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CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO

A CME caracteriza-se como uma unidade de apoio técnico a todos os


serviços,

assistenciais e de diagnóstico, sendo responsável pelo reprocessamento dos

materiais utilizados na assistência a saúde, desde limpeza, inspeção, seleção

quanto a integridade e funcionalidade e ao acondicionamento em embalagens

adequadas, até a distribuição desses produtos esterilizados a unidades

consumidoras

As principais finalidades do CME são:

• Concentrar os artigos e o instrumental esterilizado e de reposição, para


melhor controle da Instituição Hospitalar;

• Padronização das técnicas de limpeza, preparo, esterilização e


acondicionamento dos materiais;

• Distribuição do material processado (esterilizado ou desinfectado) para as


unidades assistenciais;

• Treinamento e capacitação dos colaboradores do CME e setores


assistenciais, visando a melhoria da manutenção da qualidade do material
e evitar reprocessamento desnecessário;

LOCALIZAÇÃO

A CME deve ser uma unidade independente do Centro Cirúrgico, de fácil acesso

para as unidades assistenciais e próximo das unidades fornecedoras, como

almoxarifado e lavanderia. Também deve ser projetado para que não haja

circulação excessiva de pessoas, diminuindo o risco de contaminação. A

entrega dos materiais sujos devem estar distantes do local de retirada para na

ter o cruzamento com possibilidade de contaminação estes artigos.


ESTRUTURA

A estrutura do setor deve favorecer o sentido único do andamento do


processo.

É recomendado que entre a área de recepção e limpeza dos materiais e as


demais áreas tenha uma barreira física, impedindo o contato do material sujo

com material limpo.

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A CME pode ser dividida em duas grandes áreas: “área suja”, onde são
recepcionados os materiais oriundos dos setores assistenciais, e “área limpa”,
onde o material é submetido a inspeção de limpeza e as condiçoes dos artigos
, seu embalamento e esterilização e segue para area de armazenagem e
distribuição.

EXPURGO

• LAVADORA ULTRASSONICA
• TERMODESINFECTADORA
• PISTOLADE AR COMPRIMIDO
• RECIPIENTES COM SOLUÇÕES DESINFETANTES E DESINCROSTANTES
• PREPARO
• TERMO SECADORA
• STERRAED
• SELADORA
• INSUMOS

ARMAZENAMENTO E DISTRIBUIÇÃO

• CAPELA DE RESFRIAMENTO
• PRODUTOS ESTERILIZADOS
• PRODUTOS DESINFECTADOS

MONTA CARGA SUJO AUTOCLAVE DE BARREIRA CARGA LIMPO

RECEPÇÃO E LIMPEZA DOS ARTIGOS

Quando um profissional de saúde finaliza o procedimento, é


necessário que todo o instrumental utilizado seja encaminhado ao CME para o

processamento.

É recomendado que, dentro do próprio setor, antes de encaminhar o

material ao CME, seja feita uma pré lavagem, apenas com água corrente, para

retirar o excesso de fluidos corpóreos e hidrata-los, facilitando processo no

CME. Isto ajuda a diminuir o tempo de processamento e os custos com

produtos químicos.

o colaborador da CME entra em contato com o material contaminado com os

mais diversos microorganismos. Todo o material deve ser considerado

contaminado, para evitar acidentes com material biológico. Toda instituição

hospitalar deve fornecer equipamentos de proteção individual (EPI) e é

obrigação do supervisor do setor o monitoramento do seu uso. Os EPI’s

recomendados são:

• Luvas de limpeza;

• Avental IMPERMEÁVEL de manga longa ;

• Óculos de proteção,

• Protetor auricular

• Touca/gorro;

• Máscara;

• Botas impermeáveis

Ao receber o material, o CME inicia o processo de limpeza. A

limpeza é a etapa mais importante de todo o processo, pois um material que

não estiver limpo, não pode ser esterilizado. Se o material apresentar alguma

sujidade, mesmo depois de esterilizado, deve ser considerado contaminado e

refeito o processo ;

Manual: Pré lavagem , ao receber os artigos das unidades , retira se a matéria

orgânica grosseira ,através de um enxágue com água e inspeção para redução


de resíduos de sujidade e após colocar em imersão com solução

detergentes e desincrustantes . Após um período de tempo protocolado pela

instituição é realizado a remoção física com com escovas próprias e enxágue

em água corrente ( é recomendado pela RDC no 15/2012 que a água seja

purificada, ou seja, que hajam filtros nas torneiras para filtragem pois os

minerais encontrados na água podem agredir e diminuir a vida útil do

instrumental).

