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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA

CÍVEL DA COMARCA DE BRUSQUE/SC

PAULO, brasileiro, viúvo, militar da reserva, portador da carteira de identidade


n°..., expedida pelo ..., inscrito no CPF sob o n° ..., endereço eletrônico ..., residente e
domiciliado ...; ANTÔNIO MARANHÃO, nacionalidade, estado civil, profissão,
portador da carteira de identidade n° ..., expedida pelo ..., inscrito no CPF sob o n° ...,
endereço eletrônico ..., residente e domiciliado na Rua Bauru, 371, Brusque/SC, CEP ...,
vêm, por seu advogado, com endereço eletrônico ... e profissional ..., para fins do art. 77,
inciso V, do Código de Processo Civil, respeitosamente, a este Juízo propor

AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO

pelo procedimento comum, em face de JUDITE, brasileira, solteira, advogada, portador


da carteira de identidade n° ..., expedida pelo ..., inscrito no CPF sob o n° ..., endereço
eletrônico ..., residente e domiciliada na Rua dos Diamantes, 123, Brusque/SC, CEP ...;
JONATAS, espanhol, casado, profissão, portadora da carteira de identidade n° ...,
expedida pelo ..., inscrita no CPF sob o n° ..., endereço eletrônico ..., residente e
domiciliado na Rua Jirau, 366, Florianópolis/SC, CEP ...; e JULIANA , brasileira,
casada, profissão, portador da carteira de identidade n° ..., expedida pelo ..., inscrito no
CPF sob o n° ..., endereço eletrônico ..., residente e domiciliada na Rua Jirau, 366,
Florianópolis/SC, CEP ..., pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor.

DA PRIORIDADE NO TRÂMITE PROCESSUAL

Inicialmente, informa que o autor é idoso e conta atualmente com 65 (sessenta e


cinco) anos de idade, conforme cópia do documento de identidade em anexo, razão pela
qual requer a concessão do benefício da prioridade no trâmite processual, com fulcro no
art. 1.048, inciso I, do CPC.

DA OPÇÃO DO AUTOR PELA REALIZAÇÃO OU PELA NÃO REALIZAÇÃO


DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
Neste ato, o autor faz a opção pela realização da audiência de conciliação,
prevista no Art. 334, do CPC.

DOS FATOS

O Autor e a 1ª Ré eram proprietários de um imóvel de veraneio, situado na Rua


Rubi, 350, Balneário Camboriú/SC, conforme cópia da certidão de imóveis e escritura
em anexo.
Cumpre destacar que o autor havia outorgado uma procuração em novembro de
2011 para a 1ª Ré, com poderes especiais expressos para alienação do aludido imóvel.
Entretanto, tal instrumento de mandado foi revogado em 16/12/2016, tendo sido
notificada a 1ª Ré e o titular do Cartório do 1° Ofício de Notas, onde o documento fora
lavrado, em 05/12/2016, conforme se observa dos documentos em anexo.
Não obstante a revogação, a 1ª Ré alienou o imóvel acima descrito para o 2° e 3°
Réus, em 15/12/2016, pelo valor de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), dez dias
depois da ciência da revogação do instrumento procuratório, agindo com dolo, eis que
não possuía mais poderes para tal negócio jurídico.
Destarte, cumpre observar que o autor só teve ciência da alienação de seu bem em
1 de fevereiro de 2017, ao chegar no imóvel e constatar que o mesmo se encontrava
ocupado pelo 2° e 3° Réus.

