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1. Constituição de Sociedades
A lei comercial regula a actividade dos empresários comerciais, bem como os actos considerados
comerciais.
Do código comercial recolhemos os elementos seguintes, com vista à motivação deste assunto:
Artigo 2º
( Empresários Comerciais )
as pessoas singulares ou colectivas que, em seu nome, por si ou por intermédio de terceiros,
exercem uma empresa comercial;
as sociedades comerciais.
Artigo 3º
(Empresa comercial)
1. Considera-se empresa comercial toda a organização de factores de produção para o exercício de uma
actividade económica destinada à produção, para a troca sistemática e vantajosa, designadamente:
As sociedades comerciais serão de uma das seguintes espécies: ( art. 82º C.C. )
Economicamente, distinguem-se, sobretudo, pelo modo por que nelas se acham regulados:
O financiamento
As atribuições dos sócios
A divisão dos lucros
Relembremos agora, muito rapidamente, as mais salientes caracteristicas de cada especie de sociedades
comerciais:
Como sociedade de pessoas, assenta na mútua confiança dos associados, cuja responsabilidade é, não
apenas ilimitada, mas também solidária. Todos os bens particulares dos associados servem de garantia às
obrigações da sociedade. Os sócios respondem de forma solidária: um por todos e todos por um.
Sendo assim, não é de estranhar que estas sociedades se constituam, em geral, entre um pequeno número
de pessoas ligadas por laços de próximo parentesco ou grande amizade, onde todos os sócios
desempenhem funções de gerência ou pelo menos, acompanhem e fiscalizem pari passu a actuação dos
gerentes e os negócios da empresa. Nestas sociedades a parte de um sócio só pode ser transmitida, por
acto entre vivos, com expresso consentimento dos outros sócios, tal como a admissão de um novo sócio.
Em geral, para efeitos de concessão de crédito a estas sociedades dá-se tanta ou mais importância à
honestidade e capacidade administrativa dos sócios do que às suas fortunas particulares.
Tudo isto denuncia e comprova o cunho essencialmente pessoal da sociedade em nome colectivo, a qual
nunca desempenhou um papel de grande relevo na vida económica nacional.
Nas sociedades por quotas a responsabilidade dos sócios está limitada ao valor da quota subscrita sendo
dirigidas pelos gerentes que poderão tomar as decisões concernentes à actividade da empresa, desde que
não existam limitações previstas no pacto social.
A firma deve ser formada com ou sem sigla, pelo nome ou firma de todos, algum ou alguns dos sócios, ou
por denominação particular, ou pela reunião de ambos esses elementos, mas em qualquer caso concluirá
pela palavra “Limitada” ou pela abreviatura “Lda”.
Relativamente às entradas dos sócios pode ser diferida a um montante correspondente a metade das
entradas em dinheiro mas o quantitativo dos pagamentos feitos por conta destas juntamente com a soma
dos valores nominais das quotas correspondentes às entradas em espécie, deve perfazer o capital mínimo
referido anteriormente, isto porque a soma das entradas já realizadas, deve ser depositada em instituicão
de crédito antes de celebrado o contrato numa conta aberta em nome da futura sociedade, devendo ser
exibido ao notário o comprovativo de tal depósito aquando da celebração da escritura pública.
Estas sociedades estão obrigadas à constituição de uma reserva legal numa percentagem não inferior a
vigésima parte dos lucros, até perfazer um quinto do seu capital social
As deliberações de alteração do contracto social só podem ser tomadas por maioria de três quartos dos
votos correspondentes ao capital social ou por número ainda mais elevado de votos se exigido pelo
contrato de sociedade.
Não são obrigadas a ter um orgão de fiscalização devendo no entanto, nomear um revisor oficial de
contas (um técnico de contas ).
Actualmente é pemitido a constituição de sociedades por quotas unipessoais que, como o nome indica
tem um único sócio( pessoa singular ou colectiva), de responsabilidade limitada, funcionando
juridicamente, com as necessárias alterações, como uma sociedade por quotas pluripessoal.
Sociedades anónimas
Enquanto que as sociedades por quotas estão mais próximas do tipo de sociedades pessoais este tipo
jurídico corresponde ao exemplo acabado das sociedades de capitais. O capital está dividido em acções
(títulos alíquotas) sendo a responsabilidade dos sócios limitada ao valor das acções subscritas.