Mecânica: Após o processo manual colocamos os artigos para submeter se a

limpeza automatizada através dos equipamentos de limpeza sendo os mais

mais comuns encontrados em CMEs é a lavadora ultrassônica, que através do

processo de cavitação remove matéria orgânica de instrumental canulado e a

lavadora termodesinfectora, que através de jatos de água combinados a

detergentes em alta temperatura auxilia na remoção de sujidade e

descontaminação do material.

A secagem é recomendada com pistola de ar comprimido,

principalmente em material canulado (pinças de videocirurgia, por exemplo),

para que, em caso de matéria orgânica aderida ao instrumental, seja removida

pelo jato forte de ar.

Todo artigo passa pelo processo de desinfecção antes de sair para a área de
preparo.

ÁREA DE PREPARO

Na área de preparo os artigos e os instrumentais passam pelo processo

secagem pela termoseladora e após realiza-se a inspeção, montagem dos kits

de instrumentais, acondicionar em caixas ou invólucro adequado para a

esterilização. Atentar em não colocar na termo secadora materiais termo

sensíveis ao calor , para não danificar..

Em caso de encontrar sujidade, deve-se refazer o processo de limpeza,


lembrando que todo o material com matéria orgânica, mesmo depois de passar

pelo processo de esterilização, ainda é considerado contaminado. Os materiais

que são aprovados na inspeção de limpeza podem ser considerados limpos,

mas o cuidado com o manuseio deles não pode ser desconsiderado. Para os

colaboradores, o EPI essencial para o manuseio é a luva de procedimento,


podendo ser de látex ou vinil, dependendo da sensibilidade do colaborador.

Os EPIS recomendados em toda área de preparo são:

• Luva de procedimento simples;

• Touca/gorro

• Protetor de calçados “pro-pé”

Após o acondicionamento dos instrumentais dentro das caixas,

bandejas ou outros, é importante saber a qual invólucro escolher.

Um invólucro, para ser considerado ideal, deve conter os seguintes

aspectos: permitir adequada penetração e remoção do agente esterilizante;

promover barreira adequada; resistir a rasgos, abrasões e perfurações;

selagem hermética; não delaminar; promover abertura asséptica; ser atóxica,

inodora e não liberar corantes; ser isenta de rasgos, furos, fissuras, dobras,

remendos e espessura diminuída localizada; repelir umidade; ter indicador

químico quando possível; ter opções de tamanhos; ter baixa memória; fácil de

manipular; apropriada ao método de esterilização escolhido.

Após o devido acondicionamento do material que submeteu-se a desinfecção ,

é de extrema importância a identificação do material com a data da

esterilização, data de validade ( desde que seja manipulada de acordo com a

preservação de sua integridade) de uso, identificação do equipamento para

esterilização e método de esterilização, lote, nome do colaborador que montou

o material.( Já existem etiquetas no mercado que tem essas informações para

preencher, com e sem integrador químico.)


Os produtos que submeteram-se a apenas desinfecção química devem ser

acondicionados em sacos plásticos ( COVER BAG) padronizados pela

instituição e devidamente identificados conforme protocolo

As embalagens para esterilização que são autorizadas para uso segundo a

RDC no 15 são:

• CAMPO DE ALGODÃO

Obrigatório ser 100% algodão. Material reutilizável, por isso o mais

utilizado pelas instituições hospitalares. Tem baixa memória e é resistente a

manipulação, porém em caso de apresentar furos, rasgos, costuras ou

diminuição da espessura deve ser imediatamente descartado. Segundo


estudos, pode ser reutilizado até 65 vezes com técnica de barreira dupla (duas

camadas de campo de algodão). Serve para esterilização a vapor.

• SMS

É chamado de “não tecido”. Esta embalagem é descartável feita de

polipropileno. A barreira microbiana é alta, em torno de 97%. Se

comparada ao tecido de algodão, a barreira microbiana é melhor. Não

tem uma memória boa quanto ao tecido, sendo que exige uma

habilidade melhor no empacotamento. Compatível com todos os

métodos de esterilização.

• PAPEL GRAU CIRÚRGICO

Formada por um lado de papel e outro de filme plástico. Contém integrador

químico em sua lateral, o que auxilia na visualização do material processado e

não processado. Muito utilizada para esterilização de material avulso, pois

facilita visualização do instrumental.


