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RECURSOS ESPECÍFICOS DO PROCESSO DO TRABALHO

RECURSO ORDINÁRIO (RO)

1) HIPÓTESES DE CABIMENTO – ART 859 CLT

São duas as hipóteses de cabimento do recurso ordinário, e encontram-se


previstas nos incisos I e II do art. 859 da CLT.
Art. 895. Cabe recurso ordinário para a instância superior:
I – Das decisões definitivas ou terminativas das Varas e
Juízos.
OBS.: A Sentença Terminativa é aquela que extingue o processo sem
resolução do mérito, já a Sentença definitiva analisa o mérito.
II – Das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais
Regionais, em processo de sua competência originária,
no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais,
quer nos dissídios coletivos.
A PRIMEIRA HIPÓTESE de recurso ordinário é em face da sentença,
seja ela definitiva ou terminativa do feito, isto é, tenha julgado o mérito
ou extinto o processo sem resolução do mérito.

Já a SEGUNDA HIPÓTESE de recurso ordinário é contra as decisões


definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais do Trabalho em
ações de sua competência originária, ou seja, ações que, por
determinação legal, devem ser ajuizadas no TRT. Nesses casos,
portanto, o TRT funcionará como a primeira instância. Podemos citar,
como exemplos, a Dissidio Coletivo, Ação Rescisória e o Mandado de
Segurança.

EXEMPLO: O Dissidio Coletivo é uma Ação de Competência Originária do


TRT. Da Decisão do TRT em Dissidio Coletivo CEBERÁ RECURSO
ORDINÁRIO PARA O TST

AÇÃO RESCISÓRIA
I) OBJETIVO – desconstituir decisões dos Juízes ou dos Tribunais
II) CABIMENTO: ART. 966 CPC/2015
 Caso a decisão a ser desconstituída seja uma sentença proferida
pelo juiz do trabalho, a ação rescisória deverá ser dirigida ao Tribunal
Regional do Trabalho.
 No entanto, se a decisão a ser rescindida for proferida pelo TRT, a
competência será do próprio Tribunal de onde se originou o acórdão.
Por fim, se o acórdão a ser desconstituído foi proferido pelo TST, a
competência para processar e julgar a ação rescisória é do próprio
Tribunal Superior do Trabalho.
 EM OUTRAS PALAVRAS – QUANDO O9 OBJETIVO É
DESCONSTITUIR A DECISÃO DE UM TRIBUNAL - CADA
TRIBUNAL tem competência para desconstituir as SUAS
PRÓPRIAS DECISÕES

 RECURSO ORDINÁRIO EM SEDE DE AÇÃO RESCISÓRIA - Das


decisões dos TRTs em Ação Rescisória, cabe Recurso Ordinário para o
TST. Nesse sentido, acompanhe a Súmula n. 158 do TST:
SÚMULA N. 158 DO TST - Da decisão de Tribunal Regional do Trabalho, em
ação rescisória, é cabível recurso ordinário para o Tribunal Superior do
Trabalho, em face da organização judiciária trabalhista (ex-Prejulgado nº 35)

 ATENÇÃO PARA AS TRÊS SITUAÇÕES CITADAS ABAIXO:

I. Suponha a necessidade de elaborar uma ação rescisória para


desconstituir uma sentença, se deparando com órgãos Juízo do
Trabalho, TRT e TST. Logo, de acordo com a sistematização, a ação
será proposta diretamente no TRT, sendo ele, nesse caso, órgão de
primeira instância. Assim, por ser uma ação de competência originário
do TRT, cabe recurso ordinário para o Tribunal Superior do Trabalho
(Súmula n. 158).

II. Agora, suponha a desconstituição de um acórdão do TRT. A ação


rescisória será proposta perante o TRT, sendo ele, nesse caso, órgão de
primeira instância. Dessa forma, por ser uma ação de competência
originária do TRT, também cabe recurso ordinário para o Tribunal
Superior do Trabalho.

III. Numa decisão do TST, por sua vez, a ação rescisória será proposta
diretamente no TST. De acordo com as possibilidades de RO, não cabe
o Recurso Ordinário em decisão do TST, e nem RR ou embargos. O
agravo de instrumento é aplicado somente para destrancar recurso.