A sociedade anónima não pode ser constituída com um número de sócios inferior a três (salvo quando a
lei o dispense), todas as acções terão o mesmo valor nominal, múltiplo de 250.
As acções podem ser nominativas ou ao portador, estando neste caso reunidas em títulos. Podem,
também, ser escriturais, não existindo, nesta situação, tradução fisica em títulos.
A firma destas sociedades é formada com ou sem sigla, pelo nome ou firma de um ou alguns dos sócios
ou por uma denominação particular, ou pela reunião de ambos esses elementos, mas em qualquer caso
concluirá pela expressão “ Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada” ou pela abreviatura
“S.A.”.
Nas entradas em dinheiro só pode ser diferida a realização de 70% do valor nominal das acções. Não pode
ser diferido o pagamento de prémio de emissão, quando previsto.
A soma das entradas em dinheiro já realizadas deve ser depositada em Instituição de Crédito, antes de
celebrado o contrato, numa conta aberta em nome da futura sociedade, da qual poderão ser efectuados
levantamentos depois de o contrato estar definitivamente registado na conservatória do registo comercial.
As sociedades anónimas estão sujeitas a fiscalização, através de um conselho fiscal, ou de um fiscal único
(revisor oficial de contas ou sociedade de revisores oficiais de contas).
Ou alternativamente por:
- Direcção
- Conselho Geral
- Assembleia Geral
- Revisor Oficial de Contas
A Direcção é composta por um número impar de directores, no máximo de cinco, podendo ter um único
director quando o seu capital não exceda determiado valor fixado por lei. Compete à direcção gerir as
actividades da sociedade e tem plenos poderes de representação perante terceiros.
Neste caso, o conselho fiscal também é composto por três membros efectivos; as sociedades cujo capital
seja inferior ao limite fixado por lei podem no respectivo contrato, adoptar o regime de fiscal único.
Finalmente o conselho geral é também composto por um número ímpar de membros, mas sempre
superior ao número de directores e não superior a quinze. Não tem poderes de gestão das actividades da
sociedade, sendo da sua competência, entre outros actos, a nomeação e distribuição dos directores, a
aprovação das contas depois de examinadas pelo revisor oficial de contas e fiscalizar as actividades da
direcção.
Sociedades em comandita
Nestas sociedades, em comandita simples e comandita por acções, a responsabilidade é mista: ilimitada
para uns sócios (sócios comanditados), e limitada para os outros sócios (sócios comanditários). Ocupam,
pois, uma posição intermédia em relação às sociedades em nome colectivo e as sociedades anónimas.
Facilitam a associação dos individuos activos e empreendedores que não têm recursos bastantes ou que
dispõem apenas da sua indústria com os que, possuindo capital e desejando aplicá-lo em negócios, não
sentem competência para as dirigir pessoalmente e não querem assumir grandes riscos.
Estas sociedades que nunca foram númerosas, perderam toda a sua importância com o aparecimento das
sociedades por quotas e, actualmente, tendem a desaparecer por transformação noutra forma jurídica.
Sociedades Cooperativas
As sociedades cooperativas são um tipo especial de sociedades que embora exercendo actividades
comerciais ou industriais, não são consideradas sociedades comerciais, sendo reguladas por leis especiais.
Têm como característica serem pessoas colectivas de livre constituição, com capital variável que aumenta
ou diminui com a entrada e saída dos sócios cooperativistas que visam através da cooperação e entre
ajuda dos seus membros, a satisfação, sem fins lucrativos, das necessidades económicas, sociais e por
vezes culturais.
Estabelece, para além da variabilidade do capital e do número de membros, que a admissão e a demissão
constituem um acto livre e voluntário e que a admissão ou a exclusão dos cooperadores não podem ser
objecto de quaisquer restrições ou discriminações.
Estabelece que os excedentes distribuídos aos cooperadores serão proporcionais às operações económicas
realizadas por estes com a cooperativa ou ao trabalho e serviços por eles prestados.
Estabelece que as cooperativas devem fomentar a educacão cooperativa dos seus membros, trabalhadores
e público em geral, e a difusão dos Princípios e dos métodos de cooperacão, designadamente através da
constituicão de reservas especiais para tal efeito.
