ao regime do direito comum
normalmente aplicável as empresas privadas ex: direito civil, direito comercial e direito
fiscal entre outros.

Regime jurídico

Elaborado por: Florinda Soca Page 30


O regime jurídico das sociedades de interesse colectivo no plano em que é definido pelo
direito administrativo considera-se um regime jurídico duplo, em parte construídos por
privilégios especiais, de que as empresas privadas normalmente não gozam, e em parte
constituído por deveres ou sujeições especiais, a que tão-pouco a generalidade das
empresas privadas se acham submetidas.

Entre prerrogativas e privilégio das sociedades de interesse colectivo podemos citar três
importantes:

 Isenções fiscais;
 Direito de requer ao estado a expropriação por titularidade pública de terrenos que
necessitem para se instalar;
 Possibilidade de beneficiar, quanto as obras que empreendem do regime das
empreitadas de obras públicas.

Pessoas colectivas de utilidade pública, são pelo contrário, são as associações e


fundações de direito privado que prossigam fins não lucrativos de interesse geral,
cooperando com a administração central ou local, em termos de merecerem da parte desta
a declaração de utilidade pública. Desta definição resulta que:

 As pessoas colectivas de utilidade pública são pessoas colectivas privadas;


 Tem de prosseguir fins não lucrativos de interesse geral, seja de âmbito nacional
ou local;
 Tem de cooperar com a administração pública no desenvolvimento desses fins de
interesse geral.

Precisam de obter da administração a declaração de utilidade pública.

Elaborado por: Florinda Soca Page 31


Tema: Organização administrativa
É o modo típico de organização, estruturação de certo país, de acordo com a lei, numa
dada época de sua história em função de vários interesses esta comporta:
 Elementos de organização administrativas;
 Elementos de sistemas administrativos;
 Princípios constitucionais da organização administrativa.
Elementos de organização administrativa:
1. Pessoas Colectivas Públicas
2. Os órgãos (agentes) (artigo 33 da Lei 7/2012 e artigo 20 ss da lei 14/2011)
3. Serviços públicos (artigo 51 da Lei 7/2012)

Sistemas de organização administrativa:


Centralização/ descentralização
Concentração/ desconcentração
Integração/ devolução de poderes
Elaborado por: Florinda Soca Page 32
Princípios constitucionais da organização administrativa
Legalidade;
Desburocratização;
Descentralização administrativa (artigo 67 da lei 7/2012);
Aproximação dos serviços públicos aos cidadãos.

Elementos da organização admirativa

Pessoas colectivas de direito público


1- A principal pessoa colectiva de direito púbico é o Estado, que cria todas outas
pessoas colectivas à sua semelhança conferindo-lhes personalidade jurídica estas
são as empresas públicas, os institutos públicos, associações públicas, autarquias
locais e as fundações públicas.
Podemos assim distinguir pessoas colectivas públicas de pessoas colectivas privadas
com base em alguns critérios
Critério da iniciativa da criação
Pessoas colectivas púbicas- criadas pelo estado, ou seja, poder público;
Pessoas colectivas privadas criadas por iniciativa privada.
Este critério não é valido porque exclui o próprio estado e também porque os privados
sempre necessitam dos públicos para o seu funcionamento.

Critério teleológico é pessoa pública aquela que se preocupa com a satisfação do


interesse público, enquanto a pessoa privada preocupa-se com a satisfação de um
pequeno grupo, ou individual. Este critério também não prevalece porque apesar de
preocupar-se com o lucro, satisfaz indirectamente a colectividade.

Critério da capacidade jurídica – pessoa colectiva publica é aquela que age actua
com poderes de autoridade com superioridade relativamente ao privado (ius imperi)
e a pessoa privada age de acordo com a autonomia, igualdade das partes.

Para que se verifique pessoa colectiva pública deve se ter em conta os tais critérios,
assim pessoas colectivas públicas criadas por iniciativa publica para assegurar a

Elaborado por: Florinda Soca Page 33


prossecução de interesse público, sendo por isso dotadas de nomes próprios de
direitos e deveres públicos.

Espécies de pessoas colectivas púbicas


Pessoas colectivas de população e território
Pessoas colectivas do tipo institucional
Pessoas colectivas de tipo associativo.