ENTÃO DESSA DECISÃO CABE QUE TIPO DE RECURSO? É


uma Ação de ÚNICA INSTÂNCIA, assim, de toda decisão em
Ação de Única Instância, CASO HAJA VIOLAÇÃO A CF/88,
caberá Recurso Extraordinário para o STF!

MANDADO DE SEGURANÇA

I) OBJETIVO – defender direito líquido e certo


II) CABIMENTO: Art. 5º, LXIX CF/88 - conceder-se-á mandado de segurança
para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou
"habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Poder Público.
III) COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO DO MS:
A depender de quem seja a Autoridade Coatora, a Lei estabelece o juízo
competente para processar e julgar o mandado de segurança, conforme
exposto no quadro a seguir:
Em face das Decisões dos TRTs em Mandados de Segurança,
cabe recurso ordinário para o TST. Nesse sentido, atente-se para
a Súmula n. 201 do TST:
SÚMULA N. 201 DO TST - Da decisão de Tribunal Regional do Trabalho, em
mandado de segurança, cabe recurso ordinário, no prazo de 8 (oito) dias, para
o Tribunal Superior do Trabalho, e igual dilação para o recorrido e interessados
apresentarem razões de contrariedade.
EXEMPLO: Suponha que o Juízo do Trabalho tenha
condicionado a Perícia somente com o Depósito Prévio dos
honorários do perito. Esse ato é ilegal, previsto na CLT (ART.
790-B, §3º CLT), ferindo o direito líquido e certo da parte. Cabe,
portanto, mandado de segurança visando suspender o ato do juiz,
impetrado perante o TRT. Logo, é cabível o recurso ordinário para
o TST.
Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da
parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, ainda que beneficiária da
justiça gratuita.
§ 3o O juízo não poderá exigir adiantamento de valores para realização de
perícias. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

ESTRUTURA DO RECURSO ORDINÁRIO

O Recurso Ordinário é composto por DUAS PARTES:


a FOLHA DE ROSTO, dirigida ao Juízo que Proferiu a Decisão,
chamado de “JUÍZO A QUO” (AO DOUTO JUÍZO DA VARA DO
TRABALHO DE _____),;
O juízo que proferiu a decisão irá VERIFICAR A PRESENÇA DOS
PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE do recurso, por exemplo, se ele não
é tempestivo. Quando todos os pressupostos estão presentes, O RECURSO É
RECEBIDO e A CONTRAPARTE PODE ENTRAR COM SUAS
CONTRARRAZÕES ao Recurso Ordinário, no prazo de oito dias (art. 900
CLT). Após, o juízo irá remeter tudo ao TRT!
Art. 900 CLT - Interposto o recurso, será notificado o recorrido para oferecer as
suas razões, em prazo igual ao que tiver tido o recorrente.
e a FOLHA DE RAZOES, endereçada ao Tribunal competente
para Julgar o Recurso, chamado de “JUÍZO AD QUEM” (PARA
O EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ____
REGIÃO).
Aqui MAIS UMA VEZ SERÁ ANALISADO SE TODOS OS PRESSUPOSTOS
DE ADMISSIBILIDADE do recurso estão presentes, só então CONHECENDO
O RECURSO, para encaminhar o recurso para a turma, o colegiado, julgar o
recurso.

 EM SÍNTESE, COMO SE DÁ O PROCESSAMENTO INICIAL DO


RECURSO ORDINÁRIO:

 Da sentença proferida pelo juízo do trabalho cabe: recurso


ordinário;
 O recurso ordinário é dirigido a quem: juízo que proferiu a
decisão;
 O juízo que proferiu a decisão quer verificar: pressupostos de
admissibilidade;
 Verificando que todos os pressupostos estão presentes: recebe o
recurso e a outra parte pode apresentar contrarrazões ao recurso
ordinário no prazo de oito dias;
 Se encaminha tudo para o EGRÉGIO TRT;
 O TRT quer verificar: pressupostos de admissibilidade;
 Feito isso: conhecer o recurso;
 Após, irá encaminhar para a turma: julgamento do recurso.

