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Universidade Federal da Paraíba

Centro de Ciências Agrárias


Departamento de Ciências Veterinárias

Disciplina: Defesa Sanitária Animal.


Docente: Dr. Alexandre José Alves.
Discentes: Ari da Costa Oliveira & Fransimar Ferreira de Lima Júnior.

Atividade

Programa Nacional de Sanidade Suídea (PNSS)

Areia/PB
SÚMARIO

1. Programa Nacional de sanidade Suídea; Objetivo e IN 47/2004.......................03

2. Principais normas sanitárias vigentes................................................................05

3. Notificação de doenças relativas à suinocultura...............................................06

4. Peste Suína Clássica (PSC).................................................................................07

5. Doença de Aujeszky (DA)....................................................................................11

6. Peste Suína Africana (PSA).................................................................................14

7. Referências...........................................................................................................18
Programa Nacional de Sanidade Suídea (PNSS)
O PNSS refere-se ao controle sanitário OFICIAL que deve ser realizado na
criação de suídeos, cuja suas atividades estão voltadas para a prevenção de
doenças, para o reconhecimento, manutenção e ampliação de zonas livres de
doenças e na certificação e monitoramento de granjas de reprodutores suídeos
(GRSC).
Estas atividades estão descritas no Regulamento Técnico do PNSS, aprovado pela
Instrução Normativa nº 47, de 18/6/2004, que prevê o controle sanitário oficial a ser
realizado nos estabelecimentos de criação de suídeos que desenvolvam atividades
relacionadas à produção, reprodução, comercialização, distribuição de suídeos e
material de multiplicação de origem suídea, bem como impedir a introdução de
doenças exóticas e controlar ou erradicar aquelas já existentes no Brasil.
O PNSS concentra seus esforços nas doenças da lista da Organização
Mundial de Saúde Animal - OIE, que se caracterizam pelo grande poder de difusão,
consequências econômicas ou sanitárias graves e repercussão no comércio
internacional.

Objetivo do PNSS
Tem em vista manter a saúde dos rebanhos suínos, centrado nas doenças
listadas pela OIE, entre elas a Peste Suína Clássica, Peste Suína Africana e
Aujeszky, estas enfermidades possuem um alto poder de difusão e de gerar
prejuízos econômicos ao país, bem como uma repercussão no comércio
internacional.