● Contêiner Rígido
Este sistema foi criado na Alemanha. Constitui-se por uma caixa de

metal ou plástico termo resistente, específico para acomodar os artigos para

esterilização. A tampa contém um filtro antimicrobiano (descartável ou

reutilizável) de alta eficiência, permeável ao agente esterilizante. Com este

sistema, pode-se garantir a esterilização por mais tempo, visto que a caixa é o

invólucro, que é mais resistente ao manuseio. Não se recomenda a utilização

de outro tipo de embalagem dentro do contêiner, sob o risco de comprometer a

eficácia da esterilização do artigo.

• TYVEK®

Embalagem descartável, desenvolvida para todos os métodos de esterilização,


porém
mais utilizada para o método de plasma de peróxido de hidrogênio pelo seu alto
custo.
É confeccionada 100% de fibras de polietileno. Disponível em vários tamanhos e
formatos. Incompatível com esterilização a oC 134.

CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS

Antes de entrar no campo da esterilização e desinfecção, devemos

compreender a classificação dos artigos, a fim de saber qual método de

descontaminação o artigo deve ser submetido de acordo com sua

classificação. Isto reduz o risco de contaminação cruzada, reduz custos com

processos desnecessários e aumenta a segurança para o colaborador e

cliente. Os artigos podem ser classificados em críticos, semicríticos e não


críticos:

• Artigos críticos: são os que penetram em tecidos estéreis (ex:

órgãos, músculos, ossos, sistema vascular, etc). Se contaminados, estes

artigos promovem a contaminação dos tecidos e podem levar a complicações

no cliente. Exemplos de materiais críticos são: instrumentais cirúrgicos para

cirurgia aberta ou videocirurgia, campos operatórios, agulhas, etc. Todos esses

materiais devem passar pelo processo de esterilização.

• Artigos semicríticos: são os que entram em contato com mucosa

íntegra (boca, vagina, intestinos), que tem microbiota própria. São resistentes

aos esporos, porém são susceptíveis a bactérias que não são de sua

microbiota e alguns vírus. Exemplos desses artigos são: endoscópios em geral,

macro e micro nebulizadores,comadres , patinhos, esses artigos são

acondicionados em sacos plásticos transparentes ( COVER BAG) e

identificados de acordo com o protocolo da instituição e encaminhados a sala

de armazenamento para distribuição.

• Artigos não críticos: são os que entram em contato com pele

íntegra ou nem entram em contato com o cliente. A pele é uma barreira efetiva

a muitos microrganismos, e os artigos apresentam baixíssima fonte de

contaminação cruzada. São exemplos: termômetros, esfigmomanômetros,

enxoval (lençol, travesseiro, fronha, etc). Devem ser submetidos ao processo

de desinfecção de baixo nível ou apenas limpeza.

MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO

Nessa etapa, é a esterilização propriamente dita, ou seja, onde os

artigos vão passar pelo processo de esterilização, independentemente do

método escolhido.
Os colaboradores que ficam nessa área devem sempre trabalhar de

forma ergonômica, pois há muitos conjuntos que são pesados. Utilizar


carrinhos com rodas lubrificadas e tentar sempre, em caso de um kit ser muito

pesado, verificar a possibilidade de dividir em dois kits. Se não houver essa

possibilidade e não houver carrinhos auxiliares, carregar em dois

colaboradores.

O EPI mais importante nesta fase é a luva térmica, pois os materiais

saem das autoclaves (em caso do método de vapor) muito quentes e podem

causar queimaduras.

Existem vários métodos de esterilização. Cada Instituição Hospitalar

ou Empresa Terceirizada deve verificar qual método atende sua demanda, de

acordo com o volume de artigos, a quantidade de artigos termossensíveis,

quantidade de cirurgias e partos/mês, quantidade de leitos de internação,

quantidade de cirurgias contendo órtese e prótese, etc.

Os métodos de esterilização podem se dividir em métodos físicos

(vapor saturado sob pressão – calor úmido; calor seco; radiação ionizante),

físico-químicos de baixa temperatura (óxido de etileno – ETO; vapor de

formaldeído – VBTF; plasma de peróxido de hidrogênio – GPPH; ozônio).

Para este estudo, vamos considerar os métodos mais utilizados nas

instituições e empresas terceirizadas: vapor saturado sob pressão, radiação

ionizante, vapor de formaldeído, óxido de etileno e plasma de peróxido de

hidrogênio.

MÉTODOS FÍSICOS

Os métodos físicos compreendem o calor e a radiação. São eles:

vapor saturado sob pressão e radiação.