FOLHA DE ROSTO DO RECURSO ORDINÁRIO (JUÍZO A QUO)

A folha de rosto é dirigida AO JUÍZO “A QUO”, isto é, aquele que proferiu a


decisão.
Este juízo verifica se estão presentes os PRESSUPOSTOS DE
ADMISSIBILIDADE INTRÍNSECOS E EXTRÍNSECOS:

a) Pressupostos Intrínsecos (relacionados a parte):


 Legitimidade da Parte;
 Capacidade da Parte;
 Interesse Processual da Parte.

b) Pressupostos Extrínsecos (relacionado ao processo):


 Tempestividade;
 Depósito;
 Custas;
 Regularidade de representação, entre outros.

Preenchidos os pressupostos, o Juízo “A Quo” recebe o recurso e abre vista à


outra parte para apresentar as contrarrazões no prazo de 8 (oito) dias, segundo
institui o art. 900 da CLT. Em seguida, remete os autos para o Tribunal Ad
Quem, que analisará o mérito e julgará o recurso.

LOGO, NA FOLHA DE ROSTO:


a) destacaremos a presença dos pressupostos de admissibilidade intrínsecos e
extrínsecos, detalhando o depósito recursal e as custas processuais se for o
caso;
b) pediremos a intimação do recorrido para apresentar contrarrazões;
c) por fim, postularemos a remessa dos autos ao juízo ad quem.

EXEMPLO DE ESTRUTURA DA FOLHA DE ROSTO DO RECURSO


ORDINÁRIO

AO DOUTO JUÍZO DA ____ VARA DO TRABALHO DE ____.


Obs.: Pode adicionar o processo n.
NOME DO RECORRENTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em que
contente com NOME DO RECORRIDO, também qualificado, vem,
respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu
advogado adiante assinado, com fulcro no art. 895, I, da CLT, INTERPOR:
Obs.:. • Propor: reclamação; • Oferecer: contestação; • Interpor: recurso.

RECURSO ORDINÁRIO

para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da ____ Região.


Obs.: “para” quem irá ser interposto o recurso.
Encontram-se presentes todos os pressupostos de admissibilidade do
recurso, dentre os quais se destacam:
a) o depósito recursal: recolhido, no valor de R$ ____, conforme guia anexa;
b) as custas processuais: recolhidas no valor de R$ ____, correspondentes a
2% do valor da condenação, consoante guia anexa.
Diante do exposto, requer o recebimento do presente recurso, a intimação
da outra parte para apresentar contrarrazões ao recurso ordinário no prazo
de 8 dias, conforme estabelece o art. 900 da CLT, e a posterior remessa ao
Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da ____ Região.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local e data.
Advogado OAB n.

DEPÓSITO RECURSAL – ART 899 CLT

O depósito recursal tem natureza de garantia do juízo, logo é realizado


apenas pelo reclamado, empregador ou tomador dos serviços. O
RECLAMANTE JAMAIS FARÁ DEPÓSITO RECURSAL, QUEM FAZ
DEPÓSITO RECURSAL É O RECLAMADO.
SENTENÇA DE TOTAL IMPROCEDÊNCIA PARA O
RECLAMANTE - Se a sentença foi proferida, sendo de total
improcedência, o reclamante não irá levar nada. Não há sentido a
única pessoa interessada em recorrer depositar dinheiro para,
caso seja vencedor, levantar o valor que ele mesmo depositou;

SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARA O RECLAMANTE - Se a


sentença proferida é de procedência, há sentido o reclamado
depositar dinheiro para garantir o juízo, para caso o reclamante
seja vencedor levantar o dinheiro depositado pelo reclamado.

 RECURSOS EM QUE SE EXIGE A REALIZAÇÃO DO DEPÓSITO


RECURSAL - O depósito é exigido para a interposição dos seguintes
recursos:
 Recurso ordinário;
 Recurso de revista;
 Embargos ao TST;
 Recurso extraordinário;
 Recurso ordinário em ação rescisória;
 Agravo de instrumento.

 VALOR DO DEPÓSITO RECURSAL - Com exceção do agravo de


instrumento, o depósito deve ser realizado no valor da condenação
ainda não depositado até o limite do teto estabelecido pelo TST.
 Não havendo condenação em pecúnia, também não haverá
depósito recursal (Súmula n. 161 do TST).
Súmula nº 161 do TST - DEPÓSITO. CONDENAÇÃO A PAGAMENTO EM
PECÚNIA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 - Se não há
condenação a pagamento em pecúnia, descabe o depósito de que tratam os §§
1º e 2º do art. 899 da CLT (ex-Prejulgado nº 39).

