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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO – FAVENI

INTRODUÇÃO A PSICOMOTRICIDADE

ESPIRITO SANTO

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PSICOMOTRICIDADE

Fonte: escolaespaconatural.com.br

“Psicomotricidade é a ciência do homem em movimento, das relações consigo


e com o mundo, com o corpo, através do corpo e de sua corporeidade” – Freinet. O
estudo da psicomotricidade permite compreender a forma como a criança toma
consciência do seu corpo e das possibilidades de se expressar por meio desse corpo,
é um dos aspectos que o trabalho psicomotor assumirá durante o período escolar
será, precisamente, o de fazer com que a criança passe da etapa perspectiva à fase
da representação mental de um espaço orientado tanto no espaço como no tempo.
Ao estudarmos o comportamento de uma criança, percebemos como é o seu
desenvolvimento. O comportamento e a conduta são termos adequados para todas
as suas reações, sejam elas reflexam, voluntárias e espontâneas ou aprendidas.
Assim como o corpo cresce, o comportamento evolui.
No processo de desenvolvimento a criança evolui tanto física, quanto intelectual
e emocionalmente. As primeiras evidências de um desenvolvimento normal mental
são as manifestações motoras.
À medida que ocorre a maturação do sistema nervoso, o comportamento se
diferencia e também se modifica. Inicialmente a criança apresenta uma coordenação
global ampla, que são realizadas por grandes feixes de músculos.

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Fonte: www.apogeuead.com.br

À medida que os feixes de músculos mais específicos são usados, a criança


desenvolve sua coordenação fina.
Para que ocorra um desenvolvimento motor adequado, é necessário um
amadurecimento neural, ósseo, muscular, além de crescimento físico, juntamente com
o aprendizado. O desenvolvimento motor percentual se completa ao redor de 07 anos,
ocorrendo, posteriormente, um refinamento da integração perceptiva-motora com o
desenvolvimento do processo intelectual propriamente dito.

O que é psicomotricidade?

É o controle mental sobre a expressão motora. Objetiva obter uma organização


que pode atender, de forma consciente e constante, às necessidades do
desenvolvimento do corpo. Esse tipo de Educação é justificado quando qualquer
defeito localiza o indivíduo à margem das normas mentais, fisiológicas, neurológicas
ou afetivas. É a percepção de um estímulo, a interpretação da elaboração de uma
resposta adequada. É uma harmonia de movimentos, um bom controle motor, uma
boa adaptação temporal, espacial, boa coordenação viso-motora, boa atenção e um
esquema corporal bem estruturado.
Psicomotricidade é a ciência da educação que educa o movimento ao mesmo
tempo em que põe em jogo as funções da inteligência. Movimento é o deslocamento
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de qualquer objeto, mas a ação corporal em si, a mesma unidade bio-psicomotora em
ação.
A psicomotricidade está associada à afetividade e à personalidade, porque o
indivíduo utiliza o seu corpo para demonstrar o que sente, e uma pessoa com
problemas motores passa a ter problemas de expressão. A reeducação psicomotora
lida com a pessoa como um todo, porém, com um enfoque maior na motricidade. A
reeducação psicomotora deverá ser efetuada por um psicólogo com especialização
em psicomotricidade (psicomotrista), pois não será apenas uma mera aplicação de
exercícios, mas será desenvolvida uma adaptação de toda a personalidade da
criança.

Como se estrutura?

_ No desenvolvimento do seu “eu” corporal;


_. Na sua localização e orientação no espaço;
_. Na sua orientação temporal.

Como se fundamenta?

Em Atividades:
_ Motoras - São as atividades globais de todo o corpo.
_ Sensório-motoras - É a percepção de diversas lições através da manipulação
dos objetos.
_ Percepto-motoras – É uma análise profunda das funções intelectuais,
motoras, tais como a análise perceptiva, a precessão de representação mental,
determinação de pontos de referência.
Destaca-se: percepção visual.

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Objetivos da psicomotricidade

Fonte: neurosaber.com.br

_. As atividades psicomotoras visam propiciar a ativação dos seguintes


processos:
_. Vivenciar estímulos sensoriais para discriminar as partes do próprio corpo e
exercer um controle sobre elas;
_ Vivenciar, através da percepção do próprio corpo em relação aos objetos, a
organização espacial e temporal;
_ vivenciar situações que levem a aquisição dos pré-requisitos necessários
para aprendizagem da leitura escrita.
Para entender tais objetivos, é necessário considerar que durante a primeira
infância, motricidade e psiquismo estão estreitamente ligados, da mesma forma como
sabemos que o desenvolvimento motor, o afetivo e o intelectual encontram-se
inseparáveis no homem.
A educação psicomotora, antes utilizada somente como recurso reeducativo,
atualmente é parte integrada de toda a atuação passiva do aluno, frente à atitude
expositiva e controladora do professor.
A psicomotricidade tem como ponto de partida o desenvolvimento
psicobiológico da criança, na medida em que acompanha as leis do amadurecimento
do sistema nervoso através da mielinização.

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A psicomotricidade não deve ser considerada como uma matéria entre outras.
Isto é, não deve dispor apenas de um momento ou um ambiente específico na
programação escolar. Qualquer que seja a atividade ou tema utilizado, a
psicomotricidade vai estar presente. O pensamento se constrói a partir da atividade
motora que permite à criança a exploração do ambiente externo, proporcionando-lhe
experiências concretas indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual. A
liberdade deve explorar e conhecer o espaço físico e o mundo é muito importante para
o seu desenvolvimento afetivo. Como fazer para oferecer condições que permitiam
esse desenvolvimento?
Antes de tudo a criança precisa ter um conhecimento adequado de seu corpo,
porque é o corpo o intermediário obrigatório entre a criança e o mundo. Esse
conhecimento abrange três aspectos que são: a imagem do corpo, o conceito do corpo
e a elaboração do esquema corporal.

Elementos básicos da psicomotricidade

A imagem do corpo é a própria experiência que a pessoa tem de seu corpo e


se revela frequentemente através do desenho, da modelagem e que demonstra o nível
de elaboração do esquema corporal; O conceito do corpo desenvolve-se
posteriormente à imagem do corpo, sendo mais o conhecimento intelectual dele e de
cada função de seus órgãos.
O esquema corporal, segundo Pierre Vayer, é definido como organização das
sensações relativas aos dados do mundo exterior, notando-se aí dois sentidos na
atividade motora cinética, dirigida para o mundo exterior.
A construção do Esquema Corporal elabora-se progressivamente com o
desenvolvimento e o amadurecimento do Sistema Nervoso e é, ao mesmo tempo,
paralela à evolução sensória motora. A educação do Esquema Corporal é, então, o
posto-chave de toda prática educativa. Dos 02 aos 05 anos, toda educação é uma
E.P.M. baseada na estrutura do Esquema Corporal.

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Fonte: s-media-cache-ak0.pinimg.com

Dos 05 aos 07 anos a psicomotricidade passa a ser a base sobre a qual se


constroem as primeiras relações lógicas e a decorrente aprendizagem escolar. Toda
aprendizagem deve ser feita através de experiências concretas e vivenciadas com o
corpo inteiro. Voltando ao primeiro objetivo, temos que trabalhar os seguintes
aspectos:
_ Percepção e controle do corpo;
_ Equilíbrio;
_ Lateralidade;
_ Independência dos membros em relação ao tronco e entre si;
_ Controle muscular;
_ Controle de respiração.
a) Percepção e controle do corpo
A criança adquire primeiro a sensação, depois o uso, e finalmente, o controle
de seu corpo. Ponto de partida o conhecimento do corpo, partes do corpo, através de
estímulos sensoriais – superfície, temperatura, unidade, peso etc. – referenciará as
partes do corpo e suas sensibilidades. Numa segunda etapa fará uso e controlará as
partes independentemente uma das outras.
Como? Brincando com água, tinta, areia, barro, blocos, sucata; usando
determinadas partes do corpo em jogos ou em movimentos propostos; dramatizando.
b) O equilíbrio
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É condição indispensável para qualquer ação diferenciada. As ações serão
tanto coordenadas quanto mais a criança conseguir em posição ereta, sem precisar
esforçar-se ou ficar tensa. A sensibilidade da planta do pé é muito importante para
desenvolver qualquer equilíbrio, por isso é essencial que as crianças se movimentem
e brinquem, tanto na areia como na sala de aula, de pé no chão. O contato do corpo
com o chão deve estender-se a todo o corpo, rolando, deitando, sentando, rastejando,
ajoelhando. Em movimentos de repouso a criança deverá, sempre que possível,
relaxar seu corpo em direto contato com o chão que oferece sensação de segurança.
Como? – Andar sobre linhas de várias maneiras, sobre beiradas de canteiros,
bancos de diferentes alturas, trilhos de madeira, tijolos. Imitar animais e posições
estáticas. Lançar e receber a bola.
c) Lateralidade
O homem, por natureza, tem um lado do corpo dominante. Quer dizer que usa
melhores olhos, ouvidos, pé e mão de um determinado lado. Normalmente, a
lateralidade se define entre os 05 e os 07 anos. As crianças que, a partir dessa idade
apresentam uma lateralidade não definida ou cruzada, facilmente encontrarão
dificuldades na aprendizagem escolar.
Como? – Atividade que exijam o uso de todo corpo com objetos grandes
(pneus, bolas, caixas, blocos) e pequenos, desenvolvendo a coordenação funcional
da mão e dos dedos (contas, sementes, pinos, clips, tampinhas, pregadores, cartas).
Atividades em que ordena a mão a ser usada (com bolas, saquinhos de areia/feijão).
d) Independência dos membros em relação ao tronco e entre si
Para a criança é mais fácil fazer movimentos simétricos e simultâneos, pois só
numa segunda etapa é que ela virá a movimentar os membros separadamente um do
outro.
Como? – Macaco mandou – de início pedindo movimentos simétricos,
aumentando a dificuldade, na medida em que as crianças puderem realizar
naturalmente, movimentos assimétricos e não simultâneos.
e) Controle muscular

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Fonte: kidswaves.in

É muito difícil para uma criança interromper um movimento, mas esse controle
da inibição é indispensável para que ela venha a adquirir, mais tarde, não só uma
caligrafia, mas também a concentração necessária para a aprendizagem escolar.
Como? – Inibição dos movimentos globais que envolvem todo o corpo como o
andar, o correr – “Batatinha Frita”. Recreação com o uso de música. Trabalhar os
“movimentos segmentários – jogos cantados “O meu chapéu tem 03 pontas”, “A
galinha e o seu Kara Kara”, jogo de estátua.
f) Controle da respiração
O controle respiratório contribui na formação de hábitos de se concentrar,
relaxar, se acalmar.
Como? – Bolhas de sabão, bolas de encher, pintura com canudo de soprar,
corridas de soprar. Dramatização de aspirar e soprar. Relaxamento sentido o próprio
corpo ou do companheiro.