• Vapor Saturado Sob Pressão

Este é o método mais utilizado em instituições hospitalares pelo seu

baixo custo e eficácia (esporicida e não tóxico). Aqui o material utilizado é a

água de 121oC a 134oC. Pode ser usado para todos os materiais, exceto os
termossensíveis. As Autoclaves podem ser gravitacionais (ar removido de

dentro da câmara por gravidade), alto vácuo (ar removido mecanicamente

formando vácuo), vácuo pulsátil (ar extraído por injeções e retiradas


sucessivas de vapor) e ciclo flash (tem pequeno porte e opera sem o ciclo de

secagem e sem empacotamento).

O ciclo da autoclave compreende: drenagem do ar, admissão de

vapor e exposição do artigo ao agente esterilizante (tempo de penetração do

vapor, tempo de esterilização e tempo de confiança), exaustão do vapor e

secagem de carga. Esse processo pode levar de 35 a 50 minutos, dependendo

do tempo programado.

• Ciclo Flash O ciclo flash acompanha a mesma linha da esterilização em


autoclave de rotina, porém não apresenta as fases de pré vácuo (pré esterilização)
e secagem (após esterilização) são curtos. Os artigos esterilizados por esse tipo
de ciclo devem ser utilizados imediatamente. Os itens não utilizados devem ser
armazenados e reprocessados em caso de necessidade de uso.

Segundo a Association of PeriOperative Registered Nurses – AORN e

Association for the Advancement of Medical Instrumentation – AAMI, ambas dos

EUA, a recomendação da utilização desse ciclo é somente em casos de

emergência, por exemplo contaminação acidental de algum instrumental de

suma importância na cirurgia em andamento.

É um método muito debatido, pois a utilização desse método como

rotina pode ocasionar falhas na esterilização e contaminação do cliente. Todos

os profissionais de saúde envolvidos devem estar cientes e conscientes sobre

este método de esterilização.

No Brasil, a proibição desse método como rotina está prevista na

RDC no8/2009, que define em seu artigo 11: “Art.11: o ciclo flash das autoclaves

a vácuo não pode ser utilizado como rotina para o processamento do

instrumental e produtos utilizados em procedimentos citados no art.1. Parágrafo


único. A utilização do ciclo flash das autoclaves só pode ocorrer em casos de

urgência, como em contaminação acidental de instrumental cirúrgico do

procedimento em curso. Este ciclo deve ser monitorado por indicadores químicos

e biológicos”.

Radiação Ionizante
A radiação ionizante é chamada assim quando, ao se chocar com os
átomos de um material irradiado, é capaz de alterar sua carga elétrica pelo
deslocamento de elétrons, transformando-os em íons positivos e negativos,
causando a morte dos microorganismos. O processo da esterilização por radiação
ionizante é mais utilizado pelas indústrias pelo seu alto custo e

necessidade de pessoal técnico especializado. Agulhas, seringas, drenos e

outros materiais são exemplos de artigos esterilizados por radiação ionizante.

• MÉTODOS FÍSICO-QUÍMICOS

Quando um material é termossensível, ou seja, não suporta temperaturas acima

de 121oC, precisamos recorrer a métodos que sejam eficazes e não danifiquem

o material. Os métodos físico-químicos unem o processo físico do calor, porém

não na mesma temperatura do processo de vapor saturado sob pressão, e

agentes químicos esterilizantes.

Podemos citar os processos: esterilização por vapor a baixa

temperatura e formaldeído (VBTF), esterilização a óxido de etileno (ETO) e

esterilização por gás plasma de peróxido de hidrogênio (GPPH).

Vapor a baixa temperatura e formaldeído (VBTF)


O formaldeído é um gás incolor e odor característico, utilizado como

agente desinfetante ou esterilizante, no estado líquido ou gasoso. Geralmente,

o produto é encontrado em solução aquosa (formalina) a 37%.


O equipamento aquece a solução entre 60oC a 80oC, deixando-a em

estado de vapor, associada a uma umidade relativa entre 75 a 100%. O ciclo do

equipamento tem características semelhantes ao de vapor saturado sob

pressão, com pulsos de retirada de ar e injeção de vapor. O ciclo dura em

média cinco horas, devido ao processo de aeração, ou seja, retirada de

formaldeído do artigo.Em comparação ao ETO, o ciclo sai mais rápido e com

menor custo. Esse equipamento pode ser instalado na própria CME do hospital

ou em empresas privadas.

Nesse processo, não é recomendado embalar materiais com tecido

de algodão e nem processar nenhum material feito de tecido, pois a solução


impregna no artigo, e a aeração é ineficiente. Também não é recomendado a

esterilização de líquidos e pó. Materiais canulados muito longos precisam de

processo de validação.