O Tribunal Superior do Trabalho atualiza os valores do teto no dia 1 de agosto


de todos os anos. A partir de 1 de agosto de 2020, o teto para o RECURSO
ORDINÁRIO será de R$ 10.059,15 e para o RECURSO DE REVISTA,
embargos ao TST, recurso extraordinário e recurso ordinário em ação
rescisória, é o dobro, isto é, R$ 20.118,30.
Para o AGRAVO DE INSTRUMENTO, o limite máximo do depósito é diferente
dos recursos acima referidos. O reclamado deverá depositar o valor da
condenação ainda não depositado até o limite de 50% do valor do depósito do
recurso que quer destrancar (art. 899, § 7º, da CLT).

EXEMPLO: De uma sentença no processo do trabalho, ocorre interposição de


recurso ordinário pelo reclamado. O valor provisório atribuído a condenação é
R$ 30.000,00. Dessa forma, o valor depositado irá obedecer o teto de R$
10.059,15.
Agora, suponha que o valor da sentença é de R$ 5.000,00. Por isso, o depósito
será de R$ 5.000,00 (SERÁ O VALOR DA CONDENAÇÃO QUE É INFERIOR
AO VALOR DO TETO DO TST).
ART 899, § 4º CLT - O depósito recursal será feito em conta vinculada ao
juízo e corrigido com os mesmos índices da poupança. (Redação dada pela Lei
nº 13.467, de 2017)

ART 899, § 9º CLT - O valor do depósito recursal será reduzido pela metade
para entidades sem fins lucrativos, empregadores domésticos,
microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno
porte. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

ART 899, § 10º CLT - São isentos do depósito recursal os beneficiários da


justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em recuperação
judicial. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
 Além desses, também são isentos:
 A massa falida (Súmula n. 86 do TST);
 Fazenda Pública (União, Estados, Distrito Federal,
Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas –
art. 1º, IV, do DL no 779/1969).
 OBS: As empresas públicas e as sociedades de
economia mista não têm a mesma isenção da Fazenda
Pública (Súmula n. 170 do TST). Empresas públicas e
sociedades de economia mista possuem o mesmo
tratamento jurídico de pessoas jurídicas de direito privado
(art. 173, § 3º, da CF).

TABELA PARA EXEMPLIFICAR AS SITUAÇÕES EM QUE NÃO SE


PRECISA REALIZAR O DEPÓSITO RECURSAL
 PRAZO PARA AREALIZAÇÃO E COMPROVAÇÃO DO DEPÓSITO
RECURSAL - O depósito poderá ser realizado e comprovado no prazo
do recurso, ou seja, em 8 dias, mesmo que este tenha sido interposto
antes, no terceiro dia do prazo, por exemplo, nos seguintes casos:
 Recurso ordinário;
 Recurso de revista;
 Embargos ao TST;
 Recurso ordinário em ação rescisória (Súmula n. 245 do TST).

 Para o agravo de instrumento, é diferente. O depósito deve ser


feito no ato da interposição do recurso (art. 899, § 7º, da CLT).

 RECOLHIMENTO DE DEPÓSITO RECURSAL INSUFICIENTE - Em


caso de recolhimento insuficiente do depósito recursal, somente haverá
deserção do recurso se, concedido o prazo de 5 dias previsto no § 2º do
art. 1.007, do CPC, o recorrente não complementar e comprovar o valor
devido (OJ 140, SDI-1, do TST).

CUSTAS PROCESSUAIS – ART 789 CLT


As custas processuais serão pagas pela PARTE VENCIDA na fase de
conhecimento.
 Em suma, quem recolhe custas sempre será a parte vencida, que
pode ser o reclamante ou o reclamado. O reclamante é vencido
quando “não ganhar nada”, como em sentenças de total
improcedência, já o reclamado é vencido ao perder qualquer
pedido que seja.

 O vencido recolhe quanto de custas?


