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A nova vida
da princesa africana
Um ano depois da morte do marido,
Isabel dos Santos contra-ataca.
Nos tribunais e nas redes sociais
magazine
ALGAS
UM MAR DE
VIRTUDES
alma-
ESPELHO
MEU Sara Dias Oliveira
POR
naque
magazine
NOTÍCIAS
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E DA CONCHA
Diamantes DE UM MOLUSCO
de gangue SE FEZ O PENTE
É a mais recente polémica Já foram feitos de espinhos
a pairar sobre as Forças Armadas de plantas, de ossos, de espinhas
(FA). Militares portugueses de peixe. Ou até de chumbo,
serviram-se das missões de paz para acudir aos ruivos.
da ONU na República Centro-Africana
(RCA) para montar um esquema
internacional de tráfico de diamantes, 2
ouro e droga que rendeu cerca
de 1,5 milhões de euros.
O ESQUEMA
1
Aviões das FA traziam, da RCA para Portugal,
a mercadoria ilícita. Os diamantes eram
colocados em tubos de acondicionamento Primeiro, a etimologia. Pente vem do latim
de charutos, que seguiam nas malas “pecten”, nada menos do que o exuberante
onde os militares guardavam as roupas molusco marinho que pode ver na imagem.
e os objetos pessoais. Por surreal que pareça, foi com a concha que o
envolve (possui mais de 100 espinhos num
2 alinhamento quase perfeito) que o ser humano
A mercadoria ia depois para Antuérpia começou por se pentear. O primeiro “upgrade”
(Bélgica), centro nevrálgico da indústria do surgiu na Babilónia, quando começaram a ser
diamante europeu, em carros particulares. 1 usados espinhos de plantas. Depois, foram os
ossos e os fragmentos de madeira. Mas só a civi-
3 lização egípcia deu a este objeto uma relevân-
Dinheiro dos diamantes de sangue (pedras cia inaudita. Para os egípcios, os pentes eram
preciosas extraídas em zonas de guerra) artigos de luxo, incrustados com pedras precio-
11
era branqueado através de contas portuguesas sas e ouro. Corre mesmo uma versão que
que serviam para comprar moeda digital. garante que Cleópatra não dispensava um
pente feito de espinhas de peixe.
“NÃO TIVE CONHECIMENTO” Mas também os romanos tiveram um papel
Depois das polémicas com o processo de fundamental nesta história. Foram eles os
Tancos e a suposta substituição do chefe do O número de detidos, responsáveis por conceber um modelo seme-
Estado-Maior da Armada, a Defesa volta a estar todos comandos ou lhante ao que hoje usamos, fabricando um
envolta numa controvérsia institucional. Marcelo ex-comandos, na sequência pente pequeno e portátil que, pasme-se,
Rebelo de Sousa afirmou publicamente que o da Operação Miríade, costumava ser usado nos intervalos das fero-
Governo não o informou sobre o caso, com conduzida pela Polícia zes lutas travadas no Coliseu de Roma. Entre-
António Costa a responder que ele próprio Judiciária. Dois deles ficaram tanto veio a Idade Média e com ela pentes de
também não tinha sido informado pelo ministro em prisão preventiva. chumbo, que tinham o duplo propósito de
da Defesa. escurecer e disfarçar a cor dos cabelos ruivos –
porque nessa altura as pessoas com essa colora-
“Embora não possamos ção capilar eram desprezadas (e até persegui-
das) pela sociedade.
garantir a plena integridade Mais tarde, Luís XIV, o Rei Sol, conhecido
ética de cada membro das pela farta cabeleira, haveria de fazer deles
Forças Armadas, podemos símbolo de luxúria, mandando fabricar pentes
em ouro e prata maciços, cravejados de pedras
garantir a integridade ética preciosas. O cariz luxuoso perder-se-ia com o
das Forças Armadas” tempo, mas o pente – versão mundana, pois –
não mais nos largou o quotidiano. A bem da
JOÃO GOMES CRAVINHO Ministro da Defesa nossa compostura capilar. ● m
Margarida
Matos Rosa
Proativa e
poderosa
Gosta do que faz tanto quanto aprecia
empenho nos colaboradores. Saboreia o tempo
de preparar o jantar para a família. Frequenta
o ginásio, faz menos caminhadas do que devia.
“Para a frente é o caminho”, frase roubada ao
avô materno, é lema de vida.
naque
MAIS
atuações radiofónicas e televisivas e registos de
concertos. Há canções familiares cujo corpo vai
DE 3300
sendo esculpido em privado, alguns inéditos e
declinações em palco do seu repertório. Uma
BATONS
das pérolas reside no disco 2, uma atuação de
Joni Mitchell em Le Hibou Coffee House,
E BATEM
Otava, Canadá, a 19 de março de 1968. A grava-
ção foi efetuada por Jimi Hendrix e dada como
O RECORDE
desaparecida pouco tempo depois, reemer-
gindo há pouco numa coleção privada entregue
à Library and Archives Canada, que a reencami-
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Já está a uso o AUTO- O grande sucesso da Netflix “Squid
voucher, sistema no Game”, uma série marcada pela
che qual os portugueses violência e a carnificina competiti-
r podem recuperar parte
do dinheiro que gastam
vas, vai ter segunda temporada. Sei
de fonte segura que vai ser gravada na
em combustível. Com sede do CDS.
tantas cimeiras do clima a
acontecer, também era de pensar num
PlanetaVoucher, para recuperarmos
parte da Terra depois de a escangalhar-
mos toda por causa do petróleo.
Portugal vai ter mil câmaras na rua para vigiar o cri- O Partido Republicano
me. Não sei se vamos ficar com menos delinquentes, 7 dos EUA tem um novo
mas provavelmente vamos ficar com mais influen- inimigo: o Poupas da
cers. “Mano, faz aí duckface enquanto roubas esta Rua Sésamo. Tudo
loja de conveniência. As calças são da Zara e a naifa porque o Twitter da
da Polux, façam swipe up.” personagem publi-
cou um post a dizer
Entretanto, Bolsonaro
Bolson condecorou-se a si que se tinha vaci-
mesmo com uma medalha de mérito cientí- nado, o que foi enca-
fico. E eu condeco
condecorei-me a mim mesma com o rado como propa-
Nobel da Literatur
Literatura por esta crónica. Espero ganda da esquerdalha.
que estejam cient
cientes do vosso privilégio Faz sentido: pessoas
por terem lido isto. que acham que a covid é
imaginária também se
dão ao trabalho de discutir
8 com pássaros imaginários.
Convidaram-me para uma roda de conversa via zoom de alguém a criar o sorriso de uma criança na doença e
com um colectivo de gente ligada à Operação Nariz até junto da morte?
Vermelho e aos Doutores Palhaços. Em muitas situa- Julgo que foi dos nervos que me pus a falar sem parar
ções da minha vida sinto que sou convidado a desem- quando começámos. Quando fico com medo e não sei
penhar um papel que não mereço e me vejo como um o que fazer, sigo palavras e espero que elas sejam ilu-
embuste. Falar para pessoas cuja bravura consiste em minação, a boca é meu candeeiro, no seu céu vai um
fazer sorrir até crianças hospitalizadas, tantas em es- sol, eu não consigo mais usar os olhos, o caminho é a
tado terminal, é como entreter os deuses com graci- imaginação. Digo que só sei pensar aquilo que sinto.
nhas. Que raio haveria eu de saber que aproveite a al- Comecei a falar sobre isso. Só sei pensar aquilo que
guém que leva a cabo algo assim? Quem sou eu, tão sinto. Talvez conte coisas mais íntimas, mais estra-
pequeno e imprestável, comparado com o tamanho nhas e inesperadas.
Conheço o Luís Almeida do café onde vou há muitos
PALHAÇOS
anos. Conheço-o com seu sorriso fácil, um jeito quase
menino de quem está sempre pronto para brincar, a
bem, a gostar de estar ali, gostar de estar com os outros.