- Princípio da Intercooperacão
Estabelece que as cooperativas devem privilegiar as suas relações com outras cooperativas.
Embora se entenda que a cooperativa não se reveste da natureza de uma verdadeira sociedade comercial,
a verdade é que a legislacão comercial é a mais adequada para a integracão de lacunas, tais como as
situações de falência, de anulacão de deliberações sociais, da obrigatoriedade de escrituracão de livros,
contas, etc.
A responsabilidade dos membros das cooperativas é limitada ao montante do capital social subscrito pelo
cooperador, sem prejuizo de os estatutos da cooperativa poderem determinar que a responsabilidade dos
cooperadores seja ilimitada, ou ainda limitada em relacão a uns e ilimitada quanto a outros.
Os orgãos sociais das cooperativas são, também, assembleia geral, a direccão e o conselho fiscal.
Empresas Públicas
As empresas públicas distinguem-se das restantes, por serem criadas pelo Estado com capitais públicos,
com o objectivo de exploração de actividades de natureza económica e social que o Estado decide
reservar para a sua esfera de actuação.
As empresas públicas, não devem confundir-se com empresas cujo capital é propriedade do Estado.
Podem existir sociedades por quotas, anónimas ou outra prevista no Código Comercial, cujo capital é
propriedade do Estado, ou outras entidades públicas e que se continuem a reger pela lei comercial geral.
Em especial, as empresas públicas têm um estatuto particular, sendo reguladas pela Lei 17/91 de 2 de
Agosto.
Segundo esta Lei, as empresas públicas são criadas pelo Estado, através de Decreto do Conselho de
Ministros, que definirá no respectivo Diploma o orgão do Aparelho de Estado a que se subordinam.
O diploma de criação de qualquer empresa pública, terá como anexo os respectivos estatutos.
A denominação das empresas públicas deve ser seguida da expressão “Empresa pública” ou das iniciais
“EP”.
As empresas públicas não possuem Assembleia geral, como os outros tipos de Sociedades, mas têm
apenas como orgãos o Conselho de Administração e o Conselho Fiscal.
Podem existir, empresa públicas em qualquer sector de actividade. No entanto a sua existência é mais
frequente nos sectores fundamentais da economia, nos quais o Estado pretende intervir mais
acentuadamente ou então na zona de serviços públicos, como distribuição de água, distribuição e
produção de energia, transportes aéreos e ferroviários, etc.
O conselho fiscal que tem como função acompanhar a gestão e examinar periodicamente a Contabilidade
deve igualmente emitir um parecer que acompanhará as contas, as quais serão enviadas até final de Março
do ano seguinte, ao Ministro de tutela, que as remeterá ao Ministro das Finanças para aprovação.
O capital estatutário das empresas públicas, bem como as condições da sua realização, são fixados no
diploma da sua criação.
As empresas de economia mista são aquelas cuja propriedade e gestão pertencem conjuntamente ao
Estado e a particulares.
Nestas sociedades, reguladas pelo direito privado pode predominar o carácter socialista ou capitalista,
consoante o grau de participacão do Estado na Gestão.
a) Sobrepor o interesse global aos interesses particulares nos sectores básicos da economia;
c) Evitar um dano social grave naquelas empresas com uma certa dimensão, que se debatem com grandes
dificuldades financeiras
“Em vez de partir da regie publica, introduzindo na mesma, até certo ponto, os processos e os métodos da
gestão económica privada, pode-se, seguindo o caminho inverso, partir da empresa capitalista ( e da sua
modalidade mais corrente: a sociedade anónima) e procurar embebê-la duma certa dose de espírito
público, para que ao lado dos interesses privados (únicos a que em geral se atende) se ouça a voz do
interesse geral. Deste modo se chega a sociedade de economia mista que se caracteriza pela reunião de
três elementos:
Assim, as empresas de economia mista não são explorações de tipo administrativo, nem entidades de
direito público, mas não se identificam também com as empresas privadas de feicão exclusivamente
mercantil, podendo então assegurar a defesa do interesse geral, do bem comum, mas com um cunho muito
menos estatal, formalista e burocrático, que o da generalidade das explorações públicas.