Órgãos (artigo 20 e ss da lei 14/2011 de 10 de Agosto)


A estes cabe tomar decisões em nome da pessoa colectiva ou seja, são centros
institucionalizados de poderes funcionais, a exercer pelos indivíduos nele providos, com
fim de expressar a vontade juridicamente imputável à pessoa colectiva que pertence. E
estas distinguem-se atendendo aos seus titulares:
a) A primeira, considera que os órgãos são instituições para efeitos de organização
administrativa, e não indivíduos.
b) A segunda, considera que os órgãos são os indivíduos para efeitos de actividade
administrativa, e não as instituições.
Se nos colocarmos na perspectiva da organização administrativa – quando se estuda
estas matérias na perspectiva da organização administrativa, o órgão é uma instituição; o
indivíduo é irrelevante.
E se nos colocarmos na perspectiva da actividade administrativa – isto é, na
perspectiva da Administração a actuar, a tomar decisões, nomeadamente a praticar actos,
então veremos que o que aí interessa ao Direito é o órgão como indivíduo: quem decide,
quem delibera, são os indivíduos, não são centros institucionalizados de poderes
funcionais.
Contudo, os órgãos da Administração (isto é, das pessoas colectivas públicas que
integram a Administração) devem ser concebidos como instituições para efeitos de teoria
da organização administrativa, e como indivíduos para efeitos de teoria da actividade
administrativa.

Classificação dos Órgãos


Podem-se classificar de várias maneiras, mas as mais importantes são:
Quanto a posição dos órgãos na estrutura

Elaborado por: Florinda Soca Page 34


a) Órgãos singulares e colegiais: são órgãos “singulares” aqueles que têm apenas
um titular; são “colegiais” os órgãos compostos por dois ou mais titulares.
b) Órgãos representativos e órgãos não representativos: órgãos “representativos”
são aqueles cujos titulares são livremente designados por eleição. Os restantes são
órgãos “não representativos”.

Quanto a competência
c) Órgãos centrais e locais: órgãos “centrais” são aqueles que têm competência
sobre todo o território nacional; órgãos “locais” são os que têm a sua competência
limitada a uma circunscrição administrativa, ou seja, apenas a uma parcela do
território nacional.
d) Órgãos primários, secundários e vicários: órgãos “primários” são aqueles que
dispõem de uma competência própria para decidir as matérias que lhes estão
confiadas; órgãos “secundários” são os que apenas dispõem de uma competência
delegada; e órgãos “vicários” são aqueles que só exercem competência por
substituição de outros órgãos.
Quanto a finalidade

e) Órgãos activos, consultivos e de controle: órgãos “activos” são aqueles a quem


compete tomar decisões ou executá-las. Órgãos “consultivos” são aqueles cuja
função é esclarecer os órgãos activos antes de estes tomarem uma decisão,
nomeadamente através da emissão de pareceres. Órgãos “de controle” são aqueles
que têm por missão fiscalizar a regularidade do funcionamento de outros órgãos.
f) Órgãos decisórios e executivo: os órgãos activos, podem por sua vez classificar-
se em decisórios e executivos. São órgãos “decisórios” aqueles a quem compete
tomar decisões. São órgãos “executivos” aqueles a quem compete executar tais
decisões, isto é, pô-las em prática. Dentro dos órgãos decisórios, costuma-se
reservar-se a designação de órgãos “deliberativos” aos que tenham carácter geral.
Quanto a durabilidade
g) Órgãos permanentes e temporários: são órgãos “permanentes” aqueles que
segundo a lei têm duração indefinida; são órgãos “temporários” os que são criados
para actuar apenas durante um certo período.
Quanto a estrutura

Elaborado por: Florinda Soca Page 35


h) Órgãos simples e órgãos complexos: os órgãos “simples” são os órgãos cuja a
estrutura é unitária, a saber, os órgãos singulares e os órgãos colegiais cujos os
titulares só podem actuar colectivamente quando reunidos em conselho. Os órgãos
simples ou unitários são constituídos por um só centro de competência. estes órgãos
exercem suas atribuições próprias de forma concentrada. Os órgãos “complexos”
são aqueles cuja estrutura é diferenciada, isto é, aqueles que são constituídos por
titulares que exercem também competências próprias a título individual e são em
regra auxiliados por adjuntos, delegados e substitutos. Os órgãos compostos
reúnem em sua estrutura diversos órgãos, como resultado da desconcentração
administrativa.