Ser-se palhaço é inusitado mas há um colectivo em
Vila do Conde e habituamo-nos a saber das suas artes
muito fora do circo, muito junto da vasta comédia e do
mais vasto teatro. Eu sabia que o Luís era um actor que
se especializara enquanto artista palhaço, o que eu não
sabia era que virara “Doutor” e enfrentava as crianças
cujos espíritos só se atendem por uma capacidade de
criar alegria mesmo que em cima da pior tragédia. Su-
bitamente, já não sei dizer nada ao Luís. A sua expe-
riência com a vida é muito mais por dentro do absurdo,
do profundo mistério, do que a minha. Os deuses têm
de ser mais parecidos com ele do que comigo. Não so-
mos todos à mesma semelhança do Criador. Alguns de
nós existimos como um esboço ligeiro e talvez procu-
remos definir a forma, conquistar a cor, aprender um
gesto que coincida com o rigor que se esperaria do es-
plendor da essência humana.
O acolhimento que Iêda Oliveira fez da minha pessoa
deixa-me grato e comovido. E saber que os meus livros
aproveitam a quem busca razões para lidar com a tris-
teza a partir de uma necessária opção pela alegria faz-
-me sentir um orgulho infinito. Mas sou o guerreiro
frágil. Aquele que guerreia longe e solitário, sem en-
contrar quem quer salvar, sem me deparar com o ver-
dadeiro inimigo. Sempre absorvo demasiado o sofri-
mento dos outros. Querendo ajudar, também preciso
de fugir. Sou imaturo. A minha gratidão a quem cuida
de alguém é absoluta. Vocês são a lição em que mais
acredito. Aquela que mais quero aprender. ● m
2ª
POR Catarina Silva
OS ROSTOS SEGUNDA-FEIRA
Ricar
Ricardinho
Jogador de futsal
Jogad
Autenticar documentos
Anunciou o adeus à
seleção nacional de
por videoconferência
3ª
futsal, aos 36 anos.
Sai com 187 jogos e os A partir deste dia, os documentos particulares e o
dois principais títulos: reconhecimento de assinaturas passam a poder ser
o Europeu 2018 e o autenticados por videoconferência. Atos como assi-
Mundial 2021. A Fede- nar um contrato de compra e venda de uma casa ou TERÇA-FEIRA
ração ofereceu-lhe o um divórcio por mútuo consentimento vão poder
papel de embaixador ser validados à distância. Na mesma data, a nova Caso Selminho:
vitalício da seleção. Ordem dos Fisioterapeutas vai eleger o primeiro
bastonário. E termina o prazo para as associações
Rui Moreira começa
zoófilas se candidatarem a ser julgado
Luísa Salgueiro aos concursos lançados Os dois concursos lan-
çados pelo Governo
Presi
Presidente da Câmara pelo Governo para compar- preveem apoios diretos A primeira sessão do As celebrações do centená-
de Matosinhos
M ticipar sobretudo despesas julgamento do caso rio do nascimento do Nobel
no valor de 700 mil eu-
da Literatura começam com
A autarca será a nova com produtos e serviços ros e incluem também Selminho, em que o
a leitura em simultâneo em
líder da Associação médico-veterinários. a esterilização presidente da Câmara 100 escolas portuguesas
Nacional de Municí- do Porto, o indepen- de obras do escritor
pios e a primeira dente Rui Moreira, é
mulher no cargo. Foi a acusado de favorecer a imobiliária da família, da
escolha socialista para qual era sócio, está agendada para este dia . O autarca
suceder a Manuel pode perder o mandato na sequência do processo.
Machado. Na mesma data, termina a consulta pública do Esta-
tuto do SNS, que prevê mais autonomia para a
contratação ou para a criação de um regime de
L
Leonardo DiCaprio exclusividade, que impede que médicos que adiram
Ator
A ao regime de dedicação plena ao SNS exerçam
A estrela de Hollywood cargos de chefia e direção no privado. E é também
produziu um documen- neste dia que começam as comemorações do cente-
tário sobre as altera- nário do nascimento de José Saramago (2022).
ções climáticas com
base nos incêndios de
Pedrógão Grande, de
LEITURA DO ACÓRDÃO QUARTA-FEIRA
DO CASO DOS COMANDOS
2017. O filme “From
Devil’s breath” foi
PSD LANÇA LIVRO COM
IDEIAS DE REFORMA FISCAL
exibido durante a
COP26, a cimeira do A leitura do acórdão do boa. O Ministério Públi-
clima, em Glasgow. julgamento do processo co pediu a condenação de
dos Comandos, relativo à cinco dos 19 arguidos a
morte de dois recrutas penas de prisão entre
em 2016, avança neste dois e dez anos. Mais de 30 especialistas
dia, depois de ter sido
adiada em setembro de- Dylan da Silva e Hugo
em fiscalidade aceitaram
vido a problemas técni-
Abreu, à data com 20
anos, morreram durante
o desafio do PSD e avan-
cos de gravação no Tribu-
nal de Monsanto, em Lis-
a “prova zero” que de-
correu em Alcochete
çaram com propostas
para uma reforma fiscal.
“NENHUM DADO INDICA QUE As ideias estão num livro
digital, lançado neste dia,
VENHAMOS A TER UMA CATÁSTROFE que conta com a partici-
4ª
COMO NO INVERNO PASSADO” pação de ex-secretários
Henrique Oliveira
Matemático e professor no Instituto Superior
de Estado do PS.
Técnico, que faz a modelação do avanço
da covid a longo prazo
6ª
nas Lojas do Cidadão
Chega ao fim o período “Casa Aberta”
SEXTA-FEIRA em nove Lojas do Cidadão, que estiveram
abertas com um horário alargado até às 22
horas durante oito sábados, para entrega
e renovação do cartão de cidadão e passa-
GREVE GERAL NOS CTT, ECLIPSE DA porte. No mesmo dia, Bonga celebra 50
EM STOCK ESTÁ
Começa às 10.20 horas. Já em Viseu, a
partir deste dia e até 20 de dezembro, no
SANTOS
no metro, em voos low cost, em iates de luxo.
A empresária angolana mudou de visual
e de atitude. Reergueu-se. E parece pronta
para a luta contra o Governo do país
que se viu forçada a abandonar.
TEXTO Catarina Silva
A
bril de 2021, a celebração dos 48 a Numa publicação
anos como mote – volvidos seis me- de junho deste ano, Isabel
ses desde a morte trágica do mari- dos Santos reconheceu
do, o congolês Sindika Dokolo, ví- estar a “encontrar a estrada
tima de um acidente de mergulho para um novo rumo”,
no Dubai, e mais de um ano depois depois de ultrapassar os
do escândalo Luanda Leaks –, Isa- “obstáculos”. Recuperada
bel dos Santos reaparece. Os cabe- do turbilhão dos últimos
los longos, lisos e escuros desapare- dois anos, a angolana está
ceram, estão encaracolados, curtos agora a contra-atacar nos
e de pontas loiras agora. A mudan- tribunais o Governo que
ça da filha do antigo presidente de acusa de “perseguição
Angola, José Eduardo dos Santos, política”
não se findava no visual, era sinal
de um novo capítulo, de uma nova atitude. A prince-
sa angolana, que já foi considerada a mulher mais rica
de África, com uma fortuna avaliada em 1,8 mil mi-
lhões de euros em 2020 (chegou a ser de 2,9 mil mi-
lhões), parecia, nesse mesmo ano, condenada a viver
longe das luzes da ribalta, abatida e sem glamour, com
o império a desmoronar-se. Mas, depois do luto, vol-
tou a entrar em cena, e em força, em partilhas cons-
tantes nas redes sociais.