O colaborador que operar o processo de esterilização VBTF deve ser

muito bem treinado quanto a manipulação da solução aquosa e operação do

equipamento, pois o formol é altamente irritante de mucosa e cancerígeno em

caso de exposição prolongada por anos

• Esterilização por óxido de etileno (ETO)

O ETO é um gás incolor inflamável, explosivo, carcinogênico e tem o seu uso

indicado para esterilização de artigos termossensíveis.

O ciclo do processo por ETO contém: pré-umidificação, equilíbrio da

temperatura, pré-vácuo, equilíbrio da umidificação, introdução do gás, tempo

de exposição, vácuo final e aeração. A temperatura pode ser entre 37oC a 63C,

umidade relativa de 40 a 80%, e o tempo de exposição de 1 a 6 horas. O ETO,

por ser tóxico, o processo de aeração deve ser de 12 a 16 horas em local

específico, com trocas de ar frequentes.

Os invólucros compatíveis com esta esterilização são: papel grau


cirúrgico, SMS e Tyvek®.

O colaborador que atua no processo, deve estar bem capacitado e

orientado quanto aos riscos da toxicidade do ETO: câncer, anomalias no

sistema reprodutor, alterações genéticas, doenças neurológicas e mutação.

No Brasil, a Portaria Interministerial no 482 de 1999 estabelece os

limites de tolerância de resíduos de ETO. Geralmente quem trabalha com este

processo são as Empresas Terceirizadas, pois pelo alto risco de explosão

devem ficar afastadas de áreas residenciais.

• Plasma de peróxido de hidrogênio (GPPH)

O peróxido de hidrogênio é um agente bactericida, virucida, esporicida e

fungicida em baixas concentrações e temperaturas. O plasma é considerado o

quarto estado da matéria. Pode estar na apresentação de 59%.

O plasma é capaz de transformar o peróxido de hidrogênio em uma

nuvem de substâncias altamente reativas, que se recombinam, transformando-


se em água e oxigênio. Por não utilizar energia térmica, mas onda

eletromagnética, o plasma é produzido a baixa temperatura, de 45oC a 55oC.

O ciclo é composto por: vácuo, injeção, difusão, plasma e ventilação,

sendo que já tem máquinas modernas que fazem o ciclo com duas injeções e

plasma, aumentando a eficácia.Cada ciclo varia entre 28 a 72 minutos,

podendo ser utilizado imediatamente após o término de forma segura. São

incompatíveis com o processo: celulose, líquidos e lúmens de fundo cego.

Podem ser usados como invólucro: SMS e Tyvek®.

DESINFECÇÃO

A desinfecção consiste no processo de eliminação de

microorganismos presentes em superfícies e produtos para saúde, porém em


menor poder letal que a esterilização, pois não destrói todas as formas de vida

microbiana, principalmente os esporos. Segundo a RDC no15/2012, deve-se ter

uma área específica utilizada somente para a desinfecção, com exaustão de ar

constante. O Colaborador que ficar responsável pela desinfecção dos artigos

deve ter cuidado quanto a utilização dos EPIs, pois alguns desinfetantes

podem ser tóxicos. Os EPIs recomendados são: máscara, de preferência com

viseira; na falta desta utilizar máscara simples e óculos de proteção; avental

impermeável que cobre, inclusive, ventre e membros inferiores; luvas de

borracha; gorro; botas de borracha e protetor auricular em caso de ter ar

comprimido no setor.

O responsável técnico do CME deve ter todas as fichas de segurança

do produto químico (FSPQ) e manter à disposição para consulta dos

colaboradores. Também é recomendado que haja um protocolo de condutas

de emergência em caso de exposição aos produtos.

Segundo a classificação de Spauding, em 1968, a desinfecção é

indicada para produtos semi críticos, mas restrita a ela. Os métodos de

desinfecção podem ser classificados conforme o nível (alto, médio e baixo), e

conforme o método e agente desinfetante.

• Desinfecção de alto nível: Destruição de alguns esporos, do bacilo

da tuberculose, de todas as bactérias vegetativas, fungos e todos os vírus.

• Desinfecção de médio nível: Inativa bactérias na forma vegetativa,

a maioria dos vírus e fungos e as micobactérias, incluindo o agente da

tuberculose (mycobacterium tuberculosis), mas não inativa os esporos.

• Desinfecção de baixo nível: Elimina a maioria das bactérias,

alguns vírus e fungos, mas não inativa microrganismos resistentes como as

micobactérias ou esporos bacterianos.