Instrução Normativa nº 47 de 18/06/2004


Composta de 10 capítulos, onde destacamos alguns pontos, como:
*CAPÍTULO II DAS COMPETÊNCIAS: Art. 3º Ao Departamento de Defesa Animal -
DDA, da Secretaria de Defesa Agropecuária - SDA, do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento - MAPA, caberá as seguintes funções: I - normatizar,
implementar, controlar e avaliar a execução das atividades do Programa Nacional
de Sanidade Suídea, com vistas à vigilância, à profilaxia, ao controle e à
erradicação de doenças que afetam o plantel nacional de suídeos; II - realizar
fiscalizações e supervisões técnicas nos estabelecimentos de criação de suídeos;
III - realizar supervisões e auditorias técnicas nos serviços veterinários oficiais nas
unidades estaduais e municipais da federação; IV - controlar a produção e
qualidade das vacinas e produtos farmacêuticos aprovados pelo Programa; V -
definir critérios para adoção de técnicas de diagnóstico, para a importação e
utilização de insumos e imunobiológicos; VI - propor e acompanhar estudos
epidemiológicos para criação e manutenção de zonas livres de doenças; VII -
garantir a saúde dos suídeos em toda a cadeia produtiva e o controle higiênico-
sanitário dos plantéis; VIII - propor a realização de eventos de capacitação técnica.
*CAPÍTULO V DA NOTIFICAÇÃO DE DOENÇAS E VIGILÂNCIA: Art. 8º O serviço
veterinário oficial manterá um sistema de vigilância zoossanitária e de informação,
abrangendo todos os níveis, com análise sistemática dos dados coletados e
produção de informes periódicos para atendimento aos compromissos nacionais e
internacionais. Art. 9º Todo médico veterinário, proprietário, transportador de
animais ou qualquer outro cidadão que tenha conhecimento de suspeita da
ocorrência de doença de suídeos de notificação obrigatória deverá comunicar
imediatamente o fato ao serviço veterinário oficial. O proprietário deverá suspender
de imediato a movimentação, a qualquer título, de suídeos, seus produtos e
subprodutos existentes no estabelecimento, até que o serviço veterinário oficial
decida sobre as medidas a serem adotadas. § 1º São doenças de notificação
obrigatória todas as que vierem a ser relacionadas por ato do DDA. § 2º O serviço
veterinário oficial adotará imediatamente as medidas de atenção veterinária e
vigilância definidas pelo DDA, para cada doença específica. § 3º A infração ao
disposto neste artigo deverá ser devidamente apurada pelo serviço veterinário
oficial que, se for o caso, representará criminalmente contra o infrator junto ao
Ministério Público, para apuração das responsabilidades cabíveis. § 4º Caso o
infrator seja médico veterinário credenciado, além do disposto no § 3º, o serviço
veterinário oficial deverá proceder de acordo com a legislação específica.
*CAPÍTULO VI DA FISCALIZAÇÃO E CONTROLE SANITÁRIO DE
ESTABELECIMENTOS DE CRIAÇÃO: Art. 10. Todo estabelecimento de criação de
suídeos estará sujeito à fiscalização do serviço veterinário oficial. Art. 11. No caso
do não cumprimento das exigências constantes deste Regulamento, as seguintes
medidas poderão ser adotadas, a critério do serviço veterinário oficial: I - suspensão
da autorização de importação e exportação e da emissão da autorização de trânsito
interno; II - interdição do estabelecimento; III - abate sanitário; IV - sacrifício de
animais; V - aplicação de outras medidas sanitárias estabelecidas pelo DDA.
*CAPÍTULO VII DOS ANIMAIS DE REPRODUÇÃO E MATERIAIS DE
MULTIPLICAÇÃO ANIMAL: Art. 12. A comercialização e distribuição, no Território
Nacional, de suídeos destinados à reprodução, assim como a sua participação em
exposições, feiras e leilões, somente será permitida àqueles procedentes de
granjas certificadas sanitariamente pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento - MAPA. Art. 13. Para fins de importação de suídeos e seus
materiais de multiplicação animal, deverão ser observadas as normas específicas
vigentes.
*CAPÍTULO VIII DO TRÂNSITO DE ANIMAIS: Art. 14. Os suídeos somente
poderão transitar em Território Nacional quando acompanhados da documentação
de trânsito específica definida pelo DDA (Departamento de Defesa Agropecuária),
de acordo com as normas específicas vigentes. Art. 15. Os veículos
transportadores de suídeos e seus condutores deverão ser cadastrados pelo
serviço veterinário oficial. § 1º Esses veículos deverão ser lavados e desinfetados
de acordo com as normas específicas vigentes. § 2º O cadastro dos veículos
transportadores de suídeos e seus condutores deverá ser atualizado anualmente.

Principais normas sanitárias vigentes


Existe inúmeras normas vigentes, então escolhemos algumas a partir do ano de
2015.
Instrução Normativa nº 31, de 23 de setembro de 2015: Estabelece laboratórios
para realização dos testes de ensaio imunoenzimático - ELISA para pesquisa de
anticorpos para o vírus da peste suína clássica em Suídeos, para atendimento de
programas de vigilância.
Instrução Normativa n° 25, de 19 de julho de 2016: Declarar a zona livre de PSC
do Brasil e estabelece os requisitos para o ingresso de suínos, seus produtos,
subprodutos e amostras biológicas para diagnóstico na zona livre.
Instrução Normativa nº 44, de 19 de dezembro de 2017: Estabelece as normas
para a Certificação Sanitária da Compartimentação da Cadeia Produtiva de Suínos,
quanto a exposição aos vírus da Febre Aftosa - FA e da Peste Suína Clássica -
PSC.
Plano Estratégico Brasil Livre de Peste Suína Clássica. Brasília, Dezembro
2019: O objetivo do Plano é erradicar a PSC na zona não livre do Brasil, reduzindo
as perdas diretas e indiretas causadas pela doença e gerando benefícios pelo
status sanitário de país livre da doença.
Instrução Normativa nº 10, de 06 de abril de 2020: Autoriza o uso da vacina
contra Peste Suína Clássica (PSC) na Zona não Livre da doença, de acordo com o
Plano Estratégico Brasil Livre de Peste Suína Clássica.
Instrução Normativa nº 113, de 16 de dezembro de 2020: Estabelece as boas
práticas de manejo e bem-estar animal nas granjas de suínos de criação comercial.
Notificação de doenças relativas à suinocultura
A notificação imediata ao Serviço Veterinário Oficial de ocorrências de
determinadas doenças em suínos é de fundamental importância para a proteção da
suinocultura nacional.
A notificação da suspeita ou ocorrência de doença listada no Anexo da Instrução
Normativa n° 50/2013 é obrigatória para qualquer cidadão, bem como para todo
profissional que atue na área de diagnóstico, ensino ou pesquisa em saúde animal.