Em julho, em férias na Rússia, a terra natal da mãe,
Tatiana Kukanova, as imagens da Praça Vermelha,
em Moscovo, a servir de cenário aos Insta stories da
angolana. Em agosto, a bordo de um iate de luxo na
companhia dos filhos. Depois, a passear-se por Vene-
za ou pelo Vaticano, em Itália. Nas publicações, tam- 6 Aos 48 anos, a imagem
bém surgem vídeos a viajar de metro ou em voos low da princesa africana
cost lotados. A imagem mudou. E parece empenha- mudou. Trocou os cabelos
da em viver a vida... e em mostrar como a vive. longos e escuros por
A residir no Dubai, onde se autoexilou depois de caracóis definidos e de
todo o alarido, começou a fazer exercício, descobriu pontas loiras. A reboque
a paixão pelo desporto. E emagreceu. Acorda todos da mudança, diz estar
os dias às seis e meia da manhã e às 7 horas já está a fa- agora mais focada na
zer kickboxing, jogging ou pilates. Também faz me- família e nos filhos, numa
ditação. As muitas imagens ousadas em biquíni que fase “mais espiritual”
publica são o carimbo da confiança que decidiu ves- e com “energia positiva”
tir nos últimos meses. "O caminho é difícil, é um dia
de cada vez, não há milagres. Mas a estrada faz-se ca-
minhando e aprendi que todos os dias tenho de agra-
decer o facto de acordar, de estar com a minha famí-
lia. Tem sido um processo.” As palavras são da pró-
pria, declarações a um podcast angolano este ano, em
que surgiu de cabelo entrançado. Foi aí que assumiu
ter agora uma “vida diferente”, estar num “estado
mais espiritual” e com “energia positiva”.
FAMÍLIA É A PRIORIDADE
Os quatro filhos, três rapazes e uma rapariga, entram
no quadro. A família é a grande prioridade. “O meu
filho mais novo ainda é muito pequenino [três anos]
e precisa muito de mim. Hoje, o que eu quero é ser
mãe dos meus filhos.” E levanta cada vez mais o véu
à vida privada, como quando mostrou a homenagem
ao marido, na data em que se assinalou um ano da sua no fundo, um branqueamento de imagem.” Manuel Sempre foi bastante fugidia a empresária, discreta na
morte, há menos de um mês. Ou como quando par- Dias dos Santos, sociólogo e historiador, da Platafor- exposição pública. Nada como agora, em que dá ares
tilha imagens antigas do homem com quem esteve ma de Reflexão Angola, conhece bem a família. E tem de abertura.
casada cerca de 18 anos. poucas dúvidas. “Estas partilhas visam fundamen- Afastou-se de Angola, “é óbvio que ela não se sente
“Na prática, o que Isabel dos Santos procura com talmente os angolanos, passar a ideia de humildade, segura lá”. E tanto está no Dubai, como em trânsito.
esta aparente exposição pública é conquistar a sim- simplicidade, proximidade. Todos sabemos que Isa- “Tem uma vantagem, é titular de mais do que uma
patia e uma certa redenção em relação a todo o envol- bel dos Santos, nos seus tempos áureos, não tinha nacionalidade, o que lhe permite circular em vários
vimento que tem no estado a que Angola chegou. É, essa relação de proximidade nem de visibilidade.” Estados de forma corrente.” Isabel dos Santos tem ci-
Isabel dos Santos, através dos negócios que a empre- a No final de agosto,
sária mantinha em Portugal, diz que a imagem era a Isabel dos Santos
de “uma mulher lutadora e reservada, no sentido em passeou-se por Itália.
que gostava de manter o recato mediático, não era Em Veneza, a angolana
muito espalhafatosa”. E mais: “Era uma pessoa com foi partilhando alguns
ideias claras relativamente aos negócios, ao que que- momentos da viagem
ria fazer, o caminho a seguir, bastante esclarecida. E com os seguidores
determinada. Com força para agarrar um projeto e le-
vá-lo por diante”. Aliás, o discurso de Isabel dos San-
tos batia com a imagem que faziam dela: chegou onde
chegou, num país de tanta miséria, graças à sua visão i A empresária
empresarial. aproveitou a estadia
Mas basta voltar a janeiro de 2020 para ver a bomba no verão em Itália, que
explodir. O Consórcio Internacional de Jornalismo se estendeu por largas
de Investigação revelou mais de 715 mil ficheiros, os semanas, para visitar o
famosos Luanda Leaks, que detalham alegados es- Vaticano, em setembro,
quemas financeiros de Isabel dos Santos e do mari- e recordar o falecido
do, que entretanto morreu, que lhes terão permiti- marido, pai dos seus
do retirar dinheiro do erário público angolano atra- quatro filhos, Sindika
vés de paraísos fiscais. Destaque para um esquema Dokolo. Na publicação,
de desvio de 115 milhões de dólares da Sonangol, da assumiu a sua dor
qual a angolana foi presidente, para uma conta no Du- pela perda e escreveu
bai. Ou o esvaziamento de todo o saldo da companhia que “não existem
petrolífera numa conta do Eurobic Lisboa um dia de- despedidas fáceis”
pois de ter sido demitida da Sonangol pelo novo pre-
sidente angolano.
de perseguição que o pai dela e ela própria usaram.” empresa nacional de energia angolana e foram trans- M Foi em abril de 2021
A verdade é que, segundo Manuel Dias dos Santos, feridas para o nome de Isabel dos Santos. É inevitá- que a empresária
“o grande drama em relação a esta investigação é que vel: a empresária não pode ser vista à distância da go- reapareceu com o novo
muita da transferência de capital público para as mãos vernação de José Eduardo dos Santos. “Angola atri- visual e uma imagem de
de Isabel dos Santos foi feita por decreto presiden- bui tanto poder ao poder executivo que lhe permite força, preparada para dar
cial, pelo seu pai, o que do ponto de vista legal são governar assim, por decretos presidenciais.” E talvez luta, nas redes sociais
transferências legítimas”. O caso da Efacec é o espe- por isso o caso seja uma pescadinha de rabo na boca. e nos tribunais
lho disso: originalmente as ações eram detidas pela “Quem mais saiu a perder com tudo isto foram os
A
maternidade de algas é um pequeno compartimento cheio A, D, E, são uma alternativa às proteínas animais, as mais consu-
de frascos a borbulhar e dentro deles espécies que nascem midas são a Clorela e a Espirulina. “As algas aparecem em primei-
em diferentes tamanhos, feitios e cores. Exemplares pre- ro lugar nos novos produtos sustentáveis”, realça a bióloga. E têm
ciosos supervisionados com cuidado. Cá fora, três dos 14 conquistado terreno na alimentação humana, nas rações para ani-
hectares de umas antigas marinhas de sal são os lugares mais, nos fertilizantes, na cosmética, na remoção de poluentes da
onde a empresa Algaplus produz macroalgas em Ílhavo, água, na produção de combustível de baixo impacto ambiental, em
com a ria aos pés e o mar por perto. Há algas lá dentro, há algas cá testes para novas terapêuticas na saúde.
fora. Todo o ano. Helena Abreu não esconde a ambição da Algaplus. “Democrati-
A Algaplus surgiu em 2012 e desbravou caminho, quando ainda zar o consumo de algas.” Parece simples, mas, por cá, é complica-
não havia legislação, licenças, nem sequer um modelo de negócio do. Em todo o Mundo produzem-se 30 milhões de toneladas por
no país. Na Europa, é pioneira no cultivo controlado e sustentável ano, sobretudo na Ásia, a empresa de Ílhavo anda pelas 30 tonela-
de macroalgas do Atlântico em aquacultura. É cultivo que não pre- das, espera crescer e chegar às 160 em 2022. Há certezas que entu-
cisa de terra arável, água potável ou fertilizantes. Helena Abreu é siasmam e dão ânimo: tem matéria-prima de qualidade o ano in-
bióloga marinha, uma das fundadoras da Algaplus, estuda macroal- teiro e sabe o que mercado precisa porque nunca deixou de olhar
gas desde 1998, conhece-lhe as propriedades e qualidades, bem para a forma como o setor se move e trabalha além-fronteiras. “Nun-
como o tremendo esforço que tem sido feito para colocar o setor no ca tivemos dificuldade em escoar produto”, garante.
mapa. “Derrubámos muitas barreiras para a obtenção de licença e Mais a sul, no Parque Natural da Ria Formosa, em Olhão, a Nec-
certificação biológica”, recorda. ton – Companhia Portuguesa de Culturas Marinhas SA dedica-se
As algas são antioxidantes, ricas em iodo, ferro, cálcio, magné- à produção de microalgas e de sal marinho tradicional. É a mais an-
sio, potássio, baixo teor de gordura e de açúcar, alto teor de fibra nos tiga da Europa a produzir microalgas, desde 1993, e a primeira a
produtos dietéticos e suplementos alimentares. Proteína vegetal vender produtos de microalgas no continente europeu, em 1999.