• AGENTES DESINFETANTES
Para que um determinado produto químico seja considerado um bom

degermante, deve ser considerado: o nível de desinfecção necessária, tipo de

material a ser desinfectado, tipo de concentração do degermante, tempo e

temperatura de exposição, pH da solução, toxicidade para o colaborador que

manuseia o produto, quantidade de resíduos do degermante que fica no artigo

após desinfecção. Serão citados os mais comuns nas instituições de saúde.

• Formaldeído: tem ação fungicida, bactericida, esporicida e

virucida. No Brasil, comum em setores de Hemodiálise a apresentação 4%,

usado para desinfecção de dialisadores, porém a Anvisa proibiu seu uso como

agente desinfectante. O tempo de exposição ao produto deve ser seguido

conforme o fabricante. O colaborador deve ter cuidado ao manusear o produto,

pois em contato com a pele ocorre a queratinização, e o odor é altamente

irritante para olhos e mucosas. É um produto tóxico e carcinogênico.

• Glutaraldeído: a solução aquosa apresenta pH neutro. Não é

esporicida, a menos que seja acrescida de um ativador alcalinizante e seu pH

seja de 7,5 a 8,5. Este produto, quando utilizado em artigos com o processo de

limpeza insuficiente, fixa matéria orgânica. Se os artigos submetidos a esse

tipo de desinfecção não forem enxaguados em água estéril de forma

abundante, o resíduo deste desinfetante pode causar problemas ao paciente. O

colaborador que for exposto a quantidades elevadas de vapor do produto

podem ter: dermatites, irritação de mucosas, epistaxe, rinite e sintomas

pulmonares (asma, bronquite e traqueíte). Não é carcinogênico nem

teratogênico, e não causa problema na saúde reprodutiva do colaborador que o

manuseia. Ortoftaldeído : com apresentação a 0,55%, apresenta boa atividade


micobactericida, inclusive as resistentes ao glutaraldeído. Baixo nível

de odor, menos irritante a mucosas e pele, porém o cuidado ao manusear o


produto
deve ser o mesmo que dos outros desinfetantes. Deve-se, antes de utilizar o
produto,
realizar a verificação da concentração da solução. Geralmente as empresas
fabricantes contém os produtos para verificar a concentração.
• Ácido peracético: ácido acético + peróxido de hidrogênio. Rápida

ação microbicida. Atualmente é a escolha dos centros de Hemodiálise para


desinfecção dos dialisadores. Nos EUA já existe e é utilizado em larga escala o

equipamento de esterilização a vapor de ácido peracético, porém não é tão

comum no Brasil. Odor característico, é irritante para mucosas. Tem ação

corrosiva em cobre, latão, bronze, aço comum e ferro galvanizado. Deve-se,

antes de utilizar o produto, realizar a verificação da concentração da solução.

Geralmente as empresas fabricantes contém os produtos para verificar a

concentração.

• Hipoclorito de Sódio: podem vir na apresentação líquida ou

sólida. Odor forte e irritante para mucosas. São de baixo custo, ação rápida,

baixa toxicidade e ampla atividade microbicida. É corrosivo para metais,

incompatível com detergentes e ação descolorante. Indicado para desinfecção

de superfícies, artigos de inaloterapia e oxigenoterapia. Requer enxágue

abundante dos artigos antes de entrar em contato com a pele, pois pode

causar irritações.

• Termodesinfecção: é a desinfecção realizada por um

equipamento próprio, onde o calor e o degermante agem realizando a

desinfecção. Este processo tem como vantagem a pouca exposição do

colaborador ao produto químico, porém deve-se ter cuidado ao manusear o

produto desinfetado, pois pode causar queimaduras. Pode-se monitorar o

processo de limpeza e desinfecção através de indicadores químicos próprios.


Não se recomenda o uso de água sanitária de uso doméstico para instituições
de saúde. É necessário que a empresa fabricante apresente o registro na
Anvisa como produto saneante, o certificado de boas práticas de fabricação e a
ficha de segurança do produto químico (FSPQ)

INDICADORES DE PROCESSO

Todas as fases do processo dentro de uma CME devem ser

monitoradas através de indicadores de processo. Na prática de desinfecção,

não há, até o momento, indicadores práticos de resultados. Já na esterilização,

há recursos tecnológicos para o controle dos seus resultados, na rotina diária,

por meio de indicadores físicos, químicos e biológicos. Os indicadores físicos

estão na própria autoclave, indicando a pressão interna e externa da câmara.