Tema: Atribuições e Competência

Podemos dizer que quando se fala de atribuições refere-se à pessoa colectiva em se


mesma e quando de fala de competência refere-se aos órgãos.

Os fins das pessoas colectivas públicas chamam-se “atribuições”. Estas são por
conseguinte, os fins e interesses que a lei incumbe as pessoas colectivas públicas de
prosseguir.

“Competência” é o conjunto de poderes funcionais que a lei confere para a prossecução


das atribuições das pessoas colectivas públicas.

Qualquer órgão da Administração, ao agir, conhece e encontra pela frente uma dupla
limitação: pois por um lado, está limitado pela sua própria competência – não podendo,
nomeadamente, invadir a esfera de competência dos outros órgãos da mesma pessoa
colectiva –; e, por outro lado, está limitado pelas atribuições da pessoa colectiva em cujo
nome actua – não podendo, designadamente, praticar quaisquer actos sobre matéria
estranha às atribuições da pessoa colectiva a que pertence.

Elaborado por: Florinda Soca Page 36


Os actos praticados fora das atribuições são actos nulos, estes não produzem quaisquer
efeitos desde o início (ab initio), não são de cumprimento obrigatório para os funcionários
e nem tão-pouco para os particulares, são recorríveis a todo tempo. Os recursos para esses
actos podem ser feitos perante qualquer tribunal e não apenas ao tribunal administrativo
(a nulidade pode ser decretada por qualquer tribunal ou por qualquer autoridade
administrativa).

Os praticados apenas fora da competência do órgão que os prática são actos anuláveis.
Estes pelo contrário são de cumprimento obrigatório tanto para os particulares como para
os funcionários. Estes podem ser recorríveis dentro dos prazos estabelecidos por lei
apenas perante o tribunal administrativo.

Tudo depende de a lei ter repartido, entre os vários órgãos da mesma pessoa colectiva,
apenas competência para prosseguir as atribuições desta, ou as próprias atribuições com
a competência inerente.

Competência em Especial

O primeiro princípio que cumpre sublinhar desde já é o de que a competência só pode ser
conferida, delimitada ou retirada pela lei: é sempre a lei que fixa a competência dos órgãos
da Administração Pública. É o princípio da legalidade da competência, também expresso
às vezes, pela ideia de que a competência é de ordem pública.

Deste princípio decorrem alguns corolários da maior importância:

1) A competência não se presume: isto quer dizer que só há competência quando a lei
inequivocamente a confere a um dado órgão.

2) A competência é imodificável: nem a Administração nem os particulares podem


alterar o conteúdo ou a repartição da competência estabelecidos por lei.

3) A competência é irrenunciável e inalienável: os órgãos administrativos não podem


em caso algum praticar actos pelos quais renunciem os seus poderes ou os transmitam
para outros órgãos da Administração ou para entidades privadas. Esta regra não obsta a
que possa haver hipóteses de transferência do exercício da competência –

Elaborado por: Florinda Soca Page 37


designadamente, a delegação de poderes e a concessão nos casos e dentro dos limites em
que a lei o permitir.

Critérios de Delimitação da Competência

A distribuição de competências pelos vários órgãos de uma pessoa colectiva pode ser feita
em função de quatro critérios:

1) Em razão da matéria; quando. Distribui os assuntos que cada órgão vai tratar.

2) Em razão da hierarquia: quando, numa hierarquia, a lei efectua uma repartição


vertical de poderes, conferindo alguns ao superior e outros ao subalterno, estamos perante
uma delimitação da competência em razão da hierarquia;

3) Em razão do território: a repartição de poderes entre órgãos centrais e órgãos locais,


ou a distribuição de poderes por órgãos locais diferentes em função das respectivas áreas
ou circunscrições, é uma delimitação da competência em razão do território;

4) Em razão do tempo: em princípio, só há competência administrativa em relação ao


presente: a competência não pode ser exercida nem em relação ao passado, nem em
relação ao futuro.

Um acto administrativo praticado por certo órgão da Administração contra as regras que
delimitam a competência dir-se-á ferido de incompetência.

Estes quatro critérios são cumuláveis e todos têm de actuar em simultâneo.