que dá textura na cozinha, que aguenta bastante tempo na prate- “Nascemos muito cedo, criámos os mercados, produzimos a tec-
leira com propriedades anti-inflamatórias e antibacterianas. Con- nologia, fomos ver onde podíamos vender o nosso produto”, lem-
têm aminoácidos essenciais, ácidos gordos essenciais, vitaminas bra João Navalho, biólogo marinho, um dos fundadores da Nec-
A
cratera Ramon, no deserto de Ne- isso geralmente é possível, mas a bordo de um sub- flito por resolver num espaço confinado, durante
guev, em Israel, é uma mistura de marino não há essa possibilidade e no espaço ela só meses ou anos, com um ambiente extremo lá fora é
superfícies rochosas e de areia mui- existe quando se fazem atividades extraveiculares. um problema sério.
to semelhante aos desfiladeiros de Todos esses aspetos têm impacto a nível fisiológi-
Valles Marineris, no planeta Mar- co e psicológico. “A ausência de ritmos naturais de 520 DIAS EM MARTE
te. Foi lá que, entre 4 e 31 de outu- luz solar – por exemplo, ser sempre dia ou sempre Em novembro de 2011, emergiram de uma estrutu-
bro, aconteceu a missão AMADEE- noite – desregula o sono e os níveis de cortisol. Em ra de algumas centenas de metros cúbicos, situada
-20, uma simulação muito próxi- consequência disso, aumenta a irritabilidade e o em Moscovo, seis homens que não viam a luz do Sol
ma do real de uma missão humana stress”, destaca o investigador. havia 520 dias. A experiência, levada a cabo pela Agên- ➊
a Marte, organizada pelo Fórum Es- Quanto mais tempo decorre, maiores os riscos. “Em cia Espacial Europeia, em colaboração com o Institu-
pacial Austríaco (OewF). A equipa missões de apenas algumas semanas o número de to de Problemas Biomédicos, tinha como principal
➋
de seis astronautas análogos – os conflitos habitualmente é baixo ou focado maiori- objetivo avaliar problemas associados a um confina-
que simulam na Terra as missões tariamente no trabalho em si.” Mas, passados três a mento prolongado. Esses seis “astronautas” ficaram
espaciais – teve aos comandos o seis meses, aumenta bastante. “Escala tanto em fre- em confinamento contemplando 250 dias de viagem
português João Lousada. O engenheiro aeroespacial quência como em gravidade, sendo focados maiori- de ida para Marte, 30 de permanência no planeta e
de 32 anos é diretor de voo do módulo Columbus, da tariamente nas relações entre os membros das equi- 240 para a viagem de regresso à Terra, na primeira si-
Estação Espacial Internacional, e, além disso, é as- pas”, salienta Pedro Marques-Quinteiro. E um con- mulação deste género alguma vez feita. O sono-vi-
tronauta análogo em missões como esta, que pre-
tendem ser ferramentas de aprendizagem e teste
OEWF/PAUL SANTE
para futuras missões ao planeta vermelho. ➌
“O ambiente espacial não perdoa: qualquer falha,
quer nos sistemas, quer na tripulação, pode ter con-
sequências fatais. O objetivo destas missões é dete-
tar problemas, não só nos processos e equipamen-
tos, mas também nas pessoas e equipas, com o con-
tributo da psicologia”, resume o João Lousada. “Isso
é essencial para planear métodos para manter a mo-
tivação do grupo durante a missão e para saber que
tipo de pessoas escolher para ir a Marte. Se os fato-
res psicológicos não são pensados, isso pode ter con-
sequências críticas.” Essa seleção, de resto, aplica-
-se também a estas missões em terra. Para conquis-
tar a posição de astronauta análogo, João Lousada
teve de realizar centenas de testes individuais rela-
cionados com a preparação física, conhecimentos
técnicos e científicos e perfil psicológico.
Ao longo das quatro semanas de missão, a AMA-
DEE-20 fez dezenas de experiências nas áreas da en-
genharia, medicina, astrobiologia e robótica. Mas
não deixaram de lado os fatores humanos e a psico-
logia: foram recolhidos dados para posterior análise
sobre questões como a densidade social ideal dentro
do habitat em Marte, a utilização da Terapia de Acei-
tação e Compromisso para melhorar a flexibilidade
OEWF/FLORIAN VOGGENEDER
gília dos participantes foi monitorizado e, uma vez dentes. Em 2009, um dos seus colegas precisou de ir
por semana, faziam vários testes e questionários para ao dentista, mas isso é tudo menos fácil em pleno in-
avaliar o estado psicológico. verno antártico. “Ele teve sorte: estava um navio de
Tendo por base os dados recolhidos com essa expe- patrulha nas proximidades que o pôde ir buscar uma
riência de 17 meses, foi publicado na revista científica semana depois e foi levado até às Ilhas Falkland, a cin-
“Plos One”, em 2014, um artigo chamado “Mudanças co dias de distância.” Fez a consulta e esperou por um
psicológicas e comportamentais durante o confina- novo navio de patrulha para regressar. “Resumindo:
mento de 520 dias numa simulação de missão inter- uma situação que em Portugal se poderia tratar num
planetária a Marte”. Vale a pena destacar alguns dos dia, demorou três ou quatro semanas a resolver.”
achados: um dos participantes reportou sintomas de O cientista polar entende que para lidar com o iso-
depressão em 93% das semanas de missão; os dois tri- lamento é preciso altruísmo. “Existem pequenas ca-
EWAN EDWARDS
pulantes que tiveram valores mais elevados de stress racterísticas que podem ajudar, como ter boa dispo-
foram responsáveis por 85% dos conflitos, sendo que sição e bom senso, ser organizado, dedicado, positi-
um deles desenvolveu uma insónia persistente, com vo e motivado. Mas o altruísmo é essencial, porque
cansaço diurno e défices no estado de alerta. Dois mem- todos precisamos uns dos outros. O meio que nos ro-
bros da tripulação, por outro lado, não mostraram qual- deia é extremo e a segurança de cada um depende dos
quer distúrbio comportamental ou sofrimento psico- outros colegas.”
lógico. Os resultados são autoexplicativos: é muito im- Essa união parece ser mais fácil de manter entre a
portante identificar marcadores psicológicos, com- equipa no terreno. No estudo Marte 500, por exem-
portamentais e biológicos que permitam selecionar plo, o conflito com o controlo de missão foi cinco ve-
uma tripulação de uma missão espacial prolongada zes mais frequente do que o dos tripulantes entre si.
que possa sentir-se bem e manter-se eficaz. “À medida que o tempo passa, aumenta a descone-
Ainda há muito por saber, mas a investigação mos- xão entre quem está em campo e no centro de con-
tra que existem características-chave nesta seleção. trolo e as equipas no terreno querem mais autono-
A estabilidade emocional é uma delas. “As pessoas mia”, realça Pedro Marques-Quinteiro, que já este-
com pouca expressão emocional ou muita variabi- ve ele próprio na Antártida por duas vezes. “Isto está
lidade emocional tendem a ter respostas desajusta- relacionado com pensamentos que surgem na equi-
das na gestão dos conflitos”, observa Pedro Marques- pa de campo, como: ‘Nós, que estamos aqui, é que sa-
-Quinteiro. Outro atributo essencial, segundo o in- bemos. Eles, que estão lá, não sabem nada’.”
vestigador, “é a capacidade cognitiva geral – uma Esse é um tema muito familiar a João Lousada, que
medida de inteligência geral – que é o melhor predi- no dia a dia está no centro de controlo, como diretor
tor da capacidade de adaptação a imprevistos, estan- de voo do módulo Colombus, da Estação Espacial In-
do associada à criatividade, pensamento abstrato e ternacional, em contacto com os astronautas, fazen-
capacidade de implementação de soluções”. Por fim, do o planeamento e definindo procedimentos e, nas
algo talvez mais inesperado: o sentido de humor. “É missões análogas, está do outro lado, com as mãos na
uma estratégia de coping [ou estratégia de enfren- massa. E numa missão a Marte a questão da autono-
tamento] muito eficaz. Ter na equipa alguém que mia da tripulação vai ser absolutamente central.
