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Da Imputação do Pagamento
Vale dizer, trata-se muito mais de um meio indicativo de pagamento, do que propriamente
de um modo satisfativo de adimplemento. (Pablo Stolze Gagliane)
a) Pluralidade dos débitos: Carvalho de Mendonca diz que esta seria icogitavel se houvesse
apenas um debito, antes de tudo é essencial a mutiplicidade da divida.
Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor,
tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e
vencidos.
EX: É o caso de o sujeito dever R$ 5,00, R$ 10,00 e R$ 15,00 ao mesmo credor, sendo todas
as dívidas líquidas e vencidas. Não discordando o credor em receber parcialmente o
pagamento, cabe ao devedor (em regra a escolha é dele) imputar o valor pago em qualquer
das dívidas. Da mesma forma, tendo todas as dívidas o mesmo valor, urge especificar qual
dos débitos deverá ser solvido em primeiro lugar.
Art. 353. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas quer
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imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a reclamar contra
a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo.
Art. 354. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e
depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta
do capital.
Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à
imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas
forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa.
CAPÍTULO V
Da Dação em Pagamento
“datio in solutum”, ou seja, a entrega, pelo devedor, de coisa diversa daquela que fora
anteriormente convencionada pelas partes.
Trata-se, pois, de forma de extinção obrigacional, disciplinada pelos arts. 356 a 359 do
CC/2002, por força da qual o credor consente em receber prestação diversa da que fora
inicialmente pactuada.
Assim, se o devedor obriga-se a pagar a quantia de R$ 1.000,00, poderá solver a dívida por
meio da dação, entregando um automóvel ou prestando um serviço, desde que o credor
consinta com a substituição das prestações. Aliás, cumpre-nos registrar que a obrigação
primitiva não precisa ser, necessariamente, pecuniária. Pouco importa se fora inicialmente
pactuada obrigação de dar, de fazer ou de não fazer. O que realmente interessa é a
natureza diversa da nova prestação.
“Também em nada afeta a essência da dação em pagamento que a coisa entregue seja
móvel ou imóvel, corpórea ou incorpórea, um bem jurídico qualquer, uma coisa ou um
direito, como o usufruto. É mister, contudo, que seja diferente da devida”
Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida.
Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes
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regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda.
Se for estipulado o preço da coisa dada em pagamento (o que ocorre ordinariamente com
os imóveis), as relações entre as partes serão reguladas pelas normas concernentes à
compra e venda, nos termos do art. 357 do CC/2002. Assim, as regras gerais referentes aos
riscos da coisa, à invalidade do negócio, e tudo o mais que for compatível com o contrato de
compra e venda, será aplicado, no caso, à dação em pagamento.
Art. 358. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em
cessão.
Ainda segundo a nossa legislação em vigor, não existirá propriamente dação quando a coisa
dada em pagamento consistir em título de crédito, visto que, no caso, haverá mera cessão
de crédito (art. 358 do CC/2002), com extinção da obrigação originária por um meio de
pagamento.
Ocorre a evicção — que traduz a ideia de “perda” —, quando o adquirente de um bem vem
a perder a sua propriedade ou posse em virtude de decisão judicial que reconhece direito
anterior de terceiro sobre o mesmo. Em tal situação, delineiam-se, nitidamente, três
sujeitos:
a) o alienante — que responderá pelos riscos da evicção, ou seja, que deverá ser
responsabilizado pelo prejuízo causado ao adquirente;
Vamos imaginar que o credor aceite, ao invés dos dez mil reais, a entrega de um imóvel pelo
devedor.
O que fazer, então, se um terceiro, após a dação ser efetuada, reivindicar o domínio do
bem, provando ter direito anterior sobre ele?
Neste caso, se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento — ou seja, perdê-la para
o terceiro que prove ser o verdadeiro dono, desde antes da sua entrega —, a obrigação
primitiva (de dar os dez mil reais) será restabelecida, ficando sem efeito a quitação dada ao
devedor.
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objeto (a entrega do carro), que já se encontra em poder de um terceiro de boa-fé.
Deverão, pois, na falta de solução melhor, resolver a obrigação em termos pecuniários.
É óbvio que este nosso posicionamento se limita à existência do elemento boa-fé, pois, no
mesmo exemplo, demonstrado o conluio entre o devedor e o terceiro/adquirente do
automóvel, deve a situação retornar ao status quo ante, evitando-se que se faça tábula rasa
da boa-fé alheia (no caso, do credor, que aceitou espontaneamente a dação).