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ADVOGADO

ARTUR HAESBAERT FILHO


OAB/RS N° 26.040

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA JUDICIAL DA


COMARCA DE SÃO PEDRO DO SUL/RS

COM PEDIDO DE AJG

MARCOS ANTÕNIO SALATIEL DE SOUZA, brasileiro, casado,


agricultor, portador da Carteira do RG nº 2084867759, inscrito no CPF sob o nº 004.162.780-
60, residentee e domiciliado na Rua Riachuelo, nº 57, Bairro Rivera, na cidade de São Pedro
do Sul – RS, por seu procurador ARTUR HAESBAERT FILHO, brasileiro, separado
judicialmente, advogado, inscrito na OAB/RS sob o nº 26.040, com escritório profissional
situado na Rua Fernando Ferrari, nº 225, Centro, São Pedro do Sul – RS, CEP: 97400-000,
Telefone: (55) 99619-7926, vem m ui respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com
fundamento nos arts. 941 a 945, do Código de Processo Civil, e art. 1.238, caput e parágrafo
único do Código Civil, propor a presente

AÇÃO DE USUCAPIÃO DE IMÓVEL URBANO

pelos seguintes fatos e fundamentos:

I - DO PEDIDO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA:

O Autor É pessoa pobre na acepção jurídica do termo e bem por isto


não possui condições de arcar com os encargos decorrentes do processo sem prejuízo de seu

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sustento e de sua família, conforme declaração anexa.

O Enunciado n° 02 da Coordenadoria Cível da AJURIS de Porto


Alegre e a própria jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
consolidaram entendimento de que deve ser concedido o Benefício da Assistência Judiciária
Gratuita à parte que percebe até dez salários mínimos ao mês, por haver presunção legal de
necessidade. Senão vejamos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. FAMÍLIA. JUSTIÇA GRATUITA.


CONCESSÃO. DECLARAÇÃO DE POBREZA. REMUNERAÇÃO
PERCEBIDA PELA PARTE AGRAVANTE. A parte não precisa ser
miserável para gozar do benefício da assistência judiciária gratuita,
bastando não possuir condições de pagar as despesas processuais
em prejuízo de sua manutenção e da família. Concede-se o benefício
da assistência judiciária gratuita à parte que percebe até dez
salários mínimos ao mês, sem maiores indagações (Enunciado nº 02
da Coordenadoria Cível da AJURIS). Assim, não comprovado nos
autos de que o agravante possui condições de arcar com as despesas
processuais, deve prevalecer a presunção de pobreza invocada, com
a concessão do benefício a ele. Recurso provido. (Agravo de
Instrumento Nº 70027891787, Sétima Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Ricardo Raupp Ruschel, Julgado em
11/12/2008). Grifo nosso.

Desta forma, requer os benefícios da justiça gratuita, preceituados no


artigo 5º, LXXIV da Carta Magna e na Lei 1.060/50.

II – DOS FATOS:

Em 19 de março de 2020, foi celebrado um contrato de promessa de


compra e venda de imóvel urbano, entre Hector Raí Fernandes Lemes e Marcos Antonio
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Salatiel de Souza, sendo uma fração de terreno, sem edificação e benfeitoria, com área de
360,4 m² medindo 13,6 m testado, localizado na Rua Riachuelo, n.º 57, Bairro Rivera, em São
Pedro do Sul, conforme descrição que segue:

“UM TERRENO URBANO, sem benfeitorias, situado na Rua


Riachuelo, número 57, sendo cadastrado como lote 03 da Quadra 240,
distante 42,00 metros da esquina com a Rua José Bonifácio, no
quarteirão incompleto formado pelas Ruas Riachuelo e José
Bonifácio, lado dos números ímpares, com as seguintes dimensões e
confrontações: ao Norte, na extensão de 13,60 metros onde faz divisa
com a Rua Riachuelo, ao Sul, na extensão de 11,90 metros, onde fz
divisa com o Lote 18 de propriedade de Elizandra Antônio Worst e
Campo; ao Leste, na extensão de 24,60 metros com o Lote 04 de
propriedade de Solange Rosalino Macedo; e ao Oeste, na extensão de
25,00 metros, onde faz divisa com Lote 02 de propriedade de Alzira
Junges Horlle.”

