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Essa imagem das “janelas quebradas” foi invocada pelos autores para
explicar como bairros e ruas acabam se tornando espaços completamente
incivilizados, marcados pela desordem e pela criminalidade. Uma janela
quebrada sinaliza tanto para os cumpridores da lei quanto para os criminosos
que ninguém se importa. Nesse sentido, gradualmente outras janelas serão
quebradas, até que o prédio seja completamente destruído, o que, por sua vez,
só reforçará o sentimento daquela comunidade de que a desordem é a regra
naquele espaço.
Com essa fuga dos seguidores da lei, as ruas estariam prontas para
uma invasão criminal, isto é, a ocupação do espaço público por desviantes, e
com o passar do tempo, verdadeiros criminosos. Aqueles que praticaram ações
questionáveis, mas não passavam de meras contravenções sentir-se-iam
empoderadas pela falta de controle social, podendo cometer atos cada vez
mais graves; e aqueles que já estavam no mundo do crime, começariam a ver
nesses locais oportunidades para a expansão de suas atividades.
Essa teoria não surgiu do nada, apesar da sua clara natureza de “senso-
comum”, pode-se dizer que ela também é fruto de uma série de trabalhos
empíricos que vinham sendo desenvolvidos no campo da criminologia por
anos; e aqui vale a pena mencionar duas importantes influencias nessa forma
de pensamento; a teoria da desorganização social, de Clifford Shaw e Henri
McKay, e a psicologia social de Phillip Zimbardo.
Uma das análises mais citadas por defensores da teoria é o feito por
Wesley Skogan, do departamento de ciência política dos EUA, cuja análise
estatística teria demonstrado uma conexão entre desordem e o roubo no
âmbito dos bairros analisados. O problema é que esses mesmos dados foram
reavaliados posteriormente por Berbard Harcourt, cientista político, com
resultados drasticamente diferentes. De acordo com o seu estudo, a desordem
não afetava nenhum outro crime além do roubo e que mesmo essa relação era
válida para apenas alguns bairros, não podendo ser generalizada.
2.2 Princípio da Insignificância
A doutrina mundial considera como incontroverso o fato de o princípio da
insignificância ser sistematizado em caráter científico pela primeira vez em
1964, por meio dos ensinamentos de Claus Roxin, baseado no brocardo
latino “minimis non curat praetor”, embora que o desacordo seja intenso no que
diz respeito à origem histórica do princípio em tela, especialmente se tal
instituto derivou, ou não, diretamente do direito romano.
O princípio da insignificância é uma causa de excludente de tipicidade
caracterizada pela ausência de tipicidade material do fato praticado pelo
agente, ou seja, o princípio tem a finalidade de tutelar um bem jurídico, sempre
que a lesão for insignificante, a ponto de se tornar incapaz de lesar o interesse
protegido, dito isso não haverá adequação típica, como bem preceitua Capez,
2017 “a tipicidade penal exige um mínimo de lesividade ao bem jurídico
protegido, pois é inconcebível que o legislador tenha imaginado inserir em um
tipo penal condutas totalmente inofensivas ou incapazes de lesar o interesse
protegido”.
Desde então o poder judiciário e os ordenamentos jurídicos dos países
procuram entender o princípio da insignificância para depois concretizá-lo, seja
no plano legal, seja nas decisões administrativas ou judiciais, proferidas pelas
autoridades competentes.
CONCLUSÃO
Conclui-se que toda vez que é mostrado à sociedade que não há
intolerância para infrações pequenas, se dar margens para crimes maiores,
ademais alimentando a cultura da impunidade, ou seja, com base nos estudos
empíricos apresentados há uma tendência de que a ausência do estado em
reprimir determinadas condutas acaba estimulando de certa forma o sujeito a
cometer infrações mais graves, uma vez que na maioria dos casos não se
começam praticando latrocínio, homicídio, estupro, entre outros, o infrator
começa com furto, dano ao patrimônio, furto qualificado, roubo, roubo
majorado, até chegar ao latrocínio e etc., com tudo isso o violador vai
“crescendo” cometendo cada vez delitos mais graves, pois a sensação da
impunidade, a sensação de ausência do estado estimula o mesmo a continuar
a praticar condutas incriminadoras, uma vez que a sensação da impunidade faz
com que sejam praticados novos delitos.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão – 1789. Disponível:
<http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-
%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-
at%C3%A9-1919/declaracao-de-direitos-do-homem-e-do-cidadao-1789.html>
Acesso em 31 de maio de 2020.
de 2020.
<https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/12192 4870/qual-a-diferenca-entre-
medidas-despenalizadoras-e-medidas-descriminalizadoras> Acesso em 02 de
junho de 2020.
MORAES, Alexandre de; SMANIO, Gianpaolo Poggio. Legislação Penal