sabe fazer os outros rir contribui muito para o moral “Não é possível resolver problemas de forma inter-
e para a motivação.” ativa: uma mensagem da Terra a Marte demora entre
Estes três são os fatores base, absolutamente de- 8 e 20 minutos, para cada lado. Isso significa esperar
terminantes – apesar de pouco treináveis. “Além dis- até 40 minutos por uma resposta”, lembra o astronau-
so são importantes as chamadas soft skills [compe- ta análogo. Em Israel, foi precisamente um dos aspe-
tências interpessoais], como a capacidade de traba- tos que testaram. Durante a fase de simulação, além
lhar em equipa, a gestão de conflitos e a aprendiza- de só poderem sair do habitat com o fato Aouda vesti-
OEWF/FLORIAN VOGGENEDER
gem de estratégias de coping ajustadas, essas sim, al- do – um simulador de fato espacial que pesa cerca de
tamente treináveis com a ajuda de psicólogos.” 50 quilos e demora três horas a colocar –, tiveram sem-
pre um atraso de dez minutos nas comunicações (em
ISOLADOS E CONFINADOS, MAS AUTÓNOMOS ambos os sentidos) com o centro de controlo da mis-
O biólogo marinho José Xavier, professor e investi- são, em Innsbruck, na Áustria. “Com este atraso, te-
gador do Centro de Ciências do Mar e Ambiente, da mos de ter muito mais autonomia, para resolver os
Universidade de Coimbra, já fez mais de dez expedi- nossos próprios problemas, para planear o dia de acor-
ções à Antártida. Ao todo, já passou três anos no con- do com o que vai surgindo, tendo iniciativa e capaci-
tinente mais frio, mais seco e ventoso do Planeta, por dade de decisão – e isso é muito diferente do que tem
vezes, durante nove meses seguidos, em pleno in- acontecido nas outras missões espaciais.”
verno antártico. Apesar do conforto dentro da base, A maneira de comunicar de uma futura missão a Mar-
isso significa “temperaturas exteriores que podem te está também a ser testada nestas simulações. Não
chegar aos 30 graus centígrados negativos e quatro só do ponto de vista operacional, como também das
horas de luz por dia”, sublinha. comunicações dos tripulantes com a família, especi-
O biólogo, que escreveu o livro “Experiência An- fica João Lousada. “Porque é certo que uma missão a
tárctica – Relatos de um cientista polar português”, Marte terá de selecionar pessoas que estejam aptas
considera que o maior desafio destas expedições é o para lidar com o isolamento, mas também tem de lhes
isolamento. Cita um exemplo: uma simples dor de dar oportunidades de não se sentirem tão isoladas.” ● m
avenida
POR Sara Dias Oliveira
Benjamim, 7 anos
O que querias ser quando eras
criança?
Queria descobrir a cura para as doen-
ças, fosse cientista, fosse médica. Mas
também gostava de ser uma coisa, mui-
to, muito diferente, que era ser canto-
ra. Queria fazer as duas coisas ao mes-
mo tempo.
A cientista que
em pequena estive muitas vezes no e estou associada a um projeto muito
médico, sempre com algum problema giro que se chama “Cientista Regres-
de saúde. Então, pensei que quando sa à Escola”. A ideia desse projeto é a es-
também canta
crescesse queria muito saber como é cola básica receber alguém que tenha
que as doenças eram e como é que eu sido aluno dessa escola, se tenha tor-
podia curar essas doenças. Por isso, por nado cientista e agora regressa à sala
volta dos sete, oito anos, no Natal, ofe- de aula para fazer experiências com os
receram-me um microscópio de brin- meninos.
A Mariana e o Benjamim entrevistaram car e eu lembro-me que disse: “Uau,
Teresa Serafim, que integra o projeto gosto mesmo disto!”. Isso ficou na mi-
nha memória. Tive outros gostos pelo
Quais eram as tuas disciplinas favo-
ritas?
“Cientista Regressa à Escola”. caminho, mas o gosto pela ciência co- Gostava muito de Ciências Naturais e
meçou aí. de Matemática.
O DIA DE FESTEJAR A
SIMONE GIOVANARDI
TAG.JN.PT
FILOSOFIA ESTÁ A CHEGAR
O Dia Mundial da Filosofia celebra-se na Estas atividades requerem inscrição e
próxima quinta-feira, dia 18, e há formas de decorrem de forma digital, e o objetivo é
o aproveitar, dentro e fora de portas, para praticar o pensar, falar e escutar. Um espaço
todas as idades – porque a Filosofia também para jovens e adultos, “que convida ao ENCONTRADO
é para crianças e jovens. diálogo, ao pensamento e à troca de ideias”. FÓSSIL DE CRISE
“Temos a ideia que o filósofo é um homem Mas os festejos do Dia Mundial da Filoso- PINGUIM GIGANTE POLÍTICA: O
antigo que só lê livros que cheiram mal”, fia também podem ser aproveitados com as QUE ESTÁ EM
resume Joana Rita Sousa. Mitos da filosofia atividades regulares da Filocriatividade. Um grupo de crianças CAUSA?
que a responsável pela Filocriatividade, O Clube de Leitura em Voz Alta, também encontrou na Ilha Sul
projeto dedicado a oficinas e atividades filo- com o apoio do Plano Nacional de Leitura, da Nova Zelândia, no A maioria da Assem-
sóficas para crianças, quer derrubar. está incluído na programação regular do verão de 2006, um bleia da República
A primeira recomendação de Joana Rita projeto e a próxima sessão acontece no fóssil de um pinguim. votou contra o Orça-
Sousa para comemorar o mês da disciplina próximo domingo (21). Três dias depois, em Confirma-se agora, mento do Estado
recai na quarta edição do Festival de Filoso- parceria com a Academia Gerador, Joana pela publicação numa 2022. O presidente
fia de Abrantes, que se realiza de quinta (dia Rita Sousa apresenta o workshop “Treinar o revista científica, que da República avisou
17) a sábado (20). O mote do festival é, pensamento crítico”, que está aberto a se trata de uma espécie que se isso aconte-
também, mostrar que há espaço para todas todas as idades. “Já tivemos participantes gigante, com cerca de cesse dissolvia o
as idades, num movimento que pretende dos 11 aos 60 anos.” Durante todo o ano há 1,38 metros e que viveu Parlamento. Ou
tornar a filosofia mais popular. ainda o “Clube de Perguntas”, mediante há entre 27,3 e 34,6 seja, vamos ter de
Ainda a propósito da comemoração da inscrição, que treina a arte de perguntar e milhões de anos. voltar às urnas antes
data, a Filocriatividade preparou atividades pode ser realizado em família. do tempo. Uma
exclusivas. No dia 23, ocorrerá o direto O objetivo da Filocriatividade é “levar a crise política que
“Livros Perguntadores” no Instagram, em Filosofia às pessoas” que não têm o hábito põe as medidas e os
pareceria com o Plano Nacional de Leitura. de conviver com ela. Joana Rita Sousa investimentos que
“Uma conversa sobre livros para pessoas lembra que são os adultos que “ainda têm estavam previstos
que querem treinar a curiosidade.” medo daqueles textos que os traumatiza- em standby. Lê tudo
Há ainda a oportunidade de assistir ao ram no Secundário”, mas diz que os mais no site do TAG.
“Café Filosófico”. A próxima sessão, pequenos entendem o lado útil da Filosofia,
amanhã (dia 15), tem como tema “Filosofia que consiste, na prática, em “investigar o
para mortais”. Para 29, uma segunda-feira, a que nos deixa curiosos”. ● m
conversa será sobre “Perguntas por fazer”. SARA SOFIA GONÇALVES
FREEPIK.COM
JOVEM SALVA
POR GESTO VIRAL
DO TIKTOK
Uma jovem de 16 anos EU RECICLO,
foi salva na Carolina do TU RECICLAS…
Norte, EUA, depois de NÓS
dois dias sequestrada, RECICLAMOS!
devido a um gesto que
aprendeu na rede social “Reciclar é na boa!