Recolhe 2% sobre o valor da condenação ou do acordo e, se não houver, 2%
sobre o valor da causa, observado o mínimo de R$ 10,64 e o máximo de 4
vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social
(art. 789 da CLT).
Art. 789 CLT - Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho,
nas ações e procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem como
nas demandas propostas perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição
trabalhista, as custas relativas ao processo de conhecimento incidirão à base
de 2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta
e quatro centavos) e o máximo de quatro vezes o limite máximo dos benefícios
do Regime Geral de Previdência Social, e serão calculadas: (Redação dada
pela Lei nº 13.467, de 2017)
I – quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo valor; (Redação
dada pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
II – quando houver extinção do processo, sem julgamento do mérito, ou julgado
totalmente improcedente o pedido, sobre o valor da causa; (Redação dada pela
Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
III – no caso de procedência do pedido formulado em ação declaratória e em
ação constitutiva, sobre o valor da causa; (Redação dada pela Lei nº 10.537,
de 27.8.2002)
IV – quando o valor for indeterminado, sobre o que o juiz fixar. (Redação dada
pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
§ 1º As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da
decisão. No caso de recurso, as custas serão pagas e comprovado o
recolhimento dentro do prazo recursal. (Redação dada pela Lei nº 10.537, de
27.8.2002)

 Quando as custas serão recolhidas?

Se a parte vencida recorrer, deverá recolher as custas no prazo do recurso.


Caso não recorra, as custas serão recolhidas no final (art. 789, § 1º, da CLT).
Exemplo 1 Sentença de total improcedência – recurso ordinário do
reclamante. As custas serão recolhidas no valor de R$ _____, correspondente
a 2% (dois por cento) do valor da causa, conforme guia anexa.

Exemplo 2 Sentença de parcial procedência – recurso ordinário interposto


pelo reclamado, empregador. As custas serão recolhidas no valor de R$
_____, correspondente a 2% (dois por cento) do valor da condenação,
conforme guia anexa.

 São ISENTOS DE CUSTAS, com base no art. 790-A da CLT, os


beneficiários da justiça gratuita, o Ministério Público do Trabalho, a
União, os estados, o Distrito Federal, os municípios e suas respectivas
autarquias e fundações públicas, que não explorem atividade
econômica. Por sua vez, segundo a Súmula n. 86 do TST, a massa
falida também é isenta do recolhimento de custas.

 RECOLHIMENTO DE CUSTAS DE FORMA INSUFICIENTE (mesmo


caso do Depósito recursal) - Em caso de recolhimento insuficiente,
somente haverá deserção do recurso se, concedido o prazo de 5 dias
previsto no § 2º do art. 1.007, do CPC, o recorrente não complementar
e comprovar o valor devido (OJ 140, SDI-1, do TST).

FOLHA DE RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO

A folha de razões, por seu turno, é o recurso propriamente dito e observa a


seguinte estrutura de tópicos:
 Preliminares de Mérito (Olhar as Preliminares da Contestação – art. 337
CPC);
 Prejudiciais de Mérito (Prescrição e Decadência);
 Mérito;
 Requerimentos Finais

Na PREPARAÇÃO DE UM RECURSO, é possível encontrar alguns problemas


na sentença. Eles podem ser relacionados ao processo ou ao mérito.
 Nos PROBLEMAS RELACIONADOS AO MÉRITO, se deseja a reforma
da sentença.
 Já PROBLEMAS NO PROCESSO, pode ocorrer erro de procedimento,
em que o juízo, por exemplo, não citou o reclamado ao proferir a
sentença, encaminhamento para o endereço incorreto, indeferindo
indevidamente a produção de prova judicial etc., dessa forma, se tem
uma preliminar. Na preliminar, pode-se pedir a nulidade da sentença.
Dependendo do estado que o processo se encontra, pode-se pedir o
retorno dos autos ao juízo que proferiu a decisão ou o julgamento do
processo. Outros problemas de processo: coisa julgada, perempção,
incompetência, entre outros.

 ATENÇÃO – CUIDADO! ENTENDIMENTO DA BANCA FGV -


Segundo o entendimento da banca, o QUE FOR PROBLEMA DE
PROCESSO deve ser tratado em preliminar. Se o PROBLEMA FOR
RELACIONADO AO PROCEDIMENTO, deverá ser solicitada a nulidade
da sentença. Se o PROCESSO ESTIVER EM CONDIÇÕES DE SER
JULGADO, pode-se pedir o julgamento direto pelo Tribunal, se não
estiver, pode-se pedir o retorno para a produção de provas. Sempre que
o juízo julgar mal, pede-se a reforma.
EXEMPLO DE ESTRUTURA DA FOLHA DE RAZÕES DO RECURSO
ORDINÁRIO

AO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ____ REGIÃO.