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APRENDIZAGEM E PSICOMOTRICIDADE

Fonte: www.demoleque.com.br

O ser humano comunica-se por meio da linguagem verbal e corporal. A criança


nos primeiros dias de vida até o início da linguagem verbal se faz entender por meio
de gestos, pois os movimentos constituem a expressão global de suas necessidades.
O movimento é importante no desenvolvimento da criança porque está ligado às
emoções e por ser um veículo de transmissão do equilíbrio do estado interior do
recém-nascido.
Esse movimento possibilita o relacionamento da criança com o mundo e com
as demais características inerentes da condição humana. Conforme a criança cresce,
vai organizando sua capacidade motora de acordo com sua maturidade nervosa e
com os estímulos do meio que a rodeiam. De acordo com Fávero (2004), a
organização motora é fundamental para o desenvolvimento das funções cognitivas,
das percepções e dos esquemas sensório-motores da criança.
Segundo Colello (1995), a falta de atenção da escola ao movimento dos
indivíduos se fundamenta na concepção dualista do homem, segundo a qual a mente
predomina sobre o corpo. Apesar dos vários estudos mostrarem a importância desta
área, as escolas continuam deixando em segundo plano a prática psicomotora, pois
pensam no ato de escrever como sendo um ato motor que, repetido várias vezes, por
meio de movimentos mecânicos e sem sentido, pode ser fixado. Portanto, a grande
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preocupação dos educadores durante o processo de aprendizagem limita-se ao
treinamento das habilidades responsáveis pelos aspectos figurativos da escrita, como
coordenação motora, discriminação visual e organização espacial. No entanto, o autor
considera a escrita um ato essencialmente motor, destacado de qualquer outra esfera
do desenvolvimento, seja afetiva, cognitiva ou social.
De acordo com Negrine (1980), as aprendizagens escolares básicas devem ser
os exercícios psicomotores, e sua evolução é determinante para a aprendizagem da
escrita e da leitura.
Fávero (2004) realizou um levantamento dos estudos que mostram a
importância do desenvolvimento psicomotor para as aprendizagens escolares como
os de Furtado (1998), Nina (1999), Cunha (1990), Oliveira (1992) e Petry (1988). Para
Furtado (1998), provocando-se o aumento do potencial psicomotor da criança, amplia-
se também as condições básicas para as diversas aprendizagens escolares. Em um
estudo sobre o grau de influência dos aspectos psicomotores sobre prontidão para ler
e escrever em escolas de classes de alfabetização do ensino infantil, Nina (1999)
destaca a necessidade de, desde o ensino pré-escolar, serem oferecidas atividades
motoras direcionadas para o fortalecimento e consolidação das funções psicomotoras,
fundamentais para o êxito nas atividades do bom aprendizado da leitura e escrita.
Estudos anteriores realizados por Cunha (1990) mostraram a importância do
desenvolvimento psicomotor e cognitivo. Além disso, a autora constatou que as
crianças com nível mais alto de desenvolvimento psicomotor e conceitual são as que
apresentam os melhores resultados escolares.
Em outra pesquisa, Oliveira (1992) identificou entre as dificuldades de
aprendizagem às que são relacionadas ao desenvolvimento psicomotor e, a partir
disso, desenvolveu uma investigação mostrando como o desenvolvimento adequado
da psicomotricidade pode auxiliar para que alguns dos pré-requisitos para a escrita
sejam alcançados.
Petry (1988) reafirma a importância do desenvolvimento dos conceitos
psicomotores, ressaltando que as dificuldades de aprendizagem em crianças de
inteligência média podem se manifestar quanto à caracterização de letras simétricas
ela inversão do “sentido direita-esquerda”, como, por exemplo, b, p, q ou por inversão
do “sentido em cima em baixo”, d, p, n, u, ou ainda por inversão das letras oar, ora,
aro. De acordo com a autora, a compreensão de conceitos como perto, longe, dentro,

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fora, mais perto, bem longe, atrás, embaixo, alto, mais alta será facilitada com série
de ações no espaço, com o corpo em movimento.

Fonte: grupofetma.com.br

Os estudos citados acima mostram a importância de se estimular o


desenvolvimento psicomotor das crianças, pelo fato deste ser fundamental para a
facilitação das aprendizagens escolares, pois é por meio da consciência dos
movimentos corporais e da expressão de suas emoções que a criança poderá
desenvolver os aspectos motor, intelectual e sócio emocional.
Segundo Fávero (2004), para escrever é preciso que se tenha orientação
espacial suficiente para situar as letras no papel, para adequá-las em tamanho e forma
ao espaço de que se dispõe. E, além disso, precisa-se dirigir o traçado da esquerda
para a direita, de cima para baixo, controlando os movimentos de maneira a não
segurar o lápis nem com muita força nem com pouca força, é necessário que a escola
ofereça condições para a criança vivenciar situações que estimulem o
desenvolvimento dos conceitos psicomotores.
Essas restrições podem levar a criança a dificuldades de aprendizagem,
repercutindo no desempenho escolar. Neste sentido, Negrine (1986, p. 61) afirma que
as dificuldades de aprendizagem vivenciadas pelas crianças “são decorrentes de todo
um todo vivido com seu próprio corpo, e não apenas problemas específicos de
aprendizagem de leitura, escrita, etc.” Assim, os aspectos psicomotores exercem
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grande influência na aprendizagem, pois as limitações apresentadas pelas crianças
na orientação espacial podem tornar-se um fator determinante nas dificuldades de
aprendizagem.
Para Ajuriaguerra (1988), a escrita é uma atividade que obedece a exigências
precisas de estruturação espacial, pois a criança deve compor sinais orientados e
reunidos de acordo com as leis, depois deve respeitar essas leis de sucessão que
fazem destes sinais palavras e frases tornando a escrita uma atividade espaço-
temporal.
Para Fonseca (1995), um objeto situado a determinada distância e direção é
percebido porque as experiências anteriores da criança levam-na a analisar as
percepções visuais que lhe permitem tocar o objeto.
É por meio dessas que resultam as noções de distância e orientação de um
objeto com relação a outro, e assim a criança começa a transpor essas noções gerais
a um plano mais reduzido, que será de extrema importância quando na fase do
grafismo. Fonseca (1983) destaca que na aprendizagem da leitura e escrita a criança
deverá obedecer ao tempo de sucessão das letras, dos sons e das palavras, fato este
que destaca a influência da estruturação temporal para a adaptação escolar e para a
aprendizagem.
Colello (1995) afirma que, além dessas dificuldades inerentes ao ato de escrita,
existe ainda a dificuldade que os professores têm em diagnosticar as dificuldades de
aprendizagem e relacioná-las ao desenvolvimento psicomotor. Em sala de aula, os
professores trabalham a motricidade infantil como uma atividade mecanizada do
movimento das mãos e as aulas de educação física parecem se restringir a atividades
de recreação nas quais o movimento parece ter um fim em si mesmo. Para o autor,
até mesmo o professor de Educação Física tem mostrado dificuldades em perceber a
importância do movimento para o desenvolvimento integral da criança.
Segundo Tomazinho (2002, p. 50), o desenvolvimento corporal é possível
graças a ações, experiências, linguagens, movimentos, percepções, expressões e
brincadeiras corporais dos indivíduos.

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Fonte: www.soachildlearningcenter.com

As experiências e brincadeiras corporais assumem um papel fundamental no


desenvolvimento infantil, pois enfatizam a valorização do corpo na constituição do
sujeito e da aprendizagem, assim a “[...] pré-escola necessita priorizar, não só
atividades intelectuais e pedagógicas, mas também atividades que propiciem seu
desenvolvimento pleno”.
De acordo com Oliveira (1996, p. 182), a psicomotricidade contribui para o
processo de alfabetização à medida que procura proporcionar ao aluno as condições
necessárias para um bom desempenho escolar, permitindo ao homem que se assume
como realidade corporal e possibilitando-lhe a livre expressão. A psicomotricidade
caracteriza-se como uma educação que se utiliza do movimento para promover
aquisições intelectuais. Para a autora, a inteligência pode ser considerada uma
adaptação ao meio ambiente e para que esta aconteça é necessário que o indivíduo
apresente uma manipulação adequada dos objetos existentes ao seu redor, “[...] está
educação deve começar antes mesmo que a criança pegue um lápis na mão [...]”.
O ponto de referência que os seres humanos têm para conhecer e interagir com
o mundo é o corpo. Este elemento serve como base para o desenvolvimento cognitivo
e conceitual, incluindo os presentes para a aprendizagem de conceitos na atividade
de alfabetização. Por essa razão, o desenvolvimento do movimento por meio da
psicomotricidade auxilia a criança a adquirir o conhecimento do mundo que as rodeia.