TikTok. “Signal for help” Eu até reciclo! Mas…
serve para pedir ajuda Ainda posso fazer
de forma discreta e foi mais? Claro que sim!”
criado por uma asso- É esta a mensagem
ciação de apoio às da Academia Ponto
mulheres. Uma mulher, Verde, dirigida às
que circulava na escolas, comunida-
mesma autoestrada em des e a todos os
que seguia o carro com jovens. São desafios
a jovem, reconheceu o engraçados que
gesto e alertou as auto- podes experimentar.
ridades. O sequestra- Sabe mais em
dor foi detido. tag.jn.pt.
Conversas de chacha
que são bem mais
do que isso
Porque é que os diálogos triviais do nosso
dia a dia são tão importantes para mantermos
a nossa sanidade mental? A questão que
os confinamentos vieram exponenciar.
to. Além de que muitas vezes são uma boa forma de darmos umas tar as pernas logo quando estavam a começar o processo de sociali-
gargalhadas, porque é habitual abordar-se nestas conversas te- zação.” Mas com algumas diferenças consideráveis em relação aos
mas ligeiros, episódios corriqueiros, com algum sentido de hu- adultos. Por um lado, o facto de, para os jovens, a componente on-
mor, num tom jocoso.” line ter servido “um bocadinho de substituição”. Por outro, uma
Já há cerca de um século o polaco Bronislaw Malinowski, consi- menor capacidade de refletir sobre o assunto.
derado o pai da Antropologia Social, defendia que as “small talks”, Ana Pato destaca ainda uma outra questão, com implicações po-
o termo britânico para estas conversas de circunstância, não eram tencialmente mais gravosas. “Notei que estas conversas que não
de domínio exclusivo das sociedades ocidentais. E que o objetivo existiram condicionaram muito a confiança de alguns destes jo-
não passava por comunicar ideias, mas sim por cumprir uma fun- vens. Porque, sobretudo nestas idades, estes diálogos aparente-
ção social: a de estabelecer vínculos pessoais. mente irrelevantes ajudam a dar segurança para interagirmos mais
Ana Pato, psicóloga clínica, alinha pelo mesmo discurso. Susten- e melhor. Depois do confinamento, ficaram mais inseguros. Mui-
ta até que as supostas conversas de chacha dão resposta a uma “ne- tos diziam que parecia que já nem sabiam o que dizer, era como se
cessidade inata”, na medida em que somos um ser eminentemen- estivessem a falar com o outro pela primeira vez.”
te social. E que acabam por preencher outros parâmetros que, em
maior ou menor escala, todos procuramos. A aprovação, a consta- O fascínio da imprevisibilidade
tação do interesse do outro em ouvir o que temos para dizer, uma Mas há outros atributos que justificam a atratividade destas “small
certa forma de validação. A especialista concretiza. “Às vezes, é o talks” com estranhos – ou pessoas com quem mantemos apenas
apoio do outro, o facto de nos queixarmos do marido, o sentirmos relações superficiais. Um deles prende-se com a imprevisibilida-
que somos ouvidos por pessoas que não têm a ‘obrigação’ de nos de. Se nos diálogos de âmbito familiar à partida já sabemos com o
ouvir, um colega de trabalho que acha interessante o que estou a que podemos contar, que mais não seja por conhecermos previa-
dizer, alguém que quer ouvir a minha opinião sobre um dado as- mente a postura e as opiniões das pessoas que nos rodeiam, com es-
sunto. Mais do que uma necessidade de socialização, há também tranhos tudo será uma incógnita. “Introduz-se aqui um elemento
uma necessidade de aprovação externa.” desafiante, porque a verdade é que essas conversas também podem
acabar por ser desconcertantes. E o risco cria aqui uma sensação de
Um aviso chamado pandemia desafio”, aponta Alexandra Lopes.
E, se para uma boa parte de nós esta necessidade andava ali camu- A socióloga enfatiza ainda outros dois pontos, que podem ajudar
flada, a fazer-se despercebida, tudo mudou com a chegada da pan- a perceber a queda para estas conversas. “Por um lado, às vezes é
demia e os consequentes confinamentos que nos boicotaram até mais fácil contarmos um dado problema a um estranho, por causa
as conversas de circunstância. Ana Pato, que na clínica privada da questão da previsibilidade. Não no sentido de anteciparmos o
onde trabalha atende crianças, jovens e adultos, garante que, ao que o outro vai dizer, mas porque o facto de se tratar de um estra-
longo dos últimos meses, se deparou com inúmeras queixas nes- nho de alguma forma nos dá a sensação de que não haverá conse-
se sentido. “Os adultos, sobretudo os que têm filhos, diziam que quências. Porque a relação começa e acaba ali. Um estranho é mui-
precisavam muito de contacto com outros adultos, mesmo que tas vezes um ouvinte conveniente.” Além de que estes diálogos
fosse só aquela pausa de cinco minutos no trabalho, para manter também nos podem ajudar a pôs os problemas em perspetiva. “Há
a sanidade mental. Algo que lhes permitisse sair de um mundo que questões que num círculo mais fechado podem ganhar uma im-
ficou cingido às crianças e às tarefas domésticas. Mesmo que se- portância muito grande e, quando falamos delas e começamos a
jam aquelas coisas mais pequenas, as próprias cusquices, são coi- aperceber-nos que são questões que outros também têm, acaba-
sas que nos ajudam a completar a nossa rotina e dar-nos a energia mos por relativizar.”
de que precisamos.” E aqueles casos, que em maior ou menor quantidade todos co-
A psicóloga diz mesmo que sentiu muita gente a sufocar dentro nheceremos, de pessoas que tentam a todo o custo evitar conver-
da rotina, gente que procurava esses contactos sociais fugidios – às sas triviais, porque simplesmente não as suportam? Dada a fun-
vezes até uma “ida ao lixo” – como um “vir à tona para respirar fun- ção social das mesmas, será essa aversão um sinal de alerta? Nem
do”. Interações que, afinal, “fazem muita diferença e cuja neces- tanto. Ana Pato ajuda a definir a linha entre o que pode ser um mero
sidade se acentuou durante a pandemia”. “Mostrou-nos algo que traço de personalidade ou um eventual sinal de alerta. “Se essas
sempre lá esteve.” conversas forem típicas da personalidade da pessoa e de repente
E nem os mais novos escaparam. “Mesmo para eles fazia muito esta se tornar muito fechada, isso deve preocupar. Porque esse si-
sentido ter estas pequenas conversas, totalmente irrelevantes. Co- lêncio pode ser uma capa para esconder alguma coisa. Mas depois
meçaram a acusar muito, mesmo a nível comportamental. Mui- também há pessoas com personalidades mais fechadas que sim-
tos ficaram mais agitados, mais agressivos, com uma necessidade plesmente não sentem tanto essa necessidade.” Vai uma conver-
de autorregulação muito superior. Sentiam que lhes estavam a cor- sa de chacha? ● m
Espelho meu,
espelho meu
O problema é que o mundo Ao ver os quatro míticos suecos em estúdio,
não foi fácil reconhecê-los, embora não este-
atual não permite que jam assim tão diferentes. Claro que não estão,
ninguém envelheça. Talvez são as mesmas pessoas. O que lhes aconteceu
os Abba tenham encontrado é a vida: chama-se envelhecimento.
