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A maioria dos biólogos estavam convencidos de que os seres vivos eram somente o
produto de seus genes e de que estávamos determinados por um programa genético
herdado de nossos antepassados, condenados a sofrer. Os últimos vinte anos de
investigações em ciência da vida tem mudado completamente essa crença. Demonstram
que podemos atuar em nossas vidas, transformando a nós mesmos, mudando nossos
comportamentos e indo mais além de nós mesmos para ir em direção a horizontes as
vezes inesperados.
A pesquisa do Dr. Bruce Lipton (1) revelou que o ambiente que opera através da
membrana celular controla o comportamento e a fisiologia da célula ativando e
desativando os genes. Estas descobertas se confrontaram com a opinião de cientistas de
renome, que afirmavam que a vida está controlada pelos genes, predizendo com isso
que um dos campos de estudo mais importantes da atualidade é a ciência epigenética.
Ainda que as descobertas relacionadas com a epigenética são muito recentes, o
termo foi evocado em 1942 por Conrad Hal Waddington (3), (do grego epi, “mais além
de”: mais além da genética). A epigenética abarca propriedades, um código sobre o
código, como Joel de Rosnay o explica muito bem em seu último livro The Symphony
of the Living (4): é um “metasoftware” biológico, que transforma profundamente o
papel da genética clássica. A mudança epigenética não é uma mutação, se não uma
modulação da expressão de genes pelos comportamentos ou o meio ambiente. A
genética e a epigenética se comparam com os textos que tem um livro e o processo de
leitura, no qual cada indivíduo interpreta o livro de uma maneira diferente, através de
sua experiência, sua imaginação… Outros comparam a genética com uma partitura, e a
epigenética com a interpretação da sinfonia. A grande pergunta é como se transformar
no diretor da orquestra da nossa própria partitura.
O que vivemos influencia em nosso estado físico, nosso estado psíquico, nossa
trajetória de vida e nossa mente, e joga um papel importante na modulação epigenética
da expressão dos genes.
Herdamos o nosso genoma, porém temos a liberdade de atuar sobre o nosso
epigenoma, a nível individual e coletivo e na evolução de nossa sociedade, de acordo
com as interações que estabelecemos entre nós. Estes fenômenos podem ser ampliados
hoje em dia mediante o uso das redes sociais em uma direção ou outra. No mundo
epigenético, tudo é reversível, o que ressalta a importância de assumir a
responsabilidade de nossas vidas e aclarar nossas escolhas. Nosso comportamento e
nossa vontade de atuar podem nos transformar. Com a epigenética, podemos reorientar
os processos “psicossomáticos” negativos em uma direção que beneficia nossa saúde e
nosso equilíbrio mental.
As cinco palavras chave para uma reorientação de sucesso são a nutrição, o
exercício, o antiestresse, o prazer e a harmonia. Eles interatuam naturalmente entre si e
reclamam uma disciplina de vida que os antigos do Oriente e Ocidente sempre
recomendaram, como enfoques preventivos, interessados na influência entre a mente e o
corpo.
Estudos atuais têm demonstrado que as práticas ancestrais como a meditação, o
yoga, formas de meditação dinâmicas como o Tal chi chuan e o Qi Gong podem ter
efeitos positivos no metabolismo do nosso corpo em algumas disfunções como a
hipertensão. Graças a estas pesquisas, as sabedorias antigas e as novas descobertas têm
encontrado um ponto de convergência.
Hoje sabemos que todas as técnicas para relaxar o corpo e o controle da
respiração permitem alcançar um alto nível, tanto de concentração como de
relaxamento, e que pacientes, especialmente aqueles com câncer, havendo praticado,
com uma nutrição saudável, conseguiram modificar suas células cancerígenas que
voltaram a ser normais novamente. Estudos recentes também demonstraram que, diante
de situações de grande estresse, como no caso das vítimas do holocausto ou a fome,
modificações genéticas podem ser herdadas por gerações que não viveram tais
situações, porém hoje, a reversão é possível.
Dawson Church (5) descreve como nosso estado mental interfere em nossos
genes. Demonstra que as crenças, as intenções a meditação, o altruísmo, o otimismo, a
cooperação, a confiança… tem um efeito consequente nos genes do estresse, envolvido
especialmente nos processos de envelhecimento e imunidade
Para concluir, a relação que estabelecemos com nosso entorno exterior e interior é
crucial para nos ajudar a nos transformar e tirar tudo o que promova a evolução do
nosso eu.
Fernando Schwarz