Espécies de Competências

a) Quanto ao modo de atribuição da competência: segundo este critério, a


competência pode ser explícita ou implícita. Diz-se que a competência é “explícita”
quando a lei confere por forma clara e directa; pelo contrário, é “implícita” a competência
que apenas é deduzida de outras determinações legais ou de certos princípios gerais do
Direito Público.

b) Quando aos termos de exercício da competência: a competência pode ser


“condicionada” ou “livre”, conforme o seu exercício esteja ou não dependente de
limitações específicas impostas por lei ou ao abrigo da lei.

Elaborado por: Florinda Soca Page 38


c) Quanto à substância e efeitos da competência: à luz deste terceiro preceito, fala-
se habitualmente em competência dispositiva e em competência revogatória. A
“competência dispositiva” é o poder de emanar um dado acto administrativo sobre uma
matéria, pondo e dispondo acerca do assunto; a “competência revogatória” é o poder de
revogar esse primeiro acto, com ou sem possibilidade de o substituir por outro diferente.

d) Quanto à titularidade dos poderes exercidos: se os poderes exercidos por um órgão


da Administração são poderes cuja titularidade pertence a esse mesmo órgão, diz-se que
a sua competência é uma “competência própria”; se, diferentemente, o órgão
administrativo exerce nos termos da lei uma parte da competência de outro órgão, cujo o
exercício lhe foi transferido por delegação ou por concessão, dir-se-á que essa é uma
“competência delegada” ou uma “competência concedida”.

e) Quanto ao número de órgãos a que a competência pertence: quando a


competência pertence a um único órgão, que a exerce sozinho, temos uma “competência
singular”; a “competência conjunta” é a que pertence simultaneamente os dois ou mais
órgãos diferentes, tendo de ser exercida por todos eles em acto único.

f) Quanto à inserção da competência nas relações inter-orgânicas: sob esta óptica,


a competência pode ser “dependente” ou “independente”, conforme o órgão seu titular
esteja ou não integrado numa hierarquia e, por consequência, se ache ou não sujeito ao
poder de direcção de outro órgão e ao correspondente dever de obediência. Dentro da
competência dependente há a considerar os casos de competência comum e de
competência própria: diz-se que há “competência comum” quando tanto o superior como
o subalterno podem tomar decisões sobre o mesmo assunto, valendo como vontade
manifestada; e há “competência própria”, pelo contrário, quando o poder de praticar um
certo acto administrativo é atribuído directamente por lei ao órgão subalterno.

Por seu turno, dentro da competência própria, há ainda a considerar três sub-hipóteses:

 Competência separada;
 Competência reservada;
 Competência exclusiva;
 Competência exclusiva – quando a lei confere ao subalterno competência para a
pratica de actos administrativos definitivos e executórios e que deles não cabem
qualquer recurso hierárquico podendo o subalterno receber recomendações do

Elaborado por: Florinda Soca Page 39


superior hierárquico para alterar ou modificar os seus actos desses actos cabem
recurso contencioso para o tribunal administrativo.

- Conflitos de Atribuições e de Competência


Disputas ou litígios entre órgãos da Administração acerca das atribuições ou
competências que lhes cabe prosseguir ou exercer. Uns e outros, por sua vez, podem ser
positivos ou negativos.
Assim, diz-se que há um conflito positivo quando dois ou mais órgãos da
Administração reivindicam para si a prossecução da mesma competência; e que há
conflito negativo quando dois ou mais órgãos consideram simultaneamente que lhes
faltam as atribuições ou a competência para decidir um dado caso concreto.
Por outro lado, entende-se por conflito de competência aquele que se traduz numa
disputa acerca da existência ou do exercício de um determinado poder funcional; e por
conflito de atribuições aquele em que a disputa versa sobre a existência ou a prossecução
de um determinado interesse público.
Refira-se ainda que é costume falar em conflito de jurisdição quando o litígio opõe
órgãos administrativos e órgão judiciais, ou órgãos administrativos e órgãos legislativos.

Conflitos de Atribuições e de Competência


Disputas ou litígios entre órgãos da Administração acerca das atribuições ou
competências que lhes cabe prosseguir ou exercer. Uns e outros, por sua vez, podem ser
positivos ou negativos.
Assim, diz-se que há um conflito positivo quando dois ou mais órgãos da Administração
reivindicam para si a prossecução da mesma competência ou atribuições; e que há conflito
negativo quando dois ou mais órgãos consideram simultaneamente que lhes faltam as
atribuições ou a competência para decidir um dado caso concreto.
Por outro lado, entende-se por conflito de competência aquele que se traduz numa disputa
acerca da existência ou do exercício de um determinado poder funcional; e por conflito
de atribuições aquele em que a disputa versa sobre a existência ou a prossecução de um
determinado interesse público.
Refira-se ainda que é costume falar em conflito de jurisdição quando o litígio opõe órgãos
administrativos e órgão judiciais, ou órgãos administrativos e órgãos legislativos.