O problema é que o mundo atual não per-
na digressão virtual a solução mite que ninguém envelheça. Talvez os Abba
ideal para não se cansarem. tenham encontrado na digressão virtual a so-
lução ideal para não se cansarem, e para que a
sua imagem se eternize naquela que o mundo
Não teve uma infância feliz quem não foi à conhece. E agora uma pergunta de um milhão
Feira Popular, não andou na Roda Gigante, de euros: não será essa a imagem que o mun-
não se lambuzou com algodão-doce, não se do quer?
aventurou no Comboio Fantasma e não en- Podemos, através de hábitos saudáveis de
trou na Casa dos Espelhos. vida como dormir bem, comer melhor, prati-
Talvez esta última atração, singela e algo car exercício físico e treinar a felicidade, atra-
torpe, fosse a que me causava mais espanto. sar o envelhecimento e melhorar os dias. E
De espelho em espelho, a minha imagem podemos usar todos os filtros do Instagram
monstrizava-se: ora tinha as pernas como es- para enganar o tempo e a realidade. Existem
tacas, ora o tronco se assemelhava a um co- aplicações para apagar rugas, estreitar a cintu-
queiro, ora a cara parecia uma caraça deforma- ra, alongar as pernas, alterar a forma do nariz,
da que lembrava quadros que já vira e não acrescentar pestanas, cabelo e peito. Tudo
conseguia entender: “As meninas” de Picasso, isto é muito bonito, mas faz-me lembrar a
inspiradas nas de Velázquez, ou “O grito” de Casa dos Espelhos, porque a imagem criada é
Munch.
M uma projeção idealizada, distorcida da reali-
Lembro-me de a abandonar sempre com dade, que torna reféns as cabeças mais fracas.
u
uma vaga sensação de enjoo. A disformidade E parece-me bastante inútil, porque quem
aassustava-me e o ruído confuso e agressivo da nos ama, vê-nos para lá de todos os sentidos.
ffeira não me dava descanso. Em breve, um Quando alguém viveu na nossa cabeça e no
ccondomínio de luxo irá erguer-se naquele ter- nosso coração durante muitos anos e passá-
rreiro que foi palco de memórias da infância de mos algum tempo sem o ver, o primeiro im-
ttantas gerações. Quando levava o meu filho pacto traz-nos a imagem atual, mas rapida-
eem criança, nenhum de nós imaginava que a mente o nosso cérebro regressa ao passado.
Feira Popular ia desaparecer. A geração South
F Instantes depois, aquela pessoa volta a pare-
P
Park tem outra relação com o absurdo, está cer igual à que amámos há 10 ou há 20 anos.
p
preparada para muito mais coisas do que nós. “Estás cheio de brancas, mas o sorriso é o
As suas gargalhadas delirantes ecoam ainda
A mesmo, vejo-te igual”, dizemos com um sor-
n
na minha memória de mãe, perante as suas riso tímido, desejando que o outro também
p
pernas de gigante, os braços de alienígena e as nos veja com o coração.
ccaretas horrendas. O espelho não sabe nada. O amor é que
Quarenta anos depois do seu último grande sabe, incluindo o amor-próprio. ● m
ssucesso – e não foram todos? –, a maravilhosa
banda pop que pôs a Suécia no mapa voltou a
b
ggravar um álbum. O que os fez criar um show
v
virtual para fazer uma digressão mundial dei-
xou-me intrigada. O projeto é baseado na mo-
x
d
derna técnica do “deep fake”: a partir de uma
aagregação de dados visuais e sonoros, é fabri-
ccada uma imagem tão realista que nos faz
aacreditar que Agnetha, Anni-Frid, Bjorn e
B
Benny estão lá.
LÚPUS:
O CORPO NUMA
LUTA PERMANENTE
Lesões cutâneas, aftas, dores articulares e cansaço
extremo são as manifestações mais frequentes
de uma doença autoimune que afeta
mais de dez mil portugueses.
HRASKA - STOCK.ADOBE.COM
RECEITAS 2 EM 1
POR Ana Bravo
Nutricionista, autora e blogger (Nutrição com Coração)
TODOS OS MESES,
AS MINHAS RECEITAS TÊM
UM ALIMENTO EM DESTAQUE.
EM NOVEMBRO É O KIWI
Nativos do sul da
China, os kiwis
apresentam uma casca
fibrosa, acastanhada,
coberta de pelos, com
polpa suculenta (verde
ou amarela) e com
sabor agridoce.
Trata-se de uma planta
de clima temperado,
sendo produzida
em várias regiões
do Planeta, incluindo
no nosso país.
Há algumas variedades,
PUDIM INGREDIENTES Preparação ❶ Misturei as se-
por exemplo a
mentes de chia com a bebida ve-
designada de baby kiwi,
DE CHIA 200 ml bebida de amêndoa
2 colheres de sopa (rasas)
getal e deixei repousar durante
a noite (ou pelo menos três ho- que é mais pequena
COM KIWI de sementes de chia
1 kiwi
ras, mexendo de vez em quan-
do durante a primeira hora).
e cuja casca não
1 colher de café de mel (opcional) ❷ Descasquei o kiwi e cortei apresenta pelos. É mais
Compõe um lanche 2 colheres de sopa de aveia puff metade em rodelas e metade em doce (menos ácido do
ou um pequeno-almoço (para servir) cubos. ❸ Servi o pudim com o que os seus parentes de
kiwi, a aveia puff e mel.
e marca a diferença maior tamanho, com
em textura, sabor e composição nutricional
composição nutricional. semelhante).
Pode dar-lhe um toque
especial, aromatizando-o Uma pessoa
com raspas de citrinos 3 horas
ou especiarias. Fácil
CORRIDA
LEVAR AS SAPATILHAS
NA MALA E DESCOBRIR Polónia
O MUNDO perseguir a história,
com José Luís Peixoto
Nantes
viagem ao centro da
terra de Júlio Verne
Natureza
a vida selvagem em
fotos incríveis
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Ambiente
os indígenas que salvam
o Planeta
OU WWW.VOLTAAOMUNDO.PT
esti-
los IDEIAS
POR Sara Dias Oliveira
SÃO JOIAS,
SENHORES,
SÃO JOIAS
Anéis, pulseiras e colares de prata, simples
e minimalistas, em duas coleções exclusivas.
O designer Filipe Fonseca criou a I Cognito
para homens com atitude, personalidade
vincada, que gostam de arriscar.
res dos Reis, no Porto, e voltou à área car pela diferença, marcar a nossa iden- lançar mais duas
há cinco anos. “Tudo muito discreto e tidade e a nossa imagem.” As peças an- coleções ainda neste ano,
muito minimalista”, acrescenta. dam entre os 45 e os 280 euros. São uma delas com frases
Neste momento, a I Cognito tem duas joias, senhores, são joias para quem, re- de autores portugueses,
coleções exclusivas.A “I”, centrada no eu, força o designer, “se sente à vontade, como Pessoa, Saramago
na consciência de quem se é, na autocons- tem vontade de arriscar e marcar pela e Sophia, gravadas em
ciência masculina que serve de ponto de diferença”. ● m joias de maior dimensão
MUITOS PRÉMIOS
MARIÁN ŠICKO/PEXELS
PARA OS SEUS
PATUDOS
Há momentos únicos,
entre donos e animais,
que merecem ser
eternizados. Para dar a
conhecer algumas dessas
aventuras, o “Jornal de
Notícias” e a “Notícias
Magazine” uniram-se
ao all4pets na promoção
do passatempo “Amigos
Felizes”, em que as estrelas
são os patudos. O desafio
é simples: as famílias têm
de gravar, num pequeno
vídeo, um momento original
e divertido protagonizado
pelo cão ou gato de
estimação, e partilhá-lo
no TikTok. A submissão
e votação dos vídeos
arrancou a 31 de outubro
e decorre até 30 deste
mês. Para tentar a sua
sorte, basta partilhar
os vídeos no TikTok,
identificando-os com
@AMIGOSFELIZESALL4PET
S e com a hashtag
los
Carolina
DE SCOVILLE
Reaper
1 569 300
a 2 200 000
A Escala de Scoville,
SABORES que se mede
POR Sara Dias Oliveira em unidades
de calor Scoville
MALAGUETA
(Scoville Heat
Units ou SHU),
é usada para avaliar
Chocolate
o grau de ardência
Habanero
PICANTE
De várias cores, travos ligeiramente diferentes, ASSUSTADOR
ora mais intensos ora mais discretos, em pratos Mais de 1 500 000
salgados e doces. Um condimento que acentua
sabores, abre o palato, e que pode chegar
ao nariz. Para usar q.b., portanto.