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Fávero (2004) ressalta que o desenvolvimento psicomotor não é o único fator
responsável pelas dificuldades de aprendizagem, mas um dos que podem
desencadear ou agravar o problema. As dificuldades de aprendizagem relacionadas
à escrita alteram o rendimento escolar. Crianças com dificuldades de escrita podem
apresentar disfunção nas habilidades necessárias para uma aprendizagem escolar
efetiva, e estes fatores podem ser acentuados pelos déficits psicomotores.
Sabe-se que atualmente condições socioculturais fazem com que as crianças
sejam privadas do movimento, como bem lembra Fávero (2004, p. 55) “[...] a escola,
como responsável pela educação global deveria proporcionar através das suas aulas
atividades que levassem à criança condições para um desenvolvimento harmonioso
em termos psicomotores”.
A escrita exige o desenvolvimento de habilidades específicas e um esforço
intelectual proporcionalmente superior às aprendizagens anteriores da criança. Na
escrita ocorre a comunicação por meio de códigos que variam de acordo com a
cultura, e sua aprendizagem se dá pela realização da cópia, do ditado e na escrita
espontânea.
Segundo Fávero (2004), a escrita espontânea envolve um grau maior de
dificuldade, pois o modelo visual e auditivo está ausente e envolve a tomada de
decisões acerca do que vai ser escrito e como será escrito. Antes de se escrever algo
é preciso gerar uma informação, organizá-la de forma coerente para posteriormente
escrevê-la e revisar o que foi escrito. É preciso diferenciar as letras dos demais signos
e determinar quais são as letras que devem ser empregadas, além disso, a escrita
pressupõe um desenvolvimento motor adequado, pois certas habilidades são
essenciais para que a atividade ocorra de maneira satisfatória.
Ajuriguerra (1988), Ferreiro (1985) e Cagliari (2000), ao estudarem a aquisição
da escrita, constataram que esta aquisição não deve ser restrita a simples
decodificação de símbolos ou signos, pois o processo de aquisição da língua escrita
é complexo e anterior ao que se aprende na escola. A grande dificuldade que os
educadores enfrentam está em compreender os fatores que diferenciam as crianças
que conseguem dominar a linguagem escrita das que não conseguem.

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Fonte: cdn.shutterstock.com

Segundo Escoriza Nieto (1998), foi somente a partir da década de 1970 que as
pesquisas começaram a buscar explicar os processos cognitivos envolvidos na
atividade escrita.
Para Gregg (1992 apud GARCIA, 1998) as dificuldades encontradas no
processo de alfabetização vão desde o desenvolvimento das habilidades de escrita
(disgrafia) e erros de soletração até erros na sintaxe, estruturação e pontuação das
frases, bem como a organização de parágrafos. No começo do processo de
alfabetização o que mais se observa são: confusão de letras, lentidão na percepção
visual, inversão de letras, transposição de letras, substituição de letras, erros na
conversão símbolo-som e ordem de sílabas alteradas, essa dificuldade pode se
manifestar ao se soletrar ou escrever uma palavra ditada ou copiada. É possível
encontrar crianças com boa capacidade de expressão oral, mas com dificuldades para
escrever, alunos que se expressam oralmente com dificuldade e escrevem as
palavras mal e sujeitas que escrevem bem as palavras, mas se expressam mal.
Essas dificuldades, se consolidadas ao longo da infância, tornam-se mais
evidentes no ambiente escolar, onde o processo de aprendizagem é
institucionalizado. Ajuriaguerra (1988) destaca que a escrita envolve, além de
habilidades cognitivas, as habilidades psicomotoras, pois o ato de escrever está
impregnado pela ação motora de traçar corretamente cada letra e constituir a palavra.
Quando se coloca em questão o desenvolvimento motor, é necessário, além da
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maturação do sistema nervoso, a promoção do desenvolvimento psicomotor,
objetivando o controle, o sustento tônico e a coordenação dos movimentos envolvidos
no desempenho da escrita.
Segundo Ferreira (1993, p.18), não existe aprendizagem sem que seja
registrada no corpo. Para a autora, a participação do corpo no processo de
aprendizagem se dá pela ação do sujeito e pela representação do mundo. Todo
conhecimento apresenta um nível de ação (fazer os movimentos) e um nível figurativo
(dado pela imagem pela configuração) que se inscreve no corpo. Pensando no
desenvolvimento da criança de forma integrada e buscando entender aspectos físicos,
afetivos, cognitivos e sociais, é necessário o estudo do desenvolvimento psicomotor.
Estudos (SISTO et al, 1994; FINI et al, 1994) partem do pressuposto de que o
baixo rendimento escolar pode ser compreendido como uma manifestação das
dificuldades de aprendizagem. Mais especificamente, os estudos de Tomazinho
(2002), Oliveira (1992) e Fávero (2004) mostram a procedência de identificar entre as
dificuldades de aprendizagem às que são relacionadas ao desenvolvimento
psicomotor e, a partir desses dados, mostrar a necessidade de se abordar os
esquemas motores nas primeiras séries como prevenção à dificuldade de
aprendizagem de escrita.

BIBLIOGRAFIA

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préescola: um olhar reflexivo. Dissertação (Mestrado) – Universidade Presbiteriana
Mackenzie, São Paulo: 2002.

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ARTIGO PARA REFLEXÃO

PSICOMOTRICIDADE: IDENTIFICANDO NOVOS PARADIGMAS E SUA


COLABORAÇÃO NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL

AUTORA: HELENA GROSS

DISPONÍVEM EM: <ttp://monografias.brasilescola.uol.com.br


/pedagogia/psicomotricidade-identificando-novos-
paradigmas-sua-colaboracao.htm>
ACESSO EM: 14/06/2016

1. RESUMO

Procura-se com esta pesquisa apresentar a incidência da psicomotricidade sobre a


escolaridade apontando os principais aspectos que influenciam o desenvolvimento infantil.
Visa-se observar os principais conceitos da psicomotricidade como o movimento, o intelecto
e o afeto buscando entender como a criança se desenvolve e a importância desses
fundamentos na aprendizagem. Fundamenta-se essa pesquisa no construtivismo de Piaget
conhecendo os estágios de desenvolvimento da criança e entendendo os conceitos de
assimilação, acomodação, esquemas de ação e equilibrarão. Também se tem por critério de
pesquisa, compreender o desenvolvimento psicomotor, os conceitos de tonicidade,
lateralidade, noção corporal, estruturação espaço temporal, práxis globais e práxis fina e fazer
uma relação com a educação psicomotora e o desenvolvimento infantil, contribuindo assim,
para fundamentações sólidas a respeito do tema. Portanto, tem-se como objetivo conhecer a
importância da psicomotricidade no desenvolvimento infantil, para tanto, usou-se de
metodologia científica, com métodos adequados para o tema explorado, sendo uma pesquisa
bibliográfica de fontes importantes e reconhecidas acerca do tema abordado e investigatória,
buscando a realidade apresentada na educação infantil. Justifica-se a pesquisa desse tema
considerando que, a psicomotricidade caracteriza-se por uma ferramenta que se utiliza dos
movimentos para atingir outras aquisições e compreendendo que a psicomotricidade estuda

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o homem através de seu corpo em movimento, sendo estes as primeiras ações realizadas
pelas crianças, entendendo que é uma forma de comunicação que abre caminhos para
possibilidades de aprendizagem e consequentemente cria um elo entre psicomotricidade e
desenvolvimento infantil, a partir disso, tentar-se-á encontrar as razões que apoiam a
psicomotricidade no desenvolvimento infantil.

Palavras-chave: Psicomotricidade, desenvolvimento infantil, educação.

2. INTRODUÇÃO

Hoje o mundo está crescendo muito rápido e as exigências sociais com o ser
humano estão muito grandes. A sociedade exige pessoas críticas, atuantes, que
saibam se expressar, posicionando-se e comunicando-se com clareza, portanto
vemos aí a grande necessidade do desenvolvimento motor no processo ensino
aprendizagem para que o ser humano possa enfrentar as situações do dia -a -dia,
com maior capacidade e desenvoltura.
Desde o início dos tempos o homem procurou desenvolver suas habilidades e
aptidões. Conheceu o fogo, criou a roda, estudou a relação movimento/espaço, foi à
lua, criou barreiras, destruiu barreiras e estudou os diversos elementos que compõe
a sociedade. Conheceu o poder da ação e reação, fez de sua inteligência sua arma
mais poderosa; construtiva e destrutiva. Houve mudança, houve movimento.
A educação tem uma função essencial e importante neste processo. A escola
deve ser um local agradável onde a criança sinta prazer em apreender e,
especialmente trabalhe a coordenação motora das mesmas.
Para que ela aprenda a conhecer e valorizar o seu corpo cabe aqui salientar a
necessidade de citar durante o trabalho e em anexo atividades psicomotoras, que
busquem despertar um melhor desenvolvimento psicomotor da criança, tais como:
Domínio dos movimentos gestuais do corpo, Movimento com as mãos e os dedos,
reconhecimento das partes do corpo, entre outros, tal trabalho resultara em uma
melhor aprendizagem no processo de formação do educando.
O movimento é o objeto primo da psicomotricidade. Entende-se o significado
da psicomotricidade como sendo a ciência que tem como objeto de estudo o homem
através de seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo externo e interno,

20
isto é, a capacidade de se movimentar com intenção. Nesta pesquisa aborda-se a
psicomotricidade no desenvolvimento infantil.
Falar de psicomotricidade é falar de possibilidades. Existem possibilidades em
cada etapa no desenvolvimento da criança, relacionando-a uma à outra. Cada criança
é única, cada ser é diferente, mas as relações de crescimento estão ligadas
diretamente a afetividade, cognição e organização.
Para tanto, o envolvimento desses processos é preenchido com os três
conhecimentos básicos que norteiam a psicomotricidade, que são o movimento, o
intelecto e o afeto, estes sim, são individuais e únicos em cada criança.
O conhecimento do próprio corpo e do seu funcionamento são aspectos
fundamentais para o desenvolvimento dos aspectos físico, motor e intelectual da
criança, que se criança for bem trabalhada, principalmente em seus movimentos de
lateralidade, espaço, tempo e percepção, ela estará melhor preparada para atuar na
sociedade, também percebeu-se que através das atividades motoras obtém-se
resultados mais rápidos e compensatórios por parte dos educandos e assim a
importância do papel da escola e do educador em todo o processo.
Sendo assim, formamos um espaço, um todo. Entendendo as relações de
movimento com o meio tornará o indivíduo mais ou menos confiante e compreendem
desse espaço que vive.

2.1 Justificativa do tema

Entende-se que a referida pesquisa é de grande importância, considerando que


a psicomotricidade se caracteriza por um método que se utiliza dos movimentos para
atingir outras aquisições, tanto no âmbito da educação quanto da reeducação. Buscar-
se-á as razões que apoiam a psicomotricidade no desenvolvimento infantil, pontuando
as principais teorias e relacionando-as.
Compreende-se a importância da psicomotricidade para o desenvolvimento
infantil, vê-se a necessidade de conhecer as etapas do desenvolvimento humano,
mais especificadamente os desenvolvimentos infantis, delimitando fatores que faz a
ligação da criança com o meio. Neste aspecto, observa-se que as primeiras
percepções corporais da criança irão expressar suas sensações, sentimentos e, é a
partir do movimento que a criança passa a se conhecer melhor.