Elaborado por: Florinda Soca Page 40


Importância da distinção entre atribuições e competências

- Actos praticados fora das atribuições são nulos;

- Actos praticados fora das competências são anuláveis.

As pessoas colectivas encontram-se limitadas pelas atribuições e os órgãos e agentes


encontram-se limitados pela competência.

O P. Legalidade: a lei é que define as atribuições das pessoas colectivas e as competências


dos órgãos e agentes.

Tema: Delegação de poderes ou da competência vide art. 42 da Lei 14, art. 21 e 22


do Dec. 30/2001 de 15 de Outubro.

Delegação de poderes ocorre quando um órgão competente permite que outro órgão que
não tem competência originária exerça.

Para haver delegação é necessário pelo menos dois órgãos nomeadamente:

Delegante- órgão de hierarquia superior

Delegado- órgão de hierarquia inferior

Existem poderes que não passiveis de delegação, só se pode delegar poderes delegáveis.
Por vezes pode ocorrer a existência do subdelegado permitido pelo delegado.

Há alguns tempos o delegado não podia sub delegar (delegatus no poteste delegare), mais
hoje é possível desde que seja permitido por lei e pelo delegante ao abrigo do artigo 43
da Lei 14.

Requisitos da delegação (art.44 da Lei 14)

 Existência de 2 ou mais órgãos em que um é o delegante.


 Existência de uma lei de habilitação (aquela que permite que haja a delegação, a
lei de autorização)
 A prática do acto de delegação propriamente dito (um órgão para delegar poderes
a outrem é necessário que o delegante reduza a escrito os actos que ele delega)

Elaborado por: Florinda Soca Page 41


 Publicação da delegação (os actos praticados pelo sub delegado e delegado caso
o visante não concorde pode recorrer do acto para o delegante por isso é
importante a publicação) vide n.º 2 do art. 42;

Quais os poderes do delegante sobre o delegado

 Emitir instruções ou directivas sobre como os poderes devem se exercidos.


 Não se pode delegar todos poderes.
Nota: o conhecimento da matéria não é motivo para haver delegação.
 O poder de avançar (exigir a devolução), bem como pode revogar os actos
praticados pelo delegado ou subdelegado.

Circunstância da substituição ou acumulação de funções

Este exercício também abrange os poderes delegados ou subdelegados. (a delegação de


poderes não é permanente, este acto é justificado como meio de aliviar a acumulação de
tarefas do delegante.

Delegação permite que as tarefas da administração não parem, é um acto precário porque
a delegação pode terminar a qualquer momento desde que os motivos que originou
tenham sido ultrapassados, só assim pode se dar finda a delegação.

- Razões para extinção da delegação de poderes vide art. 47 da Lei 14 conjugado


com o artigo 26 do decreto 30.

A delegação de poderes pode se extinguir por vários motivos como:

Por revogação;

Por caducidade; (os motivos que a originou estão ultrapassados)

Mudança de titular do órgão ou agente delegado ou delegante.

Os actos praticados pelo delegado são imputados ao delegante

Elaborado por: Florinda Soca Page 42


A delegação é uma forma de desconcentração de poderes- é um processo administrativo
através do qual o poder de tomar decisões é repartido entre o superior hierárquico e o seu
subalterno.

Natureza dos actos praticados

Os actos praticados pelo delegado e o subdelegado que actos teriam sido praticados pelo
delegante.

No caso do delegante for superior hierárquico do delegado os actos praticados pelo


delegado ou subdelegado podem ser objecto de recurso hierárquico para o superior
delegante.

Os actos do delegado ou subdelegado serão objecto de recurso hierárquico necessário se


não forem definitivos e serão objecto de recurso hierárquico facultativo se forem
definitivos.

Delegação horizontal- ocorre quando o delegante e o delegado estão no mesmo nível


hierárquico (ex: Ministro da Saúde delega poderes ao Ministro do Turismo). Existem aqui
um recurso hierárquico impróprio.