Também deverão ser notificadas no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas de


seu conhecimento, quando houver suspeita ou ocorrência de qualquer doença
listada no Anexo desta Instrução Normativa se:
I - ocorrer pela primeira vez ou reaparecer no País, zona ou compartimento
declarado oficialmente livre;
II - qualquer nova cepa de agente patogênico ocorrer pela primeira vez no País,
zona ou compartimento;
III - ocorrerem mudanças repentinas e inesperadas nos parâmetros epidemiológicos
como: distribuição, incidência, morbidade ou mortalidade de uma doença que
ocorre no País, Unidade Federativa, zona ou compartimento; ou
IV - ocorrerem mudanças de perfil epidemiológico, como mudança de hospedeiro,
de patogenicidade ou surgimento de novas variantes ou cepas, principalmente se
houver repercussões para a saúde pública.

A notificação também deverá ser imediata para qualquer outra doença animal que
não pertença à lista do Anexo desta Instrução Normativa, quando se tratar de
doença exótica ou de doença emergente que apresente índice de morbidade ou
mortalidade significativo, ou que apresente repercussões para a saúde pública.
As doenças de notificação obrigatória que podem acometer os suínos, conforme
a IN 50/2013, são:
Lista 1: Doenças erradicadas ou nunca registradas no País, que requerem
notificação imediata de caso suspeito ou diagnóstico laboratorial:
-Encefalomielite por vírus Nipah
-Doença vesicular suína
-Gastroenterite transmissível
-Peste suína africana
-Síndrome reprodutiva e respiratória suína (PRRS)
-Triquinelose
Lista 2: Doenças que requerem notificação imediata de qualquer caso suspeito:
-Peste suína clássica
-Antraz (carbúnculo hemático)
-Doença de Aujeszky
-Estomatite vesicular
-Febre aftosa
-Raiva

Lista 3: Doenças que requerem notificação imediata de qualquer caso confirmado:


-Brucelose (Brucella suis)
-Paratuberculose

Peste Suína Clássica (PSC)


Não é uma zoonose.
AGENTE: Pestivirus da família Flaviviridae.
SINAIS CLÍNICOS E LESÕES:
Forma aguda: febre (40,5 a 42°C), apatia, anorexia, letargia, animais amontoados,
conjuntivite, lesões hemorrágicas na pele, cianose (orelhas, membros, focinho e
cauda), paresia de membros posteriores, ataxia, sinais clínicos respiratórios e
reprodutivos (abortos). A morte pode ocorrer de 5 a 14 dias após o início dos sinais
clínicos, podendo chegar a 100% em leitões. Forma crônica: mortalidade menos
evidente, prostração, apetite irregular, apatia, anorexia, diarreia, artrite, lesões de
pele, retardo no crescimento, repetição de cio, problemas reprodutivos, produção
de leitegadas pequenas e fracas, recuperação aparente, com posterior recaída e
morte. Forma congênita: nascimento de leitões com malformações, tremor
congênito e debilidade. Pode haver leitões clinicamente normais, porém, com
viremia persistente, sem resposta imune e que atuam como fonte de infecção para
outros suínos, sem detecção de anticorpos no diagnóstico indireto (testes
sorológicos). As taxas de mortalidade podem apresentar-se ligeiramente acima da
mortalidade normal esperada. Exame post mortem: hemorragias em múltiplos
órgãos, esplenomegalia, aumento dos linfonodos, pneumonia lobular e úlceras
necróticas em forma de botão na mucosa do trato gastrointestinal.
Objetivos da vigilância: Zona livre de PSC:  Detecção precoce e erradicação da
PSC;  Demonstração de ausência de circulação do vírus da PSC.
Zona não livre de PSC:  Detecção de casos de PSC para eliminação de focos; 
Descrição da situação epidemiológica da PSC, para avaliação e definição de
estratégias de controle e erradicação da doença. População-alvo: suínos de
criações comerciais, de subsistência e asselvajados.
TRANSMISSÃO
O vírus pode ser transmitido pelas vias direta (principalmente por contato oronasal
entre os animais, aerossóis, secreções, excreções, sangue e sêmen) ou indireta
(água, alimentos, fômites, trânsito de pessoas, equipamentos, materiais, veículos,
vestuários, produtos e alimentos de origem animal). O fornecimento de restos de
alimentos contaminados com o vírus aos suínos, sem tratamento térmico, é a forma
de introdução da doença mais comum em países ou zonas livres. A transmissão
transplacentária é importante, gerando leitões infectados, mas clinicamente sadios,
que disseminam o vírus. Período de incubação: de 2 a 14 dias.
SITUAÇÃO NACIONAL