OU
COLENDO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO

A respeitável sentença não merece ser mantida, razão pela qual requer a
sua reforma.

I – PRELIMINAR DE MÉRITO
II – PREJUDICIAL DE MÉRITO
III – MÉRITO
O juízo julgou procedente (ou improcedente) o pedido ____. (Fatos)
A sentença não merece ser mantida, pois ____. (Fundamentos)
Diante do exposto, requer a reforma da sentença para ____. (Pedido)
IV – REQUERIMENTOS FINAIS
Diante do exposto, requer o conhecimento do presente recurso, bem como o
acolhimento da preliminar de mérito para_____ sucessivamente, o acolhimento da
prejudicial de mérito para_______ e, sucessivamente, ainda, no mérito, o seu
provimento, para fins de reforma da sentença para______
Nestes termos,
pede deferimento,
Local e data.
Advogado OAB n.

ANÁLISE DOS ITENS DA FOLHA DE RAZÕES

1) ENDEREÇAMENTO
A folha de razões do recurso ordinário deve ser endereçada ao TRT, na
circunstância do art. 895, I, da CLT (decisão proferida por um juiz do trabalho –
sentença), ou ao TST, na hipótese do art. 895, II, da CLT (decisão proferida
pelo TRT em ações de sua competência originária), à luz dos exemplos a
seguir.

Exemplo 1: artigo 895, I, da CLT


EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ____ REGIÃO.
RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO
A respeitável sentença não merece ser mantida, razão pela qual requer a sua
reforma.

Exemplo 2: artigo 895, II, da CLT


COLENDO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO
O respeitável acórdão não merece ser mantido, razão pela qual requer a sua
reforma.

2) PRELIMINARES DE MÉRITO

As preliminares de mérito do recurso ordinário estão relacionadas com as


nulidades processuais, em outras palavras, com os vícios do processo, que
ensejam a nulidade da decisão proferida (error in procedendo). Portanto, as
alegações do recorrente em preliminar de mérito versam sobre matéria
processual.
 ATENÇÃO - Para a FGV, as Preliminares de Contestação (ART 337
CPC) devem ser arguidas também em Preliminar de Recurso
Ordinário, conforme se observa no Exame de Ordem XXVI.
Neste momento, não se discute o mérito. No tópico da preliminar de mérito
requer-se:
 A Nulidade da Sentença; e
 O retorno dos autos ao juízo “a quo” ou o julgamento do processo
no estado em que se encontra (art. 1.013, § 3º, do CPC).
Exemplos mais comuns no exame da ordem:
 Nulidade de citação; e
 Cerceamento de defesa (Súmula n. 357 do TST e ausência de prova
pericial quando há pedido de adicional de periculosidade ou
insalubridade)

Exemplo Prático:
I – PRELIMINAR
1. CERCEAMENTO DE DEFESA
O juiz indeferiu a oitiva das duas testemunhas do reclamante por estarem
litigando contra o reclamado, sob protestos daquele. (Fatos)
De acordo com a Súmula n. 357 do TST, não torna suspeita a testemunha
o simples fato de estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador.
Tal indeferimento da prova implica o cerceamento de defesa e, portanto,
violação ao art. 5º, LV, da CF. (Fundamento)
Diante do exposto, requer a nulidade da sentença e o retorno dos autos
para o juízo “a quo”, a fim de que seja reaberta a instrução processual e
ouvidas as testemunhas. (Pedido)
Sucessivamente, caso não seja acolhida a Preliminar, requer a análise dos
demais itens a seguir expostos.

3) PREJUDICIAIS DE MÉRITO – ART 11 CLT, ART 7º, XXIC CF,


SÚMULA 308 TST E SÚMULA 294 TST

As Prejudiciais de Mérito englobam os assuntos relacionados à Prescrição e à


Decadência, matéria que, se acolhida, obsta a análise do direito material, pois
enseja a extinção do processo com resolução do mérito.
EXEMPLO 1: o RO interposto pelo reclamante em face de sentença que
acolheu a prescrição bienal.