FOTO: FREEPIK.COM
POR Sara Sofia Gonçalves
HARMONIA
COMO
TENDÊNCIA GATO PRETO
As cores intemporais nunca saem de moda, Luz néon
34,95 euros
mas há novas apostas. O importante é garantir
a coerência do espaço, sem decoração excessiva.
À MÃO E BEM
ARRUMADOS
O dinheiro de plástico domina o quo- racolo ou ao pescoço, com
tidiano e até os principais documentos alças amovíveis para que
de identificação se resumem a retân- caibam numa bolsa maior,
gulos do mesmo tamanho que, em car- sem nunca ocupar muito
teiras grandes, se perdem entre talões espaço ou pesar.
e outros papéis. O ideal é arrumá-los à De tecido ou de couro,
medida e com classe. não falta por onde escolher, de
O porta-cartões começou por ser mais propostas mais sóbrias a outras
usado pelo público masculino – nos bol- com pormenores mais arrojados,
sos dos casacos, das camisas ou das cal- sempre sem descurar, claro, a pra-
ças –, mas as tendências lançaram as ticidade.
mini-bags ou as microcarteiras entre Os porta-cartões em pele são os
as preferências das mulheres que tam- mais procurados. Com acabamen-
bém o adotaram, aliando o estilo ao lado tos de luxo, tornam-se símbolo de
mais funcional. algum estatuto, apetecendo trazê-
Há modelos que se usam mesmo a ti- -los à mão e à vista. ●
m
ARTESANAL
E INTEMPORAL
Linhas depuradas e intemporais
marcam a nova coleção de mobi-
liário de Luísa Peixoto Design. BANG & OLUFSEN COM NOVO
Peças feitas à medida, símbolo ESPAÇO NA CIDADE INVICTA
de uma marca com mais de duas
décadas de vida e que continua A Bang & Olufsen by GMS mudou de
a homenagear a essência das casa no Porto. A nova loja, na Avenida
matérias-primas, a exclusivi- da Boavista, possui características
dade, a qualidade e os detalhes. técnicas que possibilitam ao cliente
Com showroom na Rua do experienciar os produtos daquela que
Campo Alegre, no Porto, garante é uma marca emblemática na associa-
que cada elemento produzido é ção do design à qualidade do som
uma experiência para os sentidos. e da imagem.
ANIVERSÁRIO
15 a 21 de novembro
Aproveite para expres- A sua vida afetiva pode- As conversas podem As obrigações podem es-
sar o que sente de forma rá passar por desafios provocar dor e até algu- tar a exigir muito do seu
cautelosa e séria, prote- que precisa de enfren- ma manipulação in- tempo. Tenha cuidado,
gendo-se de eventuais tar, mostrando o que consciente. Por isso, pois não deve descuidar
mágoas nos relaciona- sente sem receio de per- procure esclarecer o os momentos passados
mentos. O passado da ou rejeição. Poderá que tem provocado so- com o parceiro. Semana
e o presente podem cru- ter de lidar com algo que frimento. Arrisque um intensa no que se refere
zar-se e provocar dor. estava escondido no seu novo começo se souber a memórias do passado.
Não disfarce, nem fuja. inconsciente. Encare libertar-se do passado Procure entender e con-
Reencontrar alguém novos objetivos de for- e mudar o padrão emo- trolar o impulso antes
pode servir de cura. ma mais confiante. cional. de decidir.
O ESTRANHO CASO
— Vou ser muito sincero. Houve coisas aí que disse, e há outras coisas
que é mentira. Alguma resposta aí é porque eu chegava a casa e ela dizia
que eu cheirava mal, que só ‘tava bem era a fazer vida com as putas da rua.
DOS TRIGÉMEOS
— Chamou-lhe puta ou não?
— Não, não, eu disse que “putas devem ser é as tuas amigas”.
— “Não vales nada.”
— Isso disse. Porque ela me dizia sempre que eu não valia nada, que
era um nojento, que era um porco.
Um mal nunca vem só, e nem esse segundo mal é suficiente – não há duas — E “tu queres é mamar na picha”?, continuava a procuradora.
sem três. Mas estou a fazer futurismo com a sina, o destino, de uma fa- — Isso é mentira.
mília só porque eles são trigémeos e lá têm o seu feitio. Um tripé de be- A sala escurecia de palavras sujas.
bés em carreirinha na mesma maca, num desauspicioso dia de 1983, na — “Vais ficar sem casa e sem o nosso filho”, disse ou não?
maternal, mas corriqueira, freguesia de São Sebastião da Pedreira. — Ela nunca podia ficar sem casa, porque a casa era dos dois.
— Tem filhos?, perguntou a juíza. — “Metes-me nojo e desaparece.”
— Tenho um, graças a Deus. Vai fazer cinco anos em Dezembro. Ape- — Isso disse.
sar do que aí vem escrito, o meu filho sempre viveu comigo. Alberto contou que vivera em Angola com a mulher, emigrados. A pro-
O que vem ali escrito foi dito por ele e não é bonito. O homem entrou curadora levantou as sobrancelhas, a juíza fez o mesmo.
na sala de máscara azul pandémica, mas numa camisa cor de laranja tão — Peço desculpa... este senhor não é aquele que esteve cá há muito
faiscante que parecia a metade de um macacão de assassino algemado pouco tempo e que esteve casado com uma rapariga também de Angola
em filme americano. Deve vestir macacão azul no trabalho, é mecânico com quem...?
de automóveis. O homem disse logo, por entre a máscara e sob a espes- — Não, não, interrompeu o homem, é meu irmão.
sa testa e o cabelo escuro: — É irmão!, gritou o advogado de defesa.
— Eu posso falar! — Seu irmão?
Acusado de violência doméstica, queria esclarecer que disse umas coi- — É irmão gémeo, somos trigémeos! Três gémeos... vitelinos.
sas e outas não, eram invenção da ex-mulher, mãe do filho. — E também foi para Angola..., suspirou a juíza.
— Agressões físicas não cometi. Eu só lhe respondia. — Não, não esse foi para Moçambique.
Começou então a peneirar o que lhe dizia respeito. Mesmo não tendo O segundo gémeo emigrou para o mesmo continente e fazia o mesmo
batido na ex-mulher, não foi bonito. Preparai-vos, leitores que tendes à mulher (de Angola à contracosta...) Iguais, de corpos morenos e com-
ouvidos e cérebro e, por assim dizer, moral. pactos, fruto do mesmo zigoto. Já o terceiro, nascendo ao mesmo tem-
— O meu filho era o primeiro a entrar na creche e o último a sair, às seis. po, era alto, ruivo e magro. No fim, a ex-mulher não quis falar porque já
Eu chegava a casa do trabalho às oito e ele sempre a chorar atrás da por- se divorciou e fala com ele “cordatamente”. Decidiu não complicar a vida
ta, sem banho e sem jantar. e crescimento do filho, e a procuradora, sem provas, pediu a absolvição
Então, a procuradora começou a enunciar as conversas em casa: de Alberto.
— Disse ou não disse à sua mulher: “Tu queres é mamar na picha, és Ao saírem, disse “ai são tão iguais” e a juíza desafiou o advogado:
uma maluca, uma descompensada, vais ficar sem o nosso filho, vais fi- — Quando vier cá com o terceiro, já sabe o que dizer...
car sem casa, vais ficar sem nada, metes-me nojo e desaparece”? Ou en- — Sotora, eu, se tiver de vir com o outro trigémeo, há-de ser por outro
tão: “Já tenho outra pessoa para me mamar na picha e é mais nova do que assunto. E bem mais grave!
tu”. E ainda: “És uma puta, pior do que as putas da rua, as mulheres com Ó vidas triplas.
quem te traí eram melhores, metes-me nojo, tenho desgosto que sejas
mãe do meu filho, dou-te um borracho”. Isto foi resposta a quê, senhor
Alberto? O AUTOR ESCREVE DE ACORDO COM A ANTERIOR ORTOGRAFIA.
@AMIGOSFELIZESALL4PETS #amigosfelizesall4pets
Os 3 vídeos que tiverem o maior número de “gostos” recebem prémios da all4pets.
Divulgação dos premiados a 5 de dezembro em jn.pt e em noticiasmagazine.pt