Doença ausente na zona livre de PSC (última ocorrência: 1998, em SP).


Doença presente na zona não livre de PSC (detecção clínica nos estados do
Ceará, Piauí e Alagoas, em 2018 e 2019, e no estado do Piauí, em 2020 e 2021).
LABORATÓRIO RECOMENDADO
O diagnóstico de PSC deve ser realizado em laboratório oficial e as amostras
devem ser enviadas ao Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Pedro
Leopoldo (LFDA-MG).
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
- Detecção de anticorpos:  Ensaio imunoenzimático (ELISA)  Teste de
neutralização viral (VN)
- Detecção do agente ou do ácido nucleico:  RT-PCR em tempo real  Isolamento
e identificação viral.
ORIENTAÇÃO PARA COLHEITA DE AMOSTRA
Colher amostras de sangue de suínos com sinais clínicos ou convalescentes para
obtenção de soro (2mL) e amostras de sangue total com EDTA (5mL). Realizar a
eutanásia dos animais com sinais clínicos e colheita de amostras dos seguintes
órgãos: tonsilas (amígdalas), baço, linfonodos, pulmão e porção distal do íleo (20 a
50 gramas de cada órgão). Acondicionar os órgãos separadamente em frascos ou
sacos plásticos identificados. As amostras devem ser enviadas ao LFDA-MG
preferencialmente refrigeradas, quando a previsão de chegada ao laboratório for de
até 48 horas, após a colheita do material. Caso contrário, as amostras devem ser
enviadas congeladas, preferencialmente a -80°C. Devido à grande variação
individual dos quadros virológicos e imunológicos de PSC, quanto maior o número
de animais testados, maior a chance de um diagnóstico conclusivo. Portanto, deve-
se priorizar a colheita de amostras do maior número possível de animais com sinais
clínicos, evitando-se amostrar apenas um único animal.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Peste suína africana (PSA), doença de Aujeszky (DA), síndrome reprodutiva e
respiratória dos suínos (PRRS), circovirose, salmonelose, pasteurelose,
parvovirose, diarreia viral bovina (BVD), leptospirose, erisipela, infecções por
Streptococcus suis, Glaesserella parasuis e intoxicação por cumarínicos. O
diagnóstico diferencial deve ser considerado para avaliação do quadro clínico e
epidemiológico. O diagnóstico laboratorial deve priorizar a confirmação ou a
exclusão das doenças-alvo da vigilância.
DEFINIÇÃO DE CASO
Caso Suspeito de PSC:
1. suíno (doméstico ou asselvajado) com sinais clínicos ou lesões compatíveis com
PSC, associados ou
não ao aumento das taxas de mortalidade.
Caso provável de PSC:
1. suíno com sinais clínicos ou lesões compatíveis com PSC constatados pelo
SVO(Serviço Veterinário Oficial); OU
2. resultado positivo em teste de RT-PCR em amostra de vigilância ativa para PSC.
A constatação de caso provável de PSC exige a adoção imediata de medidas
de biosseguridade e de providências para o diagnóstico laboratorial para a
exclusão ou a confirmação da doença.
Caso confirmado de PSC (foco):
1. isolamento e identificação do vírus da PSC em amostras procedentes de um ou
mais suínos com ou sem sinais clínicos da doença; OU
2. identificação de antígeno viral, excluindo cepas vacinais, ou ácido nucleico
específico do vírus da PSC em amostras procedentes de um ou mais suínos com
sinais clínicos ou lesões compatíveis com PSC; ou epidemiologicamente vinculados
a um caso confirmado de PSC; ou com indícios de exposição ao vírus da PSC; OU
3. detecção de anticorpos específicos do vírus da PSC, que não sejam
consequência da vacinação ou de infecção por outro Pestivirus, em amostras de
um ou mais suínos com sinais clínicos ou lesões compatíveis com PSC; ou
epidemiologicamente vinculados a um caso confirmado de PSC; ou com indícios de
exposição ao vírus da PSC.
OBS 1: o primeiro caso/foco em zona livre de PSC deverá ser confirmado com
isolamento e identificação do vírus.
OBS 2: em um foco de PSC já confirmado, todos os suínos com sinais clínicos
compatíveis com PSC serão considerados casos confirmados.
Suspeita descartada: caso suspeito não classificado como caso provável de PSC
após investigação clínico epidemiológica realizada pelo SVO.
Caso descartado: caso provável que não atendeu aos critérios de confirmação de
caso após a investigação oficial.
MEDIDAS A SEREM APLICADAS
Medidas aplicáveis em investigação de casos prováveis de PSC em suínos de
criação comercial ou de subsistência: interdição da unidade epidemiológica,
rastreabilidade de ingresso e egresso, investigação de vínculos epidemiológicos,
colheita de amostras para diagnóstico laboratorial e isolamento dos animais.
Medidas aplicáveis em focos de PSC em suínos de criação comercial ou de
subsistência: eliminação de casos e contatos na unidade epidemiológica,
destruição das carcaças, desinfecção, utilização de animais sentinelas e
comprovação de ausência de circulação viral, zonificação e vigilância dentro da
zona de contenção e proteção.
Na zona livre de PSC, a vacinação é proibida. Porém, poderá ser aplicada em
resposta a foco, somente após avaliação e autorização do DAS (Divisão de Defesa
Sanitária Animal), de acordo com a situação epidemiológica verificada na
investigação oficial. As medidas estão detalhadas no Plano de Contingência para
PSC (IN MAPA 27/2004).
Na zona não livre de PSC, as medidas serão adotadas de acordo com a situação
epidemiológica da doença com vacinação prevista nas estratégias de controle,
mediante avaliação e autorização do DAS (Divisão de Defesa Sanitária Animal) .
Medidas aplicáveis em caso de foco de PSC em suínos asselvajados:
intensificação das ações de vigilância na população de suínos asselvajados e nos
estabelecimentos de suínos de criação comercial ou subsistência, da mesma
região, ampliando-se também a comunicação de risco para intensificação de
medidas de biosseguridade.