DOS FUNDAMENTOS

Ficou evidenciado que a conduta da 1ª Ré foi norteada pelo sentimento de má-fé,


uma vez que apesar de ser proprietária de parte do imóvel, alienou-o integralmente
utilizando-se de uma procuração com poderes especiais que já havia sido revogada pelo
autor, proprietário de outra parte do imóvel, e com a agravante de ter sido notificada 10
(dez) dias antes do negócio jurídico, conforme comprovantes anexados.
A 1ª Ré agiu com dolo, não observando as formalidades legais, uma vez que o
mandato procuratório havia sido revogado em 16/11/2016, situação que se coaduna com
as normas previstas nos artigos 661, §1° e 682, inciso I, do Código Civil.
Cumpre ainda observar que o negócio jurídico pactuado entre os Réus está eivado
de nulidade absoluta, eis que preteriu solenidade essencial para a sua validade, como é o
caso de instrumento de mandato com poderes específicos e expressos para a celebração
do negócio, estando tal hipótese tipificada no art. 166, inciso V, do Código Civil.
Refira-se que Carlos Alberto da Mota Pinto, definia ineficácia em sentido amplo
como tendo lugar “sempre que um negócio não produz, por impedimento decorrente do
ordenamento jurídico, no todo ou em parte, os efeitos que tenderia a produzir, segundo
o teor das declarações respectivas”. Segundo o mesmo autor,
“o conceito de ineficácia em sentido estrito definir-se-á, coerentemente, pela
circunstância de depender, não de uma falta ou irregularidade dos elementos internos
do negócio, mas de alguma circunstância extrínseca que, conjuntamente com o negócio,
integra a situação complexa (fattispecie) produtiva de efeitos jurídicos”.

Nesse sentido, os Tribunais vêm decidindo pela anulação do negócio jurídico de


compra e venda de bens a descendentes sem a anuência dos demais, como pode se inferir
da ementa abaixo transcrita:
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. NEGÓCIO JURÍDICO.
PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. PRETENSÃO DE
DECLARAÇÃO DE NULIDADE DA ESCRITURA PÚBLICA DE
PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE BEM IMÓVEL, BEM COMO DA
PROCURAÇÃO QUE TERIA SIDO OUTORGADA AO 1º RÉU, ALÉM DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS EM RAZÃO DA ALIENAÇÃO
FRAUDULENTA DO IMÓVEL DE TITULARIDADE DA AUTORA.
SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA, CONDENANDO OS RÉUS AO
PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO A TÍTULO DE DANOS MORAIS, ALÉM
DAS DESPESAS PROCESSUAIS, BEM COMO DE IMPROCEDÊNCIA DO
PEDIDO RECONVENCIONAL. IRRESIGNAÇÃO DOS RÉUS. PERÍCIA
GRAFOTÉCNICA QUE COMPROVOU A UTILIZAÇÃO DE PROCURAÇÃO
FRAUDULENTA POR PARTE DOS RÉUS PARA A REALIZAÇÃO DE
NEGÓCIO JURÍDICO ENVOLVENDO O IMÓVEL DA ORA APELADA,
SEM O SEU CONHECIMENTO. ALEGAÇÃO DE PRESCRIÇÃO E
DECADÊNCIA QUE NÃO MERECEM PROSPERAR. INCIDÊNCIA DO
ARTIGO 169 DO CÓDIGO CIVIL. DANOS MORAIS QUE FORAM
FIXADOS EM OBSERVÂNCIA AO PRINCÍPIO DA
PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE, BEM COMO EM
CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. LAÇOS
FAMILIARES COM A AUTORA E O COMPORTAMENTO ILÍCITO DOS
RÉUS QUE AUMENTAM A REPROVABILIDADE DE SUAS CONDUTAS
NA HIPÓTESE. SENTENÇA QUE ENFRENTOU A QUESTÃO DE FORMA
PORMENORIZADA E NÃO MERECE QUALQUER REFORMA.
DESPROVIMENTO DO RECURSO.
(0420110-88.2016.8.19.0001 - APELAÇÃO. Des(a). FABIO DUTRA -
Julgamento: 28/09/2021 - PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL)
Assim, não restou alternativa aos autores senão invocarem a tutela jurisdicional a
fim de ver satisfeito os seus direitos.
DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:

a) A prioridade no tramite processual, por ser o autor idoso, na forma do art. 1048,
inciso I, do CPC.
b) A designação da audiência de mediação e intimação dos Réus para o seu
comparecimento.
c) A citação dos Réus para integrarem a relação processual
d) A procedência dos pedidos dos autores para declarar a nulidade do negócio
jurídico, celebrado entre os Réus.
e) Seja determinada a expedição de ofício ao Cartório do Registro de Imóveis a fim
de cancelar o registro de compra e venda objeto da lide junto à matrícula do
imóvel.
f) A condenação dos Réus nos ônus sucumbenciais.

DAS PROVAS

Requer a produção de todas as provas em Direito admitidas, na amplitude do art.


369 e seguintes do CPC, em especial a prova documental, testemunhal e o depoimento
pessoal dos Réus, sob pena de confissão.

DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais).

Termos em que,
Pede deferimento.

Local e data.

Advogado
OAB/UF N° ...

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