Você está na página 1de 2

VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA

CRIANÇAS E ADOLESCENTES

1. MARCO CONCEITUAL:

A violência psicológica quase sempre se faz presente nas outras modalidades


de violências, sendo uma de suas principais marcas a relação desigual de poder
entre o autor da agressão e a sua vítima.
De acordo com Guerra (2008, p. 33)1:
“A violência psicológica também designada como tortura psicoló-
gica ocorre quando um adulto constantemente deprecia a criança, blo-
queia seus esforços de autoaceitação, causando- lhe grande sofrimento
mental”.
A Lei 13.010/2014 definiu a violência psicológica como a conduta ou forma cruel
de tratamento que humilhe, ameace gravemente ou ridicularize
crianças e adolescentes.
Já a Lei 13.431/17 trouxe uma conceituação mais abrangente de violência psi-
cológica abordando suas mais variadas formas, conforme discriminado a seguir:
a) Qualquer conduta de discriminação, depreciação ou desrespeito em
relação à criança ou ao adolescente mediante ameaça, constrangi-
mento, humilhação, manipulação, isolamento, agressão verbal e xinga-
mento, ridicularização, indiferença, exploração ou intimidação sistemá-
tica ( bullying ) que possa comprometer seu desenvolvimento psíquico
ou emocional;
b) O ato de alienação parental, assim entendido como a interferência na
formação psicológica da criança ou do adolescente, promovida ou indu-
zida por um dos genitores, pelos avós ou por quem os tenha sob sua
autoridade, guarda ou vigilância, que leve ao repúdio de genitor ou que
cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculo com este;
c) Qualquer conduta que exponha a criança ou o adolescente, direta
ou indiretamente, a crime violento contra membro de sua família ou de
sua rede de apoio, independentemente do ambiente em que cometi-
do, particularmente quando isto a torna testemunha.
Marco legal da violência psicológica:

• ECA: Arts. 5º, 17; 18; 18-A, parágrafo único, inciso II; 70-A e 232 da Lei nº
8.069/90
• Programa de Combate à Intimidação Sistemática - Bullying: Art. 1º, §1º, da Lei nº
13.185/2015
• Alienação parental: Art. 2º, da Lei n. 12.318/2010
• Tortura: Lei nº 9.455/97

1.
GUERRA, V. N. A. Violência de pais contra filhos: a tragédia revisitada. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2008.

Dados e indicadores https://www.gov.br


2. DADOS ESTATÍSTICOS:

Modalidade 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019/ 1º sem

Ameaça 5.542 23.535 21.848 16.268 12.967 12.209 12.375 11.277 5.838

Calúnia. Injúria.
1.807 7.044 4.767 2.741 2.042 3.203 2.538 1.849 868
Difamação

Chantagem 311 1.928 2.373 2.382 1.449 1.505 965 1.004 592

Destruição Bens - - - - - 87 - - -

Hostilização 9.161 46.430 48.464 34.930 26.826 23.248 33.058 32.334 15.483

Humilhação 9.747 44.597 47.171 33.314 25.582 18.798 23.164 21.144 9.568

Infantilização 111 1.441 1.187 1.054 790 454 378 226 81

Outros 778 6.759 8.441 4.144 3.775 4.557 2.792 2.438 1.343

Perseguição 194 1.190 1.212 726 705 841 801 717 440

Subtração
19 83 109 111 137 248 207 142 112
Incapaz

TOTAL 27.670 133.007 135.572 95.670 74.273 65.150 76.278 71.131 34.325

Fonte: Disque 100 - Ano 2011 a 2019/1º Semestre – Exploração do Trabalho Infantil

BULLYING NO AMBIENTE ESCOLAR

DADOS ESTATÍSTICOS: FONTE:

• A maior incidência de bullying está entre os alunos do 6º ao 8º ano.


• O bullying é praticado mais por meninos e as modalidades preferidas são maus-
tratos físicos e verbais FANTE, Cleo. Bullying escolar:
• Já as meninas praticam mais o bullying nas modalidades moral e psicológica (Ex: perguntas & respostas / Cleo
difamar, excluir, humilhar, etc). Fante, José Augusto Pedra, -
• 80% das vítimas de bullying tendem a reproduzir os maus-tratos sofridos. Porto Alegre: Artmed, 2008.
• Na adolescência, diminui a frequência do bullying, mas aumentam a gravidade
dos ataques.

Segundo OLWEUS (1998), pesquisador da Universidade de Bergen na Noruega, OLWEUS, D. Conductas de acaso
existem três principais características do bullying: repetitividade, relação desigual y amenaza entre escolares.
de poder e a ausência de motivos. Madrid: Morata, 1998.

Em pesquisa realizada pela OCDE sobre aprendizagem, divulgada em 2014,


SINPRO. Brasil lidera ranking de
o Brasil lidera o ranking de violência contra professores. Nesse estudo, foram
violência contra professores.
entrevistados mais de 100 mil professores, em todo o mundo. No Brasil, 14.291
Porto Alegre: Sinpro, 2014.
professores e 1.057 diretores de escolas responderam à pesquisa. Os dados
Disponível em:
indicam que 12,5% dos professores foram vítimas de agressão verbal ou
<https://www.sinprors.org.br/c
intimidação por parte dos alunos. Em países como Coreia do Sul, Malásia e
omunicacao/noticias/brasil-
Romênia, o índice é zero. Ainda de acordo com a pesquisa, professores no Brasil
lidera-ranking-de-violencia-
declaram gastar 20% de seu tempo em aula mantendo a ordem da sala
contra-professores/>
(comparado com a média de 13% dos 34 países entrevistados pela Talis).

Maria Leolina Couto Cunha

Diretora Departamento de Enfrentamento de Violações aos Direitos da Criança e do Adolescente. DEEVDCA/MMFDH

Você também pode gostar