Doença de Aujeszky (DA)


Não é uma zoonose.
É uma doença causada por um vírus da família Herpesviridae, subfamília
Alphaherpesvirinae, e pode acometer os suínos (Sus scrofa) domésticos,
silvestres e asselvajados, além de uma grande variedade de mamíferos: bovinos,
ovinos, caprinos, equinos, cães, gatos, coelhos e mamíferos silvestres, todos
considerados hospedeiros finais.
TRANSMISSÃO
O vírus é encontrado em todas as secreções e excreções do animal infectado e
pode ser transmitido pelas vias direta (contato entre animais, aerossóis e suas
secreções e excreções, sangue e sêmen) ou indireta (água, alimentos, fômites,
trânsito de pessoas, equipamentos, materiais, veículos, vestuários, produtos,
alimentos de origem animal), entrando no organismo por via oral e oro nasal.
Transmissão transplacentária (vertical) e via inseminação artificial (sêmen
contaminado) são previstas.
Reservatórios: suínos portadores assintomáticos (infecção latente). O vírus tem a
capacidade de estabelecer infecções latentes no hospedeiro que podem ser
reativadas por condições estressantes. Suínos infectados tornam-se portadores
assintomáticos do vírus e fonte de infecção para outros animais.
Período de Incubação: 2 a 6 dias.
Sinais clínicos e lesões
Dependem da faixa etária dos suínos acometidos, estado imune do rebanho,
via de infecção e cepa viral.
Leitões de maternidade: Febre (42ºC), apatia, anorexia, hipersalivação,
predomínio de sinais nervosos como tremores, convulsões, incoordenação de
membros posteriores (posição de cão sentado), andar em círculos, movimentos de
pedalagem, decúbito, opistótono, pêlos eriçados, inapetência e morte de 1 a 5 dias.
Mortalidade pode chegar a 100%.
Leitões em crescimento e terminação: Febre (42ºC), apatia, anorexia, atraso no
crescimento, predomínio de sinais respiratórios como espirros, tosse, descarga
nasal, dispneia. Sinais nervosos podem ser observados. Recuperação em 5 a 10
dias. Mortalidade de 1 a 2% ou maior se houver infecções secundárias.
Suínos reprodutores: Febre (42ºC), anorexia, constipação, hipersalivação, falsa
mastigação, agalaxia, infertilidade e sinais respiratórios como espirros, tosse,
descarga nasal, dispneia. Incoordenação leve e paralisia de posterior são raros.
Mortalidade de 1 a 2%. Matrizes infectadas durante a gestação: retorno ao cio,
abortos, natimortos, fetos mumificados e nascimento de leitões fracos.
Suínos asselvajados: normalmente assintomáticos, podendo apresentar sinais
respiratórios leves.
Sinais clínicos em outros mamíferos: Sintomatologia nervosa associada a
prurido intenso e automutilação, motivo pelo o qual a doença também é conhecida
como “peste de coçar”. É letal, com óbito de 2 a 3 dias após o aparecimento dos
sinais clínicos.
Situação epidemiológica Nacional

