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MODERNISMO BRASILEIRO E AMERICANO:

Grandes representantes da arquitetura, Frank Lloyd Wright (EUA) e Oscar Niemeyer (BRASIL).

Frank Lloyd Wright, pioneiro no modernismo, prepusor do funcionalismo, escola internacional.

O QUE CARACTERIZA OS MODERNISMO AMERICANOS E BRASILEIROS: Analisando o modernismo americano a partir das ideias de
Frank, é possível identificar a valorização do indivíduo, inspiração nos princípios e formas da natureza e a adoção de novas
tecnologias tendo o homem, não a máquina como foco. No caso brasileiro, vendo pela perspectiva das obras de Oscar Niemeyer,
identifica-se a linguagem escultórica, vendo a arquitetura como a "criação de um momento poético que deve surpreender,
emocionar e interromper o dia a dia massificado, inaugurando o momento na sensibilidade de cada um".

EM QUE O MODERNISMO BRASILEIRO E O MODERNISMO AMERICANO SE DIFERENCIAM DA PROPOSTA DO ESTILO


INTERNACIONAL?

Em ambos os países o Modernismo ganhou contornos e ideias particulares. No Brasil, a primeira geração modernista, mesmo
influenciada por Le Corbusier e pelos CIAM, já surgia com algumas características bastante distintas. Podemos ver como exemplo
a obra de Oscar Niemeyer e sua plasticidade formal, por vezes em negação ao funcionalismo estrito da escola europeia. No caso
americano, destaca-se a figura de Frank Lloyd Wright, precursor do Modernismo e divergente dele especialmente na ideia de
valorização do indivíduo em detrimento do relevo social que o Estilo Internacional pregava.

Frank Lloyd Wright antecedeu as vanguardas e a onda modernista europeia e as influenciou.

Em 1918-1920 uma nova onda de reconhecimento sobre a obra de Wright se inicia, ligada à arquitetura expressionista, escola que
marca o primeiro momento da Bauhaus. Walter Gropius e Eric Mendelsohn estão entre os que encontraram em Wright elementos
para composição de seus estilos próprios. Um bom exemplo de sua obra nesse momento é o Hotel Imperial, construído em Tóquio
em 1915 e demolido em 1968.

Considerada uma obra prima da arquitetura mundial, a Casa da Cascata, ou Fallingwater House (1937), é a mais famosa obra de
Frank Lloyd Wright. Uma “apoteose de horizontalidades”.

Ao compará-la com a Villa Savoye, de Le Corbusier, é possível perceber as diferenças entre o Estilo Internacional europeu e a
versão de Wright.

Na Casa da Cascata, natureza e construção se integram, se misturam, e, mesmo do interior da casa, a distinção entre dentro e fora
é difusa, pouco definida. É uma casa única, uma obra irrepetível, que se acomoda àquela paisagem específica, atendendo aos
desejos de conforto e felicidade daquela família.

O Museo Guggenheim foi a última obra de Wright, inaugurada em 1959, no ano de sua morte. A proposta era polêmica, pois
desafiava a escala vertical dos edifícios vizinhos, quebrando a regularidade da malha urbana ao inserir um volume cilíndrico,
icônico, em seu meio.

MODERNISMO BRASILEIRO

No Brasil, o Modernismo disputou espaço com outras duas tendências arquitetônicas: os acadêmicos, ligados ao pensamento
historicista de emulação de estilos do passado, e os neocoloniais, que desejavam propor uma arquitetura genuinamente brasileira
a partir da herança da arquitetura colonial. Na queda de braço entre esses três caminhos triunfaram os modernos, segundo Lauro
Cavalcanti, empreendendo em três frentes: na construção de monumentos estatais para o governo brasileiro, na criação do
Serviço de Patrimônio, que elegia o que da memória nacional merecia ser preservado, e na atuação no campo da habitação
popular.

O Modernismo brasileiro teve seu primeiro “grito” na Semana de Arte Moderna de 1922, um evento feito por e para a elite
intelectual, com pouco alcance imediato, mas que funcionou como o catalizador das forças renovadoras que viriam nas décadas
seguintes. É interessante destacar as revistas ligadas aos grupos modernistas,
Segundo o arquiteto britânico Kenneth Frampton, a primeira casa modernista foi construída no Brasil. Ele se refere à Casa da rua
Santa Cruz, projetada por Gregori Warchavchik em 1927. Nascido na Rússia e tendo estudado na Itália, Warchavchik promoveu
grandes eventos na inauguração de seus projetos.

Na Pampulha, peço que observem a Igreja de São Francisco de Assis e, no conjunto do Cassino e Casa de Baile, a passarela que liga
os dois edifícios. O objetivo das obras encomendadas a Niemeyer por Juscelino Kubitschek era atrair moradores para o novo
bairro de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Niemeyer “rompeu com o entendimento até então consensual do racionalismo
arquitetônico e demonstrou novas possibilidades de prática e casamento entre arquitetura e estrutura” (AUTOR, ano, página). Seu
uso de formas livres, fluidas, é justificada pelo próprio arquiteto.