Caso Vossa Excelência entenda necessário, o Autor poderá comprovar


a sua posse sobre o terreno, atráves de testemunhas a serem apresentadas em momento
posterior.

Ao imóvel usucapiendo o Autor atribui o valor de R$ 15.000,00


(quinze mil reais).

São confinantes do imóvel usucapiendo, as seguintes:

 Ao Sul, na extensão de 11,90 metros, onde faz divisa com o lote


18 de propriedade de Elizandra Antônio Worst e Campo;
 Ao Leste, na extensão de 24,60 metros com o Lote 04 de
propriedade de Solange Rosalino Macedo;
 Ao Oeste, na extensão de 25,00 metros, onde faz divisa com
Lote 02 de propriedade de Alzira Junges Horlle;

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Uma vez preenchidos os requisitos elencados no art. 1.242, caput e
parágrafo único do Código Civil, o Autor pleiteia que lhe seja, por sentença judicial,
reconhecido e declarado o pleno domínio sobre o imóvel usucapiendo, para que, com o título
hábil, proceda inicialmente a matrícula de propriedade no Cartório de Registro de Imóveis
respectivo.

Comprova-se, por tanto, a posse justa, mansa, pacífica, sem


interrupção, nem oposição e com animus domini do imóvel pelo Requerente.

Assim, não havendo solução melhor para o caso, o Autor se socorre


do Poder Judiciário para requerer a regularização da propriedade do imóvel ajuizando a
presente ação de usucapião, na esperança de que, observados os trâmites necessários, lhes seja
declarada adquirida a propriedade originária do imóvel usucapiendo.

III – DO DIREITO:

A usucapião, enquanto forma de aquisição originária da propriedade,


encerra, com relação aos imóveis, diferentes tipos legais historicamente identificados pela
doutrina e pela jurisprudência. No presente caso, o tipo que melhor se adequaria aos interesses
dos Autores seria o previsto no artigo 1.242, § único do Código Civil, para o qual o prazo
prescritivo é de 10 (dez) anos.

A Lei Civil dispõe, expressamente, que:

Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele


que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé,
o possuir por dez anos.
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste
artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com
base no registro constante do respectivo cartório, cancelada
posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem
estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de
interesse social e econômico.

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Vejamos o entendimento do Tribunal de Justiça Gaúcho não é
diferente:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE USUCAPIÃO. PROMESSA DE


COMPRA E VENDA. FRAÇÃO INTEGRANTE DE TODO
MAIOR. JUSTO TÍTULO. INTERESSE DE AGIR
RECONHECIDO. SOMENTE CARECE DE INTERESSE
PROCESSUAL PARA O AJUIZAMENTO DA AÇÃO DE
USUCAPIÃO, O PROMISSÁRIO COMPRADOR QUE DETÉM
TÍTULO APTO À TRANSFERÊNCIA DA PROPRIEDADE JUNTO
AO REGISTRO DE IMÓVEIS. EM OUTRAS PALAVRAS,
ADQUIRIDA A PROPRIEDADE PELO MODO DERIVADO, NÃO
PODE, POR ÓBVIO, SÊ-LO TAMBÉM PELO ORIGINÁRIO,
DEVENDO O REQUERENTE FAZER USO DA AÇÃO
ADJUDICATÓRIA.PARA OBTER O BEM DA VIDA
PRETENDIDO. CONTUDO, SE A PROMESSA DE COMPRA E
VENDA CELEBRADA ENTRE AS PARTES FOR EXISTENTE,
VÁLIDA, PORÉM INEFICAZ PARA A TRANSFERÊNCIA DA
PROPRIEDADE, ELA SE INSERE, A LUZ DA DOUTRINA E
JURISPRUDÊNCIA CONTEMPORÂNEAS, NO CONCEITO DE
JUSTO TÍTULO, NADA IMPEDINDO QUE O COMPRADOR,
COM BASE NESSE DOCUMENTO, AJUÍZE A AÇÃO DE
USUCAPIÃO ORDINÁRIA PARA VER DECLARADA A
PRESCRIÇÃO AQUISITIVA CONTRA O PROPRIETÁRIO
REGISTRAL. HIPÓTESE EM QUE O AUTOR CELEBROU
PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE FRAÇÃO
INTEGRANTE DE TODO MAIOR, ALÉM DE TER RECEBIDO
OUTRA FRAÇÃO EM PAGAMENTO, NÃO
INDIVIDUALIZADAS E SEM MATRÍCULAS PRÓPRIAS. A
SENTENÇA PROFERIDA NA AÇÃO ADJUDICATÓRIA, NESTE
CASO, SERIA INEXEQUÍVEL. ADEMAIS, DIANTE DAS
PARTICULARIDADES DO CASO CONCRETO - A SE
CONSIDERAR (I) A POSSE DASOBRE AMBAS AS ÁREAS HÁ