21
Desenvolver o esquema corporal e a psicomotricidade é parte fundamental
para uma boa aprendizagem e uma ótima preparação futura perante a sociedade. O
autor Saber (1997) afirma que: “É preciso entender que, o domínio de uma atividade
não é conquistado de imediata. Só o funcionamento de uma ação pode conduzir a um
aprimoramento dos movimentos”.
Conhecer o próprio corpo significa ter uma compreensão global do seu
desenvolvimento. Isso implica conhecer e entender o seu desenvolvimento motor, sua
lateralidade, saber orientar-se no espaço, ter uma memória sinestésica desenvolvida,
fazendo com que haja uma interação entre corpo e aprendizagem.
Avaliando que a criança, desde sua concepção, já possui movimentos, e se os
mesmos não forem bem trabalhados durante sua infância, trarão sérios problemas na
vida adulta, cabe ao educador, detectar as dificuldades de aprendizagem, que pode
ser constatado durante o período escolar, e investigar as causas de forma ampla.
Sabendo-se que tais dificuldades, podem muitas vezes ser de aspecto orgânicos,
neurológicos, mentais, psicológicos, adicionados a problemática ambiental em que a
criança vive.
Sendo este um ser social, com cultura e linguagem adquiridas durante sua vida
até o momento, traz consigo todo o conhecimento que já adquiriu. Ele faz parte da
sociedade e é um ser único, individual e precisa ser trabalhado em sua totalidade, aí
entra a importância do desenvolvimento psicomotor do processo ensino
aprendizagem

2.2 Problema de pesquisa

Diante desses fatos, percebe-se a necessidade de pesquisar acerca da


importância da psicomotricidade para o desenvolvimento infantil, que vem a colaborar
para a estimulação perceptiva e o desenvolvimento do esquema corporal da criança.
Assim sendo, questiona-se: O que leva a psicomotricidade ser um fator
importante no desenvolvimento infantil?
Nesse sentido, as perguntas de investigação que direcionaram o presente
estudo foram:
1. O que é psicomotricidade?
2. Quais as etapas do desenvolvimento infantil?

22
3. Qual a relação da psicomotricidade e o desenvolvimento infantil?

2.3 Objetivos

A seguinte pesquisa buscou identificar os seguintes objetivos: objetivo geral e


objetivos específicos.

2.3.1 Objetivo geral

O objetivo geral atende diretamente ao problema da pesquisa, que direciona


todo o processo de busca, que é: Identificar a importância da psicomotricidade no
desenvolvimento infantil.

2.3.2 Objetivos específicos

1. Definir psicomotricidade;
2. Identificar as etapas do desenvolvimento infantil;
3. Relacionar psicomotricidade e desenvolvimento infantil.

2.4 Metodologia geral da pesquisa

A metodologia é um caminho a ser percorrido durante a elaboração e a


construção de uma pesquisa. A abordagem do problema é de ordem qualitativa, visto
que se trata de pesquisa social e não aborda tratamento estatístico e no entendimento
de Richardson (1999, p. 80) “(...) os estudos que empregam uma metodologia
qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a
interação entre curtas variáveis, compreender e classificar os processos dinâmicos
vividos por grupos sociais (...)”.
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, visto não se fazer uso de materiais de
campo, ou pesquisa ação, apenas obras já conceituadas cientificamente, ou seja,
material já elaborado. Confirmando, Gil (1999, p. 65): “Embora em quase todos os
estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas

23
desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Parte dos estudos
exploratórios podem ser definidos como pesquisas bibliográficas [...]”.
A pesquisa se classifica, pela sua natureza, como pesquisa pura, pois não se
tem a intenção de aplicá-la e segundo Gil (1999, p.43), “busca o progresso da ciência,
procura desenvolver os conhecimentos científicos sem a preocupação direta com
suas aplicações e consequências práticas (...)”.
Também se classifica a pesquisa como descritiva pelo fato de descrever a
importância da psicomotricidade no desenvolvimento infantil. Para Gil (1999, p.44), na
pesquisa descritiva busca-se “juntamente com a exploratória, as que habitualmente
realizam os pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática. São também
as mais solicitadas por organizações como instituições educacionais, empresas
comerciais, partidos políticos etc.”.
A pesquisa não deixa de ser exploratória, pois ao adentrar na opinião de tantos
teóricos, faz-se exploração do conhecimento científico para produção da pesquisa.
Segundo Gil (1999, p.43) a pesquisa exploratória “tem como principal finalidade
desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista, a formulação
de problemas mais precisos com hipóteses pesquisáveis”.

2.5 Estrutura do trabalho

Para a organização da monografia, o texto foi dividido em três seções. Na


primeira, a introdução, que faz uma apresentação do tema abordado com breve
explanação do mesmo, seguido do problema que conduziu esta pesquisa e dos
objetivos propostos. Também apresenta a metodologia utilizada para sua realização
e a delimitação, além desta estrutura.
Na segunda seção, o desenvolvimento, relata-se a fundamentação teórica,
enfocando o que é psicomotricidade, as etapas do desenvolvimento infantil segundos
principais autores e a importância da psicomotricidade no desenvolvimento infantil.
Na terceira e última seção, as considerações finais, estão tecidas as falas finais
desta autora em resposta a pesquisa elaborada no tema psicomotricidade, onde se
percebeu que com o desenvolvimento psicomotor é possível aumentar a capacidade
motora, cognitiva e psíquica da criança.

24
4. DESENVOLVIMENTO

O ser humano é produto de um processo histórico que vem se expandindo e


aperfeiçoando de geração a geração, ampliando suas descobertas e curiosidades,
sempre lendo e revelando sua linguagem corporal através de gestos, risos, expressão
facial e sempre buscando onde se encaixar na quebra – cabeça da vida.
Nesta pesquisa, apresenta-se o embasamento teórico, constituído da definição de
psicomotricidade, apresentando suas etapas do desenvolvimento infantil com ênfase no construtivismo
piagetiano e os estágios deste desenvolvimento. Finalizando com a descrição da relação entre
psicomotricidade e desenvolvimento infantil, através da subdivisão da seção com: educação
psicomotora, o desenvolvimento psicomotor e a influência da psicomotricidade na aprendizagem.

3.1 Definição de psicomotricidade

A psicomotricidade refere-se diretamente ao movimento humano. É o


relacionamento através da ação, é a integração do corpo com a natureza. Como
ciência, a psicomotricidade é definida tendo como objeto de estudo o homem através
de seu corpo em movimento relacionado com a sociedade e consigo mesmo.
As relações do movimento corporal com o meio tornam o indivíduo mais
confiante e compreendem-te do espaço que ocupa, e consequentemente melhor
entendimento de suas emoções.
“Psicomotricidade como a posição global do sujeito, que pode ser entendido
como a função de ser humano que sintetiza psiquismo e motricidade com o propósito
de permitir ao indivíduo adaptar de maneira flexível e harmoniosa ao meio que o cerca”
(DE LIÈVRE Y STAES 1992, p. 39).
De acordo com Coste (1978, p.23), é a ciência encruzilhada, onde se cruzam e
se encontram múltiplos pontos de vista biológicos, psicológicos, psicanalíticos,
sociológicos e linguísticos.
A psicomotricidade está relacionada ao desenvolvimento das aquisições
afetivas, cognitivas e orgânicas. Três conhecimentos básicos substanciam esse
processo: o movimento, o intelecto e o afeto. Compreender esses processos direciona
o olhar para a criança num todo, visando contribuir para o entendimento desses três
conhecimentos.

25
São conhecimentos básicos relacionados a psicomotricidade: o movimento, o
intelecto e o afeto.
O movimento, segundo dicionário Cegalla (2005), “movimento é o
deslocamento de um corpo, ou parte dele, no espaço; série de atividades organizadas
com um fim comum; atividade, ação”.
Fonseca (1988) define que: “O movimento humano é construído em função de
um objetivo. A partir de uma intenção como expressividade íntima, o movimento
transforma-se em comportamento significante”.
Para abordar o primeiro conhecimento básico é necessário citar Wallon (1971),
que fundamenta os estágios da criança e foca no estágio inicial, o movimento. Wallon
define a criança em seu primeiro estágio de desenvolvimento como um ser que
expressa a emoção no seu corpo e a emoção antecede a cognitividade, defendida por
Piaget. O movimento segundo Wallon não é entendido apenas como desenvolvimento
a partir do fisiológico é também uma forma de relação com o meio. O movimento tem
ação direta sobre o meio, relacionando-se intrinsecamente com o afetivo.
“O movimento humano é a parte mais ampla e significativa do comportamento
do ser humano”. É obtido através de três fatores básicos: os músculos, a emoção e
os nervos, formados por um sistema de sinalizações que lhes permitem atuar de forma
coordenada” (BARROS & NEDIALCOVA, 1999: p.3).
O movimento no desenvolvimento infantil tem uma função fundamental,
principalmente nos primeiros estágios da criança onde está não adquiriu a linguagem
falada ainda. O movimento tem a função de comunicação. É através do movimento
que a criança expressa suas sensações e manifesta o contato com o mundo ao seu
redor.
Entende-se por comunicação o ato ou ação de comunicar-se, está dada através
de gesticulação, expressando assim seus desejos, vontades e sentimentos.
As necessidades físicas ou psíquicas são expressas através do movimento,
essa, portanto, é a primeira forma de comunicação antes do desenvolvimento da
linguagem. Essa comunicação através do movimento é definida por Wallon como
comunicação emocional. A necessidade da criança de se expressar faz com que a
postura corporal demonstre seu estado orgânico ou emocional.
O intelecto, segundo Aurélio (2004) define intelecto como inteligência, e
inteligência como faculdade ou capacidade de aprender, apreender, compreender ou

