Apresentação
Estudaremos os aspectos relacionados à biologia (morfologia, ciclo biológico), ao diagnóstico, ao tratamento e às
medidas de controle, visando à proteção contra a infecção de protozoários parasitas de importância médica, focando os
protozoários relacionados a doenças do trato gastrointestinal e geniturinário.
Objetivos
Reconhecer aspectos biológicos, de diagnóstico e tratamento de protozoários parasitas humanos, flagelados e
ciliados, presentes no trato digestivo e geniturinário;
Protozoários
(Protozoário - Fonte:
Shutterstock).
Os protozoários pertencem ao Reino Protista, sendo reconhecidas mais de 60 mil espécies entre os de vida livre e os que são
considerados parasitas de humanos, animais e plantas.
Uma característica que os protozoários podem apresentar é a presença de estruturas relacionadas à locomoção e à
apreensão de alimentos: Cílios e flagelos. Entretanto, a locomoção pode ser realizada por pseudópodes.
Gênero Entamoeba
O gênero Entamoeba é composto pelos protozoários conhecidos como amebas, os quais fazem parte do supergrupo
Amebozoa. Têm como característica a presença de pseudópodes grossos e arredondados na extremidade, pertencendo à
divisão Entamoebida. Entre os representantes, temos as espécies: Entamoeba histolytica, E. dispar, E. gengivalis e E. coli.
As amebas parasitam o aparelho digestivo de vertebrados, apresentam núcleos esféricos com cariossomo – cromatina
disposta de forma central – e grânulos de cromatina periférica. Veja a figura a seguir.
Representação esquemática de núcleos no gênero Entamoeba indicando o
cariossomo. Em A: E. histolytica; em B: E. hartmanni; e em C: E. coli | (Fonte:
Complemento multimídia de Parasitologia, 4. ed., aula 5.)
As diversas espécies de Entamoeba parasitas de humanos e animais são classificadas em grupos de acordo com o número
de núcleos presentes na forma cística:
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Grupo I – cistos com até oito núcleos Grupo II – cistos com até quatro núcleos
Entamoeba coli (humano); E. muris (roedores); E. cobayae E. histolytica, E. hartimani, E. dispar (de humanos); E. ranarum
(cobaia); E. gallinarum (galinhas) (anfíbios)
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Entamoeba histolytica
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Entamoeba histolytica
Figura 2 – De A a D: Formas císticas. O núcleo se divide duas vezes (C, D) e se torna
tetranucleado. É ingerido e se divide produzindo oito amébulas (F). No intestino grosso,
cresce e se multiplica, completando o ciclo não patogênico (G, H, I) | (Fonte:
Complemento multimídia de Parasitologia, 4. ed., aula 5.).
Os trofozoítos vivem na luz do intestino delgado como comensais se reproduzindo por divisão binária. Mecanismos
relacionados à diminuição da imunidade, à alteração da flora intestinal e à lesão de mucosa intestinal tornam alguns desses
trofozoítos patogênicos, que penetram na parede intestinal.
No intestino, passam a se alimentar de células da mucosa intestinal e de hemácias e, em casos crônicos, podem alcançar a
circulação sanguínea atingindo outros órgãos como o fígado.
O metabolismo dos trofozoítos que permaneceram na luz do intestino delgado é reduzido. Eles armazenam energia e
secretam uma parede cística ao seu redor, formando os cistos que são eliminados nas fezes. No cisto, ocorrem divisões
binárias com formação de quatro organismos. Os cistos permanecem viáveis no ambiente em torno de vinte dias (ROCHA,
2013; REY, 2008).
O diagnóstico da presença de E. histolytica em indivíduos com suspeita desta infecção é realizado pela visualização de
trofozoítos ou cistos nas fezes. Trofozoítos são encontrados principalmente em fezes diarreicas, sendo possível verificar
hemácias fagocitadas no interior deles (BRENER, 2015; ROCHA, 2013; REY, 2008).
Os cistos de E. histolytica são semelhantes aos de espécies não patogênicas, sendo eliminados em fezes formadas. As
técnicas de concentração de cistos (centrifugação e soluções saturadas de açúcar, por exemplo) são utilizadas para a
visualização, tendo como base a identificação do número de núcleos (CDC, 2017; ROCHA, 2013; REY, 2008).
Dentre as técnicas imunológicas para o diagnóstico de E. histolyca, destacamos a ELISA, com detecção de anticorpos
específicos ou de antígenos, bastante utilizada (REY, 2008).
Medidas de controle estão relacionadas a higiene pessoal e alimentar, com o consumo e utilização de água fervida ou
filtrada e clorada (o cloro inativa os cistos); com a melhoria das condições de saneamento básico (destino adequado de
fezes); com o tratamento dos indivíduos doentes. Os compostos utilizados para o tratamento são as dicloracetamidas, os
nitromidazóis, a deidroemetina e a emetina (REY, 2008).