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QUASE 40 ANOS, A (II) DESINFORMAÇÃO ACERCA DO
ESTADO ATUAL DA DIVISÃO DO CONDOMÍNIO, BEM COMO
(III) A MULTIPLICIDADE DE CONDÔMINOS-, TEM-SE QUE A
REGULARIZAÇÃO DO IMÓVEL PELAS VIAS ORDINÁRIAS SE
DARIA DE FORMA EXCESSIVAMENTE DISPENDIOSA. NESSE
CONTEXTO, CAMINHO NÃO HÁ À PARTE REQUERENTE
SENÃO A VIA DA USUCAPIÃO, POIS, MUNIDOS DE JUSTO
TÍTULO E BOA-FÉ, SUA PRETENSÃO PODERÁ SER
EXAMINADA À LUZ DO ART. 1.242 DO CC. INTERESSE
PROCESSUAL. DESCONSTITUIÇÃO DA SENTENÇA QUE
EXTINGUIU O PROCESSO POR AUSÊNCIA DE INTERESSE.
APELO PROVIDO. UNÂNIME.(Apelação Cível, Nº
50000922920158210058, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: Dilso Domingos Pereira, Julgado em: 16-06-2021).

Quanto ao procedimento aplicável, deve ser adotado aquele previsto


especialmente entre os artigos 941 e 945 do Código de Processo Civil.

IV – DOS PEDIDOS:

DIANTE DO EXPOSTO, como autoriza o art. 1.242 do Código


Civil, na forma dos artigos 941 e 945 do Código de Processo Civil, REQUER:

a) O recebimento da presente Ação de Usucapião e da documentação


que a acompanha, com a autuação e o respectivo registro como de praxe.

b) A citação pessoal dos confinantes (art. 942 CPC): Elizandra


Antônio Worst e Campo, Solange Rosalino Macedo e Alzira Junges Horlle.

c) A intimação, por via postal, dos representantes da Fazenda Pública


da União, do Estado do Rio Grande do Sul e do Município de Coronel Barros, para que
manifestem eventual interesse na causa (art. 943 do CPC).
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d) A intimação do representante do Ministério Público de todos os


atos do processo (art. 944 do CPC).

f) O deferimento do BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA


JUDICIÁRIA GRATUITA para aos Autores, por serem pessoas pobres na acepção jurídica
do termo, não podendo arcar com custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo
de suas mantenças e de sua família, com fulcro nos artigos 2º e 4º da Lei nº 1.060/50.

g) Seja julgada TOTALMENTE PROCEDENTE a PRESENTE


AÇÃO DE USUCAPIÃO em favor do Autor, ante o direito que lhe outorga o art. 1.238 caput
e parágrafo único c/c o art. 1.243 do Código Civil, declarando pleno domínio do Requerente
sobre o imóvel usucapiendo, com a expedição de mandado de abertura de matrícula e
averbação do domínio do bem junto ao Cartório de Registro de Imóveis desta Comarca.

h) Se houver contestação, requer sejam condenados os contestantes ao


pagamento das custas processuais e honorários advocatícios pelo princípio da sucumbência,
nos termos do artigo 20, § 3º do CPC.

VI – DAS PROVAS:

Nosso ordenamento jurídico admite todos os meios de prova, desde


que, lícitos e morais, como bem prevê o art. 5°, inciso LVI, da Constituição Federal e o art.
332 do Código de Processo Civil.

Assim, requer provar o alegado por todos os meios de provas em


Direito admitidas, quais sejam, prova documental, testemunhal, depoimento pessoal dos
contestantes, pericial e demais que se fizerem necessárias, a serem produzidas em momento
oportuno.

VII – DO VALOR DA CAUSA:

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Atribui-se a causa o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) para
todos os efeitos legais.

Nesses termos, pede e espera deferimento

São Pedro do Sul – RS, 12 de julho de 2021.

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