26
adaptar-se facilmente; intelecto, intelectualidade, destreza mental; agudeza,
perspicácia.
O processo de cognição leva ao desenvolvimento do intelecto, isto é, quanto
mais aquisição do conhecimento, maior a maturação do processo intelectual.
Neste segundo conhecimento básico tem-se como base de fundamentação
Piaget. De acordo com Piaget, a aprendizagem é decorrência do desenvolvimento
cognitivo, vinculado por sua vez, à maturação biológica e a qualidade dos desafios do
meio.
O intelecto está relacionado ao cognitivo, que faz relação com o movimento
para se estabelecer a comunicação com o meio. Voltando ao primeiro conhecimento
básico com referência a comunicação, Wallon define que a maturação e
aprendizagem – processo de desenvolvimento do intelecto – estão condicionadas
pela riqueza do intercâmbio emocional e da comunicação com o outro.
O afeto é definido como afeição, carinho, atenção, simpatia. As aquisições
afetivas vêm completar os conhecimentos básicos. A ação é impulsionada pela
emoção.
“Emoção é a referência a um sentimento e seus pensamentos distintos, estados
psicológicos e biológicos, e a uma gama de tendências para agir. Há centenas de
emoções, juntamente com suas combinações, variações, mutações e matizes”
(GOLEMAN, 1996, p. 34).
Todos os movimentos, gestos, mímicas são expressos pela emoção, indicando
uma pré-linguagem. A criança associa novos significados e percepções as suas ações
a sua consciência e a sua cognição, possibilitando o desenvolvimento da afetividade
e consequentemente da inteligência.
A afetividade tem papel fundamental no desenvolvimento infantil, existem dois
fatores das quais a afetividade é dependente: o orgânico e o social.
“[…] a constituição biológica da criança ao nascer não será a lei única do seu
futuro destino. Os seus efeitos podem ser amplamente transformados pelas
circunstâncias sociais da sua existência, onde a escolha individual não está ausente”
(WALLON, 1971, p. 34)
O aspecto afetivo por si só não pode modificar as estruturas cognitivas, mas
pode influenciar as estruturas a se modificar. No processo de ensino-aprendizagem,

27
o aspecto afetivo é de grande importância para compreender que cada criança é
única, tanto no desenvolvimento afetivo, quanto no cognitivo.
Afetividade é um termo que usamos para identificar um domínio funcional, este
por sua vez, de acordo com Wallon (1971), são quatro: o ato motor; o conhecimento;
a afetividade e a pessoa. São eles que dão uma determinada direção ao
desenvolvimento e no decurso da vida humana, cada um desses domínios tem seu
próprio campo de ação e organização, mas mantém em relação com os demais uma
espécie de mecanismo interfuncional.
A criança, no decorrer de seu desenvolvimento, estabelece diferentes níveis de
relacionamento, a partir dessas relações, também modifica suas sensações em
relação à afetividade. Intrinsecamente, todos os três conhecimentos básicos estão
ligados. É através do movimento, que a criança expressa suas emoções, e através
das emoções em relação com o meio que ela desenvolve sua cognição.
Considera-se a emoção altamente orgânica, pois é a partir das reações
fisiológicas da criança, que as emoções são expressas. Estas fazem modificar as
reações do organismo, como mudanças no batimento cardíaco, sensações corporais,
entre outros. A emoção faz com que a criança se relacione com o meio e passa a se
conhecer melhor.
Portanto, é necessário considerar de forma integrada os três conhecimentos
básicos, entendendo que o desenvolvimento da afetividade vai influenciar diretamente
no desenvolvimento do cognitivo da criança.

3.2 as etapas do desenvolvimento infantil

Quando se refere as etapas do desenvolvimento infantil nos remetemos as


correntes da psicologia. Etimologicamente, a palavra psicologia tem sua origem na
língua grega, onde psiché quer dizer alma e logia, razão significando então, o tratado
da alma.
A psicologia tem grande influência na educação. Existem práticas pedagógicas
que, ora oscila em favor de uma tendência subjetivista, e ora por uma tendência
objetivista de sujeitos. Foi a partir dos anos 70, no Brasil, que a perspectiva teórica
que influenciou o modo como processo de ensino-aprendizagem seria definido.
Chamamos então, de Behaviorismo ou Comportamentalismo.

28
Em diferentes partes do mundo, teóricos da educação procuraram criticar o
modo reducionista de conceber a aprendizagem, propondo visões alternativas. Dentre
esses teóricos, os Gestaltistas se destacaram pela teoria de Gestalt, que estuda os
processos cognitivos envolvidos na percepção e na aprendizagem. Por ser inovadora
e convincente, a teoria de Gestalt inspirou o surgimento de um campo da psicologia
que estuda a aprendizagem, a psicologia cognitiva.
A psicologia da educação estava insatisfeita com a noção de um sujeito
determinado por sua natureza individual externa, sentiu-se necessidade de uma
concepção que contemplasse a interação entre indivíduo e realidade.
Nesse contexto, a teoria genética de Jean Piaget se fortalece passando a ser
estendida a educação sob a denominação de Construtivismo Piagetiano.

3.2.1 Construtivismo piagetiano

Jean Piaget (1975) buscou romper com as perspectivas aprioristas, ou seja,


que aceita, na ordem do conhecimento, fatores independentes da experiência; e as
teorias ambientalistas, introduzindo uma teoria do desenvolvimento da inteligência
baseada na interação do sujeito com os objetos do conhecimento.
Segundo Jean Piaget (1975) os atos biológicos são atos de organização e
adaptação ao meio ambiente. O termo organização refere-se à tendência invariável
das espécies de organizar seus processos internos em sistemas coerentes. O
termo adaptação se dá quando o organismo se transforma em função do meio e
quando essa variação tem como efeito um acréscimo das trocas entre ambos. A
inteligência, portanto, seria uma forma especial de adaptação biológica.
Existem outros quatro conceitos que Jean Piaget define como básicos no
processo de desenvolvimento infantil e intelectual, são eles:
 Assimilação: é quando o indivíduo incorpora em seu ser, ou seja, assimila as
características externas do meio à sua estrutura interna;
 Acomodação: o indivíduo após assimilar as características externas, ele as acomoda
para suportar as pressões do ambiente;
 Esquemas de ação: A partir da assimilação e acomodação, o indivíduo (bebê)
apresenta comportamentos baseados em reflexos, que são as respostas automáticas
dadas pelo organismo ao ambiente. Neste contexto, vê-se que o movimento, um dos

29
conhecimentos básicos da psicomotricidade, é a primeira forma de comunicação do
indivíduo, relacionando ao desenvolvimento da psicomotricidade. Esses reflexos são
transformados posteriormente, segundo Piaget em esquemas de ação.
Enquanto um bebê de alguns meses de vida utiliza esquemas de comportamento, uma criança
quando estaria na escola trabalharia seu cérebro realizando assim operações mentais, ou seja, os
esquemas de ação permeiam até o desenvolvimento total do intelecto do indivíduo.

 Equilibração: Essa etapa é um importante segmento na teoria piagetiana. Seria uma


forma de adaptação que procura maximizar as interações organismo-meio através da
construção de novos instrumentos de compreensão e ação sobre a realidade. Esses
conhecimentos vão sendo gerados e surgindo através de outros já existentes.

30
3.2.2. Os estágios de desenvolvimento segundo Piaget

Os períodos que marcam o desenvolvimento intelectual da criança, segundo


Piaget (1975) são, período sensório-motor; período operatório; período operatório
formal.
 Período sensório-motor (compreende de zero a dois anos): A inteligência sensório-
motora caracteriza-se pela ausência de pensamento, representação ou linguagem. A
atividade intelectual é puramente sensorial e motora em sua interação com o
ambiente. O estágio sensório-motor é dividido em seis sub-estágios:
 Estágio reflexo: os efeitos da experiência estão centrados nos mecanismos providos
de hereditariedade: sucção, preensão, choro, etc. ainda que as aprendizagens sejam
significativas, estão ainda submetidas à esfera dos reflexos.
 Estágio das reações circulares primárias: caracteriza-se pela tendência de exercitar
os esquemas descobertos a partir dos reflexos através de comportamento repetitivos.
Os exercícios dos primeiros esquemas mentais são denominados reações circulares
primárias. As reações circulares, nesse estágio, centram-se no corpo do bebê que,
por exemplo, aprende a levar o dedo na boca.
 Estágio das reações circulares secundárias: elementos externos ao corpo do bebê
são incorporados aos esquemas até então construídos. O bebê começa a engatinhar
e manipular as coisas mais intensamente. As imitações passam a ser sistemáticas. O
bebê torna-se capaz de produzir eventos interessantes descobertos, por acaso, o que
envolve uma atividade mais complexa e intencional.
 Estágio da coordenação dos esquemas secundários: as ações do bebê passam a
visar uma meta pré-determinada. Surge o comportamento instrumental e a busca ativa
dos objetos desaparecidos. Se um objeto é colocado entre o bebê e o objeto que ele
deseja alcançar, ele desenvolve meios para remover o obstáculo. O bebê tenta utilizar
como meios esquemas desenvolvidos em outras situações, generalizando padrões de
comportamento previamente adquiridos (assimilação generalizadora). No decorrer
dessas generalizações, os esquemas vão sendo modificados, mas o bebê só retém
os que funcionam para remover o obstáculo. Nesse estágio, a acomodação dos
antigos esquemas à experiência adquirida com as novas ações depende do sucesso
dessas ações.