Doença presente no Brasil (última ocorrência: 2018, no PR)


Vigilância
Objetivos da vigilância:
• Detecção precoce e erradicação da Doença de Aujeszky;
• Demonstração da ausência de circulação do vírus da DA e permitir o
reconhecimento de estados como livres de DA (IN 08/2007).
População-alvo da Vigilância: suínos de criações comerciais, de subsistência e
asselvajados.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
O diagnóstico diferencial para DA deve ser realizado para as seguintes
doenças: Peste Suína Clássica (PSC), Peste Suína Africana (PSA), influenza
suína, circovirose, pasteurelose, meningite estreptocócica, pneumonia enzoótica,
raiva, leptospirose, hipoglicemia neonatal, intoxicação por sal e outras doenças que
afetam o sistema nervoso, respiratório ou reprodutivo dos suídeos.
PROVAS PARA DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
• Detecção de anticorpos pelo ensaio de neutralização viral.
• Detecção do RNA viral por RT-PCR em tempo real.
• Isolamento viral em linhagem celular.
LABORATÓRIO RECOMENDADO
Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Pedro Leopoldo - LFDA/MG.
ORIENTAÇÃO PARA COLHEITA DE AMOSTRA
Eutanasiar o (s) animal (ais) doente (s) e colher cérebro, baço, tonsilas, pulmão e
fetos abortados, sendo 50 gramas de cada órgão. Acondicionar separadamente em
frascos ou sacos plásticos, identificados. Colher amostras de soro de suínos
doentes ou convalescentes, no mínimo 2 ml por animal, límpidas após
centrifugação e acondicionar em tubos tipo Eppendorf. Remeter as amostras
congeladas. Em nenhuma hipótese deve ser colhido e enviado um órgão de um só
animal. Quanto maior o número de animais coletados, maior a chance de um
diagnóstico correto.
DEFINIÇÃO DE CASO
Caso suspeito: qualquer suíno que apresente sinais clínicos ou lesões compatíveis
com DA, notificado ao SVO.
Caso provável: constatação pelo SVO de suíno apresentando sinais clínicos ou
lesões compatíveis com a DA, ou com reação a teste laboratorial que indique a
possível presença do vírus da DA, exigindo adoção imediata de medidas de
biossegurança e de providências para o diagnóstico laboratorial.
Caso ou foco confirmado: registro, em uma unidade epidemiológica, de pelo
menos um caso que atenda a um ou mais dos seguintes critérios:
1) isolamento e identificação do vírus da DA em amostras de suínos, com ou sem
sinais clínicos;
2) detecção de antígeno viral ou ácido ribonucleico específico do vírus da DA em
amostras de suínos, com ou sem sinais clínicos da doença;
3) detecção de anticorpos específicos do vírus da DA, que não sejam
consequência da vacinação, em amostras de suínos, com ou sem sinais clínicos da
doença.
Suspeita Descartada: caso suspeito cuja investigação do SVO demonstrou não
ser compatível com DA.
Caso Descartado: caso provável que não atendeu aos critérios de confirmação de
caso.
MEDIDAS A SEREM APLICADAS
Medidas aplicáveis em investigação de suspeitas/casos prováveis de Doença
de Aujeszky: Interdição da unidade epidemiológica, rastreamento de ingresso e
egresso, investigação de vínculos epidemiológicos, colheita de amostras para
diagnóstico laboratorial, isolamento dos animais.
Medidas aplicáveis em focos de Doença de Aujeszky: Despovoamento imediato,
despovoamento gradual ou erradicação por sorologia, a ser avaliado de acordo com
a situação epidemiológica. Desinfecção, vazio sanitário, utilização de animais
sentinelas e comprovação de ausência de circulação viral. Estratégia de vacinação
em resposta a foco somente após avaliação do DSA de acordo com a situação
epidemiológica. Vacinação preventiva proibida. Medidas detalhadas no Plano de
Contingência para DA (IN MAPA 08/2007).