II – PREJUDICIAL
1. PRESCRIÇÃO BIENAL
O juiz acolheu a prescrição bienal, muito embora a reclamatória trabalhista
tenha sido ajuizada antes de decorridos dois anos do término do contrato de
trabalho. (Fatos)
A sentença não merece ser mantida, pois, segundo o arts. 7º, XXIX, da CF
e 11 da CLT e a Súmula n. 308, I, do TST, a ação, quanto a créditos
resultantes das relações de trabalho, prescreve 2 anos após a extinção do
contrato de trabalho. Ocorre que é de apenas 1 ano o lapso temporal entre a
extinção do contrato de trabalho e a propositura da reclamatória trabalhista.
(Fundamento)
Diante do exposto, requer a reforma da sentença, a fim de que seja
afastada a prescrição bienal. Sucessivamente, requer também a análise do
mérito. (Pedido)

EXEMPLO 2: RO interposto pelo reclamado arguindo, pela primeira vez, a


prescrição bienal.
II – PREJUDICIAL
1. PRESCRIÇÃO BIENAL
O juízo “a quo” condenou o reclamado ao pagamento das verbas
rescisórias oriundas do contrato de trabalho extinto no dia 10 de fevereiro de
2007, embora o ajuizamento da ação tenha ocorrido apenas em maio de 2011.
(Fatos)
Consoante os arts. 7º, XXIX, da CF e 11 da CLT e a Súmula n. 308, I, do
TST, opera-se a prescrição bienal quando o ajuizamento da reclamação
trabalhista ocorrer após o prazo de 2 anos contados do término do contrato de
trabalho. A ação in casu já ultrapassou o limite legal, tendo em vista que a
reclamação foi proposta em abril de 2011.
Ademais, cumpre ressaltar que a Súmula n. 153 do TST admite o
conhecimento da prejudicial ora arguida, por se tratar de instância ordinária.
(Fundamento)
Diante do exposto, requer a extinção do processo, com resolução do
mérito, nos moldes do art. 487, II, do CPC e, sucessivamente, caso não seja
acolhida a prejudicial de mérito, a análise dos demais itens a seguir expostos.
(Pedido)

4) MÉRITO

As alegações do recurso ordinário devem atacar a sentença, tendo em vista


que o recurso é interposto em face dessa decisão e visa à sua reforma.
Portanto, o mérito do RO deve demonstrar os fatos e fundamentos que dão
ensejo à reforma da decisão recorrida.
É aconselhável que cada argumento seja desenvolvido em um tópico
específico, cujo título evidencia a matéria alegada, pois isso garantirá clareza e
objetividade à prova prático-profissional.
Na finalização de cada tópico do mérito, deve-se requerer a reforma da
sentença.

EXEMPLO: RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE.


I – MÉRITO
1. HORAS EXTRAS
O juízo “a quo” julgou improcedente o pedido de condenação do reclamado
ao pagamento de horas extras, bem como de seus reflexos. (Fato)
A sentença não merece ser mantida, pois restou comprovada a jornada
extraordinária, por meio da confissão do preposto recorrido, o qual afirmou que
a jornada de trabalho do recorrente somava 50 horas semanais. (Fundamento)
Obs.: podem ser dois tipos de argumento, pois contraria algum artigo,
súmula, OJ etc., ou restou comprovar outra coisa, como prova pericial,
testemunhal etc.
Diante do exposto, requer a reforma da sentença para julgar procedente o
pedido de pagamento das horas extraordinárias. (Pedido)

5) REQUERIMENTOS FINAIS

Nos requerimentos finais do recurso ordinário deve-se postular:


 Conhecimento do recurso;
 Acolhimento das preliminares para ____ (se houver);
 Sucessivamente, o acolhimento das prejudiciais para ____ (se houver);
e
 Sucessivamente, no mérito, provimento do recurso para fins de reforma
da sentença para ____.

EXEMPLO:
Diante do exposto, requer o conhecimento do recurso, bem como o
acolhimento da preliminar para ____, sucessivamente, o acolhimento da
prejudicial de mérito para ____. Sucessivamente, no mérito, requer o seu
provimento, para fins de reforma da sentença para ____.
Nestes termos,
pede deferimento.
Local e data.
Advogado
OAB n.

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