31
 Estágio das reações circulares terciárias: nesse estágio, o bebê está aprendendo, ou
já aprendeu a andar, e sai em busca de novidades. Não foca seu interesse apenas
nela mesma, ou nos objetos que servem de meios para alcançar determinados fins,
passando a ter curiosidade pelos objetos sob um outro ponto de vista. Começa a
atribuir permanência e reconhecer que eles têm uma existência independente dela
própria. Põe em prática, o ensaio-e-erro para descobrir as propriedades dos objetos,
enquanto vai acomodando seu próprio comportamento a eles, e assimilando novos
esquemas sem dificuldade.
 Início da representação: esse estágio representa a transição para o próximo período
de desenvolvimento, no qual a criança torna-se capaz de utilizar símbolos mentais e
palavras para referir-se a objetos ausentes. A representação significa a libertação
do aqui e agora, introduz a criança no mundo das possibilidades. Agora, para imitar a
criança ensaia mentalmente em lugar de repetir diversas vezes um comportamento.
O conceito de permanência do objeto é completamente elaborado. Devido à
capacidade de representação mental a criança pode reconstruir uma série de
deslocamentos invisíveis do objeto. É uma fase que revela o início da descentração.
 Período operatório:
 Estágio pré-operatório: caracteriza-se pelo exercício das habilidades
representacionais, pelo egocentrismo e pela socialização progressiva do
comportamento. O egocentrismo corresponde à indiferenciada entre o próprio ponto
de vista e o dos outros, ou entre a própria atividade e as transformações que ocorrem
na realidade. É inconsciente, pois tomar consciência dele, o destrói.
A partir dos dois anos o desenvolvimento do vocabulário e, consequentemente,
da linguagem, facilita o desenvolvimento conceitual, da socialização da ação, da
internalização da palavra como pensamento propriamente dito. O pensamento passa
a construir-se pela internalização da ação, constituindo uma linguagem interna e um
sistema de signos. A ação deixa de ser puramente perceptiva e motora, tornando-se
uma representação intuitiva por meio de imagens e experimentos mentais. O
egocentrismo, ainda se expressa dos três aos sete anos.
 Estágio operatório concreto: esse estágio compreende o período dos sete a onze
anos. A criança desenvolve o uso do pensamento lógico. Já pode solucionar
problemas de conservação e a maioria dos problemas concretos, demonstrando
capacidade de seriação e de classificação. Pode pensar logicamente, mas não pode

32
aplicar a lógica a problemas hipotéticos, abstratos. No campo afetivo, a conservação
de sentimentos, a formação da vontade, e o início do pensamento autônomo levam a
criança a considerar os motivos dos outros nos seus julgamentos morais, o que
demonstra uma superação do egocentrismo.
 Período operatório-formal: Nesse estágio, as estruturas cognitivas (esquemas)
qualitativamente maduras, e o indivíduo torna-se estruturalmente apto a aplicar
operações lógicas a problemas hipotéticos. O adolescente torna-se capaz de
raciocinar sobre a lógica de um argumento independentemente de seu conteúdo.

3.3 A relação entre psicomotricidade e desenvolvimento infantil

O desenvolvimento é um processo ativo, dinâmico e interativo, que vai


acontecendo no desenrolar da vida. Como visto nos três conhecimentos básicos, a
criança, no processo de desenvolvimento, passa pelas três etapas que são, o
movimento, o intelecto e o afeto. A partir de cada um deles observa-se a importância
da psicomotricidade no desenvolvimento infantil (Idem).

3.3.1 Educação psicomotora

A educação física tem um papel fundamental no desenvolvimento psicomotor


da criança. É através dela que as crianças vão demonstrar suas habilidades e
dificuldades em relação ao movimento. A educação física é baseada nas
necessidades da criança. Tão importante quanto se alimentar, ela deve ser bem
condicionada a fim de desenvolver meios para que a criança se sinta estimulada e
consequentemente tenha um bom desenvolvimento.
Entende-se que o desenvolvimento da criança acontece através dos três
conhecimentos básicos, sendo o movimento o primeiro meio de comunicação da
criança. É a partir desses conhecimentos que a criança toma consciência de si
mesma, passando a conhecer seu corpo num todo, entendendo assim a importância
de se expressar e compreender o meio em que vive.
A educação física escolar tem como objetivo principal incentivar os movimentos
corporais buscando compreender todas as etapas da vida. A educação psicomotora
bem desenvolvida pode detectar problemas futuros e até mesmo resolvê-los, em

33
relação à concentração, coordenação, dificuldades de aprendizagem. As habilidades
da criança, bem desenvolvidas possibilitam que estas aprendam melhor ou que,
possam ser detectadas com antecedência problemas como citados acima,
colaborando assim para corrigi-los.
O esquema corporal da criança deixa de ser limitado tornando-a mais
perceptiva ao meio. Entende-se por esquema corporal o ritmo, o tempo e o espaço da
criança.
Tanto o afeto, quanto o intelecto é desenvolvido a partir do movimento –
atividade física – que possibilita esse desenvolvimento. É necessário que a criança
tenha uma boa coordenação motora para iniciar seu processo de escrita, assim como
para a leitura é necessário que consiga concentrar-se. Portanto a educação
psicomotora no ensino infantil exerce um papel fundamental em toda a vida do
indivíduo.
“É a educação um fato social tão antigo quanto o próprio homem, devendo ter
sido praticada desde que apareceu na terra a primeira família humana. Coincide,
assim, o início da história da educação com o da história da humanidade” (BELLO,
1978 p. 9).
Não é possível falar de educação sem relatar um pouco da história da mesma.
História essa que começou com o início da humanidade no planeta terra, e continua
até os dias atuais, num processo contínuo e complexo que tem suas raízes na família
e em sua cultura, refletindo-se na sociedade em que está inserido. A educação não é
apenas aquela formal que a escola oferece, mas toda e qualquer vivência que o ser
humano está em contato e que vivencia. A educação primitiva não seguia regras
formais, mas tudo dependia da maneira como os povos viviam e, como sua cultura
era inserida na sociedade.
Era assim a educação informal dos povos primitivos, que deram origem à nossa
educação dos dias de hoje, não era como a atual que segue regras, tudo acontecia
de forma natural e espontânea mesmo que algumas pessoas copiassem umas das
outras, sem perceber. Essa educação imitativa foi explicada por John Devey: “Como
esclarece John Dewey, nessas sociedades primitivas são todas as instituições que
exercem a influência educativa sem que nenhuma delas tenha propriamente, essa
função” (apud BELLO, 1978, p. 13).

34
No início dos tempos a escola não era institucionalizada, não havendo uma
pessoa qualificada especificamente para a educação do povo, esse processo
acontecia de forma que toda a comunidade exercia poderes e auxiliava de maneira
direta ou indireta na educação. Todas as instituições participavam igualmente.
A educação, portanto, não existia de forma sistematizada, ela consistia quase
que exclusivamente na imitação das atividades que os adultos realizavam e as
crianças os imitavam. Com o passar dos anos foram surgindo pessoas preocupadas
em descobrir e conhecer sempre mais sobre o processo educacional, conhecer mais
sobre o mundo e suas transformações, surgindo aí estudiosos que até hoje buscam
respostas para o desenvolvimento humano e social. A educação foi muitas vezes
identificada com o conceito mais restrito de instrução.
Hoje, temos a noção de que todas as influências, todos os estímulos que
provocam uma série de reações da parte do indivíduo, têm alguma influência no seu
caráter e fazem parte, portanto, da sua educação.
“Ninguém nasce feito. Vamos nos fazendo aos poucos na prática social em que
tomamos parte” (FREIRE, 2001, p.88.).
Num sentido amplo, podemos dizer que a educação é um longo processo de
desenvolvimento, inicia desde o nascimento do indivíduo, assim sendo moldado na
família, na sociedade e principalmente na escola. A formação do ser vai depender
muito das pessoas que irão fazer parte de sua convivência no processo educacional.

Há várias formas de se conceber o fenômeno educativo. Por sua própria


natureza, não é uma realidade acabada que se dá a conhecer de forma única
e precisa em seus múltiplos aspectos. É um fenômeno humano, histórico e
multidimensional. Nele estão presentes tanto a dimensão humana quanto a
técnica, a cognitiva, a emocional, a sócio-política e cultural. Não se trata de
mera justaposição das referidas dimensões, mas, sim, da aceitação de suas
múltiplas implicações e relações (MIZUKAMI, 1986. p. 1).

Sendo assim, a educação não começou e nem vai terminar hoje, ela é um
processo que sempre busca inovações, correções e aplicações em diversos níveis de
conhecimento. O ser humano faz parte da natureza, da sociedade e do universo como
um todo, estando sempre em contato com o novo, aprendendo com tudo que está à
sua volta, tanto ensinando como revisando. Pois aprender é isso: um processo de
aceitação, assimilação, revisão multidimensional de tudo e de todo o conhecimento,
sendo ele empírico ou científico.

35
O indivíduo, nesse processo, é caracterizado pelas suas dimensões humanas,
emocionais, cognitivas, sua vivência sócio histórica e cultural a qual produz e renova
seus saberes. Sendo assim, o ser humano está sempre em contato com o novo,
adquirindo e formando sempre novos conhecimentos, que serão parte fundamental
de sua formação.
Conforme Mizukami (1986, p.2): “O conhecimento é uma ‘descoberta’ e é novo
para o indivíduo que a faz. O que foi descoberto já se encontrava presente na
realidade exterior. Não há construção de novas realidades”.
O ser humano é dotado de uma capacidade que muitas vezes nem ele se dá
conta, pois a todo o momento está adquirindo conhecimentos novos e transformando
os já existentes. Sendo assim, cada indivíduo interpreta o mundo à uma maneira e
através dos diferentes olhares, uma forma a sua concepção.
Cada ser é único e tem uma maneira de ver o mundo, com o seu jeito de
aprender o novo. Um homem pode entrar em contato, por exemplo, com um livro muito
antigo, que muitas pessoas já o leram e sugaram segundo eles toda a sua essência.
Porém esse homem, ao lê-lo, conseguiu retirar algo dele que jamais alguém havia
percebido, isso não quer dizer que o conhecimento do livro mudou, mas, a forma como
as pessoas interpretam é que é diferente.
Nessa realidade de existência e transformação do conhecido para algo novo, o
processo de conhecimento passa por transformações onde muitas vezes o ser
humano não consegue aprender sozinho, ele necessita de seres que o ajudem. Sendo
assim, todo ser ao iniciar seu contato com a sociedade precisa de pessoas
conscientes que lhe mostrem o caminho a seguir, e lhe guie neste processo. Sendo
assim, o professor tem que estar preparado no momento em que a criança chega à
escola.
“Dizemos que a criança está pronta para aprender, quando ela apresenta um
conjunto de condições, capacidades, habilidades e aptidões consideradas como pré-
requisitos para o início de qualquer aprendizagem” (DROUET, 2001 p. 27).
Dessa forma, constatamos que a criança é um ser que vive em constante
transformação, e não podemos dizer que está pronta e acabada. Portanto, ela se
desenvolve pelas vivências e momentos, desenvolvimento esse que envolve seu lado
psicomotor, o que é muito importante para sua formação.