Espécies de delegação de poderes

1º Delegação genérica

2º Delegação específica

3º Delegação ampla

4º Delegação restrita

5º Delegação hierárquica

6º Delegação não hierárquica

7º Delegação de 1º grau

Delegação de 2º grau

Elaborado por: Florinda Soca Page 43


Figuras afins

Representação – Na representação, os actos que o representante pratica, pratica-os em


nome do representado e os respectivos efeitos jurídicos vão se produzir na esfera jurídica
deste. Diferentemente na delegação de poderes, o delegado exerce a competência
delegada em nome próprio, pelo que os actos que pratica ao abrigo da delegação persistem
sempre como actos seus, e os respectivos efeitos inserem-se na esfera jurídica da pessoa
colectiva publica a que o delegado pertence. Numa palavra, o delegado não é um
representante do delegante é um órgão da pessoa colectiva de que faz parte.

Delegação do grau aquela que se opera do delegante para delegado.

Delegação de 2º grau aquela que se opera do delegado para o subdelegado.

A delegação de assinatura consiste em o subalterno assinar a correspondência expedido


pelo superior hierárquico, visando alivia lo do excesso de trabalho. Que toma as decisões
é o superior hierárquico e não o subalterno.

Transferência legal de competências – esta quando ocorre, consubstancia uma forma


de desconcentração originária, que se produz op legis, ao passo que a delegação de
poderes é uma desconcentração derivada, resultante de um acto do delegante. Por outro
lado, a transferência legal de competência é definida, enquanto a delegação de poderes é
precária, pois é livremente revogável pelo delegante.

NB: não é um processo de delegação, mas é parecido com a delegação.

Concessão – a concessão em direito administrativo tem de semelhante com a delegação


de poderes o de ser um acto translativo, e de duração em regra limitada. Mas difere dela
na medida em que por destinatário, em regra uma entidade privada, ao passo que a
delegação de poderes é dada ao órgão ou agente da administração. Alem disso a concessão
destina-se a entrega a empresa o exercício de uma actividade económica lucrativa,
delegação de poderes o delegado passa a exercer uma competência permanente
administrativa.

Substituição em direito público – dá-se a substituição quando a lei permite que a


entidade exerça poderes ou pratique actos que pertencem a esfera jurídica própria de uma
entidade distinta, para que as consequências jurídicas do acto recaiam na esfera do

Elaborado por: Florinda Soca Page 44


substituto. A substituição dá-se quando o substituído não que cumprir os seus deveres
funcionais: tal pressuposto não ocorre na delegação de poderes.

Suplência- ocorre quando o titular de um órgão administrativo não pode exercer o seu
cargo, por ausência, falta, ou impedimento, ou por vagatura de cargo, a lei manda que as
respectivas funções sejam asseguradas, transitoriamente por um suplente. Na suplência
há um órgão que passa a ser novo titular ainda que provisório.

Delegação tácita - por vezes a lei depois de definir a competência de um certo órgão A,
determina que essa competência, ou parte dela, se considerara delegado noutro órgão B,
se e enquanto o primeiro A, nada disser em contrário. NB: não é delegação, é uma figura
parecida com delegação.

Elaborado por: Florinda Soca Page 45


Tema: Elementos dos sistemas de organização administrativa

- Centralização/ descentralização

- Concentração/desconcentração

- Integração/ Devolução de Poderes

Centralização

Na gestão da coisa pública existe uma única pessoa colectiva publica que faz a gestão da
coisa pública. Exemplo o Estado.

Descentralização

Quando existe mais de duas pessoas colectivas publicas que faz a gestão da coisa publica.
Exemplo, Estado, Empresas Públicas, associações públicas (Moçambique segue esse
sistema).

Concentração

Repartição do poder decisório, ou seja, divisão ou não do poder decisório. Se as decisões


são tomadas ao nível central e outros só executam, estamos perante um sistema
concentrado, um único órgão é que toma decisões.

Centralizado Descentralizado

Concentrado Desconcentrado

Desconcentração

Elaborado por: Florinda Soca Page 46


Quando as decisões podem ser tomadas a vários níveis, por vários órgãos: poder ser ao
nível central, provincial, distrital, posto administrativo.

Quais são as vantagens e desvantagens da centralização, descentralização, concentração


e desconcentração?

Elaborado por: Florinda Soca Page 47

Você também pode gostar