Oscar Niemeyer teve em Brasília a oportunidade de consolidar em larga escala uma linguagem pessoal que vinha se delineando
em projetos isolados havia quase duas décadas. Foi um dos primeiros arquitetos a antever a exaustão e o burocratismo das
formas para as quais o racionalismo exacerbado conduzia o modernismo. Contrapôs o slogan “a forma deve seguir a função”,
argumentando ser a forma uma das principais funções da arquitetura, devendo provir das possibilidades plásticas que o concreto
armado oferece.

MODERNISMO GRÁFICO

Santa Rosa foi responsável pelo projeto de cenário para a primeira montagem de Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues, em 1943.
Esse espetáculo é considerado o marco inicial do teatro moderno brasileiro.

Capas em duas cores, tipos sem serifas, depois Bodoni, e ilustrações que se assemelhavam à xilogravura são alguns dos elementos
usados por Santa.

CINEMA

Por fim, destacamos da paulista Vera Cruz o longa-metragem O cangaceiro. O filme de 1953, com direção de Lima Barreto,
homônimo do escritor carioca, esse filme foi o primeiro a ser premiado em Cannes, com sucesso no Brasil e no exterior, com
distribuição para mais de oitenta países. Inaugurou o gênero cangaço, genuinamente brasileiro, com filmes que falavam sobre as
histórias de Lampião e seu bando no nordeste brasileiro. O roteiro teve colaboração da escritora Rachel de Queiroz. A Vera Cruz
funcionou de 1949 até 1954, em São Bernardo do Campo, produzindo 22 filmes de curta, média e longa-metragem.

STYLING E DESIGN PÓS-GUERRA

Como consequência da Guerra, os Estados Unidos receberam uma infusão de profissionais de design e arquitetura, vindos do
continente europeu e trazendo consigo as ideias do Modernismo funcionalista. Da junção dessas ideias, da tecnologia
aerodinâmica desenvolvida para veículos e armas e da visão comercial de seus artífices, surgiu o Styling americano.

Esse estilo é visto como uma continuação do Art Déco, mais palatável ao gosto das massas que as ousadias formais funcionalistas.
E, de fato, observando e comparando exemplos desses dois momentos, é compreensível essa ideia. Aos elementos geométricos
do Déco, o Styling unia as noções de aerodinâmica, mesmo para aqueles objetos que não tinham a função de movimento. As
formas tinham a ideia de transmitir uma noção futurista, inspirada nos quadrinhos de Flash Gordon e Buck Rogers, e um certo
otimismo com um mundo mais rápido e mais fácil para todos. Serviam, em suma, não para a melhoria dos produtos, mas como
estímulo às vendas.

Na Feira Mundial de Nova York de 1939 a presença brasileira causou grande impacto com um pavilhão projetado por Oscar
Niemeyer e Lucio Costa. A construção, elevada sobre pilotis e com uma generosa rampa de acesso, era ao mesmo tempo elegante,
moderna e de caráter único. Alguns elementos desse edifício se repetiriam em futuras obras de Niemeyer e de Lucio Costa.
É importante apontar a introdução do conceito de obsolescência a partir da década de 1950. Assim como o Styling, o objetivo era
estimular a indústria, criando um ciclo constante de produção e crescimento, potencializando a economia. O problema está no
descarte e na quantidade de lixo produzida. Apesar da ideia de ecologia não ser nova – vimos que John Ruskin, ligado ao
movimento Arts and Crafts, já alertava para os perigos do esgotamento dos recursos naturais –, ela só começaria a ganhar
relevância a partir dos movimentos sociais da década de 1970. O conceito de obsolescência é a ideia de fazer o produto quebrar
ou ficar ultrapassado num determinado prazo, forçando o consumidor a comprar um novo produto.

QUAIS AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO STYLING AMERICANO?

O Styling americano guardava uma relação de continuidade com alguns aspectos do Art Déco. Suas formas, inspiradas na
aerodinâmica aplicada a carros, navios e aviões, tinha um papel mais simbólico e estético que funcional. Plásticos, metais
cromados, pinturas brilhantes e, no caso do design gráfico, o airbrush são usados para transmitir as ideias de velocidade e de um
futuro inspirado na exploração espacial e nos quadrinhos de mesma temática. A ideia era produzir artefatos que persuadissem
consumidores a trocar seus produtos pelos mais modernos, streamlined.