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Quando a criança apresenta dificuldades de aprendizagem, na maioria das
vezes, uma simples atividade que envolva seu corpo pode solucionar tal problema.
Cabe ao educador ter o conhecimento e ajudar seu aluno, já que toda criança tem
capacidades, habilidades e aptidões. Basta só ser observada com carinho, pois o seu
futuro depende muito da sua formação inicial que acontece na família e principalmente
na escola.
O educador, através do seu conhecimento que adquiriu no decorrer do tempo,
deve buscar maneiras diferentes para conduzir todo o processo de educação, tendo
em mente que todo e qualquer indivíduo pode apresentar mudanças através do meio
que vive. Educar significa que o próprio educador deve criar sua identidade, ser crítico
e consciente, capaz de mudar os caminhos da educação.
Sendo a escola o local onde a criança irá receber estímulos para continuar
desenvolvendo suas capacidades psicomotoras é de suma importância que o
educador busque inovar e aperfeiçoar a cada momento sua maneira de trabalhar tanto
o lado motor como o afetivo da criança que e parte fundamenta do processo.
Quando uma criança apresentar problemas de aprendizagem, é muito
importante que o educador busque constatar, e consequentemente tente saná-lo. Se
o problema for mais grave, deverá buscar ajuda de outros especialistas.
É muito importante que, mesmo que sejam pequenas essas dificuldades, o
professor não deixe passar por despercebido, pois uma simples troca do tipo ‘ P por
B’, pode parecer simples mais não o é. Essa simplicidade de erros pode causar com
o passar do tempo uma enorme dificuldade de aprendizagem.
Conforme afirma Seber (1997, p. 65): “É preciso entender que, o domínio de
uma atividade não é conquistado imediato. Só o funcionamento de uma ação pode
conduzir a um aprimoramento dos movimentos”.
Conhecer o próprio corpo significa ter uma compreensão global do seu
desenvolvimento. Isso implica conhecer e entender o seu desenvolvimento motor, sua
lateralidade, saber orientar-se no espaço, ter uma memória sinestésica desenvolvida,
fazendo com que haja uma interação entre corpo e aprendizagem. Mas, é preciso
entender que qualquer atividade que a criança fará de imediato ela não terá domínio
do seu corpo. Somente a continuidade de atividades fará com que haja o
aprimoramento dos seus movimentos.

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“O ser humano, comparado com outras espécies animais, possui um
desenvolvimento motor bastante lento e isso acontece porque o cérebro da criança
está sendo programado para atividades mais complexas que envolve a linguagem, o
raciocínio lógico, poder de espacialização e amadurecimento das emoções”
(ANTUNES, 2001, p. 153).
O desenvolvimento motor relacionado à criança está incluído num processo
lento de aquisições de conhecimentos. Isso porque, comparado com o de outros
animais, o cérebro humano é programado para atividades complexas como a
linguagem, raciocínio lógico, localização espacial, e amadurecimento das emoções,
enquanto o animal apenas preocupa-se com o seu desenvolvimento motor, (pois é um
animal irracional).
O homem tem que estar se desenvolvendo num todo. Por isso, faz-se
necessário trabalhar em cima de estímulos com a criança desde pequena,
desenvolvendo um conjunto de habilidades que engloba o domínio do esquema
corporal, só assim ela chegará à fase adulta sem problemas de aprendizagem, fazer
com que ela viva o real e o imaginário formando sistemas de interpretação do mundo,
da cultura em que faz parte e do meio em que vive, construindo e ampliando sua
história.
É na escola, através da mediação do professor com o aluno, que o processo
de desenvolvimento ocorre por completo. O ser humano por si só, não consegue
desenvolver-se sozinho, ele necessita de estímulos e de um mediador para que esse
processo se realize.
O educador, enquanto professor atuante terá um papel fundamental fazendo a
relação entre o amadurecimento do seu organismo, com estímulos trabalhados para
desenvolver melhor a motricidade do aluno. Para que essa mediação aconteça faz-se
necessário que ele esteja preparado e conheça sobre o assunto, devendo estar
sempre em busca constante do conhecimento, para poder ajudar seu aluno.
Despertando através de atividades a motivação, unindo corpo e mente e
através da expressão tornar o educando um ser criativo, desenvolvido, apto a realizar
atividades mais complexas.
Portanto, cabe a nós educadores, buscar a interação do movimento na escola
com objetivos e metas bem traçadas. Sendo eles peçam fundamental no aprendizado
do aluno é de suma importância que se trabalhe na educação infantil e nas séries

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iniciais, de forma interessante e prazerosa. Que as atividades aplicadas para
desenvolver corpo – movimento sejam estimuladoras e contribuam para desenvolver
o aluno no todo, não esquecendo que o motor não pode ficar isolado.
É através do desenvolvimento motor e das habilidades básicas que a criança
consegue ter uma aprendizagem globalizada e estará preparada para viver na
sociedade a qual está inserida. De maneira alguma podemos separar movimento e
atenção pois é um processo interligado, somente trabalhando juntos é que o educando
terá um desenvolvimento completo de seu corpo e mente.
A aprendizagem da criança está interligada ao seu desenvolvimento
psicomotor, portanto, enfatizamos a importância da formação do educador,
interligando-se numa proposta pedagógica que proporcione à criança a visualização
de todo processo, aprendendo a conhecer, a conviver, a fazer e ser, transformando-
se em um indivíduo atuante e integrado em seu meio social.
O educador deve ser criativo em todos os aspectos, analisando: espaço,
materiais e atividades que condigam com a idade da criança, usando técnicas bem
criativas que venham somar no desenvolvimento e aprendizado do educando, fazendo
com que o mesmo aprenda a se comunicar com o mundo pela linguagem corporal e
que sinta prazer em aprender através das atividades motoras propostas.
“É de suma importância o papel dos educadores – pais e professores nos
processos fundamentais do desenvolvimento humano” (JOSÉ, 2000. p. 09).
A partir do momento em que todos os agentes envolvidos no processo do
desenvolvimento da aprendizagem da criança sejam os pais e professores
principalmente, faz-se necessário que eles estejam completamente engajados na
compreensão dos princípios do processo de aprendizagem, o educando poderá
desenvolver-se naturalmente sem maiores problemas de traumas e tabus.
Por isso é desejável que futuros profissionais da educação obtenham alto grau
de conhecimento e preparo para o desempenho de suas atribuições; buscando juntas,
escola e família fazer um trabalho em prol da criança e seu desenvolvimento, não
esquecendo que ela não é um adulto em miniatura e sim um ser em constante
transformação e necessita de todas as atenções, para vir a ser um adulto apto a viver
no meio social.

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Conforme afirmação de José (2000, p. 09): “Quando se fala em crescimento,
todo mundo se lembra facilmente de aumento de estatura, de peso, e outras
mudanças tanto estruturais como orgânicas que ocorrem na constituição física”.
Muito mais amplo e complexo que as mudanças estruturais, são as mudanças
que ocorrem no organismo e na personalidade do ser humano, de tal maneira que o
desenvolvimento da criança se dá de forma amplamente integrada. Nessa integração
estão contidas: a hereditariedade, ambiente, maturação e aprendizagem.
O entendimento do educador é imprescindível para que o desempenho do
educando, possa ser conduzido de maneira correta e objetiva, com total sucesso dos
objetivos pedagógicos.
Muitas vezes nos preocupamos com o desenvolvimento mental e intelectual,
nos esquecendo de toda mudança estrutural, inclusive de ordem orgânica que envolve
o desenvolvimento integrado da criança. Portanto, precisamos estar atentos, pois a
criança possui um esquema corporal, movimentos e todo o lado psicológico, e esses
aspectos são de suma importância para o desempenho de uma aprendizagem
completa.

3.3.2 Desenvolvimento psicomotor

De acordo com Barreto (2000, p. 54), “O desenvolvimento psicomotor é de


suma importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação dos
tônus, da postura, da direcional idade, da lateralidade e do ritmo”.
A organização de todas as áreas de pende do desenvolvimento motor sendo
este responsável pelas habilidades e/ou dificuldades motoras que o indivíduo
apresentará. É também responsável pela progressão do intelecto.
Os estímulos dados à criança na fase da educação infantil possibilitam maior
integração da mesma ao meio, favorecendo a adaptação. É importante que a criança
tenha contato com atividades dinâmicas, como jogos, brincadeiras, que contribua para
seu desenvolvimento psicomotor.
Para o corpo desenvolver suas funcionalidades é necessário um bom
desenvolvimento psicomotor. Segundo Fonseca (1995), sete fatores são os que
norteiam o desenvolvimento psicomotor:

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 Tonicidade: É a que indica os tônus muscular, exerce um papel de suma importância
no desenvolvimento motor da criança. Ela garante, além das atitudes, todos os
sentidos de postura, mímicas e emoções de onde vêm as atividades motoras.
 Equilíbrio: O equilíbrio é o conjunto estático das aptidões. Abrange o controle postural
e de locomoção. Esse equilíbrio estático caracteriza-se pelo tipo de equilíbrio
conseguido em certa posição. Já o equilíbrio dinâmico é aquele que se consegue por
um corpo em movimento.
 Lateralidade: A lateralidade do corpo se refere a dominância lateral da mão, olho e pé,
capacitando o indivíduo a desenvolver as aptidões adquiridas.
A lateralidade manual surge geralmente no fim dos doze meses de vida e no
início do segundo ano, mas vai firmar seu estabelecimento físico por volta dos quatro
ou cinco anos de idade.
 Noção corporal: Trata-se da noção da personalidade da criança, ou de sua formação.
É o momento em que o indivíduo toma consciência do seu corpo, separando-o por
partes e cuidando mais do aspecto estático. Nesse momento também a criança
percebe que por intermédio do corpo há algumas possibilidades de se expressar.
 Estruturação espaço-temporal: Em função da lateralidade e da noção corporal forma-
se a estruturação do espaço temporal. A partir da motricidade e das múltiplas relações
com o meio e com os fatores citados que se desenvolve a consciência espacial. A
criança passa a conhecer seu próprio corpo tomando consciência de lugar e espaço.
 praxia global: É a capacidade de realizar movimentos voluntários pré-estabelecidos
com a intencionalidade de alcançar um objetivo.
 praxia fina: É a relativa compreensão de todas as tarefas motoras finas. Tem relação
com os movimentos de olhos e mãos.