Sobre os indicadores químicos, contamos com seis classes:

• Classe 1: indicadores de processo. São tintas termocrômicas, ou

seja, mudam de cor com a exposição ao processo, que indicam que o artigo

passou pelo processo de esterilização. São as famosas “fitas zebradas”, e os

indicadores químicos contidos no papel grau cirúrgico e Tyvek®. É importante

que todo material contenha esse indicador visível, para que não haja

possibilidade de confundir o material processado de não processado. Algumas

etiquetas de identificação já contém o indicador químico incluído.

• Classe 2: é utilizado para testes específicos. O Bowie-Dick (BD) é

considerado um indicador classe 2. O BD é utilizado para a verificação da

bomba de vácuo das autoclaves, ou seja, verificar se a retirada do ar através de

pulsos de vácuo é eficiente.

• Classe 3: indicadores de parâmetro único (temperatura, vapor,


tempo de exposição). Não é comercializado no Brasil.

• Classe 4: multiparamétrico, ou seja, verifica dois ou mais


parâmetros ao mesmo tempo.

• Classe 5: indicadores integradores, designados para reagir a

todos os parâmetros da autoclave. No caso da autoclave de vapor saturado


sob pressão, o indicador além de avaliar outros fatores, a qualidade do vapor

tem que ter no mínimo 95% de umidade. Segundo organizações americanas, o

desempenho pode ser comparado ao dos indicadores biológicos.

• Classe 6: indicadores emuladores (simuladores). Reagem a todos


os parâmetros críticos da autoclave. Esse indicador é de alta sensibilidade, pois
não reage até que aproximadamente 95% do ciclo de esterilização se conclua. O

responsável pelo CME deve verificar qual simulador mais se adequa a validação
de tempo e temperatura da sua autoclave.

Segundo a RDC no15/2012, art.96 diz que o monitoramento do

processo de esterilização em cada carga deve ser realizado com integradores

classe 5 ou 6, segundo rotina do CME.

Os Indicadores Biológicos (IB) controlam ciclos de esterilização

através de ampolas com preparações padronizadas de esporos bacterianos –

comprovadamente resistente ao processo que vai ser realizado – contendo


cerca de 106 UFC7 por unidade ou papel-filtro. Existem três gerações de IB:

• Primeira geração: tiras ou discos de papel impregnado com

esporos. São expostos ao processo de esterilização e encaminhados ao

laboratório de microbiologia para análise. A leitura demora sete dias ou 168

horas. Ciclos de calor seco (estufa) só podem ser monitorados por este tipo de

IB.

• Segunda geração: são indicadores autocontidos, nos quais um

suporte impregnado com os esporos é acondicionado no fundo do frasco

separado do meio de cultura contido em uma ampola de vidro. Após

esterilização, a ampola é quebrada e o meio de cultura entra em contato com a

fita com esporos, e é incubado no próprio CME ou laboratório, em temperaturas

de 37 a 56 oC (conforme o microrganismo do teste) por 48 horas. A leitura do

teste é feita pela mudança de cor decorrente da mudança do pH da cultura,


indicando microrganismos vivos.

• Terceira geração: também indicador autocontido, diferencia-se do

de segunda geração pela metodologia de leitura das culturas. O método

baseia-se na leitura de uma enzima característica do metabolismo do esporo,

que em contato com o meio de cultura, é visível pela luz ultravioleta da

incubadora. Da mesma forma que o de segunda geração, a ampola deve ser

processada e colocada na incubadora de 37 a 56 oC. Se os esporos forem

destruídos, não haverá presença da enzima do esporo no meio de cultura. UFC:

Unidades Formadoras de Colônias.

ARMAZENAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DOS ARTIGOS

Tão importante quanto o processo de esterilização e desinfecção, é

garantir que o artigo mantenha a qualidade até seu uso. Para isso, a área de

armazenamento deve ser limpa, em local de pouca circulação de pessoas.

Deve se manter a temperatura de 18 a 24oC constantemente, e o manuseio dos

artigos deve ser feito somente se necessário.

Segundo a RDC o15/2012, deve haver uma separação dos artigos

esterilizados e desinfetados, podendo ser guardados no mesmo ambiente,

desde que tenha uma barreira física entre eles. Também orienta que os artigos

devem ser armazenados em prateleiras ou cestos aramados, para que a


circulação do ar seja efetiva e mantenha a temperatura. As prateleiras devem

ser feitas de material resistente a saneantes e de fácil limpeza.

Deve haver conferência, de preferência diária, do local de guarda dos

artigos, verificando violação da embalagem e vencimento dos materiais.

Segundo os estudos da Dra Kazuko Graziano, há controvérsias determinar a

validade dos materiais apenas por tempo. Os materiais podem ser

contaminados antes do tempo se mal manipulados ou armazenados, ou se o

local de armazenamento for adequado, se manter estéril após essa data.