DESIGN ORGÂNICO NO BRASIL E MUNDO

Design orgânico: um design pode ser chamado orgânico quando existe uma organização harmoniosa das partes com o todo, de
acordo com sua estrutura, material e propósito. Dentro dessa definição, não pode haver ornamentação vã ou superfluidade, mas
o papel da beleza não é menor – numa escolha ideal de material, no refinamento visual e na elegância racional das coisas
planejadas para o uso.

Estamos falando, portanto, de um design que segue os princípios do Modernismo racionalista, ou do Estilo Internacional, em
muitos aspectos, mas que, formalmente, se expressa de maneira bem mais livre, com curvas generosas, inspiradas nas formas da
natureza.

Em sentido mais amplo, o aspecto orgânico do design pode incluir exemplos do Art Nouveau, algumas peças do Art Déco, e até,
extrapolando o período estudado na disciplina, elementos do Barroco e do Rococó, por exemplo. O que estamos estudando aqui
como design orgânico fala especificamente do design moderno de inspiração funcionalista, que adota um repertório formal
orgânico, tendo como principais nomes Saarinen, Charles e Ray Eames, Werner Panton, Arne Jacobsen, entre outros.

O trabalho desses e de mais alguns outros designers podem ser agrupados sob o nome Design Escandinavo, anunciado como
tendência atual para interiores em matéria do jornal O Globo de 6 de março de 2017. As características usadas na matéria para
defini-lo – simplicidade, minimalismo e funcionalidade –, unidas ao uso de formas orgânicas, servem a todas as obras comentadas
nesta aula.

INFLUÊNCIAS DO DESIGN ORGÂNICO

Os projetos de Frank Lloyd Wright e de Le Corbusier também foram influenciados pela onda do design orgânico, que se propagou
no período pós-Guerra, quebrando com a rigidez funcionalista. De cada um, nesse aspecto, cabe citar o exemplo do Museu
Guggenheim, que vimos quando falamos de Wright, e a Capela de Notre-Dame-du-Haut de Ronchamp, uma surpresa orgânica na
obra de Le Corbusier. As paredes grossas em concreto e a cobertura em forma de casco de caramujo abrigam uma capela simples,
iluminada internamente por vitrais coloridos.

Também Oscar Niemeyer, talvez especialmente ele, tem sua incursão pela onda orgânica, expressa em obras como a sua Casa das
Canoas, construída para uso próprio, e a marquise que liga o conjunto arquitetônico do Ibirapuera. Nas Canoas, em São Conrado,
no Rio de Janeiro, a casa foi construída em torno de uma pedra que já havia no terreno. As formas ameboides da piscina, na laje, e
das próprias paredes promovem uma dança de formas fluidas, conjugando o dentro e o fora, em um jogo que lembra o da Casa da
Cascata, de Wright, mas com curvas em lugar de platôs. Já na marquise do Ibirapuera, em São Paulo, a forma livre consegue
unificar o conjunto de edifícios formalmente muito distintos, criando uma noção de conjunto. Pode ser vista como uma evolução
do mesmo conceito de passeio proposto na passarela para a Casa de Baile do conjunto arquitetônico da Pampulha.
Para o design gráfico, a separação entre um design orgânico e outro mais retilíneo não faz muito sentido. As formas ameboides e
as linhas livres aparecem no design gráfico moderno, especialmente no Modernismo gráfico americano, discutido na aula passada.

DESIGN ORGANICISTA É UMA TENDÊNCIA OU ESTILO?

Quando falamos em design orgânico, ou organicista, estamos tratando de uma tendência que pode ser identificada no Art
Nouveau, por exemplo. No período modernista, alguns arquitetos e designers desenvolveram seus trabalhos adotando formas
mais fluidas, como, por exemplo, Frank Lloyd Wright e Alvar Aalto.

BÔNUS: Nesta unidade, o Estilo Internacional foi reinterpretado, rechaçado e renovado por diferentes correntes. O individualismo
e os valores americanos formaram a base da arquitetura de Frank Lloyd Wright, enquanto Oscar Niemeyer abordou a questão
formal por um viés escultórico. O primeiro negava o universalismo e o outro, o caráter puramente funcional do Modernismo,
moldando-o ao seu modo.

Já o Styling americano abordou a questão formal pelo olhar do estímulo às vendas, tornando o design por um instrumento da
indústria, juntamente com a obsolescência. Essas medidas levaram a uma curva ascendente no consumo, cujo crescimento
frenético tornou-se um problema para o mundo contemporâneo.

Por fim, a tendência do design orgânico, quando aplicada ao Modernismo racionalista, teve o poder de revigorar o Estilo
Internacional, que, na década de 1950, já começava a mostrar sinais de desgaste. Essa mesma tendência vai se expandir na
próxima década estudada, com acréscimos da cultura pop dos anos 1960, até que a rigidez modernista seja negada com o Pós-
Modernismo dos anos 1980 e 1990. Esses serão os nossos próximos passos na jornada rumo ao design contemporâneo, no final
das aulas.

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