O gênero Giardia
Os membros desse gênero pertencem à divisão Diplomonadida e as espécies que deste gênero são Giardia duodenalis, com
diversas sinonímias (G. intestinalis, G. lambia e Lamblia intestinalis), que parasita humanos e diversos animais domésticos e
silvestres; G. muris, que parasita roedores; G. psittaci e G. ardeae, encontrados em aves; e G. agilis, parasitas de anfíbios. É um
protozoário flagelado e pequeno que possui duas formas evolutivas: Trofozoíto e cisto.
O trofozoíto apresenta simetria bilateral e formato
piriforme. Apresenta também uma estrutura característica
na superfície ventral: O disco suctorial.
Figura 3 – Formas evolutivas de Giardia. Em A: Forma trofozoíta e seus flagelos. Em B:
O cisto | (Fonte: REY, 2008, 412.)
O diagnóstico está relacionado à visualização de formas evolutivas de Giardia em fezes formadas (busca de cistos) ou
diarreicas (busca de cistos e trofozoítos). Técnicas de concentração por centrífugo-flutuação com solução saturada de
sulfato de zinco são bastante adequadas para visualização de cistos; os trofozoítos podem ser caracterizados a fresco,
diluindo o material fecal em solução fisiológica e observando em microscopia óptica (entre lâmina e lamínula).
Trata-se de um parasita com distribuição cosmopolita (no mundo inteiro). Da mesma forma que ocorre na prevenção da
transmissão das espécies do gênero Entamoeba, as medidas de controle estão relacionadas à higiene pessoal, ao consumo
de água fervida ou filtrada e clorada (o cloro inativa os cistos), à melhoria das condições de saneamento básico (destino
adequado de fezes) e ao tratamento de indivíduos doentes.
Atenção
Além dessas medidas, existe uma vacina veterinária que apresenta ação favorável contra Giardia (reduz a carga parasitária em
infecções de gatos e cães). A profilaxia com a vacinação em animais diminui a contaminação ambiental com cistos do
parasita. O tratamento de indivíduos infectados ocorre por utilização de derivados nitroimidazólicos – metronidazol.
Uma característica observada nesse gênero é a presença de três flagelos livres. Trichomomas vaginalis apresenta forma
variável (alongada, ovoide ou piriforme) e quatro flagelos livres que surgem de uma depressão do polo anterior, o canal
periflagelar. Além dos quatro flagelos livres, observamos uma membrana ondulante (estrutura fixa ao corpo por uma prega.
Esse protozoário não possui estruturas de sustentação na membrana e, por esse motivo, a forma dele se modifica
facilmente.
Figura 5 – Representação esquemática de T. vaginalis, evidenciando o formato
piriforme, o canal periflagelar (de onde emergem os flagelos) e a membrana ondulante |
(Fonte: Adaptado de REY, 2008, p. 412.)
O diagnóstico da infecção por T. vaginalis se dá pela
visualização das formas trofozoítas na secreção vaginal,
tanto por exame direto, citologia corada ou cultura de
secreção, como por técnicas imunológicas, como a
imunofluorescência indireta (pesquisa de anticorpos). No
exame direto é possível visualizar o protozoário em
movimento.
Gênero Balantidium
O gênero Balantidium pertence ao grupo Ciliophora,
subdivisão Trichostomatia. Como representante tem a
espécie que causa infecção em humanos, o Balantidium
coli. O Balantiduim coli é um parasita que está
frequentemente associado aos suínos, sendo estes
considerados como um reservatório do parasita.
É possível observar no citoplasma, nas extremidades anterior e posterior, vacúolos pulsáteis; um macronúcleo ou núcleo
vegetativo, grande e de formato riniforme, e um micronúcleo situado numa depressão no macronúcleo. O micronúcleo é
menor e compacto, cuja função está relacionada à reprodução do parasita. A multiplicação ocorre por divisão binária. Em
meio de cultura foi observada a reprodução sexuada por conjugação na qual ocorre a participação apenas do micronúcleo.
O diagnóstico é realizado por meio do exame das fezes, buscando estruturas similares a formas císticas ou trofozoítas de B.
coli. Como observado em outros protozoários estudados, o cisto é encontrado em fezes formadas em que o auxílio de
técnicas de concentração é de fundamental importância para a detecção. Nas fezes diarreicas, encontramos tanto cistos
quanto formas trofozoítas, e estas podem ser identificadas no exame a fresco. É preciso dar atenção à contaminação
ambiental por ciliados de vida livre.
Saiba mais
Entre as medidas preventivas estão as condições corretas de saneamento básico, o consumo de água e os alimentos livres de
contaminantes, ou seja, devidamente higienizados. Com relação ao reservatório, o suíno: São necessárias boas condições de
higiene em criações de suínos e orientação adequada aos trabalhadores que lidam diretamente com esses animais.
Ensinavam 1
“Aprendia-se fazendo, o que tornava inseparáveis o saber, a vida e o trabalho” (COIMBRA, 1989, p. 15)
Referências
CDC. Centers for Disease Control and Prevention. 2019. Disponível em: https://www.cdc.gov/ Acesso em: 31 out. 2019.
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