Peste Suína Africana (PSA)


Não é uma zoonose.
AGENTE
Asfavirus da família Asfaviridae.
ESPÉCIES SUSCETÍVEIS
Suídeos (família Suidae) domésticos e silvestres.
SINAIS CLÍNICOS E LESÕES
Forma hiperaguda: mortalidade súbita, podendo não haver a manifestação de
sinais clínicos, febre alta (40,5 a 42°C) e extremidades cianóticas, com evolução
rápida e mortalidade que pode chegar a 100% dos animais afetados.
Formas aguda e subaguda: febre (40,5 a 42°C), anorexia, letargia, animais
amontoados, conjuntivite, vômito, diarreia inicialmente mucoide, evoluindo para
diarreia sanguinolenta, extremidades cianóticas, lesões hemorrágicas na
pele, dispneia, abortos, paresia de membros posteriores, ataxia, convulsão e a
morte pode ocorrer de 7 a 10 dias após o início dos sinais clínicos. As taxas de
mortalidade podem variar de 30 a 100%.
Forma crônica: perda de peso, febre (40,5 a 42°C), necrose ou úlceras na pele,
artrite, pericardite e sinais clínicos respiratórios. A evolução dos sinais clínicos é
lenta, de 2 a 15 meses, e as taxas de mortalidade são baixas.
Exame post mortem: lesões hemorrágicas em múltiplos órgãos, esplenomegalia
congestiva, edema mesentérico no cólon adjacente à vesícula biliar e aumento de
linfonodos.
SITUAÇÃO NACIONAL
Doença erradicada e ausente no Brasil (última ocorrência: 1981, em PE).
VIGILÂNCIA
Objetivos da vigilância:
• Detecção precoce e erradicação da PSA.
População-alvo: suínos de criações comerciais, de subsistência, silvestres e
asselvajados.
TRANSMISSÃO
O vírus pode ser transmitido pelas vias direta (principalmente por contato oronasal
entre os animais, aerossóis, secreções, excreções, sangue e sêmen) ou indireta
(água, alimentos, fômites, trânsito de pessoas, equipamentos, materiais, veículos,
vestuários, produtos e alimentos de origem animal).
O fornecimento de restos de alimentos contaminados com o vírus aos suínos, sem
tratamento térmico, é a forma de introdução da doença mais comum em países ou
zonas livres.
Vetores: carrapatos do gênero Ornithodoros e moscas dos estábulos (Stomoxys
calcitrans).
Período de incubação: 4 a 19 dias.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Peste suína clássica (PSC), doença de Aujeszky (DA), síndrome reprodutiva e
respiratória dos suínos (PRRS), circovirose, salmonelose, pasteurelose,
parvovirose, diarreia viral bovina (BVD), leptospirose, erisipela, infecções
por Streptococcus suis, Glaesserella parasuis e intoxicação por cumarínicos.
O diagnóstico diferencial deve ser considerado para avaliação do quadro
clínico e epidemiológico. O diagnóstico laboratorial deve priorizar
a confirmação ou a exclusão das doenças-alvo da vigilância.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Detecção do agente ou do ácido nucleico:
 PCR em tempo real
 Isolamento e identificação viral
LABORATÓRIO RECOMENDADO
O diagnóstico de PSA deve ser realizado em laboratório oficial e as amostras
devem ser enviadas ao Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Pedro
Leopoldo (LFDA-MG).
ORIENTAÇÃO PARA COLHEITA DE AMOSTRA
Colher amostras de sangue de suínos com sinais clínicos ou convalescentes para
obtenção de soro (2mL) e amostras de sangue total com EDTA (5mL).
Realizar a eutanásia dos animais com sinais clínicos e colheita de amostras dos
seguintes órgãos: tonsilas (amígdalas), baço, linfonodos, pulmão e porção distal do
íleo (20 a 50 gramas de cada órgão).
Acondicionar os órgãos separadamente em frascos ou sacos plásticos
identificados. As amostras devem ser enviadas ao LFDA-MG preferencialmente
refrigeradas, quando a previsão de chegada ao laboratório for de até 48 horas,
após a colheita do material. Caso contrário, as amostras devem ser enviadas
congeladas, preferencialmente a -80°C.