3.3.3 A influência da psicomotricidade na aprendizagem

O desempenho motor da criança está intrinsecamente ligado à aprendizagem.


As habilidades motoras de recorte, colagem, escrita e o desenvolvimento do intelecto
requerem conhecimento do próprio corpo. Se os estímulos forem realizados de forma
a abranger todas as áreas do corpo, certamente o desenvolvimento psicomotor se
dará plenamente, contribuindo assim para uma melhor aprendizagem.

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O desenvolvimento psicomotor bem estimulado para contribuir para evitar
problemas de aprendizagem. Estes podem ter várias causas como: causas
neurologias, sensoriais, emocionais, sociais, intelectuais ou problemas físicos. É
importante conhecer a causa para auxiliar a criança.
A educação psicomotora pode favorecer o desenvolvimento das capacidades
existentes e a motivação é um fator fundamental para a aprendizagem.
“Se eu tivesse que reduzir toda a psicologia educacional a um único princípio,
diria isto: O fator isolado mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que
o aprendiz já conhece. Descubra o que ele sabe e baseie nisso seus ensinamentos”
(AUSUBEL, NOVAK, HANESIAN, 1980)
Ausubel nos remete a aprendizagem significativa, para que ela ocorra é
necessário que a criança tenha uma atitude positiva para aprender de modo
significativo, ou seja, tenha predisposição para aprender. É importante que a criança
relacione material novo aos materiais disponíveis em sua estrutura cognitiva.
Ao teorizar a aprendizagem significativa observa-se a importância da motivação
para aprender. A motivação é um fator subjetivo, mas pode ser potencializada através
de estímulos.
A aprendizagem é o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo já
maduro. Por isso, é importante que a aprendizagem possa ser significativa, está por
sua vez, nos remete a psicomotricidade, que se bem desenvolvida na criança pode
gerar níveis de aprendizagem bem melhores, ou se não bem estimuladas, causar
consequências.
Para que a aprendizagem provoque uma efetiva mudança de comportamento
e amplie cada vez mais o potencial da criança, é necessário que ela estabeleça
relação direta com o meio e com aquilo que está aprendendo. Para isso, é importante
a estimulação.
É de suma importância, que o professor conheça as crianças e o processo de
aprendizagem e possa se interessar por elas como seres humanos, que sentem
emoções, que estão se transformando e mais que isso, que são únicos no seu
desenvolvimento.
A identificação dos problemas de psicomotricidade apresentadas em cada
criança é única, e é por isso, a importância de conhecê-la num todo, identificar suas
dificuldades para poder ajudá-la. Para saber se uma criança tem problemas de

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psicomotricidade é necessário fazer uma avaliação psicomotora, através de exercícios
específicos, que verifiquem aspectos como:
 Qualidade tônica (rigidez ou relaxamento muscular);
 Qualidade gestual (dissociação manual e dos membros superiores e inferiores;
 Agilidade;
 Equilíbrio;
 Coordenação;
 Lateralidade;
 Organização temporo espacial;
 Grafo motricidade.
Essa avaliação pode revelar na criança, respeitadas as características próprias
do seu desenvolvimento, se existem atrasos no desenvolvimento motor e
perturbações de equilíbrio, coordenação, lateralidade, sensibilidade, esquema
corpora, estrutura e orientação espacial, grafismo, afetividade, etc.
Tais problemas podem fazer-se notar tanto na Pré-escola como nas séries
iniciais, com maior ou menor intensidade e decorrendo das mais variadas causas
como:
 Debilidade intelectual;
 Problemática emocional;
 Retardos de maturação;
 Desarmonias tônico-motoras.
Os tipos de distúrbios psicomotores, quando se usa o termo distúrbio liga-se
diretamente a problemas que envolve o indivíduo em sua totalidade. Distúrbios
afetivos e psicomotores estão ligados, se influenciam e se reforçam mutuamente.
Sendo assim, a psicomotricidade leva sempre em conta o indivíduo como um todo,
pesquisando se o problema está no corpo, na área da inteligência ou na afetividade.
Traçar um diagnóstico não é tarefa fácil, devido à complexidade do ser humano.
Com relação ao tratamento, ele varia de criança para criança, dependendo da
patologia que elas apresentam.
Segundo Haim Grünspun, os distúrbios apresentam os seguintes quadros:
instabilidade psicomotora, debilidade psicomotora, inibição psicomotora, lateralidade
cruzada, imperícia.

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 Instabilidade psicomotora é o tipo mais complexo e que causa uma série de
transtornos pelas reações que o portador apresenta. Nesse quadro predomina uma
atividade muscular contínua e incessante;
 Debilidade psicomotora caracteriza-se pela presença da paratonia ou da
sincinesia. Paratonia é a persistência de uma certa rigidez muscular, que pode
aparecer nas quatro extremidades do corpo ou somente em duas. A sincinesia é a
participação de músculos em movimentos aos quais eles não são necessários;
 Inibição psicomotora é quando as características da debilidade psicomotora
estão presentes com uma distinção fundamental: na inibição psicomotora existe a
presença constante da ansiedade;
 Lateralidade cruzada é a falta das dominâncias do mesmo lado do corpo. A
maioria dos autores acredita que existe no cérebro um hemisfério dominante
responsável pela lateralidade do indivíduo. Desta maneira, de acordo com a ordem
enviada do hemisfério dominante, teríamos o destro e o canhoto. No entanto, além da
dominância da mão, existe também a do pé, do olho e do ouvido. Quando estas
dominâncias não se apresentam do mesmo lado, dizemos que o indivíduo
tem lateralidade cruzada;
 Imperícia é em geral, a dificuldade de realizar certas tarefas que requerem uma
apurada habilidade manual.

As atividades motoras desempenham na vida da criança um papel


importantíssimo, em muitas das suas primeiras iniciativas intelectuais.
Enquanto explora o mundo que a rodeia com todos os órgãos do sentido, ela
percebe também os meios com os quais fará grande parte dos seus contatos
sociais” (JOSÉ e COELHO, 2000, p. 109).

Durante a infância, até aproximadamente 3 anos, a criança não tem bem


definida suas funções motoras, explora o mundo e os objetos com os seus órgãos dos
sentidos, cada vez com mais curiosidade, criando mediações entre ela e o meio em
que vive.
Só mais tarde é que ela começa a entender a relação entre o concreto e o
abstrato, separando movimentos e pensamentos.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

A pesquisa elaborada tem como tema principal a importância da


psicomotricidade no desenvolvimento infantil e busca conhecer e compreender a
importância da mesma.

4.1 Considerações finais

Em resposta ao problema de pesquisa elaborado neste tema, considera-se que


a psicomotricidade é uma ferramenta de grande importância para o desenvolvimento
infantil, entendendo que esta ciência compreende o movimento humano, o
relacionamento através da ação. Também como tomada de consciência que se dá
através da união do ser corporal, mental, espiritual e social em relação ao meio em
que vive.
Entende-se que o desenvolvimento infantil, independente da teoria relacionada
a ele, tem como pontos principais o movimento, o afeto e o intelecto, o que remete
diretamente a psicomotricidade. As etapas do desenvolvimento infantil se dão pelo
contato com o meio relacionando o corpo com o ambiente. Para o corpo desenvolver
suas funcionalidades é necessário um bom desenvolvimento psicomotor.
É importante pontuar que, a psicomotricidade no desenvolvimento infantil
contribui para melhor coordenação motora, tarefas de praxia global e praxia fina,
também como para a aprendizagem ajudando nas atividades de leitura, escrita,
concentração, raciocínio lógico.
A relação que a criança tem como meio em que vive se bem estimulado passa
a ser mais intensa, possibilitando a criança de conhecer-se melhor e compreender o
mundo que a rodeia.
Considera-se com essas colocações, que o objetivo geral dessa pesquisa foi
alcançado, visto que foi possível conhecer a importância da psicomotricidade no
desenvolvimento infantil.
Através de atividades psicomotoras, o educando terá melhor desenvolvimento,
que virá somar em sua aprendizagem, conforme estão descritas no trabalho e em
anexo, várias atividades que podem ser trabalhadas; sendo o ser humano um ser
único e individual, parte principal do processo, deve ser trabalhada com várias

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atividades psicomotoras que venham auxiliá-lo em seu desenvolvimento; a escola tem
papel fundamental no desenvolvimento da criança, todos os agentes são
responsáveis para a boa formação do indivíduo, nela deve ter um espaço adequado
para a realização de atividades, bem como materiais necessários para cada atividade.
Em partes, conclui-se que, quanto ao objetivo de caracterizar o que é
psicomotricidade, a pesquisa foi realiza com sucesso. As etapas do desenvolvimento
infantis teorizadas por Piaget contribuíram para o conhecimento do desenvolvimento
e facilitando assim fazer a relação entre psicomotricidade e desenvolvimento infantil,
entendendo a importância da mesma para o homem.
Considera-se que o educador tem que criar condições para que as crianças
desenvolvam suas capacidades num todo, sendo a criança um ser único e individual,
vindo de diferentes culturas e meios sociais adversos, apresentando inúmeras
carências.
Levando em consideração que Educação e aprendizagem caminham juntas, e
o aluno não é só conceitos, pois ele possui um corpo e este movimento, que precisam
ser trabalhados, pois se passarem despercebidos durante sua infância, e na fase
escolar, poderá acarretar sérios problemas em sua vida adulta
Por fim, a pesquisa foi importante, pois contribuiu para um aprofundamento
sobre o tema.

4.2 Sugestões

Como sugestão para esta pesquisa, fica a proposta que a psicomotricidade seja
mais investigada e levada a sério no trato educacional, considerando sua importância
e necessidade neste processo.
É interessante sugerir grupos de estudo sobre o assunto, para todos os
docentes possam se valer do conhecimento sobre a psicomotricidade. Ou, ainda, que
esta profissional possa socializar estes resultados de pesquisa, através de momentos
dialógicos.

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5. REFERÊNCIAS

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