Esses estudos visam o custo que as instituições de saúde tem por

reprocessamento de materiais apenas por vencerem pelo tempo (quinze dias,

sete dias, trinta dias, etc) não levando em consideração o armazenamento e o

cuidado com o manuseio dos materiais.

A manutenção do prazo de validade depende dos fatores: qualidade

da embalagem, condições da área de armazenamento, condições de

transporte, práticas de manuseio dos artigos.

Para transportar os materiais processados as unidades

assistenciais, é importante que seja feita em carrinhos fechados ou, na falta

desses, em caixas plásticas previamente descontaminadas e com tampa,

evitando o contado do material processado com o ambiente. Todos os

materiais que saem da CME devem ser registrados por meios eletrônicos ou

manuais, para que haja um controle do que sai da cme e em caso de recall, seja

de fácil procura.

RECALL
A rastreabilidade é um conceito que surgiu devido a necessidade de

saber em que local um artigo se encontra na cadeia logística, sendo também

muito usado para controle de qualidade. Deve fazer parte do processo

produtivo com um propósito de desenvolver habilidade de identificar seu

produto e sua origem. O objetivo essencial do recall é proteger e preservar a

vida, a saúde, a integridade e a segurança do cliente, bem como evitar

quaisquer prejuízos a saúde física e mental do mesmo.

A chave para um recall eficiente é a comunicação imediata às

pessoas e aos departamentos responsáveis para a recuperação dos produtos


para saúde, antes que eles cheguem aos clientes. Assim que o IB der positivo

(ou seja, crescimento de microrganismos na ampola), fazê-lo de todas as

cargas desde o último IB negativo.


O recall deve ser feito sempre que o monitoramento da carga, seja

por indicador químico ou biológico, apresentar falha no processo. O material

deve ser refeito e liberado após todos os testes acusarem negativo.

É de responsabilidade do responsável técnico do CME realizar o


procedimento, verificar as causas da falha e acionar os responsáveis pela solução
do
problema.
PERFIL DOS PROFISSIONAIS ATUANTES NO CME

Para executar o processo de trabalho no CME, a equipe desenvolve

conhecimentos específicos sobre todas as etapas do processamento de

artigos, os instrumentais cirúrgicos que passam pelo setor e todos os

equipamentos desde limpeza até esterilizadoras.

O técnico ou auxiliar de enfermagem deve ter competência técnica,

ser atento ao que está fazendo, se ater às regras de antissepsia e assepsia,

utilizar todos os EPIs fornecidos pela empresa.

O técnico ou auxiliar de enfermagem atua no operacional, ou seja,

realizando todas as etapas do processo de artigos supervisionado pelo

enfermeiro coordenador.

A equipe de enfermagem atuante no CME deve ter um bom diálogo,

propondo novas ideias que melhorem a qualidade do trabalho e debate dos

problemas, a fim de solucionar da melhor forma possível. Também deve ser de

fácil relacionamento, pois é considerado um setor fechado, ou seja, não há

muito contato com outras pessoas que não sejam os colegas de CME.

O setor deve ter normas e rotinas, adaptadas para cada realidade da

instituição, e todos devem ser cientes e conscientes delas, e prezar sempre por

manter a qualidade no expediente.


RISCOS OCUPACIONAIS NO CME
No ambiente hospitalar, risco é uma das condições de uma variável

com potencial necessário para causar danos, que podem ser entendidos como

lesões às pessoas, equipamentos ou instalações, ao meio ambiente, perda de

material no processo ou redução na capacidade de produção. De acordo com a

NR-9 do Ministério do Trabalho, os riscos podem ser classificados como

físicos, químicos, biológicos, mecânicos e de acidentes.

Dentro de um CME, podemos encontrar os riscos:

• Físicos: calor das autoclaves e equipamentos de limpeza e

desinfecção; ruídos dos equipamentos e pistolas de ar comprimido; iluminação

deficiente

.• Químicos: todos os produtos químicos utilizados para limpeza,

desinfecção e esterilização dos artigos.

• Biológicos: todos os microrganismos oriundos dos setores

assistenciais, de materiais utilizados pelos clientes.

• Mecânicos e de acidentes: manipulação inadequada dos artigos,

acidente com objetos pontiagudos, caixas cirúrgicas pesadas, carrinhos de

transporte de artigos mal lubrificado, etc.


Diante os riscos apresentados, ressalta-se a importância do uso dos

EPIs e a realização dos exames periódico (anual), admissional e demissional

pelo SESMT.

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