Devido à grande variação individual dos quadros virológicos e imunológicos de
PSA, quanto maior o número de animais testados, maior a chance de um
diagnóstico conclusivo. Portanto, deve-se priorizar a colheita de amostras do maior
número possível de animais com sinais clínicos, evitando-se amostrar apenas um
único animal.
DEFINIÇÃO DE CASO
Caso Suspeito de PSA: 1. suíno (doméstico, silvestre ou asselvajado) com sinais
clínicos ou lesões compatíveis com PSA, associados ou não ao aumento das taxas
de mortalidade.
Caso provável de PSA: 1. suíno com sinais clínicos ou lesões compatíveis com
PSA constatados pelo SVO; OU 2. resultado positivo em teste de PCR em amostra
de vigilância ativa para PSA. A constatação de caso provável de PSA exige a
adoção imediata de medidas de biosseguridade e de providências para o
diagnóstico laboratorial para a exclusão ou a confirmação da doença. Caso
confirmado de PSA (foco): 1. isolamento e identificação do vírus da PSA em
amostras procedentes de um ou mais suínos com ou sem sinais clínicos da doença;
OU 2. identificação de antígeno viral ou ácido nucleico específico do vírus da PSA
em amostras procedentes de um ou mais suínos com sinais clínicos ou lesões
compatíveis com PSA; ou epidemiologicamente vinculados a um caso confirmado
da PSA; ou com indícios de exposição ao vírus da PSA.
OBS 1: o primeiro caso/foco de PSA no Brasil deve ser confirmado com isolamento
e identificação do vírus seguido de sequenciamento genético.
OBS 2: em um foco de PSA já confirmado, todos os suínos com sinais clínicos
compatíveis com PSA serão considerados casos confirmados. Suspeita descartada:
caso suspeito não classificado como caso provável de PSA após investigação
clínicoepidemiológica realizada pelo SVO.
Caso descartado: caso provável que não atendeu aos critérios de confirmação de
caso após a investigação oficial.
MEDIDAS A SEREM APLICADAS
A ocorrência de um foco de PSA no Brasil configura uma situação de
EMERGÊNCIA ZOOSANITÁRIA, sendo necessária a adoção de medidas sanitárias
para impedir a disseminação da doença e eliminar o foco imediatamente.
Medidas aplicáveis em investigação de casos prováveis de PSA em suínos de
criação comercial ou de subsistência: interdição da unidade epidemiológica,
rastreabilidade de ingresso e egresso, investigação de vínculos epidemiológicos,
colheita de amostras para diagnóstico laboratorial e isolamento dos animais.
Medidas aplicáveis em focos de PSA em suínos de criação comercial ou de
subsistência: eliminação de casos e contatos na unidade epidemiológica,
destruição das carcaças, desinfecção, utilização de animais sentinelas e
comprovação de ausência de circulação viral, zonificação e vigilância dentro da
zona de contenção e proteção.
Medidas aplicáveis em caso de foco de PSA em suínos asselvajados:
intensificação das ações de vigilância na população de suínos asselvajados e nos
estabelecimentos de suínos de criação comercial ou subsistência, da mesma
região, ampliando-se também a comunicação de risco para intensificação de
medidas de biosseguridade.
Referências

1. https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sanidade-animal-
e-vegetal/saude-animal/programas-de-saude-animal/sanidade-
suidea acesso em 03/11/2021

2. De Castro, Aline Carvalho, Pamela Kamiya Alves, and Cleyzer


Adrian da Cunha. "O programa PNSS e a mudança institucional no
mercado suíno brasileiro." Revista Tecnologia e Sociedade 13.29
(2017): 164-178.

3. Gava, D., et al. "Peste Suína Clássica e Peste Suína Africana:


entendendo as doenças e os riscos para o Brasil." Embrapa Suínos
e Aves-Artigo em periódico indexado (ALICE) (2019).

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